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    PETROQ

    UMICA

    O SETOR DE SODA-CLORONO BRASIL E NO MUNDOEduardo FernandesAna Maria da Silva GlriaBruna de Almeida Guimares*

    * Respectivamente, gerente, analista de sistemas e estagiria doDepartamento de Indstria Qumica da rea de Insumos Bsicosdo BNDES.

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    280 O Setor de Soda-Cloro no Brasil e no Mundo

    Resumo Este trabalho resultado da compilao de da-dos do setor de soda-cloro divulgados esparsamente naliteratura tcnica. Sua nalidade atualizar e retratar,to objetiva e simplesmente quanto possvel, a indstria

    de soda-cloro, ao apresentar sinteticamente algumas desuas particularidades, principais caractersticas, nme-ros referentes ao mercado, tecnologias empregadas,aspectos ambientais e capacidades produtivas de algu-mas plantas no Brasil e no mundo. Sem a pretenso deoriginalidade ou de esgotamento do assunto, procura-se mostrar as relaes e ressaltar a importncia do pa-pel desse setor na integrao de atividades industriaisdiversas, ao evidenciar a participao diferenciada einsubstituvel de sua aplicao nos cenrios nacional einternacional, atravs da transversalidade que lhe per-mite permear setores industriais como o de plsticos, depapel e celulose e de alumnio.

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    Alm dos produtos derivados direta e/ou indiretamentedo cloro e da soda, como os defensivos agrcolas, o alumnio, osremdios, os produtos de higiene, os tubos de PVC, as tintas, ostecidos e papel e celulose, vale lembrar sua importante aplicaono tratamento de potabilidade da gua para o uso humano.

    Modernamente, pelos processos mais utilizados para aproduo do cloro, da soda e de outros poucos produtos halogena-dos, normalmente obtidos nas respectivas plantas do setor, comoo cido clordrico e o hipoclorito de sdio, produto ativo da guasanitria, so necessrios, basicamente, trs insumos: sal, gua eenergia eltrica. Algumas indstrias ainda utilizam o mercrio met-lico, embora esse processo de fabricao venha sendo combatidopor ser ambientalmente prejudicial, caindo aos poucos em desuso,como comentado a seguir neste trabalho.

    A cadeia produtiva da indstria de soda-cloro inicia-secom a eletrlise da salmoura. Nesta operao, a soda coproduzi-da com o cloro, em uma proporo xa de 1 tonelada de cloro para1,12 tonelada de soda custica.

    A unidade de produo utilizada em plantas de soda-cloro a ECU eletrochemical unitou unidade eletroqumica , obtidapela soma de 1 tonelada de cloro e 1,12 tonelada de soda. O preode uma ECU igual soma dos preos de 1 tonelada de cloro e

    1,12 tonelada de soda.

    A indstria de soda-cloro comporta-se de forma cclica,caracterizada por grandes saltos no incremento de capacidade parao atendimento da demanda. Como o cloro e a soda so produzidosem uma proporo xa, o suprimento de um pode ser delimitadopela demanda do outro e vice-versa. Os preos do cloro e da sodaesto intimamente ligados s variaes da oferta e da demanda.

    A Figura 1 apresenta um histrico da variao do preo

    da soda no golfo do Mxico, maior rea mundial de produo desoda-cloro, para o perodo 20032009.

    Atualmente, trs processos de eletrlise so utilizados in-dustrialmente: o de mercrio, o de diafragma e o de membrana.Em 2007, segundo a Associao Brasileira da Indstria de lcalis,Cloro e Derivados (Abiclor), 72% da produo brasileira do setor desoda-cloro empregou a tecnologia de diafragma, 23% a de mercrioe 5% a de membrana. Essa distribuio percentual em funo doselevados custos inerentes substituio da tecnologia que utiliza

    o mercrio, e tambm das exigncias ambientais legais em cadaregio pelo governo local.

    IntroduoA CadeiaProdutiva

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    Figura 1

    Variao do Preo da Soda no Golfo do Mxico (20032009)

    Fonte: ICIS-LOR.

    Figura 2

    Distribuio da Tecnologia Empregada na Produo deSoda-Cloro no Brasil em 2007

    Fonte: Abiclor.

    A indstria de soda-cloro constitui uma das maiorestecnologias eletroqumicas do mundo. um processo eletrointensi-vo, classicado como o segundo maior consumidor de eletricidade,com utilizao anual de 2.400 bilhes de kWh, em 2006. Em 2007,a energia eltrica representou pouco mais de 45% do custo total deproduo do setor.

    Seja qual for a tecnologia usada, uma soluo de sal (clo-reto de sdio NaCl) em gua eletrolisada pela ao direta dacorrente eltrica, a qual converte nos anodos os ons cloreto dosal em cloro elementar.

    O Processo

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    Figura 3

    Cadeia Produtiva do Cloro e da Soda

    Fonte: GVconsult.

    O cloro resulta da eletrlise da soluo de cloreto de sdio(sal grosso) em gua. Sua aparncia inicial a de um gs amarelo-

    esverdeado, com odor forte e irritante. Para melhor manipulao etransporte, esse gs cloro posteriormente pressurizado a baixatemperatura para ser liquefeito, transformando-se em um lquidoclaro de cor mbar. Assim, comercializado nessa forma, sendotransportado em carros-tanque e cilindros de 900 kg.

    O cloro utilizado na fabricao da resina plstica poli-cloreto de vinila (PVC), solventes clorados, agroqumicos, princi-palmente defensivos agrcolas, e no branqueamento da polpa decelulose. Por causa do seu alto poder bactericida, largamente em-pregado no tratamento de gua potvel e de piscinas. Tambm utilizado como intermedirio nas snteses qumicas e nos processosde obteno de numerosos produtos qumicos, tais como: anticoa-gulantes, poliuretanos, lubricantes, amaciantes de tecidos, uidospara freios, bras de polister, insumos farmacuticos, etc.

    O cloro lquido tambm tem aplicao como matria-primano processo produtivo do cloreto de hidrognio (gs), precursor docido clordrico (lquido a 37%), do hipoclorito de sdio e do dicloro-etano, o intermedirio da rota de fabricao do PVC comentado noitem sobre a indstria desse produto.

    Produtos daCadeia Soda-

    CloroCloro Lquido

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    Fabricado e comercializado na forma lquida, o dicloreta-no obtido pela reao a baixa temperatura do cloro com o etileno,na presena de ferro e oxignio como catalisadores.

    Posteriormente, o produto puricado para a remoo

    das impurezas orgnicas e inorgnicas, resultantes das lavagensqumicas e da destilao efetuadas durante a reao do seu pro-cesso de obteno.

    O dicloretano a matria-prima bsica para a fabricaode PVC, o qual amplamente utilizado na construo civil, na formade tubos e conexes para gua potvel e esgoto. O PVC tambm empregado na fabricao de embalagens, lmes plsticos, recobri-mento de os e cabos eltricos, na indstria automobilstica, etc.

    O cido clordrico resulta da reao de queima do clorocom o hidrognio, formando o gs cloreto de hidrognio (HCl) que,depois de absorvido em gua, adquire propriedades de um cidoforte devido sua ionizao na gua.

    Sua soluo saturada em gua apresenta-se como um l-quido fumegante claro e ligeiramente amarelado, com odor forte eirritante, por fora do desprendimento do cloro. Contm pouco mais

    de 33% de cloreto de hidrognio em peso quando comercializadono grau industrial a granel. O transporte feito em carros-tanque.Como reagente qumico nos laboratrios, no grau PA (Pr-Anlise), fornecido em embalagens menores, geralmente frascos de 500 mlou 1 litro, a 37% em peso de HCl.

    Entre suas principais aplicaes esto a limpeza e tra-tamento de metais ferrosos, por decapagem, otao e processa-mento de minrios, acidicao de poos de petrleo, regenera-o de resinas de troca inica, construo civil, neutralizao de

    euentes, fabricao de produtos para a indstria de alimentos efarmacutica.

