Boletim - no 010 - Dez - PsicoAjudaeste boletim. Faça chegar-nos a sua opinião enviando para:...

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PsicoAjuda / Clínica Leirimédica - Rua Pero Alvito Nº23, Lj 2/3, 2400-208 Leiria http://www.psicoajuda.pt Telefones: 244 871 056 / 960 360 397 Email: [email protected] Destaque deste mês: Como todos os anos, chega o Na- tal, época que nos desperta, mo- tiva, leva-nos a refletir ou também nos faz ficar tristes. O Natal é de todas as épocas do ano a que nos cria maior altera- ção emocional, quer positiva, quer negativa, pela importância dada à família ou porque pode ser vista como uma fase de tran- sição ou de mudança para uma vida melhor. Neste boletim, o tema da nossa capa é sobre o excesso de utiliza- ção da tecnologia em detrimento das emoções. Fazemos um apelo para que neste Natal dê mais atenção à parte emocional e ao relacionamento com os outros. O nosso segundo tema é o teste- munho de alguém que manifesta sintomas de depressão com a aproximação do Natal. Como ter- ceiro tema, falamos sobre as compras compulsivas. É um pro- blema psicológico moderno que se caracteriza por um excesso de preocupações e desejos relacio- nados com a aquisição de bens. As suas sugestões são de suma importância para melhorarmos este boletim. Faça chegar-nos a sua opinião enviando para: [email protected] Dra. Elisabete Condesso Coordenadora do Boletim Natal … mais emocional, menos tecnológico O Natal aproxima-se com os sons das badaladas dos sinos, as árvores enfeitadas e as montras bem iluminadas. Anuncia-se mais uma celebração cristã, mas que tem vindo a perder o seu espirito inicial de simplicidade e humildade simbolizada no nascimento do deus menino num modesto estábulo. Hoje, tudo é promovido pelo comércio e pelo apelo ao consumo, numa sociedade que se centra cada vez mais no individualismo. Nos últimos anos, temos assistido a um grande avanço da tecnologia e que domina as nossas vidas. Assim, substituímos as cartas e postais natalícios pela troca de SMS, emails, facebook, etc. Será que podemos humanizar um pouco a utilização dessas tecnologias? Em que medida essa troca de mensagens de felicitação contribuem para a felicidade dos outros no dia de Natal? A felicidade está nas nossas mãos e devemos ter determinação para transformar os momentos difíceis numa fase de transição para uma vida melhor. Neste Natal envie mensagens com conteúdo motivacional e de autoestima. Que as emoções do Natal se multipliquem por todo o Ano. A PsicoAjuda deseja um Feliz Natal a todos os nossos pacientes e leitores deste boletim! Boletim Informativo Dezembro 2015

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Page 1: Boletim - no 010 - Dez - PsicoAjudaeste boletim. Faça chegar-nos a sua opinião enviando para: elisabete.condesso@psicoajuda.pt Dra. Elisabete Condesso Coordenadora do Boletim Natal

PsicoAjuda / Clínica Leirimédica - Rua Pero Alvito Nº23, Lj 2/3, 2400-208 Leiria http://www.psicoajuda.pt Telefones: 244 871 056 / 960 360 397 Email: [email protected]

Destaque deste mês:

Como todos os anos, chega o Na-

tal, época que nos desperta, mo-

tiva, leva-nos a refletir ou também

nos faz ficar tristes.

O Natal é de todas as épocas do

ano a que nos cria maior altera-

ção emocional, quer positiva,

quer negativa, pela importância

dada à família ou porque pode

ser vista como uma fase de tran-

sição ou de mudança para uma

vida melhor.

Neste boletim, o tema da nossa

capa é sobre o excesso de utiliza-

ção da tecnologia em detrimento

das emoções. Fazemos um apelo

para que neste Natal dê mais

atenção à parte emocional e ao

relacionamento com os outros. O

nosso segundo tema é o teste-

munho de alguém que manifesta

sintomas de depressão com a

aproximação do Natal. Como ter-

ceiro tema, falamos sobre as

compras compulsivas. É um pro-

blema psicológico moderno que

se caracteriza por um excesso de

preocupações e desejos relacio-

nados com a aquisição de bens.

As suas sugestões são de suma

importância para melhorarmos

este boletim. Faça chegar-nos a

sua opinião enviando para: [email protected]

Dra. Elisabete Condesso

Coordenadora do Boletim

Natal … mais emocional,

menos tecnológico

O Natal aproxima-se com os sons das badaladas dos sinos, as árvores

enfeitadas e as montras bem iluminadas. Anuncia-se mais uma

celebração cristã, mas que tem vindo a perder o seu espirito inicial de

simplicidade e humildade simbolizada no nascimento do deus menino

num modesto estábulo.

