Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

25

Click here to load reader

description

Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

Transcript of Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

Page 1: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

IV Colóquio InternacionalLaboratório de Estudos sobre o

Império Romano(LEIR)

O Império Romano e as fronteiras do tempo

Universidade Federal de Ouro PretoInstituto de Ciências Humanas e Sociais

Mariana – MG

5 a 7 de outubro de 2011

RealizaçãoLEIR-UFOP e PPGHIS-UFOP

ApoioUFOP, Neaspoc, CNPq, Fapemig, Capes

Page 2: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

Universidade Federal de Ouro PretoInstituto de Ciências Humanas e Sociais

Reitor da UFOP: João Luiz MartinsDiretor do ICHS: William Augusto MenezesChefe do DEHIS: Mateus H. de F. Pereira

Coordenador do PPGHIS: Valdei Lopes de Araújo

Comissão Organizadora do Colóquio:Fábio Faversani e Fábio Duarte Joly

Membros do Laboratório de Estudos sobre o Império Romano, da Universidade Federal de Ouro Preto (LEIR-UFOP)

Alexandre Agnolon - Professor Assistente (doutorando USP)Annelizi Fermino - Monitoria

Daniela Barbosa da Silva - MestradoFábio Duarte Joly – Professor AdjuntoFábio Faversani – Professor Adjunto

João Victor Lanna de Freitas - Iniciação CientíficaLaura Zamuner Vasconcellos - Iniciação Científica

Lucas Almeida de Souza - Iniciação CientíficaMamede Queiroz Dias - Iniciação Científica

Mariana Alves de Aguiar - MestradoPrema Hari Perroni Campos - Monitoria

Sarah Fernandes Lino de Azevedo - MestradoVinícius Albano Blanc Farias - Monitoria

Willian Mancini Vieira - MestradoYgor Klain Belchior – Mestrado

Produção Gráfica

Page 3: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

Sumário

Apresentação...............................................................p.

Programação

Dia 5 de outubro.................................................p.

Dia 6 de outubro.................................................p.

Dia 7 de outubro.................................................p.

Resumos.....................................................................p.

Índice onomástico.......................................................p.

Page 4: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

Apresentação

O Colóquio Internacional do Laboratório de Estudos sobre o Império Romano (LEIR) é uma atividade regular, de caráter anual. O LEIR reúne nove universidades públicas (USP, UFES, UFG, UFOP, Unesp-Franca, Unirio, UFTM, UFCG e Unipampa) em torno do propósito comum de estimular a pesquisa especializada sobre o Império Romano. Além do intercâmbio entre pesquisadores, o Laboratório se propõe a um programa de Colóquios e publicações regulares. O LEIR é um grupo de pesquisa registrado no diretório do CNPq e também é um Grupo de Estudos da SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos).

O IV Colóquio Internacional do Laboratório de Estudos sobre o Império Romano (LEIR) apresenta como foco de reflexão O Império Romano e as fronteiras do tempo. Nas últimas décadas, o problema da “queda” do Império Romano foi substituído, na historiografia, pela questão, talvez mais difícil, de sua longa duração e estabilidade. Essa nova visão do Império na longa duração coloca aos historiadores novos problemas de periodização. Trata-se do mesmo Império ao longo de quatro ou mesmo sete séculos? Quais rupturas podem ser identificadas? Quais as forças da continuidade e da transformação? Deste rol amplo de questões, espera-se discutir e repensar as especificidades e o valor das divisões tradicionais: a passagem da República imperialista ao Império, o Alto-Império, a “crise” do século III, o Baixo Império e a Antiguidade Tardia. O objetivo é por em contato especialistas de períodos diferentes para refletir sobre o Império Romano, suas temporalidades e sua possível (ou não) unidade no tempo.

Quanto à dinâmica dos trabalhos, o Colóquio terá três momentos distintos. O primeiro deles se dedica à apresentação das pesquisas que estão sendo realizadas nos diferentes núcleos do Laboratório de Estudos sobre o Império Romano nas diferentes Universidades em que já se encontram consolidados. Cada pesquisador terá vinte minutos para apresentar sua reflexão e serão reservados trinta minutos para os debates de cada mesa. O propósito é reunir estudantes em diversos estágios de formação e propiciar a eles uma interlocução também com uma banca de pesquisadores experientes. O segundo momento se dedica à apresentação de trabalhos por pesquisadores que se dediquem ao debate da ementa acima. As mesas serão compostas por professores das diferentes Universidades que compõem o LEIR e professores convidados do Brasil e do exterior. Os pesquisadores terão trinta minutos para apresentar suas reflexões e serão reservados outros trinta minutos para os debates de cada uma das mesas. Ao final, será feito um balanço. O Colóquio servirá, ainda, para que se reúnam seus coordenadores nacionais com o fito de realizar o planejamento acadêmico do Laboratório para o ano de 2012, com ênfase à construção de cooperação interinstitucional e mobilidade.

Confira a seguir a programação e os resumos, listados pela ordem das apresentações.

Page 5: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

Programação

DIA 5 DE OUTUBRO DE 2011

Abertura dos trabalhos - 8:30 às 9:00 horas

Mesa 1 – 9:00 às 10:30 horas

André Luiz Cruz Tavares (Doutorando – Unesp/Franca). Aspectos da Representação de Marco Túlio Cícero nos manuais didáticos do Ensino Secundário da Primeira República Brasileira (1889-1930).

Michelly Pereira de Sousa Cordão (UEPB; Doutoranda – UFCG). Fatum x fortuna: Comparações entre as leituras de Tito Lívio e Maquiavel sobre a “Cidade Eterna”.