    O hipoclorito de sdio um oxidante de uso muito difun-dido, usado na limpeza domstica em geral com o nome de guasanitria, sendo preparado em laboratrio e industrialmente peloborbulhamento do cloro em uma soluo de hidrxido de sdio afrio. O produto apresenta-se comumente como soluo aquosa al-

    calina, o que permite aumentar a sua conservao contra a decom-posio e o consequente desprendimento do cloro. De coloraoamarelada e odor caracterstico, contm at 13% de hipoclorito

    Dicloretano EDC (Ethylene

    Dichloride) ou DCE

    cido Clordrico

    Hipoclorito de Sdio

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    de sdio (NaClO), no mximo. Industrialmente, comercializadonessa forma, a granel, e transportado em carros-tanque. O hipoclo-rito de sdio possui propriedades oxidantes, branqueantes e desin-fetantes, servindo para inmeras aplicaes, tais como branquea-mento da polpa de celulose e txteis, desinfeco de gua potvel,tratamento de euentes industriais, tratamento de piscinas, desin-feco hospitalar, produo de gua sanitria, lavagem de frutase legumes, alm de participar como intermedirio na produo dediversos produtos qumicos.

    A soda custica obtida por eletrlise da salmoura (solu-o concentrada de cloreto de sdio em gua) livre de impurezasque prejudicam sensivelmente a ecincia e o rendimento do pro-cesso produtivo. Independentemente do processo, a soda custicado mercado apresenta-se sob a forma de soluo aquosa, lmpida,contendo cerca de 50% de hidrxido de sdio (NaOH) em peso,comercializada na forma a granel e transportada em carros-tanquee vages ferrovirios.

    Mais recentemente, a soda custica lquida comum parauso comercial tem sido fabricada, em geral, pelo processo de c-lulas de diafragma, mas a soda custica lquida rayon, para nstxteis, por exigncia de maior pureza, obtida pelo processo declulas de mercrio.

    A soda custica das cubas de mercrio mais pura e maisconcentrada (50% em mdia), embora o processo consuma maisenergia e seja, ambientalmente, mais malco. J o processo dasclulas de membrana fornece soda custica pouco mais concen-trada do que o de diafragma, todavia menos concentrada (32%) doque a obtida por clulas de mercrio, em uma rota de menor consu-mo de energia eltrica, necessitando, portanto, ser concentrada porevaporao de parte da gua.

    Tanto a soda custica rayonem escamas, como a sodacustica comercial em escamas so obtidas pelo processo de eva-porao da soda custica lquida, ou da fuso do produto anidroe do processo de escamao. Esses produtos apresentam-se naforma de escamas brancas, altamente deliquescentes (absorvemgua da atmosfera, dissolvendo-se nela) e com concentrao m-dia de 96 a 98% de hidrxido de sdio em peso, dependendo dasua especicao. A soda custica em escamas comercializadaem sacos de polietileno de 25 kg, paletizados.

    Soda Custica(Hidrxido de Sdio)Lquida

    Soda Custica emEscamas

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    O cloro (Cl2, do grego = chlors, que signicaamarelo verdoso, esverdeado) foi descoberto em 1774 pelo suecoCarl Wilhelm Scheele, que acreditava se tratar de um compostocontendo oxignio. Obteve-o com base no dixido de mangans(mineral pirolusita), pela seguinte reao:

    MnO2+ 4HCl MnCl2+ Cl2+ 2H2O

    Os processos anteriores s tcnicas de eletrlise basea-vam-se nesta reao ou na reao direta de HCl com o ar ou oxi-gnio puro, produzindo gua e cloro. A primeira utilizao do cloroocorreu em 1789, com o hipoclorito de potssio usado nas inds-trias txteis para o branqueamento de tecidos.

    Em 1810, o qumico ingls Humphry Davy demonstrou

    que a substncia era um elemento qumico, e deu-lhe o nome decloro, devido sua colorao amarelo-esverdeada. Em 1823, o clo-ro comeou a ser utilizado para a desinfeco dos hospitais.

    Entre 1920 e 1940, o cloro aumentou sua participaoem muitos outros processos produtivos, com o incio da produode etilenoglicol, de solventes clorados, de cloreto de vinila, entreoutros. O cloro foi utilizado na Primeira Guerra Mundial, na formade gs mostarda ou iperita, um agente qumico muito txico debis(2-cloroetil) sulfeto. Foi a primeira vez na histria que uma subs-

    tncia foi utilizada como arma qumica.

    Atualmente, os principais usos do cloro so para a pro-duo de policloreto de vinila (PVC) e de poliuretano (que, juntos,representam cerca de 70% do consumo no Brasil), branqueamen-to de polpa de celulose e tratamento de gua. O segmento da qu-mica e petroqumica responsvel por 94% do consumo nacionalde cloro.

    J para os produtos qumicos inorgnicos, a principal

    utilizao do cloro para a produo de dixido de titnio (larga-mente utilizado como pigmento, principalmente para tintas bran-cas), fabricado a partir de minrios que ocorrem naturalmente(ilmenita ou rutilo).

    OPVC um plstico muito importante, com aplicaesindustriais e comerciais nas reas de construo civil, medicina,alimentos (insumo para a produo de embalagens), calados,

    brinquedos, os e cabos, revestimentos, indstria automobilsti-ca, entre outras.

    AspectosEstruturais da

    Indstria

    EvoluoHistrica

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    Classicao eMercado

    Indstria de PVC

    A resina contm, em peso, 57% de cloro e 43% de eteno(ou etileno, derivado do petrleo). Entretanto, deve-se destacar queo Brasil tem tecnologia para a obteno da resina a partir do lcoolda cana-de-acar.

    No Brasil, o instituto de PVC, fundado em 1997, rene ossegmentos da cadeia produtiva do PVC, representada por forne-cedores de matrias-primas, insumos e utilidades, produtores deresinas, aditivos, equipamentos, indstria de transformao, reci-cladores e distribuidores. Esse instituto disponibiliza informaesestatsticas e tcnicas de um grande nmero de associados.

    Figura 4

    Cadeia Produtiva do PVC

    Fonte: Instituto do PVC.

    O mercado brasileiro de tubos e conexes de PVC cres-ce hoje cerca de 22% ao ano e apresenta previso potencial deexpanso ainda maior para os prximos anos, em face do aumentoda sua utilizao na construo civil, responsvel por 64% do con-sumo do produto.

    Em 2007, o desempenho da produo industrial foi rele-vante e muito bom, caracterizado pelo aumento das vendas inter-nas, que alcanaram a marca de 668,5 mil toneladas. O crescimen-to, em relao a 2006, atingiu expressivos 10,5% e o consumo apa-rente (produo + importao exportao) apresentou elevaode 6,9%, com a marca de 820 mil toneladas.

    Atualmente, o uso do PVC vem crescendo em todo o mun-do a uma taxa de 4 a 7% ao ano. Enquanto o consumo per capita de

    PVC de 7 kg na China e de 15 kg nos Estados Unidos, no Brasilainda no passa de 4 kg por pessoa.

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    Entre 2000 e 2006, a demanda domstica dessa resinamanteve uma taxa de crescimento anual de 14%, e a produocresceu 23% ao ano. A dependncia das importaes na indstriadomstica de PVC diminuiu de 40% para 10%, graas s amplia-es de capacidade produtiva das fbricas, por conta da maior dis-ponibilidade de cloro no mercado. Duas dessas empresas de soda-cloro iniciaram a operao das suas expanses: a Solvay Indupa,no ltimo trimestre de 2008, e a Carbocloro, no segundo semestredo mesmo ano.

    Em 2007, as empresas Braskem e Solvay do Brasil foramas nicas produtoras de PVC no Brasil, com capacidade de produ-o de 516.000 t/a e 270.000 t/a, respectivamente.

    Figura 5Maiores Produtores de PVC no Brasil em 2007

    Fonte: Abiquim.

    No Brasil, parcela considervel da produo de sodacustica destinada indstria de papel e celulose. Em 2007, essaparcela representou 22,7% da produo nacional total de soda. Daproduo de cloro, somente 7,8% do total foram destinados inds-tria de papel e celulose.

