Bonifacio Patriarca e Ambientalista

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  • 7/25/2019 Bonifacio Patriarca e Ambientalista

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    O pensamento ambiental em Jos Bonifcio deAndrada e Silva

    The environmental thinking in Jose Bonifacio de Andrada e Silva*Maurecir Guimares de Moraes

    Resumo

    O presente estudo procura acentuar a presena marcante do renomado patriarca daindependncia Jos Bonifcio de Andrada e Silva sobre a deradao ambientalocorrida no Brasil no sculo !"!# O autor dei$ou reistrado em te$tos% a sua

    preocupao sobre o desmatamento da floresta tropical brasileira para prticas ar&colase produo de carvo veetal# Alertou para o esotamento das fontes de ua e odesaparecimento de rvores centenrias% importantes para a ind'stria naval da poca#(le prop)s o replantio de mudas e a utiliao racional dos recursos naturais%recomendou a prtica ar&cola somente nos vales# (stas propostas demonstram umadimenso de Bonifcio descon+ecida pela +istoriorafia brasileira#

    Palavras chave Bonifcio! cr"tica ambiental! sculo #$#! Brasil

    Abstract

    ,+is stud- see.s to emp+asie t+e stron presence of t+e reno/ned patriarc+ ofindependence Jose Bonifacio de Andrada e Silva about environmental deradation t+atoccurred in Brail in t+e nineteent+ centur-# ,+e aut+or recorded in te$ts% concernabout deforestation in t+e Brailian rainforest for farmin and c+arcoal production#/arned to t+e depletion of /ater and t+e disappearance of important trees for t+es+ipbuildin industr-# 0e proposed replantin seedlins and rational use of naturalresources% recommended aricultural practices onl- in t+e valle-s# ,+ese proposalsdemonstrate a dimension of Boniface un.no/n to Brailian +istoriorap+-#

    1e-/ords2 Bonifacio% environmental criticism% nineteent+ centur-% Brail

    * Professor de arte do Instituto Federal Fluminense campus Cabo Frio. Mestrando em

    sistemas de Gesto na Universidade Federal Fluminense - Prof. orientador Dr. Armando

    Pereira do Nascimento Filo

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    Introduo

    3um momento em 4ue se pretende estimular e ampliar a conscincia ambientalpara a preservao dos recursos naturais rumo a sustentabilidade% lanar um ol+ar parao passado% ressaltando principalmente as tentativas de acertos% pois os erros do passadona rea ambiental so not5rios e afetam profundamente toda a sociedade +o6e# 7ide osrios transformados em val8es% o desmatamento nos montes% etc# Assuntos como aocupao desordenada de encostas% todas as aress8es 9 floresta tropical promovidas porciclos econ)micos devastadores% e outros% foram tratados no passado por Jos Bonifciode Andrada e Silva e aluns outros visionrios interantes de uma minoria da eliteintelectual brasileira do comeo do sculo !"!#

    A dcada da educao para o desenvolvimento sustentvel est em vior%

    estabelecida pela :3(S;O atravs do

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    " 4ue convidou o 3aturalista Kominos 7andelli no intuito de moderniar o ensino dascincias na instituio#

    (m recon+ecimento por seus saberes cient&ficos% demonstrados ainda na:niversidade de ;oimbra indicado por seu professor Kominos 7andelli ao Ku4ue de

    af8es% ento presidente da Academia Leal de ;incias de isboa% onde inressou aosI anos e impressionou os membros da academia com seus vastos con+ecimentos# Acomplementao de sua formao cient&fica se deu atravs de uma viaem realiada

    pela (uropa% patrocinada pelo overno

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    6ovem nao 4ue estava despontando# R comum na nossa +istoriorafia recon+ecerapenas o papel pol&tico de Bonifcio no Brasil% apontando como seu 'nicoempreendimento cient&fico% uma viaem mineral5ica 4ue fe em So

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    3o per&odo do Brasil col)nia a produo de len+a e carvo eram bastanteintensas# @A capitania do Lio de Janeiro foi a maior e$portadora de madeira da col)nia%no per&odo de FHQI U FDFQ Miller =CCC% p#H># ;omo mostra o relat5rio contbil doMar4us de avradio% discriminando a sa&da do Lio de Janeiro em FHHQ de CC barcoscarreados de len+a e TC de carvo% estes saindo da barra do rio Macac'% e FCC barcosde len+a de carvo saindo da barra do Guapimirim% avradio =FQF># As informa8es arespeito desta atividade so poucas e dispersas#