Hoje, tudo é promovido

pelo comércio e pelo apelo

ao consumo, numa

sociedade que se centra

cada vez mais no

individualismo.

Nos últimos anos, temos

assistido a um grande

avanço da tecnologia e que

domina as nossas vidas.

Assim, substituímos as

cartas e postais natalícios

pela troca de SMS, emails,

facebook, etc. Será que

podemos humanizar um

pouco a utilização dessas

tecnologias? Em que medida essa troca de mensagens de felicitação

contribuem para a felicidade dos outros no dia de Natal?

A felicidade está nas nossas mãos e devemos ter determinação para

transformar os momentos difíceis numa fase de transição para uma vida

melhor.

Neste Natal envie mensagens com conteúdo motivacional e de

autoestima. Que as emoções do Natal se multipliquem por todo o Ano.

A PsicoAjuda deseja um Feliz Natal a todos

os nossos pacientes e leitores deste boletim!

Boletim Informativo Dezembro 2015

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Por vezes, chega a depres-

são no Natal

Com a aproximação do Natal, muitos portugueses

apresentam sintomas depressivos – é a depressão

no Natal!

Imagem: Freepic/mokra

Publicamos o testemunho de uma das nossas pa-

cientes que vive a época natalícia de uma maneira

diferente, em que sentimentos de desânimo, tris-

teza e desamparo se acentuam, pelo que apresen-

ta um quadro de depressão no Natal.

Testemunho de um paciente que sofre de

depressão no Natal

A depressão no Natal é comum durante o frenesi

do Natal e Fim do Ano. O que para muita gente é

a época mais feliz do ano, para outras é bem o

contrário, em que sintomas depressivos se acen-

tuam.

“O Natal é uma época de alegria e esperança.

Normalmente deveria ser assim. Mas, para

mim, é uma época muito triste e acompanhada

por sentimentos de solidão, desamparo e de-

sânimo.”

O Natal, para muitas pessoas, é o momento em

que os encontros de família se transformam em

momento tristes e difíceis de suportar, especial-

mente porque a pessoa encontra-se deprimida.

Embora a depressão possa manifestar-se em

qualquer época do ano, é no Natal que a mesma

se acentua.

Há muitas causas para estas alterações do humor

e que podem evoluir para uma depressão muito

maior. Geralmente, a depressão no Natal é de du-

ração breve, dura apenas algumas semanas e, em

muitos casos, termina quando a pessoa retorna à

vida quotidiana. Contudo, é necessário perceber

os motivos que estão por detrás da depressão no

Natal.

Os Fatores que contribuem para este estado de-

pressivo, são, geralmente, o aumento do stress, a

fadiga, as expectativas não realizadas, a dificulda-

de em estar com a família, as lembranças de cele-

brações passadas com tristeza, a pressão social

para o consumo excessivo e a falta daqueles que

já partiram e cuja saudade aumenta nesta época.

“Nesta época, sinto, essencialmente, dor de

cabeça, a incapacidade de dormir, agitação ou

ansiedade, sentimento de culpa, redução da

capacidade de concentração e diminuição do

interesse nas atividades que noutras alturas

me davam prazer.”

A nossa paciente disse que a psicoterapia na Psi-

coAjuda foi muito importante, pois permitiu-lhe

aprender a defender-se da depressão no Natal.

Acrescentou que tentou minimizar as expectativas

e procurou transformar o Natal numa “festividade

normal”. Para ela também foi importante ter evi-

tado formular propósitos de mudanças excessivas

para o próximo ano.

“Ao longo destes anos aprendi o que não fazer.

Não devo mudar muito os meus ritmos e, par-

ticularmente, os do sono, ou beber álcool em

excesso, exagerar com a comida como com-

pensação, ter expectativas irrealizáveis, focar-

me no que não tenho e lamentar o passado.

Devo, sim, fazer planos para o futuro, mas rea-

lísticas e concretos.”

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Assim, a nossa paciente aconselha a quem passa

pelo mesmo a deixar de lado projetos “exagera-

dos”. Deve, sim, propor-se objetivos realistas, or-

ganizar bem o tempo, definir prioridades, fazer

um plano e segui-lo.

Como presente de Natal, a nossa paciente deixa

ainda um conselho para os leitores deste artigo:

“Se te sentes deprimida, triste e desanimada,

procura apoio Psicológico porque ajuda-te de

verdade a compreender os teus sentimentos e

dá-te as ferramentas para lidares com as situ-

ações da melhor maneira possível.”

