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CADERNO DE RESUMOS

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CADERNO DE

RESUMOS

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Colóquio Internacional de Formação Inicial

e Continuada de Professores de Línguas

Estrangeiras: Desafios da Aprendizagem e

do Ensino

UFRJ - Campus da Praia Vermelha

16 e 17 de março de 2012

Faculdade de Educação – UFRJ

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Reitor: Prof. Antonio Carlos Levi da Conceição

Vice-Reitor: Prof. Antonio Ledo Alves da Cunha

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

Decano: Prof. Marcelo Macedo Corrêa e Castro

Vice-Decana: Profª. Lília Guimarães Pougy

CENTRO DE LETRAS E ARTES

Decana: Profª. Flora de Paoli Faria

Vice-Decana: Profª. Cristina Tranjan

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

Direção: Profª. Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro

Vice-Direção: Profª. Monique Andries Nogueira

Coordenação de Ensino de Pós-Graduação: Profª Carmen Teresa Gabriel

Coordenação de Extensão: Profª Leny Azevedo

Coordenação de Licenciatura: Profª Daniela Patti do Amaral

Coordenação de Pedagogia: Profª Maria das Graças de Arruda Nascimento

FACULDADE DE LETRAS

Direção: Profª. Eleonora Ziller Camenietzki

Vice-Direção: Profª. Claudia Fátima Morais Martins

Diretoria Adjunta de Ensino de Graduação: Profª. Filomena de Oliveira Azevedo Varejão

Diretoria Adjunta de Apoio Acadêmico: Profª. Claudia Fátima Morais Martins

Diretoria Adjunta de Pós-Graduação: Profª. Angela Maria da Silva Corrêa

Diretoria Adjunta de Extensão: Profª Danúsia Torres dos Santos

Diretoria Adjunta de Cultura: Prof. Carlos Eduardo Costa Scherer

ORGANIZAÇÃO E REALIZAÇÃO

Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão em Formação de Professores de Línguas –

FORPROLI (FE-UFRJ)

Faculdade de Educação da UFRJ

Faculdade de Letras da UFRJ

Consulado da França no Rio de Janeiro

Universidade de Lyon

APOIO

Consulat Général de France à Rio de Janeiro

Université de Lyon

Faculdade de Educação da UFRJ

Faculdade de Letras da UFRJ

Associação de Professores de Espanhol do Estado do Rio de Janeiro

Associação dos Professores de Francês do Estado do Rio de Janeiro

Federação Internacional de Professores de Francês

Federação Brasileira de Professores de Francês

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CADERNO DE RESUMOS

ORGANIZAÇÃO E PRODUÇÃO

Prof. Dr. Antonio Francisco de Andrade Júnior (FE-UFRJ)

Profª. Dr.ª Cláudia Maria Bokel Reis (FE-UFRJ)

Profª. Dr.ª Danielle de Almeida Menezes (FE-UFRJ)

Prof. Dr. Luiz Carlos Balga Rodrigues (FL-UFRJ)

Prof. Dr. Sergio Luiz Baptista da Silva (FE-UFRJ)

Prof. Dr. William Soares dos Santos (FE-UFRJ)

REVISÃO

Prof. Dr. Antonio Francisco de Andrade Júnior (FE-UFRJ)

Profª. Dr.ª Cláudia Maria Bokel Reis (FE-UFRJ)

Profª. Dr.ª Danielle de Almeida Menezes (FE-UFRJ)

Prof. Dr. Luiz Carlos Balga Rodrigues (FL-UFRJ)

Prof. Dr. Sergio Luiz Baptista da Silva (FE-UFRJ)

Prof. Dr. William Soares dos Santos (FE-UFRJ)

CAPA

Prof. Dr. Antonio Francisco de Andrade Júnior (FE-UFRJ)

Profª. Dr.ª Cláudia Maria Bokel Reis (FE-UFRJ)

Profª. Dr.ª Danielle de Almeida Menezes (FE-UFRJ)

Prof. Dr. Luiz Carlos Balga Rodrigues (FL-UFRJ)

Prof. Dr. Sergio Luiz Baptista da Silva (FE-UFRJ)

Prof. Dr. William Soares dos Santos (FE-UFRJ)

Webmaster do Colóquio: José Paulo de Araújo

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Faculdade de Educação

Departamento de Didática

Avenida Pasteur, 250 fundos– sala 227

Campus da Praia Vermelha

Rio de Janeiro-RJ

Tel.: 2541-4894

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SUMÁRIO

Comissão Científica ........................................................................ 4

Comissão Organizadora ........................................................................ 5

Apoio Técnico ........................................................................ 5

Apresentação ........................................................................ 6

Programação ........................................................................ 7

Resumos – Minicursos

........................................................................ 9

Resumos – Comunicações Coordenadas

..................................................................... 12

Resumos – Comunicações Individuais

.................................................................... 105

Resumos – Pôsteres

.................................................................... 195

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COMISSÃO CIENTÍFICA

Prof. Dr. Andrea Lombardi (UFRJ)

Profª Drª. Annita Gullo (UFRJ)

Profª Titular Celina Maria Moreira de Mello (UFRJ)

Profª Drª. Cláudia Maria Pereira de Almeida (UERJ)

Prof. Dr. Décio Rocha (UERJ)

Profª Drª. Elizabeth Chaves de Mello (UFF)

Prof. Dr. Fernando Afonso de Almeida (UFF)

Profª. Titular Flora de Paoli Faria (UFRJ)

Prof. Dr. Geraldo Ramos Pontes Junior (UERJ)

Profª Drª. Inés de Kayon Miller (PUC-RJ)

Profª Drª. Isabel Cristina Rangel Moraes Bezerra (FFP)

Profª Drª. Luciana Maria de Almeida Freitas (UFF)

Profª Drª. Magnólia Brasil Barbosa do Nascimento (UFF)

Prof. Dr. Marcelo Jacques de Moraes (UFRJ)

Prof. Dr. Marcelo Macedo Correa e Castro (UFRJ)

Profª Drª. Márcia Atalla Pietroluongo (UFRJ)

Profª Drª. Maria Mercedes Riveiro Quintans Sebold (UFRJ)

Prof. Dr. Pedro Paulo G. Ferreira Catharina (UFRJ)

Profª Drª. Sonia Zyngier (UFRJ)

Prof. Dr. Vander Viana (Queen's University Belfast)

Profª Drª. Vera Lúcia de Albuquerque Sant'Anna (UERJ)

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COMISSÃO ORGANIZADORA

Coordenação Geral

Anne Ricordel – Adida de Cooperação do Consulado da França - RJ

Prof. Dr. Sergio Luiz Baptista da Silva (FE-UFRJ)

Integrantes da Comissão

Prof. Dr. Antonio Francisco de Andrade Júnior (FE-UFRJ)

Profª. Dr.ª Cláudia Maria Bokel Reis (FE-UFRJ)

Profª. Dr.ª Danielle de Almeida Menezes (FE-UFRJ)

Prof. Dr. Luiz Carlos Balga Rodrigues (FL-UFRJ)

Prof. Dr. William Soares dos Santos (FE-UFRJ)

APOIO TÉCNICO

Cintia Quintans Ribeiro Bastos (Letras-UFRJ)

Fabíola Soares da Costa dos Santos (Letras-UFRJ)

Gilberto Silva dos Santos (Letras-UFRJ)

Lilian dos Santos Ferreira (Letras-UFRJ)

Mirian da Gama Silva Azevedo (Letras-UFRJ)

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APRESENTAÇÃO

A Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com o apoio

acadêmico e logístico da Faculdade de Letras, em parceria com o Consulado Geral da França

e a Universidade de Lyon promovem o “I Colóquio Internacional de Formação de Professores

de Línguas Estrangeiras: Desafios da Aprendizagem e do Ensino".

Articulando a formação continuada dos professores de língua estrangeira a um evento

festivo mundialmente conhecido e celebrado, a “Semana da Francofonia”, este evento tem o

objetivo de fomentar o diálogo intercultural sobre as questões relacionadas à formação inicial

e continuada dos professores de língua estrangeira, estabelecendo um intercâmbio entre

estudantes, professores e pesquisadores que atuam nesta área. Reforçamos, portanto, que não

se trata de um colóquio exclusivamente direcionado aos estudantes, professores e

pesquisadores de francês como língua estrangeira, mas também aos de outros idiomas.

Esse espaço dialógico buscará promover a comunicação entre áreas tradicionalmente

separadas em setores responsáveis pelos estudos das diferentes línguas e das diferentes

literaturas estrangeiras. Junto a isso, a maior contribuição que este colóquio almeja oferecer é

a ampliação do escopo de pesquisa, reflexão e debate acerca da formação inicial e continuada

de professores de línguas, visto que a maioria dos eventos na área tende a focalizar aspectos

específicos da linguagem em discussões que não dialogam com os espaços de formação e

atuação docente.

A coordenação e a organização deste colóquio serão feitas pelo Laboratório de Ensino

e Pesquisa e Extensão em Formação de Professores de Línguas – FORPROLI – que visa o

desenvolvimento de estudos sobre a formação de professores de línguas e literaturas e

ensino/aprendizagem destas, no intuito de melhor compreender este campo de atuação

profissional, apontando possíveis perspectivas de trabalho num diálogo com os saberes da

prática docente.

Eixos Temáticos

1. Análise do discurso e práticas docentes

2. Processos de ensino/aprendizagem

3. Leitura e letramento

4. Literatura, cultura e formação docente

5. Políticas Públicas de Ensino

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PROGRAMAÇÃO

16 de março (sexta-feira)

Início Fim Evento

8h00 9h00 Credenciamento

9h00 9h45 Cerimônia de Abertura

9h45 10h45 Conferência de Abertura

Bernard Charlot (Université Paris VIII / UFS)

10h45 11h00 Coffee Break

Mesa temática: Recontextualização de teorias da aprendizagem na prática de

ensino de LE

11h00 12h30 Marine Totozani (Université Saint-Etienne)

Céline Jeannot (Université Saint-Etienne)

Mediação: Sergio Luiz Baptista da Silva (FE-UFRJ) / Anne Ricordel (Adida de

Cooperação Linguística do Consulado Geral da França no Rio de Janeiro)

12h30 14h00 Almoço

14h00 15h00 Pôsteres

15h00 16h30 Minicursos

Minicurso 1 – Uma aula de língua no estado de exceção

Andrea Lombardi (UFRJ)

Minicurso 2 – O desenvolvimento da aprendizagem autônoma e a pesquisa no

ensino e aprendizagem de línguas

Christine Nicolaides (UFRJ)

Minicurso 3 – Reinvenção da vida em sala de aula: alunos e professores como

aprendizes crítico-reflexivos em desenvolvimento

Inés de Kayon Miller (PUC-Rio)

Minicurso 4 – Jogos de dramatização em aulas de língua estrangeira

Luiz Carlos Balga Rodrigues (UFRJ)

Minicurso 5 – Cognição e segundas línguas: visões sobre como se dá a

aquisição/aprendizagem na mente do aprendiz

Paulo Correa (UFF)

Minicurso 6 – A escola de Pinocchio: um olhar sobre a formação da identidade

da escola italiana pós-unificação aos dias de hoje

William Soares dos Santos (FE-UFRJ) e Annita Gullo (UFRJ)

16h30 17h00 Coffee Break

17h00 19h00 Mesa-redonda A – Estudos de linguagem e formação de professores de LE

Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio (UFRJ)

Ângela Maria da Silva Corrêa (UFRJ)

Luciana Maria Almeida de Freitas (UFF)

Mediação: Danielle de Almeida Menezes (FE-UFRJ)

Mesa-redonda B – Literatura e formação de professores de LE

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Silvia Cárcamo (UFRJ)

Frédéric Violay (Université de Lyon II)

Daniel Puglia (USP)

Mediação: Antonio Francisco de Andrade Júnior (FE-UFRJ)

17 de março (sábado)

Início Fim Evento

8h00 10h00 Comunicações Individuais I

10h00 10h15 Coffee Break

10h15 12h15 Comunicações Coordenadas I

12h15 13h30 Almoço

13h30 14h30 Conferência: Rumo à integração das TICE no ensino de LE

Nicolas Guichon (Université de Lyon II)

Mediação: Cláudia Maria Bokel Reis (FE-UFRJ)

14h30 16h30 Comunicações Individuais II

16h30 16h45 Coffee Break

16h45 18h45 Comunicações Coordenadas II

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RESUMOS – MINICURSOS

Minicurso 1

Prof. Dr. Andrea Lombardi (UFRJ)

UMA AULA DE LÍNGUA NO ESTADO DE EXCEÇÃO

O Canto de Ulisses, que é o canto XXVI do Inferno de Dante (Divina Comédia) é central no

poema, pois sugere uma identificação entre a personagem de Ulisses (tomado da Odisseia,

mas relido e distorcido) e o próprio Dante enquanto personagem central da Comédia. Uma

distorção que permite uma releitura do mito clássico e sua apropriação. Em E este um homem,

Primo Levi empreende uma leitura desse canto, com uma finalidade paradoxalmente didática:

que é a de ministrar uma aula de italiano a Jean seu companheiro do campo de extermínio de

Auschwitz, no tempo de uma hora de sua caminhada para levar a gamela da sopa. Nesta

ousada aventura, Levi realiza, na hora de escrever o episódio,uma releitura do tema da

memória (impossibilidade de reconstruir), da tradução do italiano para o francês

(impossibilidade de representar) e o tema da interpretação. Nesse ultimo, ele percebe uma

nova leitura, comprovação de uma leitura infinita.

Minicurso 2

Profª. Dra. Christine Nicolaides (UFRJ)

O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM AUTÔNOMA E A PESQUISA NO

ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS

O presente curso tem como objetivo principal despertar pesquisadores para importância da

questão do desenvolvimento autônomo no ensino e aprendizagem de línguas. Na década de

80, somente uma autonomia individual era a meta a ser atingida, em que o que mais se

almejava era que o aprendiz desenvolvesse estratégias para que de forma independente

melhorasse sua a competência linguística. No entanto, Oxford (2003) propõe ainda a

autonomia sociocultural, em que não somente a autonomia seja em benefício do indivíduo,

mas também da comunidade de prática na qual ele ou ela está inserido. Assim, neste curso,

veremos alguns conceitos de autonomia, assim como algumas práticas de pesquisa qualitativa

baseadas em princípios etnográficos na área.

Minicurso 3

Profª. Drª. Inés de Kayon Miller (PUC-RJ)

REINVENÇAO DA VIDA EM SALA DE AULA: ALUNOS E PROFESSORES COMO

APRENDIZES CRÍTICO–REFLEXIVOS EM DESENVOLVIMENTO

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Neste mini-curso os participantes se familiarizarão com os fundamentos e o desenvolvimento

do paradigma da Prática Exploratória (Allwright e Hanks, 2009; Gieve and Miller, 2006;

Moraes Bezerra, Miller e Cunha, 2007; Miller, 2011), uma forma de reinventar a vida na sala

de aula. Considerando alunos e professores como colaboradores em processos de

aprendizagem reflexiva e investigativa, discutiremos a urgência de incluir a Prática

Exploratória em contextos de formação inicial e continuada de professores de línguas.

Minicurso 4

Prof. Dr. Luiz Carlos Balga Rodrigues (UFRJ)

JOGOS DE DRAMATIZAÇÃO EM AULAS DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

É indiscutível que o uso de jogos teatrais em aulas de língua estrangeira podem servir como

um elemento facilitador da aprendizagem, na medida em que estimulam a desinibição, a

confiança, a iniciativa, o convívio entre os membros da sala de aula (professor e alunos).

Neste minicurso pretendemos sugerir alguns jogos de dramatização facilmente executáveis e

incentivar os professores ao uso de tais recursos, como uma forma de enriquecer suas práticas

pedagógicas.

Minicurso 5

Prof. Dr. Paulo Antonio Pinheiro Correa (UFF)

COGNIÇÃO E L2/LES: VISÕES SOBRE COMO SE DÁ A

AQUISIÇÃO/APRENDIZAGEM NA MENTE DO APRENDIZ

O curso é uma introdução à dimensão cognitiva da aquisição/aprendizagem de segundas

línguas/LE’s, e vai apresentar dois importantes modelos que buscam explicar como se dá a

aquisição de uma nova língua na cognição de aprendizes adultos: de um lado, o gerativismo,

que estipula uma dimensão material e outra representacional da língua (Língua I e língua E) e,

de outro, o conexionismo, para o qual os dados de produção são reflexo fiel do conhecimento

linguístico que é produto de um cálculo estatístico de probabilidades baseado na experiência.

Cada uma dessas tendências vê o processo de ensino de uma maneira diferente: o gerativismo

se interessa pelos desencadeadores, dados suficientes para promover a incorporação das

propriedades linguísticas: parâmetros e traços da nova língua), tendo pouca importância a

frequência com que certos dados são apresentados ao aluno; o conexionismo, por sua vez,

aposta na frequência de exposição aos dados e nos protótipos modelares como elemento

determinante para a aprendizagem. Tomar conhecimento da discussão sobre aquisição/

aprendizagem no nível psicolinguístico possibilita ao professor desenvolver uma pratica mais

consciente e menos ingênua na sala de aula, ao conhecer um pouco mais sobre a realidade

psicológica da linguagem.

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Minicurso 6

Prof. Dr. William Soares (UFRJ) & Profª Drª. Anitta Gullo (UFRJ)

A ESCOLA DE PINOCCHIO: UM OLHAR SOBRE A FORMAÇÃO DA

IDENTIDADE DA ESCOLA ITALIANA PÓS-UNIFICAÇÃO AOS DIAS DE HOJE.

A proposta deste breve curso parte do princípio de que a identidade de um povo se constitui

através de uma memória comum. A memória comum, por sua vez, é constituída de

instituições palpáveis e abstratas que a sustentam e renovam. Partiremos da leitura de

Pinocchio de Carlo Collodi para nos aproximar das raízes da escola italiana da Pós unificação

aos nossos dias. Preocupamo-nos, sobretudo, em observar particulares projeções identitárias e

como, a partir dessas projeções, das experiências dos estudantes e dos educadores nelas

envolvidos, podemos construir conhecimento para as nossas práticas de ensino nos dias de

hoje. Nos embasamos nas pesquisas de Calvino (1993) sobre a atualidade dos clássicos e na

asserção de Raimondi (2000:xviii) que, falando sobre a identidade italiana, diz que “se se

quiser refletir sobre nossa identidade, é necessário, percorrer as linhas fundantes da nossa

literatura, conscientes, de um lado, de sua evolução e, do outro, da continuidade de certos

valores. A literatura, enfim, conservando a memória de um povo, delimita esta memória e fixa

a sua identidade”. Assim, pretendemos tratar brevemente a questão do ensino de língua

estrangeira e a construção da identidade: representações e imaginário linguístico-discursivo.

Assim como tecer uma reflexão sobre língua e cultura nacional através de textos

representativos (Pinocchio, por exemplo) de uma memória comum múltipla e mutável.

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RESUMOS – COMUNICAÇÕES COORDENADAS

Adriana Santos Corrêa (Profª. UnB) & Denilson da Silveira Alves (UnB)

O QUE É LITERATURA EM DIDÁTICA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA?

