CADEIA PRODUTIVA DO LEITE DE BÚFALA - VISÃO DO ...

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CADEIA PRODUTIVA DO LEITE DE BÚFALA - VISÃO DO PRODUTOR Francisco de Assis Veloso Júnior¹ ¹Tapuio Agropecuária Ltda – BR 406, Km 125 – Zona Rural – CEP 59565-000 – Taipú – RN E-mail: [email protected] 1. EMPRESA : TAPUIO AGROPECUÁRIA LTDA. Principais produtos: Ovos especiais (Caipira, Saúde e Ômega 3), Leite Pasteurizado, Queijos de leite bovino (Minas Frescal, Coalho e Cottage) e Queijos de leite de búfalas (Mozzarella. Coalho, Provolone e Minas frescal). Número de funcionários: 116 Constituição: agosto de 1991 Faturamento anual: R$ 15.000.000,00 Î Croqui de Campo

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CADEIA PRODUTIVA DO LEITE DE BÚFALA - VISÃO DO PRODUTOR

Francisco de Assis Veloso Júnior¹

¹Tapuio Agropecuária Ltda – BR 406, Km 125 – Zona Rural – CEP 59565-000 – Taipú – RN E-mail: [email protected]

1. EMPRESA : TAPUIO AGROPECUÁRIA LTDA.

Principais produtos: Ovos especiais (Caipira, Saúde e Ômega 3), Leite

Pasteurizado, Queijos de leite bovino (Minas Frescal, Coalho e Cottage) e Queijos de leite de búfalas (Mozzarella. Coalho, Provolone e Minas frescal).

Número de funcionários: 116

Constituição: agosto de 1991

Faturamento anual: R$ 15.000.000,00

Croqui de Campo

   

  

 

Precipitação pluviométrica

Dias de chuva por ano

0

10

20

30

40

50

60

70

80

> 10 mm 45 24 27 30 17 25 39 21 65 43 20 13 25 40 12

> 5 mm 60 40 38 42 35 36 57 36 74 50 44 18 43 57 25

95 96 97 98 99 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

   

  

 

2. O BÚFALO

Que animal é este? A bubalinocultura comercial é reconhecida pela criação do búfalo

domestico asiático que representa um animal altamente adaptado para a inserção

na cadeia agroindustrial do leite e da carne.

Introduzida inicialmente na região norte do Brasil, a bubalinocultura vem

conquistando espaço rapidamente em varias regiões do nosso país.

Os búfalos apresentam características de resistência ao calor superior a

qualquer outro animal doméstico por possuírem algumas características

morfológicas e físicas que facilitam uma maior adaptação dos mesmos às

condições mais adversas, do ponto de vista climático. Sem contar com sua

insuperável, se bem manejada, docilidade.

Em muitas localidades do mundo, principalmente na Índia, os búfalos são a

fonte principal de carne, leite e força motriz para trabalho nas áreas rurais.

Apresenta grande importância econômica para produção de leite no sul da Itália –

voltado principalmente para a produção de mozzarella, e no Brasil tem crescido

consideravelmente para a produção de carne no Norte e de leite no Sudeste e

Nordeste.

O Maranhão possui o maior rebanho da região Nordeste e o terceiro maior

do país, com cerca de 80.000 búfalos, criados na sua grande maioria nos 21

municípios que compõem a Baixada Maranhense.

De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE, 2006), o Brasil possui o maior rebanho da America Latina, com

aproximadamente 1.156,870 cabeças, distribuídos em 13.096 estabelecimentos

agropecuários. Fonte: IBGE, pesquisa de pecuária municipal, 2006

   

  

 

Compensa investir no Búfalo? Segundo Bernardes (2007), pelas características superiores da espécie e

elevada demanda para o leite, o crescimento da população dos búfalos no Brasil,

no período compreendido entre 1961 a 2005 foi de 1.806%, enquanto que no

mundo, o crescimento do rebanho bovino foi de 97,34%.