Nathália Queiroz Mariano Cruz (Mestrando – UFG). Dialéticas de poder: discursos e representações históricas na hermenêutica legislativa hebraica do Mediterrâneo antigo.

Mesa 2 – 10:30 às 12:00 horas

Ygor Klain Belchior (Mestrando – UFOP). Tácito e a (des)ordem imperial.

Rafael da Costa Campos (Unipampa; Doutorando – USP). Tibério e o Senado romano: interações políticas entre pares durante o início do Principado.

Rodrigo Santos Monteiro Oliveira (Iniciação Científica – UFG). Por um desejo de Pax: A busca pela “harmonia” a partir dos astros na obra Astrologia¸ de Marcos Manílio.

Mesa 3 – 13:30 às 15:00 horas

Ana Paula Franchi (Doutoranda – UFG). Legitimidade e ilegitimidade: a contraposição entre imperadores e usurpadores nos panegíricos latinos de 289, 291 e 297 d.C.

Willian Mancini Vieira (Mestrando – UFOP). "Vedes o corpo dele, nascido de uma cólera divina" (Sen. Apoc. XI, 3): o veredito "divino" sobre a aparência e o comportamento do Imperador Cláudio.

Dominique Monge Rodrigues de Souza (Mestranda – Unesp/Franca). As funções político-administrativas dos senadores durante o

Page 6: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

Principado Romano: Plínio, o Jovem, e suas atuações na Corte Senatorial e no Tribunal dos Centúnviros (séculos I-II d.C).

Mesa 4 – 15:00 às 16:45 horas

Ivan Vieira Neto (Mestrando – UFG). A mistagogia sagrada do De Mysteriis Ægyptiorum: Jâmblico de Cálcis e a magia ritual simbólica.

Belchior Monteiro de Lima Neto (UFES). Honra e desonra na cidade romana: magia, cotidiano e poder nas civitates norte-africanas segundo o testemunho de Apuleio de Madaura (século II d.C.).

Eduardo Polidori Oliveira (Iniciação Científica - USP). Resistência aos bárbaros: Victor de Vita e a invasão dos vândalos.

Sarah F. L. Azevedo (Mestra – UFOP). A domus Caesarum e as mulheres da dinastia Júlio-Cláudia nos Anais, de Tácito.

Mesa 5 – 17:15 às 19:00 horas

Ludimila Caliman Campos (Doutorando – UFES). Devoção popular, hibridismo cultural e conflito religioso: a emergência do marianismo no Império Romano (séc. II-V).

Bruno dos Santos Silva (Mestrando – USP). Produção de conhecimento e processos de integração à época de Augusto.

Nathalia Monseff Junqueira (Pós-Doutoranda – Unesp/Franca). Os relatos de viagem de Heródoto (V a.C.) e Estrabão (I a.C.-I d.C.): a descrição do Egito no contexto expansionista.

Page 7: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

DIA 6 DE OUTUBRO DE 2011

Abertura dos trabalhos - 9:30 às 10:00 horas

Mesa 1 - 10:00 às 12:00 horas

Márcia Santos Lemos (UESB). As fontes, a historiografia e o debate sobre “uma história rompida”.

Juliana Bastos Marques (Unirio). Uma perspectiva diacrônica do espaço da urbs e do Império Romano na historiografia latina.

Alex Degan (UFTM). Judaísmo Tardio e Flávio Josefo: Percalços na História do Judaísmo.

Mesa 2 - 14:00 às 16:00 horas

Norberto Luiz Guarinello (USP). Impérios Romanos?

Jacyntho Lins Brandão (UFMG). Império romano cristão: um recorte temporal válido?

Fábio Faversani (UFOP). Entre a República e Império: apontamentos sobre a amplitude desta fronteira.

Mesa 3 - 16:30 às 19:00 horas

Gilvan Ventura da Silva (UFES). Uma cidade em tempo de transição: as transformações no espaço urbano de Antioquia no final do Império Romano.

Margarida Maria de Carvalho (UNESP-Franca). Comentários sobre as Cartas de Libânio enviadas a Juliano César no período da guerra contra os Francos e os Alamanos.

Ana Teresa Marques Gonçalves (UFG). “Imperadores como Magistrados”: A Noção de Honra e a Busca de Consenso no Alto Império Romano.

Fábio Duarte Joly (UFOP). A escravidão romana e suas periodizações.

Page 8: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

DIA 7 DE OUTUBRO DE 2011

Mesa 4 - 10:00 às 12:00 horas

Marina Cavicchioli (UFBA). Imagens do Império Romano e as fronteiras do tempo.

Marinalva Vilar (UFCG). Apropriações agostinianas da “cidade eterna” na De Civitate Dei.

Deivid Valério Gaia (Unipampa). Vocabulário das taxas de juros em Roma: continuidades e/ou rupturas do século III a.C ao século III d.C.

Mesa 5 - 14:00 às 16:00 horas

Marcela Cubillos Poblete (Universidad La Serena – Chile). Periodización y marginalidad en la Antigüedad: El caso de Roma.

Carlos Augusto Machado (Unifesp). O Abandono das casas aristocráticas e o fim da Roma antiga.

John Dillon (University of Exeter – UK). The Principate of Pompey: Anticipating the Empire.

Reunião Leir Nacional - 18:00 às 20:00 horas

Page 9: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

Resumos

DIA 5 DE OUTUBRO DE 2011

André Luiz Cruz Tavares (Doutorando – Unesp/Franca). Aspectos da Representação de Marco Túlio Cícero nos manuais didáticos do Ensino Secundário da Primeira República Brasileira (1889-1930). A presente comunicação terá dois pontos principais: o primeiro está relacionado ao debate do papel da História Antiga dentro do contexto da Educação Pública brasileira no início do século XX e as tendências historiográficas que definiram sua produção. Já o segundo ponto tratará da representação de Marco Túlio Cícero nesse contexto, sua importância enquanto figura histórica e política e a ligação estabelecida nos manuais entre este importante personagem da História Antiga romana e a construção identitária republicana brasileira.