Para inúmeros teóricos da didática de língua estrangeira, tais como Marc Souchon, Jean

Peytard e Monique Lebrun, a literatura, pelo fato de constituir “um laboratório linguageiro e

humanista único” (LEBRUN, 2007), deveria ocupar um espaço definitivo no ensino de

língua. No entanto, verifica-se, principalmente em manuais recentes de francês língua

estrangeira, o predomínio de uma forte ausência do texto literário. Com o intuito de tentar

esclarecer essa divergência entre teoria e prática no ensino de língua, perguntamo-nos: o que é

literatura em didática de língua estrangeira? A teoria da literatura possui suas respostas a

respeito do seu objeto de estudo, norteadas pela pergunta que aqui parafraseamos, mais

difundida através de Jean-Paul Sartre (1947) no célebre ensaio homônimo O que é literatura?.

Por isso, restringimo-nos a perguntar como a didática da língua, em particular, formou/tem

formado seu conceito acerca da literatura. Por tratar-se de uma pergunta de ordem conceitual,

buscamos respondê-la através de um estudo comparativo dos dicionários Dictionnaire de

didactique des langues, de Robert Galisson e Daniel Coste (1976), e Dictionnaire de

didactique du français langue étrangère et seconde, de Jean-Pierre Cuq (2003). Esta

comunicação objetiva, pois, apresentar os resultados desse estudo comparativo, que se baseia

na análise dos verbetes cultura, escritura, imagem, imaginário, literatura, leitura, texto, dentre

outros. Os resultados obtidos mostram-se bastante reveladores quanto à relação da forte

ausência do texto literário em manuais de língua com a formação da noção de literatura em

didática de língua estrangeira, na medida em que os referidos dicionários abrangem três décadas de reflexão sobre a didática de língua, contribuindo, desse modo, direta e/ou

indiretamente, para a formação da noção de literatura no âmbito desse campo de estudo.

Agatha Vaz Ferreira (Profª. Colégio Cruzeiro)

LECIONAR DE FORMA DIVERSIFICADA: TRÊS ESTILOS DE AULA SOB

ANÁLISE (ALE)

Este trabalho tem por objetivo descrever e analisar três estilos de aula no âmbito do ensino da

língua alemã como língua estrangeira, são eles: ensino frontal (Frontalunterricht), oficina de

estudo (Werkstattunterricht) e plano semanal (Wochenplanunterricht). Também se constitui

em um objetivo a reflexão sobre planejamento de aula e sua repercussão para a motivação e o

interesse do aluno no estudo da língua estrangeira. Assim é focalizada a importância de um

planejamento que envolva diversos estilos de aula, considerando os diversos tipos de alunos.

Neste trabalho foram descritas e analisadas três sequências de aulas de alemão ministradas em

turmas de 1º e 2º anos do ensino fundamental. A parte prática do trabalho pretende também

ressaltar a relevância de um planejamento de aula detalhado. Além disso, podemos observar

como as aulas de ensino de língua alemã podem ser enriquecidas se nelas forem integrados os

diversos estilos de aula, tanto os centrados no professor como os que preveem o aluno como o

centro no processo de ensino e aprendizagem. A partir da descrição e análise das sequencias

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de aulas foram apontados, com o propósito de discussão, alguns aspectos positivos e

negativos dos diferentes estilos.

Alex Feitosa Oliveira (Graduando UFS) & Kamila Souza Passos Barros (Graduanda UFS)

INTERFERENCIAS DEL PORTUGUÉS (BRASILEÑO) EN CLASES DE E/LE.

Nuestro trabajo tiene como base investigaciones realizadas en el proyecto CLIC que surgió

por la necesidad del incentivo a la enseñanza de lenguas extranjeras en la Universidade

Federal de Sergipe destinada a la comunidad. La comunicación tiene como objetivo

identificar que el lúdico sirve para intervenir de manera positiva y hacer que los alumnos sean

conscientes de los errores escritos más frecuentes entre diversos estudiantes de español del

nivel básico. La dinámica utilizada se desarrolla con base en los errores analizados

anteriormente por los propios estudiantes del curso, es importante aclarar que no rechazamos

la importancia de los errores en el proceso de aprender una nueva lengua y que apenas con

ello uno logra llegar al nivel esperado del idioma. Según algunos estudiosos cuanto mayor sea

la similitud entre la lengua materna y la lengua extranjera mayor será el esfuerzo para

aprenderla, con base en ello queremos llamar la atención de los aprendices iniciantes del

español para la interferencia del portugués en todo el proceso de adaptación al idioma

desconocido. El hecho preocupante es la fosilización de dichos errores que pueden variar

desde motivaciones propias entre el estudiante y la lengua meta hasta la metodología utilizada

por el docente, sabemos la importancia de las dinámicas en aulas de clase y que no es una

tarea fácil elaborarlas, con base en la corrección de los ejercicios anteriores, una actividad

donde los alumnos en parejas estaban libres para indicar si en las frases propuestas habían

errores o noción el análisis de las actividades podemos afirmar que los alumnos todavía tienen

dificultad en relacionar los pronombres personales con el verbo de manera correcta (¿Usted

cómo te llamas?); es frecuente el uso equivocado del verbo Gustar utilizando la preposición

“de” (ejemplo: “A mí me gusta mucho de fútbol”) y cuando se hace referencia al estado civil

la mayoría de los estudiante utilizaran el verbo ser (ejemplo: ¿Eres casado? No, soy soltero).

La dinámica fue realizada en parejas para el incentivo de que cada estudiante pudiese discutir

y analizar las frases junto al otro que puede tener una opinión distinta a la de él, convirtiendo

la actividad en una forma de concientización para la percepción que cada alumno tiene a pesar

de compartir el mismo espacio de estudio, metodología y profesor, los propios aprendices

pudieron concientizarse de la influencia que tiene la lengua materna frente a la lengua

extranjera así que tuvimos éxito y llegamos al objetivo principal de la dinámica en la

realización de la actividad, que es convertir nuestros alumnos en aprendices conscientes y

atentos a la lengua meta.

Alice Maria de Araújo Ferreira (Profª. UnB)

QUESTÕES DE ENSINO-APRENDIZAGEM EM DOIS DICIONÁRIOS DE

DIDÁTICA DE LÍNGUAS

A mesa “Questões de ensino-aprendizagem em dois dicionários de didática de línguas”

apresenta as reflexões e as questões levantadas durante a pesquisa desenvolvida pelo Grupo

de Terminologia e Tradução do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução (LET) da

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Universidade de Brasília (UnB) em torno de dois dicionários de didática de línguas: O

Dictionnaire de didactique des langues de Galisson e Coste (1976) e o Dictionnaire de

didactique du français langue étrangère et seconde de Cuq (2004). Durante a tradução das

noções que constavam nas duas obras, foram feitas análises comparativas e críticas de

maneira a revelar as mudanças ocorridas na área de 1970 até 2004. Para a apresentação, foram

escolhidas algumas noções relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem que permitem

discutir as concepções envolvidas nos dicionários citados. Assim, conceitos tais como

estratégia, literatura e oral foram analisados quanto às definições propostas nos dicionários, às

implicações dessas noções no processo de ensino-aprendizagem e à mudança de paradigma

epistemológico ocorrido entre 1970 e 2000. Essa discussão, também, abre para uma questão

maior em relação à delimitação de uma área de conhecimento, momento que corresponde à

elaboração de uma obra lexicográfica especializada de um domínio. Essa reflexão conduz à

discussão sobre a necessidade de uma coerência interna que permite o recorte de categorias

que dão conta do processo ensino-aprendizagem e a produção de instrumentos de análise

abstraídos do processo histórico. Além da necessidade de uma coerência externa em relação a

outros saberes, mediante a possibilidade do estudo mostra-se distinto e ser, ao mesmo tempo,

completado e complemento, no processo comum de conhecimento. Assim, discutiremos

também, de um lado, a questão da interdisciplinaridade do domínio, e de outro lado, a

delicada relação entre a didática de língua e a linguística aplicada.

Participantes da Mesa:

Alice Maria de Araújo Ferreira (UnB) - Coordenadora

Adriana Santos Corrêa (UnB) & Denilson da Silveira Alves (UnB)

Liberato Silva Santos (IFG)

Maria da Glória Magalhães dos Reis (UnB)

Rita Jover Faleiros (UnB)

Alice Moraes Rego de Souza (Doutoranda UERJ)

REFORMA DAS LICENCIATURAS EM LETRAS: PRODUÇÃO DE SENTIDOS

PARA DOCÊNCIA

A história dos cursos de formação de professores passou, recentemente, por um marco oficial,

a saber: a reforma curricular das licenciaturas de 2006, que surge como culminância de certa

circulação de discursos e produção de políticas relativas à necessidade de melhoria na

educação básica brasileira. A reforma se constitui em um cenário de mobilização com o

objetivo de propor um novo perfil de professor cuja atuação se distancie de uma prática

considerada “tradicional”. Mediante o contexto geral suscitado pela reforma, percebe-se que,

se por um lado, tem-se textos normativos regulamentando a nova estrutura das licenciaturas,

por outro e simultaneamente, há diversas universidades remodelando seus currículos, relendo

as propostas e participando do processo de produção de sentidos acerca do que seja

licenciatura e formação docente, dentro de seus contextos e experiência institucionais. Assim,

a partir de documentos como o Parecer CNE/CP nº 9 de 2001, Parecer CNE/CP nº 28 de 2001

e Resoluções CNE/CP nº 1 e 2 de 2002, as universidades são levadas a refletir sobre a

formação docente e, consequentemente, a participar do processo de produção de

conhecimentos, discursos e políticas sobre o tema. Neste trabalho, portanto, buscamos

promover reflexões iniciais sobre a reforma das licenciaturas em Letras (habilitação

Português/Espanhol) nas universidades públicas do Rio de Janeiro – UERJ, UFF, UFRJ –,

considerando que suas escolhas e respectivas trajetórias apontam para certos saberes

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privilegiados, contribuindo para a constituição de sentidos de licenciatura. Considerando a

perspectiva dialógica da linguagem (BAKHTIN, 1997), buscaremos observar a circulação de

discursos sobre o que é licenciatura, no contexto da referida reforma, partindo também das

contribuições teóricas da Análise do discurso de base enunciativa. Assim, as reflexões se

baseiam na ideia de que a produção de sentidos ocorre situada em um espaço e tempo

específico e que todo discurso se dá em uma comunidade que o produz e que, ao mesmo

tempo, também é produzida por ele (MAINGUENEAU, 2008). Por meio deste trabalho, é

possível perceber que há a intensificação de embates pela definição de um entendimento de

licenciatura, como se vê pela busca por instituir sua independência frente aos cursos de

bacharelado. Entretanto, mais que trazer resultados, pretende-se apresentar diversas

perspectivas em diálogo que fazem circular, em dado contexto, certos discursos e práticas

sobre docência com reflexos diretos na educação básica brasileira.

Aline Santos Silva (Graduanda UFS) & Cristiane Conceição de Oliveira (Graduanda UFS)

DA GRAMÁTICA NORMATIVA A FUNCIONALISTA: DUAS PERSPECTIVAS DE

ESTUDO GRAMATICAL NO ENSINO DE ELE

Para aprender uma língua estrangeira é importante estudar a gramática da língua-alvo, não

como um meio de memorizar regras e normas, mas para adquirir conhecimentos para

monitorar o uso correto da língua, nesse caso o espanhol. Saber regras gramaticais não é

suficiente para que uma pessoa saiba escrever e falar com propriedade no idioma, um

exemplo disso é que alguém pode saber a definição do que é um verbo no presente do

indicativo, mas não saber utilizá-lo em um contexto comunicativo, seja oralmente ou na

própria escrita. Este artigo tem como objetivo apresentar o estudo de gramática no

ensino/aprendizagem de espanhol como língua estrangeira, confrontando aspectos da

gramática normativa e da gramática funcionalista. O ensino de gramática é associado ao

método tradicional normativo, que pressupõe que a gramática segue um modelo pré-

estabelecido, onde o professor é um mero transmissor de regras e normas que nem sempre

fazem parte do uso efetivo da língua, por isso estudar gramática é considerado algo tão

cansativo e desestimulante, os alunos são obrigados a memorizar regras e normas que não

fazem sentido fora de um contexto comunicativo. Segundo García (2002) o ensino de

gramática não se constitui apenas de aspectos formais, deve ser estudado num contexto

comunicativo, ele afirma que os alunos que aprendem uma língua sem estudar a gramática

explícita podem se comunicar bem no idioma, possuir fluidez, utilizar estratégias de

comunicação, mas podem se sentir insatisfeitos e inseguros ao se comunicar, porque carecem

de correção formal, por isso é importante que conheçam as estruturas gramaticais para

reconhecer os inputs que são apresentados e facilitar o processo de aquisição da linguagem,

além do mais a gramática possui o caráter especifico de ensino, sua função própria é a

aprendizagem. A gramática é à base de qualquer língua. Todas as metodologias contem um

enfoque característico da gramática normativa, pois ela se faz presente em todos os métodos

linguísticos. Para Neide González (2005) o paradigma funcional é fundamental para o

processo de ensino porque contempla a gramática em uso. O que se pauta neste trabalho é

como se deve trabalhar a gramática desde uma perspectiva que desperte o interesse do aluno

pela aprendizagem. O que se propõe é um modelo funcionalista que objetiva o ensino da

gramática através do uso e funcionamento da linguagem dentre uma grande variedade de

contextos comunicativos e interativos onde o professor passar a ser o mediador do

conhecimento. A fim de exemplificação, nós como estudantes em formação no curso de

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letras, e participantes do grupo de pesquisa “a gramática e o ensino de ELE”, coordenado pela

professora Valéria Jane Siqueira Loureiro, apresentamos uma proposta de atividade

gramatical de enfoque funcionalista, onde se propõe o modelo de ensino da gramática que se

baseia na contextualização do conhecimento.

Amanda Marígenes da Cruz Góis (Graduanda UFS) & Kelly Cristina Dantas Vitório

(Graduanda UFS)

GÉNERO CANCIÓN: EL DESARROLLO DE LA COMPRENSIÓN ORAL DE LOS

ALUMNOS PRINCIPIANTES DE CLIC.

La canción como género textual abarca una diversidad de competencias y habilidades que

pueden ser trabajadas en el proceso de enseñanza/aprendizaje de LE. Con las músicas se

puede trabajar los contenidos gramaticales, el vocabulario y las comprensiones lectora, escrita

y oral. Con todo, el objetivo que este trabajo desea mostrar es el desarrollo de la habilidad

oral con la inserción de la música en las clases de lengua española a los alumnos principiantes

en CLIC, ya que a través de la oralidad se observa la comunicación espontánea. Según Fróes

(2008) la enseñanza de la producción oral envuelve varios factores esenciales en el

aprendizaje que afectan todos los niveles lingüísticos – comunicativos (nivel fónico, nivel

gramatical, nivel léxico, nivel pragmático y comunicativo), pero, el nivel pragmático es lo que

define puntos importantes para que la comunicación se haga comprensible. La música, como

uno de los recursos más utilizados en las clases de iniciación a la lengua española en CLIC,

llevó la constatación, en el transcurrir de las clases, a través de las actividades hechas con el

género canción, mayor interacción y motivación por los alumnos para aprender la lengua

española, pues para Saraiva (2010) la música desarrolla la capacidad de memorización

atención y consiguiente su utilización lúdica posee relevancia para el desarrollo cognitivo. Por

lo tanto, se notó uno de los aspectos positivos entre canción y habilidad oral en el proceso de

enseñanza/aprendizaje: el inicio de los descubrimientos de las variedades lingüísticas

contenidas en las canciones pueden proporcionar a los alumnos una grande contribución

positiva en la oralidad, trabajando con músicas de países de Hispanoamérica además de

España, ya que para Fernandéz (2002) la geografía, la sociedad, el contexto y el tiempo van a

influir en la variación de la lengua.

Ana Carolina Simões Cardoso (Profª. CAp / UFRJ) & Kátia Cristina do Amaral Tavares

(Profª. UFRJ)

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO PARA USO DAS NOVAS

TECNOLOGIAS E O PAPEL DO ASSESSOR NO PROJETO LETRAS 2.0

O Projeto Letras 2.0, desenvolvido pelo núcleo de pesquisas em Linguagem, Educação e

Tecnologia (LingNet) do Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística

Aplicada da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem por objetivo oferecer à comunidade

da Faculdade de Letras da UFRJ condições de acesso a iniciativas educacionais mediadas

pelas novas tecnologias. Além disso, o projeto visa criar oportunidades para desenvolvimento

de pesquisas na área de educação a distância e para formação de docentes que atuem nessa

modalidade. O foco deste trabalho é neste último objetivo – a formação continuada de

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docentes que atuam em contextos a distância ou semipresenciais. No Projeto Letras 2.0,

alunos de pós-graduação atuam como assessores técnico-pedagógicos de professores da

Faculdade de Letras, auxiliando-os na implementação de um componente on-line,

desenvolvido na plataforma Moodle, em suas disciplinas de Graduação. Com base em uma

fundamentação teórica sobre formação de professores para o uso das novas tecnologias

(STAHL, 1997; TAVARES, 2007; COLLINS, 2009), esta pesquisa tem por objetivo

investigar a percepção dos professores da Faculdade de Letras da UFRJ envolvidos no Letras

2.0 sobre o papel do assessor no referido projeto de modo geral e em relação ao seu próprio

processo de formação profissional. Para a geração de dados, foi aplicado um questionário on-

line (por e-mail e por formulário eletrônico) a tais professores. Esse questionário teve por

objetivo identificar como se dava a interação entre assessores e assessorados, que funções

eram realizadas pelos assessores tanto na área técnica quanto na área pedagógica, as

dificuldades em relação ao trabalho da assessoria, aspectos positivos da assessoria e sugestões

para a melhor atuação dos assessores. Os resultados da pesquisa apontam implicações para a

formação continuada de professores universitários (especialmente da área de Letras) para o

uso das novas tecnologias e sugestões de aprimoramento para o projeto.

Ana Josefina Ferrari (Profª. UFPR)

A MEMÓRIA E A PRÁTICA DOCENTE: UM OLHAR SOBRE A RELAÇÃO ENTRE

MIDIAS E PRÁTICAS A PARTIR DA AD.

Hoje em dia, os modos de relação entre as pessoas ganham nuances impensadas há 10 anos.

Por exemplo, o modo de relacionamento observado no orkut e facebook resulta em um novo

espaço de contato entre as pessoas. A partir desses espaços, as pessoas encontram amigos,

buscam novas relações, se filiam a diferentes grupos, publicam frases famosas ou resultados

de testes e, em muitos casos, escrevem pensamentos, opiniões e outros textos sobre “o que

eles estão pensando agora”. Essa escrita, a deste tipo de site, enquanto escrita de si na rede,

uma escrita de si para outro surge como um espaço novo, uma escrita feita a partir de

memória. De acordo com Rasia (2007) a escrita digital parece recuperar uma memória que

não é cognitiva, mas que reporta a determinadas condições históricas de produção, uma

memória que presentifica saberes advindos de outros lugares e atualiza-os, produzindo, a

partir deles, sentidos outros. (Rasia, 2007:240). A partir do acima afirmado, no presente

trabalho pretendemos analisar, a partir da proposta teórica da Análise do Discurso francesa

(Rasia 2007, Zoppi 2010, Rasia 2010, Romão 2009, 2010, 2011), as manifestações da

memória no ciberespaço em páginas de relacionamento e sua relação com práticas docentes

no ensino de língua espanhola. A prática docente na sala de aula de línguas estrangeiras, viu-

se afetada por estes modos de relação e trouxe a possibilidade de pensar novas alternativas de

trabalho desde teorias de análise crítica como a AD. Assim sendo, mobilizaremos a noção de

memória como o espaço no qual se organizam as filiações históricas. Elas constituem o que

pode ser dito, propiciando os processos de identificação do sujeito a partir do qual ele

enunciará. A memória, conceito fundamental para nosso trabalho, é o produto da relação que

se estabelece entre a língua, sujeita à falha, e a história, exposta à contradição constitutiva.

