Boletim OSMSP 11 e 12 julho e agosto 2010

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N inguém acreditava. Nem nós aqui da redação. Mas estamos completando 1 ano! Todos os meses mandando para vocês notícias do Projeto, dicas de livros, filmes e músicas. De maneira sutil, nas entrelinhas, procuramos despertar a atenção dos leitores para questões culturais que alicerçam a civilização e o mundo em que vivemos: a Bíblia, o Alcorão, Beethoven, Carlos Drummond de Andrade, Saramago e tantos outros. Não tivemos muitas colaborações dos leitores, o que é natural, ninguém gosta de ajudar gente pobre. Precisamos confessar também que estamos um pouco perdidos (nós no Boletim, o Projeto não, vai bem, obrigado). Estamos à procura de uma luz, mas a escuridão é quase total. No seu leito de morte, o genial Goethe pediu: “Licht, mehr licht!” Luz, mais luz! Abriram as cortinas do quarto, não podiam imaginar que a Luz que ele pedia era muito mais profunda, e ele não a veria mais depois de morto. E luz é o que nós aqui no Boletim também queremos. Não estamos na situação de Goethe, com apenas um ano de vida temos saúde, potência e vitalidade por muito tempo ainda. Mas precisamos da luz e do calor dos leitores. Venham nos iluminar e nos aquecer, principalmente vocês leitoras mulheres. Vocês nos deram à luz, agora precisamos que nos deem as suas luzes. O momento ainda é escuro para nós mas, como dizia o poeta, “quanto mais avança a noite, mais próxima está a alvorada”. Enquanto estamos nas trevas, vamos obedecer a milenar sabedoria chinesa: “É melhor acender uma vela que amaldiçoar a escuridão”. Alguém aí tem fósforo? BOLETIM DO PROJETO MEMÓRIA OSMSP “UM ANO A MAIS PARA O BOLETIM. UM ANO A MENOS PARA NÓS LEITORES” - (anônimo) Publicação Mensal - São Paulo - julho/agosto de 2010 - Nº 12 - Ano I Projeto Memória - Munir Ahmed Edição do 1 º aniversário Ilustração - Bira COMO VAI O PROJETO Temos duas grandes prioridades para avançar neste ano: 1. O diagnóstico do arquivo da OSMSP, identificando o arquivo físico sob a guarda do IIEP e as doações recebidas dos companheiros e do material digital do CPV; 2. A gravação de depoimentos focando temáticas que foram polêmicas para a OSMSP/MOSMSP. 1. As influências das organizações de esquerda na política da OSM 2. Frente de Trabalhadores - Autonomia - Democracia Operária 3. Relação da OSM com o Sindicato 4. Direção-Base. Politização e intelectualismo dos dirigentes e as dificuldades de relação com a “massa comum” dos metalúrgicos 5. Relação com o sindicalismo do ABC 6. Relação com a CUT 7. O MOSM-SP e o PT 8. Os encontros e desencontros com o “Partidão” Há mais coisas, é claro. Colocamos aqui as mais evidentes, as que provocam mais divergências. Pensamos em fazer debates específicos sobre esses temas, gravar, transcrever e, lá na frente, produzir cadernos e pequenos livretos com o resultado. Você que está lendo isto aqui não tem nada a dizer? Claro que tem. Então escreva sobre qualquer um desses temas, nos mande para ser publicado e colocado em discussão. Novidade: Vamos fazer também uma série de depoimentos com filhos de militantes, veja matéria sobre Encontro de Bravos!

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COMO VAI O PROJETO “UM ANO A MAIS PARA O BOLETIM. UM ANO A MENOS PARA NÓS LEITORES” - (anônimo) Edição doEdiçãodo Temos duas grandes prioridades para avançar neste ano: 1. O diagnóstico do arquivo da OSMSP, identificando o arquivo físico sob a guarda do IIEP e as doações recebidas dos companheiros e do material digital do CPV; 2. A gravação de depoimentos focando temáticas que foram polêmicas para a OSMSP/MOSMSP. Projeto Memória - Munir Ahmed Ilustração - Bira

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Ninguém acreditava. Nem nós aqui da redação. Mas estamos completando 1 ano!Todos os meses mandando para vocês notícias do Projeto, dicas de livros, fi lmes e músicas. De maneira sutil, nas entrelinhas, procuramos despertar a atenção dos leitores para questões culturais que alicerçam a civilização e o mundo em que vivemos:

a Bíblia, o Alcorão, Beethoven, Carlos Drummond de Andrade, Saramago e tantos outros.Não tivemos muitas colaborações dos leitores, o que é natural, ninguém gosta de ajudar gente pobre. Precisamos confessar também que estamos um pouco perdidos (nós no Boletim, o Projeto

não, vai bem, obrigado). Estamos à procura de uma luz, mas a escuridão é quase total.No seu leito de morte, o genial Goethe pediu: “Licht, mehr licht!” Luz, mais luz!

Abriram as cortinas do quarto, não podiam imaginar que a Luz que ele pedia era muito mais profunda, e ele não a veria mais depois de morto.