    ;omo pois% se atreve o +omem a destruir% em um momento e sem refle$o% aobra 4ue a naturea formou em sculos% diriida pelo mel+or consel+oVWuem o autoriou para renunciar a tantos e to importantes benef&ciosV A"nor?ncia% sem d'vida X###Y Kestruir matos virens% nos 4uais a naturea nosofertou com mo pr5dia as mel+ores e mais preciosas madeiras do mundo%alm de muitos outros frutos dinos de particular estimao% e sem causa%

    como at aora se tem praticado no Brasil% e$trava?ncia insofr&vel% crime+orrendo e rande insulto feito 9 mesma naturea# Wue defesa produiremosno tribunal da Lao% 4uando os nossos netos nos acusarem de fatos toculpososV J n5s com 6ustificada causa aruimos os passados dos crimes aesse respeito cometidos#

    Silva =FDF% p# HT>

    O trec+o acima parte do discurso de Jos Bonifcio sobre a necessidade deimplementao de uma academia de aricultura no Brasil% 4ue se preocupasse com umasistematiao dos mtodos e tcnicas ar&colas% 4ue no aredissem tanto o meio

    ambiente# ($iste uma preocupao clara com a manuteno de um ambiente para aposteridade% onde se pretende demonstrar a ideia da sustentabilidade% 6 presentena4uele momento#

    Kepois da independncia do Brasil em FD% com a prtica de uma pol&ticaaut)noma por K#

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    4ueimada% coivara como os &ndios denominavam% foi demarcada como uma formaeficiente para o dom&nio da terra# A l5ica predat5ria se dava pela e$plorao m$imadas ri4ueas naturais% consideradas inesotveis pelo coloniador portuus# Aaricultura praticada a4ui era rudimentar e a escravido intensificava o processo dedestruio# 3o +avia um comprometimento do colono em se fi$ar na terra% mase$plorla atravs do escravo 4ue no tin+a compromisso com a conservao do solo%mas apenas a motivao do c+icote#

    Jos Bonifcio 6 pontuava esse problema em sua poca% demonstrando 4ueentendia a escravido como um procedimento nefasto 4ue no contribu&a para a

    produo @sustentvel da aricultura# (le entendia 4ue o escravo no tin+a nen+umcompromisso em manter um espao 4ue se tornasse aradvel para sua +abitao# 3otin+a nen+um v&nculo com a terra% por4ue isto no l+e era permitido# ;+ea a propor aincorporao do escravo na sociedade atravs da educao# 3o te$to abai$o observasea viso de Bonifcio sobre a escravido e a economia#

    [3a ;oc+inc+ina no + escravos e todavia a produo e e$portao dea'car 6 montava em FHNC 4uarenta mil pipas de duas mil libras cada uma\%mais ainda% todo este a'car vin+a de um pa&s pe4ueno% sem +avernecessidade de estraar matas e esteriliar terrenos% como desraadamenteentre n5s est sucedendo# Silva =FDN% p# FF>

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    X###Y (u s5 me ocuparei +o6e do abuso% 4ue em muitas partes do Brasilse comete 4uando se derrubam rvores seculares% e ma6estosas% 4uenos deveriam merecer todo o respeito% em certas circunst?ncias econdenandose a destruio de um incndio% a t&tulo de estrumaremsuas terras com as cinas operando as vees a mac+ado e o foo a

    destruio de uma obra% em 4ue a naturea astara lonos anos# (desta arte 4ue tem ca&do% at de cume de altas montan+as% rvorespreciosas% 4ue com a sua copa abriavam a fertilidade dos valescircunviin+os% pela umidade% 4ue l+es conservavam% podendo muitasdelas% alm deste incomparvel benef&cio% comprar a sua e$istncia ao+omem% com os frutos% resinas e blsamos% 4ue l+e oferecem % e 4uepor serem preciosos 6 se vo procurar a luas no centro de sert8es%onde s5 c+ea o +omem para destruir estas fontes de sua ri4uea#Barbosa =FD% p#FD>