Este contato não se materializa homogeneamente, ele se materializa de modo lacunar e

equívoco. Pretendemos observar estes funcionamentos dos espaços de mídias como o

facebook, na sua relação com o ensino de línguas estrangeiras, especificamente a língua

espanhola.

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Ana Paula Silva Dias (Graduanda USP)

O TRABALHO COM O GÊNERO TEXTUAL EM SALA DE AULA:

DESENVOLVIMENTO DO ALUNO E DO PROFESSOR.

A seguinte comunicação tem por objetivo apresentar o modelo didático do gênero editorial

jornalístico, bem como, algumas atividades da sequência didática (SCHNEUWLY; DOLZ,

2004) elaborada para ensinar o gênero proposto. Também é nosso objetivo mostrar que o

trabalho com o gênero em sala de aula, além de permitir que os alunos desenvolvam

capacidades de linguagem, pode contribuir para a formação do professor e para a reflexão

sobre as práticas docentes. Para tanto, mostraremos como o modelo didático construído pelo

professor sobre o gênero em questão pode se tornar um instrumento para o desenvolvimento

dos alunos, mas também dos professores. Foram analisados, para a construção do modelo

didático, editoriais pertencentes a duas revistas francesas, Le Point e L`Express. A análise

teve como base teórica o Interacionismo Sociodiscursivo proposto por Bronckart (1999), que

sugere partir da compreensão do contexto de produção do texto para chegar à análise de sua

arquitetura interna. Além disso, baseamo-nos nos trabalhos de pesquisadores que propõem o

uso de gêneros textuais para o ensino-aprendizagem de língua materna (NASCIMENTO,

2009; MACHADO, 2009; SCHNEUWLY; DOLZ, 2004) e estrangeira (CRISTOVÃO, 2002).

Com o modelo didático e a sequência didática elaborados, esperamos tornar possível ao aluno

de francês como língua estrangeira compreender o funcionamento do gênero editorial,

apropriando-se do gênero proposto. Porém, mais do que se apropriar de tal gênero, os alunos

terão se apropriado de capacidades de linguagem, dentre as quais, as discursivas, da “ordem”

do “argumentar”, que poderão ser utilizadas em outras situações, evidenciando a importância

do trabalho com os gêneros em sala de aula. Paralelamente à aprendizagem dos alunos,

procuraremos mostrar que o trabalho com os gêneros textuais em sala de aula também pode

ser muito importante em contextos de formação, de maneira a contribuir para o

desenvolvimento dos professores.

Angela Marina Chaves Ferreira (UERJ)

ATIVIDADES EXTENSIONISTAS: PAPÉIS E FUNÇÕES NA FORMAÇÃO DO

PROFESSOR DE LÍNGUAS

Esta proposta se dirige à reflexão sobre como as atividades extensionistas ofertadas por uma

universidade pública do Rio de Janeiro atuam na formação de licenciandos, bolsistas de

iniciação à docência, do curso de graduação em português-espanhol. Para tanto, se inclui um

suporte teórico que perpassa as discussões do Fórum de Pró-Reitores de Extensão

(FORPREX) e o papel das atividades de extensão na universidade, junto a ensino e pesquisa.

Assim, nesta comunicação, são abordadas algumas ações que, empregadas nos projetos,

propiciam agrandamento quanto às possibilidades de incluir temas relacionados a aspectos

culturais nos cursos de língua espanhola voltados para a terceira idade. De acordo com esta

vertente, apresentamos a programação direcionada a um dos cursos que se organiza,

especialmente, por eixos temáticos que objetivam fomentar a interculturalidade. Entendemos

que interculturalidade (WALSH, C, 2005) pressupõe diversidade cultural e traz em seu bojo a

significação “entre culturas”. Neste viés de compreensão, são estabelecidas trocas,

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determinando um intercâmbio real entre culturas diversas, de forma igualitária e equivalente.

Sob esta ótica, se opta por realizar atividades de sala de aula, no curso enfocado, que

apresentam a cultura hispânica em relação à cultura própria do alunado. Desta forma, tal

pressuposto norteia o trabalho desenvolvido pelos bolsistas, em conjunto com o professor-

orientador. Devemos destacar que o público a quem se dirige o curso é formado por maiores

de sessenta anos, detentores de saberes acumulados através da memória de experiências

profissionais e pessoais que facilitam o intercâmbio e as trocas culturais. A aceitação da linha

de trabalho proposta pelo professor-orientador e bolsistas de iniciação à docência se evidencia

em questionários de avaliação realizados pelos alunos do curso de língua espanhola para a

terceira idade. Um número significativo de respostas atesta que o desenvolvimento de

atividades interculturais conforma o aspecto avaliado de modo mais positivo do curso em

questão.

Antonio Ferreira da Silva Júnior (Prof. CEFET-RJ / PUC-SP)

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE ESPANHOL: DIÁLOGOS ENTRE SABERES

A preocupação com o processo de formação inicial de professores de língua estrangeira já

vem sendo discutindo há bastante tempo por grupos de pesquisas de diferentes universidades

brasileiras e internacionais. No entanto, após a publicação das Resoluções do Conselho

Nacional de Educação 1 e 2/2002, que resultou na reforma curricular das Licenciaturas em

Letras no país, acredita-se que muito precisa ser discutido em relação à legislação vigente, à

nova proposta de currículo flexível, à maior aproximação da “teoria” e da “prática” e ao

diálogo com diferentes campos do conhecimento na formação inicial do licenciando

brasileiro. As pesquisas sobre formação docente sinalizam para uma revisão da compreensão

da prática pedagógica do professor, que é tomado como mobilizador de diferentes saberes

profissionais. A proposta desta mesa coordenada sobre o tema “Formação de professores de

espanhol: diálogos entre saberes” têm como objetivo, primeiro, reunir pesquisas de

professores, que compartilham de uma abordagem discursiva-dialógica da linguagem e que

compreendem a formação inicial como um importante reflexo do futuro campo de trabalho

docente e, segundo, problematizar questões referentes ao diálogo entre saberes, as

possibilidades de atuação do profissional formado em Letras, os conhecimentos acadêmicos-

científicos de projetos de cursos de Licenciatura, os espaços de formação e de atuação

docente. As bases teóricas que fundamentam os pesquisadores envolvidos nesta mesa são o

interacionismo sociodiscursivo, as concepções de trabalho docente propostas pelas Ciências

do Trabalho, o diálogo entre os saberes docentes e as teorias sobre o professor reflexivo. A

presente mesa espera contribuir para as discussões mais recentes em relação ao tema da

formação de professores de espanhol, sinalizando possíveis soluções a fim de que, com a

reforma curricular, ocorra um espaço para uma ampliação do diálogo de saberes na formação

do futuro professor, a docência experimental, a inserção do licenciando em projetos de cunho

teórico-prático, a reflexão e a consequente conscientização da necessidade de se formar

profissionais competentes preparados para a sociedade educacional do século XXI.

Participantes da Mesa:

Antonio Ferreira da Silva Júnior (CEFET-RJ / PUC-SP) – Coordenador

Leandro da Silva Gomes Cristóvão (CEFET/RJ)

Raquel de Castro dos Santos (SEEDUC-RJ/PG-UFRJ/ CEFET/RJ)

Renata Martuchelli Tavela (PG-UERJ/ CEFET/RJ)

Talita de Assis Barreto (UFF/UERJ/PUC-Rio)

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Antonio Ferreira da Silva Júnior (Prof. CEFET-RJ / PUC-SP)

NESTE INSTITUTO TECNOLÓGICO SE FORMA PROFESSOR DE LETRAS? A

REFORMA CURRICULAR DO CURSO DE LICENCIATURA EM ESPANHOL DO

IFRR

A Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica é composta por Centros e Institutos

Tecnológicos responsáveis por oferecer uma gama de cursos: ensino médio, ensino técnico,

cursos superiores de tecnologia, licenciaturas, bacharelados e pós-graduação (lato e stricto

sensu). No entanto, no decorrer dos seus cem anos de existência, os saberes das áreas

tecnológicas e/ ou de exatas acabaram tomando posição central na gama de cursos oferecidos

por essas “escolas” tecnológicas. A partir do ano de 2008, a oferta dos cursos desses Institutos

Tecnológicos começa a ser repensada. Portanto, nesta comunicação, resultado de um projeto

de pesquisa ainda em fase inicial, nos centramos no estudo da reformulação curricular,

ocorrida em julho de 2010, do Curso de Licenciatura em Língua Espanhola e Literatura

Hispânica do Instituto Federal de Roraima (IFRR), pioneiro na oferta de cursos de Letras no

cenário da Rede. Este trabalho espera comparar o projeto inicial de curso, aprovado em

dezembro de 2006, e sua nova formatação. A partir dos estudos da linguagem como prática

social (BAHKTIN, 2003), esperamos, neste trabalho, destacar o conceito de língua e de

aprendizagem que sustenta ambos os projetos de curso, bem como destacar as mudanças

ocorridas na grade curricular e nas ementas referentes às disciplinas de Língua Espanhola e

suas literaturas com o intuito de encontrar possíveis argumentos para tais alterações.

Esperamos com este estudo divulgar a formação inicial de professores de espanhol nos

Institutos Federais, em particular o caso do IFRR, e mostrar a configuração desses novos

espaços de formação docente. Para alcançar tais objetivos, recorremos aos estudos de SILVA

JÚNIOR (2009), FRANCO & PIRES (2009), FONSECA (1961) e PAIVA (2005).

Bárbara Elisa Marques (Graduanda UFPR)

UM RELATO SOBRE A ELABORAÇÃO E A APLICAÇÃO DE UMA ATIVIDADE

BASEADA NOS GÊNEROS DISCURSIVOS NO PROJETO ESPANHOL DO

PIBID/UFPR

O projeto Espanhol do PIBID/UFPR começou suas atividades em agosto de 2011. Apesar de

se encontrar em estágio inicial, os bolsistas participantes já puderam observar e refletir sobre

o ambiente escolar em que convivem, elaborar materiais didáticos e aplicar atividades nas

escolas de Ensino Fundamental e de Ensino Médio em que atuam. O objetivo desta

comunicação é apresentar uma proposta de atividade elaborada pelos bolsistas, aplicada no

Colégio Estadual Rio Branco, em Curitiba. O tema foi pensado a partir de questionários

aplicados nas escolas participantes, nos quais os alunos deviam relatar os meios pelos quais

tinham contato com a língua espanhola e quais eram os seus maiores interesses em relação ao

mundo hispânico. Dentre os temas destacados pelo Ensino Médio, o futebol espanhol e a

cantora colombiana Shakira foram alguns dos mais frequentes. Além disso, alguns alunos

relataram que queriam uma maior prática dos gêneros discursivos orais em língua estrangeira

durante as aulas. Partindo destas questões, a atividade foi elaborada de forma colaborativa

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entre os oito bolsistas que atuam nesse nível escolar, tendo como aporte teórico o conceito

bakthiniano de gêneros discursivos. Por se tratar de uma atividade de encerramento, buscou-

se um trabalho mais dinâmico, em que a turma pudesse participar mais oralmente. Deste

modo, priorizaram-se os gêneros orais e a atividade foi organizada em três partes:

primeiramente, trabalhou-se com a letra e o vídeo de uma música, estabelecendo uma relação

entre a cantora e o futebol; em seguida, os alunos trabalharam em duplas, cada uma

responsável pela leitura de um texto sobre um jogador, e apresentaram os pontos mais

importantes para a turma; finalmente, aplicou-se um jogo de cartas. Com essa apresentação,

também se pretende refletir sobre a aceitação dos alunos de atividades centradas nos gêneros

do discurso, mais dinâmicas e relacionadas a seus gostos, além de levantar algumas questões

problemáticas no ensino de E/LE na Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná, tais como

o uso de tecnologias e a possibilidade de realizar práticas de gêneros discursivos orais em

língua estrangeira com os alunos do ensino regular.

Beatriz Adriana Komavli de Sánchez (Profª. UERJ)

ASPECTOS CULTURAIS E FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LE

Esta mesa de comunicações coordenadas reúne propostas de trabalhos e /ou reflexões em

torno do que se entende por cultura na formação do professor de LE, noção muito ampla, de

bordas imprecisas, que tem sido objeto de diferentes interpretações ao longo da história e que

se materializa de múltiplas maneiras. Mesmo três dos cinco expositores sendo profissionais da

área de Espanhol como LE, e os outros dois da área de Japonês, consideramos que muitas das

colocações e dos interrogantes são denominadores comuns válidos e aplicáveis a outras

línguas estrangeiras. Depreende-se de todas as apresentações que a construção da bagagem

cultural na formação dos professores é feita com e na linguagem. A primeira comunicação

expõe uma série de conceitos e/ou noções relativos ao aspecto cultural, assim como coloca

alguns interrogantes com relação à transmissão do que se considera cultura. Os perfis

identitários construídos nos futuros professores de E/LE desaguam na noção aglutinadora de

hispanismo. O segundo trabalho apresenta a programação temática de um dos cursos de

extensão de uma universidade pública ofertado para a população da terceira idade. O objetivo

do curso é, justamente, propiciar a interculturalidade, aspecto mais valorizado pelo público.

Essa função está a cargo de jovens bolsistas, futuros professores de espanhol supervisionados

por um coordenador. A terceira comunicação, partindo da perspectiva bakhtiniana, aponta

algumas dificuldades que, na atualidade, se fazem presentes na importante articulação entre

cultura e literatura hispânicas na formação dos futuros profissionais de ensino de E/LE. Para

finalizar, o último trabalho coloca em foco as dificuldades dos graduandos brasileiros do

curso de português-japonês em ‘aprender’ determinadas marcas linguísticas da língua

japonesa, pois justamente materializam um ponto de vista, uma perspectiva cultural diferente.

Participantes:

Beatriz Adriana Komavli de Sánchez (UERJ) - Coordenadora

Angela Marina Chaves Ferreira (UERJ)

Cristiane Agnes Stolet Correia (Doutoranda UERJ / UFRJ)

Rafael Schuabb Poll da Fonseca (Doutorando UERJ)

Raphael dos Santos Miguelez Perez (Doutorando UERJ)

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Beatriz Adriana Komavli de Sánchez (Profª. UERJ)

CULTURAS E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE ESPANHOL COMO LE

O objetivo desta comunicação será expor uma série de conceitos e/ou noções que

comparecem ao abordar os aspectos culturais na formação do professor de LE num contexto

cultural “estrangeiro”. Muitos interrogantes surgem na prática da transmissão do que se

entende por cultura, tais como: o que transmitir, como realizar essa transmissão, qual é o

papel do professor formador de formadores, por que é importante contar com essa bagagem

etc. De fato, alguns futuros professores iniciam sua formação motivados por questões

culturais. Trazemos a modo de exemplo o relato de uma graduanda do curso de Português-

Espanhol da UERJ. Com relação a nosso embasamento teórico resgatamos aspectos da

perspectiva intercultural (Colectivo AMANI, 2004), a visão dialógica de BAKTHIN, Mikhail,

2000, que norteia nossa perspectiva discursiva, os interessantes aportes de PASQUALE,

Rosana (in: KLETT, Estela, 2005 e 2009) e CICUREL, Francine, 2002, quem trata das

‘práticas de transmissão’. O outro, a alteridade, se materializa na língua e desenha

posicionamentos diversos, desperta atitudes diferentes na inter-relação entre a cultura

estrangeira e a cultura materna. Os variados perfis dos futuros professores são tecidos,

basicamente, mas não só, com palavras. Essa construção identitária cultural é feita com e na

linguagem. No que diz respeito ao Espanhol como LE, os aspectos culturais, junto com

outros, desaguam na ampla noção de hispanismo, aglutinador que perpassa nosso interesse e

trabalho e que pode ser confundida com a noção de hispanidade (GONZÁLEZ, Mario, 2005).

Esperamos contribuir, num mesmo movimento, colocando em debate e ressaltando os

aspectos culturais que às vezes são tratados como curiosos adereços da língua meta.

Bruna Lopes Scheiner Gomes (Doutoranda UFRJ)

ELABORAÇÃO DE COMPONENTES ON-LINE NO PROJETO LETRAS 2.0:

DESAFIOS E REFLEXÕES

O presente trabalho é um relato de experiência sobre o desenvolvimento do componente on-

line das disciplinas Inglês I e IV do curso de graduação da Faculdade de Letras da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O objetivo é descrever e analisar a fase de

planejamento do ambiente virtual de aprendizagem que foi implementado no segundo

semestre de 2011 por meio do projeto Letras 2.0. Tal projeto é desenvolvido pelo núcleo de

pesquisas em Linguagem, Educação e Tecnologia (LingNet), que está inserido no Programa

Interdisciplinar de Pós-graduação em Linguística Aplicada da UFRJ. Os participantes da

pesquisa foram a professora, os alunos das disciplinas, três monitores e uma assessora. Os

papéis entre os membros da equipe foi dividido da seguinte maneira: os monitores ficaram

responsáveis por trocar ideias com a assessora sobre as atividades a serem desenvolvidas e a

linguagem empregada no ambiente on-line; a assessora ficou responsável por comunicar-se

com os monitores e com a professora através de reuniões presenciais e trocas de e-mails e

postar conteúdo no ambiente on-line. A professora, por sua vez, comunicava-se com a

assessora, com os monitores, criava exercícios, fazia correções no ambiente on-line e

adaptava trabalhos que eram feitos de forma presencial para se adequarem ao que se esperava

do ambiente online. Algumas perguntas nortearam a análise, sendo elas: Como ocorreu o

planejamento de atividades e divisão de tarefas? Quais foram os papéis assumidos pela

professora, assessora e monitores na prática? Que desafios foram encontrados no

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planejamento do curso? Que estratégias foram usadas para superá-los? Foram utilizados e-

mails, notas de campo e entrevista por email como instrumento de geração de dados. A base

teórica utilizada para fundamentar a análise e as considerações feitas inclui a Teoria da

Atividade (TAVARES, 2004; ENGESTRÖM, 1999, entre outros) e a área de educação a

distância (MOORE, 2007; MORAN, 2001, entre outros), mais especificamente a literatura

sobre design instrucional (FILATRO, 2008, entre outros). Desta área, foram utilizados

documentos para organizar atividades e facilitar o planejamento sempre pensando nos

objetivos e ferramentas utilizadas de maneira a contemplar os diferentes estilos de

aprendizagem. Os resultados apontam a flexibilidade e o planejamento como dois elementos

de muita importância no desenvolvimento de um curso on-line. Por meio desses, foi possível

antecipar dificuldades e solucionar problemas que surgiram ao longo do processo de desenho

e implementação do curso.

Bruna Maria Silva Silvério (Graduanda UFF)

A RECONFIGURAÇÃO DO TEMA DA PLURALIDADE CULTURAL NOS

MANUAIS DIDÁTICOS.

O livro didático tem grande importância na aprendizagem da língua estrangeira, pois, além de

apresentar um suporte a conteúdos abordados em sala de aula, pode ser considerado um dos

principais formadores de opinião do aluno acerca dos aspectos sociais e culturais da língua.

