C-24. Displasia ectodérmica – do fenótipo à reabilitação oral

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e50 rev port estomatol med dent cir maxilofac. 2013; 54(S1) : e1–e59 um caso clínico devidamente documentado de um paciente com um processo evolutivo de CPD pós-traumática ao longo de 7,5 anos. Caso clínico: Paciente jovem vítima de acidente desportivo do qual resultou subluxac ¸ ão dos dentes 11 e 21. Paralelamente o dente 11 sofreu uma fratura coronária de esmalte e den- tina, desenvolvendo necrose pulpar e consequente patologia apical. O dente 21 sofreu uma fractura e várias fissuras de esmalte, iniciando um processo de CPD, de evoluc ¸ão lenta, desenvolvendo com os anos uma colorac ¸ ão coronária acinzen- tada, sem qualquer sintomatologia ou imagem radiográfica de patologia apical. O plano de tratamento passou por tratamento endodôntico, cirurgia apical e restaurac ¸ ão em resina composta do dente 11, branqueamento externo e restaurac ¸ ão em resina composta do dente 21. Foram efetuados controlos clínicos e radiográficos regulares ao longo de 7,5 anos de evoluc ¸ ão. Discussão e Conclusões: Apesar da escassez de literatura com nível de evidência científica muito elevado relativamente a esta temática, pode-se assumir, com alguma relatividade que: - As características clínicas e radiográficas permitem um bom diagnóstico de CPD. - Abordagens terapêuticas conservadoras e progressivas, complementadas com controlos clínicos e radiográficos frequentes, permitem a otimizac ¸ão e a manutenc ¸ão dos resultados estéticos e funcionais, sem os riscos e custos adicionais inerentes ao tratamento endodôntico. http://dx.doi.org/10.1016/j.rpemd.2013.12.113 C-24. Displasia ectodérmica – do fenótipo à reabilitac ¸ão oral Joana Teixeira da Costa , Paula Vaz, Maria Passos, Maria João Ponces, José Mário Rocha, Jorge Dias Lopes Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP) Introduc ¸ ão: A displasia ectodérmica insere-se num grupo de patologias hereditárias caracterizadas por defeitos primá- rios em estruturas derivadas da ectoderme. Na generalidade dos casos as manifestac ¸ões envolvem dentes, cabelo, unhas e glândulas sudoríparas. O grau de envolvimento destas últimas condiciona a classificac ¸ ão em hipohidróticas ou hidróticas. A transmissão genética pode ser X recessiva, autossómica reces- siva ou dominante, sendo a mais frequente a X recessiva, que está associada a mutac ¸ões no gene EDA. As formas autossó- micas estão relacionadas com mutac ¸ões no gene EDAR. Caso clínico: Uma paciente do sexo feminino, de 20 anos de idade, recorreu à Faculdade de Medicina Dentária da Uni- versidade do Porto motivada pela resoluc ¸ão da ausência de vários dentes. Após avaliac ¸ão ortodôntica realc ¸aram-se os seguintes aspetos: persistência dos hábitos de suc ¸ão digital e deglutic ¸ ão atípica, terc ¸o facial inferior diminuído, endogna- tia maxilar, microdontia e mordida cruzada. Na consulta de Genética Orofacial efetuou-se heredograma, evidenciando-se a inexistência de familiares afetados e a ocorrência de epi- sódios recorrentes de hematúria na probando. Identificou-se ainda implantac ¸ão baixa das orelhas, alterac ¸ões cutâneas e alterac ¸ ões da morfologia das unhas. Solicitou-se estudo eco- gráfico renal que indiciou angiomiolipomas no rim esquerdo. Foi, assim, efetuado o diagnóstico clínico de fenótipo de displasia ectodérmica, o que determinou a planificac ¸ ão do tra- tamento. A 1 a opc ¸ão contemplava aparatologia fixa bimaxilar e a reabilitac ¸ão protética com implantes. A 2 a opc ¸ ão incluía coronoplastias de adic ¸ão e reabilitac ¸ão protética removível. A paciente optou pela 2 a hipótese por condicionantes sócio- económicas. Discussão e conclusões: A reabilitac ¸ão oral destes casos depende do fenótipo presente, sendo recomendável a reabilitac ¸ão protética e a dentisteria estética, bem como o recurso à ortodontia e implantologia. A 1 a opc ¸ão terapêutica teria permitido uma reabilitac ¸ão mais estável e confortável para a paciente. A 2 a opc ¸ão possibilitou a manutenc ¸ão da dimensão vertical, a resoluc ¸ão parcial da estética, não invi- abilizando a realizac ¸ ão a posteriori da 1 a opc ¸ ão. O tratamento efetuado, apesar de não constituir a opc ¸ão terapêutica ideal, permitiu satisfazer a estética e o bem-estar da paciente e pro- mover a funcionalidade. http://dx.doi.org/10.1016/j.rpemd.2013.12.114 C-25. Tumor Odontogénico Quístico Calcificante: relato de caso clínico Ana Reis Durão , Teixeira Koch, Marcelo Miranda Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP) Introduc ¸ ão: O Tumor Odontogénico Quistico Calcificante (TOQC), também conhecido por Quisto Odontogénico Calci- ficante ou Quisto de Gorlin é uma lesão benigna incomum que representa 2% dos tumores odontogénicos. A sua eti- ologia permanece desconhecida, embora seja aceite que se desenvolva a partir de remanescentes do epitélio odonto- génico presentes na mandíbula, maxila e gengiva. Podem ser identificadas lesões intra e extraósseas. As primeiras são destrutivas e surgem radiograficamente como imagens radi- olúcidas uni ou multiloculares contendo áreas radiopacas irregulares. Podem estar associadas a dentes não erupcio- nados e as corticais ósseas expandidas ou perfuradas. Nas lesões extra-ósseas pode haver erosão do osso subjacente. Geralmente são assintomáticos e muitas vezes descobertos em exames radiográficos. Caso clínico: Este póster apresenta um caso clínico de um doente do sexo feminino com 23 anos assintomática e com tumefac ¸ão da maxila direita. Na Tomografia Computorizada observou-se lesão radiolúcidas, multilocular e bem definida na maxila à direita associado ao dente 13 impactado. No interior da lesão, observamos a presenc ¸ a de calcificac ¸ ões irre- gulares. No exame histopatológico, evidenciou-se tecido de padrão quístico com a presenc ¸a de um número variado de células fantasmas no componente epitelial e material denti- nóide adjacente ao componente epitelial. Discussão e conclusões: O TOQC é uma lesão de desen- volvimento rara, que surge a partir de epitélio odontogénico. Pode ocorrer em qualquer local da cavidade oral, mas a maioria