Eduardo Polidori Oliveira (Iniciação Científica - USP). Resistência aos bárbaros: Victor de Vita e a invasão dos vândalos. Este trabalho objetiva apresentar algumas perspectivas de Victor de Vita sobre o impacto que a conquista vândala causou nas províncias africanas.

Nathália Queiroz Mariano Cruz (Mestrando – UFG). Dialéticas de poder: discursos e representações históricas na hermenêutica legislativa hebraica do Mediterrâneo antigo. As relações de poder moldadas entre o Império Romano e suas províncias conferiram uma homogeneidade administrativa mediante a pluralidade de culturas e preceitos que permearam a realidade do Mediterrâneo antigo. Neste sentido, a hermenêutica teve seu papel de destaque nos discursos provinciais que buscavam explicar de forma legítima e coerente a adesão e negociação com as práticas romanas, a exemplo da Judéia. Tomando como perspectiva este pano de fundo, o presente trabalho se propõe a analisar a forma encontrada pela sociedade judaica do antigo Oriente Próximo para se adaptar e, ao mesmo tempo, se preservar diante da romanização, baseando-se sobretudo no manuseio retórico de suas literaturas bíblicas e rabínicas.

Ygor Klain Belchior (Mestrando – UFOP). Tácito e a (des)ordem imperial. Este trabalho possui como fontes as obras históricas de Públio Cornélio Tácito (Anais e Histórias). Nossa proposta consiste em estabelecer duas categorias de análise (“ordem imperial” e “desordem imperial”), elaboradas através do estudo de autores que refletiram sobre a organização política e social do Império Romano durante os anos em que o principado foi governado pela dinastia Júlio-Cláudia (31 ou 27 a.C – 68). Após esse debate, pretendemos observar como o historiador Públio Cornélio Tácito retrata a ordenação social e política da cidade de Roma a partir da “restauração” da República por Augusto. Dentro desses questionamentos, também pretendemos observar como essa “ordem imperial” fundada por Otaviano foi representada nas obras históricas de Tácito, sob uma ótica que privilegiava os conflitos e interações entre os diversos agentes que são mencionados em sua narrativa.

Page 10: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

Rafael da Costa Campos (Unipampa; Doutorando – USP). Tibério e o Senado romano: interações políticas entre pares durante o início do Principado. A ascensão de Tibério César ao poder soberano da sociedade romana significou o início de um processo de definição do poder dinástico imperial, na medida em que confirmou um precedente político, constitucional e ideológico estabelecido por Augusto. Entretanto, a relação entre a casa imperial e os membros remanescentes da aristocracia senatorial republicana adquiriu características que devem ser analisadas enquanto um conjunto de interações específicas e com interesses diversos, pelos quais o Princeps precisou estabelecer procedimentos de relacionamento político singulares a partir de seu governo.

Rodrigo Santos Monteiro Oliveira (Iniciação Científica – UFG). Por um desejo de Pax: A busca pela “harmonia” a partir dos astros na obra Astrologia¸ de Marcos Manílio. O ato de escrever realizado pelo homem implica em um conhecimento não apenas da temática proposta, mas também de suas experiências e vivências, mesmo que de forma indireta. Desta maneira, percebemos que, mesmo escrevendo textos teóricos e científicos, as narrativas produzidas pelo homem nos apresentam um conhecimento dele próprio e do grupo em que se situa. A partir desta idéia, partimos para a produção deste trabalho, que visa entender o período que se compreende desde o século I a.C. ao I d.C – especificamente as desordens políticas e sociais advindas da Guerra Civil em Roma. Este entendimento será feito com base na obra de Marcos Manílio, Astrologia, que nos traz um manual do saber astrológico. Nosso foco será nas relações entre os astros, e destes com os homens, pois, para Manílio, a harmonia universal era de extrema importância para que o ser humano pudesse viver conforme a natureza a partir de ideais estóicos (nos quais acreditamos que a escrita maniliana se baseia).

Ana Paula Franchi (Doutoranda – UFG). Legitimidade e ilegitimidade: a contraposição entre imperadores e usurpadores nos panegíricos latinos de 289, 291 e 297 d.C. Dentre as inúmeras dificuldades enfrentadas pelo Império Romano nos séculos III e IV d.C. referentes à manutenção de sua unidade, deve-se dar destaque à problemática das disputas imperiais. O fim da “Anarquia Militar” (235-284 d.C.), com a ascensão de Diocleciano e a implementação de reformas referentes ao poder imperial (Diarquia em um primeiro momento, seguida pela Tetrarquia), não representa o encerramento das usurpações e, consequentemente, não configura a tão almejada unidade. Garantir a legitimidade dos governantes que ascenderam ao poder de acordo com as regras sucessórias estabelecidas apresenta-se como a pauta principal nos documentos oficiais. Este é o enfoque pretendido por este trabalho. Busca-se a partir da análise dos panegíricos latinos pronunciados nos anos de 289, 291 e 297 d.C. evidenciar que o processo de legitimação dos imperadores homenageados dá-se por meio da degeneração dos outros imperadores/usurpadores do período. Nas obras selecionadas, a polarização que será trabalhada apresenta-se pelo louvor de Diocleciano, Maximiano e Constâncio Cloro em detrimento a Carausio.

