BRAGA, Vivian. Reflexões Sobre o Lugar Do Trauma Uma Análise Da Exposição MemoriAntonia

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VIII EHA - Encontro de História da Arte - 2012 716 Reflexões sobre o lugar do trauma: uma análise da exposição “Memo- riAntonia”, ou “A alma dos edifícios” Vivian Braga dos Santos 1* O trauma como temática central de algumas poéticas artísticas contemporâneas apresenta- se por meio de abordagens variadas. Essas diferenciações não concernem apenas aos meios dos quais artistas lançam mão para conferir o aspecto plástico de seus trabalhos, elas partem também do próprio pertencimento do trauma (por vezes individual, por vezes coletivo) que guia a poiesis de muitos artistas. Em ambos os casos, destaca-se a importância de traumas desencadeados pelas catástrofes que marcaram o século XX; em primeiro lugar o genocídio nazista na Segunda Guerra Mundial, seguido pelo terrorismo de Estado das ditaduras latinoamericanas. Esses eventos, vistos muitas vezes como situações históricas dada a distância temporal que os separa do momento contemporâneo, têm sido reconsiderados de forma crítica por diversos grupos (dos quais muitas vezes alguns artistas fazem parte) que os sofreram, permitindo que se- jam enxergados ainda como uma patologia na sociedade contemporânea, como uma ferida aberta, continuamente incômoda no tecido social. Esse olhar é dirigido, sobretudo, por um não-esquecimento envolvido por um “dever de memória” por parte dos sobreviventes (dos lembrados) e familiares, de preservar a lembrança das vítimas de um esquecimento proscrito. Esse “dever” compete a uma volta constante ao trauma vivido e ao vazio por ele produzido, mantendo o trauma vivo e provocando sua revisitação con- tínua, pois opera de forma a tentar retomar o evento original. Nesse sentido, representações que podem ser percebidas na esfera social (quer por meio da fala, quer por meio da imagem), podem ser enxergadas como repetições dos traumas; as mediações simbólicas são sob esse aspecto, uma reapresentação do trauma de forma coeva, contemporânea. Repetições desse tipo são, a partir de uma analogia sobre os trabalhos de Sándor Ferenczi sobre o trauma, uma maneira do trauma se apresentar. É o modo pelo qual o trauma tenta ser expur- 1 * Mestranda do Programação de Pós-Graduação em Artes Vsuais (PPGAV), na Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo (ECA/USP). Bacharel e Licenciada em Educação Artística (Instituto de Artes/UNICAMP). Bolsista FAPESP.

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A alma dos edificios

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VIII EHA - Encontro de Histria da Arte - 2012716Reflexes sobre o lugar do trauma: uma anlise da exposio Memo-riAntonia, ou A alma dos edifciosVivian Braga dos Santos1*O trauma como temtica central de algumas poticas artsticas contemporneas apresenta-se por meio de abordagens variadas. Essas diferenciaes no concernem apenas aos meios dos quais artistas lanam mo para conferir o aspecto plstico de seus trabalhos, elas partem tambm do prprio pertencimento do trauma (por vezes individual, por vezes coletivo) que guia a poiesis de muitos artistas. Em ambos os casos, destaca-se a importncia de traumas desencadeados pelas catstrofes que marcaram o sculo XX; em primeiro lugar o genocdio nazista na Segunda Guerra Mundial, seguido pelo terrorismo de Estado das ditaduras latinoamericanas. Esses eventos, vistos muitas vezes como situaes histricas dada a distncia temporal que osseparadomomentocontemporneo,tmsidoreconsideradosdeformacrticapordiversos grupos (dos quais muitas vezes alguns artistas fazem parte) que os sofreram, permitindo que se-jam enxergados ainda como uma