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um caso clínico devidamente documentado de um pacientecom um processo evolutivo de CPD pós-traumática ao longode 7,5 anos.

Caso clínico: Paciente jovem vítima de acidente desportivodo qual resultou subluxacão dos dentes 11 e 21. Paralelamenteo dente 11 sofreu uma fratura coronária de esmalte e den-tina, desenvolvendo necrose pulpar e consequente patologiaapical. O dente 21 sofreu uma fractura e várias fissuras deesmalte, iniciando um processo de CPD, de evolucão lenta,desenvolvendo com os anos uma coloracão coronária acinzen-tada, sem qualquer sintomatologia ou imagem radiográfica depatologia apical. O plano de tratamento passou por tratamentoendodôntico, cirurgia apical e restauracão em resina compostado dente 11, branqueamento externo e restauracão em resinacomposta do dente 21. Foram efetuados controlos clínicos eradiográficos regulares ao longo de 7,5 anos de evolucão.

Discussão e Conclusões: Apesar da escassez de literaturacom nível de evidência científica muito elevado relativamentea esta temática, pode-se assumir, com alguma relatividadeque:

- As características clínicas e radiográficas permitem um bomdiagnóstico de CPD.

- Abordagens terapêuticas conservadoras e progressivas,complementadas com controlos clínicos e radiográficosfrequentes, permitem a otimizacão e a manutencão dosresultados estéticos e funcionais, sem os riscos e custosadicionais inerentes ao tratamento endodôntico.

http://dx.doi.org/10.1016/j.rpemd.2013.12.113

C-24. Displasia ectodérmica – do fenótipo àreabilitacão oral

Joana Teixeira da Costa ∗, Paula Vaz, MariaPassos, Maria João Ponces, José Mário Rocha,Jorge Dias Lopes

Faculdade de Medicina Dentária da Universidadedo Porto (FMDUP)

Introducão: A displasia ectodérmica insere-se num grupode patologias hereditárias caracterizadas por defeitos primá-rios em estruturas derivadas da ectoderme. Na generalidadedos casos as manifestacões envolvem dentes, cabelo, unhas eglândulas sudoríparas. O grau de envolvimento destas últimascondiciona a classificacão em hipohidróticas ou hidróticas. Atransmissão genética pode ser X recessiva, autossómica reces-siva ou dominante, sendo a mais frequente a X recessiva, queestá associada a mutacões no gene EDA. As formas autossó-micas estão relacionadas com mutacões no gene EDAR.