Willian Mancini Vieira (Mestrando – UFOP). "Vedes o corpo dele, nascido de uma cólera divina" (Sen. Apoc. XI,3): o veredito "divino" sobre a aparência e o comportamento do Imperador Cláudio. Esta apresentação analisa como o Imperador Cláudio foi representado na

Page 11: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

Apocoloquintosis, de Sêneca, quanto ao seu comportamento e aparência. Há nesta obra diversas observações acerca da postura de Cláudio em vida, feitas através das divindades que são os principais personagens dessa sátira menipéia. Pretendemos analisar porque cada um dos comportamentos atribuídos a Cláudio é condenado por Sêneca, através dos discursos das divindades, e o que une estas críticas esparsas em uma imagem que o autor quer passar sobre este imperador.

Dominique Monge Rodrigues de Souza (Mestranda – Unesp/Franca). As funções político-administrativas dos senadores durante o Principado Romano: Plínio, o Jovem, e suas atuações na Corte Senatorial e no Tribunal dos Centúnviros (séculos I-II d.C). Ao longo do Principado romano, a organização judiciária sofreu diversas modificações. Dentre elas, destacamos a relevância da função judiciária senatorial, função essa que não era desempenhada regularmente pelo Senado durante a República e que após a década de 20 d.C., passa a ser exercida regularmente. Partindo da análise das funções político-administrativas do Senado, na qual incluímos a judiciária, durante o desenvolvimento de nossa pesquisa de Iniciação Científica financiada pela FAPESP, concluímos que, ao invés de ocorrer um colapso e enfraquecimento, como ressalta a historiografia tradicional, em virtude da política de centralização empreendida por Augusto e seus sucessores, o Senado se fortaleceu como instituição juridicamente definida e participante da rede político-administrativa durante o Principado. Desse modo, observamos que um estudo aprofundado acerca da organização judiciária romana é de vital relevância para a compreensão da organização político-administrativa do Império. Portanto, utilizando como documentação as Cartas e o Panegírico a Trajano de Plínio, o Jovem (61/62 d.C-111/113 d.C), senador romano de origem equestre, pretendemos analisar a sua carreira jurídica, com ênfase nas suas atuações no Tribunal dos Centúnviros e na Corte Senatorial. O objetivo de nosso estudo é compreender o desenvolvimento da carreira política de Plínio, o Jovem, na qual incluímos tanto as suas atividades no âmbito do jurídico como a sua carreira pública como senador. Acreditamos que nossa análise contribuirá para a compreensão do cursus honorum da elite senatorial romana, assim como para a interpretação da atuação dos senadores na organização político-administrativa do período.

Ivan Vieira Neto (Mestrando – UFG). A mistagogia sagrada do De Mysteriis Ægyptiorum: Jâmblico de Cálcis e a magia ritual simbólica. Durante a Antiguidade Tardia, observamos uma reorganização da vida social no interior do Império romano, que transformou as antigas tradições da cultura helenística. Neste contexto de permanências e descontinuidades, podemos constatar a tempestuosa convivência entre os costumes ancestrais pagãos e as novidades da religião cristã, constituintes de dois imaginários religiosos muito distintos e que rivalizavam entre si. Entretanto, face aos incontáveis conflitos ideológicos entre paganismo e cristianismo, percebemos a existência duma ideia comum às duas diferentes vertentes religiosas. Compreendemos que, se, por um lado, o paganismo sustentava a existência dos daímōnes como intermediários entre deuses e homens, auxiliares das práticas mágicas, por outro, também o cristianismo advertia sobre a existência de duas ordens de seres intermediários, os anjos (mensageiros de Deus) e os demônios (malfeitores infernais enviadas pelo Diabo). De acordo com as qualidades representativas desses seres do

Page 12: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

imaginário helenístico-romano tardio, analisaremos a sua importância simbólica na constituição das práticas teúrgicas (magia ritualística) apresentadas pelo filósofo neoplatônico Jâmblico de Cálcis, em sua obra intitulada De Mysteriis Ægyptiorum.

Ludimila Caliman Campos (Doutorando – UFES). Devoção popular, hibridismo cultural e conflito religioso: a emergência do marianismo no Império Romano (séc. II-V). O presente trabalho tem por objetivo examinar o surgimento da veneração a Maria (séc. II-V), como uma demonstração de devoção popular, alocada em fronteiras culturais, empreendida pelas devotas cristãs, monges e gentios. Além disso, buscar-se-á compreender como tal expressão de cristianismo de “fronteira” pôde ser domesticado, levando em conta as relações de poder empreendidas entre os clérigos durante o Concílio de Éfeso (século V). Para tal fim, exploramos fontes iconográficas, textos litúrgicos, crônicas, textos doutrinários e textos conciliares. Os documentos propostos são de grande valia para se entender a hibridização do culto, bem como os conflitos eclesiásticos para a domesticação da piedade mariana pela ekklesia ortodoxa.

Belchior Monteiro de Lima Neto (UFES). Honra e desonra na cidade romana: magia, cotidiano e poder nas civitates norte-africanas segundo o testemunho de Apuleio de Madaura (século II d.C.). Localizamos nosso trabalho na dinâmica cotidiana das civitates romanas no norte da África. Interessa-nos analisar como se dava o dia-a-dia das relações de poder entre os indivíduos das elites citadinas locais: suas alianças familiares, suas concepções de honra e desonra, suas acepções acerca do lugar do filósofo e da magia na sociedade romana de meados do II século d.C. Tomando algumas obras de Apuleio de Madaura como fonte, tais como Apologia, Florida, Metamorphoses e Deus de Sócrates, nossa pesquisa busca comprovar a acepção de que a acusação de magia imputada a Apuleio e o processo de difamação e desonra de sua imagem como filósofo e homem público têm relação íntima com os conflitos político-familiares presentes no cotidiano da cidade de Oea.