patologia na sociedade contempornea, como uma ferida aberta, continuamente incmoda no tecido social. Esseolhardirigido,sobretudo,porumno-esquecimentoenvolvidoporumdeverde memria por parte dos sobreviventes (dos lembrados) e familiares, de preservar a lembrana das vtimasdeumesquecimentoproscrito.Essedevercompeteaumavoltaconstanteaotrauma vivido e ao vazio por ele produzido, mantendo o trauma vivo e provocando sua revisitao con-tnua, pois opera de forma a tentar retomar o evento original. Nesse sentido, representaesque podem ser percebidas na esfera social (quer por meio da fala, quer por meio da imagem), podem ser enxergadas como repeties dos traumas;as mediaes simblicas so sob esse aspecto, uma reapresentao do trauma de forma coeva, contempornea. Repeties desse tipo so, a partir de uma analogia sobre os trabalhos de Sndor Ferenczi sobre o trauma, uma maneira do trauma se apresentar. o modo pelo qual o trauma tenta ser expur-1 * Mestranda do Programao de Ps-Graduao em Artes Vsuais (PPGAV), na Escola de Comunicaes e Artes, Universidade de So Paulo (ECA/USP). Bacharel e Licenciada em Educao Artstica (Instituto de Artes/UNICAMP). Bolsista FAPESP. VIII EHA - Encontro de Histria da Arte - 2012717gado, isto , seu subterfugio na tentativa de enfm ser simbolizado. Isto porque, o trauma identi-fcado por um ato de corte entre o sujeito e seu acesso simblico, resultado de um evento traum-tico. Ou seja, a produo de uma lacuna entre os estmulos que o sujeito recebe e sua capacidade derepresent-lospormeiodafalae/oudaimagem,tendoemvistaqueosimblico,segundo Jacques Lacan, aquilo que pode ser exteriorizado para alm do campo psiquco. Tal difculdade representativa o que confgura o trauma como irrepresentvel, como vazio representativo. Nas palavras de Sigmund Freud, Descrevemos como traumticas quaisquer excitaes provindas de fora que sejam su-fcientementepoderosasparaatravessaroescudoprotetor.Parece-mequeoconceito detraumaimplicanecessariamentenumaconexodessetipocomumarupturanuma barreirasoboutrosaspectosefcazcontraosestmulos.Umacontecimentocomoum trauma externo est destinado a provocar um distrbio em grande escala no funciona-mento da energia do organismo e a colocar em movimento todas as medidas defensivas possveis (FREUD, 1920:45). Umavezdaordemdono-representvel,otraumanodizrespeitoaoesquecimento(ao recalcado), mas a repetio daquilo que, aps a distncia temporal, pode ser elaborado. Uma vez que, enquanto repetio, a carga emocional diferente daquela que instaurou o trauma. Pode-se dizer menor, porm ainda possuidora de algo inominvel. esse trauma repetido, que vemos como objeto de algumas poticas artsticas contempor-neas no que diz respeito as catstrofes as quais no referimos. No mbito das artes visuais, nosso argumento de que o trauma coletivo tem uma outra abordagem. Sua incompreenso quando repetida elaborada de outra maneira, em obra esttica. O que abordado o trauma repetido, visto que o outro, do evento original, sempre impossvel. De outro modo, pois um mesmo evento traumticoculminaemdiferentestraumas,dependendodogrupoquesubmetidoaele.Outro elemento que intensifca a difculdade de abord-lo de modo totalizante. partindo da observando produes contemporneas voltadas para esse tema que prope-se a seguinte questo: como o trauma pode ser objeto de um exerccio curatorial? No ano de 2005, foi organizada na Estao Pinacoteca, sob direo de Marcelo Arajo e Le-opold Nosek, a exposio por ttulo DOR, FORMA, BELEZA, que trazia a representao criadora daexperinciatraumticaemdiversostrabalhos;algunsdecunhopoltico,comoporexemplo VIII EHA - Encontro de Histria da Arte - 2012718as troxas de Artur Barrio, ou as instalaes de Cildo Meireles, com clara relao com a ditadura