C- lom seu estilo claro e preciso, em jornalista-cronista...
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Bib l io t e c aP E S Q U IS A
ID A D E M EDIA
ECO LO G IA
Humor Verdei
FIC Ç Ã O
S o b a d o . 19 I 1991C o d e r n o d e S ó b o d o JORNAL DA TARDE 7
A arquitetura das !arendas, o estilo dos móveis, a tócnica do plantio, num trabalho ( lássico sobre a laleicultura brasileira
Rruna Lomhardi. como romancista: uma françoise Sa/{an que se consome mais rápido.
□ FILMES PROIBIDOS.de Bruna Lombardi Editora Cia das Letras 255 páginas CrS 2.820.00
□ Vastouraa — Um Município Braslioiro do Café 1850-1900 deStanley J. Stein Tradução de Vera Bloch Wrobel 372 páginas. Nova Fronteira.CrS 2 830.00.
A radiografia de uma geração caótica e apressada Um clássico
da história do nosso café
□ P o r Le o G i l s o n R i b e i r o
runa Lom bardi exaure a paciência do leitor logo no inicio do seu romance Film es P ro ib idos, de ritm o e vocabulário voluntariam ente cinem atográficos
_______________leom “ tiradas'* filosóficas da maisreles falta de graça:
“ O ocu lto das pessoas é sem pre o m ais in s tig an te ."
“ No b a irro jap o n ês tudo parece de p ap e l.’' “ M as prom eto não te fazer m al. N ada de que
você não se recupere em três ou q u a tro d éc ad a s ."P ara quem se refez de tan tos momentos “ cu te” ,
ela ainda tem a revelar que “ não ex iste g rande in te ligência no m eio das pernas das m ulheres" ou que “ em caso de delito é provável que prendam os su spe ito s de sem pre ''.
Ao lado desses lugares-comuns. há toda uma p letora do que se poderia cham ar de “ instan t cu ltu re": é só enum erar grandes escritores e p ron to , a impressão de que você é "c u lto " ou “cu lta" já se to rna indelével: “ Essa ca lc inha en ro lad a nesse tên is é a r te co n ce itu a i" e — essa moça está definitivam ente “ in " em lit: “Seu descon tro le em ocional fa r ia Z elda F itzgerald p a recer c a r te s ia n a " . Leu m uito, abrange vários ramos do saber uma frase dessas, da litera tu ra ao cinema, do cinema à filosofia, wow!
A au to ra m istura noções colhidas na orelha de um livro sem i-aberto, com prado ás pressas num aeropo rto , montes de k itsch pseudolirico, pseudo- sábio do tipo “ N ossos m ovim entos obedecem a um a co reo g ra fia p rec isa" e lembranças destorcidas pela incompreensão do “clim a" que Clarice Lispector, e só ela, dá a seus contos: “ Eu descobria Deus d en tro dos c inem as".
Este livro, porém , não deixa de ser a radiografia de uma geração caótica, que tem pressa demais para ler e ao mesmo tempo ainda sente o apelo da G rande L ite ra tu ra com maiúsculas, herdado da form ação dos "m ais velhos". Ou a linguagem atual será um indecifrável enigma de junk food, referências de cinema, h istórias de detetive, sexo e fragm entação de tudo: dos encontros, dos acontecim entos, da arte , dos livros, tudo m inim alizado, tudo banalizado? Em teologia se chama de sim onia a utilização de motivos nobres, elevados, para uma popularização blasfema e barata . A gora, vem tudo de cam bulhada, um ham búrguer ju n to com uma citação de Borges, um ikebana com cenas sórdidas do cais de Santos, tudo rápido e incom pleto com o um cult-m ovie nesta simonia cu ltu ral.
□ P o r E d u a r d o d e P a u l a R i b e i r o F i l h o
assou ras — Um M unicípio Bra-
Vsileiro do C afé, 1850-1900 não éuma novidade para o leitor brasile iro . Este bem -cuidado lançamento da Nova F ron te ira já co-
________________nheceu impressões anteriores, mas.por isso, não deixa de ser im portante esta nova edição. É um traba lho clássico de Stanley J. Stein. publicado pela prim eira vez nos EUA, no final da década de cinqüenta. Um dos principais estudiosos am ericanos aos quais se convencionou cham ar “ brasilianistas". O au to r descreve com riqueza e profundidade a dinâm ica sócio-económica da cafei- cu ltu ra brasileira constitu indo-se num traba lho acadêmico de peso e nem por isso chato de ler. Ao con trário , fundam ental para qualquer um com interesse real na história deste país, acadêmico ou não.