Sarah F. L. Azevedo (Mestra – UFOP). A domus Caesarum e as mulheres da dinastia Júlio-Cláudia nos Anais, de Tácito. Alterações na estrutura social decorrentes da mudança do regime republicano para o imperial proporcionaram um reposicionamento da mulher pertencente à aristocracia romana. Dentre estas alterações, destacamos a preponderância da domus como símbolo de status político e social e ao mesmo tempo como espaço do exercício da política, fator que contribuiu para um maior envolvimento e autonomia das mulheres no que diz respeito a assuntos políticos. Neste sentido, a presença de mulheres da aristocracia romana em narrativas historiográficas, como nos Anais, de Tácito, revela, simultaneamente, os lugares ocupados por elas na política imperial, e também o modo como a ocupação destes lugares foi percebida e principalmente a maneira como foi retoricamente representada. Com objetivo de compreender a maneira como as personagens femininas da dinastia Júlio-Cláudia foram apresentadas nos Anais, analisaremos questões referentes à representação destas mulheres seguindo linhas de interpretações da historiografia atual. Procuraremos demonstrar qual a relação entre estas personagens com a avaliação e construção da imagem dos imperadores da dinastia Júlio-Cláudia como maus imperadores.

Page 13: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

Bruno dos Santos Silva (Mestrando – USP). Produção de conhecimento e processos de integração à época de Augusto. Há um lugar comum entre os estudos sobre produção de conhecimento: todo processo de expansão de impérios gera novos conhecimentos. Essa lógica faz (ou fazia) sentido para as pesquisas que pensavam os processos de expansão de cidades-Estado da Antiguidade nos moldes dos Impérios europeus da época Moderna e Contemporânea. Mas, se a historiografia contemporânea propõe-se a pensar este período através de outros modelos/paradigmas – integração, mediterranização, sistemas mundo etc –, como fica a produção de conhecimento? Como pensá-la a partir de outro paradigma? Esta apresentação fará uma breve análise da primeira tendência, procurando mostrar seus limites e problemas. Em seguida, será proposto um olhar alternativo a partir de um exemplo: se pensarmos a Geografia de Estrabão como produção de conhecimento em um dos períodos de intensa integração das regiões do Mediterrâneo, qual o contraste com as análises anteriores?

Nathalia Monseff Junqueira (Pós-Doutoranda – Unesp/Franca). Os relatos de viagem de Heródoto (V a.C.) e Estrabão (I a.C.-I d.C.): a descrição do Egito no contexto expansionista. Nesta comunicação apresentarei os primeiros dados provenientes da minha pesquisa de pós-doutorado, na qual busco analisar as viagens ao Egito descritas nas obras de Heródoto e Estrabão, historiador e geógrafo, respectivamente, de origem grega. Entretanto, esses viajantes estão inseridos em contextos distintos: Heródoto navega até o Egito durante o processo de expansão ateniense ocorrido no século V a.C., enquanto que Estrabão descreve a terra dos faraós no ano I d.C., após o Egito se tornar província romana. Embora a construção de seus relatos tenha ocorrido em épocas distantes, tais helenos proporcionaram que o seu público tivesse um conhecimento dessa área visitada, dissertando sobre informações importantes para a política expansionista dos gregos e romanos durante a Antiguidade.

Michelly Pereira de Sousa Cordão (UEPB; Doutoranda – UFCG). Fatum x fortuna: Comparações entre as leituras de Tito Lívio e Maquiavel sobre a “Cidade Eterna”. Para Tito Lívio, por mais que a fortuna atuasse negativamente no curso dos acontecimentos, o destino (fatum) de Roma de ser “eterna” era inexorável. Mesmo porque a própria fortuna agia em função de seu cumprimento, até nos momentos em que parecia estar contra Roma ao provocar a corrupção da uirtus. Argumento interessado de um historiador que estava atrelado à política de Augusto, princeps que pretendia “refundar” Roma sob o argumento de que não poderia desviá-la de seu fatum. Em Tito Lívio, portanto, fatum e uirtus aparecem como conceitos essenciais e imutáveis que impediam que a instabilidade das coisas causada pela fortuna levasse Roma à total degenerescência. Maquiavel, em seus Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, exclui a idéia liviana de um destino inexorável (o fatum), preferindo adotar a noção de fortuna que produz o movimento aleatório das coisas, provocando acontecimentos que, apenas em parte, poderiam ser controlados pelos homens. Para ele, Roma conseguiu conservar sua liberdade até a época dos Gracos no séc. II a.C. em função da capacidade de seus estadistas de refrearem as intervenções inesperadas da ardilosa fortuna. Foi a república, entre as antigas, cuja constituição mista foi a responsável por sua maior durabilidade. Apenas os romanos, com suas boas leis e ordenações, conseguiram a façanha de derrotar as paixões humanas e controlar a força

Page 14: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

que provocava transformações e a ruína das cidades: a fortuna. Porém, para o escritor florentino, a instituição de um poder imperial colocado nas mãos de uma única pessoa representou a ruína da República romana. Neste ponto, promove um deslocamento do argumento de Tito Lívio, para quem Roma estava passando por um processo de “refundação” no contexto da ascensão imperial de Augusto. Leituras distintas de Roma: uma, a de Maquiavel, que, por admitir o caráter temporal e mutável das coisas humanas, entendia que o declínio do império romano era inevitável; outra, a de Tito Lívio, que, por defender a existência de um fatum estabelecido para a cidade, a representou como “eterna”.

