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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA BRUNA CRISTINA DA SILVA A MÚSICA ENQUANTO LINGUAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL NATAL RN 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

BRUNA CRISTINA DA SILVA

A MÚSICA ENQUANTO LINGUAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

NATAL – RN 2015

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BRUNA CRISTINA DA SILVA

A MÚSICA ENQUANTO LINGUAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Artigo apresentado ao Curso de Pedagogia, turno noturno, do Centro de Educação, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do Grau de Licenciatura em Pedagogia. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Jacyene Melo de Oliveira Araújo.

NATAL/RN 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

A MÚSICA ENQUANTO LINGUAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

BRUNA CRISTINA DA SILVA

Artigo julgado adequado para obtenção do Grau de Licenciatura em Pedagogia e aprovado em sua forma final, por unanimidade, em ____/____/______, pela Banca Examinadora.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Jacyene Melo de Oliveira Araújo (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Giane Bezerra Vieira (Examinadora) Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_________________________________________________ Prof.ª Msc.ª Ivone Priscilla de Castro Ramalho (Examinadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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A MÚSICA ENQUANTO LINGUAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Bruna Cristina da Silva1 Jacyene Melo de Oliveira Araújo²

RESUMO

Na perspectiva de ampliar as discussões sobre a música enquanto linguagem no

trabalho pedagógico na sala de aula, abordamos neste estudo sua significância para

a formação da criança durante a etapa da educação infantil. A escolha desta

temática se explica pela curiosidade de como explorar o ensino da música enquanto

linguagem, de maneira integradora, no qual a musicalidade ocupe o papel de

protagonista nas práticas educativas, tendo em vista o desenvolvimento da criança.

Este trabalho pretende apresentar direcionamentos e problemáticas auto-reflexivas

sobre o uso desse artefato cultural na educação infantil por meio de estudos e

pesquisas que subsidiam como instrumento de aproximação, desenvolvimento e

estimulação ao contexto das crianças. A metodologia utilizada foi a pesquisa

bibliográfica, através de estudos, na intenção de confrontá-los e responder dúvidas

sobre esta temática. Os resultados possibilitaram uma confirmação sobre a

importância da música enquanto linguagem na educação infantil de maneira a

favorecer ainda mais a docência. Foi constatado que a música é relevante ao

processo de ensino na educação infantil, pois a criança sente o desejo em aprender

por meio da música através de atividades lúdicas, do que exercícios sem

intervenção do professor. Portanto, concluiu-se que a música integrada ao processo

de ensino orienta a criança a ocupar um espaço crítico e reflexivo frente à

sociedade, pois, o professor, utilizando tais recursos, possibilita estágios cognitivos

capazes de tornar a criança um sujeito ativo e participativo na sociedade.

Palavras-chave: Música. Linguagem. Criança. Educação Infantil.

1 Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - [email protected] ² Orientadora. Doutora em Educação. Docente do Departamento de Fundamentos e Políticas da Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - [email protected]

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1. INTRODUÇÃO

Este artigo tem como temática a importância da música como linguagem na

educação infantil. Assim, nosso objetivo é diagnosticar a relevância da música como

ferramenta pedagógica, no qual contemple através de atividades curriculares

lúdicas, o desenvolvimento das habilidades e competências das crianças em sala de

aula de forma crítica e reflexiva, onde o discente possa atrelar seus conhecimentos

mediante os conteúdos educacionais ao contexto/ vivência.

Para tanto, a construção do artigo, aponte para a pertinência da música como

linguagem pedagógica aos conteúdos metodológicos da educação infantil e sua

capacidade de integrar os conteúdos curriculares ao contexto dos alunos em sala de

aula. Por meio deste estudo foi elencada a importância da musicalidade para as

crianças, conforme sua idade, pois, alunos da educação infantil constroem seus

conhecimentos frente ao processo de ensino e aprendizagem brincando, ou seja,

por intermédio de atividades lúdicas. Essa ótica que aborda o lúdico como aspecto

relevante na educação das crianças categoriza conceitos e ensinamentos oriundos

de aprendizagens que permitem ao aluno compreender conteúdos brincando, de

modo mais divertido, o que é bastante importante para a educação infantil.

Nessa perspectiva, a metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica,

através de estudos, na intenção de confrontá-los e responder dúvidas sobre como

atrelar a musicalidade no universo escolar de medida integradora, caracterizando as

diversas linguagens (linguagem musical aos eixos possibilitados á educação infantil

tais como: linguagem oral e escrita, linguagem matemática e natureza e sociedade)

ao ensino das crianças nos primeiros anos de idade. Os resultados encontrados

nortearam uma melhor compreensão e confirmação sobre a importância da música

enquanto linguagem na educação infantil de maneira a favorecer ainda mais a

docência praticada em sala de aula.

A música é apresentada à criança como condicionamento de controle (no qual

o professor utiliza esse meio para direcionar as crianças à obediência em sala de

aula), de repetições (onde a musicalidade é implantada como algo sem sentido ao

contexto das crianças, utilizada apenas nos momentos de rodinhas, em

apresentações nas datas comemorativas, sem quaisquer intervenção do discente).

Em discordância a este pensamento, a música vai além deste prisma. Por meio dela,

é possibilitada à criança uma aprendizagem geradora de sentidos e significações, a

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partir dos conteúdos metodológicos, com a intervenção do professor, construindo

seus próprios conhecimentos.