    A soda utilizada na dissoluo (cozimento) dos cavacosde madeira, sob alta temperatura e presso nos digestores, produ-zindo-se celulose no branqueada, com resduos de lignina e dehemicelulose, e o licor negro, cuja composio inclui hidrxido desdio, hemicelulose e outros resduos orgnicos. Na fase posterior,denominada branqueamento, o dixido de cloro (nos processosECF elementary chlorine free) e a soda so empregados no pro-cedimento para conferir alvura celulose.

    Indstria de Papel eCelulose

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    No ano de 2007, a indstria metalrgica consumiu 15,6%da produo total de soda custica no Brasil. O segmento a utilizano tratamento da bauxita da qual a alumina, ou xido de alumnio, extrada.

    O reno consiste na transformao da bauxita em alumi-na, atravs da dissoluo do minrio em banho aquecido de sodacustica sob presso, no qual so separadas as impurezas insol-veis de xido de ferro, silcio e outras substncias, por precipitaoe ltragem. Posteriormente, por resfriamento, precipitado o hidra-to de alumnio, que transformado em alumina aps calcinao alta temperatura.

    Com os avanos tecnolgicos nos setores automotivos,de embalagens e construo, o alumnio tornou-se o segundo me-

    tal mais utilizado do mundo, o que levou a um grande aumento doconsumo da soda custica nesses segmentos.

    No estgio de tratamento de superfcie dos produtos dealumnio, a soda custica utilizada no banho de decapagem al-calina, e tambm tem importante funo na reciclagem do estanhorecuperado de chapas estanhadas.

    No Brasil, em 2007, 3,4% da produo total de cloro foidestinada ao tratamento de gua. O uso do cloro tem como princi-pais objetivos a desinfeco (destruio dos micro-organismos pa-tognicos), a oxidao (alterao das caractersticas da gua pelaoxidao dos compostos nela existentes), ou ambas as aes aomesmo tempo. A desinfeco o objetivo principal e mais comumda clorao. J a produo da soda custica consumida apenaspor 0,6% desse segmento.

    Outro setor da indstria que consome soda custica so

    os produtos de higiene pessoal e cosmtico. O sabo em barraspara uso domstico e higiene e outros tipos de detergentes repre-sentam cerca de 22,6% do consumo nacional de soda custica.

    Atualmente, existem trs tecnologias utilizadas para a fa-bricao de soda-cloro: clulas de mercrio, clulas de diafragma eclulas de membrana.

    Indstria deAlumnio

    Indstrias queOperam na Cadeia

    Tecnologia eCompetitividade

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    Todas essas tecnologias so importadas. Na Figura 6, mostrado o uxograma do processo de produo de soda-cloro uti-lizando a tecnologia de diafragma.

    Figura 6

    Processo de Fabricao de Cloro e Soda Custica Utilizandoa Tecnologia de Diafragma

    Fonte: Grassi (2005).

    As clulas de mercrio foram o primeiro mtodo utiliza-do para produo de cloro em escala industrial. Nesse processo,ocorrem perdas de mercrio inerentes, pequenas, mas constantes,gerando euentes e emisses com srios problemas ambientais.

    Nas duas ltimas dcadas do sculo XX, o processo foi melhora-do, embora ainda ocorram perdas prejudiciais de cerca de 1,3 g demercrio por tonelada de cloro produzida no mundo.

    Por causa das questes ambientais envolvidas, esse pro-cesso vem sendo substitudo pela eletrlise em clula de membra-na que, atualmente, responsvel pelo suprimento de quase 30%da produo mundial de cloro.

    No processo de clulas de mercrio so empregados um

    catodo de mercrio e um anodo de titnio recoberto de platina ouxido de platina. O catodo consiste num depsito no fundo da clulade eletrlise, e o anodo situa-se acima deste, pouca distncia. Aclula preenchida com soluo de cloreto de sdio e, com umadiferena de potencial adequada, processa-se a eletrlise.

    As cubas de mercrio produzem um hidrxido de sdiomais puro, mas a pequena perda de mercrio provoca danos am-bientais, elevando a concentrao de metilmercrio em algunspeixes a doses letais. Sob a adoo de processos cuidadosos de

    controle, associados ao tratamento da gua e do ar euentes, possvel fazer com que as indstrias de clulas de mercrio satisfa-am s exigncias de no poluio do ambiente.

    Clulas de Mercrio

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    Caractersticas principais:

    processo mais antigo e ainda bastante utilizado no mundo(responde por 35% da produo mundial de cloro);

    maior consumo de energia eltrica;

    a soda custica no necessita de operao de concentra-o suplementar;

    produtos de excelente qualidade;

    as matrias-primas no precisam ser de alta pureza; e

    o mercrio poluente, mas pode ser ecientemente

    controlado.

    Utilizado principalmente no Canad e nos Estados Uni-dos, o mtodo de clulas de diafragma emprega um catodo perfu-rado de ao ou ferro e um anodo de titnio recoberto de platina ouxido de platina. Um diafragma poroso de bras de asbesto (amian-to), misturado com outras bras, como as de teonou politetrauo-retileno (PTFE), funciona como separador entre catodo e anodo.

    Esse diafragma vem sendo substitudo por outro similar, mas semamianto (crisotilo), pois fabricado com zircnio e PTFE, importadoda norte-americana Eltech diafragma chamado polyramix, maiseciente energeticamente e de maior tempo de vida til.

    O diafragma permite a passagem dos ons por migraoeltrica, mas reduz a difuso dos produtos. As cubas ou clulascom diafragma podem ser compactas, pois os eletrodos podem sercolocados bem prximos. Com o uso, o diafragma vai se entupin-do, fato que observado pela elevao da voltagem e pela maior

    presso hidrosttica na salmoura. Por isso, preciso substitu-loregularmente. O diafragma possibilita o escoamento da salmourado nodo para o ctodo e, dessa forma, diminui muito ou impedeas reaes paralelas e secundrias como a formao de hipocloritode sdio.

    As membranas semipermeveis, que deixam passar ohidrxido de sdio enquanto retm o cloreto de sdio, conformedescrito no item seguinte, aumentam a pureza da soda custicaobtida na clula a diafragma e, ao mesmo tempo, eliminam a etapa

    de puricao para a remoo do cloro.

    Clulas deDiafragma

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    Vale acrescentar ainda que a operao das unidades dediafragma e de mercrio existentes no Brasil regulamentada pelaLei Federal 9.976, de 3.7.2000, que especica as normas de segu-rana que devem ser seguidas para o uso do amianto (principal-mente o anblio), que cancergeno.

    Caractersticas principais:

    emprega diafragma poroso base de asbesto (amianto);

    o segundo processo em utilizao no mundo;

    o processo exige concentrao posterior da soda custicaformada nas clulas;

    as matrias-primas precisam ser de alta pureza;

    os produtos das clulas so impuros;

    o custo de manuteno do diafragma expressivo; e

    o asbesto material agressivo sade e deve ser corre-tamente manipulado.

    o processo cuja tecnologia a mais moderna e no po-luente. Estima-se que cerca de 30% da produo mundial de cloroseja feita por meio desse processo.

    Essa tecnologia similar empregada na clula de dia-fragma. O diafragma substitudo por uma membrana sinttica se-letiva que deixa passar ions de sdio, porm no permite a passa-gem de ons hidroxila e cloreto.

    O hidrxido de sdio obtido mais puro e mais concen-trado do que o obtido pelo mtodo da clula de diafragama e, comoeste, consome menos energia que o mtodo da amlgama de mer-crio, mesmo que a concentrao de hidrxido de sdio obtida sejamenor, sendo necessrio concentr-lo. Por outro lado, o cloro obti-do pelo mtodo da amlgama de mercrio mais puro.

    Caractersticas principais:

    emprega membrana semipermevel;

    Clulas de Membrana

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    processo moderno, de tecnologia recente e com poucasunidades instaladas no mundo;

    consumo de energia eltrica comparvel ao das clulasde diafragma;

    qualidade dos produtos similar aos obtidos por clulas demercrio;

    concentrao de soda custica menor que no processode mercrio;

    as matrias-primas precisam ser de alta pureza;

    o custo de reposio das membranas alto;

    pelas informaes at hoje disponveis, o processo no poluente.