N ão se deixa enganar pelo clima pejorativo que envolve hoje o term o “ brasilianista” . Este trabalho é sério. E bom. P artindo de uma descrição do ambiente geográfico em que se situa Vassouras, o auto r nos introduz a esta cidade do Vale do P araíba Fluminense, desde a origem da colonização local no século XVIII, avançando no tempo até seu apogeu e sua decadência enquanto centro de poder econôm ico e político. Stein é detalhista. após 18 meses enfiado em cartórios, arquivos municipais, jun tas comerciais e no Arquivo N acional, entre ou tros, descreve a a rqu ite tu ra , as técnicas de p lan tio e até o m obiliário das fazendas, m ostrando que tudo tinha uma razão de ser: a forma de vida voltada para o café e como as técnicas e as exigências desta m onocultura com andavam o dia-a-dia dos envolvidos.
No texto encontra-se um estudo apurado das relações sociais entre grandes e pequenos fazendeiros, posseiros, mas principalm ente entre senhores e escravos. Descendo fundo na análise da escravatura, nota-se como seria impossível a m anutenção desta estru tura após o 13 de Maio de 1988. O fracasso da im igração estrangeira para aquela região somado ao esgotam ento do solo e à ascensão do Estado de São Paulo como p ro d u to r de café to rnaram inevitável a decadência do Vale do P araíba Fluminense, decretando a falência de m uitas familias.
É no estudo dessas relações escravistas que Stein se perm ite a um espirito critico ainda velado em boa parte nos estudos da época. Influenciado, entre outros, por G ilberto Freire (Casa G rande e Senzala), o au to r foi criterioso na caracterização dos papéis de cada agente desta sociedade que muitos, até a edição deste trabalho, chamavam de pré-capilalis- tas. Ao con trário , que parecem vindas de um economista neoclássico contem porâneo. Tratavam seus escravos como bens de capital e tinham como único receio, com o final da escravatura, uma possível ameaça às suas outras propriedades, m uito especialmente suas fazendas. Como frisa Stein, este receio se provou infundado. Não só suas fazendas continuaram intactas, como essa massa de pessoas livres, ile- tradas e sem direitos civis estava incapaz de pressionar qualquer au toridade constituída para obter me- horias nas suas condições de vida. quanto mais pa
ra conseguir terras daqueles que ainda dominavam, apesar da decadência, o poder político.___________
Desde sua origem até a repressão ás ordens templá- rias, propagaram -se c atuaram em várias partes, sendo responsáveis por uma série infindável de histórias, estórias, m itos etc. Mesmo depois de expurgados, em 1307, por agentes do Rei da França, e calculados então pelo papa Clemente V como comportando ceca de 2 mil membros na Ordem Templá- ria daquele pais, a repressão aos cavaleiros não significou a sua m orte. Os tem plários maçónicos mantiveram as suas lojas, "que na G rã-B retanha foram várias vezes, neste século, presididas por um membro da d inastia reinante. Nos Estados Unidos os 'acam pam entos' tem plários maçónicos ainda levantam suas tendas. No continente europeu, há muitas organizações tem plárias". E não é difícil crer que, num contexto onde a irra zã o do m undo parece imperar, estas seitas, grupos secretos, religiosos e pa- ra-m ilitares, praticantes do ocultism o e das formas de m agia que dilapidam a razão, ainda encontrem espaço, apesar da delinqüência e mediocridade do seu arcaísm o medieval. E percorrem , como m ostra
o au to r, a im aginação da D ireita.O livro O A ssassinato dos M agos percorre toda
esta tra je tó ria . Em sua prim eira parte discorre sobre a realidade dos tem plários para, em seguida, exam inar as crenças, mitos, bem como os entendimentos e as críticas, contem porâneas ás Ordens ou mais recentes, que se fizeram aos cavaleiros religiosos da época medieval, bem como suas repercussões mais atuais . M ostra qual en tendim ento tiveram Jcan Bodin, V oltaire, Michelet, Barruel, Hammer, W alter Scott, entre tantos ou tros, sobre o significado dos tem plários. Este últim o retratou-os como os representantes “ mais sin istros" da Idade Média. “ Em Ivanhoé. o grão-m estre tem plário é um fanático cruel, disposto a lim par sua ordem da im putaçâo de magia e heresia, que não se detém ante nada para conseguir a condenação da moça jud ia como here- ge. Dois de seus cavaleiros tem plários são infiéis aos seus votos e um não tem religião nem m oral."