2. A MÚSICA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

Assim que pensamos em música na Educação Infantil, remetemos nossos

pensamentos a cânticos, parlendas e bandas rítmicas, as quais são associadas

apenas ao controle do comportamento infantil em sala de aula, direcionando

condutas e ações a serem realizadas, tais como lavar as mãos ou respeitar sua vez

na fila. Outro exemplo de como o papel da música é visualizado diz respeito à

memorização de datas comemorativas, como também associação de conteúdos,

uma vez que há músicas que trazem em suas letras os conceitos da linguagem

matemática, linguagem oral e escrita e, por sua vez, natureza e sociedade.

Como toda regra tem sua exceção, logo que iniciei minha docência parcial em

uma sala de aula do Nível II (com alunos entre 2 e 3 anos de idade) da rede pública

da grande Natal/RN, tive a experiência de presenciar a professora titular explorar

bem a música em suas atividades corriqueiras. Ela era considerada uma das

melhores professoras que trabalhavam naquele CMEI e eu pudemos desfrutar e

apreciar de perto o seu trabalho, pois, além de ser uma excelente pessoa, era e é

uma profissional exemplar, que sabia e sabe usufruir dos eixos educacionais que os

aportes teóricos nos mostram, em pertinência à perspectiva pedagógica do RCNEI

(BRASIL, Vol. 3,1998), DCNEI (BRASIL, 2010), bem como do Manual de Orientação

Pedagógica sobre Brincadeiras e Interações (BRASIL, 2012), que afirma:

Qualquer atividade com música, artes plásticas e gráficas, fotografia, dança, dramatização, recitação ou reconto de histórias pode tornar-se uma brincadeira divertida, quando se oferecem oportunidades para expressões livres. Lembrar que o brincar de qualidade significa que a criança deve ter iniciativa para começar com uma ação como dançar e cantar, mas necessita de um suporte cultural. Se ela desconhece as danças e músicas, não poderá expressar uma brincadeira de qualidade, que significa sempre a recriação de algo que a criança já domina. Se o conteúdo cultural da criança é pobre de referência, sua expressão também o será. (p. 45-46)

Com essa oportunidade de trabalhar juntamente com ela, acompanhei sua

prática pedagógica, baseada em músicas que envolviam seus alunos em atividades

construtivas pedagogicamente. Era um mecanismo educativo de diálogo, intimidade,

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e ligação interpessoal com seus alunos, de forma que as crianças tinham a

oportunidade de aprender de uma forma bem aberta e perspicaz, pois

compreendiam o processo de ensino-aprendizagem brincando, através de seus

encontros em rodinhas a cada acolhida, nos seus batuques em instrumentos

musicais feitos com materiais recicláveis, nas contagens de histórias dramatizadas,

na apreciação dos sons naturais refletidos pela natureza e, por muitas vezes, nas

integrações realizadas a cada sexta-feira como forma de despedida por uma

semana tranquila.

Sentindo-me motivada por sua conduta como docente da Educação Infantil,

comecei a questionar meus anseios de como usar e obter resultados com a música

tal qual ela fazia enquanto professora também da Educação Infantil, já que este

campo sempre me cativou. Notei que utilizar práticas similares, usando o trabalho

pedagógico com vontade de fazer a diferença em sala de aula, mesmo com poucos

recursos materiais, poderia motivar meus futuros alunos.

Comecei, então, a pensar como a música seria um ótimo artifício em sala de

aula, se usada de modo pensante e útil. Portanto, a partir dessas inquietações

preliminares, iniciei esta pesquisa de cunho qualitativo, tomando como base leituras

bibliográficas que defendem a postura de afirmação da relevância do uso da música

de maneira criteriosa e norteadora (em todos os caminhos, seja sobre uso de

instrumentos musicais ou cantigas) na Educação Infantil. Deste modo, este estudo

tem como objetivo fomentar e situar a importância da música enquanto linguagem na

educação infantil.

Dentro deste prisma, este estudo trata de uma discussão motivada por

anseios e questionamentos sobre as contribuições que o mundo musical pode

oferecer à infância, possibilitando uma visão mais criteriosa em relação ao estudo da

música na Educação Infantil. De antemão, podemos afirmar que a música é de

grande relevância nesta etapa da educação básica, visto que a Educação Infantil é

uma base educacional aos nossos pequeninos, pois, ela possibilita uma integração

dos conceitos de aprendizagens ao contexto/vivência da criança.

Kauark et al.(2010), definem que a pesquisa bibliográfica é aquela que é

“elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros,

artigos de periódicos e, atualmente, material disponibilizado na internet" (p. 28).

Então, com base na abordagem qualitativa de pesquisa, foi realizada uma pesquisa

bibliográfica, sobre a qual este estudo apresenta, juntamente com fontes

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literárias/científicas/documentais, por exemplo: BRITO, que retrata bem a sintonia da

música com a Educação Infantil em seu livro “Música na Educação Infantil”; as

Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil (BRASIL, 2010); o Referencial

Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, Vol.3, 1998); e outros

teóricos/documentos que também citam a música como conceito importante à

Educação Infantil, mostrando qual o real sentido de se apresentar de modo crítico e

reflexivo a música por meio de atividades inseridas ao contexto pedagógico. Minhas

fontes literárias ajudaram a confirmar e complementar as ideias e estudos

desenvolvidos sobre a “Música enquanto linguagem na educação infantil”.