Levando isso em conta, entende-se que ele deve também ter a preocupação de inserir o aluno

na sociedade em que vive como cidadão crítico e que seja capaz de reconhecer-se como

participante da diversidade cultural de sua nação. Isso se dá a partir da visão socio-

interacional da língua e da aprendizagem, como propõem os PCNs (BRASIL/SEF, 1998).

Além disso, o aluno, nessa visão, a partir da aprendizagem de língua estrangeira, deve

posicionar-se de forma autônoma como uma função de sua cidadania plena. A partir disso, o

LD constitui o corpus deste trabalho cujo objetivo é analisar três coleções, de diferentes

momentos, destinadas ao ensino para brasileiros: Vamos a hablar (JIMÉNEZ e CÁCERES,

1990), Arriba (CALLEGARI e RINALDI, 2004) e Saludos (MARTIN, 2010). A análise terá

como foco principal o tratamento do tema transversal da Pluralidade Cultural, sugerido pelos

PCNs (BRASIL/SEF, 1998), apresentado nos manuais a partir dos seus textos e exercícios. As

coleções foram escolhidas pelo fato de representarem diferentes épocas do ensino da língua

espanhola no Brasil, tomando-se como referência os PCNs (1998). Assim, se poderá analisar

a reconfiguração da questão da Pluralidade Cultural nesses manuais, de acordo com o seu

contexto de produção. Como base teórica, se seguirá os estudos sobre cultura e pluralidade

cultural no ensino de língua de autores como Paraquett (2010), o Colectivo Amani (2009), e

Bakhtin (2003) no que se refere à questão do dialogismo. Como se trata de um projeto de

dissertação ainda em fase inicial, os resultados apresentados serão preliminares.

Palavras-chave: livro didático, cultura, ensino de espanhol

Bruna Martins de Oliveira (Graduanda - UFV)

IDENTIDADE E MOTIVAÇÃO DE PROFESSORES PRÉ-SERVIÇO DE INGLÊS E

SUAS EXPERIÊNCIAS E CRENÇAS SOBRE ENSINO E APRENDIZAGEM DE

LÍNGUA INGLESA: UM ESTUDO LONGITUDINAL

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Este resumo apresenta os resultados e reflexões obtidas através das atividades desenvolvidas

na pesquisa intitulada A relação entre identidade e motivação de futuros professores de inglês

e suas experiências e crenças sobre o ensino e aprendizagem de línguas: um estudo

longitudinal, no período de Agosto de 2010 a Julho de 2011. A importância dos estudos das

crenças de professores está relacionada à tomada de decisões dos professores em sala de aula,

ao ensino reflexivo (RICHARDS & LOCKHART, 1996) e as suas experiências (MICCOLI,

2007). Em se tratando de professores pré-serviço, é necessário compreender como suas

crenças sobre o que seja aprender e ensinar línguas estrangeiras, as experiências nas quais se

envolvem e se engajam na busca da construção de uma identidade profissional se relacionam

com sua motivação para serem professores de línguas. Esse estudo é longitudinal e é uma

continuação da investigação da motivação, crenças e experiências de uma turma do curso de

Letras durante o segundo e terceiro períodos de sua graduação (SAMPAIO, 2010). Esta

pesquisa teve por objetivo investigar o estudo desses aspectos dentro de uma perspectiva

dinâmica em que todos esses elementos estão interrelacionados. O referencial teórico utilizou-

se de estudos de crenças ( ARAÚJO, 2006; BASSO, 2006; BARCELOS, 2004, 2004b, 2007;

MORAES, 2006; SILVA, 2006; identidades (DÔRNYEI, 2005; MOITA LOPES, 2007;

TELLES, 2004), motivação (DORNYEI, 2005; SUSLU, 2006; JESUS e SANTOS, 2004;) e

experiências (MICCOLI, 2007; ARAGÃO 2008). Esta pesquisa qualitativa, de cunho

exploratório e descritivo, foi realizada com seis alunos de Letras ingressantes de 2009 que

cursavam o 4º e o 5º períodos em 2010-2011, originários de diferentes regiões do país, com

idades entre 20 e 21 anos. Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram narrativas

escritas e entrevistas semiestruturadas. A análise dos dados seguiu os procedimentos da

pesquisa qualitativa (Creswell, 1998; Patton, 1990; Lincoln & Guba, 1985). Os resultados

sugerem que os professores possuem crenças em relação a) a aula ideal; b) a melhor maneira

de se aprender a língua; e c) ensinar inglês na escola pública. As crenças identificadas estão

relacionadas com as experiências dos professores pré-serviço. As experiências de preparação

profissional nas quais se envolveram na graduação estão relacionadas com a mudança

percebida em sua motivação para se tornarem professores. Os participantes acreditam que o

curso os ajuda na preparação profissional, mas o fator determinante é a vivência, a prática de

lecionar e o contato entre algumas disciplinas cursadas na graduação e projetos de extensão

que os auxiliam a se tornarem professores. Assim, eles apresentam identidades contraditórias

de professores, ainda em construção. No início não se percebiam como professores, mas com

as experiências adquiridas durante a graduação, as identidades em construção flutuam ao

sabor das motivações e crenças que vão sendo resignificadas com as experiências vivenciadas.

O estudo terá continuidade em 2011-2012, agora observando a influência do Estágio

supervisionado nas identidades desses alunos.

Carla Almeida de Lima (Doutorando UFRJ) & Luciana Nunes Viter (Doutorando UFRJ /

FAETEC)

LETRAMENTO DIGITAL: PRÁTICAS DE PRODUÇÃO ESCRITA EM LÍNGUA

ESTRANGEIRA

O processo de letramento é entendido por Soares (2004) como o domínio de competências de

leitura e de escrita necessárias para a participação em práticas sociais letradas. Todavia, as

novas tecnologias adicionam uma nova dimensão a esse conceito, fazendo surgir a ideia do

letramento eletrônico para representar o conjunto de conhecimentos que permite a

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participação do indivíduo em práticas letradas da era digital. Segundo Buzatto (2001), a

aquisição desse tipo de letramento, dito eletrônico ou digital, depende, dentre outros fatores,

da exposição do indivíduo a práticas coletivas em que a escrita mediada por computadores

seja significativa. O ensino de produção escrita em língua estrangeira, por sua vez, deve

envolver atividades de aprendizagem direcionadas a propósitos comunicativos específicos,

que reflitam usos reais do idioma em práticas comunicativas do cotidiano. A partir desses

pressupostos, este trabalho pretende descrever e analisar práticas de produção escrita em

língua estrangeira propostas no contexto de disciplinas ministradas durante o segundo

semestre de 2011 através da plataforma digital oferecida pelo Projeto Letras 2.0, desenvolvido

pelo núcleo de pesquisas em Linguagem, Educação e Tecnologia – LingNet/UFRJ para apoio

à oferta de cursos e disciplinas na modalidade on-line ou semipresencial na Faculdade de

Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além da análise dos textos

produzidos, o estudo, de caráter exploratório, busca valorizar as perspectivas de professores e

estudantes envolvidos nos processos abordados, cujas percepções procurou-se conhecer

através da análise das interações em ambiente digital e de entrevistas semiestruturadas em que

os participantes foram solicitados a avaliar os resultados obtidos após realizarem as

atividades. Discutem-se as contribuições dessas práticas de letramento para a aprendizagem

da expressão escrita em língua estrangeira em contextos educacionais mediados pelas novas

tecnologias.

Caroline Lima Ramalho Casagrande (Graduanda - UFPR)

A ORALIDADE DO GÊNERO CONTO NO ENSINO DA LÍNGUA ESPANHOLA

Nesta comunicação nos propomos a apresentar o resultado do trabalho de contação de história

como prática do gênero discursivo oral no ensino da língua espanhola. Tal atividade teve o

gênero literário como base para o seu desenvolvimento. Para ilustrar o uso de um gênero

discursivo no aprendizado de espanhol como língua estrangeira, se fará o relato da

experiência realizada com alunos de 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental do Colégio Flavio

Ferreira da Luz, da cidade de Curitiba, em ocasião da Semana Cultural ocorrida em outubro

de 2011. A atividade teve início com a apresentação do conto “Menina Bonita do Laço de

Fita”, de Ana Maria Machado, traduzido por ela mesma para o espanhol. Depois da

apresentação dramatizada do conto foi proposta, aos alunos da 5ª série, a atividade de

desenhar os aspectos que mais lhes chamaram a atenção na história. Para os alunos da 7ª série,

a proposta da atividade foi o modelo de jogo do “Stop” no qual os alunos deveriam juntar-se

em grupos de três e identificar, na história, palavras que reconhecessem e se encaixassem nos

tópicos: cor, animal, partes do corpo, relações familiares e comidas/bebidas. O objetivo geral

das atividades é desenvolver nos alunos a familiarização com o gênero discursivo conto e, a

partir dele, o aprendizado de elementos sistêmicos da língua espanhola. O resultado das

atividades em questão foi positivo, pois foi possível perceber que, como o gênero discursivo

era conhecido e foi apresentado oralmente, foi mais fácil estabelecer um vínculo afetivo com

alunos, refletindo um melhor aprendizado da língua estrangeira.

Charlene Cidrini Ferreira (Doutoranda – UFF)

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DICAS DA INTERNET PARA O TRABALHO DO PROFESSOR: FORMAÇÃO E

CONSTRUÇÃO DO QUE É A SUA PRÁTICA

Tomando como base os estudos linguísticos que dedicam atenção às marcas de transformação

que vêm afetando o mundo do trabalho em diferentes contextos e situações enunciativas, esta

apresentação busca realizar um estudo que articule linguagem e o trabalho do professor a

partir da análise discursiva de dicas oferecidas em sites da Internet. Sabendo que a Internet

ocupa uma posição de poder privilegiada na construção dos sentidos que circulam atualmente

na sociedade, este trabalho tem como objetivo analisar dicas direcionadas ao professor

retiradas da rede, para verificar imagem(ns) discursiva(s) do trabalho desse profissional que

está(ão) sendo construída(s). A situação de todo trabalho é sempre atravessada por uma

diversidade de fontes de prescrições, inclusive a do trabalhador professor. Por essa razão,

consideramos que as dicas de um site da Internet podem representar uma fonte de prescrição

para a prática docente, participando, portanto, da sua formação, ainda que de forma “não-

oficial”, já que indicam o que este deve ou não fazer em sala de aula. O site selecionado para

pesquisa foi o Profissão Mestre, que, como se apresenta, “é especialmente voltado para os

profissionais de Educação”. O enfoque teórico está centrado num possível diálogo entre

estudos do trabalho desenvolvidos por Schwartz (1997,1998, 2002) e Daniellou (2002) e a

perspectiva discursiva (Maingueneau, 1989, 2001). Verificando que, muitas vezes, a

orientação das dicas ao professor do que fazer se manifesta a partir de enunciados negativos

contrários a pontos de vista de “um outro”, baseamos nossa análise no não polêmico, definido

por Ducrot (1987), ao esboçar sua teoria polifônica da enunciação. Os resultados apontam

para um embate de posicionamentos em relação ao trabalho do professor, determinado pelo

que é “bom” ou “ruim” na polarização dos pontos de vista. O ponto de vista “bom” é o

adotado pelos enunciados marcados pelo “não”. Ou seja, a imagem de professor que se quer

construir tem origem na voz que nega os pontos de vista adotados pelo enunciador das

afirmativas subjacentes, pois estas, segundo o site, são exatamente aquilo de que a prática

docente deveria se afastar. Portanto, observar esse perfil negado pelas dicas de nossos textos

foi fundamental para traçarmos uma oposição entre qualificado-desqualificado, que levou às

imagens que caracterizaram o trabalho do professor.

Charles Rocha Teixeira (Prof. UnB)

A PRODUÇÃO DE CURTAS-METRAGENS COMO ATIVIDADE DISCURSIVA NO

ENSINO/APRENDIZAGEM DE FLE: UMA EXPERIÊNCIA EM TURMAS DE

NÍVEL A1.

O presente trabalho relata a experiência na produção de curtas-metragens, atividade

desenvolvida com alunos das turmas de Pratica do Francês Oral e Escrito 1 (PFOE1) na

Universidade de Brasília. Entendendo a atividade discursiva sob uma perspectiva acional,

onde o aprendiz interage com o seu meio e outros atores sociais na produção de discursos em

língua estrangeira, propomos a construção de filmes onde o objetivo principal era a interação

verbal oral e escrita. Para tanto, nos apoiamos na concepção discursiva desenvolvida por

Bakhtin (1979), Bronckart (1993) e Dolz (1996), e na concepção acional desenvolvida por

Puren (2006). Propomos, assim, essa atividade como exemplo a ser desenvolvido por

professores de FLE, levando em consideração o sujeito-aprendiz como ator social que age,

reage, interage e intervém em diferentes contextos por meio da realização de tarefas. Logo,

esse mesmo ator social, agente ativo e crítico será capaz, em FLE, de desenvolver suas

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competências orais e escritas à luz de seus componentes linguísticos, socioculturais e

pragmáticos. Dessa forma, cada grupo (três ou quatro sujeitos) de estudantes de PFOE 1

elabora um roteiro fílmico como parte do projeto maior, o curta-metragem, do qual devem

participar ativamente desenvolvendo as competências adquiridas durante um período de três

meses, perfazendo um total de 90h/aula. Na confecção do produto fílmico todos do grupo

atuam revelando suas “compétences langagières” dentro dos critérios definidos

anteriormente. A proposta desta atividade insere o aluno, aprendiz e sujeito crítico , de FLE

na elaboração de documentos audiovisuais condizentes com as determinações sociais das

situações de comunicação, bem como descobrir o valor das unidades linguísticas em

interação, reação e ação.

Christianne Benatti Rochebois (Profª. UFV)

COMO TRATAR A PLURALIDADE NAS SALAS DE AULA DE FLE ?

Chegamos atualmente a um modelo relativamente uniforme de ensino/aprendizagem de

línguas, essencialmente centralizado nas “tarefas”, ou seja, na abordagem “acional”.

Considera-se importante a capacidade de agir oralmente e de produzir na escrita nas varias

circunstâncias contextuais da vida no dia-a-dia.Trata-se também de construir uma verdadeira

cultura de aprendizagem. As pessoas que saem da escola devem estar preparadas e

conscientes de que devem continuar a aprender e a se atualizar. Para isso, é preciso que elas

sejam expostas a diferentes formas de aprendizagem no contexto escolar. Logo, atualmente, o

normal seria a diversificação de abordagens metodológicas nas línguas estrangeiras, mas ao

contrario, recaímos em formatos uniformes. É preciso combater a idéia segundo a qual toda

uma geração deveria aprender unicamente através de métodos audiovisuais, a geração

seguinte através de métodos ditos comunicacionais, e assim por diante, qualquer que seja a

língua. A responsabilidade da escola é transmitir diferentes maneiras de aprender, observando

como exemplo, os portfólios europeus das línguas que estimulam os aprendizes e os

professores a refletir sobre suas praticas. Enfim, a aprendizagem de línguas deveria se

inscrever num projeto educativo global, se integrar num projeto escolar, de cidadania e de

coesão social. As línguas devem se articular em torno de valores educativos, e o mercado não

deve ser a única perspectiva: encontrar trabalho, ganhar mais. A escola forma atores sociais

que devem poder se apoiar nessa dimensão plurilíngue e intercultural que oferece e exige a

era da globalização. Ela lhes é útil não somente para operar nas sociedades de hoje, mas para

nelas operar enquanto atores responsáveis e solidários. A noção de pluralidade encontrou

diversos ecos, mas rapidamente percebeu-se que era preciso desconfiar das diversas

interpretações. Não se pode utilizar a palavra “guarda-chuva” plurilinguismo, sem se

questionar sobre os diversos conceitos que ela representa. Valorizar o plurilinguismo pode

contribuir a neutralizar diferenças importantes entre os indivíduos plurilíngues, considerando

que sua participação e seu domínio diversificado de varias línguas é vivido como uma escolha

real ou, pelo contrario, resulta numa forma de imposição. Nós nos propomos a discutir o que

esperamos das línguas, mais especificamente da língua francesa no contexto brasileiro, nos

interrogar sobre o que foi durante muito tempo sua função formadora. Repensar sobre sua

utilidade, as necessidades linguísticas, sua utilização efetiva no Brasil, numa busca, talvez, de

formas de equilíbrio coerentes às necessidades que a “era das línguas” nos impõem.

Participantes:

Christianne Benatti Rochebois (UFV) - Coordenadora

Dario Pagel (FIPF)

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Mônica Fiuza Bento de Faria (UFRN)

Renata Archanjo (UFRN)

Christianne Benatti Rochebois (Profª. UFV)

A FUNÇÃO FORMADORA DAS LÍNGUAS EM RELAÇÃO AO PLURILINGUISMO

E À INTERCULTURALIDADE ATUAIS

Os monolingues se tornam minoritários no mundo em diversas situações geográficas e sociais

e o domínio diversificado de línguas representa a nova norma geral. Este plurilinguismo não é

necessariamente construído pelas escolhas educativas ou pelo voluntarismo dos indivíduos,

mas resulta de seu meio-ambiente e do desenvolvimento de sua vida escolar e social. Num

nível individual, estudos mostram que os plurilíngues desenvolvem, se as condições são

favoráveis, uma certa agilidade cognitiva e criativa, constituindo para eles um beneficio real.

Além disso, resultados de pesquisas mostram que no mundo econômico, as empresas que não

possuem um capital plurilíngue desenvolvido podem se perder na era global. O inglês é

necessário, mas não é suficiente. E constatamos que somente as línguas designadas por Louis

Jean Calvet (2002) como línguas centrais, em relação às línguas periféricas, fazem parte desse

ciclo maior. Mas se pensarmos em termos de educação, é preciso também questionar sobre as

dimensões do desenvolvimento de um plurilinguismo no meio escolar e/ou social. Nosso

meio cultural está cada vez mais diversificado, gerando novos problemas sociais e políticos,

pois esta diversidade gera com frequência, intolerância, estereótipos, racismo xenofobia,

discriminação e violência. O dialogo intercultural tem um papel importante na prevenção de

divisões étnicas, religiosas, linguísticas e culturais, e nos permite também assumir nossas

identidades varias de maneira construtiva e democrática. Tornou-se uma ferramenta de

combate à intolerância e favorece a compreensão mutua de nossos valores e de nossos

pensamentos. Precisamos, portanto, encontrar nosso posicionamento, o que esperamos do

ensino de línguas. Sair de uma visão instrumentalizada do aprendizado das línguas, para nos

questionar sobre quais seriam hoje sua função formadora e suas formas efetivas de busca de

um maior equilíbrio em meio a toda essa diversidade linguístico/cultural.

Cíntia Regina Lacerda Rabello (Doutoranda UFRJ)

OS PAPÉIS DO PROFESSOR, DO ALUNO E DA TECNOLOGIA NO ENSINO

SEMIPRESENCIAL DE INGLÊS INSTRUMENTAL

Este trabalho tem como objetivo apresentar a experiência docente na disciplina Inglês

Instrumental no âmbito do Projeto Letras 2.0 desenvolvido na Faculdade de Letras da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) durante o segundo semestre de 2011. O

estudo compreende a discussão de resultados iniciais de uma pesquisa realizada com alunos

de Licenciatura em Química e Física inscritos na disciplina Inglês Instrumental e visa abordar

os papéis do professor, do aluno e da tecnologia na modalidade de ensino-aprendizagem

semipresencial discutindo oportunidades, dificuldades e desafios encontrados por professor e

alunos nesse contexto. A tecnologia, aqui representada pela plataforma livre para construção

de cursos a distância, Moodle, utilizada como ambiente virtual de aprendizagem (AVA), e

diferentes ferramentas da Web 2.0, como mídias sociais e blogs, também desempenham um

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papel fundamental no desenvolvimento das atividades propostas. Os resultados indicam a

flexibilidade oferecida por essa modalidade educacional como principal fator de motivação e

participação dos alunos. A administração do tempo e o estímulo à autonomia do aluno se

destacam como principais dificuldades e desafios, enquanto que a maior interação entre

professor-aluno e alunos-alunos, além do compartilhamento de experiências e informações e a

construção colaborativa do conhecimento podem ser vislumbradas como grandes

oportunidades possibilitadas pelo suporte tecnológico. É importante salientar, no entanto, que

mais do que a mera utilização da tecnologia e a aplicação de um modelo semipresencial de

ensino-aprendizagem, são os papéis desempenhados por professores e alunos neste novo

contexto sob a perspectiva da interação, da colaboração e do desenvolvimento da autonomia

do aprendiz.

