Brasil Uma Historia Dinamica_Ilmar Rohloff de Mattos Et Alli_197[4]_0

download Brasil Uma Historia Dinamica_Ilmar Rohloff de Mattos Et Alli_197[4]_0

If you can't read please download the document

description

out of print

Transcript of Brasil Uma Historia Dinamica_Ilmar Rohloff de Mattos Et Alli_197[4]_0

  • , A

    UMA HISTORIA DINAMlCA

  • ILMAR ROHLOff DE MATTOS ELLA IiRINSZTEIN DOTTORI

    JOS LUIZ WERNECK DA SILVA

    , A

    UMA HISTORIA DINAMlCA

    IgVOLUME DO DESCOBRIMENTO INDEPENDNCIA

    COMPANHIA EDITORA NACIONAL - SO PAULO

  • ELLA GRINSZTEIN DOTTORI Colgio de Aplicao, Facul-dade de Educao, U.F.R.J. _ Colgio Estadual Andr Maurois (GB)

    ILMAR ROBLOFF DE MATTOS Departamento de Histria do Centro de Cincias Sociais, P.U.C., R.J. Instituto de Cincias Huma-nas e Filosofia - U.F.F. Colgio Estadual Andr Mau-rois (GB)

    JOSl!: LUIZ WERNECK DA SILVA Escola de Comunicao, U.F. R.J. Diviso de Patrimnio His-trico e Artstico (GB) Departamento de Histria do Centro de Cincias Sociais, P.U.C., R.J.

    edies da COMPANHIA EDITORA NACIONAL Rua dos Gusmes, 639 . So Paulo 2 - SP.

    Capa: Paulo Henrique Hiss com ilustraes de Ivan Wasth Rodrigues

    Ilustraes: de Ivan Wasth Rodri-gues

    Iconografia: de F. Jacques M. de Alvarenga

    Fotografias: de Alexandre Wulfes Cartografia: de Ary de Almeida

    C~LABORAAO:

    Dr. Herculano Gomes Mathias - Museu Histrico Nacional (Iconografia)

    Prof. Ondemar Ferreira Dias Jr. (Arqueologia)

    Prof. Rubim Santos Leo de Aquino (Histria da Amrica)

    Prof.a Teresinha Tovar (Portugus)

  • "As coisas admirveis que vocs aprendem a conhecer em suas escolas, o trabalho de vrias geraes, realizado em todos os pases da Terra, custou grandes sacrifcios e esforos apaixonados. Tudo isso psto em suas mos, para que vocs recolham, venerem, (respeitem), desenvolvam e um dia transmitam fielmente a seus filhos. Desta for-ma; ns, mortais, nos imortalizamos naquilo que criamos em comum, na realizao de obras imperecveis (que no morrem). Se vocs pen-sarem nisto, adquiriro uma opinio justa sbrc outros povos e outros tempos."

    ALBERT EINSTEIN (Ulm, 1879 - Princeton, 1955) .

  • INDICE

    AQUI COMEA A HISTRIA . ..

    I. Voc Histria ....... . ......... . . . . . .. 1 2. Que se faz com a Histria . . . . . . . . . . . . . . . . 2 3. A escrita: arquivo do Homem . ..... ... .. . 4 4 . As irms e as primas da Histria . . . . . . . . . . 6 5 . A Histria da Histria do Homem . . . ... . . 10 6. Assim caminha a Humanidade ... . .... . ... 20 7 . O mapa da mina .. . ....... ... . . . ... .. . 22 8. O Brasil entra na Histria .......... .. .. 24

    POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS . .. Expanso Martima Ibrica.

    1 . A Cruzada e a Cruzadinha Formao dos Reinos Cristos .. . .. .. . .. . . 36

    2. Do Rei Lavrador ao Rei Mercador O Reino de Portugal at a Expanso Martima 37

    3. Uma Barreira a Leste e outra a Oeste Objetivos da Expanso Martima Europia . . 38

    4. As Caravelas de Cristo Objetivos da Expanso Martima Portugusa 40

    5 . Na Rota das Especiarias Um Nvo Caminho Martimo para as fndias . . 41

    6 . "El Levante por El Poniente" A Viag~m de Cristvo Colombo . ....... . . 43

    7 . Um Mundo para Dois O Tratado de Tordesilhas .. . ...... . . .... . 43

    8 . Um Rei Venturoso Razes da Viagem de Cabral . . . . . . . . . . . . . . 44

    9 . Tempos Modernos Conseqncias das Grandes Navegaes . .. . 45

    10 . O Reino da Pimenta Portugal aps a Expanso Martima .. . . .. .. 46

  • PAPAGAIOS, TUBARES E CAPITES Pr-Colonizao (1530/ 1533)

    I. Procura-se uma Passagem . .... . . .. ..... .. 54 As navegaes espanholas

    2 . Armas de Fogo, Alguns Cavalos e um Imprio A Conquista Espanhola na Amrica . . . . . . . . 55

    3. Corante Brasileiro para Tecidos Franceses O Reconhecimento do Litoral ... .... .. . .. 56

    4 . A Feitoria e os "Brasileiros" A Explorao do Pau-Brasil ... . . . ... . . . .. . 5

    5 . Onde Est o Testamento de Ado? Os Franceses no Litoral Brasileiro . . ... . .. 59

    6. As Muitas Tarefas de um Capito A Expedio de 1530/ 1533 . ....... . ... . . 60

    NO LITORAL, COMO CARANGUEJOS A Colonizao: a Ocupao Litornea

    (1534/ 1661 )

    1. Dividir para Povoar As Capitanias Hereditrias . . . . . . . . . . . . . . . . 69

    2. Para Dar Favor e Ajuda O Govrno Geral .. . ..... . .... . ........ 72

    3 . Os Homens Bons As Cmaras Municipais .... .... .. . ... . . . . 76

    4 . O Brasil dos Filipes A Unio Ibrica (1580/ 1640) ... . . . ... ... 77

    5 . O Guerreiro Branco Avana A Expanso pelo Litoral Durante a Unio Ibrica . .. . . . .. .... .. . . .. . .. .... ...... 81

    6. Os Ps e as Mos dos Senhores de Engenho A agro-indstria do acar ...... .. .. . ... 84

    7 . Flamengo no Nordeste As Invases Holandesas no Brasil, no Sculo XVII . . . . . . .... .. ........... ... . . .... 88

    8 . Todos os Caminhos Conduzem Espanha Colonizao Espanhola na Amrica - sculos XVI e XVII ... ... . . . .. . .. . .... . . ..... 94

    9. Flor de Maio Colonizao Inglsa na Amrica do Norte, no sculo XVII . .. . ..... .... . .. .. ..... . ... 99

  • DROGAS, COURO, INDIOS E OURO A Colonizao: a Ocupao do Interior (1661 / 1789)

    1. O Mundo das Drogas A Explorao do Vale Amaznico ... . .. . . 109

    2 . Boi Espao A Expanso Pastoril no Serto do Nordeste .. 112

    3. Pouco Ouro e Muito Couro A Conquista do Sul .. ... .. ... . . . . .. .... 115

    4 . No Serto, para Curar a Pobreza A Expanso Bandeirante . ... . ... .... . .. . 119

    5. A Galinha dos Ovos de Ouro A Atividade Mineradora no sculo XVIII . . 126

    6. Os Serenssimos Reis de Portugal e Espanha Fazem um Trato Tratado de Madri de 1750 .. . .. .. .. . .. . . 136

    7. "No Compre Nada na Inglaterra" A Independncia das Treze Colnias Inglsas na Amrica do Norte .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139

    INDEPEND~NCIA OU MORTE! Processo da Independncia (I) (1789/ 1822)

    1. O Grito de Dolores Os Precursores da Independncia da Amrica Espanhola (1780/ 1810) ..... . .... . ..... 152

    2. O Diabo Anda Slto ... As Conjuraes no Brasil, no Final do S-culo XVIII . ... . ..... ... .. .. ...... . .... 155

    3 . Um Corao de Tigre e uma Cabea de Mula Autonomia da Amrica Espanhola .. . . . .. . (1810/1816) . . ... . .. . ... . . . .. . .... . ... ]61

    4. Era no Tempo do Rei .. . A Crte Portugusa no Brasil . ... . ... . ... ] 64

    5 . Um s Corpo Poltico A Elvao do Brasil a Reino Unido a Portu-gal e Algarves (1815) . .... . . . . .... .. ... . ] 72

    6 . Vendo a Luz Movimentos Republicanos na Amrica Espa-nhola e Portugusa (1816/ 1824) ....... .. . 174

    7 . Laos Fora! A Revoluo do Prto e a Independncia do Brasil .. . . .. ... .... . ... ... .. ..... . .. . . 178

  • I

    AQUI COMEA A HISTRIA

    1 - VOC HISTORIA

    Quando se entra pela primeira vez na escola, a direo do estabeleci-mento exige dos pais a apresentao da certido de nascimento do futuro aluno. ste o documento que prova, oficialmente, que le existe e pode ser matriculado.

    Que nos diz uma' certido de nascimento? Registra um fato : a chegada de mais um homem Fornece-nos uma medida de tempo: a data J ndica-nos um local de nascimento. D, portanto, uma noo de Apresenta, ainda, testemunhas e a assinatura do tabelio. f:le a auto-

    ridade que nos garante ser verdadeiro o documento. Mas, para conhecer ste homem, bastaria tomarmos como fonte de

    consulta apenas ste documento? Certamente que no. le retrata apenas um aspecto de sua vida. Como

    conhec-lo melhor? Poderamos pedir-lhe: - Conte-nos sua histria. Ou dizer: - Faa

    sua biografia. Qualquer pessoa a quem se faa ste pedido s poderia relatar parte

    de sua vida: aquela que sua memria foi capaz de reter. Com o passar dos anos, o acmulo de fatos to grande, que preciso diminuir a tarefa da memria: passamos a registrar os fatos, por escrito. Assim, inmeras pes-soas cost"lJoam fazer dirios, isto , registram os principais acontecimentos que lhes ocorrem a cada dia.

    Os jornais so os dirios da humanidade Assim, os fatos que acon-tecem hoje faro parte da Histria.

    O registro dos fatos exige do homem um conhecimento bsico: a es-crita. Mas, como conhecer a histria antes da escrita? A quem recorrer?

    1

  • 2

    Seus pais, avs, irmos mais velhos, amigos fornecero importantes informaes sbre seu passado. Desenhos, fotografias ou filmes, brinquedos preferidos, a casa em que voc morou. Enfim, conhecendo seu mundo, po-demos conhec-lo melhor.

    Para conhecermos o passado da humanidade, enquanto a escrita no fra inventada, devemos recorrer a todos os vestgios da presena do ho-mem: utenslios, armas, desenhos, jias ...

    Tudo que o homem faz interessa Histria.

    Como o pesquisador utiliza os elementos que aparecem nesta ilustrao, para o conhecimento do passado da humanidade?

    2 - QUE SE FAZ COM A HISTORIA?

    A Histria se interessa por qualquer atividade humana. Eis alguns exemplC's da ati\'idade humana:

    - Os acontecimentos polticos, como a eleio de um presidente, os acontecimentos militares, como uma batalha decisiva, os fatos econmicos, como o aumento da nossa produo de automveis.

  • - As maneiras de viver, como os costumes dos habitantes de uma cidade bem antiga, ou os modos de pensar, como as diversas religies exis-tentes.

    - O progresso das cincias, como a Biologia, o avano das tcnicas, permitindo ao homem chegar Lua.

    - As artes, quer seja a evoluo da arquitetura, ou a obra de um pintor famoso, a literatura, a msica erudita ou popular.

    Tudo isto, e muito mais, interessa Histria, porque a atividade de homens vivendo em sociedade.

    Todos os homens tm valor para a Histria.

    GrUpos humanos habitando numa mesma poca um mesmo territrio. podem apre-sentar diferenas culturais.

    A cultura tudo aquilo que a humanidade criou e transformou.