    O cloro tambm obtido de outras formas, tais como: ele-trlise da salmoura de cloreto de potssio em clulas de membranaou mercrio, com a coproduo de hidrxido de potssio; eletrlisede cloreto de sdio ou de magnsio fundido para produzir sdio oumagnsio metlico; eletrlise de cido clordrico; e outros proces-sos no-eletrolticos.

    Nos ltimos anos, houve uma tendncia mundial paraa extino do processo de mercrio na produo de soda-cloro,em face dos impactos ambientais produzidos pela utilizao dessasubstncia na cadeia produtiva, como a inalao dos vapores demercrio metlico, que acarreta uma srie de problemas de sade.

    O mercado de fornecimento de clulas de membrana temcomo maior supridor a Du Pont, cujo produto Naon possui ummarket share acima de 45%. Duas outras importantes empresas

    japonesas (Asahi Chemical e Asahi Glass) dividem o restante domercado nacional. A Du Pont lder e praticamente a nica forne-cedora, quando se considera a Amrica do Sul como um todo.

    Na indstria de soda-cloro, as pesquisas esto concen-tradas no desenvolvimento de processos que consumam menosenergia.

    Novas Tecnologias

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    Os eletrodos de difuso gasosa esto sendo estudadospara dois objetivos diferentes: eletrlise de soluo de cido clor-drico e eletrlise de soluo de cloreto de sdio.

    Ambas usam o catodo despolarizado de oxignio. Com

    a utilizao deste catodo, as reaes andicas permanecem idn-ticas s dos processos tradicionais de eletrlise (diafragma paraeletrlises de cido clordrico e membrana para eletrlises de clore-to de sdio), enquanto as reaes catdicas so modicadas paraposicion-los em nveis termodinmicos favorveis. Os resultadosso a baixa voltagem da clula e a reduo no consumo de energiada ordem de 700 kWh por tonelada de cloro.

    O desenvolvimento desta tecnologia est em estgioavanado e acredita-se que poder entrar no mercado nos prxi-

    mos anos.

    A competitividade das plantas de soda-cloro depende daintegrao do seu processo produtivo at a obteno do PVC. Asplantas no-integradas so muito mais vulnerveis aos ciclos decomportamento de preos da indstria de soda-cloro, que tm apre-sentado signicativas oscilaes.

    A escala de produo, a disponibilidade e o preo dasmatrias-primas bsicas (sal, energia eltrica e gua) so funda-mentais para a garantia de retorno do investimento em uma plantade soda-cloro. Atualmente, a escala mnima de produo para estaindstria situa-se entre 400 e 500 mil t/ano. Para 500 mil t/a, issoequivale a 235.849 t/a de cloro e a 264.151 t/a de soda custica.

    Estudos de mercado indicam que somente valores deECU superiores a US$ 350 por tonelada permitem a viabilidadeeconmica para a implantao de uma planta de soda-cloro, tendo

    em vista o elevado investimento de implantao (cerca de US$ 1 milpor tonelada) e a alta volatilidade dos preos do cloro e da soda.

    No Brasil, o sal marinho ou o sal-gema utilizado pela in-dstria proveniente das reservas localizadas na Regio Nordeste.O Porto de Areia, no estado do Rio Grande do Norte, o principalponto de escoamento do sal para as indstrias localizadas na Re-gio Sudeste.

    O transporte da matria-prima at as unidades industriais

    de soda-cloro realizado principalmente pela navegao de cabo-tagem, cuja grande vantagem o custo do frete (cerca de 10%

    Competitividade

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    menor do que o rodovirio). Porm, esse meio de transporte vemenfrentando srias diculdades, principalmente pela decincia dainfraestrutura porturia brasileira, em especial a limitao de ca-lado dos barcos e navios nos portos, aliada ao fato de o preo docombustvel utilizado para a navegao de cabotagem ser cercade 17% mais caro do que o destinado navegao de longo curso(exportao), em razo da incidncia do PIS e da Cons. Apesar dea legislao brasileira para o transporte aquavirio prever a equi-parao de preos dos combustveis, por meio da no-incidnciade impostos tambm sobre o combustvel da cabotagem, isto noacontece na prtica. Cabe destacar, ainda, a concorrncia que osfornecedores nacionais de sal esto enfrentando com as importa-es do produto do Chile.

    A indstria de soda-cloro tambm fortemente intensivaem eletricidade: quase 50% do custo total de produo represen-

    tado pela energia eltrica.

    Nos ltimos anos, o custo da energia eltrica vem sofren-do aumentos considerveis, fazendo com que a indstria brasileirade soda-cloro enfrente diculdades com a sua margem de lucro.Em 2007, o Brasil apresentou o maior custo comparativo de energiaeltrica do mundo (tarifa mdia de US$ 0,22/kWh para a indstria),conforme pode ser observado na Tabela 1.

    Tabela 1

    Comparao das Tarifas Internacionais de EletricidadePAS

    TARIFA MDIA 2007(Em US$/kWh)

    PASTARIFA MDIA 2007

    (Em US$/kWh)

    Brasil (Conta de Luz)* 0,25 Nova Zelndia 0,1

    Itlia 0,24 Finlndia 0,1

    Brasil sem impostos** 0,18 Mxico+ 0,09

    Dinamarca 0,18 Frana 0,09

    Reino Unido 0,17 Noruega 0,08

    Portugal 0,16 Estados Unidos 0,08

    Brasil (Aneel)*** 0,15 Austrlia 0,08

    Japo 0,15 Coreia do Sul+ 0,07Alemanha 0,14 Canad 0,06

    Espanha 0,12 Holanda+ 0,04

    Turquia 0,11 frica do Sul 0,04

    Sua 0,1 ndia+

    Mdia Geral 0,12

    Fonte: International Energy Agency, KeyWord (2007).* Mdia aritmtica do valor cobrado nas contas de luz das maiores distribuidorasdos maiores estados consumidores: SP, MG e RJ (respondem por mais de 60% do consumo nacional). A Aneelno disponibiliza o valor cobrado pelas distribuidoras, somente as mdias e valores lquidos de certos impostos.** Tarifa lquida dos impostos indiretos (ICMS at 25% e PIS/Cons, 5,5%) e os encargos setoriais de 10,83%

    (total de 41,35%).*** Valor divulgado pela Aneel para o Sudeste.+ Energy Information Administration, US Department of Energy, 2004/2005.

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    Atualmente, esses fatores afetam negativa e acentua-damente a competitividade da indstria nacional, criando espaopara a entrada do produto importado, especialmente dos EstadosUnidos.

    A maior parte das mquinas e equipamentos utilizadosna indstria de soda-cloro so produzidos no pas, exceo dascubas ou clulas de mercrio, de diafragma e de membrana, utiliza-das na eletrlise da salmoura.

    Os principais equipamentos e materiais utilizados em umaplanta de soda-cloro so os seguintes:

    clulas (mercrio, diafragma, ou membrana) utilizadas noprocesso de eletrlise;

    tanques;

    reatores;

    ltros;

    evaporadores;

    lavadores de gs;

    torres de secagem;

    eliminadores de nvoas;

    tubulaes; e

    vlvulas.

    As principais substncias txicas associadas indstriade soda-cloro so o mercrio e os organoclorados:

    Mercrio A presena do mercrio no meio ambiente prejudicial em qualquer quantidade, j que metal no desempenhafunes nutricionais ou bioqumicas em micro-organismos, plantas

    ou animais. O mercrio afeta os rins, causa tremores, vertigens, ir-ritabilidade e depresso, associados a salivao, estomatite e diar-reia, alm de descoordenao motora progressiva, perda de viso

    AspectosAmbientais

    Soda-cloro

    Mquinas eEquipamentos

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    e audio e deteriorao mental. A intoxicao aguda pelo metalacaba levando morte.

    Organoclorados Os organoclorados so substnciastxicas formadas por compostos qumicos orgnicos ligados s mo-

    lculas de cloro. Entre os organoclorados encontrados destacam-seos hexaclorobutadienos, pentaclorobutadienos, tetraclorobuadienose o tetracloroeteno, alm de dioxinas e furanos. Essas substnciasso derivadas de diversos processos industriais: da produo dePVC, de papel e celulose, da gerao e composio de produtosagrcolas, da incinerao de lixo domstico, industrial e hospitalar ede todos os processos industriais que empregam cloro e derivadosdo petrleo.