Claudia Estevam Costa (Doutoranda UFRJ / Profª. Colégio Pedro II)

POLITICAS PUBLICAS NA REFORMA EDUCACIONAL BRASILEIRA

A proposta desta mesa que se reúne em torno do tema das políticas públicas para as reformas

educacionais se constitui de alguns elementos teórico-metodológicos orientadores da análise

de textos educacionais, numa perspectiva discursiva. Tomando como objeto vários

documentos normativos e o livro didático de língua estrangeira destinados ao ensino médio e

superior contextualizam-se a discursividade e a heterogeneidade no campo dos estudos

curriculares. Com a intenção de analisar o discurso desses vários textos prescritivos,

recorremos à orientação bakhtiniana (1929/1979) que envolve a relação sujeito-linguagem

numa determinada situação de comunicação e nos remete ao diálogo entre interlocutores e

entre discursos. Os interlocutores constituem-se por um lado o Governo, na forma de

diretorias de políticas curriculares do MEC e de grupos acadêmicos que participam tanto na

formulação de textos para essas políticas como os leitores e coenunciadores das mesmas. Uma

das propostas de análise se constitui da análise discursiva do que seja a reforma (Popkevitz,

2001) e de como ela se elabora em torno de um discurso regulador da prática do professor do

ensino básico. No caso específico dos documentos prescritivos para o Ensino Médio, eles se

coadunam para dar sentido a uma “nova proposta”, de maneira a reordenar o princípio de

educação que se fixa na preparação para o trabalho. A segunda possibilidade de análise do

grupo busca promover reflexões iniciais sobre a reforma das licenciaturas em Letras

(habilitação Português/Espanhol) nas universidades públicas do Rio de Janeiro – UERJ, UFF,

UFRJ –, considerando que suas escolhas e respectivas trajetórias apontam para certos saberes

privilegiados, contribuindo para a constituição de sentidos de licenciatura. Numa terceira

proposta de leitura das políticas públicas, procuramos compreender, no âmbito do Centro

Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET-RJ – escola onde

convivem os ensinos Médio e Técnico, como se constrói discursivamente o perfil desse

aluno/futuro trabalhador e identificar que saberes são privilegiados no que se refere à

educação para o trabalho. Nesse sentido, nosso corpus de análise é o Projeto de

Desenvolvimento Institucional – PDI – da escola e, para fundamentar nossa abordagem

teórica, recorremos a autores da área da Educação com específico interesse na sua relação

com o trabalho (CUNHA, 2005; FRIGOTTO, 2011; CIAVATTA, 2010; KUENZER, 1989); e

no que se refere às Ciências da Linguagem ao princípio dialógico de Bakhtin (1992). A última

proposta de análise tem como foco o livro didático. Inicialmente, através de um percurso

histórico das políticas públicas que envolvem o LD - desde a primeira política de distribuição

de livros no período do ministro Capanema (1932) até as atuais políticas que envolvem o LD,

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englobando a criação do PNLD e a importância que lhes é dada (Fecchio, 2007; Gatti Junior,

2004) - apontaremos os fatores históricos da trajetória que o levou a desempenhar o papel

dentro de sala de aula que lhe é conferido atualmente.

Participantes da Mesa:

Claudia Estevam Costa (Doutoranda UFRJ / Colégio Pedro II) – Coordenadora

Alice Moraes Rego de Souza (UERJ)

Lucia Regina Fonseca Netto (UESC)

Maria Cristina Giorgi (CEFET/RJ)

Patricia Argolo Rosa (UESC)

Renato Pazos Vazquez (UFRRJ)

Cláudia Hilsdorf Rocha (Profª. UNICAMP)

ENSINO DE LÍNGUAS ADICIONAIS, MULTILTERAMENTOS E

TRANSCULTURALIDADE: PRINCÍPIOS E PRÁTICAS

Esta sessão de comunicação coordenada busca reunir trabalhos voltados ao ensino e

aprendizagem de línguas adicionais, nos mais variados contextos, com vistas à reflexão sobre

as diversas materialidades do processo educativo, com foco na formação cidadã (ROJO;

MOITA LOPES, 2004; MONTE MOR, 2009) e com bases em teorizações que envolvem os

conceitos de multiletramentos (COPE; KALANTZIS, 2000), plurilinguismo (TERRA, 2009;

ROCHA, 2010) e inter / transculturalidade (MAHER, 2007; COX; ASSIS-PETERSON,

2007), recontextualizados à área da educação linguística. Em uma sociedade densamente

multissemiotizada, que se constitui por relações opressoras, levando a desigualdades em

diversos aspectos, não somente o inglês, mas certamente todas as línguas adicionais, em

contextos regulares de ensino, sejam eles no âmbito da Educação Básica, em escopo

universitário ou em cursos de formação, colocam-se como importantes letramentos a serem

apropriados pelos indivíduos, com vistas ao seu o engajamento social e discursivo nas mais

variadas esferas que organizam as relações humanas na atualidade (MOITA LOPES, 2005;

2008), mostrando-se, portanto, essenciais para uma educação voltada à cidadania ativa

(MONTE MOR, 2009; ANNETTE, 2009). Nessa perspectiva, são muitos e variados os

fatores que merecem atenção, visando a um ensino de línguas efetivo e crítico na sociedade

contemporânea, fortemente influenciada pelas tecnologias. Nesse enfoque, o principal

objetivo dos trabalhos aqui reunidos é discutir estudos voltados a princípios norteadores,

práticas pedagógicas diversas, elaboração e análise de material didático, levando-se em conta

as diretrizes teórico-metodológicas explicitadas, atreladas, ainda, a uma visão de base

discursiva de linguagem (BAKHTIN, 2003 [1953/1979]; 2004 [1029]) e sociocultural de

aprendizagem (VYGOTSKY, 1978).

Participantes:

Cláudia Hilsdorf Rocha (UNICAMP) - Coordenadora

Cristina Nagle (UNICAMP)

Raquel Rodrigues Caldas (UNICAMP)

Leny Pereira Costa (PUCCAMP)

Cláudia Hilsdorf Rocha (Profª. UNICAMP)

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LÍNGUA INGLESA EM CONTEXTO ACADÊMICO-UNIVERSITÁRIO:

AVALIANDO E (RE)PROJETANDO PRÁTICAS PLURILÍNGUES E

TRANSCULTURAIS SOB A LUZ DOS MULTILETRAMENTO

Esta Comunicação objetiva mostrar resultados parciais de uma pesquisa de pós-doutoramento,

que vem sendo desenvolvida na Universidade Estadual de São Paulo (USP). O trabalho

encontra-se em sua fase inicial e toma como foco o ensino-aprendizagem de inglês em

contexto universitário (MONTE MOR, 2011), voltado à formação cidadã (MOITA LOPES,

ROJO, 2004; MONTE MOR, 2009) e, portanto, ao desenvolvimento, entre outros, do

letramento crítico (MENEZES de SOUZA, 2011). Como docente responsável pelo

desenvolvimento e também condução, juntamente com um grupo de outros professores, de

algumas disciplinas de língua inglesa (LI), integrantes do ProFIS - Programa de Formação

Interdisciplinar Superior, implantado pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) a

partir de 2011, busco, através de um estudo de ordem exploratória e também propositiva,

dentro das especificidades da pesquisa pedagógica de bases qualitativas e de cunho

etnográfico (LANKSHEAR; KNOBEL, 2008), avaliar como se materializam em sala de aula

os objetivos estabelecidos para as disciplinas sob minha responsabilidade e como são

abordados e construídos os objetos de ensino. Com o apoio das teorizações bakhtinianas, que

aferem à linguagem uma natureza dialógica, discursiva e situada, atreladas a uma abordagem

plurilíngue e transcultural frente à educação linguística (ROCHA, 2010), que se volta à

construção de multiletramentos (COPE, KALANTZIS, 2000) pelo ensino de uma língua

adicional, o inglês é tomado como objeto fronteiriço, que viabiliza a confluência de diferentes

culturas, línguas e linguagens sociais na sala de aula e, portanto, favorece um trabalho que

considera o caráter polifônico das práticas de linguagem, de modo geral. Sob esse enfoque,

que busca ampliar a visão do ensino de LI em contexto acadêmico-universitário, processo este

também reconhecido como inglês para fins específicos e/ou acadêmicos, que tem sido, até o

momento, principalmente ligado ao ensino de leitura, muitas vezes em seu sentido mais

estrito, pretendo, por meio da referida pesquisa, analisar as ementas e os programas das

citadas disciplinas, confrontando-os com práticas resultantes das propostas pedagógicas

viabilizadas pelo material didático (impresso e digital), elaborado especificamente para a

condução das aulas por um grupo de pesquisadores e alunos ligados a um Grupo de Pesquisa

(CNPq/Unicamp), sob minha coordenação. Buscando considerar as percepções e valorações

dos alunos diante da língua em foco e de sua aprendizagem, entre meus objetivos, incluo,

ainda, analisar em que medida os resultados obtidos através das tarefas (SCARAMUCCI,

2004) realizadas pelos discentes evidenciam aspectos de um ensino-aprendizagem de bases

críticas, que potencializa a construção de uma ampla gama de letramentos, entre eles,

letramentos em LI como língua adicional, apresentando, caso se façam necessárias, propostas

de reestruturação das práticas pedagógicas no contexto especificado, a fim de aproximá-las de

um processo educativo que favoreça, em sua essência, a cidadania ativa (ANNETTE, 2009;

MONTE MOR, 2009) e a formação plurilíngue (ROCHA, 2010).

Cláudia Tosolini Caleff (Graduanda UFC)

OTIMIZANDO A ELABORAÇÃO DO PLANO DE AULA

Refletir sobre os próprios procedimentos de ensino não é uma prática fácil e o processo de

identificação do problema e de uma solução para os mesmos certamente tem um papel

importante na prática de ensino reflexiva, considerada essencial para um professor em

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formação que decide, criticamente, pensar no sucesso e nas falhas das suas escolhas

pedagógicas. Durante a experiência de prática de ensino, alguns professores-alunos encontram

inúmeras dificuldades para planejar uma aula tão efetivamente quanto é esperado deles.

Conforme Brandl (2006), “uma característica comum a todos os planos de aula é a de que eles

são uma forma de organizar e pensar sobre os componentes da aula”. Richards (1998) enfatiza

a importância do planejamento de aula: “O sucesso com o qual o professor conduz uma aula é

frequentemente ligado à eficácia com que seu plano de aula é elaborado”. Uma Pesquisa-

Ação é uma das melhores formas de combinar o desenvolvimento de uma análise crítica das

práticas de um professor-aluno, identificando um problema recorrente no desenvolvimento de

seus planos de aula, como também uma solução possível. De acordo com McKay (2006), “A

Pesquisa-Ação é feita por uma pessoa em particular sobre o seu próprio trabalho, para ajudá-

los a melhorar o que eles fazem, inclusive com e por quem eles trabalham”. As reflexões

descritas adiante são o resultado de um processo de desenvolvimento de planos de aula

cuidadosamente analisados e como as escolhas do professor em um plano podem influenciar o

comportamento dos alunos em sala. Através da Prática Reflexiva e da Pesquisa-Ação, um

total de dez planos de aula foi analisado com o objetivo de identificar um problema recorrente

durante sua elaboração.

Claudiana Maria Rodrigues Nunes de Almeida (UFC / Casa de Cultura Britânica-CH)

O PROFESSOR COLABORADOR NA PRÁTICA DE ENSINO REFLEXIVA

Este trabalho registra experiências vivenciadas por uma professora colaboradora durante a

prática de ensino reflexiva em EFL. Ele também reflete acerca do papel do mentor e apresenta

questões sobre os desafios e ganhos desse experimento para sua prática docente.

Recentemente, especialistas debatiam a tendência no ensino de língua estrangeira que

consistia em um movimento iniciado e dirigido por professores que observavam a si mesmos,

coletavam dados a respeito de suas próprias práticas em sala de aula e usavam-nos como base

para autoavaliação e desenvolvimento profissional. Instrutores buscavam ‘aprender como dar

aula’ através da ‘abordagem reflexiva’. A prática de ensino reflexiva agora faz parte da

maioria dos programas de formação de professores. Ela promove uma compreensão mais

significativa do que se constituem a competência e a especialidade, por isso é adotada em

minicursos e práticas de ensino em salas de aula. Isto levou estudantes de prática de ensino a

desenvolver suas próprias habilidades de ensinar através da reflexão e da discussão acerca de

suas experiências com professores, colegas e professores colaboradores. A prática de ensino

reflexiva provou ser eficiente para professores e alunos; contudo, a visão de um professor

experiente atuando como colaborador, seu papel e sua rotina de trabalho, as vantagens e

desvantagens dessa participação em tal programa e os resultados advindos dessa experiência

para a sua própria prática não foram reportados ainda. Assim, surge este estudo, buscando

suprir essa lacuna e promover a formação de mentores mais conscientes, eficientes e capazes

de aprender com suas próprias práticas colaborativas.

Claudio de Paiva Franco (Prof. UFRJ)

A PRÁTICA PEDAGÓGICA COMO ATRATOR CAÓTICO DO SISTEMA

COMPLEXO DE ENSINO DE INGLÊS NA ERA DIGITAL

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O paradigma da complexidade parece nos oferecer uma alternativa para compreender a

realidade sob um ângulo multidimensional. Trata-se de uma perspectiva que rejeita os

pressupostos da fracionalização, linearidade e simplificação do pensamento como modos de

criar inteligibilidade. Na Linguística Aplicada, pesquisadores (LARSEN-FREEMAN, 1997,

2000, 2002, 2007, 2006, 2008, 2009; PAIVA, 2002, 2005, 2006, 2008, 2009; VAN LIER,

1996) encontram, na complexidade, não a resposta, mas um meio para a problematização de

questões que nos instigam até hoje por se tratarem de fenômenos complexos. Linguagem e

aprendizagem de segunda língua são alguns dos exemplos de sistemas complexos na

Linguística Aplicada. A adoção da complexidade, nesta pesquisa, está fundamentada na

tentativa de buscar uma melhor compreensão da relação entre o sistema complexo de ensino e

o de aprendizagem de língua estrangeira, mais especificamente, o papel da prática pedagógica

(atrator caótico) no sistema de aprendizagem de inglês. O objetivo desta apresentação é a

discussão da prática pedagógica adotada por professores de inglês da Educação Básica,

identificada a partir das narrativas de aprendizes de inglês do Ensino Médio de uma

instituição pública federal localizada no Rio de Janeiro. Por buscar entender o que está

acontecendo em um determinado grupo social, privilegio a perspectiva dos participantes e

utilizo instrumentos etnográficos para investigar o contexto mediado por novas tecnologias.

Apesar de se tratar de um estudo de caso, acredito que o contexto desta pesquisa corresponda

a um fractal de um contexto mais amplo – o de ensino de línguas estrangeiras no Brasil. Os

resultados da pesquisa parecem nos oferecer contribuições significativas para

compreendermos as práticas pedagógicas adotadas no ensino de inglês, de maneira geral,

revelando-nos padrões recorrentes de comportamento do sistema complexo de ensino. Além

disso, percebo que as atitudes emergentes dos aprendizes em relação à aprendizagem de

inglês refletem uma reação a um cenário educacional que não parece oferecer as

"affordances" necessárias para que esses participantes aprendam o idioma.

***

Cristiane Agnes Stolet Correia (Doutoranda UERJ / UFRJ)

A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA HISPÂNICA NA FORMAÇÃO DO

PROFESSOR DE ESPANHOL

A linha de pesquisa Poesia e Pensamento (à qual me vinculo) abarca diversos projetos de

pesquisa, devido à sua própria abrangência temática. Entretanto, há um ponto de intersecção

entre todos os projetos: a relação existente entre manifestação artística e filosofia. Sabendo de

antemão que a literatura se constitui como uma das possibilidades de manifestação artística e

que, como tal, é parte inseparável da cultura (Bakhtin, 2010), cabe concluir que faz despontar

a filosofia (ou melhor, as filosofias) de um povo. Na presente comunicação, o foco recairá na

imprescindibilidade da literatura e cultura hispânicas para a formação do professor de

Espanhol, considerando a amplitude que estas possibilitam em todos os âmbitos para o futuro

docente. A questão proposta suscita, contudo, algumas problemáticas atuais, como por

exemplo: a discrepância entre a Educação Básica e o Ensino Superior no que concerne aos

estudos literários, o abismo existente entre a prática literária e a prática do ensino da

Literatura, a dificuldade em se formar um público leitor, aberto ao diálogo, capaz de interagir

e descobrir novos sentidos no processo de leitura, entre outras. O reconhecimento dos

problemas que permeiam o ensino da Literatura é o primeiro passo para o apontamento de

possíveis caminhos. Os encaminhamentos propostos no presente trabalho terão como base os

textos: “Os estudos literários hoje”, de Mikhail Bakhtin, “Escritores e escreventes”,

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“Reflexões acerca de um manual” e “Escritores, intelectuais, professores”, de Roland Barthes.

Defendendo o trabalho do professor na perspectiva bakhtiniana dialógica da linguagem,

enxergando “o conhecimento literário como constituinte da competência cultural” e esta como

“componente da competência comunicativa” (Cárcamo, 1990), enfatiza-se a importância do

estudo refletido da literatura hispânica no processo de formação do docente de Espanhol.

Cristina Nagle (Profª. UNICAMP)

A UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS DA INTERNET EM AULA PRESENCIAL DE

LE: O CASO DO FRANCÊS NA UNICAMP

Com o advento das inovações trazidas pela internet, as TICs - com seus conteúdos e

ferramentas que se multiplicam exponencialmente, o papel do professor - e dos alunos - vem

sendo significativamente modificado. SERRES (2010) anuncia o nascimento de um “novo

humano”, nosso aluno. Diz o filósofo que as faculdades cognitivas e imaginativas do ser

humano não são estáticas e que não podemos mais (os imigrantes digitais) julgar os jovens a

partir de nossas próprias convicções. Partindo dessa constatação, que aponta para a

necessidade de se refletir sobre mudanças reais na maneira de ensinar (e aprender) LE, tento

em minhas pesquisas responder à seguinte pergunta: em ensino/aprendizagem de LE, a

contribuição da Internet é mais horizontal (trocas, redes sociais) ou mais vertical (transmissão

de conhecimento)? (MANGENOT, 2011). Buscarei mostrar nessa Comunicação como, e se é

possível, (e desejável) aliar práticas digitais diretamente ligadas ao cotidiano dos jovens a

atividades pedagógicas convencionais em ensino/aprendizagem de LE. Nesse exercício,

surgem dois aspectos que considero extremamente relevantes e que estão intimamente

relacionados: o papel do professor na nova configuração dos lugares onde se ensina e se

aprende e a maneira como o aluno está refletindo sobre as informações que recebe e como ele

as processa. Citado por COLL e MONEREO (2010), CEBRIÁN (1998) afirma que “a

velocidade é contrária à reflexão, impede a dúvida e dificulta o aprendizado”. Quanto ao

papel do professor - ou tutor ou monitor – confirma-se cada vez mais que a ele caberá orientar

seus alunos sobre conteúdos disponíveis na web. Nesse momento de mutação e de grande

complexidade, podemos ter muitas perguntas, mas poucas respostas únicas e conclusivas.