Agradeço a esta paciente por ter partilhado o seu

testemunho.

Natal, época de compras

compulsivas?

Na atual sociedade moderna, de consumo massi-

vo, assiste-se ao apelo constante à aquisição de

bens, sendo hoje possível realizar compras mes-

mo sem sair de casa, utilizando meios como o te-

lefone, televisão ou internet.

Na presença de um quadro sociopsicológico fra-

gilizado as pessoas têm alguma dificuldade em

distinguir o acessório do relevante. Neste contex-

to, serão as pessoas capazes de se impor a si

mesmas os limites dos seus gastos? Que outras

estratégias, além da compra, poderão elas definir

para lidar com as suas emoções negativas, de

modo a obter satisfação?

Compras compulsivas é um transtorno psi-

cológico

Nas festas natalícias ou datas comemorativas é

normal que nós realizemos mais compras ou gas-

temos mais do que planeado. Pelo contrário, um

comprador compulsivo apresenta esse compor-

tamento ao longo do ano, manifestando, assim, o

transtorno de compras compulsivas, ou onioma-

nia, que se caracteriza por um excesso de preocu-

pações e desejos relacionados com a aquisição de

objetos e, por um comportamento caraterizado

pela incapacidade de controlar compras e gastos

financeiros.

Trata-se de um problema psicológico moderno,

uma vez que vivemos numa sociedade materialis-

ta, marcada pelo estímulo ao consumo e pela faci-

lidade de acesso ao crédito. Manifesta-se predo-

minantemente no sexo feminino, aos 18 anos de

idade, quando se obtém maior autonomia relati-

vamente aos pais, mas a perceção do comporta-

mento de compras como um problema ocorre

mais tarde, por volta dos 30 anos.

Os objetos preferidos entre as mulheres são rou-

pas, malas, sapatos, perfumes, maquilhagem e

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joias. É, pois, a impulsividade, o fator essencial do

comportamento. De fato, verifica-se uma dificul-

dade em interromper os comportamentos de

compra, obtendo-se consequências danosas.

Compras compulsivas, critérios de diag-

nóstico

Os critérios de diagnóstico para o transtorno do

comprar compulsivo são:

1) Preocupações, impulsos ou comportamentos

envolvendo compras;

2) Impulso irresistível de comprar, geralmente

sem necessidade real;

3) Comprar mais do que pode, comprar material

desnecessário ou comprar por mais tempo do que

o pretendido;

4) A preocupação com compras, os impulsos ou o

ato de comprar, causam sofrimento marcante,

consomem tempo significativo e interferem no

funcionamento social e ocupacional ou resultam

em problemas financeiros;

Este transtorno causa graves prejuízos pessoais,

financeiros e familiares. Ocorre em pessoas com

impulsividade elevada, baixa autoestima, vulnera-

bilidade a emoções negativas e suscetibilidade à

influência sociocultural. O ato de comprar é vivido

pelos pacientes como alívio para as emoções ne-

gativas. O indivíduo sente um desejo irresistível

de comprar. Após a compra, que tinha como fun-

ção a procura de prazer e alívio, o indivíduo passa

a sentir-se culpado por não ter conseguido man-

ter o controlo. Ou seja, a aquisição de bens mate-

riais representa um conforto efémero e não resol-

ve as angústias, as frustrações e muito menos a

baixa autoestima. A pessoa apercebe-se da ina-

dequação do seu comportamento e tende a es-

conder os seus gastos dos familiares e amigos.

Compras compulsivas, tratamento recor-

rendo a psicoterapia

É importante que este tipo de problemática seja

tratada através de psicoterapia, já que o cerne

que leva à compra é a falta de recursos para lidar

com situações stressantes e angustiantes, sendo

um refúgio que aumenta o evitamento de estra-

tégias de confronto com as situações, de modo a

serem resolvidas adaptativamente. Assim, num

processo terapêutico, são detetadas as situações

problema, as emoções resultantes, novas estraté-

gias para lidar com elas e, além disso, aumentada

a autoestima e o controlo dos impulsos de modo

a que as decisões sejam devidamente ponderadas

antes de um ato irrefletido. Assim, obtém-se o

controlo da própria vida, uma maior segurança in-

terna e mais ponderação, essenciais para lidar

com as demandas exteriores de uma sociedade

de consumo materialista.

Dra. Elisabete Condesso

Psicóloga e Psicoterapeuta