BÜNDCHEN1, Márcia, DALAVÉQUIA , Maira Aparecida e … · qualitativas e quantitativas do...

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229 1. Bióloga, mestre em Botânica (UFPR). Professora da UNOESC, Joaçaba. E-mail: [email protected] 2. Bióloga, mestre em Engenharia Ambiental (UFSC). Professora da UNOESC, Joaçaba. E-mail: [email protected] 3. Biólogo, doutor em Zoologia (PUCRS). Professor da UNOESC, Joaçaba. E-mail: [email protected] A Diversidade De Flora E Fauna Nas Matas Ciliares Da Bacia Hidrográfica Do Rio Do Peixe 1 BÜNDCHEN 1 , Márcia, DALAVÉQUIA 2 , Maira Aparecida e LINGNAU 3 , Rodrigo 1 AS MATAS CILIARES A mata ciliar, ou ripária, encontrada ao longo dos cursos e reservatórios d`água, é fundamental na preservação dos mananciais, manutenção da qualidade da água e equilíbrio dos ecossistemas aquáticos. Embora a legislação ambiental brasileira preveja sua preservação permanente, atualmente em nossa região restam poucos fragmentos florestais relativamente conservados. Recompor a vegetação extirpada das margens dos cursos d’água constitui uma tarefa urgente e imprescindível para a melhoria da qualidade de vida na região oeste do estado, comprometida nas últimas décadas em função do desmatamento desenfreado e da contaminação hídrica por pesticidas e dejetos de suínos. Para tanto, conhecer a composição da flora e fauna destas matas é essencial no estabelecimento das ações planejadas para restaurar as florestas ripárias da região preservando as características fisionômicas originais. No oeste catarinense a ocupação territorial caracterizou-se pela exploração predatória das matas para extração madeireira e subsequente incorporação dessas áreas para as atividades agrícolas e pecuárias. Esse processo provocou a descaracterização das paisagens regionais e desencadeou graves desequilíbrios ambientais. De acordo com o diagnóstico geral das bacias hidrográficas do estado de Santa Catarina (GOVERNO DE SANTA CATARINA, 1997), a região hidrográfica do Rio do Peixe (RH-3) apresenta como principais fontes poluidoras a atividade pecuária, atividade de lavoura, frigoríficos, abatedouros e, em menor escala, fontes urbanas e industriais. Como resultado, os coliformes fecais por dejetos de suínos, agrotóxicos e fertilizantes, bem como, o assoreamento dos rios são os principais tipos de poluição que tornam os rios da região altamente contaminados. 1 - Pesquisa financiada pela FAPESC e CT Hidro/ANA/CNPq, Projeto Rede Guarani/Serra Geral (Convênio FUNJAB/FAPESC 15.915/2007-8).

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1. Bióloga, mestre em Botânica (UFPR). Professora da UNOESC, Joaçaba. E-mail:

[email protected]

2. Bióloga, mestre em Engenharia Ambiental (UFSC). Professora da UNOESC, Joaçaba. E-mail:

[email protected]

3. Biólogo, doutor em Zoologia (PUCRS). Professor da UNOESC, Joaçaba. E-mail:

[email protected]

A Diversidade De Flora E Fauna Nas Matas Ciliares Da Bacia Hidrográfica Do

Rio Do Peixe1

BÜNDCHEN1, Márcia, DALAVÉQUIA

2, Maira Aparecida e LINGNAU

3, Rodrigo

1 AS MATAS CILIARES

A mata ciliar, ou ripária, encontrada ao longo dos cursos e reservatórios d`água, é

fundamental na preservação dos mananciais, manutenção da qualidade da água e equilíbrio

dos ecossistemas aquáticos. Embora a legislação ambiental brasileira preveja sua preservação

permanente, atualmente em nossa região restam poucos fragmentos florestais relativamente

conservados.

Recompor a vegetação extirpada das margens dos cursos d’água constitui uma tarefa

urgente e imprescindível para a melhoria da qualidade de vida na região oeste do estado,

comprometida nas últimas décadas em função do desmatamento desenfreado e da

contaminação hídrica por pesticidas e dejetos de suínos. Para tanto, conhecer a composição da

flora e fauna destas matas é essencial no estabelecimento das ações planejadas para restaurar

as florestas ripárias da região preservando as características fisionômicas originais.