civil-militarbrasileira,realizadasconcomitantementecomos AnosdeChumbo.Outro,todavia, trazendo traumas mais individuais como os Ivan Serpa ou Leonilson. Todas essas obras trabalham essa ausncia simblica do trauma de formas diferenciadas. De modo geral a proposta curatorial reuniu,emummesmoespaodiferentespoticasartsticasrelacionadasatraumas,estesainda mais diversos. O que ressalta-se nessa exposio, como exemplo de curadoria sobre o trauma, justamente essa variao de abordagem da temtica em poticas artsticas. Uma variao que sublinha a dif-culdade de um trabalho de curadoria sobre um trauma especfco, j que, como vimos, mesmo no mbito coletivo, ele variado. Sob esse aspecto, inserirmos a questo primeira, uma outra, para apresentarmos uma possi-bilidade de curadoria sobre um trauma especfco. Essa questo parte do espao expositivo como sendo o prprio local do trauma, onde se deu o evento traumtico. Para refetir sobre um projeto curatorial nessa vertente, observemos a exposio MemoriAntonia, realizada de 18 de setembro a 19 de outubro de 2003, no Centro Universitrio Maria Antnia (USP), em parceria com o Goethe-Institut So Paulo, e apoio do Governo do Estado.O trauma referido na mostra a informao traumticadaditaduracivil-militarbrasileira,numeventoespecfcoqueenvolveacriaodo Centro Cultural. Na mostra estiveram expostos trabalhos individuais da brasileira Flvia Molina, do argentino Marcelo Brodsky e dos alemes Horst Hoheisel e Andreas Knitz, e uma grande insta-lao realizada em conjunto pelos quatro artistas. Envolvidos j com a potica do trauma em seus trabalhos, esses personagens foram convidados a voltar seu olhar contemporneo para a histria do prprio prdio que abrigaria a exposio. Desta forma a proposta curatorial de Lorenzo Mamm e Joachim Bernauer abordou a temtica da trauma com relao da ditadura civil-militar brasileira, partindo de propostas conceituais e contemporneas. O conjunto de edifcios que hoje reservado Instituio serviu, de 1949 a 1968, como es-pao da Faculdade de Filosofa, Cincias e Letras (FFLCH) da USP. Palco de discusses estudantis em defesa da liberdade durante a ditadura civil-militar brasileira, o prdio foi tomado em 1968, aps um ataque por parte de membros do Instituto Mackenzie apoiados pela Polcia Militar; con-fronto que ocasionou na morte do estudante de flosofa Jos Guimares, aumentando ainda mais as instabilidades e revoltas, silenciadas em grande parte pelo AI-5. VIII EHA - Encontro de Histria da Arte - 2012719Aps o confronto, o conjunto de prdios passou a ser utilizado por reparties do Governo doEstado,dentreelasosetordeadministraocarcerria.Comofmdosanosconturbadosda ditadura, os edifcios comearam a ser restitudos Universidade de So Paulo, sendo a primeira devoluo feita em 1991. Todavia, no teriam o mesmo uso que anteriormente. A FFLCH j tinha um novo espao afasto do centro, em seu complexo atual na cidade universitria. As devolues seguiram. Em 1993 foi a vez do Edifcio Rui Barbosa, a atual sede do Centro Universitrio Maria Antnia. Em 1998, reintegrado posse da USP o Edifcio Joaquim Nabuco, onde funcionava o setor de administrao carcerria. Sem condies de uso, o prdio teve de ser reformado por com-pleto. O mesmo aconteceu com outro edifcio em 2001. Em pssimas condies, essas duas cons-trues foram de grande importncia para a exposio. O primeiro, serviu de local para a mostra, o segundo, de matria-prima para os artistas.Adeterminaodesteltimocomomatria-primapartedaprimeiravisitadeLorenzo Mamm ao local. A reforma de todos os prdios era imperativa. Contudo, Lorenzo props, antes disso, convidar artistas para elaborao de projetos interventivos nesses (e sobre esses) espaos. Quando Horst, Andreas e Marcelo entraram pela primeira