O crescimento da população bubalina no Brasil se justifica pelas

características superiores da espécie, tais como: taxa de conversão alimentar,

prolificidade, estacionalidade reprodutiva, adaptação climática, alta produtividade

industrial, rusticidade, maior longevidade e insuperável docilidade, conforme

podemos identificar nos índices zootécnicos abaixo, em comparação com os

bovinos.

Fonte: Nascimento Cavalcante (1993)

Búfalas Vacas

Fertilidade (%) 85 - 90 75 - 85

Período de gestação (dias) 310 290

Intervalo entre partos (meses) 14 12 a 14

Peso ao nascer (Kg) 31 - 43 30 - 35

Mortalidade de bezerros (%) 2,5 3 a 4

Idade ao desmama (meses) 7 a 9 7 a 9

Relação Touro/Vaca 1 : 50 1 : 30

Longevidade das Búfalas (anos) 20 12 a 15

   

  

 

3. O MERCADO 3.1. Público alvo Os hábitos de consumo da população mundial têm sofrido mudanças nos

últimos anos por conseqüência das alterações sociais de trabalho com maior

participação da mulher e também pela necessidade de alterações de hábitos

alimentares para a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, como as

cardiovasculares, que se manifestam com maior intensidade nas populações

humanas mais velhas.

Os programas de incentivo a uma alimentação de melhor qualidade hoje

são ações de governo através de campanhas e alterações nas normas de

rotulagem dos alimentos com maior visibilidade aos valores nutricionais.

Mercado Interno – Carne e derivados do leite

Academias de ginástica e clubes de futebol

(reposição de massa magra após esforço muscular);

Delicatessens;

Clínicas geriátricas* e SPA;

Hospitais;

Empórios;

Redes varejistas e lojas Gourmet;

Restaurantes, hotéis e churrascarias.

*Dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística sobre a

projeção da população com idade superior a 60 anos indicam uma rápida

elevação da proporção desta população dos atuais 9,98% para 13,67% já em

2020 e 29,75% no ano de 2050.

Mercado externo - Leite

Os derivados de leite bubalino possuem características que os diferenciam

dos similares de origem bovina, tais como:

Queijos de coloração branca, de textura macia e sabor suave, que se

prestam ao conumo natural ou no acompanhamento dos mais finos pratos da alta

gastronomia internacional.

   

  

 

Elevado teor de Cálcio, quase o dobro do observado nos queijos de vaca,

mineral importante em todas as fases da vida, em especial na terceira idade,

importantíssimo para o combate a osteoporose.

Sem dúvida, a Mozzarella é o principal produto derivado do extraordinário

leite de búfalas. Desenvolvido por monges do sul da Itália este queijo tem larga

aceitação em todo mercado interancional que é dominado pelos italianos. Existem

ainda enormes espaços a serem ocupados em países asiáticos, notadamente o

Japão, europeus, principalmente Alemanha, além dos mercados americano e

canadense, que já começam a ser trabalhados por empresas nacionais.

3.2. O leite de Búfala O leite de búfala é um poderoso remédio contra a desnutrição, é vital no

processo de recuperação de pacientes em luta contra doenças de todos os tipos,

que precisam ingerir alimentos de qualidade.

Sua percentagem de gordura saturada é muito baixa, cerca de 50% inferior

à do leite bovino, não faz mal a pessoas alérgicas e não provoca diarréias como o

leite de vaca.

Tem 50% menos colesterol e quase o dobro do cálcio, fazendo com que

seja recomendado para crianças e adolescentes.

Previne a osteoporose e é recomendado para atletas de todos os tipos.

Para combater fraudes de mistura do leite de vaca com o de búfalas, a

ABCB – Associação Brasileira de Criadores de Búfalos criou em 2001 o Selo de

Pureza que garante que os produtos certificados, são 100% produzidos com puro

leite bubalino. Atualmente oito laticínios fazem parte do Selo, dos quais dois

localizados no Nordeste – BA e RN.

