Brinquedo Terapêutico

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI Brinquedo Terapêutico SÃO PAULO 2013

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

Brinquedo Terapêutico

SÃO PAULO

2013

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

AMANDA HENRIQUE AVANÇO

BRUNO BAZEIO

CAMILA FERREIRA DA SILVA

CAROLINA TEODORO

GISELLE BUONO DE OLIVEIRA

HELLEN GOUVEIA JACINTO

JESSICA MARIANE EVANGELISTA ZEBINI

Brinquedo Terapêutico

SÃO PAULO

2013

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1. INTRODUÇÃO AO BRINQUEDO TERAPÊUTICO

Brincar é uma atividade inerente ao comportamento infantil e essencial ao

bem-estar da criança, pois colabora efetivamente para o seu desenvolvimento

físico/motor, emocional, mental e social, além de ajudá-la a lidar com a experiência e

dominar a realidade. Pode ser considerada como fonte de adaptação, e instrumento

de formação, manutenção e recuperação da saúde. Assim, como as necessidades

do seu desenvolvimento, a necessidade de brincar não para quando a criança

adoece ou é hospitalizada.

Sabe-se que a hospitalização é uma situação potencialmente estressante

para a criança, que pode determinar agravos emocionais, caso não haja um manejo

adequado da situação por parte da equipe de saúde que a assiste, sendo assim a

assistência de enfermagem a essa criança deve ultrapassar a prestação de cuidados

físicos e o conhecimento que o enfermeiro deve ter a respeito de sua doença e das

intervenções diagnósticas ou terapêuticas realizadas.

Portanto a assistência de enfermagem à criança hospitalizada deve

considerar as necessidades emocionais e sociais delas, abrangendo o uso de

técnicas adequadas de comunicação e relacionamento, dentre as quais destacamos

a situação de brincar.

Nesse contexto surge o Brinquedo Terapêutico que se constitui num

brinquedo estruturado para a criança aliviar a ansiedade causada por experiências

atípicas para a idade, que costumam ser ameaçadoras e requerem mais do que

recreação para resolver a ansiedade associada, devendo ser utilizado sempre que

ela tiver dificuldade em compreender ou lidar com uma experiência difícil ou ainda

necessitar ser preparada para procedimentos terapêuticos, pois proporciona a

criança a oportunidade de descarregar sua tensão após esses procedimentos ao

dramatizar as situações vividas e manusear os intrumentos utilizados ou brinquedos

que os representem.

O brinquedo terapêutico tem sido utilizado na assistência de enfermagem à

criança hospitalizada não só como uma forma de satisfazer a necessidade

recreacional e propiciar o desenvolvimento físico, mental, emocional e a

socialização. Também representa uma possibilidade de comunicação pela qual os

enfermeiros podem dar explicações, bem como receber informações da criança

sobre o significado das situações vividas por ela, e assim traçar metas de assistência

de enfermagem.

Ainda segundo Tania Ramos Fortuna, no livro “Brincar, Viver e Aprender”, o

conceito do Brinquedo Terapêutico é identificar a linguagem, gestos e

comportamentos implícitos e explicitos e ainda diminuir as tensões geradas pela

hospitalização, favorecendo a adesão ao tratamento.

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Atualmente sabe-se que o Brinquedo Terapêutico é uma ferramenta

fundamental aos profissionais da área da saúde que trabalham em unidades

pediátricas, especialmente no preparo da criança para procedimentos invasivos,

propiciando maior aceitação e cooperação. Quando ela não é preparada

emocionalmente para a hospitalização e para os procedimentos hospitalares, pode

apresentar uma série de comportamentos em função do medo do desconhecido,

comprometendo suas habilidades para lidar efetivamente com essa experiência.

2. CLASSIFICAÇÃO DE BRINQUEDO TERAPÊUTICO

Existem dois tipos de brinquedo, o normativo e o terapêutico. Atividades

espontâneas que levam ao prazer, sem, no entanto, precisar alcançar um objetivo,

constituem o brinquedo normativo, e a sala de recreação é o melhor local para

desenvolvê-lo. Já o brinquedo terapêutico necessita de um profissional para

direcionar a criança. É necessário estimulá-la a participar, e o brinquedo tem como

meta conduzir a criança, que vivencia a situação de hospitalização, a um bem-estar

físico e emocional. O ambiente deve ser previamente preparado com brinquedos, e

existem técnicas específicas para sua aplicação (LEITE; SHIMO, 2007).