    Ela o resultado do trabalho de homens famosos e desconhecidos, isto , de homens que enriqueceram a civilizao e marcaram sua presena na hora das decises, ou de homens que, mesmo sem deixar o seu nome cer-cado de fama, contriburam para que a cultura perdurasse e se ampliasse. Ilustres ou humildes, os homens que vivem e fazem a Histria so como os homens que hoje nos cercam, com suas grandezas e seus erros, suas alegrias e inquietaes, suas cleras e esperanas ...

    Mas que h de til para voc na Histria? Cada um de ns gosta de saber suas origens, isto , de onde vem e

    como chegou ao que hoje e. Pois bem, a humanidade, que a soma de indivduos como ns, tambm gosta de saber suas origens, o seu passado, porque assim compreender o seu presente e poder preparar um futuro melhor.

    E quem permite humanidade saber suas origens, compreender o seu presente e preparar um futuro, melhor a Histria,

    por isto que voc vai estud-la.

    3

  • 4

    A Histria, estudada com dedicao, ir ajud-lo a responder a per-guntas que, cada vez mais, voc ~ar a si mesmo:

    Como o mundo em que vivemos chegou a ser desta maneira? Oual o meu lugar neste mundo? Como poder ser o mundo de amanh? Que poderei fazer para melhorar o mundo?

    3 - A ESCRITA: ARQUIVO DO HOMEM

    o homem sempre deixa registrada sua presena por onde passa . Um alpinista, ao chegar ao cume desejado, finca uma bandeira.

    Ao visitar um museu ou uma exposio, h sempre um caderno de registros.

    As rvores, os bancos de jardins, as paredes de grutas so, tambm, registro da presena de homens .

    Todos os registros da presena do homem so chamados fontes histricas.

    Este marco de posse, colo-cado junto ao Morro Cara de Co, registra a presena dos portuguses na baa de . Guanabara, em 1565.

  • Em nossos dias, to grande a preocupao em transmitir s prxi-mas geraes aquilo que somos hoje que, em 1965, os engenheiros da Westinghouse Electric enterraram no subsolo de Nova York duas cpsulas de tempo.

    Feitas de um metal de grande resistncia, capaz at de suportar uma exploso atmica, podero resistir at 6965, sem sofrer alterao. As duas cpsulas contm inmeras informaes: fotografias de cidades, automveis, navios, avies, foguetes; notcias do dia, amostras de tecidos e fibras, de plsticos e metais; objetos de uso dirio, moedas, ferra~entas, artigos de toalete. Alm disto, foram colocados microfilmes sbre Biologia, Fsica, Ma-temtica, Astronutica. Um livro-cdigo permitir aos homens do futuro de-cifrarem todo o material escrito ou desenhado que as cpsulas contm .

    . Os documentos e~crit()$slto . amlhor fonte de ' informaes sbre a Histria.

    Por esta razo, os historiadores costumam chamar Pr-histri a fase sem escrita. Seu aparecimento marca, tradicionalmente; o incio da Histria.

    Mas a Histria existe desde o momento em que o homem existe, ~le seu autor e personagem. Sem o homem no h Histria .

    RECORDANDO . ..

    1. Histria = fato + data + local. 2. A escrita a principal fonte de informao para a Histria. 3 . Quando no h escrita, armas, objetos de cermica, ferramentas, rou-

    pas, desenhos servem como fonte de informao. 4. Cultura tudo aquilo que o homem faz. 5 . Tudo que o hom.em faz interessa Histria. 6. A Histria existe desde que o homem existe.

    QUE PODEMOS FAZER

    1. Faa sua biografia. 2 . Consulte um jornal e dle retire o maior nmero possvel de notcias 5

    que voc acha que entraro para a Histria. Cole-as em seu caderno. Justifique esta escolha.

    3 . Selecione, do mesmo jornal, trs notcias que no entraro para a Histria. Cole-as em seu caderno. Justifique a escolha.

    4. Releia, se necessrio, Voc HISTRIA. Usando recortes de revistas, jornais, ou mesmo desenhando, mostre o maior nmero de exemplos de fontes histricas.

  • 6

    5. Leia com ateno QUE SE FAZ COM A HISTRIA. Selecione ilustraes de revistas e jornais, ou faa desenhos relativos a cada uma das idias apresentadas. Usando o mesmo ttulo do livro, faa um cartaz que traduza as idias contidas no referido item. :f:ste trabalho poder ser feito em grupo ou individualmente, em sala ou em casa. Seu professor que sugerir a melhor forma de execut-lo.

    6 . Pense bem nas perguntas propostas ao final do item QUE SE FAZ COM A HISTRIA? Responda-as em seu caderno.

    4 - AS IRMS E AS PRIMAS DA HISTORIA

    Era:

    I :&1St 'I'atidri4.

    r(iI . .Matf--~ .. ~

    .~ Era. Primria.

    ~ Inseto5

    ~ p~

    ~ Mo~

    Nem todos os momentos da Histria do homem possuem documentos definitivos, reconhecidos por tabelies.

    A Terra, p

    rios cientistas: os gegrafos, que estudam as formas existentes sbre a Terra (montanhas, rios, lagos, vales, plancies); os gelogos, que se preocupam em conhecer as diferentes cama-das que compem a Terra, suas idades, os minerais, as rique-zas que existem em cada uma delas; os astrnomos, que for-mulam leis sbre os astros. O conjunto das pesquisas dstes cientistas nos permite, hoje, responder assim:

    A Terra formou-se de uma nuvem de gs e poeira cs-mica, que girava no espao. Inicialmente, era uma verdadeira bola de fogo que, aos poucos, foi sendo envolvida por uma camada de vapor dgua. Ao atingir seu ponto de saturao, o vapor dgua condensou-se, caindo sob forma ~e chuva.

    Voc j reparou o que acontece quando a ,chuva cai no asfalto quente?

    Evapora-se. .. O mesmo teria acontecido sbre a Terra. Gradativamente, a superfcie terrestre foi-se esfriando, en

    rugando-se, formaram-se regies mais elevadas e depresses. As depresses foram sendo preenchidas pela gua das chuvas - nasciam os oceanos.

    Cada era geolgica tem uma certa durao. A soma destas duraes daria a idade da Terra. Pea ao seu professor de Geografia ou de Cincias que o ajude a descobrir a idade da Terra.

  • o trilobita foi a primeira espcie que deixou seus tra-os impressos numa rocha.

    Dentro dos oceanos, surgiram as primeiras formas de vida. Elas no possuam estrutura ssea que pudesse deixar seus traos impressos em al-guma rocha.

    A primeira espcie que nos deixou seus traos numa rocha foi o trilobita.

    Como evoluram estas formas? Os bilogos , que estudam os sres vivos, nos auxiliam nesta resposta.

    Modificaes do meio ambiente e principalmente as mutaes , modificaes profundas, ocorridas nas clulas que transmitem os caracteres hereditrios (genes ), foram a causa da contnua transformao dos sres vivos.

    Consulte seus professres de Geografia e Cincias. :f:les podero dar-lhe muitas outras informaes sbre ste assunto.

    Em 1911, Bingham e Arteaga descobriram as ruinas da cidade fortificada de Ma-chu-Pichu, nos Andes peruanos.

    7

  • 8

    Inmeras vzes, os jornais notIcIam descobertas de runas de antigas cidades. Os especialistas que orientam as escavaes e estudam vestgios de culturas so os arquelogos.

    tstes achados nos fazem indagar: - Quem eram os homens que deixaram stes vestgios? - Como se apresentavam fisicamente? Que fizeram? Estas respostas so dadas pelos antroplogos. Antropologia o estudo

    do homem (Antropologia Fsica) e de suas realizaes (Antropologia Cul-tural).

    Para estudar os restos de animais ou vegetais fossilizados, o paleontlogo o especialista a ser consultado.

    Nos jogos de futebol e nas competies atlticas, a contagem do tempo importante; Os juzes, com seus cronmet.ros, marcam o tempo.

    Para a Histria, muito importante o clculo da idade de um objeto, de um fssil, de uma runa. Existem vrios processos para calcular a idade dos fsseis. Para os fsseis orgnicos, o Carbono 14 , atualmente, o ele-mento de maior preciso at aproximadamente 20.000 anos. O estudo da contagem do tempo feito pela Cronologia

    Pea ao professor de Cincias algumas informaes sbre o Carbono 14. Existem inmeros outros campos de estudos que auxiliam o conhe-

    cimento da Histria. Se forem encontradas moedas antigas, o numismata ter muito o que

    dizer. Inscries antigas fazem parte do estudo de Epigrafia As escritas antigas fazem parte da Paleografia Para o levantamento das primeiras informaes, estas fontes so im-

    portantes.

    Mas estas fontes sozinhas no contam Histria. O historiador usa estas fontes para interpretar a Histria.

    Assim que trabalham as irms e as primas da Histria.

    RECORDANDO . ..

    1.

    2.

    3 .

    4.

    So irms da Histria a Geografia, a Antropologia. a Biologia, a Astro-nomia e a Geologia: cincias. A Arqueologia, a Numismtica, a Epigrafia, a Cronologia, a Paleo-grafia tambm auxiliam a Histria. So as suas primas: tcnicas. EVOLUO da Terra: BOLA DE FOGO -+ VAPOR DGUA -+ CHUVA -+ CONTINENTES -+ OCEA-NOS -+ PRfMEIRAS FORMAS DE VIDA. Na evoluo das espcies vivas, as mutaes tm grande importncia.

  • 5. A idade da Terra calculada em aproximadamente quatro e meio bi-lhes de anos.

    6. Os fsseis so elementos importantes para contar a Histria da Terra e do homem.

    QUE PODEMOS FAZER . . . '

    1. A Economia, a Sociologia, a Poltica, a Filosofia e' a Psicologia so algumas das irms da Histria. Consulte um dicionrio ou enciclopdia, para saber o que fazem estas irms da Histria. Escreva o resultado de sua pesquisa no seu caderno.

    2 . Faa um cartaz com o ttulo: 'Todos auxiliam a Histria". Cole as ilustraes que encontrar em revistas, jornais, roteiros de via-gem, desenhos e, abaixo. faa uma pequena explicao - uma legenda - do que mais importante em cada um dos ramos do conhecimento. f:ste trabalho pode ser feito em grupo ou individualmente. Seu profes-sor combinar com voc.

    3 . Faa um "cineminha" do que foi apresentado aqui. a) Use uma caixa de papelo. Com uma tesoura, abra uma janela

    Por dentro ela caixa, proteja a janela com plstico transparente, bem esticado. Isto ser a tela.

    b) Corte uma tira longa de papel (certamente ter que fazer emen-das). Sbre esta tira, desenhe e faa pequenas legendas sbre o assunto. Exemplo: "Assim nasceu a Terra"; "f:stes so nossos an-tepassados" ; "Nossa expedio descobre uma runa" ; e outras.

    c) Feito o filme, coloque-o no "projetor". Dois lpis atravessam a caixa. Enrole as extremidades da tira nos lpis e pronto! Agora s cobrar a entrada . , ,

    4 . Escolha um dos ramos do conhecimento apresentados neste item c imagine-se escrevendo seu dirio, contando o que foi seu trabalho. Por exemplo: Sou um arquelogo. ,. Sou um gelogo ...

    5 . Se houver tempo disponvel, certamente seu professor gostar de fazer _9_ em sala uma dramatizao. Alguns alunos sero os cientistas, outros fontes histricas. Exemplo: antroplogo, gelogo, bilogo . . . e fsseis, pequenos animais, um homem. Todos devero escrever numa flha o papel que representam. Os cien-tistas circularo n sala at parar diante da fonte que mais esto ca-pacitados a examinar. Cientista e fonte trocaro idias de como um poder ser til o outro, para o estudo da Histria.

  • 5 - A HISTORIA DA HISTORIA DO HOMEM

    Observe estas ilustraes. f: o passado no presente. Como voc explica estas diferenas?

    1. Homens - Iguais em Inteligncia, Diferentes na Cultura

    Estamos no sculo xx. Encontramos, no entanto, grupos humanos que muitas vzes desconhecem o fogo, como algumas tribos do interior da Aus-trlia.

    Nossos indgenas tambm estavam passando por uma etapa de cultura muito mais simples, quando Cabral aqui chegou. Ento podemos afirmar que

    a cultura no igual em todo o mundo.