O elitism o dissimulado dos tem plários, sua hostilidade às mulheres, o abandono da vontade pessoal, a prática de cerimonias vis e revoltantes eram inaceitáveis para Michelet. Este “achava que a o rdem tinha, com isso, m egulhado numa estranha forma de au to-adoraçâo. no egoismo satânico, e que esse egoísmo era a conclusão lógica do diabolism o. Era uma teoria extrem am ente ortodoxa para alguém tão heterodoxo como M ichelet” .
P ara os que se interessam pelos tem plários e seus m itos — e desde que não se pense que a história real da Idade Média se resuma a seus cavaleiros religiosos e ao im aginário criado em to rno deles — são inúm eras as informações que o leitor pode enco n tra r neste livro. _
□ P o r R i c a r d o A n t u n e s
ario G inzburg , em O Q ueijo e os Vermes, ao descrever a perseguição de Menocchio, um m oleiro astu to que padeceu sob a barbárie inquisitorial da época medieval,
acrescentou que seu texto pretendia ser uma h istória , bem como um escrito h istó rico. d irig ido tan to ao le itor comum, quan to ao especialista. E Guy L ardreau. prefaciando os D iálogos sobre a Nova H istó ria , escreveu de m aneira d ireta, referindo-se “ pelo menos" â F rança: “ para encontra r uma litera tu ra de valor que conte algum a coisa. Talvez fosse o caso de acrescentar, provocativa- mente. que em m uitas vezes a h is tó ria desaparece e fica a e s tó ria , ainda que com boa le tra ...
As referências acima fazem algum sentido ao se ler O A ssassinato dos M agos, de Peter P artner, que tem com o objeto o estudo dos tem p lá rio s e seus m itos, que dá sub-titu lo ao livro. Os tem plários apareceram em Jerusalém, depois da P rim eira C ruzada, e a sua Ordem dos Cavaleiros Pobres do Tem plo de Salom ão nasceu a p a rtir de um grupo de soldados devotos, reunidos em Jerusalém na segunda década do século XII. P rotegiam os peregrinos nas arriscadas ro tas entre Jafá e Jerusalém e viviam com binando rituais religiosos e práticos militares. Seu lider era, segundo P. P artn er, um nobre de Cham pagne, cham ado Hugues de Payns, membro de um ram o mais novo dos condes de Troyes.
Com batentes, provenientes da aristocracia milita r, chegaram à T erra Santa somando-se às necessidades que o estado cruzado tinha para defender-se.
□ 0 A ssassinato dos Magos (Os Templários e seu s Mitos), de Peter Partner, Editora Campus. 216 páginas. Tradução: Waltensir Dutra. CrJ2.425,00.
ASSASSINATODOS
MAGOS
PETFR PAKTNFR
de cartuns H um or Verde, que acom panha o precioso e preciso G uia Ambiental concebido pela Evolução. de P o rto Alegre, p reparado pela Sociedade de Pesquisa da Vida Selvagem, do P araná, e editado pela Tchê. Isso não espanta, quando se sabe. con- pulsando Mircea Eliade, a carga infinita de temas simbólicos envolvidos no tema da árvore.
E é assim nas mais variadas sociedades, pelos tempos infinitos. Chevalier c C heerbrant mostram que a árvore é sím bolo do “Cosmo vivo em perpétua regeneração". A árvore K lan-M u, na China, é o cam inho por onde transitam deuses, espiritos e a lmas. E ela. com as árvores de tantas cosmogonias, se ergue no centro do m undo. A cosm ogonia dos pueblo situam a existência do “ grande abeto do m undo subterrâneo que retom a o sim bolismo as- censional da m igração das alm as"...A árvore é a estrada das almas que querem ascender ao sol...
T ra je tó ria de vivos e m ortos (ou de almas vivas) os ciclos da árvore nas sociedades saudáveis a to mam como o ser dinâm ico que perde as folhas...e as recupera...c m ergulha suas raizes no húmus, e vive em perm anente transform ação. T udo o que não é a árvore dos cartuns e da realidade dos nossos dias — árvores negadas em sua essência pela destruição da
natu reza “ restam hoje apenas 3% da F lo resta A tlântica que existia no Brasil co lonial" — lemos no guia de conservação am biental denom inado T erra — O C oração Ainda B ate. o prim eiro o rgan izado por brasileiros.