3. A MÚSICA ENQUANTO PROPULSORA DE CRIATIVIDADE, AUTONOMIA

E INTERAÇÃO ENTRE A CRIANÇA E O MUNDO EM QUE ELA ESTÁ

INSERIDA

Encontramos no uso da música em sala de aula um novo conhecimento a ser

construído junto com as crianças, que tem sintonia com os referenciais nos quais o

aluno está inserido socialmente. Ele carrega consigo suas manifestações culturais,

concebendo suas características, por sua vez, a música não difere disso, pois as

diversas particularidades da música traçam cada sujeito como ele é em sua

essência.

Em contrapartida ao que a música é capaz de traduzir no contexto escolar,

essa trama de musicalidade no universo estudantil pode, muitas vezes, ser reduzida

ao “mecanicismo” em algumas escolas, de modo que o protagonista, que deveria ser

o aluno, exerce apenas a função de imitar gestos e posições, assim, o docente não

proporciona às suas crianças o desenvolvimento do lúdico e da criatividade.

Como fundamento a essa temática, o Referencial Curricular Nacional da

Educação Infantil (BRASIL, vol.3, 1998, p. 48) diz que: “...Aprender música significa

integrar experiências que envolvem a vivência, a percepção e a reflexão,

encaminhando-as para níveis cada vez mais elaborados...”. Com isso, é possível

perceber que aprender música enquanto linguagem possibilita ao aluno a evolução

de suas competências e habilidades, interligadas às emoções sentimentais, afetivas

e orais, bem como aos movimentos corporais.

É relevante destacar que, mesmo antes de o bebê nascer, ele ouve a música.

Prontamente, ele concebe contribuições musicais em seu contexto, recebendo

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assim valores sonoros capazes de promover curiosidade e conhecimento. Em

concordância com esse assunto, Brito (2003) nos diz que:

O envolvimento das crianças com o universo sonoro começa antes mesmo do nascimento, pois na fase intrauterina os bebês já convivem com o ambiente de sons provocados pelo corpo da mãe, como o sangue que flui nas veias, a respiração e a movimentação dos intestinos. A voz materna também constitui material sonoro especial e referencia afetiva para eles. (p. 35)

Desse modo, fica claro que nosso prazer por música não surge de um espaço

vazio, mas, sim, concomitantemente com todos os valores sonoros que nos rodeiam

desde pequenos. Aprendemos a gostar da música sem querer, pois ela nos cativa,

nos move aos pensamentos e intenções mais belos que existem, já que somos

indissociáveis da cultura na qual estamos inseridos.

Na tentativa de expressar o prazer de gostar de música, Brito (2003) relata

em diversos trechos de seu livro que é difícil encontrar alguém que não se relacione

com a música de um modo ou de outro, pois, a música cativa como um todo, seja

escutando, cantando, dançando, tocando um instrumento, em diferentes momentos

e por diversas razões, até mesmo apreciando-a sem nenhum envolvimento

afetivo/emocional. Assim, compreendemos que o prazer em ouvir música está

conectado às nossas experiências de vida, sejam elas positivas ou negativas. Nesse

sentido, o RCNEI retrata que:

A música está presente em diversas situações da vida humana. Existe música para adormecer, música para dançar, para chorar os mortos, para conclamar o povo a luta, o que remota sua função ritualística. Presente na vida diária de alguns povos, ainda hoje é tocada e dançada por todos, seguindo costumes que respeitam as festividades e os momentos próprios a cada manifestação musical. (BRASIL, vol.3, 1998, p. 47)

Portanto, podemos notar que a música é um instrumento do qual o sujeito

sempre tomou partido em sua vida, em suas diversas linguagens e conceitos. Fazer

e ouvir música integra a criança em relações de interação social, autoestima,

desenvolvimento do equilíbrio e expressão, autoconhecimento e desenvolvimento

afetivo e emocional.

Ainda conforme Brito (2003), Piaget classifica categorias de condutas

aplicadas à linguagem musical: exploração, expressão e construção,

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respectivamente relacionadas ao jogo sensório-motor, ao jogo simbólico e ao jogo

com regras, onde é perceptível observar o comportamento de um bebê frente a um

instrumento musical. Sua pretensão é tocá-lo mesmo que de maneira irregular, mas,

presente um educador, ele observará o esforço do bebê a um obstáculo e avaliará

seus movimentos como um bloqueio alcançado, trabalhando assim sua autonomia,

coordenação motora, audição fina, domínio rítmico, com apenas o desejo de ouvir

música.

Nessa perspectiva, notamos que como docentes devemos possibilitar ao

alunado um ângulo reflexivo dos conteúdos e atividades, de modo que o professor

torna seu discente um sujeito participativo em suas aulas, facilitando assim o

processo de ensino-aprendizagem da criança.

O RCNEI (BRASIL, vol.3, 1998) também esclarece que essa relação de

criatura e música possibilita três rumos ao sujeito. O primeiro pode ser considerado

como produção, no qual o aluno não deve apenas se atentar a imitar ou

experimentar a música, evitando que ele seja um sujeito mecânico e sem autonomia.