Pode-se classificar o brinquedo terapêutico em três tipos: dramático ou

catártico, cujo objetivo é permitir a descarga emocional da criança; instrucional, que

visa preparar a criança para os procedimentos a que será submetida; e capacitador

de funções fisiológicas, cuja meta é potencializar o uso das funções fisiológicas da

criança de acordo com a sua condição.

2.1 Brinquedo Terapêutico Dramático

Possui o objetivo de Aliviar a ansiedade das crianças oriundas de

experiências atípicas à sua idade como a vivência de doenças, tratamentos e a

própria hospitalização.

Sua aplicação é indicada em crianças a partir de 24 meses de idade, e

adolescentes internados ou em unidade ambulatorial ou ainda no pronto

atendimento.

Os responsáveis pela aplicação do instrumento, devem ser enfermeiros que

conheçam a técnica e sejam preparados para sua utilização.

Para a realização da atividade são utilizados Figuras representativas da

família; figuras representativas de profissionais de saúde, figuras representativas de

animais domésticos; objetos de uso hospitalar (que podem variar de acordo com o

procedimento a ser dramatizado); objetos de uso doméstico; bonecos para

realização de procedimentos; carro, telefone, mamadeira, revolver de plástico,

material para desenho e pintura; blocos geométricos; impresso de evolução

multiprofissional.

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Segue abaixo, check list descrevendo a técnica de aplicação do brinquedo

terapêutico dramático, elaborado por docentes da Universidade Federal de São

Paulo em 2006, sendo a última revisão do conteúdo em 2008.

Recomenda-se a utilização de material diversificado para permitir que a

criança expresse livremente sentimentos regressivos, de raiva e/ou hostilidade e

possa dramatizar situações domésticas e/ou hospitalares.

A não disponibilidade de todo o material citado não deve ser impeditiva da

aplicação do brinquedo. Neste caso deve-se utilizar o material disponível podendo

ser inclusive o da própria criança se ela permitir.

Não existe um número fixo de sessões, depende das necessidades de cada

criança e das situações por elas vividas.

Podem ser feitas sessões para grupos de crianças, embora o mais comum

sejam sessões individuais.

Além da pessoa que irá realizar a sessão, poderá participar a mãe ou outro

membro da família se a criança pedir, com ressalva de explicar previamente os

objetivos e a condução do brinquedo terapêutico dramático.

Deve-se lembrar que brincar é uma necessidade básica da criança, cuja

satisfação, tem precedência sobre as demais, a não ser que o organismo esteja em

elevado estado de tensão, medo ou privação e ainda recomenda-se discutir com os

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demais profissionais a compreensão das manifestações da criança para que sejam

planejados os cuidados e partir da mesma.

2.2 Brinquedo Terapêutico Instrucional

É uma brincadeira com tema determinado, a partir do qual a criança ou

adolescente receberá explicação/ instrução sobre sua doença e procedimentos/

tratamentos a que deverá ser submetida e onde descarregará sua tensão

determinada pelos mesmos, dramatizando-os antes e após uma realização.

Indicado para crianças a partir dos 2 anos (idade a partir da qual a criança

simboliza) e adolescente internado ou em unidade ambulatorial ou no pronto

atendimento. Sendo que o profissional responsável por desenvolver a atividade é o

Enfermeiro que conhece a técnica e é preparado para sua utilização.

Devem se utilizar bonecos de borracha ou pano e material referente ao

procedimento que deverá ser realizado na criança ou referente à instrução que

deverá ser dada além do impresso de evolução multiprofissional.

Abaixo Ckeck List descrevendo a técnica de aplicação:

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Embora seja recomendado o uso de bonecos apropriados para a

dramatização de determinados procedimentos na sua ausência pode-se utilizar os

bonecos do brinquedo dramático.