E luz é o que nós aqui no Boletim também queremos. Não estamos na situação de Goethe, com apenas um ano de vida temos saúde, potência

e vitalidade por muito tempo ainda. Mas precisamos da luz e do calor dos leitores.

Venham nos iluminar e nos aquecer, principalmente vocês leitoras mulheres. Vocês nos deram à luz, agora precisamos

que nos deem as suas luzes.O momento ainda é escuro para nós mas, como dizia o poeta, “quanto mais avança a noite, mais próxima está a alvorada”.Enquanto estamos nas trevas, vamos obedecer a milenar sabedoria chinesa: “É melhor acender uma vela que amaldiçoar a escuridão”.Alguém aí tem fósforo?

BOLETIM DO

PROJETO MEMÓRIA OSMSP

“UM ANO A MAIS PARA O BOLETIM. UM ANO A MENOS PARA NÓS LEITORES” - (anônimo)

Publicação Mensal - São Paulo - julho/agosto de 2010 - Nº 12 - Ano I

Projeto Memória - Munir Ahmed

Edição do Edição do

aniversário

Ilust

raçã

o - B

ira

COMO VAI O PROJETOTemos duas grandes prioridades para avançar neste ano: 1. O diagnóstico do arquivo da OSMSP, identifi cando

o arquivo físico sob a guarda do IIEP e as doações recebidas dos companheiros e do material digital do CPV;

2. A gravação de depoimentos focando temáticas que foram polêmicas para a OSMSP/MOSMSP.

1. As infl uências das organizações de esquerda na política da OSM2. Frente de Trabalhadores - Autonomia - Democracia Operária

3. Relação da OSM com o Sindicato4. Direção-Base. Politização e intelectualismo dos dirigentes e as

difi culdades de relação com a “massa comum” dos metalúrgicos5. Relação com o sindicalismo do ABC

6. Relação com a CUT7. O MOSM-SP e o PT

8. Os encontros e desencontros com o “Partidão”

Há mais coisas, é claro. Colocamos aqui as mais evidentes, as que provocam mais divergências. Pensamos em fazer debates específi cos sobre esses temas, gravar, transcrever e, lá na frente, produzir cadernos e pequenos livretos com o resultado.Você que está lendo isto aqui não tem nada a dizer? Claro que tem. Então escreva sobre qualquer um desses temas, nos mande para ser publicado e colocado em discussão. Novidade: Vamos fazer também uma série de depoimentos com fi lhos de militantes, veja matéria sobre Encontro de Bravos!

ENCONTRO DE BRAVOS, NOSSA FESTA!!! EM JUQUITIBA - SP

Entre os dias 23 e 25 de julho, foi realizado um encontro com amigos e camaradas que cooperam, trabalham e apoiam as atividades do PROJETO ME-MÓRIA DA OPOSIÇÃO METALÚRGICA DE SP e do INTER-

CÂMBIO, INFORMAÇÕES, ESTUDOS E PESQUISAS/IIEP. Num clima de confraternização e debates entre as gera-

ções dos companheiros que participaram dos movimentos contra a ditadura militar e pela organização dos trabalha-dores e as gerações que vieram depois da Anistia – mui-tos, fi lhos e netos dos primeiros, aconteceu a palestra do Vito Giannotti “Comunicação e disputa da hegemonia” com objetivo de alertar sobre as armadilhas da comunica-ção hegemônica no sistema capitalista e nos seus meios de comunicação hoje.

Dentre as atividades do encontro, fi zemos uma roda de idéias com militantes de várias gerações para discutir a questão dos valores fundantes da nossa prática política e

seus desdobramentos na vida das famílias dos militantes.Na história do movimento operário e das organizações

políticas de esquerda, sempre foi uma tradição os en-contros, as famosas reuniões festivas entre os militantes, apoiadores e familiares dos companheiros onde se viviam os valores constitutivos da solidariedade e fraternidade de classe. Fica uma refl exão: Hoje, quais os novos espa-ços de convivência, quais os valores aí difundidos? O que resta das tradições e valores daqueles companheiros de luta?

Além disso, também aconteceu uma roda de informes e novas idéias para o Projeto Memória. Dentre elas, uma que nos chamou muita atenção foi a proposta de encontros de história oral com os fi lhos dos militantes, para refl etir suas vidas a partir das relações familiares e relações de militância dos seus pais e as implicações em suas vidas. Isso vai ser feito, com certeza.

Edição do Edição do

aniversário

Foto

: IIE

P

Encontro de Bravos!Jovens Participantes!

ABERTURA DOS ARQUIVOS DA DITADURA

A abertura dos arquivos dos organismos de repressão da ditadura militar, importante luta da sociedade civil que começa junto com a luta pela Anistia, deve ser encarada como passo crucial para a demo-

cracia e para aplicação da justiça. Conhecer estes “arquivos da ditadura” e como se dá o acesso a eles é um instrumento importante na consolidação dessa bandeira.

