Caderno de produção e negócios

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NEGÓCIOS PRODUCÃO & ANO 1 - NÚMERO 44 RIO BRANCO, DOMINGO, 02.12.2012 Agricultores, donas de casa, aposentados costureiras e outros empreendedores criam negócios alternativos garantindo maior renda que os salários oferecidos pelo mercado À moda da casa

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NEGÓCIOSPRODUCÃO

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ANO 1 - NÚMERO 44RIO BRANCO, DOMINGO, 02.12.2012

Agricultores, donas de casa, aposentados costureiras e outros empreendedores criam negócios alternativos garantindo maior renda que os salários oferecidos pelo mercado

À moda da casa

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Juracy Xangai

A história de vida de Antônio Be-nedito Teles Fer-nandes, o “Bené”

morador do ramal da Lua na Estrada de Boca do Acre vem se tornando rotina den-tre os muitos que deixam a zona rural para tentar uma vida melhor na cidade, mas que pela falta de preparo profissional não conseguem um bom emprego e deci-dem voltar ao campo.

Depois de trabalhar como ajudante de pedrei-ro, fazendo entregas ou vendendo picolés durante alguns anos, há dois anos, Bené chegou à conclusão de que a vida na cidade não era tão compensadora quanto pensava.

“Eu morava aqui na ci-dade, trabalhava muito, mas as coisas foram ficando cada vez mais difíceis, então deci-di voltar pra colônia do meu pai. Aqui a gente ganha di-nheiro, mas tudo se acaba em despesa assim não com-pensa, já na colônia a gente trabalha duro, tem menos despesa e tudo que fazemos é da gente, por isso vivo mais tranqüilo”, declara Bené.

Todas as terças e sextas--feiras, ele e sua irmã Maria Edilene vem para Rio Branco trazendo caixas de doces para vender. “Na colônia a gente produz muito mamão, bana-na, leite, jerimum, caju, aba-caxi, caju, jaca e outras frutas.

O carro parado junto à calçada da Secretaria Es-tadual de Segu-

rança, no centro de Rio Bran-co exibe manequins vestidos em coloridas camisas regata femininas que vão sendo ofe-recidas aos passantes.

“Minha mãe, Maria Nor-ma, trabalhava numa escola da prefeitura e começou a cos-turar pra fora para ajudar na renda da casa, mas com pouco tempo percebeu que aquele trabalho dava mais dinheiro e tomava menos tempo que o emprego, então pediu as con-tas e desde então passou a vi-ver da costura”, explica a filha Tayrine Machado que cuida das vendas na rua.

A oficina que começou se especializando na produção de baby dool hoje está for-malizada com a marca C&N mantendo-se como empresa familiar. Tayrine conta que:

“Eu sempre estudei e ajudava a mãe nas horas vagas, agora estou fazendo o curso de ad-ministração na FAAO e cuido das vendas na rua!”

De olho nas oportunida-des, Tayrine esclarece que qualquer negócio precisa ter foco e perceber as tendências do momento. “No começo a mãe fazia vários tipos de costura, então decidiu que só ia produzir baby dool, então passou a ganhar muito mais dinheiro. Durante a última copa do mundo nós fize-mos uma grande quantidade de camisetas com estampas bem variadas e vendeu como água. A gente só trabalha com roupas femininas e neste mo-mento produzimos apenas camisetas regata e um pouco de baby look, porque são as que mais vendem. O segredo deste tipo de negócio é estar de olho nas tendências da moda e saber comprar a ma-

Volta ao campoAgricultor deixou a zona rural em busca de vida melhor em Rio Branco,

mas reencontrou na colônia os recursos que precisava

Vamos colhendo tudo e fa-zendo doces para vender!”

Bené e Edilene percor-rem as ruas do centro e bairros da cidade ofere-cendo doces que já tem até clientes fiéis que garantem

a renda da família. “Andar vendendo doces cansa, mas é compensador, pois a gen-te vende uma média de R$ 300 por dia, trabalhando na cidade eu nunca ganhei um salário desses!”