    Desde o primeiro impacto ambiental de repercusso mun-

    dial que exps o risco eminente, ocorrido em maio de 1956, na Baade Minamata, no sudoeste do Japo, governos de vrios pases(principalmente do Japo) tomaram medidas para regulamentaodo mercrio no ambiente. Essas medidas, a partir da dcada de1980, contriburam para a substituio das clulas de mercrio poroutras, como diafragma e membrana. No entanto, tal contaminaoocorrida na baa de Minamata no foi proveniente da indstria desoda-cloro, e sim de uma planta da Chisso Corporation, que obtinhao metilmercrio como subproduto na sntese do acetaldedo.

    Tabela 2

    Distribuio das Indstrias de Soda-Cloro no Brasil por Tecnologia em 2007

    EMPRESA ESTADO TECNOLOGIAANO DE

    IMPLANTAO

    CAPACIDADEDE PRODUO

    CLORO(t/a)

    CAPACIDADEDE PRODUO

    SODA(t/a)

    Solvay SP Mercrio/ Membrana*

    1948 115.700 130.000

    Igarassu PE Mercrio 1963 27.900 31.400

    Pan-Americana RJ Mercrio/ Membrana 1951 27.800 27.800

    Carbocloro SP Mercrio/ Diafragma/Membrana

    1964 255.000 286.000

    Braskem BA e AL Mercrio/ Diafragma

    1975 474.400 533.000

    Dow BA Diafragma 1977 415.000 415.000

    Canexus ES Membrana 1979 47.700 53.600

    Fonte: Zavariz (2004).* Expanso da capacidade de produo utilizando a tecnologia de membrana (em nal de implantao) esubstituio, no futuro, das antigas clulas de mercrio pelas clulas de membrana.

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    No Brasil, a repercursso desse caso ocasionou a criao,no Estado do Rio de Janeiro, da Lei 2436/95, de 20 de setembro de1995, que probe a implantao/expanso de indstrias de soda-cloro com clulas de mercrio e de diafragma de amianto.

    Em 3 de julho de 2000, foi sancionada a Lei Federal 9.976,que regulamentou, em mbito nacional, a proibio da implantao/expanso de indstrias de soda-cloro com clulas de mercrio e dediafragma de amianto.

    Atualmente, a indstria de soda-cloro no Brasil respon-svel pela emisso de 25% de todo mercrio para a atmosfera, logoatrs do garimpo de ouro (30%) [Lacerda et al. (2007)].

    O PVC consome em torno de 40% de toda a produomundial de cloro e , portanto, o maior responsvel pelo volume deorganoclorados gerados.

    A formao de subprodutos organoclorados inicia-se naproduo do gs cloro. Os resduos clorados perigosos so gera-dos na sntese do dicloreto de etileno (ethylene dichloride EDC)e do monmero de cloreto de monovinila (vinyl chloride monomer VCM), ambos precursores do PVC.

    As misturas qumicas produzidas nas snteses de EDCe VCM incluem certos tipos de poluentes extremamente perigo-sos e bioacumulativos, como as dioxinas (dibenzo-p-dioxinaspolicloradas), os furanos (dibenzofuranos policlorados), os PCBs(policloretos bifenilos), o hexaclorobenzeno (BHC ou HCB) e o oc-tacloroestireno (OCE ou OCS).

    Resduos txicos oriundos do EDC e do VCM tambm socriados e liberados para o meio ambiente nos seguintes eventos:

    incinerao de produtos de PVC no lixo;

    reciclagem de produtos metlicos que contenham vinil; e

    combusto e queima acidental de PVC em incndios deprdios residenciais, depsitos e lixes.

    Em sua forma pura, o PVC rgido e quebradio. Para tornar

    os produtos de vinil exveis, como o material de forro, de pisos e deparedes, plasticantes so adicionados ao PVC (acima de 60% em

    PVC

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    peso do produto nal). Os plasticantes utilizados em vinil so com-postos denominados ftalatos, acusados de oferecerem riscos sadee ao meio ambiente. Na construo civil, os ftalatos so agregadosextensivamente ao PVC (em cerca de 90% dos produtos).

    Para controlar a decomposio dos catalisadores de PVC,so adicionados estabilizantes metlicos resina que se destina aouso na construo civil e outras aplicaes de longa vida. Os aditi-vos mais comuns utilizados para o PVC so o chumbo, o cdmio eo estanho, ou seja, metais pesados.

    Esses estabilizadores metlicos podem ser liberados dosprodutos de vinil quando so formulados, utilizados ou descartados.Como esses metais so txicos, devem ser monitorados e controladosos seus teores, bem como suas emisses para o meio ambiente

    Mesmo na Europa, onde a reciclagem de PVC mais avan-ada do que nos Estados Unidos, menos de 3% do PVC ps-consu-mido reciclado. Consequentemente, no existe uma reduo realna produo de PVC virgem. Estima-se que, em 2020, somente9% de todo o lixo ps-consumo de PVC seja reciclado na Europa.

    Aempresa norte-americana Dow atua no mercado des-de 1897. Lder mundial na produo de soda-cloro, com cerca de6,3 milhes de t/a ao nal de 2007, responde por 13% da capaci-dade mundial. A Dow possui clientes em cerca de 160 pases, com150 unidades industriais distribudas em 35 pases, empregandoem torno de 46.000 funcionrios. Em 2007, suas vendas giraramem torno de US$ 54 bilhes.

    A segunda maior produtora de soda-cloro no mundo aOccidental Chemical Corporation (OxyChem). Com sede em Dallas,no Texas, a empresa tem instalaes fabris nos Estados Unidos, no

    Canad e na Amrica Latina.

    A empresa Olin Corporation foi incorporada em 1892 e,atualmente, a terceira maior produtora no mercado norte-ameri-cano e a quinta maior do mundo.

    No continente europeu, a empresa Dow lidera o mercadode cloro, com capacidade de produo de 1,8 milho de toneladas,seguida das empresas Bayer e Solvay, com capacidade de produ-o de 1,3 milho e 904 mil toneladas, respectivamente.

    CenrioMundialMaiores Grupose EmpresasAtuantes noMundo

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    Omercado brasileiro de cloro suprido, principalmen-te, por trs grandes produtores que perfazem 84% da oferta total:Braskem, Dow e Carbocloro. Tendo em vista as diculdades logsti-cas de transporte, o mercado altamente segmentado por regio.

    A Braskem lder no mercado nacional na produo decloro e soda, com participao de 36,3% e 36,1%, respectivamente,no ano de 2007. A empresa tem o seu foco na produo de resinastermoplsticas, tais como polietileno, polipropileno, PVC e PET.

    A empresa tambm lder no mercado latino-americanode resinas termoplsticas desde a sua formao, em agosto de2002, quando os grupos Odebrecht e Mariani integraram seus ati-vos petroqumicos Copene Petroqumica do Nordeste S.A., anti-ga central de matrias-primas petroqumicas do Plo de Camaari,

    na Bahia.

    As unidades industriais da Braskem produtoras de soda-cloro e PVC esto localizadas nos municpios de So Paulo (SP),Camaari (BA) e Macei (AL).

    A Dow Brasil a segunda maior produtora de cloro e sodano Brasil, com participao de 28,8% e 29,8%, respectivamente, noano de 2007. As unidades produtoras de soda-cloro e PVC estolocalizadas nos Municpios de Aratu (BA) e So Paulo (SP).