vez nos espaos que seriam objeto de sua interveno eles se encontravam em estado de profundo abandono, e ainda carrega-vam traos de sua histria. Os artistas trabalharam neles em vrias etapas e com meto-dologias variadas, organizando workshop com jovens artistas, recolhendo testemunhos, fotografandoecoletandoobjetos.AcontribuiodeFlviaMolina,umaartistaque viveu pessoalmente os acontecimentos dramticos da invaso, foi fundamental em mais de um aspecto (MAMMI, In: Knitz, 2004: p.8).Esseprocessoduroualgunsanos,desdeaentradadosartistasatamontagemefetivada exposio. Em maro de 2002 foram recolhidos objetos; partes do piso e das paredes foram reser-vados. No mesmo ano, antigos estudantes da poca do confito foram convidados a visitar o prdio ainda abandonado e contar suas histrias, que foram registradas em oito ftas de vdeo de gravao de entrevistas. Todo este material foi trabalhado pelos artistas e culminou na exposio de 2003. A primeira sala da mostra foi o espao destinado a este trabalho de parceria. Tomado pela es-curido do local, o espectador percebe a instalao coletiva por meio do seu caminhar pelo quarto escuro. Seus passos so detectados por sensores de movimento que fazem com que as luzes sejam VIII EHA - Encontro de Histria da Arte - 2012720acesas, revelando um monitor que transmite a imagem de uma mulher ou um homem contando uma histria. O som e as palavras esto ambos desarticulados da imagem projetada, causando um estranhamento e difculdade de compreenso por parte do espectador. Sensores semelhantesesto instalados ao redor de outros objetos. So restolhos do antigo prdio, dipostos em vitrines, como uma exposio etnolgica. Uma imagem fotogrfca na parede mostra o objeto verifcado, mas em seu lugar de origem, do qual este foi retirado. Ao se aproximar de um desses objetos, o espectador surpreendido por um relato, que narra testemunhos quanto histria do antigo prdio e tambm sobre o presente, sobre voltar ao local do trauma. Este, .transmitido pelos microfones instalados no teto. Essa aproximao recebida pelo acender da luz, e despede-se com o seu apagar, instro-duzindooobjetonovamentenaescurido.Namesmasala,outromonitortransmiteimagensda demolioedareformadoedifcioondeaexposiosed,estasgravadasporumacmarade vigilncia.Nocentrodesseespao,humaesculturadasjanelasdoantigoprdio. Todosesses aspectos reunidos compem uma nica instalao, que assinada pelos quatro artistas. As entre-vistas couberam Molina, as fotografas Brodsky, e a escultura e a apresentao dos objetos, Knitz e Hoheisel, respectivamente. Figure 1 e 2: Vistas da exposio. Imagens concedidas pela artista Fulvia Molina, oriundas de seu acervo pessoal.VIII EHA - Encontro de Histria da Arte - 2012721Uma sala adjunta o local da exposio de trabalhos individuais dos artistas, em alguns ca-sos relacionados ao Centro Cultural e o trauma que o confere, como no caso de Molina. Partindo de uma Lista de Presena de uma das assemblias do Grmio de estudantes da Faculdade de Filoso-fa, 1966, com nome de 300 estudantes, escritos prprio punho, doada por um dos entrevistados durante sua visita ao antigo prdio, Flvia Molina fxou imagens ampliadas das assemblias em seis cilindros verticais (de 180 cm de altura, por 60 cm de dimetro cada um). A pagina amarelada que continha a assinatura do estudante foi fundida com a fotografa do mesmo, como um plano de fundo, como podemos ver nas fguras. Em torno desse crculo de personagens, televisores foram dispostos pelo cho e emitiam as entrevistas realizadas pela artista.Figuras 3 e 4: Vistas da instalao de Fulvia Molina. Imagens concedidas pela artista de seu acervo pessoal.Emboratenha-secitadoacuradoriadeMammeBanhauernoquedizrespeitoamostra, pode-se perceber o processo