O tempo de duração da sessão depende da necessidade da criança,

podendo variar de 2 minutos a 50 minutos, dependendo da idade da criança e da

complexidade do procedimento. Lembrar sempre que o resultado de qualquer

preparo é sempre individual e não se deve esperar mudanças de comportamento da

criança.

Na realização do procedimento a criança deverá ser avisada do término do

mesmo. Mesmo nos casos em que é necessário restringir a criança para realizar o

procedimento não se deve desconsiderar o valor do preparo com o brinquedo. Deve-

se reaplicá-lo novamente após o procedimento, para que a criança descarregue sua

tensão. Caso a criança recuse no dia em questão, deve-se oferecer novamente nos

dias subseqüentes.

O preparo da criança com brinquedo, para procedimentos/experiências

desagradáveis e ou dolorosas pode ser realizado em dias, horas ou minutos antes

do procedimento, dependendo da faixa etária e do tipo de procedimento a ser

realizado. Crianças lactentes e no início do pré-escolar por exemplo, devem ser

preparadas imediatamente antes dos procedimentos, tanto não invasivos como os

invasivos, evitando assim criar expectativas desnecessárias; já crianças pré-

escolares em diante dar um tempo de aproximadamente 20 a 30 minutos entre o

término da sessão e o início do procedimento, principalmente os invasivos, para

permitir a elaboração das informações recebidas;

Lembrar de iniciar o preparo da criança com 2 ou até 7 dias antes para

intervenções cirúrgicas ou exames que requerem um preparo especial, como por

exemplo lavagem intestinal.

No decorrer da sessão de Brinquedo Instrucional é comum a criança passar

a dramatizar outras situações vividas transformando a sessão em Brinquedo

Terapêutico Dramático.

2.3 Brinquedo Terapêutico Capacitador de Funções Fisiológicas

Este tipo de brinquedo terapêutico visa preparar a criança para utilizar

plenamente as suas capacidades fisiológicas dentro de suas novas possibilidades,

compreender e se adaptar a nova condição de vida. É indicado para crianças e

adolescentes internados ou em unidades ambulatoriais ou ainda no pronto

atendimento.

Entre os materiais utilizados encontramos Bonecos de borracha ou pano

(com tinta lavável) e o material referente ao treinamento ou exercícios que deverá

ser realizado pela criança ou adolescente e ainda o impresso de evolução

multiprofissional.

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O conhecimento da teoria e da técnica do brinquedo fornece o

embasamento científico para a utilização deste tipo de brincadeira, como é

instrumento de intervenção de enfermagem.

Espera-se que praticando atividades terapêuticas alegres, crianças

desenvolverão comportamentos mais positivos e buscarão participar mais de seu

cuidado. Nesse contexto existem uma grande variedade de atividades que podem

ser escolhidas. As atividades que são selecionadas devem ser destinadas a tratar

diferentes condições patológicas, bem como ser apropriadas para o nível de

desenvolvimento da criança.

Quanto à limpeza dos brinquedos:

- os brinquedos de borracha ou plástico deverão ser lavado com água a

sabão neutro e após deverão ser friccionados com um pano umedecido com álcool

70%;

- os bonecos de pano deverão ser limpos com um pano umedecido com

álcool 70% e lavados sempre que necessário;

- no caso de infusão de líquidos nos bonecos utilizar apenas água ou álcool

se a tintura do material permitir;

- os objetos de uso hospitalar deverão ser desprezados após o uso (se

pérfuro-cortantes) e os demais devem ser descartados periodicamente e

substituídos.

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3. ASPECTOS LEGISLATIVOS E NORMATIVOS DO BT

A utilização do Brinquedo Terapêutico é recomendada e regulamentada pelo

Conselho Federal de Enfermagem na Resolução Nº 295 de 24 de outubro de 2004.

Descrita abaixo:

Resolução COFEN-295/004

Dispõe sobre a utilização da técnica do Brinquedo/Brinquedo Terapêutico

pelo Enfermeiro na assistência à criança hospitalizada.

O Conselho Federal de Enfermagem – COFEN, no uso das atribuições

previstas nos artigos 2º e 8º da Lei nº. 5.905, de 12 de julho de 1973, no artigo 13,

inciso XIII, do Regimento Interno da Autarquia aprovado pela Resolução COFEN nº.