Além dos doces, Bené e a irmã também vendem mo-lhos de vários tipos de pi-menta feitos na manipueira, as encomendas podem ser feitas pelos telefones 9963-5976 ou 9935-8427.

Ele confessa: “O segredo é fazer tudo bem feito, então o pessoal gosta e compra de novo, por isso é que a gente vende tudo tão rápido e com dinheiro é muito melhor viver na colônia do que na cidade!”

Bené aventurou-se na cidade, mas foi no campo que encontrou dinheiro e tranquilidade

Costurando o futuroFuncionária pública começou a costurar e descobriu que ganhava mais com seu trabalho e abandonou o emprego

téria prima, senão o custo tira a competitividade!”

Prova dessa estratégia é que elas conseguem vender as camisetas produzidas no

Acre a apenas R$ 10 para suas clientes de rua. Outro segredo são as parcerias com dezenas de vendedoras espa-lhas por Rio Branco ou mu-

nicípios como Taraucá, Cru-zeiro do Sul, Feijó, Brasiléia, Boca do Acre e até na Bolí-via. Contatos pelo telefone 3227-5951.

Tayrine vende na rua para ajudar a mãe e assim paga a faculdade

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Claudiane Queiroz Sodré vende doces e água de coco no carrinho estacio-

nado em frente a agência da Caixa do Bosque e conta com orgulho a iniciativa de sua mãe que trabalhando desta maneira garante o sustento da família.

“A gente mora no bairro

Alto Alegre e somos cinco filhos, fomos todos criados com doces. Desde crian-ça ajudava minha mãe fazer doces para vender, todos nós freqüentamos a escola e tudo o que temos em casa foi comprado com o dinheiro do nosso trabalho mesmo!” Afirma orgulhosa.

Sobre o carrinho onde vende água de coco, Claudiane expõe os potes de doce em pasta de ma-mão, leite e banana. Os pacotes e potes de co-cada branca e queimada, cupuaçu, mamão , leite, cupuaçu com leite, ma-riola de banana.

“É tudo feito em casa e muda conforme a época do ano quando tem outras fru-tas, castanha e muito mais!” Propagandeia ela.

Claudiane confessa que: “Já pensei em conseguir um emprego e sair da rua porque o sol forte castiga a gente o dia inteiro, mas

desisti porque sei que lá eu não vou conseguir ganhar o que ganho aqui!

Mesmo trabalhando na rua Claudiane não descui-dou dos estudos, concluiu o ensino médio e agora está se preparando para fazer vestibular para engenharia florestal.

Aos 70 anos o agricultor Re-nato Gomes Bezerra mora-

dor do ramal Plácido de Castro vem uma ou duas vezes por semana à cida-de para vender sua pro-dução de doces e queijos caseiros.“Eu e a mulher estamos aposentados, hoje nin-guém mais pode der-rubar para plantar e a mecanização é só pros grandes, nunca chega pra nós, então fazer queijos e doces foi o jeito que nós arrumamos para ganhar um dinheiro a mais!” Afirma Renato.Ele explicou que a espo-sa já faz queijos há mais de 20 anos e começou a produzir doces para ven-der há uns nove anos. “Nós temos 20 vacas de leite, o ramal é ruim, então não dá segurança para vender a produção, então a gente prefere fa-zer os queijos, uma par-te deles a gente entrega, outra parte a gente vende direto pras pessoas!”Renato diz que as enco-mendas podem ser feitas pelo telefone 9961-0466 e esclarece que: “Fazen-do doces do leite, ma-mão, mamão com casta-nha, leite com castanha, banana e queijos da re-gião, a gente ganha mui-to mais dinheiro do que vendendo o leite e as fru-tas!”

