Brincar precisa-se!

1
Sociedade Jornal de Leiria 29 de Maio de 2014 11 Sociedade F ÉRIAS P EDAGÓGICAS V ERÃO 20 14 Piscina Geocaching “Descobrir Leiria” Caminhadas Piqueniques Visitas de Estudo (Agromuseu Dona Julinha, Vale do Lapedo, Moinho de Papel, …) Ténis e Ténis de Mesa Fitness Matemática + Divertida Ciência + Divertida Trabalhos Manuais Yoga Jogos Pedagógicos Jogos Tradicionais Torneios de Xadrez Cinema Destinatários Crianças dos 6 aos 14 anos Horário Das 8:30 às 19: 30 Informações | Inscrições [email protected] 244 836 438 966 408 753 912 073 743 Calendarização de atividades em www.xplicamais.com 12€ por dia Almoço a preço reduzido Nas Férias precisamos de brincar, mas também podemos aprender! R. Afonso Lopes Vieira, Lote 55 – Loja 53 2400 - 082 Leiria Junto à Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo PUBLICIDADE Elisabete Cruz [email protected] Brincar, brincar, brincar. O psi- cólogo Eduardo Sá não se cansa de frisar a importância de se dedicar mais tempo às brincadeiras e me- nos aos trabalhos da escola. No do- mingo, assinala-se o Dia Mundial da Criança, um dia que devia ser lembrado todos os dias. No I Fórum Famílias, que se de- bruçou sobre A relação dos pais com a escola, Eduardo Sá insistiu com pais, professores e educado- res para disponibilizarem mais tempo às crianças para a brinca- deira. “Era muito importante que se pudesse dizer que o jardim de infância é muito importante para brincar, que brincar é um patri- mónio da humanidade e que as crianças saudáveis têm de brincar todos os dias”. Portanto, “pais, professores e educadores deviam tornar obrigatório brincar todos os dias”, pois “as crianças que não brincam todos os dias adoecem em suaves prestações”, destacou o especialista. Eduardo Sá critica, sobretudo, o en- sino obrigatório, nomeadamente o en- sino básico. “Gostava que os pais ti- vessem a noção de que a família é mais importante que a escola e que brincar é tão importante quanto aprender. Esta ideia demasiado es- colarizada do mundo, com o devido respeito, é uma perfeita idiotice. As crianças não precisam estar muitas horas na escola para aprender.” Segundo o psicólogo, “se os res- tras disciplinas para carregarem as crianças com matemática e portu- guês. Entramos neste registo, em que toda a gente trabalha para os rankings. Em português claro, a isso chama-se trabalhar para a vaidade. As pessoas quando são vaidosas tornam-se estúpidas.” 'Brincando' com a situação, eduar- do Sá desafia a autarquia de Leiria – organizadora do Fórum – a criar um ranking dos “melhores recreios”. “Já agora poderia criar-se um ranking, uma espécie de quadro de honra, para os alunos faladores. Falar é um património precioso e a escola, para ser uma escola, deve ser uma praça onde as pessoas conversam umas com as outras”, acrescentou, justifi- cando que “os alunos aprendem mais quando conversam com um professor, do que quando ele debita matéria. O professor é um bem de pri- meira necessidade.” Para o especialista, as explica- ções são uma “epidemia”, que evi- dencia “o quanto a escola está a fa- lhar”. Eduardo Sá entende que é o momento da associação de profes- sores de matemática, por exemplo, “parar dez minutos e perguntar o que está a falhar no ensino da ma- temática”. Regra geral, as crianças “para terem sucesso educativo na matemática têm que ter explica- ções”. “Isto diz alguma coisa do que está a falhar no ensino da ma- temática ou não? E não é sensato que se retirem daqui as consequências com toda a humildade professores e pais incluídos, para mudar tudo isto? Parece-me que sim.” Crianças chegam a estudar oito horas por dia Psicólogo Eduardo Sá lamenta que pais e escola esqueçam de dar tempo livre às crianças Brincar precisa-se! Défice de atenção Aulas de 90 minutos? Não obrigada As aulas de 90 minutos são responsáveis pelo número elevado de crianças com défice de atenção. “Se querem promover o sucesso educativo deixem de andar nesta vertigem de aulas e mais aulas e, por favor, sejam mais generosos nos tempos de recreio. Recreios de dez minutos fazem mal à saúde, porque lhes dá três minutos para ir à casa de banho, três minutos para comer pão, três minutos para brincar e ficam os trocos. E três minutos para brincar entre pacotes de aulas de 90 obviamente que são os melhores amigos dos défice de atenção.” Eduardo Sá questiona como é que as crianças podem estar atentas se “saem às 8 horas e entram às 20 horas em casa”. Neste intervalo, “têm aulas sobre aulas, ateliers de tempos livres que são actividade escolar parte dois”. A situação piora com as actividades extra-curriculares, explicações e trabalhos de casa. “Qual é mais- valia dos trabalhos de casa num contexto deste? As crianças adoram os professores, a escola e brincar, mas se é para isto, as crianças saudáveis dizem frequentemente hoje não vou à escola, porque é evidente que não estamos a ensiná-las a ser mais inteligentes, mas a repetir, que é tudo aquilo que as crianças inteligentes não devem fazer”. ponsáveis políticos ao nível central fossem honestos, teriam obriga- ção de explicar aos cidadãos porque é que as crianças passam cada vez mais horas nas escolas e, ao mesmo tempo, têm resultados nos exames nacionais que são uma verdadeira vergonha”. Alertando para as “crianças de porcelana” que a sociedade está a criar, através de uma protecção exagerada, Eduardo Sá revela que “as crianças certinhas não são sau- dáveis, são crianças deprimidas”. Por isso, “as crianças saudáveis fa- zem lembrar a CGTP numa versão melhorada”. A “estupidez” dos rankings Por outro lado, “a escola devia fe- char para balanço e abrir com ou- tra gerência”. A razão, segundo o psicólogo é simples: a obsessão pelos rankings, que são “o princí- pio da estupidez humana”. Critico, Eduardo Sá lamentou que haja escolas “de inspiração cristã”, que “recusem crianças para não enviesar os rankings”. “Sei de crianças que são convida- das a sair, porque têm média de 12 e outras, com média 14 são repro- vadas administrativamente. Há es- colas em que chegam a Fevereiro e deixam de dar educação física e ou- RICARDO GRAÇA/ARQUIVO PUBLICIDADE Loja em Leiria + www.pimpumplay.pt Escola de Equitação . Quinta Pedagógica . Cavalos a Penso . Eventos Hípicos Concurso Hípico • Concurso Canino Inauguração da Quinta Pegagógica 1 JUNHO DIA ABERTO Quinta Vale do Lena . Rua do Olival, Azoia 2400-823 LEIRIA . Tm. 917 444 277 www.quintavaledolena.pt