Uma das mais interessantes formulações sobre o tema é a pergunta feita por MONEREO e

POZO (2010): “Como será a escola frente ao aluno virtual?” Dentre as muitas reflexões

oferecidas pelos autores, uma me parece ser indiscutível: os alunos, que já têm uma formação

digital e tecnológica, precisarão mais do que nunca de uma formação informacional. Ou seja,

caberá à escola e aos professores a tarefa de promover “uma reflexão maior sobre conteúdos

negociados.”

Daniela Norci Schroeder (Profª. UFRGS)

ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS: ASPECTOS A

SEREM TRABALHADOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Nesta seção apresentamos estudos que, partindo da perspectiva sociointeracionista (Vygotsky,

1978), discutem diferentes aspectos que devem ser trabalhados na formação de professores de

línguas estrangeiras, em um primeiro momento, para que possam, posteriormente, ser

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efetivamente utilizados por estes professores na sua prática de sala de aula. Os estudos

relatados envolvem os conceitos de tarefa colaborativa, elaboração de projetos,

interação/cooperação. O primeiro estudo - Costa e Lima, Consciência linguística e

colaboração em inglês como língua estrangeira - analisa dados resultantes de um projeto de

pesquisa sobre colaboração e consciência linguística no aprendizado de inglês por alunos

universitários; o segundo estudo - Battistella, Refletindo sobre a consciência dos sons

vocálicos do inglês: uma pesquisa com aprendizes brasileiros - focaliza a relação entre

consciência fonológica e ensino e aprendizagem de língua estrangeira e averigua a adequação

do uso das vogais por alunos de ensino médio, aprendizes de inglês; o terceiro estudo - Graça,

O ensino-aprendizagem interativo e colaborativo do francês em contexto escolar - analisa

práticas pedagógicas de interação e colaboração no ensino de francês em ambiente escolar; o

quarto estudo – Dutra e Lima, E as tarefas na aquisição dos pronomes clíticos do espanhol? -

investiga os efeitos da instrução com foco na forma na aquisição dos pronomes clíticos do

espanhol como língua estrangeira e o quinto estudo - Schroeder e Sturm, O desafio de formar

professores de língua adicional (italiano e inglês): construindo projetos e unidades temáticas -

descreve e analisa o processo de elaboração de projetos e unidades temáticas por professores

de inglês e italiano em formação nos cursos de Letras. Todos os estudos trabalham em

contexto de falantes do português brasileiro na região sul do Brasil, em processo de

aprendizagem de línguas estrangeiras (espanhol, francês, inglês e italiano).

Participantes da Mesa:

Daniela Norci Schroeder (UFRGS) – Coordenadora

Luciane Sturm (UFP)

Lucia Rottava (UFRGS)

Marilia dos Santos Lima (UNISINOS)

Patricia da Silva Campelo Costa (Doutoranda UNISINOS)

Rosa Maria de Oliveira Graça (UFRGS)

Tarsila Rubin Battistella (UNISINOS)

Daniela Norci Schroeder (Profª UFRGS) & Luciane Sturm (UFP)

O DESAFIO DE FORMAR PROFESSORES DE LÍNGUA ADICIONAL (ITALIANO

E INGLÊS): CONSTRUINDO PROJETOS E UNIDADES TEMÁTICAS

Descrever o processo criativo dos professores em formação no curso de Letras ao planejar sua

prática docente é o objetivo desta pesquisa, desenvolvida de forma integrada em duas

diferentes universidades do RS, nas ênfases de língua inglesa e língua italiana. Em

consonância com o texto dos Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Estrangeira (1998)

e, mais recentemente, com os Referenciais Curriculares da Secretaria da Educação/RS (2009),

os acadêmicos de Letras são desafiados à construção de propostas de ensino visando ao

aprendizado de L2/LA no ensino fundamental e/ou médio, bem como em cursos livres de

idiomas. A elaboração de projetos e unidades temáticas (Referenciais Curriculares – Lições

do Rio Grande, vol. 1) deve promover a educação linguística do indivíduo, contribuindo na

sua formação como cidadão capaz de usar a linguagem, neste caso a L2/LA, para se expressar

na sua própria sociedade, agindo criticamente no mundo em que está inserido. Partindo dos

pressupostos da Teoria Sociointeracional, assim como do conceito de língua de cultura,

fundamental no processo de uma educação humanística (Balboni, 1994) e da crença na

indissociabilidade do ensino de língua e cultura (Mezzadri, 2003), pretendemos apresentar o

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processo pelo qual passa o acadêmico, nas disciplinas de Prática de Ensino, desde a escolha

da temática, a elaboração das tarefas e atividades, até o planejamento da avaliação. Os dados

desta pesquisa provêm das reflexões dos próprios estagiários registradas nos relatórios de

avaliação, além de entrevistas e questionários aplicados ao final do período de estágio. Serão

analisadas as dificuldades apresentadas pelos acadêmicos no processo de planejamento de sua

prática docente, bem como suas potencialidades e capacidade criativa. Os resultados

preliminares dessa análise evidenciam fragilidades no processo de formação do futuro

professor de L2/LA que merecem ser discutidas pelos docentes de Letras, visando aprimorar a

sua formação e colocando-os, assim, em consonância com a responsabilidade da escola na

formação de cidadãos críticos e autônomos.

Dario Pagel (FIPF - Federação Internacional dos Professores de Francês)

O PLURILINGUISMO NO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO:

ESQUECIDAS, AS LÍNGUAS?

Num primeiro momento, trata-se de definir o termo « plurilinguismo » como sendo o fato de

falar diversas línguas e de observar como vive o sistema educacional no qual são ensinadas

várias línguas. Para a didática brasileira atual, o estudo sobre o ensino diversificado de

línguas, ou seja, o ensino plurilíngue, ocupa até agora um lugar muito modesto entre as

pesquisas universitárias. Num segundo momento, trata-se de expandir o debate sobre a

situação do ensino de línguas estrangeiras no Brasil que parece sofrer talvez de uma certa

carência de reflexão. Este debate visa refletir sobre as resistências, os freios e os bloqueios

que enfrenta o ensino diversificado de línguas estrangeiras nas escolas brasileiras, pois, hoje,

uma política linguística não é apenas constituída pelo ensino de línguas (Porcher & Faro-

Hanoun, 2000). Considerando o trabalho de F. Goulier (2006), podemos observar que o

plurilinguismo “modifica consideravelmente o enfoque que é dado às competências dos

alunos: todo saber-fazer (savoir-faire), mesmo limitado ou parcial, é sistematicamente

valorizado, como sendo um elemento de um repertório de competências mais amplo”.

Considera-se importante oferecer aos alunos do ensino fundamental e médio da escola

brasileira de hoje uma política plurilíngue, multicultural e interdisciplinar, todavia oferecendo

reais condições para a aplicação da referida política, assegurando dessa forma a inserção dos

alunos brasileiros no mundo globalizado de hoje.

Dayala Vargens (UFF / Doutoranda-UFRJ)

DIMENSÕES POLÍTICAS DO TRABALHO DO PROFESSOR DE ESPANHOL:

FUNDAÇÃO E ROTINAS DE UMA MEMÓRIA

A presente comunicação volta-se para a reflexão sobre a dimensão política do trabalho do

professor de espanhol a partir da análise de práticas discursivas produzidas pela Associação

de Professores de Espanhol do Estado do Rio de Janeiro (APEERJ) nos últimos trinta anos. A

APEERJ, fundada em 1981, é a primeira entidade de representação política específica dessa

categoria profissional, atuando significativamente na história do hispanismo no Brasil e, em

especial, nas questões pertinentes ao trabalho docente. Nesta investigação, partindo-se do

pressuposto de que a competência industriosa abarca diferentes ingredientes (SCHWARTZ,

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1998), concebe-se o ingrediente político como elemento constituinte do trabalho do professor

de línguas estrangeiras. Por meio da abertura do arquivo (FOUCAULT, 2004) da APEERJ,

pretende-se identificar traços da identidade política dessa entidade ao longo dos anos. Após

levantamento de uma grande variedade de textos que corporificam as práticas discursivas do

cotidiano de uma associação de professores (atas de reuniões, estatutos, cartas, programações

de eventos, boletins e manifestos), nesta apresentação privilegiamos as cartas da APEERJ

dirigidas ao poder público em diferentes momentos de sua trajetória. Pautado em uma

concepção dialógica da linguagem (BAKHTIN, 2000), o embasamento teórico deste estudo

advém da Análise do Discurso de linha francesa, destacando-se a cenografia discursiva

(MAINGUENEAU, 1997, 2002) e o gênero do discurso (BAKHTIN, 2000) como macro

categorias analíticas. Considera-se igualmente a noção de identidade (HALL, 2003) como

central para o desenvolvimento do edifício teórico desta pesquisa, na medida em que os

trajetos temáticos e feixes de sentidos que constituem os documentos estudados permitem

identificar traços identitários da dimensão política do trabalho do professor de língua

espanhola. Embora a presente investigação ainda se encontre em andamento, seus resultados

parciais apontam para a confirmação de que, com a ampliação do embate discursivo acerca da

implantação do ensino de espanhol no Brasil, desde 2005, os traços da identidade política da

APEERJ têm sido redefinidos. Nesse processo de reconstrução identitária, destaca-se a

intensificação de práticas de enfretamento a solidificadas formações discursivas sobre o

ensino de espanhol no Brasil que, de modo geral, desqualificam o trabalho de formação de

professores neste país.

Décio Rocha (Prof. UERJ)

PRESCRIÇÃO E AVALIAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE: A INSUFICIÊNCIA

DOS ESPAÇOS DE DISCUSSÃO NO COTIDIANO DOS CURSOS DE PÓS-

GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

Este trabalho tem por objetivo refletir sobre a função prescritiva dos documentos de avaliação

que regem o trabalho realizado em cursos de pós-graduação stricto sensu. Ao falarmos de

avaliação em pós-graduação, referimo-nos aos Documentos de área organizados pela CAPES

com a finalidade de estabelecer parâmetros de julgamento dos programas, que se submetem a

uma avaliação trienal de suas atividades. Desde já, esclarecemos que os referidos documentos

dizem respeito não apenas aos programas voltados para a formação em línguas estrangeiras,

mas à totalidade das atividades desenvolvidas em pós-graduação stricto sensu (mestrado e

doutorado). Se falamos aqui de uma dimensão prescritiva dos referidos documentos é porque

estamos certos de que esta é a possibilidade de se legislar sobre o trabalho do professor nesse

nível de ensino: afinal, não se diz a um professor doutor, pesquisador e especialista em um

determinado campo de saber o que ele deve ou não fazer, senão de modo bem indireto. É

desse modo que, sob o pretexto de legislar sobre o funcionamento de um programa de pós-

graduação, o que na realidade se faz é legislar sobre o trabalho desse docente, o qual deverá

atingir determinadas metas, caso deseje que seu programa receba uma boa pontuação. Como

quadro teórico, recorre-se a Schwartz (2000) e a Six (1999, 2002) para problematizar o campo

das relações entre linguagem e trabalho, com ênfase especial na noção de prescrição

remontante. O corpus foi extraído dos Documentos de avaliação de área – CAPES – relativos

ao triênio 2007-2009, sendo privilegiados textos referentes à avaliação de 13 áreas. Como

resultado, reitera-se a relevância de espaços de discussão no referido exercício profissional

visando suprir a carência de um efetivo coletivo de trabalho, dispositivo que poderia garantir

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um duplo resultado: por um lado, repensar a clássica dicotomia instituída na modernidade

entre o individual e o social; por outro, promover uma rearticulação entre prescrições

descendentes e remontantes.

Del Carmen Daher (Profª. UFF)

POLÍTICAS E PRÁTICAS DE SELEÇÃO DE ´PROFESSORES DE LÍNGUA

ESTRANGEIRA: VINCULAÇÕES COM O TRABALHO DA ESCOLA PÚBLICA?

Esta comunicação inscreve-se no eixo temático das Políticas Públicas de ensino e vincula-se a

estudos desenvolvidos no âmbito do grupo de pesquisa Práticas de linguagem, trabalho e

formação docente (UFF, CNPq) e do GT da Anpoll Linguagem, Enunciação e Trabalho. Tem

como objetivo discutir questões relacionadas aos processos de seleção de professores de

língua estrangeira para o ensino básico de escolas públicas, a partir de um marco teórico que

reúne contribuições da Análise do discurso (MAINGUENEAU, 1987), da História da

Educação (CHERVEL, 1993; BELHOSTE, 2002) e da Ergologia (SCHWARTZ, 1998,

2000). A seleção desses profissionais se dá via realização de concurso público (CP), em

condições de funcionamento pré-determinadas, responsáveis pela legalidade e legitimidade da

escolha e acorde com políticas educacionais vigentes. Originado a partir do surgimento do

estado democrático, o CP é hoje uma prática social reconhecida e naturalizada (FOUCAULT,

1969, 1976). Para além das funções de avaliar, selecionar e classificar os professores, os

exames de seleção integram uma "memória discursiva constituída de formulações que

repetem, recusam e transformam outras formulações" (MAINGUENEAU, [1987] 1997, p.

118), ou seja, constituem um patrimônio acerca do que "se diz sobre", "se espera" e "se deve

saber" para vir a ser professor da rede pública. Enquanto prática discursiva prescrevem

concepções de língua, de ensino de língua, de professor "ideal", ou pelo menos, "esperado" e

"valorizado" para o exercício profissional. É necessário promover um desconforto intelectual

(SCHWARTZ, 1998), constituir debates, desnaturalizar configurações, mostrar regularidades

e dar visibilidade a contradições vinculadas a essa prática, de modo a vislumbrar novas

políticas que resultem em mudanças no quadro da educação, da formação e do trabalho

docente.

Eduardo Augusto de Mello (Graduando – UFPR)

O ESPANHOL NO ENSINO MÉDIO: UMA PROPOSTA DE ATIVIDADE COM

BASE NOS GÊNEROS DISCURSIVOS.

Esta comunicação tem como principal objetivo compartilhar as experiências vivenciadas em

regências feitas por alunos de Graduação em Letras (habilitação em língua espanhola),

inseridos no contexto do Ensino Médio em blocos. Trata-se do trabalho de oito bolsistas do

PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) que, discutem

metodologias, elaboram atividades e refletem a respeito do uso dos gêneros discursivos para o

ensino do espanhol como língua estrangeira. A construção desta fala se fará através da

exposição do caminho percorrido para se chegar à elaboração, os critérios utilizados no

desenvolvimento, a aplicação e os resultados obtidos com o desenvolvimento da atividade

“Profesiones del Futuro”. Entende-se que a comunicação ocorre por intermédio do uso de

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diferentes gêneros discursivos (Bakhtin), e que no entorno das atividades humanas, nos

utilizamos destes gêneros para interagir socialmente. A partir deste uso social e

contextualizado, que se manifesta através da oralidade e da escrita, se concretiza a interação.

Considerando-se, então, a importância dos gêneros discursivos para uma prática social

efetiva, também na língua estrangeira, pensou-se em uma atividade baseada neles para ser

desenvolvida com estudantes do último ano do Ensino Médio. Inicialmente, os bolsistas do

projeto Espanhol – Ensino Médio, do PIBID/UFPR, pretendiam através de um texto, fornecer

fundamentos para uma discussão a respeito das profissões do futuro e, assim, desenvolver a

prática da interação entre os alunos. Focando na leitura e no reconhecimento do texto,

desenvolveu-se uma apresentação destas profissões, visando o debate e a familiarização com a

língua estrangeira. Posteriormente, um trabalho de produção escrita foi realizado para

registrar as ideias presentes na fala, exercitando assim a criatividade e a capacidade de

interpretação do discurso. Logo, foi possível avaliar os aspectos positivos e negativos da

participação dos alunos, podendo-se identificar o proveitoso e o indispensável, assim como o

que é ou não possível, ou de que maneira se deve desenvolver em sala de aula este tipo de

discussão, considerando o contexto do ensino da língua espanhola.

Eliane Gouvêa Lousada (Profª. USP)

A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE FRANCÊS DO PONTO DE VISTA

DA COORDENAÇÃO: RECOLOCAR O PROFESSOR NO CENTRO DO

DISPOSITIVO DE ENSINO

Esta comunicação tem por objetivo apresentar o sistema de formação inicial de um curso de

extensão universitária em francês, aberto à comunidade interna e externa da Universidade. O

curso propõe módulos que abrangem o nível A1 até o nível B2 do Quadro Comum Europeu

de Referência, centrados na perspectiva do agir social por meio do desenvolvimento das

capacidades de linguagem dos aprendizes. A proposta, nesta comunicação, é de analisar a

situação de trabalho nos cursos de extensão pelo prisma de seus principais atores, ou seja, os

“professores” do curso. Estudantes de licenciatura, mestrado ou doutorado, os “professores”

do curso têm, na verdade, o estatuto de “monitores”, pois são estudantes da universidade que

estão descobrindo ou aprendendo o “métier” de professor. Nesse contexto, a formação adquire

importância fundamental, já que se trata de uma das poucas ocasiões de ter contato com o

trabalho de ensinar e com a didática das línguas, antes de se lançarem no mundo profissional.

Baseando-se na didática das línguas, mas, sobretudo, na ergonomia da atividade dos

profissionais da educação (Faïta, 2004; Amigues, 2004; Saujat, 2002, 2004), o sistema de

formação montado no curso de extensão visa a abordar questões ligadas ao exercício do

“métier” de professor, que os monitores têm que enfrentar e que estão ligadas aos dramas e

problemas cotidianos do exercício profissional, ao buscar adaptar-se ao contexto de trabalho.

Nesse sentido, podemos dizer que o sistema de formação, que será o objeto de nossa

apresentação, tem o papel de restituir ao professor o local central do dispositivo de ensino.

Temos, ainda, a intenção de aprofundar e rediscutir questões oriundas da didática do francês

como língua estrangeira, porém recontextualizadas a partir de conceitos da ergonomia da

atividade e da clínica da atividade (Clot, 1999).