    A Carbocloro a terceira colocada, com participao de20,4% de cloro e 21,1% de soda, em 2007. A empresa instalou-seno pas em 1964, sendo uma joint-ventureda Unipar Unio deIndstrias Petroqumicas S.A. (grupo nacional privado com atua-o nas reas qumica e petroqumica), com a Occidental ChemicalCorporation (OxyChem, maior fornecedor de soda-cloro dos Esta-dos Unidos), cada qual com 50% da composio acionria. Possuiuma unidade industrial no Municpio de Cubato (SP). A empresa voltada prioritariamente para o mercado domstico, que concentra

    cerca de 94% das suas vendas. Supre aproximadamente 38% domercado nacional de cloro lquido e 15% do mercado soda custica,alm de deter cerca de 69% do mercado de cido clordrico e 53%do mercado nacional de hipoclorito de sdio. A sua planta a nicano mundo que possui as trs tecnologias de produo de soda-clo-ro: mercrio, diafragma e membrana.

    A Solvay Indupa do Brasil S.A. ocupa o quarto lugar naproduo de cloro. A empresa pertence ao Grupo Solvay, conglo-merado internacional, com sede em Bruxelas, Blgica e se localiza

    no Municpio de Santo Andr (SP).

    CenrioBrasileiro

    Maiores Grupose EmpresasAtuantes no

    Brasil

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    Os principais produtos e mercados da Solvay Indupa doBrasil S.A., tal como da Solvay Indupa S.A.I.C. (Argentina), so asresinas de PVC e a soda custica.

    O complexo Solvay Indupa (Argentina e Brasil) o segun-

    do maior produtor de PVC do Mercosul. As duas plantas combina-das atingem, hoje, um volume de produo de 500 mil t/a de PVC e280 mil t/a de soda custica.

    O mercado da empresa predominantemente domstico,ocorrendo exportaes marginais de PVC. A partir de 2010, o grupopassar a produzir eteno a partir do etanol para a fabricao dePVC, com um investimento de US$ 500 milhes.

    Figura 7

    Participao das Principais Empresas na Produo de Cloroe Soda no Brasil em 2007

    Fonte: Abiclor.

    A empresa Canexus, ex-Nexen Qumica Brasil, uma dasunidades da multinacional canadense Canexus Ltd., instalada no

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    Municpio de Aracruz (ES). Atua na produo e na comercializaode clorato de sdio, soda custica, hipoclorito de sdio, cloro, cidoclordrico e hidrognio.

    Voltada para o mercado de qumicos no Brasil, a Canexus

    uma das maiores fabricantes de clorato de sdio do pas e umadas lderes da Amrica do Sul, com capacidade de produo de60 mil t/a.

    A empresa Igarassu, localizada no municpio de Igaras-su (PE), uma das principais unidades do Grupo Produqumica,especializada na fabricao de produtos do complexo soda-cloro.Fabrica produtos como soda custica lquida, soda custica em es-camas, cloro liquefeito, hipoclorito de sdio, cido clordrico e hidro-gnio gasoso.

    A Igarassu foi pioneira na produo do complexo soda-cloro no Brasil e permanece entre as principais indstrias do Nor-deste, com capacidade anual de produo de soda custica lquidaem torno de 32 mil t/a.

    A Pan-Americana S.A. Indstrias Qumicas a nica pro-dutora de cloro e lcalis no Estado do Rio de Janeiro e lder abso-luta dos mercados de potassa custica e carbonato de potssio naAmrica Latina. Com sede no Municpio do Rio de Janeiro, mantmescritrio comercial em So Paulo e representao comercial emBuenos Aires.

    A maior unidade industrial da empresa, localizada no mu-nicpio do Rio de Janeiro, em Honrio Gurgel, totalmente dedica-da produo de cloro, lcalis e seus derivados, e sua capacidadeinstalada atende a demanda estadual.

    Os investimentos na cadeia da indstria de soda-cloroso norteados pelo cloro. Isso motiva a carncia de elevados in-vestimentos no setor, uma vez que no adianta que o consumo dasoda, produzida concomitantemente com o cloro, cresa todos osanos no Brasil e no mundo, como ocorre recentemente. precisoter colocao para o cloro para que os investimentos sejam feitos:so determinantes a atividade e produo dos maiores consumido-res de cloro, como as cadeias do PVC e do poliuretano.

    O processo eletroltico de obteno do cloro e do seu

    subproduto, soda custica, tem a eletricidade como insumo essen-cial para a reao de eletrlise da salmoura. Seu papel indispen-svel e no h reao se no for enviada s clulas uma quantida-

    Economia deEscala

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    de certa de energia eltrica (3,0-3,3 MWh por tonelada produzidade cloro). Como j dito anteriormente, a eletricidade responde porquase 50% do custo total de produo, o que corresponde a 28%da receita de uma indstria de soda-cloro.

    certo que a indstria qumica de hoje, incluindo o setorde soda-cloro, caracterizada por preos utuantes, variabilidadede processos e marcos regulatrios industriais estritos. De modogeral e, particularmente, no caso do setor de soda-cloro, as em-presas vm tentando equilibrar a necessria economia de escalacom as demandas dos seus clientes. H crescente necessidadede se manter o foco na quantidade exata que o cliente consomenormalmente, para se obter custos mnimos em desenvolvimentode produto, produo e transporte.

    O Relato Setorial do BNDES n 7, Soda-Cloro, de1998, cita algumas relaes apuradas como aproximao seconomias de escala no setor. Contudo tais parmetros estohoje mais inuenciados pelas modernas tecnologias desenvol-vidas, pelas questes de logstica na aquisio dos insumos epelo preo da energia eltrica, que varia de regio para regio,inclusive no mundo.

    A compilao de dados empricos, conforme Perrys Che-mical Engineering Handbook, livro de referncia padro de engenha-ria qumica, mostra que o custo de capital de uma planta funoda relao de sua capacidade de produo elevada a um expoente.Essa potncia apresenta valores diferentes para diferentes tipos deplanta e quase sempre menor do que um. O expoente tpico 0,7,o que signica que o custo de uma planta aumenta 62,5% quando acapacidade produtiva dobrada.

    Ao levantar a curva de uma planta para fabricao de sodacustica (NaOH), por exemplo, com base no sal (cloreto de sdio)e um certo capital xo, o expoente de economia de escala ca em0,55, o que signica que com a metade do citado capital disponvel

    se poderia erguer uma planta com capacidade de produo deapenas 28,35% da primeira. Entretanto, seria necessrio um au-mento de 46,4% no capital para dobrar a produo e de 83% paratriplic-la.

    O recente cenrio otimista dessa indstria no Brasil, comaumentos previstos de 3,5% para a demanda de cloro e 10% para ade soda, em 2008, faz prever a implantao de novas unidades ouexpanses das existentes no pas, apesar do valor do investimentonecessrio para a instalao das fbricas, que se elevou em cerca

    de 30% a 40% nos ltimos trs anos.

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    Estima-se hoje que o custo do investimento necessriopara implantar uma fabrica de soda-cloro de US$ 1 mil por tone-lada produzida. Acresce citar que as novas plantas, para trazeremretorno nanceiro compensador, precisam ter capacidade de produ-o elevada, sucientes para atender o mercado global. Moderna-mente, plantas com capacidades entre 400 mil e 500 mil toneladasanuais devem ser consideradas, tendo em conta a indstria e omercado mundiais.

    Aempresa Braskem lidera o mercado nacional, com ca-pacidade instalada de 533 mil toneladas, em 2007, representando36,1% da produo nacional, seguida pela Dow Brasil, com partici-pao de 29,8%, e a Carbocloro, com 21,1%.

    A produo de soda custica obteve um leve aumento naproduo de 0,8%, em 2007, para 1,3 milho de toneladas, confor-me dados da Abiclor. Nas vendas totais de soda custica, houveum aumento de 5,7% em relao ao ano de 2006. Destacam-se,tambm, o aumento de 5,5% nas vendas internas e o aumentosignicativo de 10,5% nas vendas externas.

    Em face da alta da demanda interna por soda, no ano2007, o mercado brasileiro aumentou a importao em 18,3% em

    relao a 2006.

    A maior parte da produo de soda custica consumi-da pelo segmento de papel e celulose, com 22,7%, seguida pelaproduo de qumicos/petroqumicos, com 22,6%, e pela metalur-gia, com 15,6%. O setor de minerais no metlicos responde por0,4% da demanda total.