    Mesmo no mundo civilizado , isto , aqule j acumulou muitas expe-cincias, tcnicas, conhecimentos, enfim o que tem uma cultura mais com-pleta - tambm existem diferenas.

    Assim, o mundo se divide hoje em pases de desenvolvimento acele-rado, como os Estados Unidos, a Unio Sovitica, Japo, e pases de de-senvolvimento mais lento, como os pases latino-americanos em geral, os pases da frica Negra e muitos outros.

    O homem no o mais forte dos animais sbre a Terra. Sua inteli-gncia permitiu-lhe superar os problemas que foram surgindo. As solues que encontrava eram transmitidas a seus descendentes, atravs da lingua-gem falada ou escrita.

    10 Os outros animais no desenvolveram, com tanta perfeio, a capa-cidade de transmitir suas experincias .

    O grupo humano apresenta diferenas raciais: existem negros, brancos, amarelos. Todos tm igual possibilidade de inteligncia.

    No h grupo racial com inteligncia superior a de outro.

    O que s vzes deixa de existir a oportunidade, que, por razes so-ciais, religiosas, polticas e econmicas, permite que um grupo sobressaia.

  • Declarao dos Direitos do Homem, Organiza/io das Naes Unidas, 1948.

    AlI human beings are born free and equal

    Tous les tres humains naissent libres et gaux

    Todos los seres humanos nacen libres e iguales

    Bce mOll~ pO)l(,llatOTCSI CB060.llHblMVt Vt paBHblM~

    2. Adaptao - Sobrevivncia

    Nossa Histria comea em 1859, quando Darwin, cientista ingls, lan-ou a idia de que

    "Na Natureza, sobrevive aqule que est melhor adaptado".

    Adaptado a qu? Ao meio ambiente. As mudanas de clima e, conseqentemente,~ de

    vegetao, foram duas causas para que muitas espcies desaparecessem. Esta idia permite a voc compreender por que animais poderosos,

    imensos, como os dinossauros, os mamutes e muitos outros, desapareceram da face da Terra .

    Por outro lado, os animais que possuam melhores condies de adap- 1L-tao ao nvo meio ambiente, sobreviveram.

    3. O Homem - Um Animal Nvo Sbre a Terra

    Em 1924, na frica, foi encontrado o fssil do mais antigo antepassa-do do homem: o Australopiteco . tle viveu h aproximadamente 2 milhes de anos.

  • No alcananqo resultado favorvel, os reis portuguses resol-veram enviar ao Brasil expedies com a finalidade de combater aqules elementos que traficavam ilegalmente, isto , que prati-

    cavam o contrabando. Tais expedies denominavam-se ' guarda-costas.

    Elas aqui estiveram sob o comando de Cristvo Jacques, em 1516/19 e 1526/28, lutando contra os franceses, queimando seus navios e casti-gando os ndios que os auxiliassem.

    6 - AS MUITAS TAREFAS DE UM CAPITO

    A EXPEDIO DE 1530/1533

    Ao se aproximar o ano de 1530, comeou a decrescer a explorao do pau-brasil, porque as matas derrubadas no tinham sido replantadas. Isto fz que diminusse o nmero de navios portuguses no litoral brasileiro e que as feitorias fssem perdendo importncia. Aproveitando-se desta situa-o, os franceses aumentaram suas incurses, pretendendo estabelecer co-lnias, o que ameaaria a posse da terra por Portugal.

    Consulte seu professor de Geografia a resp'eito das consegncias re-lacionadas ao desmatamento no Brasil.

    Ao ter notcia de que os espanhis tinham encontrado grandes quan-tidades demetis preciosos em suas terras americanas, D. Joo III concluiu que era interessante no perder o Brasil para os franceses. Sobretudo por-que, nessa mesma poca, o comrcio oriental j no estava dando grandes lucros. Ein 1530, le decidiu enviar ao Brasil uma nova expedio, cujo comando foi dado a Martim Afonso de Sousa.

    Trs eram as tarefas destinadas ao Capito da Armada: 19 ) explorar o litoral, porque o monarca j pensava em dividi-lo em

    capitanias hereditrias; 29 ) combater os comerciantes estrangeiros que fssem encontrados ex-

    plorando o pau-bras ii ; 39 ) dar incio colonizao do territrio, criando ncleos estveis

    de povoamento que permitissem a sua defesa contra novos ataques es-60 trangeiros.

    A expedio de Martim Afonso de Sousa (1530-1532) cumpriu satisfatoriamente suas tarefas. Percorreu o litoral, desde o Mara-nho at o Rio da Prata, atacou os contrabandistas franceses em Pernambuco e entrou em contato com degredados e nufragos, como Diogo Alvares, o Caramuru, para decidir sbre o melhor

    local onde iniciar a colonizao.

  • Ao rei de Portugal interessava encontrar metais preciosos. Por esta razo, Martim Afonso de Sousa enviara ao serto (interior) duas entradas (expedies), partindo da baa de Guanabara e de Canania.

    Em 22 de janeiro de 1532, o Capito da Armada se deteve numa ilha no litoral do atual Estado de So Paulo, onde fundou a primeira vila bra-sileira: So Vicente. Com .a mesma inteno de procurar metais preciosos, Martim Afonso de Sousa determinou a fundao de uma outra vila, no planalto, contando com O auxflio de Joo Ramalho: Vila de Piratininga.

    ~stes acontecimentos foram assim relatados por Pro Lopes de Sousa: "A todos ns pareceu to bem esta terra, que o Capito determinou

    de a povoar, e deu a todos os homens terras para fazerem fazendas. E fz uma vila na ilha de So Vicente e outra nove lguas a dentro pelo serto, borda de um rio que se chama Piratininga, e repartiu a gente nestas duas vilas e fz nelas oficiais."

    A colonizao se inicia co~ a distribuio de cabeas de gado aos colonos alm da doao de terras, sementes e ferramentas, para que pu-dessem comear a plantar cana-de-acar.

    RECORDANDO .. .

    1 . A Terra de Santa Cruz, descoberta por Pedro lvares Cabral, inte-ressava coroa portugusa, como escala nas viagens para as ndias.

    2 . O domnio da rota do Atlntico para as ndias, pelos portuguses, permitiu estabelecer o monoplio sbre o comrcio das especiarias.

    3 . O Oceano Pacfico, descoberto por Balboa, demonstrou a existncia de um continente - li Amrica - verdadeira barreira no caminho para as ndias.

    4 . A expedio de Ferno de Magalhes e Sebastio EI Cano (1519-1522) descobriu a passagem ligando o Atlntico ao Pacfico, ao sul da Amrica do Sul, e realizou a primeira viagem de circunavegao.

    5 . Em 1529, Portugal comprou da Espanha os direitos sbre as Ilhas das Especiarias (Molucas).

    6 . Valendo-se da superioridade de suas armas e do uso dos cavalos, des-conhecidos pelos indgenas, os espanhis se lanaram conquista da Amrica, em busca de metais preciosos. 61

    7. A ilha de Hispaniola foi o ponto de partida para a conquista do con-tinente. Iniciada em 1509, a conquista espanhola na Amrica com-pletou-se por volta de 1550.

    8 . A conquista das minas de metais preciosos do Mxico e Peru trouxe como conseqncias para a Europa o progresso comercial, o enri-quecimento dos reis e comerciantes, a desvalorizao da moeda e o empobrecimento de grande parte da populao.

  • 9. Na Amrica, a conquista espanhola trouxe como resultado a destru-o, a morte ou a escravizao da populao indgena. Nas misses religiosas, o indgena pde viver junto ao europeu.

    10. O envio de expedies exploradoras e guarda-costas e a extrao do pau-brasil caracterizaram o perodo pr-colonizador da Histria do Brasil (1500-1533).

    11 . O pau-brasil era extrado pelos ndios e guardado em feitorias. Em troca de seu trbalho, recebiam facas, pentes, machados e outros objetos. ~sse tipo de troca chamado escambo.

    12. O vantajoso comrcio do pau-brasil atraiu ao nosso litoral estrangei-ros, principalmente franceses. Para combat-los, Portugal mandou ao Brasil as expedies guarda-costas.

    13. A expedio de Martim Afonso de Sousa (1530-1533) foi a mais importante dste perodo. Explorar, defender e colonizar o litoral era sua tarefa.

    14. Martim Afonso de Sousa encontrou no Brasil alguns degredados e nufragos que aqui viviam e que muito o auxiliaram. Entre les, esta-vam Diogo lvares, o Caramuru, e Joo Ramalho.

    15. A fundao das vilas de So Vicente e Piratininga (1532) e o incio da agricultura assinalam o como da colonizao.

    POR ~SSE MUNDO AFORA . ..

    Nos trinta e trs anos iniciais do sculo XVI, enquanto na Amrica Portugus a se dava a pr-colonizao, na ' Amrica Espanhola j fra con-quistado o Mxico, mas ainda no se completara a conquista do Peru.

    Na mesma poca, a Europa Ocidental vivia o Humanismo e o Renas-cimento. A Igreja crist ocidental, ameaada por lutas internas, acabou por se dividir em Catlica Apostlica Romana e Protestante.

    Ao mesmo tempo, reis e mercadores-banqueiros lanavam seus olhares cobiosos para as riquezas das Amricas, da sia e da frica.

    QUE PODEMOS FAZER . ..

    62 1 . Voc poder construir um jgo, juntamente com seu grupo de trabalho.

    a) Faa um mapa da Amrica e da Europa, sbre uma cartolina resistente.

    b) Rena informaes sbre as conquistas de Cortez, Pizarro e as viagens de Gaspar de Lemos e Martim Afonso.

    c) De posse dstes dados, o grupo formular as regras do jgo, que poder ser chamado " A conquista da Amrica", ou outro ttulo que o grupo imaginar.

  • d) Formule as regras, considerando como obstculos a serem trans-postos os fatos ocorridos em cada rofeiro. Ex.: Joo Ramalho au-xilia Martim Afonso na fundao de So Vicente (avance 2 ca-sas); naufrgio ao sul (perde 3 jogadas).

    2. Jean de Lry (1534-1611) estve no Brasil na poca em que os fran-cese fundaram a Frana Antrtica (na Baa de Guanabara). Em seu livro Viagem Terra do Brasil, descreve esta cena:

    " . .. Os nossos tupinamb muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se datem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan (pau-brasil). Uma vez um velho perguntou-me:

    - Por que vindes vs outros, mairs e pers (franceses e portu-guses) buscar lenha de to longe para vos aquecer? No tendes ma-deira em vossa terra?

    Respondi que tnhamos muita, mas no daquela qualidade, e que no a queimvamos, como le o supunha, mas dela extraamos tinta para tingir, tal qual o fazia:m les com os seus cordes de algodo e suas plumas.

    Retrucou o velho imediatamente: - E por ventura precisais de muito? - Sim, respondi-lhe, pois no nosso pas existem negociantes que

    possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um s dles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados.

    - Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescen-tando depois de bem compreender o que eu lhe dissera:

    - Mas sse homem to rico de que me falas no morre? - Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens so grandes discursadores e costumam Ir em

    qualquer assunto at o fim, por isso perguntou-me de nvo: - E quando morrem, para quem fica o que deixam? - Para seus filhos, se os tm, respondi; na falta dstes para os

    irmos ou parentes mais prximos. - Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, no era

    nenhum tolo, agora vejo que vs outros mairs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incmodos, como dizeis quan-do aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos, ou para aqules que vos sobrevivem. No ser a terra que vos nutriu suficiente para aliment-los tambm? Temos pais, mes e fi-lhos a quem amamos; mas estamos certos de que, depois da nossa morte, a terra que nos nutriu tambm os nutrir, por isso descansa-mos sem maiores cuidados".

    63

  • Leia o trecho com ateno e responda s .perguntas que se seguem: a) Onde moravam os tupinamb? Indique o nome de outros grupos

    indgenas e as regies onde habitavam. b) Como os europeus utilizavam o pau-brasil? E os indgenas? c) Voc sabe o que atualmente substitui a utilizao do pau-brasil? d) Compare o vesturio do europeu nesta poca ao do indgena (as

    ilustraes do livro o auxiliaro nesta resposta). e) Como se chama o tipo de troca estabelecido entre europeus e in-

    dgenas? Qual a frase do trecho que indica os elementos dados pelo portu-gus em troca do trabalho indgena?

    f) Por que os ndios no se interessavam em acumular riqueza? g) A I economia dos europeus era cumulativa. Que quer dizer isto?