No oeste catarinense a ocupação territorial caracterizou-se pela exploração predatória

das matas para extração madeireira e subsequente incorporação dessas áreas para as

atividades agrícolas e pecuárias. Esse processo provocou a descaracterização das paisagens

regionais e desencadeou graves desequilíbrios ambientais.

De acordo com o diagnóstico geral das bacias hidrográficas do estado de Santa

Catarina (GOVERNO DE SANTA CATARINA, 1997), a região hidrográfica do Rio do Peixe

(RH-3) apresenta como principais fontes poluidoras a atividade pecuária, atividade de

lavoura, frigoríficos, abatedouros e, em menor escala, fontes urbanas e industriais. Como

resultado, os coliformes fecais por dejetos de suínos, agrotóxicos e fertilizantes, bem como, o

assoreamento dos rios são os principais tipos de poluição que tornam os rios da região

altamente contaminados.

1 - Pesquisa financiada pela FAPESC e CT Hidro/ANA/CNPq, Projeto Rede Guarani/Serra Geral (Convênio

FUNJAB/FAPESC 15.915/2007-8).

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O primeiro fator de desequilíbrio nos sistemas ambientais ciliares é o desmatamento.

Conforme exposto anteriormente, o processo de ocupação da região oeste foi acompanhado

pela destruição maciça da floresta. Hoje, raras são as áreas onde podemos encontrar vegetação

primária e, em especial as margens dos rios encontram-se desprovidas de vegetação ripária,

uma vez que as planícies aluviais constituem locais propícios à agricultura inseridos no relevo

acidentado que caracteriza a região. Matas ciliares localizadas em áreas agrícolas preservam a

biodiversidade de plantas e animais nativos e sua preservação é fundamental como estratégia

de conservação (BOUTIN; JOBIN; BÉLANGER, 2003), frente à crescente demanda por

espaço para as atividades produtivas.

Na região oeste de Santa Catarina, a contaminação das águas por dejetos de suínos

constitui um sério problema de desequilíbrio ambiental (ASSIS; MURATORI, 2007). Nas

áreas urbanas, a falta de planejamento e de consciência ecológica por parte do poder público e

da população em geral, transforma os cursos d'água em depósito do lixo produzido na cidade,

com canalizações dos esgotos domésticos desembocando diretamente nos rios. Contribui

ainda para a contaminação o escoamento superficial urbano que carreia diferentes tipos de

poluentes, particulados e sólidos de maior tamanho.

A mata ciliar desempenha um papel fundamental no controle das variáveis

microclimáticas que permitem a retenção da umidade necessária à permanência dos cursos de

água (MANDER; HAYAKAWA; KUUSEMETS, 2005). As florestas localizadas às margens

de cursos e corpos d`água promovem o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos e a qualidade da

água, regulam a entrada de luz e nutrientes no sistema aquático e impedem o assoreamento

dos rios, entre outras funções (CARVALHO et al., 2000; ROMAGNOLO; SOUZA, 2000).

Essas florestas são mantenedoras do equilíbrio hídrico nos ecossistemas adjacentes aos

cursos d’água, uma vez que possuem mecanismos compensadores dos componentes térmico e

hídrico, pois a estrutura da vegetação (composição específica, estratificação, aspectos

estacionais etc.) permite uma maior interceptação da energia solar e de compostos

inorgânicos, além de reduzir a evapotranspiração do solo, estabilizando as condições

microclimáticas que são necessárias para a sobrevivência de diversas outras espécies

associadas aos ambientes florestais (KLUBER; OLSON; PUETTMANN, 2008;

MELEASON; QUINN, 2004). O efeito tampão do ecossistema ripário depende de diversos

fatores, como os processos hidrológicos predominantes na microbacia, o tipo de solo, práticas

de manejo nas áreas circunvizinhas, declividade, extensão da mata ciliar e tipo de vegetação

que a compõe, largura do rio entre outros fatores que variam temporal e espacialmente

(BROOKS; KYKER-SNOWMAN, 2009; GAZAL et al., 2006; LIMA, 2003).