DIA 6 DE OUTUBRO DE 2011

Márcia Santos Lemos (UESB). As fontes, a historiografia e o debate sobre “uma história rompida”. Tal como hoje, os intelectuais do Império romano, entre os séculos IV e V d.C., também escreviam em conformidade com suas preocupações e a partir dos lugares sociais que ocupavam. Alguns, mais vinculados à tradição pagã, produziram testemunhos marcados pelas ideias de decadência e pelos embates ideológicos e conflitos sociais do período. Objetivamos, por meio da análise de discurso, verificar a influência da produção textual dos séculos IV e V d.C. na constituição das teses sobre o “fim do Mundo Antigo” e discutir como as pesquisas, desde 1970, vêm favorecendo a retomada do debate sobre a “historiografia da queda”.

Juliana Bastos Marques (Unirio). Uma perspectiva diacrônica do espaço da urbs e do Império Romano na historiografia latina. A comunicação tem como objetivo fazer uma análise comparativa das ênfases nas representações do espaço da cidade de Roma e do território do Império Romano em Tito Lívio, Tácito e Amiano Marcelino, levando assim a uma perspectiva temporal diacrônica das ênfases em termos de espaço cognitivo refletidas nos textos de cada historiador. Assim, se em Tito Lívio o teatro da ação está mais ligado às res internae do que às res externae, o extremo oposto de Amiano Marcelino relega as res internae a um posto subalterno e quase irrelevante na narrativa. Tácito se apresenta como ponto de viragem desse processo dentro da tradição historiográfica, onde o mapa mental construído no texto demonstra oposições críticas entre os papéis da urbs e das províncias nas dinâmicas de poder.

Alex Degan (UFTM; Doutorando – USP). Judaísmo Tardio e Flávio Josefo: Percalços na História do Judaísmo. Nas últimas décadas muitos historiadores refletiram sobre as implicações, possibilidades e limites da produção do conhecimento histórico. Em especial, foram lançadas importantes reflexões a propósito das complexas relações estabelecidas entre a escrita da Histórica, as percepções sobre o tempo e a necessidade de propor novas periodizações. Nossa comunicação deseja contribuir com este debate articulando duas observações: uma problematização acerca da tradicional divisão da História dos judeus, em especial do período denominado Judaísmo Tardio (Spätjudentum), para, em um segundo momento, apontar contribuições colhidas em leituras da obra do historiador Flávio Josefo que permitam relativizar esta periodização.

Page 15: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

Norberto Luiz Guarinello (USP) Impérios Romanos? O texto investiga as diferentes periodizações, tradicionais e recentes, que recortam a história do Império Romano em segmentos. Essa segmentação, muitas vezes, dificulta o diálogo entre historiadores e arqueólogos que estudam o Império sob cronologias diferentes. O objetivo central é, assim, procurar criar pontes através da história do Império, que facilitem uma visão do Império na longa duração.

Jacyntho Lins Brandão (UFMG). Império romano cristão: um recorte temporal válido? Considerando-se que a visibilidade do cristianismo nas fontes gregas e latinas se registra a partir do início do século II, este trabalho levanta uma questão relativa à adjetivação das temporalidades, considerando-se o que vai da época aludida à queda de Roma. Minha pretensão é considerar que o cristianismo constitui uma religião romana que termina por criar, no período referido, o próprio conceito de religião como uma categoria discreta da cultura, provocando reações no mesmo sentido tanto no judaísmo rabínico, quanto no que, com Juliano, será denominado de helenismo. Proponho analisar como, nos quatro séculos em pauta, os processos de negociação se efetivam, em situações diferenciadas, para avaliar qual o impacto que a configuração do cristianismo como uma terceira opção exerce nas mentalidades e nos costumes, ou seja, de que modo, antes de se tornar a religião do Império, com Constantino, desde o segundo século se encontra em processamento a constituição de uma ordem romana reconfigurada pela pressão de uma religião que se pretende autônoma.

Fábio Faversani (UFOP). Entre a República e Império: apontamentos sobre a amplitude desta fronteira. Tradicionalmente, os historiadores tratam a passagem da República ao Império como uma ruptura. Esta ruptura seria dada especialmente por uma nova conformação do mundo romano que, arquitetada por Augusto, teria colocado fim à ordem republicana e promovido o surgimento de uma realidade completamente nova. Esta ruptura, como se sabe, foi nomeada como a Revolução Romana por Ronald Syme. Nosso propósito é tentar pensar esta fronteira entre República e Império como um universo com muitas interpenetrações, destacando elementos de um arranjo imperial nos marcos cronológicos da República, assim como elementos republicanos nos domínios temporais do Império.

Gilvan Ventura da Silva (UFES). Uma cidade em tempo de transição: as transformações no espaço urbano de Antioquia no final do Império Romano. Nesta comunicação, temos por objetivo refletir sobre as transformações produzidas no espaço urbano das cidades imperiais num momento em que o cristianismo adquire uma visibilidade arquitetônica inédita por intermédio dos seus edifícios e monumentos. Nesse sentido, a principal interrogação que se impõe diz respeito à existência (ou não), nos séculos IV e V, de uma cidade genuinamente cristã, isenta, portanto, das influências greco-romana e judaica. O que pretendemos discutir é se a assim denominada Antiguidade Tardia, marcada pela ascensão do cristianismo, foi capaz de gerar uma nova experiência de polis ou municipium diversa daquela verificada no período anterior. Para tanto, tomaremos como estudo de caso a cidade de Antioquia.