Caso clínico: Uma paciente do sexo feminino, de 20 anosde idade, recorreu à Faculdade de Medicina Dentária da Uni-versidade do Porto motivada pela resolucão da ausência devários dentes. Após avaliacão ortodôntica realcaram-se osseguintes aspetos: persistência dos hábitos de sucão digitale degluticão atípica, terco facial inferior diminuído, endogna-tia maxilar, microdontia e mordida cruzada. Na consulta deGenética Orofacial efetuou-se heredograma, evidenciando-sea inexistência de familiares afetados e a ocorrência de epi-sódios recorrentes de hematúria na probando. Identificou-se

ainda implantacão baixa das orelhas, alteracões cutâneas ealteracões da morfologia das unhas. Solicitou-se estudo eco-gráfico renal que indiciou angiomiolipomas no rim esquerdo.Foi, assim, efetuado o diagnóstico clínico de fenótipo dedisplasia ectodérmica, o que determinou a planificacão do tra-tamento. A 1 a opcão contemplava aparatologia fixa bimaxilare a reabilitacão protética com implantes. A 2 a opcão incluíacoronoplastias de adicão e reabilitacão protética removível.A paciente optou pela 2 a hipótese por condicionantes sócio-económicas.

Discussão e conclusões: A reabilitacão oral destes casosdepende do fenótipo presente, sendo recomendável areabilitacão protética e a dentisteria estética, bem como orecurso à ortodontia e implantologia. A 1 a opcão terapêuticateria permitido uma reabilitacão mais estável e confortávelpara a paciente. A 2 a opcão possibilitou a manutencão dadimensão vertical, a resolucão parcial da estética, não invi-abilizando a realizacão a posteriori da 1 a opcão. O tratamentoefetuado, apesar de não constituir a opcão terapêutica ideal,permitiu satisfazer a estética e o bem-estar da paciente e pro-mover a funcionalidade.

http://dx.doi.org/10.1016/j.rpemd.2013.12.114

C-25. Tumor Odontogénico QuísticoCalcificante: relato de caso clínico

Ana Reis Durão ∗, Teixeira Koch, MarceloMiranda

Faculdade de Medicina Dentária da Universidadedo Porto (FMDUP)

Introducão: O Tumor Odontogénico Quistico Calcificante(TOQC), também conhecido por Quisto Odontogénico Calci-ficante ou Quisto de Gorlin é uma lesão benigna incomumque representa 2% dos tumores odontogénicos. A sua eti-ologia permanece desconhecida, embora seja aceite que sedesenvolva a partir de remanescentes do epitélio odonto-génico presentes na mandíbula, maxila e gengiva. Podemser identificadas lesões intra e extraósseas. As primeiras sãodestrutivas e surgem radiograficamente como imagens radi-olúcidas uni ou multiloculares contendo áreas radiopacasirregulares. Podem estar associadas a dentes não erupcio-nados e as corticais ósseas expandidas ou perfuradas. Naslesões extra-ósseas pode haver erosão do osso subjacente.Geralmente são assintomáticos e muitas vezes descobertosem exames radiográficos.

Caso clínico: Este póster apresenta um caso clínico de umdoente do sexo feminino com 23 anos assintomática e comtumefacão da maxila direita. Na Tomografia Computorizadaobservou-se lesão radiolúcidas, multilocular e bem definidana maxila à direita associado ao dente 13 impactado. Nointerior da lesão, observamos a presenca de calcificacões irre-gulares. No exame histopatológico, evidenciou-se tecido depadrão quístico com a presenca de um número variado decélulas fantasmas no componente epitelial e material denti-nóide adjacente ao componente epitelial.

Discussão e conclusões: O TOQC é uma lesão de desen-volvimento rara, que surge a partir de epitélio odontogénico.Pode ocorrer em qualquer local da cavidade oral, mas a maioria