Ora, que tipo de questionam ento nos situa uma obra como esse guia? Em sua apresentação, a famosa am iga e estudiosa dos chimpanzés. Jane G ood- ball, tem uma resposta plausível: “ Q uando vocé tem á sua frente a imagem das florestas sendo destruídas tão depressa...a única maneira de invertemos esta situação é estim ulando as pessoas a fazerem algo tambem como indivíduo".
O que o G uia Am biental nos m ostra, ao expor 330 coisas que podemos, efetivamente, fazer... em nossa cozinha, no qu in ta l, na hora de rejeitar a lgum spray ou trocar um detergente não biodegradável pelo velho sabão...nesse momento passamos a entender que a questão planetária está mais envolvida com nosso dia-a-dia do que poderíam os suspeita r, em outros tempos.
Podemos até pensar na atualidade da proposta sartriana: “ A liberdade é o gesto que se faz ou não se faz". _
Iruna Lom bardi é, por enquanto, nessa sua estréia no romance, uma versão brasileira de Isabel Allende e seus best-se llers k itsch ou, no m elhor dos casos, uma Françoise
ISagan que se consome mais ráp ido , apesar de seu livro ser excessivamente longo com suas 255 páginas.
Ela precisa urgentem ente, se quiser persistir na litera tu ra e não for apenas um fad da sua vaidade essa passagem pelas “ le tras", to rn ar concisas as suas histórias. E sobretudo, pelo am or de Deus, podar as suas frondosas páginas de centenas de tolices do tipo “ D ecifrar a vida é um a m issão dem asiado se c re ta " , ou “ Você deve descender dos felinos. Com ce rteza D arw in reco n sid eraria tudo se te conhecesse" ou “ M esmo p a ra a aqu iescência deve haver um lim ite ." Não há como levar a sério uma confissão como esta: “ A condição hum ana me com ove, Beni" ou esta: “ Nem sem pre é sim ples ser m u lher". Ai, a escritora toca um nível de banalidade que pensávamos perdido com as foto- novelas de ínfima categoria.
O livro arrasta-se penosamente por uma imensidão de capítulos que fazem lem brar o deserto da Arábia Saudita: no en tan to , é inegável que Bruna Lom bardi tem um pendor para o lado caricatural dos seus personagens engraçados, como a mãe e a am iga Cacau, em eterna metamorfose. Ao contrário do charivari dos seus não-poem as, fica a noção de um talento confuso, que tateia a sua melhor forma de se expressar e ainda não o encontrou. O ritm o jazzístico e cinem atográfico, a história de am or am pliada excessivamente, todo esse tum ulto porém, mais a espessa folhagem de cafonices. bobagens e a pulsação sincera de delinear acontecim entos hum anos que poderiam ser comoventes tudo isso faz de Filmes P ro ib idos Um ainda apenas esboço para um fu turo romance.
□ Terra. 0 C oraçío Ainda Bata. Guia de Conservação Ambiental, em 330 dicas. Sociedade de Pesquisa em Vida Ambiental. 150 páginas. Humor Verde. Antologia de Cartuns. 40 páginas. Preço do conjunto dos dois volumes: C ri 2 mil.
-----------------------im aior contribuição de Stein vai
A além da rica descrição da época.
A juda na constatação de como. com a cultura do café, se transferiu inexoravelmente o centro de
___________ poder das culturas de cana-de-açúcar do Nordeste brasileiro para o eixo Rio-Sào
Paulo. Responsável duran te décadas pela esmagadora m aioria das exportações brasileiras, o café concentrou de tal maneira o poder político que ate hoje suas conseqüências são perceptíveis nos desníveis regionais de produção e riqueza. A partir da cultura do café floresceram inúmeras atividades, mesmo industriais, que depois tom ar-lhe-iam a p rimazia econômica. O p róprio com bate á m onocultura do café era um incentivo ao desenvolvimento Está na consciência da vulnerabilidade de um pais m onocultor e agroexporlador, uma das raizes do nacionalism o desenvolvim entista que sacudiu o Brasil, na prim eira metade do século XX, e se m antém presente mesmo depois de "deixar de ser m oda" em meados da década de 70. _ _
Um guia e cartuns, em socorro da árvore.