Eliane Gouvêa Lousada (Profª. USP)

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TRANSFORMAR PARA COMPREENDER: UMA NOVA PERSPECTIVA NAS

PESQUISAS SOBRE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Invertendo o título da obra de Guérin et al (1997) “Compreender o trabalho para transformá-

lo”, Yves Clot (2010), ao discorrer sobre os processos de formação de adultos no quadro de

suas situações de trabalho, afirma que é preciso, antes de tudo, transformar o trabalho para

poder realmente compreendê-lo. Alinhando-nos com o pensamento de Clot, propomos, nesta

comunicação coordenada, apresentar as pesquisas que têm sido desenvolvidas por nosso

grupo na área de formação de professores e que adotam, como princípio básico,

primeiramente, a intervenção nas mediações formativas ligadas ao trabalho educacional, para,

em seguida, considerar os dados decorrentes desse processo como corpus para pesquisa. Isso

implica, em nosso caso, num primeiro momento, em montar um dispositivo de formação de

professores baseado nos pressupostos teóricos da ergonomia da atividade (Faïta, 2004;

Amigues, 2004; Saujat, 2002, 2004) e da clínica da atividade (Clot, 1999; Clot et al. 2001),

para, num segundo momento, analisar os dados produzidos nas situações de formação a partir

do quadro teórico-metodológico do interacionismo sociodiscursivo (Bronckart, 1999, 2006,

2008). As pesquisas que serão apresentadas nesta comunicação coordenada foram realizadas a

partir desse mesmo quadro teórico-metodológico e objetivam mostrar como os professores

aprendem seu trabalho, apropriando-se de gestos profissionais (maneiras de fazer) e de

maneiras de falar que caracterizam o métier de professor em diferentes contextos. A primeira

comunicação apresentará análises de relatórios de experiência vivida como instrumentos para

a formação inicial de professores, procurando mostrar como o professor iniciante se constitui

e constrói sua identidade profissional nos textos que produz. A segunda comunicação visa a

mostrar como os professores se apropriam do uso de jogos e os transformam em instrumentos

para sua ação em aulas de francês como língua estrangeira. Já, na terceira comunicação,

propõe-se ilustrar a aprendizagem do métier de professor de francês pelo prisma da noção de

“intercultural”. Finalmente, a última comunicação procurará apresentar a apropriação do

trabalho com gêneros textuais, pelos professores, através da elaboração de um material

didático para o ensino de francês baseado em gêneros.

Participantes:

Eliane Gouvêa Lousada (USP) - Coordenadora

Emily Caroline Silva (Doutoranda USP)

Flavia Fazion (Doutoranda USP)

Simone Maria Dantas Longhi (Doutoranda USP)

Eliane Gouvêa Lousada (Profª. USP)

APRENDENDO O MÉTIER DE PROFESSOR : OS RELATÓRIOS DE

EXPERIÊNCIA VIVIDA COMO INSTRUMENTOS DA FORMAÇÃO INICIAL

Esta comunicação tem por objetivo apresentar uma análise discursiva e enunciativa de textos

produzidos em uma situação de trabalho educacional por alunos universitários (licenciatura,

mestrandos e/ou doutorandos) que ocupam a função de monitores-professores em um curso de

extensão universitária de francês como língua estrangeira. Os textos analisados foram

produzidos para relatar a experiência vivida pelos monitores-professores, que são alunos e

aprendizes da profissão de professor no início do exercício de seu métier e foram coletados

em semestres distintos. O objetivo das análises feitas a partir desse corpus é o de melhor

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compreender como se dá a aprendizagem do ‘métier’ de professor pelos alunos e monitores-

professores, procurando entender como acontece a apropriação de “maneiras de falar e de

falar do que se faz” que fazem parte do métier de professor. Além disso, a análise visa,

também, a estudar o desenvolvimento dos futuros professores em diferentes momentos em

que os dados foram coletados, afastando-se de uma visão estática da competência

profissional. Para tanto, baseamo-nos nos pressupostos teórico-metodológicos do

interacionismo sociodiscursivo (Bronckart, 1997, 2004, 2006, 2008), de pesquisadores do

grupo ALTER-CNPq (Machado, 2007, 2009) e também no quadro teórico da Ergonomia da

Atividade (Amigues, 2002, 2004; Saujat, 2003, 2004) e da Clínica da Atividade (Clot, 1999,

2001; Clot e Faïta., 2000 e 2001; Faïta, 1997, 2002, 2004). Nesse sentido, este estudo

contribui para as pesquisas do Grupo ALTER-CNPq, do qual faz parte. Os resultados,

analisados a partir do quadro teórico-metodológico do interacionismo sociodiscursivo e de

outros autores, tais como Authier-Revuz (2002), apontam para a relevância da voz dos alunos

para a aprendizagem do métier e para o desenvolvimento dos monitores-professores ao longo

dos semestres.

Elisabete Andrade Longaray (Profª. FURG)

ENSINO E APRENDIZAGEM DE INGLÊS EM SALA DE AULA (EAISA):

IDENTIDADES MÚLTIPLAS E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO DE

PROFESSORES DE INGLÊS EM FORMAÇÃO REFLETIDAS EM DIÁRIOS

PRODUZIDOS POR E-MAIL

Elaborado na intenção de promover a reflexão acerca das práticas pedagógicas adotadas no

ensino de inglês como língua estrangeira (LE) em sala de aula, o projeto EAISA problematiza

questões identitárias que podem corroborar para o desenvolvimento de movimentos de

resistência e da consequente não-participação dos aprendizes em sala de aula. Em sua

primeira fase, o projeto dá conta da profusão de identidades em construção em meio aos

alunos de um curso de Letras Português-Inglês de uma universidade federal do extremo sul do

país. Quem são esses aprendizes, de onde vem, o que sabem a respeito da profissão escolhida

por eles, quais seus anseios e suas aspirações para o futuro? Mais do que uma mera busca pelo

perfil de um conjunto de pre-service teachers, o projeto EAISA representa oportunidade para

que os professores de inglês em formação naquela instituição ampliem a discussão das suas

próprias práticas de aprendizagem e do papel de cada um deles num mundo regido pelas

inconstâncias características da era dita global. Para tanto, o projeto EAISA lança mão da

aplicação de questionários online, da realização de entrevistas semiestruturadas e da

elaboração de diários reflexivos para geração de dados. O recorte apresentado consiste na

análise das reflexões produzidas pelos participantes em diários elaborados via e-mail. Até o

presente momento, a leitura desses diários aponta para a existência de dois questionamentos

muito presentes em meio aos participantes: quais as práticas adotadas nas escolas públicas

frequentadas por eles, e quais as escolhas individuais dos próprios participantes no que

respeita a aprendizagem da língua inglesa.

Elissandra Lourenço Perse (Profª. SME-PMAR)

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A (DESIN)FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LE EM AMBIENTE INCLUSIVO: O

ENSINO DE ESPANHOL EM “ESPAÇOS BILÍNGUES”

Este trabalho trata do panorama que ainda está sendo desenhado com a entrada da língua

espanhola nos currículos da rede pública de ensino, através da Lei 11.161, e da entrada da

LIBRAS com a Lei 5626/05 dando acesso aos Surdos às escolas regulares de ensino e como

disciplina curricular nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério. A

partir deste no novo cenário educacional, nos questionamos como os professores

operacionalizavam o ensino de uma língua estrangeira em um ambiente bilíngue no qual estão

presentes uma língua oral e auditiva (o português) com outra espaço-visual (a LIBRAS). Que

instrumentos eram utilizados pelos professores que já se encontravam neste ambiente

inclusivo, e que não receberam orientações durante sua formação, a fim de ensinar a língua

espanhola para leitura a Surdos juntamente com alunos ouvintes? Que particularidades devem

ser observadas quando tratamos do ensino de língua estrangeira em ambiente inclusivo? Esta

comunicação visa trazer ao conhecimento da Academia e de professores em formação, ou já

atuantes, uma pequena amostra da realidade inclusiva e das questões em discussão sobre o

tema. Diante da ausência de estudos sobre o assunto, tentamos esboçar um caminho teórico

que pudéssemos seguir para a análise dos dados obtidos através das entrevistas realizadas com

os professores e nos fundamentamos nos estudos dialógicos bakhtinianos (1982) e na

entrevista como interação dialógica de Daher (1998) e Rocha, Daher e Sant’Anna (2004) para

este nosso trabalho exploratório. Pudemos observar com os resultados da pesquisa que muito

ainda há ser feito, pois há um desencontro e desconhecimento sobre o assunto que perpassam

professores, escolas, universidades e as próprias Leis que se encontram perdidas neste

processo.

Emily Caroline da Silva (Doutoranda – USP)

O INTERCULTURAL EM AULAS DE LE - COMO OS SUJEITOS PERCEBEM O

TRABALHO DE ENSINAR

Esta comunicação tem o objetivo de apresentar minha pesquisa de mestrado, que analisará

como os professores de francês língua estrangeira dos Cursos Extracurriculares de Francês da

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo concebem e

colocam em prática a noção de intercultural em seu trabalho de ensinar (noção esta definida

pelos documentos oficiais e especialistas da Didática das Línguas) através das metodologias

de autoconfrontação e de instrução ao sósia. Para analisar o trabalho do professor, utilizarei o

referencial teórico das Ciências do Trabalho, mais especificamente, a Ergonomia da Atividade

(Amigues, 2002, 2004; Saujat 2004) e a Clínica da Atividade (Clot 1999; 2004). Para a

análise dos dados, adotarei a linha teórica do interacionismo sociodiscursivo (Bronckart,

2004) que estuda o agir e o desenvolvimento humano com base na linguagem. Aproximarei

essas linhas teóricas considerando que ambas decorrem dos estudos vygotskyanos sobre o

desenvolvimento, notadamente da obra “A construção do pensamento e da linguagem”

(Vygostsky, 2001), e considerando, dentro do interacionismo social (Bronckart 2006, 2008),

que o trabalho é uma das formas do agir humano. Os resultados da pesquisa contribuirão para

uma melhor compreensão da visão que têm os participantes sobre o conceito de intercultural e

colaborarão para orientar as práticas de formação de professores. Além disso, os professores

voluntários participantes da pesquisa vão participar de um processo que é por definição

formativo. De maneira mais abrangente, a pesquisa contribuirá também para consolidar as

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metodologias de autoconfrontação e de instrução ao sósia, ainda pouco conhecidas no Brasil,

como ações formativas.

Érica Schlude Wels (Profª. UFRJ) & Mergenfel Vaz Ferreira (Profª. UFRJ)

ENSINAR ALEMÃO COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA: DIÁLOGOS, DESAFIOS,

DESCOBERTAS

Toda reflexão curricular deve-se colocar atualmente sob o signo da pluralidade das línguas e

das culturas e da construção de uma competência plurilíngue e pluricultural.(PAGEL, 1997)

Esta também é a perspectiva que inspira os trabalhos do projeto “Línguas Vivas”, do

Conselho da Europa, na composição do Quadro Comum Europeu de Referência para as

Línguas (2001). Na reorganização da nova ordem mundial, o Alemão se projeta como uma

língua que abre portas, viabiliza trocas culturais, acadêmicas, e sela oportunidades de

negócios. De um lado, uma língua em franco crescimento, estimulado pela importância da

Alemanha no tecido político e econômico europeu, significando um cenário promissor para

futuros professores e profissionais que se dedicam ao Alemão; do outro, tal crescimento não

minimiza as dificuldades inerentes ao processo de ensinar esse idioma. Estereótipos, clichês,

diferenças culturais, desafios pedagógicos, aliados a tão sonhada proficiência linguística,

configuram o cenário no qual se move o professor ético, pesquisador, orientador, que estimula

a autonomia de seus aprendizes e...os encanta! Que professor é esse? Como analisa

criticamente e faz uso de métodos e abordagens, competências e habilidades necessárias ao

ensino da língua estrangeira? Nossa meta é discutir e refletir sobre os desafios de se ensinar

Alemão nos dias de hoje, a partir das seguintes perspectivas:

● o espaço da sala de aula e seus autores – professor e aprendizes heterogêneos; a aula

dialógica e polifônica;

● a constelação de métodos, técnicas, abordagens – a busca pelo ensino consciente;

● a relação professor – aluno, diálogos, trocas, aprendizado permanente.

Assim, pode-se dizer que os trabalhos que compõem esta sessão coordenada buscam, além de

discutir os tópicos elencados, apresentar propostas para uma sala de aula de Alemão como

Língua Estrangeira que esteja, sobretudo, atenta aos novos desafios que permeiam o processo

de ensinar e aprender línguas.

Participantes da Mesa:

Érica Schlude Wels (UFRJ) – Coordenadora

Mergenfel Vaz Ferreira (UFRJ) – Coordenadora

Agatha Vaz Ferreira (Colégio Cruzeiro)

Raphael Ramos de Almeida (Graduando UFRJ)

Bruna Martins de Oliveira (Graduanda UFV)

Ester Petra Sara Moreno de Mussini (Profª. PUC-PR)

OS FÓRUNS DE DISCUSSÃO: UM RECURSO DIDÁTICO PARA O

ENSINO/APRENDIZAGEM DAS LE/L2

As novas tecnologias têm aberto caminhos alternativos no ensino/ aprendizagem das línguas

estrangeiras ou segundas línguas, em nosso caso o espanhol. Estes caminhos possibilitam a

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prática da língua em âmbitos autênticos o que permitirá ao aprendiz desenvolver a sua

competência comunicativa ao entrar em contato com essas novas propostas. Uma delas são os

Foros de discussão ou de opinião que reúnem grupos de pessoas ao redor de um tema em

comum, onde se trabalha a linguagem não só como uma forma de expressão e comunicação

senão como um momento em que se instituem significados, conhecimentos e valores, o que

permitirá ao aprendiz se ver e se constituir como sujeito a partir do contato com estas

discussões, perceber a diferença com o outro e assim, reconhecer a sua diversidade. (PCN,

2006). O marco teórico em o que se baseia esta proposta é a Análise Crítica do Discurso

(ACD), que interpreta o discurso como uma forma de prática social. O estudo do discurso

nesses Fóruns, onde se consideram as situações e as circunstâncias nas quais interlocutores

emitem um enunciado, pode gerar reflexões de diferentes naturezas, desenvolver a

competência comunicativa da língua e, em especial, a competência discursiva - que reflete a

capacidade de elaborar um texto com as características próprias de uma comunidade de fala

onde a pessoa deve agir. Finalmente, propomos uma série de atividades a serem realizadas

antes, durante e após a leitura de um Fórum de discussão, o uso que fazem os participantes da

língua nesse contexto social e se os textos produzidos mantêm a coesão e a coerência

necessária para ser compreendidos.

Fabio Sampaio de Almeida (Doutorando UFRJ)

A SELEÇÃO E O USO DE TEXTOS EM PERFORMANCES DOCENTES EM

PROVAS DE AULA: UM ESTUDO DISCURSIVO

O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma etapa de uma pesquisa de tese de

doutorado em Linguística Aplicada, ainda em andamento, sobre o trabalho docente de

professoras em provas de aula de concursos públicos no estado do Rio de Janeiro. O enfoque

analítico para esta apresentação é a seleção e o uso de textos como materiais didáticos pelas

candidatas nas provas de aula. O interesse pelo tema está intimamente relacionado ao fato de

a seleção de professores na rede pública fazer a mediação entre a formação e a prática docente

(DAHER; ALMEIDA; GIORGI, 2009) sendo constitutiva da produção de modos de ser

profissional que se instituem na história da profissão. O quadro teórico se fundamenta em

uma visão discursiva que toma a linguagem como performance (BAUMAN; BRIGGS, 2008;

BUTLER, 2003; PENNYCOOK, 2007; MOITA LOPES, 2010) buscando refletir criticamente

sobre a ação que desempenha o docente na prova didática. A performance coloca em destaque

a articulação, desde uma perspectiva não fundamentalista de linguagem, identidade e trabalho,

de noções como poder de agir (CLOT, 2006, 2010) e agência (BUTLER, 2003) em dinâmicas

de recontextualização (BAUMAN; BRIGGS, 2008) de práticas socioculturais historicamente

instituídas. Os eventos de performance se produzem em gêneros discursivos (ou da atividade)

específicos que caracterizados por sua dialogicidade (BAKHTIN, 2000) dão destaque ao

papel que o sujeito desempenha (GOFFMAN, 2003) ou o modo como se posiciona e

posiciona outras vozes no discurso (WORTHAM, 2001). Os dados foram gerados em

pesquisa de cunho microetnográfico (ERICKSON, 2004) por intermédio de filmagem de

provas de aula de concursos para professor de Língua Espanhola do Ensino Médio. Para esta

apresentação, a análise privilegia a dimensão verbal heterogênea das performances na

produção de sentidos sobre os textos selecionados para as provas de aula. Os

encaminhamentos da pesquisa sinalizam para a (re)singularização de textos literários e

midiáticos que tematizam questões sociais emergentes da contemporaneidade, funcionando

não apenas como prescrições mas fundamentalmente como instrumentos da ação docente.

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Flavia Fazion (Doutoranda USP)

A ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PELOS PROFESSORES DE

LÍNGUAS DO ESTADO DO PARANÁ: UM PROJETO DE FORMAÇÃO

CONTINUADA

Esta comunicação visa a apresentar a experiência do estado do Paraná referente à formação

continuada proporcionada pela Secretaria de Estado da Educação (Seed), que tem como um

de seus objetivos a elaboração de livros didáticos a serem utilizados nos centros de línguas

estrangeiras modernas (CELEM). Com a implementação das novas diretrizes curriculares para

o ensino do estado (DCE), em 2008, a coordenação dos centros de línguas estrangeiras

organizou um programa de formação continuada aos professores através de grupos de

estudos, cursos de formação e elaboração de livros didáticos – três línguas inicialmente –

segundo as orientações teóricas das diretrizes. Apresentaremos, inicialmente, o contexto no

qual este trabalho é desenvolvido e esclareceremos as diretrizes para a educação do estado

segundo as quais o discurso como pratica social é definido como conteúdo estruturante para o

ensino de línguas (DCE, 2008) ; explicaremos, na sequência, a formação seguida pelos

professores, a saber, os cursos de formação para os professores dos centros de línguas, que

têm por objetivo propor o ensino de línguas através de gêneros textuais, segundo a base

teórica centrada no Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart, 1999, 2005, 2006; Schneuwly

e Dolz, 2004; Lousada, 2002, 2006; Machado, 2005) ; apresentaremos, enfim, uma primeira

reflexão sobre os relatos de experiência dos professores elaboradores, escritos após as

primeiras etapas de elaboração, com o objetivo de compreender as múltiplas reflexões do

professor sobre sua atividade profissional (Clot 2010, Faïta 2002, 2004) e o papel do ensino a

partir de gêneros textuais sobre sua atividade docente (Machado e Lousada, 2010).

Flavia Oliveira Teófilo da Silva (Doutoranda UFF)

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA COMO L2 PARA A COMUNIDADE

SURDA: ANÁLISE DE PROPOSTAS DIDÁTICAS

Este trabalho se enquadra no âmbito dos estudos dialógicos da linguagem, na medida em que

se apoia nos pressupostos da Análise do Discurso de base enunciativa para desenvolver uma

pesquisa sobre os enunciados que circulam no documento oficial do Ministério de Educação

(MEC) que rege o trabalho do professor, em especial, aquele que atua diretamente com a

comunidade surda. Nossa proposta tem como objetivos: observar o caráter prescritivo do

discurso presente no documento do MEC com relação ao trabalho do professor, a partir da

identificação de marcas discursivas; verificar até que ponto suas propostas didáticas de

Língua Portuguesa como segunda língua dão conta do que a própria teoria do documento

propõe. Este estudo tem como corpus os discursos metodológicos e didáticos do volume 2 do

documento do MEC para o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para a

comunidade surda, intitulado Ensino de Língua Portuguesa para surdos: caminhos para a

prática pedagógica. O marco teórico em que nos baseamos abarca a abordagem ergológica da

atividade (Schwartz, 1997; 2000) e os fundamentos da Análise do Discurso sob uma

perspectiva enunciativa (Maingueneau, 2005). A metodologia utilizada em nossa análise tem

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como princípio refletir sobre os enunciados teóricos e os discursos práticos presentes no

material, levando em consideração a relação que se estabelece entre ambos. Como se trata de

um projeto de dissertação de mestrado ainda em processo, não será possível apresentar

resultados, e sim a nossa proposta temática e teórica da pesquisa.