O segundo seria apreciação, em que o alunado deve perceber os sons e o silêncio,

fazendo-o refletir sobre seu contexto e suas próprias ações. E o terceiro é a reflexão,

em que a criança, a partir das suas experiências e conhecimentos nessa

modalidade, criará e produzirá de forma continua e desprendida, percebendo seu

posicionamento na sociedade, como um sujeito ativo e reflexivo.

Brito (2003) explica bem em seu livro a relevância de levar a música para os

universos escolares como ferramenta conteudista, onde essa concepção de

aprendizagem deve ser percebida como processo de reflexão e diálogo para os

alunos/crianças, assegurando que:

Trazer a música para o ambiente de trabalho exige, prioritariamente, uma formação musical pessoal e também atenção e disposição para ouvir e observar o modo como bebês e crianças percebem e se expressam musicalmente em cada fase de seu desenvolvimento, sempre com o apoio de pesquisas e estudos teóricos que fundamentem o trabalho. (BRITO, 2003, p.35).

Porém, não nos deparamos com trabalhos musicais em escolas de Educação

Infantil que sirvam de exemplo ao ensino-aprendizagem dos alunos. Como dito

anteriormente, a música é apresentada às crianças como meio de manter o controle

e a ordem na sala de aula, sem qualquer envolvimento crítico e reflexivo,

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desvalorizando a música como ferramenta de interação/integração, respectivamente

ao sujeito e ao conteúdo, compreensão e valorização de suas concepções

metodológicas. Isso quando, na verdade, essas atividades poderiam nortear

caminhos pedagógicos, facilitando o trabalho do docente e favorecendo uma boa

experiência para as crianças da Educação Infantil.

Portanto, podemos dizer que a música nas etapas da educação básica, em

particular na da Educação Infantil, permanece tímida, camuflando sua temática e

complexidade. Nos meios acadêmicos da área da Educação, tende a ser vista como

ornamental, pouco substantiva ou é tratada de forma pouco cientifica; no campo da

música, também é pouco valorizada ou carece de concepções mais sólidas a

respeito da Educação Infantil como primeira etapa da educação básica.

Essas propostas de uma educação musical voltada ao cotidiano em sala de

aula conservam-se, muitas vezes, optativas e ausentes de um pensamento reflexivo

sobre a própria realidade da criança, uma vez que, por muitas das vezes, não é

reconhecido entre os docentes o real sentido da musicalidade como trabalho

pedagógico, afinal, música não é apenas propiciar/propagar repetições de canto ou

movimento, mas, pode ser vista como mecanismo de ensino, oriundo de recursos

educacionais que integram a criança a diversas culturas sociais.

É exatamente nessa pouca valorização do ensino por meio da música que a

essência de sua seriedade se desfigura, pois é dado a esse processo de ensino

competências que as elevam. Tendo em vista diversos trabalhos que orientam e

sistematizam a importância da música enquanto linguagem na Educação Infantil,

SOUZA (2010) ressalta, baseado em um artigo, que:

Podemos detectar que mesmo reforçando a importância desse contato com um determinado padrão, o ensino de música nas escolas pode também contribuir para que esse processo ocorra. Dessa forma torna-se importante para a criança começar a se relacionar com a música ainda que seja no ambiente escolar, pois é nessa fase que ela constrói os saberes que irá utilizar para o resto de sua vida. (SOUZA, 2010, p. 98)

Identificamos, então, a compreensão e a relevância de se trabalhar a música

nos contextos escolares de maneira não apenas concreta e sem sentido, todavia,

contextualizada, lúdica, relacionada ao contexto dos alunos, para, assim, torná-los

sujeitos ativos e não meramente receptores da ação, mas participativos e

interessados no processo de ensino-aprendizagem, configurando-os como alunos

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que merecem algo mais dinâmico que apenas aulas prontas e sem sentido à sua

realidade de vida. A música pode ser vista como um diálogo contínuo entre o

processo de ensino-aprendizagem e a realidade do aprendiz, considerando, assim,

seu contexto de vida, suas competências e habilidades.

Nessa perspectiva, a Música é importante às diversas linguagens que

norteiam a Educação Infantil, de modo a refleti-las como argumento pedagógico

capaz de integrar o aluno ao universo educacional mais prazeroso, abordando o

lúdico como tema gerador, frente aos diversos conteúdos e eixos encontrados na

Educação Infantil. A música, orientada de forma pedagógica e contextualizada aos

conteúdos didáticos e à realidade da criança, possibilita sentido às aulas, pois ela é

prazerosa, interativa e encaminha as crianças ainda mais à formação crítico-

reflexiva.

4. APRENDER A ENSINAR A MÚSICA NA PEDAGOGIA

A importância da música enquanto linguagem na educação, seja na Educação

Infantil ou nos anos iniciais do Ensino Fundamental, vem sendo discutida há anos.

Observar a música como processo de ensino-aprendizagem traz como conceito

mudanças na Pedagogia e seu currículo, de maneira a abranger as concepções

epistemológicas do docente e do aluno. A intimidade da criança com seu meio

escolar destrincham caminhos onde a aprendizagem e os conhecimentos fluem.