    Escolha no texto a frase que exemplifique esta idia.

    DE GENTE PARA GENTE . ..

    AS TERRAS ENCANTADAS

    . .. Perto da Firida ficava um grande territrio chamado Mxico, habitado pelos ndios astecas. ~sses ndios possuam uma civilizao j bastante adiantada; moravam em casas, possuam palcios, templos, estra-das de rodagem e aquedutos muito parecidos com os aquedutos romanos. Eram governados por um rei de nome Montezuma e adoravam dolos, aos quais sacrificavam vidas humanas. Essa civilizao desapareceu ...

    - Como? perguntou Pedrinho. Por qu? - Porque havia nas cidades astecas muito ouro. Mas muito mesmo.

    Eram imensos os tesouros de Montezuma. O ouro foi a desgraa dos as-tecas. Logo que souberam disso, os. espanhis resolveram apossar-se dle, mandando para l fras comandadas por um homem terrvel, de nome Cortez.

    Que tragdia foi essa expedio para a gente de Montezuma! Os as-64 tecas no conheciam os homens de pele branca. Ao verem-nos chegar em

    navios, donde desembarcaram vestidos de armadura, com penachos na ca-bea, os pobres ndios caram no maior dos assombros. Eram deuses, com certeza, deuses que viajavam dentro daquelas estranhas aves de asas - os navios! Deuses que andavam em cima de animais nunca vistos - os cavalos!

    - No conheciam o cavalo? perguntou o menino. - No. O cavalo foi introduzido na Amrica pelos europeus. Ora,

    com algum esfro de imaginao vocs podem compreender c-omo ficou

  • a cabea dos pobres astecas diante de tais novidades. E quando sses deuses falaram, isto , quando dispararam os canhes? O terror foi completo. Os deuses brancos traziam consigo o trovo e. o raio . ..

    - Imaginem o espanto de Jesus Cristo se voltasse ao mundo! obser-vou a menina.

    - A conquista da Amrica pelos europeus foi uma tragdia sangrenta. "A ferro e fogo!" era a divisa dos cristianizadores. Mataram vontade, des-truram tudo e levaram todo o ouro que havia . Outro espanhol, de nome Pizarro, fz no Peru coisa idntica com os incas, outro povo de civilizao muito adiantada que l existia. Pizarro chegou e disse ao imperador inca que o papa havia dado aqule pas aos espanhis e le viera tomar conta. O imperador inca, que no sabia quem era o papa, ficou de boca aberta, e muito naturalmente no se submeteu. Ento Pizarro, bem armado de canhes, conquistou e saqueou o Peru.

    MONTEIRO LOBATO, Histria do mundo para as crianas, 8." edio, Companhia Editra Nacional, 1942, pginas 209-211.

    A DERROTA DO PAU-BRASIL

    - Vov - disse Pedrinho. Por que motivo naquele tempo lidavam tanto com o pau-brasil e hoje no se fala mais nle? Ser que lhe acabaram com a casta?

    - No, Pedrinho. O que se deu foi que o carvo de pedra derrotou o pau-brasil.

    Pedrinho arregalou os olhos. - Naquele tempo tirava-se-dessa madeira uma substncia colorante,

    empregada na tinturaria, como tambm se extraa o carmim dum inseto chamado cochonilha. Com os progressos da qumica, porm, a indstria descobriu meios de tirar do carvo de pedra as anilinas, isto , as mes de tdas as cres possveis e imaginveis. E como isto ficasse mais barato, de-sapareceu a indstria do pau-brasil, da cochonilha, da garana, do anil e. de quanto vegetal era cultivado com fins de tinturaria.

    - Onde a senhora aprendeu tanta coisa, vov? - quis saber Nari- 65 zinho.

    - Lendo e vivendo, minha filha . Mas o que sei nada; parece algu-ma coisa para vocs, crianas que quase nada sabem; mas diante do que sabe um verdadeiro sbio, como aqule Darwin da Viagem ao Redor do Mundo, que eu quero que vocs leiam, minha cincia igual a zero.

    MONTEIRO L

  • IV

    NO UTORAL COMO CARANGUEJOS

    A COLONIZAO: OCUPAO lITORNEA - 1534-1661

    Engenho de Acar - Joo Maurcio Rugendas "Vicgem Pitoresca A travs do Brasil" .

    Faa no seu caderno de Histria uma ligeira descrio dos elementos que considerar mais importantes na ilustrao acima. Ela mostra um aspecto da atividade econmica que possibilitou a ocupao efetiva do litoral do territrio brasileiro, dando incio colonizao: a lavoura au-careira.

  • 68

    A cana-de-acar era plantada no litoral brasileiro em grandes fazen-das, que denominamos engenhos. O acar produzido era levado para Por-tugal. A, comerciantes de vrios pontos da Europa compravam-no, por pre-o elevado, para revend-lo. Desta forma, tanto o rei de Portugal, quanto os comerciantes obtinham grandes lucros.

    Nas Antilhas, tambm existiam grandes plantaes de cana-de-acar. Mas o acar no era o nico produto cultivado na Amrica, com o obje-tivo de abastecer o mercado europeu e dar grandes lucros s metrpoles. Na parte sul das Treze Colnias lnglsas, na Amrica do Norte, o fumo, o algodo, o arroz e o anil tambm eram plantados em fazendas de grande extenso territorial.

    Os governantes europeus achavam que as colnias que possuam ti-nham como finalidade principal o enriquecimento das metrpoles. Esta ma-neira de pensar e de agir fazia parte da poltica mercantilista. De incio, os reis procuraram, em suas colnias americanas, minas de metais precio-sos. Mas nem todos tiveram a sorte do rei da Espanha, que as encontrou logo aps a conquista da Amrica. Por isso, passaram a se interessar pela produo de gneros agrcolas que no podiam ser cultivados na Europa, como a cana-de-acar.

    Por que a cana-de-acar e os demais gneros acima enumerados no p'odiam ser cultivados na Europ'a? Se voc tiver dificuldade em res~onder a esta ~er!nta, ~ea a colaborao do seu p'rofessor de Geo~afia.

    As colnias que produziam \ gneros . agrcolas em grande quanti-dade para serem negociados na Europa, enriquecendp suas me..;

    trpoles, recebiam o nome de colnias de explorao.

    Na Amrica, elas geralmente existiram nas regies de clima tropical e subtropical e atraram aqules indivduos que desejavam enriquecer r-pidamente.

    Observe novamente a ilustrao. O colono branco, de origem europia, acompanha a atividade dos trabalhadores escravos ' negros. Os europeus que se dirigiam para as colnias de explorao no queriam ser trabalha-dores, e sim empresrios (patres). Para que isto fsse possvel, preCisavam dispor de grandes quantidades de dinheiro, necessrios para a compra de escravos e de instrumentos para o cultivo da terra e para a mo~em da cana-de-acar.

    ComonenL todos os europeus que desejavam vir para a Amrica pos-suam grandes fortunas, muitos se dirigiam para as regies onde no exis-tiam lavouras produtoras de gneros para a exportao. Quer dizer: iam para as regies de clima temperado. :f:les tinham abandonado a Europa, porque no estavam satisfeitos com a vida que levavam ou porque esta-vam sendo perseguidos por razes polticas ou religiosas. Ao chegarem ao Nvo Mundo, procuravam imitar o tipo de vida que levavam na velha Eu-

  • rapa: tipos de vestimentas, hbitos religiosos, modelos de residncias, vida familiar e at mesmo a forma de utilizao da terra.

    As colnias surgidas nas reas temperadas, habitadas quase que exclusivamente por famlias europias, que levavam um tipo de 'vida muito parecido com o de suas terras de origem, recebem o

    nome de colnias de povoamento.

    Os europeus que se dirigiam para as colnias de explorao queriam enriquecer rpidamente e retornar metrpole. Quase sempre tinham vindo sozinhos, sem suas famlias. J os europeus que se transferiam para as col-nias de povoamento viajavam com suas mulheres e filhos, pois no pensa-vam mais em regressar aos lugares de onde tinham partido. Esperavam iniciar uma vida -nova no Nvo Mundo.

    1. DIVIDIR PARA POVOAR

    AS CAPITANIAS HEREDITRIAS

    Zeca, um garto nordestino que foi morar em So Paulo, depositou na caixa dos Correios lima carta destinada a um seu conhecido em Per-nambuco. Para que ela chegasse corretam ente ao destinatrio, le no se esqueceu de sublinhar as indicaes principais: Cidade de Oiinda - Estado de Pernambuco.

    Cem anos, antes, o bisav de Zeca, bacharel (advogado) residente em Olinda, lia nos jornais da Provncia de Pernambuco que, no Rio de Ja-neiro, capital do Imprio Brasileiro, a Princesa Isabel tinha assinado uma lei libertando os filhos de escravos, nascidos a partir de 1871 - a lei do Ventre Livre.

    Trezentos anos antes, naus desembarcavam no prto de Lisboa caixas de acar da melhor qualidade, produzido na Capitania de Pernambuco pelos primeiros senhores de engenho, ancestrais (parentes remotos) de Zeca.

    No sculo xx, Zeca envia cartas para um seu amigo que vive num dos Estados que compe a Repblica do Brasil. No sculo XIX, nossos bisavs viviam no Imprio Brasileiro, dividido em provncias. No perodo colonial (sculos XVI, XVII e xvm), o Brasil estava dividido em capitanias.

    Estados, provncias e capitanias foram as divises administrativas que o Brasil possuiu no decorrer de sua Histria, at os dias

    de hoje.

    Entre 1534 e 1536, o rei D. Joo III - intitulado "O Colonizador" - resolveu dividir o litoral brasileiro em faixas de terras que se estendiam do Oceano Atlntico para o interior, at a ainda no traada linha do

    69

  • 70

    Tratado de Tordesilhas. Doou-as a fidalgos de sua inteira confiana que recebiam o ttulo de capites. Um de seus direitos seria o de trasmiti-Ias aos seus herdeiros. Por isso, essas faixas de terra receberam o nome de ca-pitanias hereditrias. Esta foi a maneira encontrada pelo rei para povoar e defender todo o litoral ao mesmo tempo, desde a cidade de Belm at a de Laguna atuais.

    Voc ainda se lembra das razes gue levaram o rei de Portugal a dar incio colonizao do territrio brasileiro?

    A doao pelo rei de uma capitania hereditria era feita atravs de dois documentos : a carta de doao e a carta foral.

    Pela carta de doao, o capito (que tambm era chamado de do-natrio ou governador) recebia a posse (o uso) de uma capitania, que le podia transmitir aos seus descendentes, mas no podia vender. Nela tambm se dizia quando o rei podia retomar as terras que havia doado.

    A carta de doao fazia dos donatrios os representantes do rei no Brasil. Ao fundarem vilas ou aplicarem justia, por exemplo, faziam-no em nome do monarca portugus.

    Como recompensa por estas atribuies, os capites ou governadores tinham certos privilgios (vantagens), como o de construir engenhos e mo-endas d'gua na sua capitania e o de vender anualmente certo nmero de escravos ndios em Portugal.

    E o que era uma carta foral? Ela tratava, principalmente, dos impostos ( foros ) que deveriam ser

    pagos pelos habitantes da capitania. Leia os trechos da carta foral da capitania de Duarte Coelho, datada

    de 1534: - O capito e seus sucessores daro e repartiro tdas as terras da

    capitania em sesmarias (pedaos de terra) a quaisquer pessoas, de qualquer qualidade e condio que sejam, contanto que sejam cristos;

    -- Havendo na capitania pedrarias, prolas, ouro, prata, cobre, esta-nho, chumbo ou qualquer sorte de metal, pagar-se- a mim (o rei) o quinto (1 / 5), do qual ter o capito a dizima (1/10);

    - O pau-brasil e qualquer especiaria ou droga de qualquer quaiidade que sejam existentes na capitania pertencero a mim e serDo sempre meus e de meus sucessores, no podendo o capito nem outra pessoa qualquer vend-los sob pena de confisco (tomar sem pagar) de seus bens e degrdo (pena que consiste em afastar o ru de sua terra) para a ilha de So Tom;

    - Os moradores e povoadores da capitania sero obrigados em tempo de guerra a servir nela com o capito, se lhe necessrio fr.