    MercadoMercado Interno

    Mercado Interno daSoda Custica

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    Figura 8

    Participao da Produo e da Capacidade Instalada de Soda Custica nos Anos de2006 e 2007 no Brasil

    Fonte: Abiclor.

    Tabela 3

    Indicadores do Mercado Interno de Soda Custica no Brasil

    INDICADORES 2006 20072006/2005

    (%)2007/2006

    (%)

    Produo

    (Soda Lquida Base Seca) 1.325,20 1.335,90 -1,2 0,8Uso Cativo 178,2 164,3 -15 -7,8

    Vendas Totais 1.105,70 1.168,60 -4 5,7

    Internas 1.067,20 1.126,10 -3 5,5

    Externas 38,5 42,5 -23,8 10,5

    Importao 677,5 801,6 28,9 18,3

    Consumo Aparente 1.964,30 2.095,10 8,2 6,7

    Fonte: Abiclor.

    Secex/Decex Inclui as importaes realizadas pelos produtos. No considera estoques.

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    No ano de 2007, a empresa Braskem liderava o mercadonacional, com capacidade instalada de 474,4 mil toneladas de clo-ro, representando 36,3% da produo nacional, seguida pela DowBrasil, com participao de 28,8%, e pela Carbocloro, com 20,4%.

    A produo brasileira de cloro subiu 0,5%, em 2007, para1,2 milho de toneladas (expanso da Carbocloro), em relao ao

    ano de 2006. As importaes tiveram um aumento de 34,9%, emrelao ao ano de 2006.

    Mercado Interno deCloro

    Tabela 4

    Indicadores do Mercado Interno de Cloro no Brasil(Em Mil t)

    INDICADORES 2006 20072006/2005

    (%)2007/2006

    (%)

    Produo 1.223,0 1.229,5 (0,3) 0,5

    Uso Cativo 1.027,9 1.048,0 0,5 2,0

    Vendas Totais 189,5 183,1 (7,7) (3,4)

    Importao 3,9 5,3 14,1 34,9

    Capacidade Instalada 1.382,3 1.384,5 - 0,2

    Nvel de Utilizao daCapacidade (%) 88,5 88,8 (0,3) 0,4

    Consumo Aparente 1.226,9 1.234,8 (0,3) 0,6

    Fonte: Abiclor. Secex/Decex Inclui as importaes realizadas pelos produtores. No considera estoques.

    Figura 9

    Distribuio do Consumo de Soda Custica em 2007

    Fonte: Abiclor.

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    Figura 11

    Consumo por Segmento da Produo Nacional de Cloroem 2007

    Fonte: Abiclor.

    Figura 10

    Participao da Produo e da Capacidade Instalada de Cloro nos Anos de 2006 e2007 no Brasil

    Fonte: Abiclor.

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    308 O Setor de Soda-Cloro no Brasil e no Mundo

    Na produo de cloro, o maior demandante o segmen-to de qumica e petroqumica, com 94%, seguido pelo segmentode tratamento de gua, com 3,4%, distribuio de derivados, com1,9%, e papel e celulose, com 0,6%.

    O segmento de qumica e petroqumica destina 35,8% doseu consumo de cloro para a produo de DCE, insumo importantena produo de PVC.

    Figura 12

    Participao dos Produtos Qumicos/Petroqumicos noConsumo Nacional de Cloro em 2007

    Fonte: Abiclor.

    A capacidade de produo de soda no mundo, em 2007,foi de 56,9 milhes de toneladas. A distribuio geogrca da pro-duo mundial pode ser vista na Figura 13.

    A China vem aumentando a sua capacidade de produode soda em face da crescente demanda do seu mercado interno,que foi de 16 milhes de toneladas em 2007, enquanto sua capaci-dade de produo era de 18,8 milhes t/a.

    Ao mesmo tempo, houve uma considervel diminuio dacapacidade produtiva na Amrica do Norte e no Oriente Mdio. Noprimeiro caso, o aumento da reciclagem de HCl (cido clordrico)formado no processo operacional, levou a uma considervel dimi-nuio da produo de soda custica na Amrica do Norte. Houveo cancelamento de cerca de 13% (2.152 mil t/a) da produo noperodo 20002007, com fechamento de plantas de soda-cloro.

    No Oriente Mdio, a diminuio de produo foi de 1.422

    mil t/a, ocasionada pelo remanejamento do etileno, antes destinado produo de PVC, para a fabricao de polietileno e etileno glicol,porque estes derivados possuem margens histricas maiores do

    Mercado Externo

    Mercado Externo deSoda

    Oferta

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    que as do PVC. Como o cloro e a soda so produzidos simultanea-mente, a menor demanda do cloro resultou na queda da produode soda. Os dez maiores produtores mundiais de soda no mundoem 2006 esto destacados na Tabela 5.

    Figura 13

    Distribuio da Produo Mundial de Soda em 2007

    Fonte: CMAI

    Tabela 5

    Maiores Produtores Mundiais de Soda em 2006

    EMPRESASPRODUO

    (Em Milhes de Toneladas)

    PARTICIPAO EM2006

    (Em %)

    Dow 6,5 11

    OxyChem 3,6 6

    Solvay/SolVin 2,1 4

    FPC 2 4

    PPG 1,6 3

    Bayer 1,5 3

    Asahi Glass 1,1 2

    Olin 1,1 2

    Tosoh 1 2

    Akzo Nobel 1 2

    Outros 35,4 61

    Fonte: Harriman Chemsult Ltd.

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    310 O Setor de Soda-Cloro no Brasil e no Mundo

    A demanda mundial de soda, em 2007, foi de 59 milhesde toneladas e sua distribuio setorial pode ser vista na Figura 14.

    Figura 14

    Distribuio Setorial da Demanda Mundial por Soda em 2007

    Fonte: CMAI.

    O aumento da demanda mundial de soda lastreadono crescimento do mercado interno chins (15% a.a., no pero-do 20022007), das indstrias de papel e celulose e de alumnioda Amrica do Sul (aumento de 20% no perodo 2004-2007) e daindstria de alumnio da Austrlia (aumento de 100% no perodo20042007).

    O consumo per capitade soda em 2007 foi de 27 kg naAmrica do Norte e na Europa Ocidental. Na Figura 15, mostradaa evoluo do preo da soda no mercado americano:

    Figura 15

    Evoluo do Preo da Soda no Mercado Norte-Americano(20022007)

    Fonte: CMAI.

    Demanda

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    A capacidade de produo de cloro no mundo, em 2007,foi de 51 milhes de toneladas e sua distribuio geogrca podeser vista na Figura 16.

    Figura 16

    Distribuio da Produo Mundial de Cloro em 2007

    Fonte: CMAI.

    A capacidade de produo de cloro da China acompanhaa demanda do mercado interno, que cresceu cerca de 1,4 milhot/a no perodo 19922002. Em 2007, a capacidade de produo daChina era de 18,5 milhes t/a.

    Ao mesmo tempo, houve uma diminuio considervel decapacidade na Amrica do Norte, em cerca de 7% (800 mil t/a),no perodo de 20022007, ocasionada pela desativao de plantasinecientes e de alto custo.

    A consolidao da indstria norte-americana de cloro,iniciada no nal da dcada de 1980, manteve-se em ritmo ace-lerado. Atualmente, cerca de 83% da capacidade instalada estconcentrada nas mos de 5 produtores: Dow: 29%; OccidentalChemical Corporation (OxyChem): 24%; Olin: 13%; PPG: 12%;Formosa Group: 5%.

    A Dow a maior produtora mundial, com cerca de 6,3milhes t/a, sendo 4,2 milhes para o mercado do norte-americanoe 2,1 milhes para a Europa Ocidental.

    Na Europa Ocidental, a indstria de cloro apresenta-semais fragmentada, com os cinco maiores produtores respondendopor 56% da capacidade instalada. Na China, a indstria totalmen-te fragmentada.

    Mercado Externode Cloro

    Oferta

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    Figura 17

    Capacidade de Produo da Indstria Norte-Americanade Cloro

    Fonte: CMAI.

    A demanda mundial de cloro no mundo, em 2007, foi de55,1 milhes de toneladas e sua distribuio setorial pode ser vistana Figura 18.