A música é mais uma oportunidade de conhecer sua escola (não vista apenas

como estrutura física, mas, suas características e contextualização de vida),

conhecer e se apropriar dos mecanismos e eixos disciplinares, integrar o sujeito e a

sociedade de modo ativo, participativo e relevante. Dentro dessa perspectiva, as

Diretrizes Curriculares para Educação Infantil (BRASIL, 2010) discutem o dever da

escola em ofertar a seus alunos da rede pública infantil (do 0 a 5 anos) professores

capacitados para assegurar e estabelecer assistência pedagógica adequada a seus

alunos.

Neste âmbito, a competência não parte apenas da música, mas, se dá em

trabalhar e fazer uso da Pedagogia como caminho de possibilidades, de

envolvimento com seu aluno, de fio condutor, de pontes e trocas de conhecimentos

e aprendizagens entre a criança e o professor, bem como do professor à criança.

Essa pedagogia encaminha diversas ferramentas que tornam a escola e o ensino

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relevantes às crianças. Podemos, então, interligar a Música como conceito e relação

de conhecimento, para, então, garantir ao docente uma aula dinâmica (sempre em

concomitância com o conteúdo), todavia, agregando valores e ampliando as

competências do professor em sala de aula.

A música apresenta-se como uma ferramenta para expor o conhecimento de

forma conjunta/indissociável, posto que, ao trabalhar os diversos eixos da Educação

Infantil, a música se faz presente também na condensação e explicação dos

conteúdos. Quando o professor, em sala de aula, utiliza como competência didática

os meios musicais que expõem os parâmetros educacionais de forma concreta, o

aluno também compreende de maneira agregada, evoluindo na hipótese de

aprendizagens pedagógicas.

Gainza (1988) explica com muita sabedoria que é importante se impor as

inovações pedagógicas, pois elas contribuem com o crescimento intelectual dos

alunos, revelando em seu Livro “Estudos de Psicopedagogia Musical” que: “O

espírito pedagógico é flexível porque é capaz de mudar e adaptar-se as

circunstâncias.” (GAINZA, 1988, p. 97). Deste modo, o professor pedagogo em sua

corrente formação reúne competências capazes de adaptarem-se a qualquer

conjuntura, de acordo com o fim almejado, pois está em constante busca pelo

conhecimento, adequando-se aos inúmeros meios de acesso à instrução, graças à

internet e outras diversas possibilidades.

O conhecimento sobre a história da formação do docente pode ser entendida

como algo questionável, no que se refere ao trabalho com a Música, pois é dada

relevância apenas aos conteúdos/eixos, sem explorar as competências que a

musicalidade oferece à educação. Isto é, em um sentido mais perspicaz, não é

oferecido ao professor pedagogo conhecimentos sobre a música em sua essência,

mas sim integrada ao Ensino na Educação Infantil como processo de conteúdo

capaz de envolver a criança ao processo de ensino-aprendizagem. E a música tem

muito a oferecer, ela é um recurso interdisciplinar que assegura os princípios e

conhecimentos pedagógicos, tornando a construção do conhecimento mais dinâmica

das diversas naturezas/aprendizagens/eixos que nos norteia, é uma forma de o

sujeito se compreender como integrante da sociedade por meio do lúdico.

A criança aprende brincando. Através da atividade concreta, o aluno que faz

parte da Educação Infantil administra o novo conhecimento por meio das

brincadeiras, das cantigas, dos movimentos... E esses fatores são de suma

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importância para serem entendidos pelo docente. Nesse sentido, o DCNEI (2010,

p.25) revela a importância da música como eixo curricular, reforçando a relevância

de atividades que: “[...] favoreçam a imersão da criança nas diferentes linguagens e o

progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual,

verbal, plástica, dramática e musical”. Nessa mesma página, o documento traz

também as possibilidades que o professor deve buscar por novos conhecimentos,

atividades que: “Promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da

ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem

movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e

desejos das crianças”. Deste modo, revela uma concepção melhor de música. Ela

não é uma mera capacidade que o sujeito tem de observar o mundo de outra forma,

em apenas ouvi-la, mas, sim, de forma sensível e tolerante, a música revela e

destrincha conceitos considerados imersos ao mundo real. É uma verdadeira

contribuinte à sociedade.

A musicalidade cura doenças do mais variados tipos, como depressão ou

síndromes, integra crianças a um lugar que para elas é inseguro e desconhecido, tal

qual como o primeiro dia na creche ou pré-escola. E o mais importante e essencial a

este trabalho: contribui para com as ferramentas pedagógicas para assim agregar

conteúdos à realidade de vida dos pequenos. Portanto, podemos notar quão valioso

é o ensino da música para o processo de ensino na Educação Infantil.

Mais uma vez, Gainza (1988, p.71) vem abordar a complexidade e relevância

dessa área enquanto estudo e processo de formação ao Pedagogo que lida com a

Educação Infantil e os anos iniciais (Ensino Fundamental I), citando que: “Por isso

preferimos considerar a expressão como uma conduta integral do ser humano,

embora ela constitua apenas uma meta: um indivíduo expressivo seria, pois, aquele

que se expressa o mais amplamente, o mais integralmente possível”. Logo,

podemos observar que uma das ferramentas estudadas e transmitidas pelos

docentes aos discentes, oriunda da Música, seria o trabalho de expressividade. Uma

criança que, ao saber se expressar imaturamente, compreende a importância desse

fator ao longo da vida, trabalha sua capacidade de assimilar a importância de se

relacionar bem com os demais que estão ao seu redor. Deste modo, a música

orientada de forma crítica e reflexiva aborda também a expressividade, assim, o

sujeito estabelece relações sociais mais confiáveis e afetivas com os demais

sujeitos, contribuindo com sua formação pessoal e profissional.