    Responda, agora, s seguintes perguntas: 19) Qual o intersse do rei em permitir gue o capito repartisse as

    terras de sua capitania?

  • 29 ) Existe uma ligao histrica entre a expresso "contanto que se-jam cristos" e a expresso "salvar esta gente" gue aparece na carta de Pro Vaz de Caminha. Qual esta ligao?

    39 ) Por que razo o rei reservava para si o monoplio do pau-brasil ~peciarias, enquanto cobrava apenas 1/ 5 dos metais e pedras preciosas'?

    49 ) As terras da Capitania de Pernambuco pertenciam ao rei de Por-tug~pelo que decidia o Tratado de Tordesilhas. PC! _que ento, o rei se Rreocupava tanto com a defesa da capitania?

    As catorze capitanias hereditrias, concedidas por D. Joo III no lito-ral brasileiro, entre 1534 e 1536, no apresentaram os mesmos resultados.

    Algumas permaneceram abandonadas, sem qualquer tentativa de co-lonizao, como as do Maranho (1 9 e 29 lotes), Cear, Rio Grande e Santana. Outras tiveram o seu crescimento inicial dificultado pelas diver-gncias entre os colonos e os donatrios, pelas lutas constantes contra os indgenas e, sobretudo, pelos reduzidos recursos financeiros que possuam os seus capites. Estas foram as principais dificuldades enfr.entadas no s-culo XVI pelos donatrios de Itamarac, Bahia de Todos os Santos, Ilhus, Prto Seguro, Esprito Santo, So Tom e Santo Amaro.

    As capitanias de Duarte Coelh,::, (Pern r r:buco ou Nova Lusitnia) e Martim Afonso de Souza (So Vicente) foram as que mais prosperaram.

    A prosperidade da capitania de Pernambuco est ligada ao bom resul-tado da plantao da cana-de-acar.

    O clima quente e mido da regio e a fertilidade do massap (solo argiloso) facilitavam a expanso da lavoura canavieira que era, porm, di-ficultada pelas lutas constantes contra os indgenas tabajaras e caets.

    Conquistando a palmos a terra que lhe fra concedida a lguas, o donatrio conseguira, j em 1550, fundar duas vilas - Olinda e Igarau (~a o mapa da pjgina 73) - e erguer cinco engenhos. A expanso dos canaviais pelos terrenos frteis e midos das vrzeas (terras que mar geiam os rios) pediam a construo de novos engenhos: em 1570, j existiam trinta e, catorze anos depois, sessenta e seis! Mas pedia tambm mais tra-balhadores escravos: intensificaram-se as lutas contra os ndios, e iniciou-se a vinda de negros africanos.

    A produo de acar em grande quantidade e a sua exportao para a Europa fixaram o colono no litoral. Isto aconteceu tanto em Pernam- ~ buco como em tda a costa, desde Filipia de Nossa Senhora das Neves (no atual Estado da Paraba) at Nossa Senhora da Conceio de Ita-nham (no atual Estado de So Paulo).

    Consulte o mapa da pAgina 73 e relacione os pontos do litoral onde existiam atividades ligadas cana-de-acar, no sculo XVI.

    Por causa da cana-de-acar, o colono arranhava o litoral, como ca-ranguejo. O massap pegajoso o prendia ao solo.

  • Doada a Martim Afonso de Souza, a Capitania de So Vicente tinha sido colonizada em sua parte sul, onde j existiam as vilas de So Vicente e Piratininga, fundadas com o auxlio do rei .

    Dedicando-se tambm ao cultivo da cana-de-acar, a capitania pde prosperar. A pequena extenso de terras frteis no litoral, a grande distn-cia da metrpole e a concorrncia do acar pernambucano fizeram, po-rm, que declinasse, no decorrer do sculo XVI, a produo aucareira vi-centina. Os colonos passaram, ento, a se dedicar busca de metais pre-. ciosos e captura de ndios que poderiam ser vendidos como escravos, pe-netrando pelo serto (interior) . O agricultor se transformara em sertanista (pessoa que conhece ou percorre o serto): surgia o bandeirante. Muitos colonos abandonaram o litoral, indo viver no planalto e provocando, assim, a decadncia das vilas litorneas, como So Vicente e Santos, e o cresci-mento dos povoados do planalto.

    Dando incio vida econmica, fixao do colono no litoral e fundao de vilas, as capitanias hereditrias possibilitaram a ma-nuteno do domnio portugus no litoral brasileiro. Por isso, po-demos considerar como positivo o seu resultado. Desde ento, somente ocorrero incurses estrangeiras naquelas regies do li-

    toral que permaneceram completamente abandonadas.

    2. PARA DAR FAVOR E AJUDA

    o GOVERNO-GERAL

    Em 1548, Lus de Gis, morador da Capitania de So Vicente, es-crevia ao seu rei Dom Joo III :

    "se com tempo e hrevidade (rapidez) Vossa A lteza no socorre a estas capitanias e costas do Brasil, . .. ainda que ns (os moradores) percamos as vidas e fazendas (riquezas), Vossa Alteza perder a terra".

    Foi procurando atender a pedidos como ste que, naquele mesmo ano, o Rei Colonizador criou o govrno-geral, mandando fazer "uma fortaleza e povoao grande e forte em lugar conveniente,

    para da se dar favor e ajuda s outras povoaes."

    Esta fortaleza e povoao grande e forte foi a primeira cidade brasi-leira - Salvador, construda por Tom de Sousa, primeiro governador-geral do Brasil, que foi auxiliado por Diogo lvares, o Caramuru. Inau-gurada no dia 19 de novembro de 1549, a primeira capital brasileira loca-

  • D e.""" DTe"a'~'!McenleS E5pan~'a .

    D Te tld , pe"Mcent"sapO

  • 74

    ce bera em 1548, ao partir para o Brasil. O regimento era o documento onde o rei determinava as tarefas que os governadores-gerais deveriam rea-lizar no Brasil.

    Da mesma forma gue o governador-geral, o Presidente da Repblica o Brasil tambm possui auxiliares. Quais dos seus auxiliares exercem as funes correspondentes s dos trs auxiliares do governador-geral?

    Seriam atribuies do governador-geral: combater as tribos ind-genas rebeladas, utilizando-se de. outras tribos aliadas dos portu-guses; realizar expedies ao interior (entradas), em busca de riquezas minerais; visitar e fiscalizar periodicamente as capitanias

    e organizar a defesa da colnia contra ataque externos.

    No cumprimento de tdas as suas tarefas, o governador-geral seria auxiliado pelos jesutas. fJes aqui chegaram em 1549, viajando com o pr-prio Tom de Sousa, e chefiados por Manuel da Nbrega. Aos jesutas e demais ordens religiosas, que posteriormente vieram para o Brasil, coube fazer a catequese religiosa.

    Chamamos catequese religiosa ao trabalho dos sacerdotes para a converso dos indgenas religio crist. Quase sempre ste tra-balho era realizado em colgios (como o Colgio dos Meninos, em

    Salvador) ou em aldeias, que se denominavam misses ou redues.

    Aldeia Missionlria em Pernambuco, sculo XVII - Atlas Histrico Escolar, MEC. Baseando-se na ilustrao, imagine um dia na vida da misso.

  • Novos jesutas, entre os quais Jos de Anchieta, chegaram ao Brasil juntamente com o segundo governador-geral, Dom Duarte da Costa, que aqui permaneceu de 1553 a 1557. Lutas violentas contra os ndios do Re-cncavo, a fundao do Colgio de So Paulo no Campo de Piratininga pelos jesuitas (1554), a ocupao da baa da Guanabara pelos franceses em 1555, os desentendimentos entre o filho do governador e o primeiro bispo do Brasil, Dom Pro Fernandes Sardinha, e o envio das primeiras expedies ao serto foram os principais acontecimentos da poca de Dom Duarte da Costa.

    Consulte o mapa econmico da pj.gina 73 e relacione as principais entradas ao serto ocorridas na p'arte do Brasil pertencente a Portugal, no sculo XVI, indicando o local de partida e a regio alcanada.

    A colnia fundada por Nicolau Durand de Villegagnon na baa da Guanabara, em 1555, chamava-se Frana Antrtica. Seus objetivos eram a explorao do pau-brasil e a liberdade religiosa para os protestantes (cris-tos que no aceitavam a autoridade do papa). A 19 de maro de 1565, Estcio de S fundou a segunda cidade brasileira: So Sebastio do Rio de Janeiro, prxima colnia francesa. Dessa cidade partiram os portu-guses para a luta que terminaria, em 1567, com a derrota e a expulso dos franceses .

    A destruio da Frana Antrtica ocorreu na poca do terceiro gover-nador-geral do Brasil: Mem de S (1558-1572). :e.le travou novas lutas, ainda mais violentas, contra os indgenas, sobretudo no Esprito Santo. Foram elas cantadas no poema Feitos de Mem de S, cuja autoria atri-buda a Anchieta:

    "Quem poder contar os gestos hericos do Chefe frente dos soldados, na imensa mata: cento e sessenta as aldeias incendiadas, mil casas arruinadas pela chama devoradora, assolados os campos, com suas riquezas, passado tudo ao fio da espada."

    Mesmo aps sua expulso da baa da Guanabara, os franceses con-tinuaram traficando no litoral sul, especialmente em Cabo Frio. Para me-lhor combat-los o rei Dom Sebastio I resolveu dividir o Brasil em dois governos, em 1573: a Repartio do Norte, que teve como capital a cidade 75 de Salvador, e a Repartio do Sul, cuja capital foi a cidade do Rio de Janeiro.

    Esta diviso, que perdurou at 1578, tambm facilitaria a pesquisa de minerais no litoral sul. Mas, neste mesmo ano, chegava ao Brasil uma no-tcia que teria muitas conseqncias para a colnia: o rei Dom Sebastio I e nove mil portuguses tinham sido derrotados e mortos pelos mouros nos areais do norte da frica, em Alccer-Quibir.

  • 3. OS HOMENS BONS

    AS CMARAS MUNICIPAIS

    Relacione as vilas e cidades fundadas no sculo XVI, consultando o maRa da pjgina 73.

    Elas deram origem aos primeiros municpios brasileiros. Um municpio constitui uma diviso poltico-administrativa de uma capitania, de uma pro-vncia ou de um Estado, sob a direo de uma cmara municipal e, mais recentemente, de um prefeito.

    No perodo colonial, os municpios eram administrados pelas cmaras municipais. A partir da segunda metade do sculo XVII, algumas cmaras passaram a ser denominadas de Senado da Cmara, como a do Rio de Ja-neiro, o que constitua apenas uma honraria.

    Casa da Cmara, da Vila de So Paulo sculo XVII -A tias H istrico Escolar -MEC. Que jUlles tillham I/Q sociedade da Vila de So Paulo as pessoas represen-fadas lia ilustrao?

    As cmaras municipais eram compostas pelos vereadores, eleitos pe-los homens bons do municpio. Os homens bons eram os donos das terras, a milcia (fra militar) e o clero, os nicos que podiam votar e ser eleitos para os cargos pblicos. Isto quer dizer que os demais habitantes dos mu-nicpios no possuam direitos polticos.

    s cmaras municipais cabia administrar tudo o que pertencia ao municpio, isto , seus bens, seu patrimnio, suas propriedades. Alm disto, ela realizava misses de paz e guerra com os ind-genas, zelava pelo abastecimento de gneros alimentcios, fixava os salrios dos trabalhadores livres, convocava a populao para

    as lutas e cobrava impostos.