Não se pode dizer que não avançamos nada neste sentido. A “abertura” dos arquivos do DEOPS/SP, em 1994, e dos di-ferentes “DOPS” espalhados pelo Brasil foi um marco neste processo. Mesmo assim, apesar de “abertos” o acesso a estes arquivos ainda é restrito. Somente nos arquivos de São Paulo e Paraná existe a possibilidade de pesquisa livre, para todos. Nas outras localidades há uma variedade de restrições que na prática resultam na permissão somente às informações sobre o próprio pesquisador.

Na visão de Paulo Abraão, presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, no Brasil assim como a maioria dos países de terceiro mundo, esta situação deve-se ao desenvolvimento ainda precário de um ramo do direito no

país – o Direito ao acesso a informação pública – como foi apresentado e debatido no Seminário Arquivos da Ditadura e Democracia: a questão do acesso, ocorrido em maio deste ano, no Arquivo Nacional Rio de Janeiro.

A luta pela abertura dos arquivos deve se fortalecer nos movimentos sociais para garantir o acesso generalizado aos arquivos dos “DOPS” que já estão “disponíveis” nos ar-quivos públicos estaduais, e também consolidar a luta pela abertura dos arquivos dos orgãos de informações específi cos das Forças Armadas e também dos DOI-CODIs, dos quais ainda nada se ouviu falar.

É um direito de todos o acesso às informações produzidas pelo Estado. Os direitos coletivos devem estar acima de quaisquer reivindicação de direitos individuais, ligados a sigilo, quando se tratam de informações produzidas em atos criminosos contra os direitos humanos, como foram os casos de torturas e mortes com desaparecimento de cadáver, ocor-ridas durante a ditadura militar. Não é por acaso que crimes do mesmo caráter, infelizmente, estão nos noticiários todos os dias!

DICAS CULTURAISDICAS CULTURAIS

O Projeto conseguiu cópias de um dos maiores fi lmes de todos os tempos: “Os Companhei-

ros”, de Mario Monicelli, com Marcello Mastroianni (imagem).

Quando chegou ao Brasil em 1965, logo depois do golpe, o fi lme era aplaudido de pé pela platéia assim que terminava. Ficou em cartaz só uma se-mana, a ditadura proibiu que continuasse sendo exibido.

Você que está meio desanimado com os rumos da esquerda, deveria ler 2 livros de Marshall

Berman:

- “Tudo que é sólido desmancha no ar” e - “Aventuras no Marxismo”Esteja preparado para conhecer um Marx diferente daquele que foi ensinado nos cursos e nos grupos políticos de que fizemos parte. Vais descobrir um Marx sonhador, libertário, quase romântico.Como era a OSM nos seus anos dourados.

Coleção: Dossiês DEOPS/SP: Radiografias do Autoritarismo Republicano Brasileiro. Coleção

muito expressiva da documentação do DEOPS/SP, totalmente disponível para consulta no Arquivo do Estado de São Paulo. São 05 volumes com artigos e catálogos, resultantes de um trabalho de pesquisa realizado entre 1998 e 2002, coordenado pela Profa. Maria Aparecida de Aquino.

• Volume 1 - NO CORAÇÃO DAS TREVAS: O DEOPS/

SP VISTO POR DENTRO;

• Volume 2 - CONSTÂNCIA DO OLHAR VIGILAN-

TE: A PREOCUPAÇÃO COM O CRIME POLÍTICO - FA-

MÍLIAS 10 E 20

• Volume 3 - DISSECAR DA ESTRUTURA ADMINIS-

TRATIVA DO deops/sp - O ANTICOMUNISMO: DO-

ENÇA DO APARATO REPRESSIVO BRASILEIRO. FAMÍ-

LIAS 30 E 40

• Volume 4 - o deops/sp EM BUSCA DO CRIME POLÍ-

TICO - FAMÍLIA 50

• Volume 5 - ALIMENTAÇÃO DO LEVIATÃ NOS

PLANOS REGIONAL E NACIONAL: MUDANÇAS NO

deops/sp NO PÓS-64 - FAMÍLIA 50

No site do Arquivo do Estado de São Paulo:http://www.arquivoestado.sp.gov.br/permanente/de-ops_pesquisa.php, é possível acessar os bancos de dados referente ao fundo DEOPS/SP e fazer pesqui-sas prévias on-line.

Outro bom fi lme do passado é “De ilusão tam-bém se vive...”, com John Payne e Maureen

O’Hara. É recomendado para os companheiros e companheiras empenhados nas eleições deste ano. Sem nenhuma segunda intenção.

BLOGVisite o blog:“Ditadura militar, imprensa e luta armada do Brasil” Contém artigos bem interessantes

www.imprensaelutaarmada.blogspot.com

Edição do Edição do

aniversário

EXPEDIENTE

Projeto Memória OSM-SPwww.iiep.org.br/index1.htmlTel: (11) 3362-1513 / (11) 7110-2474

E-mail: [email protected]: Acervo Projeto Memória/Arquivo OSM-SPProjeto Gráfi co: Cesar Habert Paciornik