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A mata ciliar oferece também abrigo para espécies remanescentes da fauna da região

cujas populações alcançaram níveis críticos devido à falta de habitat. Diversos estudos têm

demonstrado o importante papel desempenhado por esses ecossistemas como refúgios de

animais silvestres (KLUBER; OLSON; PUETTMANN, 2008; LLOYD; LAW;

GOLDINGAY, 2006; COCKLE; RICHARDSON, 2003; DARVEAU; LABBEÂ;

BEAUCHESNE, 2001). A florestação das margens dos rios pode ainda ser utilizada,

futuramente, no planejamento de corredores verdes ligando os remanescentes florestais e

permitindo assim o inter-cruzamento das populações de espécies que encontram-se

atualmente isoladas em fragmentos florestais distantes Os corredores verdes, por vezes

denominados corredores ambientais, corredores de vida selvagem ou tampões ciliares

(riparianos) constituem uma importante forma de proteger áreas naturais e desenvolver

oportunidades de recreação (LIMA; ZAKIA, 2000). Os corredores verdes contribuem para

muitos valores ecológicos e sociais, ajudam a manter a diversidade biológica, protegem os

recursos hídricos, conservam solos, suportam atividades recreativas, estimulam a coesão

comunitária e cultural e provêem rotas de migração para as espécies durantes mudanças

sazonais ou épocas reprodutivas (MILLER et al., 1998).

A existência de uma faixa de mata em torno dos corpos d’água estimula a reciclagem

dos nutrientes adicionando ao solo elementos como nitrogênio (N), Fósforo (P) e enxofre (S)

e retendo-os no ecossistema de modo que possam sustentar a produção vegetal (HEFTING et

al., 2005). A decomposição da serapilheira, constituída por folhas, galhos, frutos, flores e

outros materiais das árvores, permite a assimilação gradual dos nutrientes sustentando o

crescimento da vegetação, a nutrição de microrganismos e macroinvertebrados de solo e a

redução da lixiviação dos elementos minerais do solo (RUAN; LI; ZOU, 2005). O aporte de

material vegetal nos rios é uma das principais fontes para os organismos detritívoros dos

ecossistemas aquáticos.

Merece destaque, neste contexto, o papel desempenhado pelas florestas ripárias no

controle da poluição difusa (BICALHO; LANGENBACH; HAGLER, 2009; ANBUMOZHI;

RADHAKRISHNAN; YAMAJI, 2005) reduzindo o efeito prejudicial dos fertilizantes,

pesticidas e demais agroquímicos na qualidade da água. As atividades agrícolas têm sido

apontadas como a maior fonte de poluição difusa em rios e lagos, sendo que 70% das cargas

anuais de nitrogênio e fósforo que chegam aos rios são provenientes da agricultura. De acordo

com REBOUÇAS (1997) apud SIMÕES (2003), no Brasil, o impacto da qualidade da água

decorre principalmente da erosão do solo em bacias hidrográficas desflorestadas, além do alto

consumo de pesticidas, que atinge 150 mil toneladas por ano. Os solos de florestas ciliares

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bem desenvolvidas abrigam uma biota (fungos, bactérias e outros microrganismos) capaz de

degradar diversos pesticidas (ENTRY; DONNELLY; EMMINGHAM, 1995).

As estratégias para controle da poluição em bacias hidrográficas devem envolver a

adoção de práticas de manejo que considerem a geomorfologia local e sua dinâmica espaço-

temporal, a proposição de alternativas econômicas sustentáveis para as comunidades atingidas

e a recomposição florística das matas ciliares degradadas, a partir da vegetação nativa

característica da área e a fauna a ela associada.

A preservação dos recursos hídricos e dos fragmentos florestais e remanescentes de

mata, bem como, o desenvolvimento de estratégias de conservação adequadas às

características locais, exige a realização de pesquisas científicas que forneçam informações

qualitativas e quantitativas do ambiente regional.

Embora o rio do Peixe assuma para a região importantes conotações históricas, sociais

e ecológicas, o que se observa atualmente é uma grande lacuna quanto a dados científicos

básicos referentes aos aspectos geológicos, geomorfológicos, hídricos, vegetacionais e

faunísticos do rio e dos ambientes que o cercam. Frente a esta carência de dados e a

importância de se conhecer e preservar o ambiente natural, tornou-se inadiável o

levantamento sistemático de dados que permitam, em um primeiro momento, diagnosticar tais

aspectos e, posteriormente, subsidiar projetos de recuperação e recomposição de áreas

degradadas em consonância com o ambiente original da área, disponibilizando para a

comunidade um banco de dados sobre os recursos hídricos e florísticos da região.