Page 16: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

Margarida Maria de Carvalho (Unesp/Franca). Comentários sobre as Cartas de Libânio enviadas a Juliano César no período da guerra contra os Francos e os Alamanos. Libânio, retórico do século IV d.C, foi professor de muitos personagens históricos do seu período, inclusive, do Imperador Juliano antes deste se tornar César de Constâncio II. A comunicação presente possui como impulso inicial realizar comentários de duas missivas de Libânio enviadas a Juliano na época de sua intensa atividade bélica na Gália contra os Francos e os Alamanos. O conteúdo das cartas revela que havia um guia formal de como se escrever uma correspondência, mas que, ao mesmo tempo, não deixava de se preocupar com questões condizentes às atividades filosóficas e bélicas de Juliano César; tal fato nos indica pistas sobre a articulação que poderia haver entre os preceitos da filosofia neoplatônica e a arte de guerrear.

Ana Teresa Marques Gonçalves (UFG). “Imperadores como Magistrados”: A Noção de Honra e a Busca de Consenso no Alto Império Romano. Um dos problemas que nunca foi totalmente resolvido na constituição do Principado, enquanto forma de governo que se afastava das tradicionais estruturas republicanas, foi a sucessão imperial. O Príncipe, enquanto magistrado, precisava refazer todos os laços de amizade e de clientela perdidos na supressão do Imperador anterior. Além disso, tornava-se necessário demonstrar o apoio das divindades e a detenção de qualidades capazes de garantirem a dignitas e a auctoritas do Imperator. Assim, propomo-nos a repensar a questão da sucessão imperial na obra História Romana de Dion Cássio, no que se refere às primeiras dinastias imperiais.

Fábio Duarte Joly (UFOP). A escravidão romana e suas periodizações. A historiografia sobre escravidão romana trabalha com recortes amplos. O escravismo aparece como uma forma de trabalho compulsório que persistiu do século I a.C. ao III d.C.. A chamada “escravidão romana” tornou-se uma forma, que pressupõe um processo de generalização e minimiza as diferenças internas ao Império, embora permita comparações com outras formas, como “escravidão grega”. A passagem da República ao Império é um primeiro divisor de águas nos estudos sobre escravidão romana. O Alto Império é caracterizado como um momento de ruptura com a República no que diz respeito ao Estado substituir parcialmente os senhores na manutenção da ordem, por meio de uma legislação imperial. Sugere-se que o estabelecimento do Principado por Augusto representou não apenas uma reordenação política da cidade de Roma e territórios sob seu domínio, mas também da própria instituição da escravidão, interferindo no princípio da soberania doméstica dos senhores de escravos. Outra distinção traçada é aquela entre Alto Império e Antiguidade Tardia e voltada para a questão do “declínio” da escravidão. Logo, os estudos sobre escravidão romana prendem-se, grosso modo, às divisões tradicionais da história romana, revelando uma visão linear e evolutiva da escravidão, desde suas origens na República, com o grande afluxo de escravos decorrente das guerras de conquista, sua consolidação no Império com o fim das revoltas servis e maior controle do Estado, e, por fim, sua desagregação na Antiguidade Tardia, quando outras formas de trabalho compulsório passariam a predominar. A proposta desta comunicação é apresentar como essas balizas cronológicas operam na historiografia e seus respectivos limites e possibilidades para o estudo da escravidão na Roma antiga.

Page 17: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

DIA 6 DE OUTUBRO DE 2011

Marina Regis Cavicchioli (UFBA). Imagens do Império Romano e as fronteiras do tempo. Fontes iconográficas representam a materialidade de discursos sobre um determinado período histórico. As imagens, assim como os objetos, possuem um apelo maior que textos escritos, dentre outras razões, por não necessitarem de mediação. A força do apelo das imagens parece ser ainda mais significativa em sociedades pouco letradas, como é o caso do Império Romano, do qual uma considerável parcela da população era analfabeta. Por essa perspectiva, podemos considerar que as imagens constituem sistemas de representação que têm sua base em significados sociais compartilhados por muitos e oferecem, dessa maneira, na maioria dos casos, uma perspectiva generalizada e aceita daquilo que representam. Nesse sentido, acreditamos que mudanças na forma de representação de determinadas cenas da vida cotidiana apontam para mudanças políticas, sociais e religiosas. Por outro lado, a manutenção de temas e esquemas iconográficos específicos ao longo dos séculos pode significar a manutenção de importantes traços culturais, como pretendemos tratar em nossa exposição.

Marinalva Vilar de Lima (UFCG). Apropriações agostinianas da “cidade eterna” na De Civitate Dei. O vaticínio do futuro serve a Santo Agostinho para edificar sua “cidade celeste”, que tem como configuração o afastamento dos vícios e a prática da virtude de forma permanente. No presente observa que o predomínio é da “cidade terrena”, aos seus olhos depravada sob anuência de um panteão de “falsas e enganadoras” divindades, a quem tanto homens de virtudes, quanto viciosos prestaram homenagens. Os primeiros o teriam feito a partir do desconhecimento da Providência do Deus Cristão, ao passo que os segundos por buscarem a felicidade na prática da lascívia e dos prazeres mundanos. A obra permite acessar as compreensões agostinianas do fim do mundo antigo na inconteste defesa dos cristãos e do cristianismo, como também um vasto conjunto de narrativas da história romana desde suas origens. Agostinho manipula a escritura latina apropriando-se de exemplos, idéias e situações que lhe permitem garantir a vitória ao cristianismo. Promove uma série de inversões das narrativas de autores clássicos, como Cícero, Salústio, Tito Lívio e Platão para, com isso, sustentar seus argumentos.