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Porém, esse procedimento de incrementar de fato a Música como processo

de ensino-aprendizagem não é tão fácil quanto parece. Há em nosso redor uma

falsa impressão de que os hábitos de musicalidade na educação infantil e básica

sirvam apenas como auxilio em sala de aula, como algo que, não tendo nada o que

ser feito, pode ser utilizado (como uma espécie de “tampa buraco”). Além disso,

existe ainda a visão de que a música sirva para ocupar o espaço vazio que resta ao

planejamento pedagógico, ocultando suas competências enquanto papel

contribuinte e formador ao sujeito educando.

Segundo o RCNEI (BRASIL, vol.3, 1998), a cada nível de desenvolvimento da

criança, novas possibilidades de estruturas rítmicas são abordadas e realizadas por

elas. Ora instigadas e trabalhadas, suas competências vão sendo evoluídas a cada

novo processo epistemológico. A relação com a Música proporciona ao sujeito

melhor conhecimento e melhor interação com os processos musicais. Esses e outros

diversos fatores possibilitam uma percepção positiva quanto aos usos e “abusos” da

Música em sala de aula, enquanto ela acontece, seja no momento da rodinha ou em

uma banda rítmica, o sujeito movimenta-se, estabelecem-se ligações entre ele e seu

colega, ele dialoga, raciocina, envolve-se e assim podem ser trabalhados os

conteúdos como linguagem oral e escrita, linguagem matemática e natureza e

sociedade (eixos dos conteúdos característicos da Educação Infantil).

Adequar essas concepções exigem do docente uma inquietude em suas

ações enquanto professor motivador, visto que para motivar se faz necessário que

ele se movimente e adeque seu planejamento às competências que o aluno

aprendeu e o que ainda poderá aprender em conjunto com a sua realidade de vida.

É fácil e cômodo tornar-se um professor guiado pelos livros didático-pedagógicos

sem reflexão alguma de suas competências em seu trabalho escolar, pois, assim,

sua única tarefa é passar aquilo que está sendo praticado e visto na escola, escasso

de envolvimento emocional ou educacional atrelados ao contexto da realidade do

aprendiz, sem interrupções e questionamentos críticos-reflexivos feitos pelas

crianças, estas, sujeitos atuantes e ativos perante a sociedade.

Dessa forma, assimilamos que a Educação Musical direcionada à Pedagogia

contempla estudos e pesquisas feitas pelos professores em constante trabalho em

sala de aula, pois sua única diferenciação quanto ao trabalho seria uniformizar e

agregar seu planejamento didático-metodológico ao exercício da musicalidade.

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Enquanto Pedagogos, não é preocupação do professor em uma sala de aula

regular da Educação Infantil, formar uma criança um músico profissional, para que

ela seja capaz de diferenciar signos ou sinais (característicos da música), mas,

contemplar as peculiaridades e funcionalidades da música à sociedade e uni-las à

Educação Infantil, de maneira que elas se sobressaiam, sendo abrangentes e

competentes em discernir as funções e pensamentos das crianças em formação

educacional e estatura.

Em constante contato com a música em sala de aula, ensinada e praticada

com consciência, a criança recebe estímulos em diversas áreas de sua formação,

tais como: neuronais, desta trabalhadas futuramente outras funções recorrentes ao

Ensino Fundamental; relações afetivas; expressão (como foi dito anteriormente), de

modo que a criança compreende a importância de se expressar individualmente e

coletivamente; seu domínio de percepção; dentre outras.

Contudo, notamos que em nossa longa formação acadêmica não nos são

dadas as orientações adequadas quanto à importância de se trabalhar a Música no

universo da Pedagogia. São trazidas para nós, pedagogos em formação, disciplinas

dos fundamentos da Educação, práticas de ensino, metodologias dos ensinos

(Matemática, Língua Portuguesa, Ciências, Geografia e História) de maneira rápida,

mas, que apesar dessa velocidade contra o tempo, o professor acadêmico reflete

em suas aulas atividades que promulgam e fazem refletir em nós alunos o

pensamento crítico-reflexivo baseado nos teóricos em concomitância com nossa

realidade de vida.

No entanto, não testemunhamos com tanta intimidade a linguagem da Música

na Pedagogia (como aulas práticas, em que nos ensinariam a lidar com

instrumentos musicais, por exemplo), não é explorada como deveria ser, já que, o

professor em Pedagogia, lidando com crianças da infância ao quinto ano, necessita

de meios para aprofundar seu trabalho metodológico para, assim, proporcionar aos

seus alunos um bom percurso a uma educação de qualidade, visto que, percebemos

que a educação dita de qualidade é aquela que direciona o docente às suas

reflexões frente à sociedade que ele está vivenciando, desde seu lugar de moradia a

outro país desenvolvido ou não.

E essa lacuna na nossa formação não é apenas no que se refere à música e

suas características, mas, também, ao teatro, que tem como sentido possibilitar às

crianças domínio, autonomia, desenvoltura e entre outras características

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interpessoais que orientam a criança em formação a pensar sobre suas próprias

funcionalidades no mundo.