   

  

 

Comparativo de qualidade

Parâmetros Determinados Leite

Búfala Vaca

Umidade (%) 83,00 88,00

Gordura (%) 8,16 3,68

Proteína (%) 4,50 3,70

Cinzas (%) 0,70 0,70

Extrato Seco Total (%) 17,00 12,00

Vitamina A (U.I.) 204,27 185,49

Calorias por 100 mL 104,29 62,83

Fonte: Verruma e Salgado, 1994

Rendimento do leite de búfala e de vaca na produção de derivados

Derivados

Leite/Produto Superioridade média de

rendimento do leite de búfala %

Búfala Bovina

Iogurte 1,2 2,0 40

Mozzarela 5,5 8,0-10,0 39

Provolone 7,43 8,0-10,0 20

Queijo Marajó 6,0 10,0-12,0 41

Doce de leite 2,56 3,5 29

Fonte: Adaptado de Bastianetto, 2005

3.3. Pontos fortes e fracos da cadeia

Pontos fortes:

Mercado com demanda insatisfeita por produtos nobres e com alto

valor agregado, desenvolvidos com o leite de búfalas;

   

  

 

Produto exótico e com diferencial de sabor e nutrição que o tornam

único, especialmente com relação ao teor de Ca;

Preexistência de um rebanho que apenas exige organização dos

diversos elos da cadeia para que possa externar todo seu potencial

de produção;

Existência de um Selo de Qualidade que garante ao mercado a

oferta de produtos não fraudados.

Pontos fracos: Irregularidade na oferta constante de leite ao longo do ano;

Desconhecimento dos produtos por parte do público alvo;

Baixa variabilidade genética do rebanho nacional;

Poucos trabalhos de pesquisa desenvolvidos com a espécie;

Rebanho existente explorado com baixa tecnologia.

4. PLANOS DE AÇÃO 4.1. Premissas básicas

ATIVIDADE QUE GERE RESULTADO.

Espécie adaptada as condições edafo-climáticas existentes e em

perfeita harmonia com o meio ambiente;

Alta escala que justificasse os investimentos necessários;

Ordenha mecânica sem bezerros ao pé;

Aleitamento artificial de bezerros com o uso de sucedâneos;

Alta sanidade; Uso da melhor genética disponível;

Disponibilidade constante de matéria prima de alta qualidade ao

longo de todo o ano;

Alimentação adequada para a espécie, dentro das disponibilidades

regionais.

   

  

 

Ordenha Semi-paralela, duplo 20, com linha baixa de vácuo. Concentrado oferecido

durante a ordenha. Todos os procedimentos escritos e manualizados.

Lactações encerradas

   

  

 

Aleitamento de bezerros Aleitamento artificial realizado a partir dos 7 dias de vida. Leite de búfalas +

sucedâneo meio a meio dos 7 aos 35 dias de vida. Apenas sucedâneo dos 36 aos

90 dias, quando se realiza o desaleitamento com 90 kg de PV.

Manejo de bezerros

Controle sanitário – bezerros

   

  

 

VACINA – VERMÍFUGO CATEGORIA ANIMAL PERIODICIDADE

CURA DO UMBIGO Todos os bezerros Ao nascimento.

CONTROLE DE VERMINOSES Todos os bezerros

Aos 15, 45, 90 e 120 dias: Ricobendazole. Ivermectina pour on 2 x por ano junto com aftosa até 24 meses.

RAIVA Todos os bezerros Aos 90 e 120 dias

CLOSTRIDIOSES Todos os bezerros Aos 90 e 120 dias

BRUCELOSE Bezerras (só as fêmeas) Vacinar entre 3 e 8 meses. Marcar V1 na face esquerda.

AFTOSA Todos acima de 3 meses Março e setembro, de acordo com programa oficial.

ECTOPARASITOS (Carrapatos, moscas, piolhos)

Todos os bezerros Sempre que houver incidência que justifique o controle (Acatak).

Controle sanitário – adultos

Rebanho certificado como livre para tuberculose e em processo de

certificação para livre de brucelose.