    Atualmente, s h um Estado no Brasil que no se divide em muni-~Rios. Qual le? Se voc no reside neste Estado, comRare os Rodres

  • Pelourinho de So Joo dei Rei, A. Norfini, 1867-? Mu-seu Histrico Nacional, Rio de Janeiro. Relendo o texto, diga a sig-nificao do pelourinho, nas. vilas e cidades coloniais.

    do seu municpio com os das cmaras municipais na colnia. Para isto consulte a Constituio do seu Estado.

    Tamanhos podres fizeram das cmaras municipais os primeiros pontos de re~ istncia s imposies do govrno portugus. Localizado no centro da praa pblica das cidades, o pelourinho (coluna de pedra que continha as armas reais) atestava a autonomia (govrno prprio) municipal.

    4. O BRASIL DOS FILIPES

    A UNIO IBRiCA 1580-1640

    Talvez ~eja mais fcil para os homens mudar o nome de suas cidades do que mudar oficialmente o seu prprio nome. Vejamos um exemplo disso.

    A capital do atual Estado da Paraba Joo Pessoa.

  • Manoel Maurcio de Albuquerque, Atlas Histrico Escolar - MEC.

    78 Se voc consultar uma enciclopdia, um dicionrio histrico ou gual-quer livro sbre a Histria do Brasil Repblica, entre 1920 e 1930, ficar sabendo Ror que motivo os Raraibanos Rrestam homenagem a Joo Pessoa.

    Mas, se ns observarmos os mapas econmicos das pginas 78 e 114, veremos que, nos sculos XVII e XVIII, a mesma cidade tinha outro nome: Pa-raba, capital da capitani~ real do mesmo nome.

    E se observarmos o mapa econmico da pgina 73, veremos que a mesma cidade tinha, no sculo XVI, um outro nome: Filipia de N. Sra.

  • das Neves. Fra fundada em 1584, na foz do rio Paraba ou So Domingos, na regio em que a disputa pelo pau-brasil levava os "mars", aliados dos potiguaras, a combater os "pers", aliados dos tabajaras.

    Filipia era uma cidade-rea~ pois fra fundada por Frutuoso Barbosa em nome do rei de Portugal, Felipe II, da dinastia dos Habsburgos. Mas no se tratava de um rei portugus, e sim de um rei espanhol. Espanhola era tambm a frota de Diogo Flores Valdez, que ajudara na fundao da cidade. Espanhol tambm era Castrejn, o comandante do forte construdo para proteger a cidade.

    Como se explica que uma cidade situada a leste da linha de Torde-silhas, homenageasse com o seu nome um rei espanhol, tivesse sido fun-dada com o auxlio de um espanhol e fsse protegida por um outro es-panhol?

    t que, desde 1580, o rei da Espanha passara tambm a ser rei de Por-tugal. Assim seria at 1640, quando Portugal voltou a ter um rei portu-gus, Dom Joo IV, da dinastia de Bragana.

    Costumamos denominar ste perodo, que vai de 1580 a 1640, Unio Ibrica, pois as duas monarquias localizadas na Pennsula Ibrica - Portugal e Espanha - Jicaram unidas sob a autoridade

    de um nico rei, da dinastia de Habsburgo.

    Ns tivemos, ento, trs reis espanhis: Filipe II (1580-1598) Filipe III ( 1598-1621) e Filipe IV (1621-1640). Durante sessenta anos, fomos o Brasil dos Filipes.

    Por que o Brasil passou a ter um rei espanhol? Recordemos os monarcas portuguses no incio do sculo XVI. Cada

    um dles tem um apelido. O "Venturoso" Dom Manuel I (1495-1521). O "Colonizador" Dom Joo III (1521-1557). O "Desejado" Dom Se-bastio I que foi morto pelos mouros, na batalha de Alccer-Quibir, em 1578.

    Morto o rei, houve em Portugal uma fase de intranqilidade, na qual vrios prncipes disputaram o direito de suceder a Dom Sebastio I. Aps o curto govrno do cardeal-rei Dom Henrique, o trono foi ocupado pelo rei da Espanha, Filipe II . Era neto de Dom Manuel I. Para obter o trono, chegou at a subornar (dar dinheiro a pessoas para ganhar seu apoio) 1L vrios representantes do povo portugus, reunidos em assemblias chama-das crtes.

    Tornando-se rei de Portugal, Filipe II incluiu em seus domnios as colnias portugusas, conseqentemente o Brasil. Era agora o

    monarca mais podqoso do mundo.

  • Dominando t~rras na Europa, na sia, na frica e na Amrica, alm de ilhas e rotas no mar Mediterrneo, nos oceanos Atlntico e Pacfico, le dizia: "O sol nunca se pe no meu imprio".

    Como se explica, geogrficamente, esta afirmao de Felipe II? De que maneira repercutiu no Brasil a Unio Ibrica? Os Filipes eram conhecidos pela sua intolerncia religiosa, isto , no

    aceitavam outra religio que no fsse a religio oficial de seu imprio: a catlica. Por isso, enviaram ao Brasil, entre 1591 e 1595 e em 1618, as visitaes (delegaes) do Santo Ofcio, com o objetivo de verificar se a religio oficial era praticada.

    Os Filipes exigiam que o monoplio fsse respeitado nas colnias e nas rotas que estivessem sob o domnio da Espanha. Isto muito prejudicou pases como a Frana, a Inglaterra e as Provncias Unidas, que precisavam comerciar com as colnias espanholas. ~stes pases no impediam, ento que os piratas tentassem obter pela fra o que no podiam comerciar le-galmente. E at mesmo apoiaram oficialmente alguns dstes piratas, trans-formando-os em corsrios .

    Em 1595, por exemplo, os corsrios Lancaster e Wenner, inglses, e Noyer, francs, atacaram e saquearam o Recife - centro de exportao de pau-brasil e acar.

    Nenhum pas foi mais prejudicado pela proibio de comerciar com o Brasil do que a Repblica das Provncias Unidas, formada por sete provncias, das quais a mais importante era a Holanda. Por esta razo ela realizou os ataques de maior durao ao litoral

    brasileiro e, portanto, de maiores conseqncias.

    A princpio, os holandeses atacaram o litoral brasileiro tambm com piratas e corsrios. Mas, depois de uma trgua (suspenso temporria da guerra), pouco respeitada, de 1609 at 1621, os holandeses passaram a organizar invaso aos pontos mais importantes do imprio espanhol, como a Malsia, Angola, as Antilhas, a Bahia e Pernambuco.

    Havia muitas dificuldades de comunicao martima entre a regio norte do Brasil e a capital em Salvador, provocadas pelo regime de ventos e pelas correntes martimas no litoral. Ao mesmo tempo, interessava ao rei povoar rpidamente a costa setentrional, para evitar que estrangeiros dela se apoderassem, como j ocorrera no Maranho onde, de 1612 a 1615, os franceses haviam f\lndado a Frana Equinocial, colnia que tinha como capital a cidade de So Lus.

    Estas razes levaram o rei a dividir, em 1621, o Brasil em dois Es-tados: o Estado do Brasil, que ia de So Vicente at o Rio Grande do Norte, tendo como capital Salvador, e o Estado do Maranho. que com-

  • preendia as regies ao norte do Rio Grande do Norte, tendo como capital inicialmente a cidade de So Lus, e depois Belm do Par.

    Consulte o mapa econmico da pjgina 78, e responda : a ) Qual a atividade econmica da bacia amaznica que atraa os

    estrangeiros? b) Sabendo que havia muita prata no Vice-Reino do Peru, por que o

    rei espanhol temia a presena de estrangeiros na foz do rio Amazonas? Se o Tratado de Tordesilhas limitava os domnios de Portugal e Es-

    panha, deveria le ser respeitado durante a Unio Ibrica?

    Os Filipes insistiam no respeito linha do Tratado de Tordesilhas. Mas, na prtica, ela seria cada vez mais desrespeitada, para o que muito contribuam as autoridades coloniais. muitas vzes interes-sadas no contrabando - comrcio ilegal, ~omo acontecia atravs

    do rio Amazonas e do rio da Prata.

    Durante a Unio Ibrica, os bandeirantes da Capitania de So Vicente prearam (aprisionaram) ndios nas misses espanholas do sul do Mato Grosso (ltatim) , do oeste do Paran (Guara) e do centro do Rio Grande do Sul (Tape) . E Pedro Teixeira, capito portugus, navegou desde Ca-met, no rio Tocantins, at o rio Napo, no atual territrio do Equador.

    Por outro lado, no Pacfico, os espanhis colonizaram as "Ilhas dos Filipes" ou Filipinas, que eram de Portugal.

    Com a Unio Ibrica, rompia-se, de fato, a iinha do Tratado de Tor-desilhas que, como todo meridiano, era uma linha imaginria .. .

    5. O GUERREIRO BRANCO AVANA

    A EXPANSO PELO LITORAL DURANTE A UNIO IBRICA

    Oual era a parte do litoral brasileiro j conquistada pelos portuguses, ao iniciar-se a Unio Ibrica, em 1580? No mapa da pgina 73, voc poder encontrar os dois pontos da costa que marcam esta parte : as vil

  • o ponto mais meridional da conquista ~stava na vila de Paranagu, no atual Estado do Paran.

    Voc concluir fcilmente que a ocupao avanou muito mas ao norte do que ao sul. Quais as razes?

    A agro-mdstna dO acar estava em crescimento. Entende-se por agro-indstria do acar a plantao da cana para ser transformada em acar nos engenhos, que tambm, se denominavam "fbricas de acar". O acar era cada vez mais usado na Europa. Servia tanto para remdio quanto para alimentao. Interessava, portanto, aos portuguses produzir mais, para vender mais. Chegaram at a aceitar capitais de outros pases, para aumentar e melhorar a produo, especialmente capitais dos holan-deses. Entende-se por capital o dinheiro aplicado em alguma atividade eco-nmica para dar lucro.

    Para plantar e colhr a cana, destinada produo do acar, eram necessrios mais escravos negros ou ndios. Da, por exemplo, em 1604, o portugus Pro Coelho de Sousa ter escravizado centenas de ndios ta-bajaras e potiguaras no Cear, para lev-los aos engenhos da Paraba e de Pernambuco.

    Para plantar e colhr a cana, necessria produo do acar, eram necessanas mais terras. As melhores terras para a cana eram as do solo "massap". Elas se localizavam especialmente no litoral leste e nordeste.

    A necessidade de maior nmero de escravos ndios e de mais terras de "massap", para a expanso da agro-indstria do acar, fz que a ocupao do litoral leste e nordeste avanasse mais do

    que no litoral sul.

    Procure saber onde fabricado o acar que voc usa em casa. :f:le ainda vem do nordeste do Brasil?

    Se voc observar os mapas das pginas 73 e 78, ver que a costa nordeste e leste do Brasil oferecia uma outra riqueza: o pau-brasil, cuja explorao pelos portuguses era dificultada pelos contrabandistas franceses. :f:les estavam to acostumados a freqentar aquela regio que Ja VIViam entre os ndios, do que resultava a mestiagem. Mestiagem o cruzamen-to de pessoas de grupos raciais diferentes.

    Os franceses se fixavam, de preferncia, na 10z dos rios que desguam no Oceano Atlntico, como o rio Real (no atuaI Estado de Sergipe), cor-tando assim as comunicaes por terra entre a Bahia e Pernambuco; ou ento na foz do rio Paraba ou So Domingos (no atual Estado da Pa-raba), na foz do rio Potengi (no atual Estado do Rio Grande do Norte) ou do rio Cear (no atual Estado do mesmo nome).

  • Partindo, inicialmente, de Salvador ou de Pernambuco, as autori-dades encarregadas pelo govrno-geral ou pelos donatrios con-quistaram, sucessivamente, a Paraba (1584-1587), do que resul-tou a fundao da cidade-real de Filipia de N. Sra. das Neves, o Sergipe (1589-1590), do que resultou a fundao da cidade-real de So Cristvo, o Rio Grande do Norte (1597-1599), do que resultou a fundao da cidade-real' de Natal, e o Cear (1603-1611), do que resultou a fundao do forte de So Sebastio

    Cabo Frio, R. J. A constrll-co de fortes entrada de nseadas era lima forma de defender os pontos mais importantes do litoral.