Pois bem, considerando essa relevância ao ensino da Música em sala de aula

regular atrelada à Pedagogia, poderíamos, então, perceber quão valiosos seriam

esses estudos sobre a música enquanto linguagem no processo educativo da

criança se efetivamente fizessem parte do processo de ensino-aprendizagem da

Educação Infantil aos Anos Iniciais/Fundamental I, pois a música concretiza, a partir

de uma formação dinâmica, possibilidades de aprendizagens que fazem com que as

crianças expressem suas próprias ideias e sentimentos.

Ao ensinar Música à criança de 0 a 5 anos de idade, esse componente na

etapa Educação Infantil não é voltado para difundir batucadas com apenas questões

de tempo, para fazer uso dos jogos de imitação ou apenas trabalhar coordenação

motora, mas, há um sentido bem mais profundo que esse, que é oportunizar critérios

de relação entre a música e a criança, como também entre ela e os outros sujeitos

que também se interessam por essa faculdade, para assim possibilitar a essas

crianças um ensino-aprendizagem relacionado com seu contexto de vida.

5. A MÚSICA ENQUANTO LINGUAGEM E PROCESSO DE INTERIORIZAÇÃO

DOS CONTEÚDOS DIDÁTICOS

A Música é como um meio de desenvolvimento da inteligência e integração,

tanto quanto aos ensinos dos eixos/conteúdos feitos em pequenos grupos ou quanto

aos uniformizados a uma grande plateia, desde que seja direcionada da forma

correta em sala de aula. É relevante compreendê-la como ela realmente é: rica e

não precisa de sequência analógica para ser captada, ela carece ser sentida em

suas inúmeras metamorfoses, para, assim, desenvolver no aluno e juntamente com

ele suas competências e habilidades que são oriundas da Educação Infantil.

Para tanto, ensinar Música na Educação Infantil não depende apenas de

estabelecer conceitos e regras de como devemos seguir um determinado ritmo

através de instrumentos musicais, mas, sim, considerando sua importância, pois se

faz presente aí que se a criança percebe os diferentes sons rítmicos, ela

compreende também a funcionalidade dos jogos de vozes a cada rodinha produzida

ao inicio da aula e nota seu espaço musical e suas competências vivenciais nesse

momento, uma vez que, muitas delas, mesmo tímidas, se esforçam em participar

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juntamente com seus colegas para cantarem aquela música que tanto gostam, pois

seu único prazer e intuito são de se tornar um aluno ativo e participante em sala de

aula.

Convivemos com o mundo musical desde a barriga da nossa mãe, conforme

foi mencionado anteriormente, em BRITO (2003), fica claro que a música cativa,

envolve e emociona desde pequenos a idade madura. E compreendê-la não exige

do sujeito formação acadêmica, basta um mínimo de interesse e sensibilidade, para,

assim, poder abraçá-la.

Ainda conforme o RCNEI (BRASIL, vol.3, 1998), uma proposta para a

inquietação de como propor a Música à Educação Infantil seria:

A escuta musical deve estar integrada de maneira intencional ás atividades cotidianas dos bebês e das crianças pequenas. É aconselhável a organização de um pequeno repertorio que, durante algum tempo, deverá ser apresentado para que estabeleçam relações com o que escutam. Tal repertório pode contar com obras da música erudita, da música popular, do cancioneiro infantil, da música regional etc. A música, porém, não deve funcionar como pano de fundo permanente para o desenvolvimento de outras atividades, impedindo que o silêncio seja valorizado. (BRASIL, vol.3, 1998, p. 64)

Usar a estratégia musical à didática pedagógica presente na Educação Infantil

é tornar uma educação menos convencional e dirigir-se a uma constituição

transformadora que motiva e direciona o discente a novas possibilidades de

educação. Aprender a ensinar Música no contexto pedagógico é integrar as

formulações próprias da música à realidade de uma sala de aula, pois, na escola, a

criança irá se apropriar e se interessar bem mais por uma aula dinâmica e

contextualizada à sua realidade de vida (onde a música contribui com suas

peculiaridades) do que uma aula ausente de entusiasmo.

A criança tem como dom aprender/entender brincando, o jogo lúdico, desta

forma, estabelece ferramentas resultantes de crescimento e amadurecido destes

alunos. E na música encontramos essa dinâmica, de sensibilizar os ouvidos das

crianças a partir dessa troca de relação com a musicalidade entre o ouvir a música

em diversos contextos e o brincar, fazendo dessa atividade musical conceito de

brincadeira, pois é através desse envolvimento que encontramos meios e caminhos

diferentes daqueles considerados sem graça e cômodos pelos docentes e pelos

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alunos, capazes de encurtar e aprimorar a caminhada do conhecimento, de modo

alegre e vigoroso, com base na música.

E sobre o prazer em ouvir e sentir a música, GAINZA (1988, p.22,23) ressalta

que: “A música e o som, enquanto energia, estimulam o movimento interno e externo

no homem; impulsionam-no à ação e promovem nele uma multiplicidade de

condutas de diferentes qualidade e grau”. Essa conduta é visível aos pedagogos,

que tomam como critério o estudo da Música como processo educacional de

diversas linguagens da Educação Infantil, o qual pode ser observado em atividades

interdisciplinares, direcionando as crianças em diversos conteúdos/áreas de uma

mesma atividade curricular de maneira lúdica e interativa.