description

"Brincar, brincar, brincar. O psicólogo Eduardo Sá não se cansa de frisar a importância de se dedicar mais tempo às brincadeiras e menos aos trabalhos da escola. No domingo, assinala-se o Dia Mundial da Criança, um dia que devia ser lembrado todos os dias.". Artigo do Jornal de Leiria, 29 de Maio de 2014

Transcript of Brincar precisa-se!

Page 1: Brincar precisa-se!

SociedadeJornal de Leiria 29 de Maio de 2014 11

Sociedade

FFÉ RIA S PE DA GÓ GICA SV E RÃ O 20 14

Piscina Geocaching “Descobrir Leiria” Caminhadas Piqueniques Visitas de Estudo (Agromuseu Dona Julinha,

Vale do Lapedo, Moinho de Papel, …)

Ténis e Ténis de Mesa Fitness Matemática + Divertida Ciência + Divertida Trabalhos Manuais Yoga Jogos Pedagógicos Jogos Tradicionais Torneios de Xadrez Cinema …

Des tinatários Crianças dos

6 aos 14 anos

H orário Das 8:30 às 19:30

Informações | Ins crições

[email protected] 244 836 438 966 408 753

912 073 743

CCalendarização de atividades em

www.xplicamais.com

12€ por dia

Almoço a preço reduzido

Nas Férias precisamos de brincar, mas

também podemos aprender!

R. Afonso Lopes Vieira, Lote 55 – Loja 53

2400 - 082 Leiria Junto à E s cola S ecundária Francis co Rodrigues Lobo

PUBLICIDADE

Elisabete [email protected]

� Brincar, brincar, brincar. O psi-cólogo Eduardo Sá não se cansa defrisar a importância de se dedicarmais tempo às brincadeiras e me-nos aos trabalhos da escola. No do-mingo, assinala-se o Dia Mundialda Criança, um dia que devia serlembrado todos os dias.

No I Fórum Famílias, que se de-bruçou sobre A relação dos paiscom a escola, Eduardo Sá insistiucom pais, professores e educado-res para disponibilizarem maistempo às crianças para a brinca-deira. “Era muito importante quese pudesse dizer que o jardim deinfância é muito importante parabrincar, que brincar é um patri-mónio da humanidade e que ascrianças saudáveis têm de brincartodos os dias”. Portanto, “pais,professores e educadores deviamtornar obrigatório brincar todos osdias”, pois “as crianças que nãobrincam todos os dias adoecem emsuaves prestações”, destacou oespecialista.

Eduardo Sá critica, sobretudo, o en-sino obrigatório, nomeadamente o en-sino básico. “Gostava que os pais ti-vessem a noção de que a família émais importante que a escola e quebrincar é tão importante quantoaprender. Esta ideia demasiado es-colarizada do mundo, com o devidorespeito, é uma perfeita idiotice. Ascrianças não precisam estar muitashoras na escola para aprender.”