    Figura 18

    Demanda Mundial de Cloro por Setor, em 2007

    Fonte: CMAI.

    A demanda mundial de cloro vem aumentando, especial-mente nos pases emergentes, com a crescente utilizao do PVCna construo civil, alcanando cerca de 20 milhes t/a. A demandada China pelo produto cresceu 15% a.a. no perodo 20022007,partindo de 4 milhes de toneladas, em 2002, para 7,5 milhes detoneladas, em 2007. Em 2007, a China respondeu por cerca de27% do consumo global, ou seja, 15 milhes de toneladas.

    Em 2012, o mercado mundial de cloro dever alcanar

    66,3 milhes t/a, com a China respondendo por cerca de 35% destademanda (23 milhes t/a).

    Demanda

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    A China dever suprir integralmente a sua demanda complantas que entraro em operao no binio 2008-2009, tornando-se autossuciente em cloro. No esto previstas adies de capaci-dade de produo signicativas para a Europa Ocidental e Amricado Norte.

    O consumo per capitade cloro em 2007 foi de 28 kg naAmrica do Norte, 25 kg na Europa Ocidental e 11,5 kg na China.Na Figura 19, mostrada a evoluo do preo do cloro no mercadonorte-americano:

    Figura 19

    Evoluo do Preo do Cloro no Mercado Norte-Americano(20022007)

    Fonte: CMAI.

    Aproduo de soda custica subdividida em hidrxidode sdio em estado slido (escamas) e em soluo aquosa (lixvia),geralmente a 50%. No perodo 20032008, o Brasil apresentou ba-lana comercial decitria.

    No perodo 20032008, o dcit de hidrxido de sdioem dlares (US$) na balana comercial brasileira cresceu 497%. Omesmo ocorreu com a balana comercial do hidrxido de sdio emsoluo aquosa, cujo dcit aumentou em 274%, tambm em US$.As Figuras 20 e 21 traduzem esses comportamentos, mostrandouma depresso da curva no ano de 2007.

    BalanaComercial

    Soda Custica

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    Figura 20

    Balana Comercial de Hidrxido de Sdio em Estado Slido(20032008)

    Fonte: Alice/MDIC.

    Figura 21

    Balana Comercial de Hidrxido de Sdio em SoluoAquosa (20032008)

    Fonte: Alice/MDIC.

    A balana comercial brasileira de PVC apresentou d-cit no perodo 20032008. Em relao ao exerccio 2008, pode-se

    constatar pelo grco da Figura 22 um salto nas importaes deaproximadamente 157% (US$) em relao a 2007, motivada peloaquecimento das atividades da construo civil, proporcionado, emgrande parte, pelas obras do Programa de Acelerao do Cresci-mento (PAC) do governo federal.

    Alm do PVC em forma pura, que corresponde resinaobtida pelos processos de emulso e suspenso, h tambm oPVC no-plasticado (tubos e conexes) e o plasticado. Ambosapresentam dcits na balana comercial brasileira, conforme mos-

    tram os grcos das Figuras 23 e 24.

    Policloreto deVinila (PVC)

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    Figura 22

    PVC em Forma Primria (20032008)

    Fonte: Alice/MDIC.

    Figura 23

    PVC em Forma Primria No-Plasticado (20032008)

    Fonte: Alice/MDIC.

    Figura 24

    PVC em Forma Primria Plasticado (20032008)

    Fonte: Alice/MDIC.

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    Apesar dos reexos da atual crise econmico-nanceiraque afeta quase todos os pases e mercados globais, a expectativaotimista para a indstria mundial de soda-cloro, a partir de 2010, de aumento da demanda, j que o consumo de PVC cresce histo-ricamente, no mnimo a 1,5 x PIB, e deve-se levar em conta, alm

    disso e ao mesmo tempo, sua recente maior utilizao, especial-mente na construo civil.

    Esse cenrio, contudo, pode ser no se realizar exata-mente assim. Existe o risco de que o agravamento da atual criseeconmica mundial afete negativamente a produo de toda inds-tria de soda-cloro e altere at os ndices mais otimistas previstospouco antes da deagrao da crise.

    Estimativas apontam um crescimento de 18% para o mer-

    cado mundial de cloro at o ano de 2012, alcanando cerca de 66,3milhes de t/a, com a China respondendo por cerca de 35% dessetotal. O consumo per capitade cloro na China dever alcanar opatamar de 17 kg, em 2012 (atualmente encontra-se em 13 kg).

    No segmento de PVC, espera-se um crescimento do mer-cado mundial de 20% at 2012, alcanado 49 milhes de t/a. AChina dever responder por cerca de 53% do mercado mundial dePVC, em 2012.

    Para o mercado de soda, as projees indicam um au-mento da demanda mundial de cerca de 2,3 milhes de toneladaspor ano at 2012, para atender o crescimento das indstrias depapel e celulose (Amrica Latina), alumnio (Amrica do Sul e sulda sia), e o forte crescimento do mercado chins.

    No Brasil, as medidas tomadas pelo Governo Federal parafomentar a construo civil e a criao do PAC, com investimentosna rea de infraestrutura, j repercutiram no aumento da demandade PVC.

    A produo de cloro no terceiro trimestre de 2008 cresceu1,6% em comparao com o trimestre anterior, segundo a Abiclor,chegando a 313.987 toneladas.

    Tambm segundo a Abiclor, a produo de soda custicano terceiro trimestre de 2008 foi 2,1% maior do que no trimestreanterior, resultado de um recorde de produo em agosto de 2008,que alcanou 342.114 toneladas. As importaes de soda, princi-palmente de setores como papel e celulose e alumnio, j haviamatingido o volume de 703,3 mil toneladas em 2008 (janeiro a setem-

    ConsideraesFinais e

    Perspectivas

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    bro). No terceiro trimestre, o crescimento das importaes foi de1,3% em relao ao trimestre anterior.

    Em 2009, a produo de gua sanitria aumentar tam-bm a demanda por cloro, pois passar a fabricar o produto com

    maior concentrao de cloro, entre 3,9 a 5,6%, antes produzido so-mente com 2 e 2,5% de cloro.

    Projees do Instituto do PVC e da Abiquim apontavamum crescimento no consumo de PVC para 2008 de 34%, em rela-o ao ano de 2007, saltando de 820 mil toneladas, em 2007, para1.096 mil toneladas, em 2008.

    Para o futuro, alm das obras do PAC, a Copa Mundial deFutebol, em 2014, dever mobilizar recursos expressivos em obras de

    infraestrutura nas cidades brasileiras que sediaro os jogos, tais como:hotis, reformas em estdios, aeroportos, equipamentos e transportespblicos,incrementando o uso do PVC e o consumo de cloro.

    Alm disso, o PVC j ganha maior espao em aplicaescomo embalagens, blisters para medicamentos, calados, man-gueiras e chapas para comunicao visual. A utilizao do PVCna medicina tambm vem crescendo, sendo utilizado na confecode bolsas para sangue, soro e glicose, catteres cardiovasculares,sondas, tubos endotraqueais, entre outros.

    Novos usos para o PVC na construo civil, como es-quadrias de janelas e revestimentos (laminados) para portas e m-veis, devem aumentar nos prximos anos, seguindo a tendncia

    j observada nos Estados Unidos e na Europa. Uma das maioresapostas para o uso do PVC no Brasil em sistemas construtivos1para imveis de mdia e baixa renda. Batizado de ConcretoPVCe com tecnologia canadense, o sistema est sendo introduzido noBrasil atravs de uma parceria entre a Braskem, a Plsticos VipalS.A. e a Royal do Brasil Technologies S.A. O sistema compostode pers leves e modulares de PVC, de simples encaixe, preen-

    chidos com concreto e ao estrutural, dispensando o acabamentoexterno, uma vez que o perl de PVC no exige pintura ou a colo-cao de azulejos.

    ABIQUIM ASSOCIAO BRASILEIRA DA INDSTRIA QUMICA. Anurio daIndstria Qumica Brasileira, 2008.

    ABICLOR ASSOCIAO BRASILEIRA DA INDSTRIA DE LCALIS, CLORO E

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    Referncias

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