Considerando que o referido rio atravessa vários municípios e que ao longo de seu percurso as

características de suas águas e da vegetação ripária são modificadas via ação antrópica, estas

informações poderão servir ainda como parâmetro de comparação sobre o grau de

modificações sofridas no trajeto do curso d’água auxiliando as atividades do Comitê de Bacia

Hidrográfica do Rio do Peixe e órgãos públicos.

2 BIODIVERSIDADE

O Brasil é um dos países com a maior biodiversidade do mundo, com uma riqueza

praticamente inestimável de plantas e animais. Segundo Lewinsohn e Prado (2005), há no

Brasil aproximadamente 13% de todas as espécies do mundo, representando cerca de 1,8

milhões delas. Entretanto, o conhecimento a respeito de toda essa riqueza é ainda muito

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limitado, sendo a cada ano, descritas centenas de espécies novas, principalmente em países

predominantemente tropicais como o Brasil.

Em termos de biodiversidade, o estado de Santa Catarina se destaca uma vez que sua

área está inserida no bioma Mata Atlântica, considerado um dos hotspots do planeta, onde

ocorre grande biodiversidade de fauna e flora e onde as ações de conservação são mais

urgentes. O estado compreende diversos ecossistemas, tais como a floresta atlântica e suas

vegetações associadas (como restingas, dunas e mangues), campos e campos de altitude,

matas de araucária e florestas deciduais.

Especificamente na Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe, localizada na região meio-

oeste do estado, duas importantes formações florestais estão representadas: a Floresta

Ombrófila Mista e a Floresta Estacional Decidual. Contudo, apesar da importância ecológica,

social e econômica atribuída a estes ecossistemas, são escassas as informações sobre a flora e

a fauna nativas. Neste sentido, a Rede Guarani-Serra Geral pretende através do levantamento

florístico e faunístico das áreas remanescentes de mata ciliar desta bacia hidrográfica, angariar

dados científicos que possam nortear futuros projetos de conservação da flora e fauna e dos

recursos hídricos da região, bem como, fomentar ações de conscientização e educação

ambiental.

2.1 A FLORA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO PEIXE

Os estudos florísticos, mais especificamente aqueles que envolvem as florestas

ripárias, concentram-se na região sudeste do Brasil, em especial no estado de São Paulo

(DURIGAN, 1994). Na região sul, Paraná e Rio Grande do Sul são os estados com maior

número de pesquisas desenvolvidas nesta área (DANIEL, 1991; CAMPOS; SOUZA, 2002;

LANDAU, 1994; SILVA et al., 1995).

Em Santa Catarina, Klein (1980) descreveu a ecologia das matas ciliares do vale do

Itajaí, Citadini-Zanette (1995) estudou a florística, fitossociologia e os aspectos dinâmicos de

um trecho de floresta na encosta atlântica da microbacia do rio Novo, no município de

Orleans e Lisboa (2001) avaliou a estrutura fitossociológica de uma comunidade arbórea na

Floresta Ombrófila Densa, em uma área em processo de restauração da biodiversidade após

50 anos do corte seletivo. Na região oeste Belotti et al. (2002) realizaram um estudo florístico

e fitossociológico da mata ciliar do lago da barragem Engenho Braun no município de

Chapecó.

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A Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe possui uma área de aproximadamente 530 mil

hectares na qual, segundo levantamento realizado por Raimundo (2003) foram encontrados

apenas 96 fragmentos florestais com área superior a 300 ha, sendo a maioria de propriedade

privada.

Originalmente a região da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe era ocupada por dois

tipos florestais: Floresta Ombrófila Mista (FOM), ao norte, destacando-se a presença da

Araucaria angustifolia (pinheiro-do-paraná), Ocotea porosa (imbuia), Parapiptadenia rigida

(angico-vermelho), Diatenopterix sorbifolia (maria-preta), Cedrela fissilis (cedro), Ilex

paraguariensis (erva-mate), Drimys winteri (casca d’anta), Podocarpus lambertii (pinheiro-

bravo), além de diversas canelas, e, ao sul, nas áreas de influência do Rio Uruguai e do Rio do

Peixe a Floresta Estacional Decidual (FED), formada por espécies tais como a Apuleia

leiocarpa (grápia), Parapiptadenia rigida (angico-vermelho), Myrocarpus frondusus

(cabreúva), Cedrela fissilis (cedro), Cordia tricotoma (louro-pardo), Peltophorum dubium

(canafístula), Balfourodendron riedelianum (guatambu), Cordia americana (guajuvira),

Nectandra megapotamica (canela-preta), Nectandra lanceolata (canela amarela), Ocotea

puberula (canela-guaicá), entre outras (LEITE; KLEIN, 1990; KLEIN, 1972; KLEIN, 1978,

REITZ; KLEIN; REIS, 1983; GOVERNO DE SANTA CATARINA, 1997).