Empreendedores da terceira idade

Renato e a esposa complementam aposentadorias vendendo queijos e doces

A produção familiar ainda encontra na

venda de produtos típicos

das colônias uma boa fonte

de renda

Água de coco e doces caseiros

Criatividade e atitude vem sendo a chave usada pelos que apesar das dificuldades lutam para viver com dignidade

Disposição para encarar o sol é compensada pelo dinheiro a mais

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Tudo começou quando a prefeitu-ra de Rio Branco em parceria com o

Sebrae realizou uma série de cursos e treinamentos para que mulheres do Mocinha Magalhães e outros bairros da periferia da cidade apren-dessem a cultivar flores, as quais seriam utilizadas no ajardinamento da cidade.

“Minha mãe ficou muito empolgada quando começou aprender a plantar as flores, meu pai não gostava mui-to da ideia, mas foi ficando animado quando ela ganhava dinheiro vendendo os va-sos. Logo ele também estava plantando flores com ela e a gente ajudava”, explica Ana Carolina a aventura vivida por sua mãe, Ana Bocardio.

Em pouco tempo já não havia mais espaço no quin-tal da casa para tantas flores,

então Márcia e o marido tomaram uma decisão ra-dical. “Eu e minhas irmãs gostávamos das flores, mas foi uma surpresa pra gente quando eles decidiram ven-der a casa na cidade e com-prar uma colônia no serin-gal Itucumã, isto porque a gente foi criada na cidade, achei muito difícil pra me acostumar”.

Na chácara ligada a As-sociação Florescer, as flores, cactos e folhagens tomam quase todo o espaço do ter-reno de onde a família tira toda sua renda. “Hoje a gen-te vive das flores, tenho de reconhecer que nossa vida melhorou bastante mesmo. Além de cuidar das vendas aqui no mercado Elias Man-sour, eu estudo psicologia na Uninorte e minha irmã faz engenharia florestal na Ufac!”

Carregando sua cai-xa de isopor Renan Diego da Silva ca-minha rápido por

entre as ruas da Cidade Nova oferecendo as tapiocas quen-tinhas temperadas com cas-tanha e manteiga conforme reza a tradição.

Ele explica que: “Moro com minha avó e há alguns anos ela começou a fazer ta-piocas e pés de moleque pra eu vender. Também vendia as verduras que a gente plantava no quintal!”

O cuidado com os alimen-tos é, para Renan, um dos se-gredos do sucesso das vendas que rendem uma média de R$ 40 a 50 por dia. “O im-portante mesmo é a gente fa-zer o que gosta porque assim a gente faz com mais amor. Só fazemos a tapioca tradi-cional pura com manteiga ou com castanha, é o que o pes-soal mais gosta. Tenho que andar bastante, rodo a Cida-de Nova, parte do Quinze e até o Calçadão da Gameleira, mas vale a pena!”

Quem passa pela rua coronel Ho-nório Alves no bairro Quinze

nota o simples anúncio “Ba-zar” improvisado num pe-queno pedaço de papel.

Ali a dona de casa Cláudia Feitosa que tem como ren-da três faxinas por semana, cuida do netinho e entre um afazer e outro vai cuidando de seu bazar improvisado. “Tudo começou quando minha irmã teve que fechar o bazar que ela tinha e me deu as peças que sobraram. Daí vários amigos e o pesso-al da igreja que gostaram da ideia, começaram a me doar roupas, cintos, bijuterias e

até eletrodomésticos como ferro elétrico, ventiladores e outros objetos que eu vendo aqui!”

No malabarismo para melhorar a renda, Cláudia também faz e vende picolés, cremes de cupuaçu, maracujá e outras frutas de época. “A gente se vira para ganhar al-gum dinheiro porque a vida não está fácil, mas vale a pena. Vendo as roupas e acessórios a preços que variam de R$ 1 a R$ 2, algumas peças maio-res e eletrodomésticos a R$ 10 ou R$ 20. As pessoas gos-tam de comprar, mas tem dia que não vende nada e como prevenção também vendo cartelas do Acre Cap!”