□ P o r M a r c o s F a e r m a n
Im a árvore decepada. desenhada por (a n in i , exclama: ...“ E eu que poderia ter vivido mais de 400 anos?!” No meio de uina floresta de esqueletos de árvores, as “ so-
______________ breviventes" escrevem com suascopas cheias de folhas: "SO S", como desenha Santiago. Florestas, em lodo o mapa do Brasil, estão queim ando, no cartum de Edgar Vasques — c se anuncia: “G rande queima para entrega do préd io".
í: im pressionante a presença da árvore como símbolo do m artírio ecológico da T erra, na coletânea
piassu revive seus tempos de moleque paraibano e adolescente em Belo H orizonte. Qual será ele entre a trinca de garo tos o G ordo (mais tarde G atão, em homenagem ao G arfield), Daniel e Moeda Falsa
que passam as 70 páginas do livro ap ro n tan d o e vivendo as mais incríveis aventuras? Fica descartado o Buda (apelido o rig inado da cabeça raspada e da barriga enorm e), chefe da p ior gang da escola. E é de se supor que provenham de Daniel, na vida real filho de 18 anos do au to r, as gírias e os trechos mais atuais da sua narrativa.
Dificil escolher a melhor h istória , mas não pode deixar de ser citada “ Uma A ventura" excursão do tr io na Mata do B uraquinho, que é mais que uma aventura: o texto rescende a ecologia. “Tem até onça. garantem os que a visitam para derrubar ou queim ar algum as árvores. Pode ser. O certo, porém , é que está assim de quati, gam bá e ta tu . porco-espinho, raposa c jacu; cobra? Cascavel e u rutu: passarinho? Rolinha c lambu. í m ata ás vezes tão fechada de não se enxergar a luz do dia lia riachos de pedras ensaboadas de tão lisas c cachoeiras por onde despencam orquídeas. Lugar bom to. Poucas trilhas, im provisadas pinguelas de velhos troncos. A gente atravessa os cursos d 'água debaixo
das vaias dos sagüis".Mas com o nem tudo é perfeito, os exploradores
acabam impiedosamente atacados por batalhões de m aruins. m osquitinho “ reles c odiento . mais deses- perador que aula de educação física". Depois, cn- Irentam um tem poral daqueles que fazem rezar. Mais terrível ainda é a noite no m ato. onde qualquer sombra se transform a em animais vorazes. Por lim, a salvação, num dcslécho místico c radiante.
O utro dos relatos, “Cam ilinha c o Sol de Van G ogh" em que Daniel ganha a garo ta mais lin- da da escola, aquela que tinha o rosto “ luminoso
como o sol de Van G ogh" - é puro e em ocionante lirism o, respingado de algum a malícia c m uito humor. O linal é um prim or de happy end.
Mas a prim eira experiência sexual m istura de erotism o, susto e semitranse seria com dona Maria Helena, alvo dos desejos de todos os meninos do bairro , pois “ostentava o títu lo , justíssim o c unânime, de M aior Tesão do Mundo. Daniel tinha 14 anos. e ninguém acreditou em sua história.
Todos os personagens de Japiassu térn um incrível gosto pela vida, mas Tia Babu/D ona B árbara/ Vovó D onalda parece insuperável: “Tia Babu espe- rava-os na varanda da casa-grande (a trinca ia passar um tempo no C urral de Pedra), sentada na cadeira de balanço. Aos quase 80 anos. m agrinha, cabelo em coque, óculos de aro fino, transm itia, contudo, uma impressão de fortaleza. F ra de se ver aquela energia a p ilar o café, o milho para a quirera e o fubá. antes que o sol espiasse. ... O G ordo , que sempre se apresentava para ajudar na cozinha, chamava-a de Vovó D onalda. por causa do exagero culinário. Fm certo dia das lerias passadas, chegou a ornam entar as mesas e cristaleiras do casarão com 53 tipos diferentes de sobremesa, sem contar as fru tas frescas".
Um moleque paraibano. E suas boas lembranças.
□ P o r U i r a p u r u M e n d e s d e O liv eira
Unidos polo Vexamo,de Moacir Japiassu. Atual Editora.Coleção Transas e Tra m as70 páginas CrS 530.00 Ilustrações de Roberto Negreirbs
C- lom seu estilo claro e preciso, em
que eventuais firulas de algum re- buscamento fluem naturalm ente, o jo rnalista -c ron ista M oacir Japias- su envereda agora para o campo
c,_____________|d a ficção com uma aparente nove-a ou serão contos encadeados’’ Unidos pelo Vexame
A gíria “ transa" exprime com propriedade esta obra destinada ao público m fanto-juvenil mas capaz de segurar qualquer adu lto , em que Ja-