A questão seria, portanto, como deter a música enquanto conteúdo didático.

Basta encará-la como ela realmente é: importante e perceptível como uma peça

fundamental para a sociedade e principalmente a educação. Com a Música

viabilizada às nossas crianças, possibilitamos concretude dos

conhecimentos/conteúdos, pois ela administra conceitos reais e importantes para

sociedade, uma vez que devemos propagar em nossa educação o desejo das

crianças pensarem, criticarem, refletirem, movendo-as pela curiosidade e não

apenas tomando como rumo uma pedagogia tradicional em que as crianças apenas

obedecem aquilo que o professor direciona, como uma obediência cega, sem

fundamentos.

Para fazer referência a essas ideias, Gainza (1988) esclarece que:

A música movimenta, mobiliza, e por isso contribui para a transformação e para o desenvolvimento. Segundo Wilhenms, cada um dos aspectos ou elementos da música corresponde a um aspecto humano especifico ao qual mobiliza com exclusividade ou mais intensidade: o ritmo musical induz ao movimento corporal, a melodia estimula a afetividade; a ordem ou a estrutura musical (na harmonia ou na forma musical) contribui ativamente para a afirmação ou para a restauração da ordem mental do homem. (p.36,37)

Assim, é tarefa do professor ser um docente formador, usar das diversas

ferramentas das quais a Música proporciona e conduz ao planejamento pedagógico,

uma vez que ocasiona o desenvolvimento e a aprendizagem em todos os

eixos/conteúdos da Educação Infantil. Deste modo, ela não deve ser vivenciada

apenas superficialmente, como algo subjetivo, mas ser respeitada e inserida no dia-

a-dia das escolas brasileiras de maneira orientada e contextualizada para que,

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assim, as crianças se percebam como sujeitos ativos à sociedade. É dever também

do professor mover as crianças através de suas curiosidades atreladas aos

conteúdos, de modo que a motivação dever ser trabalhada ao longo do tempo

durante o processo de ensino-aprendizagem das crianças, partindo dos seus

próprios conhecimentos, pois, com essas estruturas, as atividades se tornam mais

significativas e coerentes.

6. CONCLUSÃO

Tendo em vista a temática desenvolvida nesse trabalho, foi possível constatar

que a música enquanto linguagem na Educação Infantil é de suma importância para

o ensino-aprendizagem dos pequenos. Como havíamos discutido anteriormente, há

inúmeras contribuições que favorecem o papel do professor em sala de aula como

uso de novas possibilidades de ensino.

A criança tem como um dos seus primeiros contatos a linguagem musical,

através da qual ouve, aprecia e até mesmo se apaixona. Deste modo, cada um

cresce ouvindo/gostando de música de um modo ou de outro, de modo que o

sujeito, mesmo que não perceba, convive com elementos cognitivos que favorecem

ainda mais seu amadurecimento educacional.

Dentro desse prisma, podemos constatar que a música destrincha caminhos

educacionais que elevam a percepção do alunado, levando à reflexão crítica sobre

seu papel na sociedade, conhecimento sobre si mesmo e o mundo em sua volta

(considerando seu contexto e realidade de vida). Ainda é notado que, ao conviver

com a musicalidade em sala de aula, a criança sente-se mais

motivada/impulsionada a participar das atividades, pois, junto à música, são

utilizadas também as brincadeiras, de modo que os alunos reconhecem como

atividade musical um verdadeiro momento de exercícios lúdicos e brincadeiras.

Portanto, é fácil perceber como o professor necessita estar bem preparado

para desfrutar dessa metodologia de ensino. Como mencionado anteriormente, a

música não deve ser percebida como mecanismo de autoritarismo, obediência e

repetições sem significado. Sua funcionalidade deve ser entendida como algo

reflexivo, promovendo na criança a autonomia, desenvoltura corporal (coordenação

motora), desenvolvimento interpessoal/afetivo e sua percepção auditiva/visual (pois

a música não é apenas aquilo que ouvimos, mas, em sua constituição utiliza

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informação vista de maneira concreta, através de instrumentos musicais e atividades

nas quais há o exercício da hipótese da leitura e escrita). Dentro dessa perspectiva,

a musicalidade em sala de aula na Educação Infantil promove ainda mais o

processo de ensino-aprendizagem das crianças.

E, por fim, é relevante destacar que a musicalidade na Educação Infantil

atravessa barreiras jamais observadas. Apenas em sensibilizar nossos sentidos

pedagógicos, podemos notar que trabalhar a música para e com as crianças é

promoção ainda mais do conhecimento, este, de forma crítica e reflexiva. É notório

que as crianças não gostam da mesmice, da monotonia, elas preferem as

brincadeiras, os sorrisos, as festas e música é isto, é felicidade. Ensinar e aprender

de maneira construtivista é promulgar/proporcionar na criança o desejo da

construção do conhecimento envolvendo a musicalidade em sala de aula.

Desse modo, foi percebido ao longo desse trabalho quão relevante a música

é para o desenvolvimento das crianças, pois possibilita movimento, compreensão

dos conteúdos didáticos, trocas sociais, bem como a relação afetiva entre a criança

e a instituição escolar.

REFERÊNCIAS

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