Vida em florDepois que descobriu como cultivar flores família deixou a cidade para a colônia onde vive melhor que antes

Ana Carolina e a irmã estão na faculdade graças às flores produzidas péla mãe

Bazar em casaA solidariedade dos amigos que doam roupas e objetos criou mais um negócio doméstico

Cláudia criou bazar com apoio dois amigos , mas também vende picolés, doces e faz faxina

Tradição garante renda

Os sabores da terra ainda são uma boa opção para quem precisa fazer

dinheiro para garantir o dia-a-dia

Renan e a avó produzem tapiocas para garantir o sustento

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Marilu veio da Bahia e Ro-naldo do Rio de Janeiro,

conheceram-se no Acre, casaram e deram início a uma família de empreen-dedores que para conse-guir apoio no seu ramo tiveram de buscar incenti-vo em Minas Gerais onde mantêm sua fábrica ven-dendo aqui, no Amazonas, Rondônia e Bolívia toda sua produção.

Tudo começou quan-do ainda criança Marilu da Silva Mosena foi trazi-da ainda criança da Bahia para o Acre, anos depois o bombeiro hidráulico cario-ca, Ronaldo, migraria para o Rio Branco em busca de emprego, tempos depois aqui se conheceram e se casaram. Durante dez anos ela trabalhou no Saerb e aproveitava as horas vagas para vender roupas, mas a situação se complicou quando o marido ficou de-sempregado.

“A gente não sabia o que fazer, então pedimos orientação de Deus. Tenho até vergonha de contar que naqueles mesmos dias uma das fábricas de quem eu comprava roupas lá em Eugenópolis foi à falência depois de levar um gran-de golpe aplicado por um empresário aqui do Acre. Naquelas minhas idas e vindas tinha me tornado muito amiga da mestre das costureiras daquela empre-sa, então decidimos vender nossa caminhonete e mon-tar nossa pequena fábrica lá em Minas porque aqui não encontramos apoio. Isso foi há dez anos, desde aquela época a mestre cui-da da produção e nós cui-damos das vendas!” Expli-ca Marilu.

Ela lembra que pensou em montar a fábrica no Acre, mas os altos custos de manutenção e impos-tos, além da falta de mão de obra qualificada e de incentivos levaram a in-vestir tudo o que tinham na montagem do negócio

Digo & NatoEmpresa acreana especializou-se na produção de baby dool e venda de peças

íntimas que deixam as mulheres ainda mais bonitas

em Eugenópolis, localizada na região de Macaé, um dos principais pólos da confec-ção de Minas Gerais.

A empresa nasceu espe-cializada na produção de baby dool para crianças, jo-vens e adultos, mas também vende sutiãs, espartilhos, fios dentais, calcinhas e acessó-rios de moda íntima fabrica-dos por empresas parceiras. “Nossa produção é exclusi-vamente feminina com baby dool para todos os tamanhos e gostos. Também vendemos moda íntima como cuecas e outros itens para os rapa-zes!”

Dez anos depois de ar-riscar tudo num negócio longe de casa, o casal Mari-lu e Ronaldo comemoram o cadastro com mais de 1.200 vendedoras espalhadas pelo interior do Acre, Manaus no Amazonas, Porto Velho em Rondônia e até na Bolívia. O sistema é de simples venda

direta com pagamento à vis-ta que gera crédito conforme a fidelização da vendedora.

“Temos propostas para fornecer município da Bahia, Rio de Janeiro e até de São Paulo, mas definimos que o Acre e os estados vizinhos são nosso foco de trabalho e para isso oferecemos nos-sos produtos a preços sem concorrência. Estou no Acre há 27 anos e tudo o que te-mos foi conquistado aqui, por isso até o nome da nossa empresa Digo & Nato é uma homenagem aos nossos dois filhos acreanos”, declara Ma-rilu.

A empresa que já gera 14 empregos e está em pleno crescimento tem seus pro-dutos em site próprio na in-ternet www.digoenato.com.br onde podem ser visuali-zadas suas últimas criações que são orientadas pelo Se-brae e pelo Senai de Minas Gerais.

CONTRACAPA - Vendedores Digo & Nato escolhem produtos para seu público

Marilu mostra orgulhosa os produtos Digo & Nato