Deivid Valério Gaia (Unipampa). Vocabulário das taxas de juros em Roma: continuidades e/ou rupturas do século III a.C ao século III d.C. Quando se estuda a economia em cinco ou mais séculos, como fez Jean Andreau e Raymond Bogaert, uma questão importante e assaz difícil é saber se ressaltamos as permanências, continuidades ou as rupturas, evoluções e mutações.  Tanto Bogaert quanto Andreau em grande parte de seus trabalhos estudaram as permanências das atividades bancárias no mundo grego e romano respectivamente, mas Andreau se voltou mais ao estudo das evoluções destas atividades. Levando em consideração a metodologia de pesquisa destes historiadores, neste trabalho me volto ao estudo das rupturas e das continuidades ligadas ao vocabulário latino utilizado para designar o empréstimo de dinheiro a juros e as taxas de juros na Roma antiga do final do século III a.C. ao início do século III d.C. Para tanto, partirei

Page 18: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

da análise das fontes literárias e jurídicas com foco no estudo das seguintes palavras: fenus, usura, impendium, impensa, emolumentum, merces, interusurium, versura e anatocismus. 

Marcela Cubillos Poblete (Universidad de La Serena – Chile) Periodización y marginalidad em la Antigüedad: El caso de Roma. A partir de las nuevas perspectivas de análisis histórico, propias de las hoy llamadas Historia Social, Historia de las Mentalidades, Historia de la Cultura, entre otras, nos interesa reflexionar sobre la periodización aplicada al Mundo Clásico y su marcada orientación política y las repercusiones que dicha concepción dejó, impidiendo un “espacio temporal” a temáticas sociales que permitieran una “mirada” menos idealizada, de la cual somos herederos y muchos intentamos combatir. En este contexto, resulta muy actual tener presente la pintura de J. L. David, “El Juramento de los Horacios” (1784). Por otra parte, ofrecemos una síntesis historiográfica de la Marginalidad en la Antigüedad, destacando tanto autores claves, como problemáticas que han permitido ampliar el conocimiento. Finalmente nos detenemos en la Marginalidad Alto Imperial, aludiendo a los desafíos y potencialidades historiográficas que ofrece el tema.

Carlos Augusto Machado (Unifesp). O Abandono das casas aristocráticas e o fim da Roma antiga. A partir do século IV d.C., as domus aristocráticas começaram a ocupar um papel mais crucial na vida da Urbs, seja como centros de poder político e social, seja como espaços construídos que redefiniam a cidade ao seu redor. As casas serviam de símbolo e base para o exercício do poder aristocrático, no contexto de progressivo afastamento da corte imperial. Nas últimas décadas, arqueólogos têm identificado um crescente número de casas abandonadas nos séculos V e VI, sugerindo importantes transformações envolvendo esse grupo social. Esta apresentação tem como objetivo fazer um levantamento da informação disponível para o abandono das domus aristocráticas, e sugerir possibilidades para a leitura deste material à luz das transformações políticas e sociais que marcaram o período.

John Dillon (University of Exeter – UK). The Principate of Pompey: Anticipating the Empire. Almost a century ago, in 1918, Eduard Meyer published a book entitled “Caesar’s Monarchy and the Principate of Pompey” (Caesars Monarchie und das Principat des Pompejus). It was foremost a political history of the years 66 to xx B.C. In fact, as one reviewer (Tenney Frank) observed, its subtitle “The Inner History of Rome” (Innere Geschichte Roms) seemed to convey the contents of the book accurately, while the thesis implied in the title appeared to have been an afterthought. Even as an afterthought, though, the suggestion that Augustus followed the precedent, not of Julius Caesar, but of his defeated rival, Pompey, is not simply a bold interpretation of the constitutional settlement of the early Principate. Whether Augustus was inspired by Pompey or not, the observation that Pompey “ruled” in the declining years of the Republic virtually as princeps makes doubtful the distinction usually drawn between Republic and Principate as historical periods. How “republican” was the final period of the Roman Republic, and how novel was the settlement reached by Augustus in 27 or 23 B.C.? We often dismiss the constitution of the

Page 19: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

Principate with the cynicism of Tacitus; impatience with Augustan Republicanism is perhaps the most pervasive legacy of Syme’s scathing criticism in The Roman Revolution. The political culture of both periods has more in common than often depicted. Now very recently Harriet Flower has published a study of Roman Republics, in which she rejects the treatment of the Republic as one or at most three historical periods, which collapses in a crisis of some hundred years between 133 and 31 B.C. Her analysis of the final years of the Roman Republic, and in particular the period of Pompey’s domination, will serve as the starting point from which I will review the period Meyer called “The Principate of Pompey.”

Page 20: Caderno de Resumos do IV Clóquio do LEIR

Índice onomástico

Azevedo, Sarah F. L.

Belchior, Ygor Klain

Brandão, Jacyntho Lins

Campos, Ludimila Caliman

Campos, Rafael da Costa

Carvalho, Margarida Maria de

Cavicchioli, Marina

Cordão, Michelly Pereira de Sousa

Cruz, Nathália Queiroz Mariano

Degan, Alex

Dillon, John

Faversani, Fábio

Franchi, Ana Paula

Gaia, Deivid Valério

Gonçalves, Ana Teresa Marques

Guarinello, Norberto Luiz

Joly, Fábio Duarte

Junqueira, Nathalia Monseff

Lemos, Márcia Santos

Machado, Carlos Augusto

Marques, Juliana Bastos

Neto, Belchior Monteiro de Lima

Neto, Ivan Vieira

Oliveira, Eduardo Polidori

Oliveira, Rodrigo Santos Monteiro Poblete, Marcela Cubillos

Silva, Bruno dos Santos

Silva, Gilvan Ventura da

Souza, Dominique Monge Rodrigues de

Tavares, André Luiz Cruz

Vieira, Willian Mancini

Vilar, Marinalva