No estrato superior da Floresta Estacional Decidual (Floresta Subtropical do Rio

Uruguai de acordo com KLEIN, 1978), as árvores apresentam-se desfolhadas durante o

período hibernal; esta marcante mudança na fisionomia das árvores emergentes revela as

espécies do estrato das perenifólias (onde predominam as canelas) expondo-as mais

intensamente à radiação solar.

Como parte das atividades desenvolvidas através da Rede Guarani-Serra Geral está

sendo realizado, com o objetivo de caracterizar a estrutura dos fragmentos florestais

remanescentes um inventário florístico e fitossociológico abrangendo a extensão do Rio do

Peixe, desde sua nascente, no município de Calmon, até a sua foz, no rio Uruguai, no

município de Alto Bela Vista.

A amostragem é realizada através do método das parcelas múltiplas, de 10 m x 10 m

(100 m2) distribuídas nos fragmentos de acordo com dois critérios: i. presença de vegetação

arbórea ciliar, uma vez que grande parte da área encontra-se descaracterizada e ii. área

ocupada pela vegetação arbórea ciliar, em razão de a mata ciliar na área encontrar-se

extremamente reduzida, não atingindo, em alguns pontos uma faixa de 10 m e, portanto, não

comportando a parcela. Cabe salientar que este método de análise florística e fitossociológica

tem como premissa o uso de unidades amostrais (parcelas) de tamanho fixo. Em cada parcela

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são amostradas as árvores com CAP (circunferência à altura do peito) igual ou superior a 10

cm.

Os resultados preliminares evidenciam a composição florística diferenciada entre os

fragmentos situados na região norte e na região sul da bacia. Por exemplo, Drimys winteri

(Fig. 1), Podocarpus lambertii e Ocotea porosa são espécies muito características da Floresta

Ombrófila Mista, não sendo até o momento encontradas nos fragmentos do baixo Rio do

Peixe.

Figura 1. Detalhe das flores de Drimys winteri (casca d’anta), encontrada em

fragmento florestal no município de Caçador, SC, alto Rio do Peixe.

As nascentes do Rio do Peixe consistem no afloramento de água em diversos

banhados que, confluindo, formam o rio. Estas nascentes se encontram em pequenas

propriedades rurais, nas quais se pratica agricultura de subsistência e são desprovidas de

vegetação ciliar arbórea.

Ao longo do rio, grandes extensões de sua margem são desprovidas de vegetação (Fig.

2), sendo destinadas à atividade pecuária ou simplesmente consistindo em áreas abandonadas.

Na região de Rio das Antas e de Caçador foi constatada a prática de produção de

carvão vegetal a partir de vegetação nativa, em especial bracatinga (Mimosa scabrella).

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Figura 2. Vista da margem destacando ausência de mata ciliar e utilização para

atividade pecuária, no município de Piratuba/SC, baixo Rio do Peixe.

A análise qualitativa dos fragmentos florestais amostrados até o momento permite

inferir que nos fragmentos de maior área, cuja mata ciliar se desenvolve com porte mais

elevado (Fig. 3) possuem baixa diversidade de espécies e, consequentemente, não cumprem

plenamente sua função ecológica.

Esta descaracterização em termos de diversidade florística dá-se, principalmente, em

função da criação de animais (bovinos e caprinos) que se alimentam da vegetação jovem e das

espécies herbáceas, dificultando o processo de regeneração. Dessa forma, permanecem

somente as árvores de grande porte, sem ocorrência dos demais estratos, característicos de

florestas maduras ou em estágios avançados de regeneração. Além disso, é freqüente a

ocorrência de espécies exóticas, com destaque para Hovenia dulcis (uva-do-japão), Morus

nigra (amora-preta), Eryobotrya japonica (ameixa-amarela) e várias espécies de Citrus

(laranja, bergamota, limão) cultivadas nas propriedades adjacentes e facilmente dispersas para

as áreas de mata ciliar.

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Figura 3. Aspecto de margem apresentando cobertura florestal desenvolvida, no município de

Rio das Antas/SC, alto Rio do Peixe. A análise florística indica baixa diversidade de espécies e

presença de espécies exóticas.