    (Fortaleza) .

    o avano dessas autoridades foi muitas vzes facilitado pela atuao dos jesutas que, por meio da catequese, diminuam a reao dos ndios. Quando falhava a catequese, as autoridades permitiam a "guerra-justa" -campanha militar para exterminar os indgenas.

    Como os franceses ainda no tivessem lido o "testamento de Ado", no desistiam de fixar-se no litoral brasileiro. Expulsos da costa nordes-te-leste, tentaram a costa norte. Em 1612, chefiados por Daniel de la Tou-che, Senhor de la Ravardiere, e com o apoio da Rainha de Mdici, os franceses fundaram a colnia Frana Equinocial, com capital em So Lus, na ilha do mesino nome. A reao partiu de Pernambuco e teve como resultado ~ a derrota dos invasores, em 1615, obtida por Alexandre de Moura.

    Voc j sabe quais os motivos que levaram os Filipes a temer a pre-sena de franceses, inglses e holandeses na foz do Amazonas. Era, por-tanto, natural que, conquistando o Maranho, se organizasse a conquista da foz do Amazonas. Partindo de So Lus, Francisco Caldeira Castelo Branco alcanou o rio Par e, junto baa de Guajar, fundou, em 1616, o Forte do Prespio, origem de N. Sra. de Belm do Par.

  • o rei era espanhol, mas a capitania ali criada se chamou Feliz Lu-sitnia ...

    Desta conquista do litoral leste, nordeste e norte participaram muitos homens rudes, como o ouvidor Martim Leito que, na conquista da Pa-raba, devastou as aldeias, as plantaes e as feitorias dos franceses e seus aliados potiguaras. Nela houve tambm muitas cenas -tristes, como a dos ] 200 ndios levados como escravos para a Bahia, no final do sculo XVII, que morreram de epidemias, como sarampo e varola; ou ainda a do ataque dos tacariju, na chapada de Ibiapaba, do qual resultou a morte do jesuta Francisco Pinto.

    Mas houve um personagem nessas conquistas que o romancista Jos de Alencar transformou num homem amigo dos ndios: Martim Soares Mo-reno, o fundador do forte de So Sebastio. Convivendo com os ndios potiguaras do Cear, aprendeu-lhes a lngua e os costumes, sendo entre les conhecido como "guerreiro branco" e tendo encontrado em Iracema o seu grande amor.

    Leia o romance Iracema, de Jos de Alencar, e, com o auxlio do pro-fessor de Portugus, faa um resumo dos seus aspectos histricos.

    6. OS pES E AS MAOS DOS SENHORES DE ENGENHO

    A AGRO-INDSTRIA DO ACAR

    o avano do guerreiro branco era acompanhado pelo avano dos ca-naviais, ambos seguindo as manchas de massap no litoral.

    As no':as plantaes de cana-de-acar pediam novas "fbricas de acar", pois - como diz o refro (expresso) popular - "p no cana-vial, ponta na moenda".

    Compare o mapa econmico do sculo XVI, na p. 73, com o do sculo XVII, na p. 78. Voc poder perceber a expanso da agro-indstria do acar. Nos primeiros anos do sculo XVII, j existiam em nosso litoral duzentos en-genhos aproximadamente. O acar nles produzido enriquecia os propriet-rios (donos), o que fz o cronista (escritor) Antonil comentar que:

    84 "o ser senhor de engenho ttulo a que muitos aspiram (desejam), porque traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado de muitos".

    Lendo atentamente o que vem a seguir, voc compreender por que o cronista fz esta afirmao.

    Quem servia o senhor de engenho, quando fsse preciso derrubar as matas, queimar os troncos, limpar o terreno, vigiar o crescimento das mu-das e molhar os partidos (canteiros)? - O escravo!

  • Quem evitava que o gado pisasse nos canaviais e que as pragas ata-cassem as plantaes? - O escravo!

    Quem cortava a cana a golpe de foice e a levava em feixes para as moendas? - O escravo!

    S ento chegava a poca da moagem. Os engenhos reais eram aqules em que a moenda era movida pela fra da gua, como o da ilustrao abai-xo. Mas nem todos os engenhos eram movidos desta maneira. Muitos eram movidos pela fra dos bois ou dos escravos, que assim eram compara-dos ao gado.

    Os escravos trabalhavam tambm na abertura de caminhos que liga-vam os engenhos aos portos e, por sses caminhos, carregavam as caixas de acar, destinadas exportao. Trabalhavam tambm na construo de prdios, como a casa-grande , onde moravam o senhor e a sua famlia, a capela, onde a populao do engenho assistia missa, e a senzala , onde os prprios escravos habitavam. E alguns ainda faziam servios doms-ticos, como as mes pretas.

    Os escravos eram to importantes naquela poca, que o mesmo cro-nista, autor do livro Cultura e opulncia do Brasil por suas drogas e minas, escrito no incio do sculo XVIII, comentou:

    "Os escravos so as mos e os ps do senhor de engenho, porque, sem les, no possvel fazer, conservar e aumentar fazenda,

    nem ter engenho corrente",

    Mas, quem eram sses escravos? Logo no incio da colonizao, os portuguses escravizaram, para

    trabalhar nos seus engenhos, os indgenas que viviam no litoral e que nos anos anteriores tinham auxiliado na explorao do pau-brasil. No acostu-mados, porm, ao trabalho agrcola e sedentrio, os ndios se rebelavam, fugiam para as matas ou morriam.

    Engenho de Acar, sculo XVII - Atlas Histrico Escolar - MEC. Que funes tinham num engenho de acar as pes-soas representadas na ilus-trao?

    ,85

  • 86

    A crescente diminuio do nmero de escravos ndios fz que os . colonizadores passassem a se utilizar da escravido negra, como

    j tinham feito nas ilhas africanas. Iniciou-se, assim, a vinda de grande nmero de negros africanos para o Brasil. f: o que deno-

    minamos trfico negreiro.

    Os comerciantes negreiros chegavam frica e carregavam os seus navios de negros, comprados muitas vzes aos sobas, chefes das tribos, em troca de aguardente ou de fumo. Levando uma carga maior do que a capacidade do navio, os traficantes obtinham grandes lucros. Por esta ra-zo, a viagem at a Amrica era feita em pssimas condies. Ao atingir o litoral brasileiro, aproximadamente a metade dos negros havia morrido. Os navios negreiros eram verdadeiras tumbas (tmulos) e, por isso mes mo, eram chamados de tum beiras

    N egros no fundo do poro. Joio Maurcio Rugendas, "Viagem Pitoresca Atravs do Brasil". Qual o trecho dste captu-lo que se refere ilustra-eio?

    Por isso, tambm fugiam , mas, desconhecendo a reglao para onde ha-viam sido trazidos, era difcil para os negros esconderem-se nas matas. Quando isto acontecia, eram logo aprisionados pelos capites-do-mato . Muito poucas vzes os negros africanos conseguiram fugir e formar nas matas do interior os quilombos, onde procuravam levar um tipo de vida parecido com o de sua terra de origem. O mais conhecido dstes qui lombos foi o de Palmares, surgido na serra da Barriga, nas Alagoas, durante o pe-rodo em que os holandeses conquistaram o litoral nordestino. Aps resistir durante 65 anos aos ataques de holandeses e portuguses, o Quilombo dos

  • Palmares foi destrudo pela expedio de Domingos Jorge Velho, em 1965.

    Muito embora fssem "as mos e os ps do senhor de engenho", os escravos nem sempre eram bem tratados, sobretudo pelos feitores (capa-tazes). Comentava Antonil que os escravos dos engenhos costumavam re-ceber apenas trs ps: po, pano e pau . .. , quer dizer, alimento, vestimenta e castigo em troca de to pesadas tarefas.

    Nos engenhos, existiam ainda outros trabalhadores, alm dos escravos. :f:les eram encarregados de certas tarefas, que nem sempre os escravos rea-lizavam, como a preparao do acar. Havia os feitores, o capelo, os co-lonos encarregados da plantao das roas e do pomar, onde eram planta-dos o milho, a mandioca, as verduras e os legumes que serviam para a alimentao dos habitantes dos engenhos. Existiam tambm aqules que cuidavam do gado, os carpinteiros, os sapateiros e outros que defendiam a casa-grande, sempre que ocorriam ataques indgenas. :f:sses trabalhadores eram geralmente mulatos ou brancos pobres e, com o seu trabalho, permi-tiam que os engenhos ~e tornassem auto-suficientes, quase nada comprando de outras regies.

    Dono das terras e dos escravos, governando e protegendo os tra-balhadores livres, o senhor de engenho era o elemento mais im-portante da sociedade surgida no Brasil no sculo XVI. A riqueza do senhor de engenho no era medida pela quantidade de terras que possua, mas pelo nmero de homens que tinha sob seu

    mando, principalmente escravos.

    As grandes famlias proprietrias de escravos e de terras passaram a controlar tambm a vida poltica da colnia. Dominando as cmaras mu-nicipais tinham, quase sempre, mais poder e autoridade que os prprios representantes do rei, como os governadores-gerais.

    Mercado de escravos, Joo Maurcio Rugendas, "Via-gem Pitoresca A travs do Brasil". Por um boi cem oitavas. por um negro bem feito, valente e ladino trezentas oitavas . . .

  • A populao da capitania de Pernambuco conhecia o poderio da fa-mlia Cavalcnti, dona de mais da metade das terras da regio, e por isso dizia:

    "Quem viver em Pernambuco Deve estar desenganado: Ou h de ser Cavalcnti, Ou h de ser cavalgado".

    Atualmente, a maior parte da populao brasileira vive e trabalha nas cidades. Entretanto, na segunda metade do sculo XVI, a maior parte dos habitantes do Brasil vivia e trabalhava no campo. Nas cidades e vilas exis-tiam no litoral, ficavam as autoridades governamentais e religiosas. :Bsses ncleos serviam, geralmente, para defender a colnia dos ataques estran-geiros, para realizar o comrcio com o exterior, exportando o acar e o pau-brasil e importando vrios artigos europeus e escravos negros africa-nos. Nessas cidades e vilas, os senhores mandavam construir casas, onde costumavam ficar, sempre que havia algu~a festa religiosa ou reunio da cmara municipal. Aproveitavam, ento, para discutir o preo do acar, a venda do gado, o casamento dos filhos, a compra de novas terras. Con-sulte o mapa da pgina 78 e relacione e localize as atividades econmicas que no foram mencionadas neste item.

    7. FLAMENGO NO NORDESTE

    AS INVASOES HOLANDESAS NO BRASIL, NO SCULO XVII

    Na cidade do Rio de Janeiro, existem o bairro do Flamengo e o morro da Urca, dois topnimos (nome prprio de um lugar) que lembram a presena dos comerciantes holandeses (tambm chamados de flamengos) no nosso litoral, com seus navios redondos - as urcas - que transpor-tavam o acar brasileiro para a Europa, desde o sculo XVI.

    Muito antes da descoberta do Brasil, o rei de Portugal j mantinha ~ relaes comerciais com os holandeses, que distribuam pela Europa os

    produtos que os portuguses traziam da frica e do Oriente e ainda em-prestavam o dinheiro necessrio organizao das expedies martimas.

    Quando a lavoura aucareira expandiu-se pelo litoral brasileiro, foram necessrios novos recursos financeiros para.a compra de escravos e de novas peas para as moendas. No possuindo S,ses recursos, o portuguses no-vamente aceitaram a ofertas dos comerciantes flamengos. Em troca, deixa-ram aos holandeses as tarefas de transporte e de venda do acar na Europa.

  • A expanso da lavoura aucareira estabeleceu uma slida aliana entre a coroa portugusa, encarregada da produo do acar atravs dos colonos no Brasil, e os comerciantes holandeses, que transportavam e vendiam o produto na Europa, tendo grandes

    lucros.

    A regio habitada pelos holandeses era denominada, na Idade Mdia, Flandres, e por isso les eram tambm conhecidos por flamengos. No incio da Idade Moderna, ela passou para o domnio espanhol, ficando conhecida como Pases-Baixos Espanhis.

    Consulte seu professor de Geografia para saber p~ que aquela re~o conhecida como Pases-Baixos. 1?le tambm poder ajud-lo a entender por gue determinados fatres geogrficos facilitavam aos holandeses o co-mrcio no interior do territrio europeu.