242/2000 e cumprindo deliberação do Plenário em sua 322ª Reunião Ordinária;

CONSIDERANDO a Lei nº. 7.498, de 25 de junho de 1986, no seu artigo 11, inciso I,

alíneas “c”, “i” e “j” e inciso II, alínea “b”;

CONSIDERANDO o Decreto nº. 94.406, de 08 de junho de 1987, no seu artigo 8º,

inciso I, alíneas “c”, “e” e “f” e inciso II, alíneas “b” e “i”;

CONSIDERANDO o disposto no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem,

aprovado pela Resolução COFEN nº. 240/2000;

CONSIDERANDO o disposto na Resolução COFEN nº. 272/2002 que dispõe sobre

a Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE, nas Instituições de Saúde

Brasileiras;

CONSIDERANDO a Lei Federal nº. 8.069 de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre

o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seus artigos 16, 17, 18, 70 e 71;

CONSIDERANDO o Decreto Legislativo nº. 28/90, publicado no D.O. do Congresso

Nacional, que aprova o texto da Convenção sobre os Direitos da Criança;

CONSIDERANDO o Parecer COFEN nº. 031/2004, aprovado na 321ª Reunião

Ordinária do Plenário, bem como, tudo que mais consta do PAD-COFEN nº.

032/2004;

RESOLVE:

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Artigo 1º – Compete ao Enfermeiro que atua na área pediátrica, enquanto integrante

da equipe multiprofissional de saúde, a utilização da técnica do Brinquedo/Brinquedo

Terapêutico, na assistência à criança e família hospitalizadas.

Artigo 2º – Esta Resolução entra em vigor na data da sua assinatura, revogando-se

disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 24 de outubro de 2004.

Gilberto Linhares Teixeira Presidente Carmem de Almeida da Silva

COREN-RJ Nº 2.380 COREN SP Nº 2254 Primeira-Secretaria

4. BENEFÍCIOS DO BRINQUEDO TERAPÊUTICO

As crianças são capazes de avaliar a qualidade do cuidado prestado pelas

enfermeiras e suas expectativas são que as mesmas sejam humanas, verdadeiras,

confiáveis, tenham senso de humor, usem roupas coloridas e desenvolvam

atividades para distração.

Um estudo realizado em 2008 por enfermeiras docentes da Universidade

Federal de São Paulo, levantou os benefícios vivenciados por enfermeiras na prática

assistencial a criança e à família, por meio da utilização do BT, onde cerca de sete

enfermeiras que utilizavam a prática do BT em seus pacientes foram entrevistadas.

Este estudo mostra que ao utilizar o BT em sua prática assistencial ou de ensino,

interações significativas vão acontecendo entre enfermeira, criança, família, equipe e

ambiente, sendo essas alterações percebidas por elas como grande benefícios para

todos.

Algumas enfermeiras do estudo ainda acreditam que os pais também devem

ser preparados com o BT, antes da criança, pois se assim for a criança se sente

mais segura e estabelece um vínculo com os pais, pois mostra que se importa com o

que está se passando.

Em outra parte do estudo, algumas enfermeiras descrevem que a equipe de

enfermagem se beneficia pois consegue afastar o medo da criança e a mesma se

sente feliz e acaba se esquecendo que está em um ambiente hospitalar, além de

estabelecer um vínculo de confiança entre enfermeiro e criança.

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Na criança, percebe-se que o BT é capaz de promover o desenvolvimento e

a socialização da criança, bem como estimulação de sua imaginação e seu

desenvolvimento.

Enfermeiras ainda constatam que o BT favorece a elaboração de situações

conflitantes, inclusive aquelas de origem familiar, promovendo a catarse ou seja uma

descarga emocional.

Além da criança e família as enfermeiras do estudo constatam que a

utilização do BT traz benefícios ao profissional que aplica a técnica, pois o BT

estabelece uma interação permeada pela confiança com criança e família, além de

oferecer a possibilidade de visualização das relações entre pais e filhos.