Pode-se concluir, portanto, que as matas ciliares do Rio do Peixe, quando presentes,

encontram-se bastante comprometidas com relação à diversidade de espécies vegetais o que

as torna pouco representativas da vegetação característica desta bacia hidrográfica. Para

finalizar, cabe destacar ainda que embora as matas ciliares possuam proteção legal específica

observa-se que esta é sistematicamente descumprida.

2.2 A FAUNA DE VERTEBRADOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO PEIXE

A maioria dos estudos de vertebrados no Brasil não se limita somente às matas

ciliares, com os peixes sendo, possivelmente, a única exceção, devido à sua óbvia associação

com os riachos nas matas ciliares. Os animais terrestres geralmente se deslocam entre as

matas ciliares e os campos e florestas mais distantes dos corpos d’água, mas estas matas

podem lhes fornecer abrigo e alimento, sendo de grande importância na manutenção de

populações de diversas espécies da fauna. Assim, matas ciliares bem preservadas fornecem

hábitat para animais florestais e funcionam como corredores de dispersão (JOHNSON;

SARAIVA; COELHO, 1999).

Conforme já abordado, na região da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe, as matas

ciliares estão fortemente degradadas. As maiores ameaças, resultantes da atividade humana,

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que podem levar muitas espécies à extinção, são a destruição e fragmentação do hábitat, a

superexploração para uso humano, a introdução de espécies exóticas e o aumento de

ocorrência de doenças (PRIMACK; RODRIGUES, 2002). Na Bacia Hidrográfica do Rio do

Peixe, além dos problemas com a grande geração de resíduos da suinocultura, tem aumentado

o problema da expansão da silvicultura com espécies exóticas, como Pinus spp. e Eucalyptus

spp. Em muitas regiões ao longo da bacia são realizados grandes plantios dessas árvores

exóticas para obter celulose para a fabricação de papéis e compensados para móveis, entre

outras utilidades. Infelizmente, muitas vezes esses plantios não respeitam as legislações

ambientais, chegando muito próximo das margens dos rios ou em outras áreas de preservação

permanente (Fig. 4). Diversos estudos já mostraram a influência negativa das extensas

monoculturas sobre a diversidade da fauna (e.g. PARRIS; LINDENMAYER, 2004;

KRISHNA; KRISHNA; VIJAYALAXMI, 2005).

A atual Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção apresenta 633 espécies da

fauna em diversas categorias de ameaça, sendo que 424 destes animais são vertebrados

(MACHADO; MARTINS; DRUMMOND, 2005); aves e peixes representam os grupos mais

ameaçados e, juntos, correspondem a cerca de metade de todas as espécies animais ameaçadas

no Brasil. As águas continentais, no Brasil, abrigam uma imensa biodiversidade, sendo

responsáveis por cerca de 20% das espécies de peixes no mundo, além de grande parte

também de grupos como algas e invertebrados (AGOSTINHO; THOMAZ; GOMES, 2005).

Rio Grande do Sul e Paraná já elaboraram suas listas estaduais de espécies da fauna

ameaçadas. No extremo sul do país, o Rio Grande do Sul apresentou 261 espécies ameaçadas

(FONTANA; BENCKE; REIS, 2003), enquanto o Paraná levantou 163 (MIKICH; BÉRNILS,

2004). É importante destacar que essas listas são revisadas periodicamente, e com o acúmulo

de novos conhecimentos acerca da fauna, algumas espécies podem ser retiradas dessas listas e

outras incluídas.

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Figura 4. Margem desmatada do Rio do Peixe, no município de Caçador/SC, alto Rio do Peixe,

mostrando ao fundo as grandes áreas de plantio de Pinus sp.

Em Santa Catarina ainda não temos uma lista oficial das espécies ameaçadas de

extinção, mas, desde 2007, a associação civil IGNIS – Planejamento e In-Formação

Ambiental executa o projeto de elaboração da Lista Vermelha da Fauna do Estado de Santa

Catarina, em conjunto com a FATMA. Para a efetiva discussão dos principais grupos animais,

participam desse processo pesquisadores de diversas universidades e centros de pesquisa de

Santa Catarina e de outros estados. Há previsão de que em 2010 o projeto seja concluído e

entregue ao governo estadual para os procedimentos legais de transformação em decreto.