    Em 1572, os habitantes dos Pases-Baixos Espanhis iniciaram uma revolta para se libertarem do domnio estrangeiro. E:les acreditavam que os povos tm o direito de ser livres e de escolher os seus prprios gover-nantes. Mas o rei Filipe II da Espanha no pensava da mesma maneira c combateu violentamente a revolta.

    A reao espanhola fz que muitos dos que habitavam a parte sul da regio se conformassem com o domnio estrangeiro. A populao da parte norte, porm, prosseguiu na luta e, em 1579, proclamou uma repblica, for-mada por sete provncias: a Repblica das Provncias Unidas. Como a Holanda era a mais importante dessas provncias, com o passar do tempo o seu nome passou a ser o de todo o nvo pas.

    Quando ocorreu a Unio Ibrica, no ano seguinte, Filipe II pensou que poderia derrotar os comerciantes da nova Repblica, impe~. dindo-os de comerciar com as colnias que a Espanha agora pos-

    sua no Ocidente e no Oriente.

    Os "carreteiros do mar" - denominao dada aos comerciantes holan-deses ou batavos - reagiram e passaram a atacar o imprio espanhol, pri-meiro atravs de corsrios e piratas e, mais tarde, formando companhias de comrcio para invadi-lo e ocup-lo.

    Entende-se por companhia de comrcio uma associao de pessoas que renem o seu dinheiro para realizar uma atividade comercial lucrativa. 89 Os lucros obtidos seriam divididos entre os associados.

    Em 1602, foi formada a Companhia das lndias Orientais, que con-quistou vrias colnias espanholas no Oriente, como a Malsia. O rei es-panhol teve tantos prejuzos com a perda de suas colnias que foi obri-gado a pedir uma trgua (suspenso temporria de uma guerra) de doze anos, a partir de 1609. O sol, que nunca se punha no imprio espanhol, comeava a ser eclipsado por sete pequenas provncias.

  • 90

    Quando a trgua findou, os holandeses criaram uma nova com-panhia: a das lndias Ocidentais. Ela foi a responsvel pelas in-vases do litoral oriental da Amrica do Norte, pelas invases do litoral nordeste do Brasil e de Angola, no litoral ocidental da

    frica, e pela ocupao das Antilhas.

    Em 1624, a Companhia das lndias Ocidentais realizou o primeiro ataque a Zukherland - a "terra do acar". Vinte e seis navios, trs mil soldados e quinhentos canhes compunham a expedio que invadiu a ca-pitania real da Bahia de Todos os Santos, conquistando a cidade de Sal-vador e aprisionando o governador-geral do Brasil.

    A populao da cidade, os trabalhadores rurais, os senhores de en-genho e mesmo alguns escravos organizaram emboscadas, sob a direo do bispo do Brasil, Dom Marcos Teixeira, e lutaram contra os invasores. O auxlio trazido por uma esquadra de guerra espanhola permitiu expulsar os holandeses, antes que a ocupao completasse um ano.

    Que outro motivo levou os holandeses atacar Salvador, alm do fato de ser esta cidade a capital do Estado do Brasil? Voc pode utilizar o map~ ~p~g!na 78.

    Vista do PrlO do Recife, sculo XVIl. Franz Posto Consultando um dicionrio histrico faa uma pequena biografia dste pintor ho-lands.

    Mas a Companhia no desistira da ocupao do litoral brasileiro. Em 1630, resolveu invadir a Capitania de Pernambuco, regio produtora de acar e onde havia tambm grande quantidade de pau-bras iI. Uma expe-dio ainda mais poderosa foi organizada: setenta navios, sete mil tripulan-tes e duzentos canhes. Os recursos necessrios para equip-la foram quase todos conseguidos no ataque realizado, em 1628, "esquadra de prata" - nome dado frota que levava a produo de prata do Mxico para a Espanha.

  • Retirada do Cabo de S. Roque, quadro de Henrique Bernardelli, Museu Paulista. Como se explica a presena, em 1639, dos ban-deirantes nas lutas contra os holandeses? O texto o auxilia a obter a resposta.

    Aps a conquista das vilas de Olinda e Recife, os invasores estende-ram o seu domnio pela Capitania de Pernambuco e, alguns anos depois, pelas emais capitanias do litoral nordestino. Iniciava-se um longo perodo de ocupao, que duraria vinte e quatro anos (1630-1654).

    A resistncia aos holandeses partiu do Arraial do Bom Jesus, acam-pamento militar prximo Olinda, erguido por Matias de Albuquerque, governador da Capitania de Pernambuco. Senhores e escravos negros, tra-balhadores livres dos engenhos e populao urbana, autoridades e sacer-dotes, reinis (portuguses nascidos em Portugal) e mazombos (filhos de portuguses nascidos no Brasil), ndios e caboclos juntaram-se para expul-sar os invasores. O holands, inimigo comum, unia pela primeira vez num mesmo sentimento de defesa uma populao com tantas diferenas, mas que a colonizao forara ao convvio no mesmo territrio.

    Lutas violentas se sucedem, marcando o avano dos holandeses. Sem quase receber auxlio da Espanha, a populao da colnia no possua recursos para resistir aos invasores, que, em 1635, conquistaram o Arraial de Bom Jesus.

    Os combates estavam arruinando os senhores de engenhos. As plan-taes eram destrudas. Os escravos fugiam para as matas, e foi nessa poca que se constituiu o quilombo dos Palmares.

    Qua~e sempre, os senhores no podiam exportar o acar produzido, porque os holandeses dominavam os portos do litoral.

    Em 1637, o conde Joo Maurcio de Nassau-Siegen chegou a Pernam-buco, para governar as terras conquistadas pela Companhia das ndias Ocidentais. f.le prometeu auxlio financeiro aos senhores para a reconstru- 21-o de seus engenhos, e quase todos aceitaram, havendo, assim, condies para que vivessem em paz.

    Inmeras modificaes ocorreram na rea ocupada pelos holandeses, durante o perodo de govrno de Nassau (1637-1644).

    A vila do Recife, que em 1637 possua apenas 150 casas, em 1639 j contava com 2000. f.sse crescimento demonstra a importncia que o prto de Recife possua para os invasores, que no se interessavam por

  • 92

    Joo Maurcio de Nassau. gravura de autor desconhe-cido_

    Olinda, situada no alto de um morro, e que era o local preferido pelos senhores de engenho.

    Mercadores, usurrios (aqules que emprestam dinheiro) , soldados e marinheiros moravam na parte antiga do Recife, enquanto os ricos comer-ciantes, os funcionrios da Companhia e mesmo alguns senhores de en-genho aiiados dos holandeses residiam num bairro nvo, a cidade de Mau-rcia, construda pelo conde na ilha de Antnio Vaz.

    O conde procurou criar na sede da Nova Holanda um ambiente cul-tural idntico quele a que estava acostumado na Europa. Pintores, astr-nomos, botnicos (os que estudam os vegetais) e historiadores holandeses vieram estudar um mundo que lhes era totalmente nvo, uma colnia tropical.

    Em 1640, parecia que a tranqilidade na Nova Holanda era defini-tiva. O conde de Nassau, alm das medidas em favor da economia auca-reira e da cultura da Nova Holanda, convocara uma assemblia dos repre-sentantes das antigas cmaras municipais da regio ocupada.

    Aquela situao de tranqilidade aparente comeou a se modificar, quando a Companhia ordenou aos senhores de engenho o pagamento dos emprstimos que tinham recebido. Muitos dles no podiam faz-lo e, para no entregarem suas terras aos credores (pessoas a quem se deve) , revol-

  • "O holands, inimigo comum, unia pela primeira vez num mesmo sentimento de defesa uma populao com tantas diferenas ... " Batalha dos Guararapes, Vtor Meireles, Muse.u Nacional de Belas Artes, R. J.

    taram-se em 1645. Um ano antes, Maurcio de Nassau, chamado pela Com-panhia das lndias Ocidentais, regressara para a Holanda.

    Mas no era somente por causa do pagamento dos emprstimos que os senhores de engenho e os habitantes do Nordeste se revoltaram contra os holandeses. Havia, tambm, outras razes, como as religiosas - os ho-landeses eram protestantes, enquanto os brasileiros e portuguses eram ca-tlicos, e no seria fcil que uns e outros pudessem viver em paz muito tempo.

    Iniciava-se a Insurreio Pernambucana sob o comando do portugus Joo Fernandes Vieira, de Andr Vidal de Negreiros, do ndio Filipe Ca-maro e do negro Henrique Dias. O senhor de engenho Joo Fernandes Vieira ergueu, no mesmo local do anterior, o Arraial Nvo do Bom Jesus, que serviria para reviver na populao o ideal da resistncia.

    Aps lutas violentas, como o combate do Monte das Tabocas (1645) e as duas batalhas dos Guararapes (1648 e 1649), os holandeses foram derrotados. Em 1640 ocorrera a Restaurao portugusa, isto , terminara a Unio Ibrica. Mesmo assim, Portugal pouco pde auxiliar na luta contra os invasores. Uma das medidas tomadas para isso foi a criao da Compa-nhia Geral do Comrcio do Brasil (1649). Como a Repblica das Provn-cias Unidas estava em guerra com a Inglaterra (1652-1654), no pde ajudar as tropas holandesas no Brasil, o que fz que o tenente-general Sigis-mundo von Schkoppe assinasse a rendio da Campina da Taborda, em 1654.

    93

  • Embora expulsos, do, Br$il;os fiolandses soment~ reconheceram a. perda do litoral n()tdestiu,o~m 1661, quando assinaram a paz

    , pe .. Haia. com, Portugal.

    Por ste tratado, a Rpblica das Provncias Unidas aceitava o do-mnio portugus sbre aquela regio e sbre Angola, que fra reconquis-tada pelo governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de S e Bene-vides, em 1648. Contudo, os holandeses manteriam sob seu domnio as co-lnias orientais que haviam conquistado e ainda receberiam uma indeni-zao em dinheiro.

    Expulsos do Brasil, os holandeses passaram a produzir cana-de-aucar nas suas colnias nas Antilhas. :f:sse acar era vendido na Europa por um preo mais baixo do que aqule produzido no Brasil. Isto provocou uma diminuio da produo brasileira.

    Portugal conseguira manter o seu domnio sbre o litoral brasileiro pela Paz de Haia, mas no assegurou o monoplio da produo do acar que possua antes das "guerras do acar" .

    Consulte uma enciclopdia para saber se a Holanda, que atualmente se denomina Reino dos Pases-Baixos, desenvolve alguma atividade eco-nmica idntica da poca em que invadiu o Nordeste brasileiro.

    8. TODOS OS CAMINHOS CONDUZEM A ESPANHA

    COLONIZAO ESPANHOLA NA AMRICA SCULOS XVI E XVII

    Em "O Brasil dos Filipes", voc aprendeu que os seus domnios abran-giam terras na Europa, na frica, na sia e na Amrica. Alm disso, controlavam as rotas martimas no Mediterrneo j no Pacfico e no Atln-tico. Para mater sse imenso Imprio - grande extenso de terras sob a autoridade de um monarca chamado imperador - os Filipes necessi-tavam de uma numerosa burocracia, isto , de funcionrios que trabalhas-sem para o govrno. Mas necessitavam, tambm, de exrcito e de marinha muito fortes . E como fssem ardorosos defensores da religio catlica, ne-cessitavam, ainda, da colaborao do clero (sacerdotes).

    De onde vinham os recursos para pagar a burocracia, o exrcito, a marinha e o clero dos espanhis, que mantinham seus domnios?

    Os recursos ,que permitiranl "~os Filipes manter seus extensos do..: mnios, nos sculos XVI e xxn, vieram, principalmente, de suas co"

    lni~s na Amrica.

  • Para obter riquezas, no bastava descobrir e conquistar colnias. Era preciso povo-las, defend-las e organiz-las. Era preciso transmitir para os primitivos habitantes a religio, os costumes e as leis dos espanhis. Era preciso colonizar.

    A Espanha era, naquela poca, uma monarquia ab