curatorial que envolveu a composio da instalao coletiva. Em Me-moriAntonia nota-se esses dois instantes. No obstante, nenhum deles uma tentativa de recompor o evento traumtico como evento histrico. Apesar dos elementos (fotografa, testemunho e esses objetosrecolhidos)serem,porassimdizer,elementosmnemnicos,otraumaocentrodessas propostas, mas no como outra repetio no mbito social. Tantonainstalaocoletiva,como nacuradoriageral,otraumapercebidonosrestolhosdoedfcio(eporissomuitasvezesa VIII EHA - Encontro de Histria da Arte - 2012722mostra ser denominada como A Alma dos Edifcios) trabalhado em obra esttica, composto por diversos elementos. Os testemunhos recolhidos esto longe de tentar retomar o evento de 1968. Em parte, eles possibilitam que o trauma seja imaginado, por outro, quando colocado diante dos outros elemen-tos, dos objetos, quando tratado de forma no-linear como na abertura da instalao, h ai uma ou-tra maneira de abordar o trauma. Por meio desses objetos ele condensado. Isto , a composio dessa instalao e da exposio, na totalidade de seus elementos, condensa o trauma repetido em outra imagem, nova. Essa outra imagem, apesar de no traduzir o trauma, traz algo do inominvel, algo do vazio irrepresentvel. Trata-se de um deslocamento, tal qual o termo inserido na teoria psicanaltica da elaborao do sonho em Freud. O deslocamento, como elemento da elaborao onrica, compete numa espcie de censura. Masaocontrriodorecalcado,estenoummecanismodedefesa.Ateoriapsicanalticado deslocamento apela para a hiptese econmica de uma energia de investimento suscetvel de se desligar das representaes e de deslizar por caminhos associativos (LAPLANCHE, PONTALIS, 1992: 117). Isto , existe uma independncia relativa entre o afeto e a representao (LAPLAN-CHE, PONTALIS, 1992: 116), que deixa algo passar, mesmo sem que ele seja representado em fala ou imagem.O que passa no est presente em apenas um dos objetos que compem a exposio, mas como inferimos, na composio dos elementos, na elaborao destes em uma fgurabilidade, quer ela seja a obra esttica, quer seja o resultado da curadoria desses trabalhos. Essa elaborao no se trata de uma traduo palavra-por-palavra ou sinal-por-sinal; e nem se trata de uma soluo feita segundo normas fxas como seria no caso de se reproduzir apenas as consoantes de uma palavra e eliminar as vogais; e tambm no aquilo que se poderia descrever como soluo representativa um elemento sendo invariavelmente escolhido para tomar o lugar de vrios elementos; trata-se de algo diferente e muito mais comple-xo (FREUD, 1916: 207).Ainda que MemoriAntonia aborde o trauma, no se trata de dar forma a este. A curadoria que tem por objeto o trauma, no caso que colocamos aqui, sempre imbudo de algo que escapa nopercursodotraumainstauradoexposio. Abord-lonasuatotalidadeimpossvel.Por VIII EHA - Encontro de Histria da Arte - 2012723outrolado,essadifculdadequefazcomqueessetraumacontemporneonosejadefarador. Uma vez que parte da repetio h algo nele de suportvel, e isto que encontramos elaborado nesse espao expositivo. Assim, afrmamos possvel inferir uma nova abordagem de traumas coletivos no apenas em algumas poticas artsticas contemporneas. Tendo em vista que assisti-se a diferentes possibi-lidades no cenrio artstico contemporneo, impossvel pensar novas formas de abordar o trauma de forma plstica, sem considerar tambm um exerccio curatorial sobre esse trauma, para alm de suas repeties na esfera social. Ou, como consideramos aqui, pensar alguns trabalhos como este exerccio, sem todavia, tentar a compor uma narrativa histrica.REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ADORNO, Theodor W. Teoria Esttica. 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