O profissional relata que se sente gratificado, realizado e capaz de

transformar o ambiente hospitalar em um lugar mais alegre, além de se sentir muito

feliz por conseguir ultrapassar barreiras nas relações que constrói com a criança e a

família.

5. BRINQUEDO TERAPÊUTICO X LUDOTERAPIA

Descreve-se como Ludoterapia ou brinquedo terapia, uma técnica

psiquiátrica usada em crianças com distúrbios emocionais, neuróticos ou

psicóticos.Sendo que cada sessão pode ser conduzida por um psiquiatra, psicólogo

ou enfermeiro especializado, sendo que o ambiente de aplicação deve ser muito

bem controlado.

Sua meta é promover a compreensão da criança sobre seu próprio

comportamento e sentimento. O terapeuta deve refletir as expressões verbais e não

verbais da criança, bem como interpretá-las para ela. Normalmente as sessões de

ludoterapia são de uma hora e podem continuar por vários meses.

Já o Brinquedo Terapêutico é descrito como um brinquedo estruturado que

possibilita a criança aliviar a ansiedade gerada por experiências atípicas à sua idade,

que costumam ser ameaçadoras e requerem mais do que recreação paara resolver

a ansiedade associada.

Deve ser utilizado para qualquer criança hospitalizada, por qualquer

enfermeira com domínio da técnica, com o objetivo de permitir-lhe alguma

compreensão sobre as necessidades e os sentimentos da criança. Nesse caso

apenas as expressões verbais da criança são refletidas a ela, não se devendo tentar

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explicar as suas atividades. As sessões podem ser realizadas na brinquedoteca, na

cama da criança ou em qualquer outra area conveniente, levando geralmente de 15

a 45 minutos de duração.

6. HISTÓRICO NO BRASIL

Entre as novas tendências filosóficas do cuidado à criança, destaca-se a

prestação da assistência atraumática que pressupõe intervenções voltadas a

eliminar ou minimizar os desconfortos físicos e psicológicos experimentados pelas

crianças e seus familiares, seja na realização de um procedimento ou quando

vivenciam a internação hospitalar. Como recurso para esta assistência de

enfermagem efetiva e atraumática destaca-se o emprego do brinquedo/brinquedo

terapêutico.

No Brasil, o ensino do brinquedo, como recurso de intervenção na

assistência de enfermagem à criança, iniciou-se no final da década de 1960, com a

Profa. Dra. Esther Moraes, na época, docente na Disciplina Enfermagem Pediátrica

da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP).

Em entrevista com a Profa. Dra. Esther Moraes, para melhor conhecer a

situação, ela afirmou ser o brinquedo dramático uma forma de interação entre

pessoas e começou a utilizá-lo na assistência à criança, intuitivamente, durante a

observação de situações traumatizantes à criança.

A partir de então, constatou menor sofrimento e maior cooperação quanto ao

tratamento, quando a criança tinha a oportunidade de repetir os procedimentos em

bonecas ou conversar com as mesmas. Verificou que o brincar amenizava o

sofrimento ocasionado pela separação de seus pais na hospitalização. Percebeu

que, por meio dessa assistência, havia maior aproximação entre o adulto e o

pequeno paciente, tornando, assim, o cuidado individualizado.

Quanto à facilidade ou dificuldade no emprego do brinquedo pelos alunos, a

Prof.ª Dra. Esther refere que dependia da prontidão dos estudantes; isto é, sua

capacidade de envolvimento e entrega a algo novo e desconhecido. Relata que

aqueles que estavam “amarrados” em si mesmos, não conseguiam se beneficiar das

propriedades que o emprego do brinquedo poderia proporcionar a seu processo de

aprendizagem.

Hoje, a abordagem desta temática no ensino de graduação em enfermagem

é recomendada pelos órgãos profissionais: o Conselho Federal de Enfermagem

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(COFEN), pela Resolução N.º 295/2004 e o Conselho Regional de Enfermagem -SP

(COREN-SP), pela PRCI N.º 5.1669, a fim de assegurar ao profissional enfermeiro,

em sua prática, o emprego da técnica do brinquedo/brinquedo terapêutico na

assistência à criança e sua família.