VACINA – VERMÍFUGO CATEGORIA ANIMAL PERIODICIDADE

VERMÍFUGO Todos com idade entre 4 e 24 meses

2 vezes por ano – Fevereiro e outubro

AFTOSA Todos a partir de 3 meses

2 vezes por ano - Abril e outubro, de acordo com o Programa estadual de vacinação

RAIVA Todos a partir de 3meses Anual - Junho

CLOSTRIDIOSES Todos a partir de 3 meses Anual – Fevereiro

LEPTOSPIROSE Todos a partir de 3 meses 2 vezes por ano – Abril e outubro

IBR/BVD Todos a partir de 18 meses Anual – Abril

   

  

 

Reprodução Matrizes consideradas atrasadas a partir de 45 dias pós-parto. Uso de IATF

com os protocolos desenvolvidos pela USP. Diagnóstico de gestação realizado

mensalmente com veterinário especializado. Início de inseminação em novilhas

em 2011. Primeiros 6 anos apenas uso de genética WB e NBP.

Alimentação Alimentação a base de pastagem de Brachiaria brizantha em sistema de

Pastoreio Voisin. Suplementação de volumoso com cana de açúcar na Primavera-

Verão. Oferta de concentrado produzido na própria fazenda durante todo o ano,

de modo a atender a necessidade plena de todas as categorias do rebanho nas

diversas estações do ano.

   

  

 

5. RESULTADOS Aumento de produtividade;

Aumento constante da produção de leite (exceção 2009);

Oferta uniforme de matéria prima ao longo de todo o ano;

Melhoria da qualidade do leite ofertado – maiores teores de proteína

e gordura. Redução nos níveis de CCS e UFC;

Maior produção de leite /ha;

Redução do intervalo entre-partos;

Redução da mortalidade até os 90 dias de vida;

Aumento do % de matrizes em lactação;

Obtenção da maior lactação – 4.831 litros (FV0364) em 305 dias, e

do maior pico de leite – 23,4 kg (FV0332), em 2010;

Melhoria do resultado econômico da atividade em 2010, apesar de

ter sido o ano climático mais adverso. DESEMPENHO PRODUTIVO E REPRODUTIVO

17/08/10 15/07/10 25/05/10 24/04/10 26/03/10 25/02/10 30/07/10 MÉDIA

V.L. Vazias Normais 12 28 42 38 36 42 28 30,0

V.L. Vaz. Atrasadas 45 80 34 41 78 43 15 34,3

V.L. Inseminadas 109 66 112 101 35 49 50 69,5

V.L. Gestantes 78 75 50 40 58 68 57 63,8

Total em Lactação 244 249 238 220 207 202 150 197,6

% de Matrizes Lact. 85,6 84,4 82,6 79,4 80,2 80,8 75,0 80,8

% Matrizes 1º Cria 44,3 44,2 44,5 43,2 37,7 33,7 14,0 29,5

Tot. Matrizes Secas 41 46 50 57 51 48 50 50,2

Média Dias Lact. 201 177 154 149 146 150 151 156,5

Produção Total 2088 2046 1732 1674 1457 1583 1202 1612

Média/Matriz Lact. 8,8 8,5 7,9 7,8 7,4 8,2 8,6 8,0

Média/Total Matrizes 7,3 6,9 6,0 6,0 5,6 6,3 6,0 6,2

Prod./ha/Ano (x 1000) 4,00 2,88 2,43 2,35 2,05 2,23 1,69 2,7

IEP (Parto Ocorrido) 428 427 435 437 444 451 468 444,5

Idade 1º Parto(Geral) 03/03 03/03 03/03 03/03 03/03 03/03 03/03 03/03

   

  

 

Int. Parto 1º Cio 74,11 73,08 72,05 68,92 56,92 56,56 57,73 61,1

Ind. Prenhês 1º I.A.% 65,74 69,35 68,78 64,54 55,65 54,36 57,45 59,2

Leite: produção e metas 2010/11

Leite: demonstrativo de produção

   

  

 

6. PRODUTOS