Segundo o psicólogo, “se os res-

tras disciplinas para carregarem ascrianças com matemática e portu-guês. Entramos neste registo, emque toda a gente trabalha para osrankings. Em português claro, a issochama-se trabalhar para a vaidade.As pessoas quando são vaidosastornam-se estúpidas.”

'Brincando' com a situação, eduar-do Sá desafia a autarquia de Leiria –organizadora do Fórum – a criar umranking dos “melhores recreios”. “Jáagora poderia criar-se um ranking,uma espécie de quadro de honra,para os alunos faladores. Falar é umpatrimónio precioso e a escola, paraser uma escola, deve ser uma praçaonde as pessoas conversam umascom as outras”, acrescentou, justifi-cando que “os alunos aprendemmais quando conversam com umprofessor, do que quando ele debitamatéria. O professor é um bem de pri-meira necessidade.”

Para o especialista, as explica-ções são uma “epidemia”, que evi-dencia “o quanto a escola está a fa-lhar”. Eduardo Sá entende que é omomento da associação de profes-sores de matemática, por exemplo,“parar dez minutos e perguntar oque está a falhar no ensino da ma-temática”. Regra geral, as crianças“para terem sucesso educativo namatemática têm que ter explica-ções”. “Isto diz alguma coisa doque está a falhar no ensino da ma-temática ou não? E não é sensato quese retirem daqui as consequênciascom toda a humildade professores epais incluídos, para mudar tudoisto? Parece-me que sim.”

Crianças chegam a estudar oito horas por dia

Psicólogo Eduardo Sá lamenta que pais e escola esqueçam de dar tempo livre às crianças

Brincar precisa-se!Défice de atençãoAulas de 90 minutos?Não obrigadaAs aulas de 90 minutos sãoresponsáveis pelo número elevadode crianças com défice de atenção.“Se querem promover o sucessoeducativo deixem de andar nestavertigem de aulas e mais aulas e,por favor, sejam mais generososnos tempos de recreio. Recreios dedez minutos fazem mal à saúde,porque lhes dá três minutos para irà casa de banho, três minutos paracomer pão, três minutos parabrincar e ficam os trocos. E trêsminutos para brincar entre pacotesde aulas de 90 obviamente que sãoos melhores amigos dos défice deatenção.” Eduardo Sá questionacomo é que as crianças podemestar atentas se “saem às 8 horas eentram às 20 horas em casa”. Nesteintervalo, “têm aulas sobre aulas,ateliers de tempos livres que sãoactividade escolar parte dois”. Asituação piora com as actividadesextra-curriculares, explicações etrabalhos de casa. “Qual é mais-valia dos trabalhos de casa numcontexto deste? As criançasadoram os professores, a escola ebrincar, mas se é para isto, ascrianças saudáveis dizemfrequentemente hoje não vou àescola, porque é evidente que nãoestamos a ensiná-las a ser maisinteligentes, mas a repetir, que étudo aquilo que as criançasinteligentes não devem fazer”.

ponsáveis políticos ao nível centralfossem honestos, teriam obriga-ção de explicar aos cidadãos porqueé que as crianças passam cada vezmais horas nas escolas e, ao mesmotempo, têm resultados nos examesnacionais que são uma verdadeiravergonha”.

Alertando para as “crianças deporcelana” que a sociedade está acriar, através de uma protecçãoexagerada, Eduardo Sá revela que“as crianças certinhas não são sau-dáveis, são crianças deprimidas”.Por isso, “as crianças saudáveis fa-zem lembrar a CGTP numa versãomelhorada”.

A “estupidez” dos rankingsPor outro lado, “a escola devia fe-char para balanço e abrir com ou-tra gerência”. A razão, segundo opsicólogo é simples: a obsessãopelos rankings, que são “o princí-pio da estupidez humana”.

Critico, Eduardo Sá lamentouque haja escolas “de inspiraçãocristã”, que “recusem criançaspara não enviesar os rankings”.“Sei de crianças que são convida-das a sair, porque têm média de 12e outras, com média 14 são repro-vadas administrativamente. Há es-colas em que chegam a Fevereiro edeixam de dar educação física e ou-

RICARDO GRAÇA/ARQUIVO

PUBLICIDADE

Loja em Leiria + www.pimpumplay.pt

Escola de Equitação . Quinta Pedagógica . Cavalos a Penso . Eventos Hípicos

Concurso Hípico • Concurso Canino Inauguração da Quinta Pegagógica

1 JUNHO DIA ABERTO

Quinta Vale do Lena . Rua do Olival, Azoia

2400-823 LEIRIA . Tm. 917 444 277

www.quintavaledolena.pt