Apesar do longo período de ocupação e urbanização, a fauna em Santa Catarina

permanece ainda pouco conhecida. Provavelmente, grande parte da fauna do Estado foi muito

mais dizimada do que estudada. É consenso geral que nosso nível de conhecimento sobre a

fauna de Santa Catarina ainda é muito restrito, mas também se pôde observar, nas últimas

décadas, um significativo aumento do conhecimento dessa fauna, comprovado pelas listagens

de espécies do Estado, novos registros de espécies anteriormente não conhecidas e também

descrições de novas espécies da fauna, inclusive de espécies ocorrentes na Bacia Hidrográfica

do Rio do Peixe (CHEREM et al., 2004; GHAZZI, 2008; HARTMANN et al., 2008; RUPP et

al., 2008).

Uma listagem dos peixes do Estado de Santa Catarina foi elaborada por Godoy (1987),

mas, desde então, várias espécies novas já foram catalogadas por diversos pesquisadores.

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Pouco material realmente provém da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe, sendo raros os

trabalhos que citam exemplares da bacia. Entre esses, pode-se citar Ghazzi (2008), que

descreveu uma nova espécie de Rineloricaria (cascudo-viola) ocorrente em trechos na Bacia

Hidrográfica do Rio do Peixe, e Quevedo e Reis (2002), que descreveram uma nova espécie

de Pogonopoma (cascudo-preto) também ocorrente na bacia.

Quanto aos anfíbios, os estudos são muitos escassos no sul do Brasil, particularmente

no Estado de Santa Catarina. Apesar de haver trabalhos envolvendo descrições de espécies

novas, ampliações de distribuição geográfica, discussões taxonômicas e alguns sobre aspectos

da biologia de algumas poucas espécies, Santa Catarina apresenta um grande vazio em relação

ao conhecimento de sua anurofauna (LINGNAU, 2009). Somente na última década

começaram a surgir os primeiros trabalhos considerando a riqueza específica de anfíbios

anuros em algumas regiões do Estado (HARTMANN et al., 2008; LUCAS; FORTES, 2008).

Recentemente, Hartmann et al. (2008) estimaram uma riqueza de 52 espécies de anuros para o

oeste de Santa Catarina, enquanto Lucas (2008), em extensa revisão sobre os anfíbios de

Santa Catarina, citou 110 espécies de ocorrência confirmada no Estado. A fauna de anfíbios

da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe ainda é pouco conhecida, pois a maioria dos trabalhos

que citam o Estado se concentra em sua região leste.

Os répteis também estão entre os grupos menos conhecidos em Santa Catarina, mas,

recentemente, Bérnils et al. (2007) levantaram 110 espécies desse grupo para o Estado. Não

há trabalhos voltados unicamente à fauna de répteis na Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe; já

para a Bacia do Rio Itajaí, Bérnils, Batista e Bertelli (2001) estimaram a ocorrência de 61

espécies de Squamata, com outras 25 espécies passíveis de serem encontradas naquela bacia.

Vale salientar que espécies novas de répteis ainda são encontradas no Estado, como a

recentemente descrita serpente Clelia hussami, com registro para a Bacia Hidrográfica do Rio

do Peixe (MORATO; FRANCO; SANCHES, 2003). Há também trabalhos com descrições de

espécies novas de outros estados que utilizaram material coletado em Santa Catarina e mesmo

na Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe, para fins de comparação (e.g. PASSOS;

FERNANDES; ZANELLA, 2005; PRUDENTE; PASSOS, 2008).

Quanto à fauna de aves em Santa Catarina, uma obra visivelmente de grande valor é a

de Rosário (1996), resultado de cerca de 20 anos de observação de aves no Estado. Em seu

livro, a autora apresenta 596 espécies de aves registradas para Santa Catarina àquela época. A

obra foi considerada “referência fundamental para ambos os leitores: ornitólogos

propriamente ditos e amantes da natureza que se deliciam ao observar o bater das asas de um

beija-flor” (MACHADO, 1997). Apesar disso, ainda há muito a ser estudado sobre as aves de

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Santa Catarina; e nas últimas duas décadas o conhecimento a respeito das aves do Estado vem

crescendo rapidamente, principalmente devido à formação de novos ornitólogos e

consequente aumento no número de pesquisas de campo (RUPP et al., 2008). A cada ano

ainda são reportadas novas ocorrências de aves para o Estado, demonstrando que ainda há

uma grande lacuna no conhecimento da ornitofauna do Estado (e.g. ACCORDI;

BARCELLOS, 2008; PACHECO; BRANCO; PIACENTINI, 2009). Especificamente na

Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe foi feito um levantamento da avifauna no Parque Natural

Municipal Rio do Peixe, em Joaçaba, onde os autores encontraram 129 espécies de aves

(FAVRETTO; ZAGO; GUZZI, 2008).