    Outro autor% contempor?neo de Bonifcio 4ue produiu observa8esimportantes sobre o processo ar&cola brasileiro foi Jose 7ieira ;outo% tambm e$alunode 7andelli# (le observou o comportamento do aricultor brasileiro% 4ue c+amava de

    brbaro% devido a sua relao destrutiva com a terra# ;onsiderava a prtica ar&colapouco diversificada e com maus mtodos de cultivo% principalmente a prtica da4ueimada como preparo para o plantio# A falta total de compromisso e cuidado com aterra% uma caracter&stica do per&odo colonial brasileiro# ;outo demonstra uma

    preocupao com o futuro% pois os ind&cios do problema 6 estavam postos#

    O aricultor ol+a para duas ou mais luas de matas% como para um nada% e

    ainda no as tem bem reduido a cinas 6 estende ao lone a vista para levara destruio a outras partes# 3o conserva apeo nem amor ao territ5rio 4uecultiva% pois con+ece mui bem 4ue ele talve no c+ear a seus fil+os# Aterra% da sua parte% no se ri para ele% nem o racioso ondear das lourasespias l+e alera a vista# :m spero campo% coberto de tocos e espin+os%comp8e os seus amenos ferreiaes# ;outo =apud

    A aricultura proposta por Bonifcio deveria ser praticada nos vales e camposdesembaraados# As florestas dos montes deveriam ser proteidas e usadas commoderao% seundo uma necessidade real% e no derrubadas% @sem clculo e semreras Silva =FQN% p#IC>#

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    produtivas% atravs da aplicao pramtica do con+ecimento cient&fico e a cr&tica dae$plorao destrutiva dos recursos naturais% #

    Bonifcio era um estudioso da aricultura% entre outras coisas# J em FDFN%4uando ainda estava em

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    p'blica% enfim% 4ue na medio e demarcao das terras vendidas ou dadas aolono dos rios ou ribeiros% 4ue sirvam de auadas% se devem estreitar astestadas ao lono dessas auadas% acrescentandose nos fundos% como

    pedirem as circunst?ncias locais para 4ue todos% ou a maior parte doscolonos possam oar comodamente 4uanto poss&vel for da utilidade dasditas auadas# Silva =FDF% p#FCC>

    Apresenta estas mudanas na relao do latifundirio com as terras concedidaspor sesmaria# (sta forma de ocupao do territ5rio arantia randes reas de terra paraocupao e produo de ri4ueas para

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    livro @um sopro de destruio tambm afirma 4ue as influncias da fisiocracia com aviso utilitria e econ)mica da naturea% no so suficientes para determinar aabordaem cr&tica estabelecida por aluns% desde o Brasil col)nia# (ssas correntesfilos5ficas suriram no sculo !7""" na (uropa a partir do iluminismo# ,endo emKominos 7andelli o principal disseminador dessas ideias% 4ue combinavam a novaconcepo de cincia natural desenvolvida por ineu com a doutrina econ)micafisiocrata# ineu lanou as bases do 4ue +o6e c+amase ecoloia#

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    metais vindo posteriormente% duentos anos depois# Seundo

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    R%&%R'()$AS

    BALBOSA % Januario ;un+a# Kiscurso sobre o abuso das derrubadas de rvores em

    luares superiores e vales% e sobre o das 4ueimadas# Kispon&vel em2+ttp2PPmemoria#bn#brPKocLeaderP+otpaeP+otpaeB3#asp$Vbib_CQN`pafis_FNQ`pes4_`url_+ttp2PPmemoria#bn#brPdocreader# Acesso em2 Cde aosto CF#

    ;AK("LA% Jore =or#>#Jos Bonifcio de Andrada e Silva# So #

    ;# E#

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    S"7A% Jos Bonifcio de Andrada e# +em1ria sobre a necessidade e utilidade doplantio de novos bos0ues,#ed# Lio de Janeiro2 Ministrio da Aricultura% "nd'stria e;omrcio P Seo de "nforma8es% FQN#

    S"7A% Jos Bonifcio de Andrada e# Representa-.o 2 assembleia geral constituintelegislativa do imprio do Brasil sobre a escravatura# So # Revista converg3ncia! n#H% p# FQ% CF#