Em Santa Catarina, mesmo os mamíferos, animais geralmente mais reconhecidos pela

população em geral, ainda não foram adequadamente estudados, principalmente na região

oeste e na Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe. Entre os primeiros trabalhos abordando esse

grupo no Estado, pode-se citar Cimardi (1996) e Ávila-Pires (1999). Porém, somente

recentemente foi feito um estudo mais completo, através de extenso levantamento em

coleções científicas e levantamento bibliográfico, a cargo de Cherem et al. (2004). Esses

autores registraram 152 espécies de mamíferos nativos de ocorrência confirmada em Santa

Catarina, 60 espécies de possível ocorrência, além de seis espécies ou subespécies citadas na

literatura para o Estado, mas provavelmente não ocorrentes.

De modo geral, percebe-se, pelo que foi exposto, que há ainda uma enorme carência

por estudos da fauna de vertebrados na Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe. Essa carência não

é exclusiva da região da bacia, pois essa situação é compartilhada por outras regiões de Santa

Catarina e do Brasil. Objetivando aumentar o conhecimento acerca da fauna das matas ciliares

do Rio do Peixe, está sendo realizado um levantamento da fauna de vertebrados ao longo da

bacia, vinculado às atividades da Rede Guarani-Serra Geral, com amostragens sendo

realizadas em diversos pontos ao longo das porções do alto, médio e baixo vale do Rio do

Peixe. Os registros são obtidos de distintas formas, dependendo do grupo animal que se está

procurando: capturas através de redes, tarrafas e anzóis de espera, gravação de vocalizações,

registros visuais e auditivos, fotografias e vídeos, além de registros diretos e indiretos (fezes,

pegadas e carcaças) (Fig. 5).

242

Figura 5. Fezes de Hydrochoerus hydrochaeris (capivara) às margens do Rio do Peixe, no

município de Caçador/SC, alto Rio do Peixe – evidência indireta da presença da espécie no local.

Os resultados obtidos até o momento indicam uma fauna bastante empobrecida ao

longo das matas ciliares que restaram na Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe. A maioria dos

animais encontrados é composta por espécies de ampla distribuição, e há muitas que são

favorecidas, de certa maneira, por ambientes antropizados. Como exemplo, pode-se citar a

jararaca, Bothrops jararaca (Fig. 6), serpente peçonhenta que sobrevive bem em áreas

antropizadas, devido, em grande parte, à proliferação de presas como pequenos roedores.

Além disso, mesmo em pequenos banhados antropizados é comum encontrar diversas

espécies de anfíbios de ampla distribuição por grandes áreas no Brasil, tais como as pererecas

Dendropsophus minutus e Hypsiboas leptolineatus (Fig. 7). Também são comuns, nas matas

ciliares e mesmo próximo a algumas residências rurais, o gambá-de-orelha-branca (Didelphis

albiventris), o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) e a capivara (Hydrochoerus

hydrochaeris), entre outros. A maioria dessa fauna encontrada ao longo das matas ciliares na

Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe é oportunista e generalista, fato que explica sua

abundância nesses ambientes geralmente degradados.

243

Figura 6. Um exemplar jovem de Bothrops jararaca (jararaca) no Parque Natural Municipal Rio

do Peixe, no município de Joaçaba/SC, médio Rio do Peixe.

Figura 7. Um macho de Hypsiboas leptolineatus (perereca-listrada) no município de

Caçador/SC, alto Rio do Peixe. Observe o saco vocal inflado demonstrando atividade de canto

do animal.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem aos alunos e moradores que auxiliaram e/ou permitiram a

realização dos trabalhos de campo, à UNOESC, e aos financiamentos da Caixa Econômica

Federal, Agência Nacional das Águas e FAPESC concedidos a este projeto através da Rede

Guarani/Serra Geral. Por informações diversas sobre a seção de fauna, agradecemos a

244

Roberto E. Reis e Renato S. Bérnils. Agradecimento também a Renato S. Bérnils pela

cuidadosa revisão da seção de fauna.

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