Giselle Farias Fleury (Doutoranda UFF)

IDENTIDADE E LÍNGUA ESTRANGEIRA: O ESTUDANTE DE LÍNGUA INGLESA

E A CRENÇA NA “FLUÊNCIA NATIVA”

A investigação se situa no âmbito da Análise do Discurso de base enunciativa e analisa falas

de estudantes brasileiros de Língua Inglesa acerca da exigência de si mesmos – e do curso que

escolhem fazer – de um nível de proficiência linguística que se aproximaria ao de uma

“fluência nativa”. Observando o aumento da exigência com relação ao nível de proficiência

desejado por parte dos estudantes, esta pesquisa pretende analisar suas falas a respeito das

motivações para o estudo da LE, considerando a questão da identidade como principal fator.

Segundo Coracini (2007), o desejo de estudar uma LE passa pela identificação com o outro –

e este ‘outro’ pode ser uma cultura de maior prestígio, por exemplo. Desta forma, a pesquisa

tenta desmistificar a crença de que saber uma LE está atrelado a uma determinada forma de

falá-la, logo, a uma cultura considerada de maior prestígio. Para esta análise, o corpus

utilizado será composto por entrevistas com indivíduos adultos regularmente matriculados em

um curso de Língua Inglesa como LE na cidade do Rio de Janeiro. Realizar-se-á uma

pesquisa qualitativa de base etnográfica por meio de tais entrevistas com os sujeitos de

pesquisa, que serão o instrumento e o objeto de pesquisa. O arcabouço teórico no qual me

oriento é o da concepção dialógica de linguagem (Bakhtin, 2003; Voloshinov, 2009), da

Análise do Discurso de linha enunciativa (Maingueneau, 2002) e do tratamento da questão da

identidade e as línguas estrangeiras (Coracini, 2007; Revuz, 2007).

Inés Kayon de Miller (Profª. PUC-RJ)

PRÁTICA EXPLORATÓRIA NA FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE

LÍNGUAS: REFLEXÃO, ENTENDIMENTOS, AUTONOMIA E APRENDIZAGEM

MÚTUA

A presente sessão de comunicações coordenadas tem por objetivo compartilhar entendimentos

sobre questões que surgem a partir do trabalho com a abordagem da Prática Exploratória em

diversos contextos de formação inicial de futuros professores de línguas. Interessa-nos

discutir os processos de ensino/aprendizagem que se constroem de forma reflexiva e

colaborativa nas disciplinas de estágio supervisionado, nas sessões de orientação de iniciação

científica e de iniciação à docência bem como nas reuniões com professores voluntários.

Consideramos essas situações como ‘oportunidades de aprendizagem’ para todos os

participantes – formadoras e futuros docentes como aprendizes em desenvolvimento. Talvez

seja esse o princípio básico que possibilita a integração de professores formadores, futuros

professores, professores em serviço e professores voluntários em processos crítico-reflexivos

sobre as próprias práticas de formação vivenciadas. Nas quatro comunicações, encontramos a

reflexão profissional de um grupo de formadores que trabalham dentro do paradigma da

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Prática Exploratória, buscando criar, em cada momento e contexto, espaços discursivos que

privilegiem o entendimento, a aprendizagem mútua, a construção da autonomia e a reflexão

contínua sobre o trabalho vivenciado. Esses formadores procuram: (1) discutir as questões

reflexivas e as atividades pedagógicas com potencial exploratório propostas por licenciandos

ao longo de um ano de estágio supervisionado exploratório; (2) problematizar a

socioconstrução discursiva da prática de pesquisadora de uma bolsista de iniciação científica,

bem como o processo reflexivo que envolve sua prática docente em formação em sua

experiência discente; (3) compartilhar os entendimentos sobre a construção da autonomia e de

um continuum de reflexão dos licenciandos e das coordenadoras envolvidos no

desenvolvimento de um projeto de iniciação à docência; e (4) discutir questões relativas a

como ensinar e aprender de modo voluntário, assim como o papel da língua estrangeira na

vida de alunos de comunidades de risco social.

Participantes da Mesa:

Inés Kayon de Miller (Profª. PUC-RJ) – Coordenadora

Beatriz de Castro Barreto (PUC-RJ)

Isabel Cristina Rangel de Moraes Bezerra (Profª. UERJ)

Maria Isabel A. Cunha (Profª. PUC-RJ / Cap-UFRJ)

Renata Lopes de Almeida Rodrigues (Profª. UERJ)

Inés Kayon de Miller (Profª. PUC-RJ) & Beatriz de Castro Barreto (PUC-RJ)

PRÁTICA EXPLORATÓRIA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO: EM BUSCA DE

ENTENDIMENTOS APROFUNDADOS NA SALA DE AULA

No contexto do Estágio Supervisionado, os princípios da Prática Exploratória (Allwright and

Hanks, 2009) oferecem aos nossos estagiários caminhos para buscar entender o que acontece

nas salas de aula em que estagiam. Ao longo desse período, em diversos contextos escolares,

o trabalho exploratório que realizamos incentiva os licenciandos a levantarem questões

instigantes sobre as aulas observadas. Aliando a Prática Exploratória à formação de

professores, consideramos que esse período constitui, não apenas um estágio de observação,

mas, principalmente, uma “oportunidade de aprendizagem” para desenvolver um “trabalho

para entender”. Tanto a elaboração das micro-aulas dadas na universidade, quanto a atuação

nas escolas são vivenciadas como oportunidades de “planejamento para entender”.

Promovemos, no estágio, a criação de atividades pedagógicas com potencial exploratório na

medida em que essas atividades, de cunho pedagógico e reflexivo, integram ensino e reflexão

a respeito de questões dos licenciandos, dos professores regentes ou dos próprios alunos.

Assim, acreditamos poder contribuir para a formação de futuros professores exploratórios

que, no seu cotidiano escolar, poderão ser capazes de buscar entendimentos sobre questões

complexas que os instiguem ou que sejam do interesse dos seus alunos, ao invés de se

tornarem profissionais capacitados para identificar problemas e propor soluções simplistas.

Neste trabalho, descrevemos o estágio exploratório desenvolvido em 2011 junto a

licenciandos dos cursos de português-inglês e de português-literaturas de uma universidade

particular do Rio de Janeiro e analisamos as questões propostas pelos participantes ao longo

do período dos estágios. Tais questionamentos se relacionam com saberes, crenças e com o

relacionamento interpessoal entre professores e alunos em sala de aula e fora dela. Nosso

olhar interpretativo recai sobre as questões problematizadoras, e, principalmente, sobre a

prática pedagógica exploratória – integrada e inclusiva– que os licenciandos propuseram, com

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a intenção de trabalhar em busca de entendimentos aprofundados sobre o que acontece em

sala de aula.

Inez Gaias (Profª. PUC-PR)

CURTA-METRAGEM: UM RECURSO DIDÁTICO PARA O

ENSINO/APRENDIZAGEM DAS LE/L2

No que diz respeito ao ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras, atualmente a tecnologia

pode e deve ser incorporada neste processo e, cabe ao professor conhecer e adaptar-se aos

recursos nela presentes, já que o ciberespaço faz parte do quotidiano da maioria dos nossos

alunos e, fazer bom uso dos elementos que nele se encontram pode ser um meio enriquecedor

e desafiador para as aulas, não somente como uma atividade lúdica e sim integrada ao

desenvolvimento da capacidade comunicativa do aluno, visando as habilidades necessárias

para o ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira. Usar estas novas tecnologias é um

meio muito eficaz através do qual o aluno se sente motivado, já que elas auxiliam com que

este processo facilite o entendimento dentro de uma perspectiva intercultural, e propiciando o

desenvolvimento da sua competência intercultural, capacitando-o a superar os conflitos

culturais e refletir sobre a diversidade existente. Um dos ambientes de aprendizagem

disponível no ciberespaço e que vai de encontro ao enfoque comunicativo, são os curtas-

metragens que ajudarão o aluno a fazer uso da língua estrangeira em situações reais de

comunicação e, ao mesmo tempo, construir o conhecimento em outras áreas do saber. Há

várias razões que justificam o uso de curtas-metragens, porém a principal é que este recurso

motiva positivamente os alunos e, o ensino de uma língua estrangeira se desencadeia dentro

de um contexto real. Porém, faz-se necessário muito critério na hora da escolha de um curta-

metragem, adequando-o ao contexto educacional, ao nível de assimilação dos alunos e que o

seu uso transcenda o aspecto do entretenimento e da abordagem linguística e contribua no

desenvolvimento da consciência da diversidade cultural.

Isabel Cristina Rangel Moraes Bezerra (Profª. UERJ)

“AÍ EU COMECEI A PENSAR NISSO [...] DURANTE A PESQUISA [...] COMO

ELES ESTÃO RECEBENDO ISSO, COMO OS ALUNOS ESTÃO [...] ENTENDENDO

A PESQUISA, O QUE VAI FICAR PRA ELES.”: PRÁTICA EXPLORATÓRIA NA

FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR-PESQUISADOR

A formação do professor de línguas, dada a sua relevância no cenário da educação linguística

nacional, tem sido estudada por pesquisadores em Linguística Aplicada que se interessam por

várias facetas desse processo, tais como a construção de conhecimento sobre o ensinar-

aprender, a competência de uso da língua, a identidade profissional, a formação crítica para

uma prática docente cidadã, dentre outras (Basso, 2008; Magalhães e Fidalgo, 2008; Celani,

2010; Liberali, 2010; inter alia). Alinhando-me a esse grupo de interesse, problematizo a

socioconstrução discursiva da prática de professora-pesquisadora de uma bolsista PIBIC,

fundamentada pelos princípios e proposta investigativa da Prática Exploratória (Allwright e

Hanks, 2006; Miller, 2010; Moraes Bezerra, Miller e Cunha, 2007). Além disso, discuto como

este processo formativo provoca, por um lado, a reflexão acerca daquela prática docente em

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formação; por outro, um olhar reflexivo a sua experiência discente, revelando em ambos

crenças, entendimentos, co-construção de conhecimentos. Ademais, teço considerações sobre

o viés reflexivo a partir do qual esta formação para a pesquisa e docência é conduzida

considerando que, segundo Moita Lopes (2003), a prática da pesquisa acadêmica envolve

questões não apenas teóricas, mas também ideológicas, políticas e que o seu produto deve

servir para pensar alternativas para a vida social, ou seja, que aquela prática não se desenvolva

de forma parasítica (Allwright e Hanks, 2006; Miller, no prelo). A fim de dar conta dessa

proposta, volto meu olhar às interações que co-construímos em nossas ‘conversas de

orientação’ – lócus de negociações, trocas, mútua aprendizagem. Há um foco especial às

narrativas mapeadas uma vez que, de acordo com Bruner (1990), a narrativização de nossas

experiências cotidianas – no caso deste trabalho, de experiências acadêmicas – é uma forma

de organizar as experiências para fazer sentido do que nos acontece. Além disso, o foco no

trabalho discursivo de narrar justifica-se, pois é através do narrar que construirmos nossas

identidades (Bastos, 2005; Moita Lopes, 2002), negociamos crenças e construímos

conhecimentos sobre a prática docente (Moraes Bezerra, 2007).

Isis da Costa Pinho (Doutoranda UFRGS)

A FLUÊNCIA DIGITAL DO PROFESSOR: EXPLORANDO AS

POTENCIALIDADES DA TECNOLOGIA A SERVIÇO DO ENSINO DE LÍNGUAS

A fim de qualificar a sua atuação no contexto atual, o professor de línguas além de dominar o

seu conteúdo precisa desenvolver uma fluência digital para o ensino por meio da tecnologia.

A fluência digital envolve não só conhecimento sobre as tecnologias digitais, mas,

principalmente, o uso crítico, criativo, autônomo e autoral delas a partir de uma atitude

flexível diante de suas mudanças e possibilidades de usos. A partir disso, o presente estudo

busca investigar as percepções de professores acerca da importância da fluência digital para a

sua atuação e do uso pedagógico de ferramentas digitais aplicadas ao ensino da língua

estrangeira. Para tanto, esta pesquisa qualitativa de estudo de caso parte das produções de

professores pré-serviço e em serviço de línguas estrangeiras em um curso de extensão sobre o

uso da tecnologia no ensino de línguas promovido por uma universidade federal do sul do

Brasil. A análise dos dados focou a produção do primeiro módulo, em que se discutiu sobre a

fluência digital e como o uso da tecnologia pode auxiliar o processo de ensino-aprendizagem

de línguas estrangeiras. Para tanto, foram feitas leituras e discussões de artigos na área

juntamente com a exploração da ferramenta Windows Movie Maker para a produção de um

filme sobre o tema e as potencialidades desta ferramenta no ensino de línguas. Pergunta-se:

qual a percepção dos professores em formação inicial e continuada sobre a importância da

fluência digital para a sua atuação e sobre que potencialidades o uso da ferramenta digital

Windows Movie Maker traz para o ensino de línguas? Os resultados sugerem que a fluência

digital é considerada uma competência pedagógica necessária para a criação de aulas mais

atraentes e dinâmicas que motivem a produção significativa na língua estrangeira através do

uso das potencialidades das ferramentas digitais. Contudo, para que a tecnologia seja um

instrumento potencializador da aprendizagem, é necessário que o professor tenha claro seus

objetivos pedagógicos, integrando-os ao perfil dos alunos e às características da tecnologia

utilizada. Além disso, cabe ao professor orientar os alunos para a melhor utilização dos

recursos digitais através da reflexão crítica de sua relevância para a realização de tarefas

propostas. Ainda, o Windows Movie Maker foi visto como uma ferramenta digital que pode

promover a aprendizagem da língua estrangeira por oportunizar a expressão contextualizada

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da mesma a partir do uso de diversas mídias, como texto, imagens, vídeos, áudio e música.

Com os resultados deste estudo, pretende-se contribuir para pesquisas nas áreas de formação

inicial e continuada de professores e de ensino-aprendizagem de língua estrangeira mediada

por computador.

Jenifer Lopes de Brito (Graduanda UEL)

O ENSINO DE VOCABULÁRIO EM AULAS DE ELE: PERSPECTIVAS E

REFLEXÕES

O vocabulário exerce papel fundamental na compreensão e produção de textos. Nesta

perspectiva, ao elaborar seus objetivos, o docente de ELE deve considerar a importância do

conhecimento lexical para o desenvolvimento da habilidade comunicativa de seus alunos.

Esta pesquisa almeja apresentar respostas a discussões realizadas durante o ano de 2011, na

disciplina de Linguística Aplicada e Espanhol como Língua Estrangeira do curso de Letras da

Universidade Estadual de Londrina, tais como: O que é vocabulário?; Como aprendê-lo?),

Como selecioná-lo?, Quando trabalhá-lo?, E como apresentá-lo? Como avaliar se este

conteúdo foi ensinado/aprendido? Para tanto, vale-se de autores como Alonso (1994) e

Benítez (2002). Para uma maior efetivação do ensino de vocabulário, não basta o professor

introduzir palavras novas e importantes, e sim proporcionar meios para o estudante

compreendê-las. Isso requer múltiplas exposições à palavra; informações contextuais sobre a

definição do vocábulo; conhecer os sinônimos, antônimos e hipônimos; ter conhecimento de

definição da categoria na qual a palavra se encaixa e comparar com palavras semelhantes;

saber usar a palavra no momento e no contexto adequado; saber selecionar a palavra para o

efeito de sentido pretendido. Para a expansão do vocabulário são necessárias, além das

atividades em sala de aula, dedicação individual e utilização de estratégias de aprendizagem

eficientes. A aquisição de vocabulário de uma língua não é uma habilidade que pode ser

totalmente dominada, mas algo em expansão que se estende por toda a vida.

Jéssica Aparecida de Lima (Graduanda USP)

O TRABALHO COM GÊNEROS TEXTUAIS EM LIVROS DIDÁTICOS PARA O

ENSINO DE FRANCÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA E O

DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES DE AÇÃO: CONSTRUINDO A

COMPETÊNCIA CULTURAL

O objetivo desta comunicação é de apresentar uma análise de atividades elaboradas a partir de

gêneros textuais em livros didáticos de francês como língua estrangeira, procurando verificar

como se dá a mobilização de representações sobre o contexto de produção dos textos e,

portanto, o trabalho com as capacidades de ação. Com essa análise, objetivamos verificar,

também, como é proposto o desenvolvimento da competência cultural dos aprendizes, por

meio do trabalho sobre as representações construídas nos e pelos textos escolhidos. Esse

estudo fundamenta-se no interacionismo sociodiscursivo (Bronckart, 1999), no que diz

respeito ao trabalho com gêneros textuais, com o contexto de produção e com as capacidades

de ação (Schneuwly & Dolz, 2004); paralelamente a esse quadro teórico principal, basear-

nos-emos, também, nos estudos sobre a perspectiva voltada para a ação (Conseil de l’Europe,

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2001), que orienta atualmente os livros didáticos de francês como língua estrangeira. Para a

análise das atividades, foram selecionados dois materiais didáticos de diferentes

metodologias, um pertencente à abordagem comunicativa e o outro pertencente à metodologia

voltada para a ação, já que, segundo Puren (2010), pode-se observar uma mudança no

conceito de cultura entre uma metodologia e outra. Além disso, é importante ressaltar que o

modo de concepção de uma determinada cultura influencia na maneira como os gêneros

textuais são mobilizados nas práticas sociais. O trabalho com os gêneros textuais

instrumentaliza o professor de língua estrangeira, permitindo que ele coloque os aprendizes

em contato com as mais variadas materializações da língua em questão. Em nossa análise,

verificaremos o potencial das atividades baseadas em gêneros textuais para o

desenvolvimento das capacidades de ação dos aprendizes, como apresentado por Schneuwly

& Dolz (2004), e como, por meio das capacidades de ação, se chega ao conhecimento da

cultura à qual a língua está vinculada.

Jonas Santos de Jesus (Graduando UFS), Ericka Ellen dos Santos (Graduanda UFS) &

Amanda Marígenes da Cruz Góis (Graduanda UFS)

LA COMPRENSIÓN E INTERPRETACIÓN TEXTUAL COMO BASE PARA LA

INTRODUCCIÓN DE TÓPICOS CULTURALES EN LA ENSEÑANZA DE LENGUA

EXTRANJERA.

El uso del texto como base de la comprensión lectora e interpretativa es tan significativo

como la importancia de que comprendamos que el texto debe ser la base principal que servirá

al profesor como aporte para el abordaje de tópicos sobre la cultura hispanista. Además de

ayudarles en el desarrollo de las competencias comunicativas y culturales que van a imprimir

en sus alumnos, auxilia también en la discusión sobre cuáles son las ventajas y desventajas

que el profesor encuentra frente a este tipo de abordaje, una vez que el punto de partida debe

ser siempre el alumno. Los profesores de lengua extranjera deben encarar a un texto como una

puerta de entrada para mucho más allá que la decodificación de símbolos y signos. El texto

como atractivo para una diversidad de posibilidades debe empezar en la selección del texto,

en la depuración del contenido como forma de entender la realidad social, cultural y

económica de la sociedad a que se direcciona. Después, elegir a un texto se debe tomarlo

como principio la perspectiva de que esta actividad es un gran auxilio en el abordaje de temas

sobre la cultura que rodea a los países que tiene la lengua española como lengua oficial. El

texto va a ser la carretera por donde los alumnos conocerán un poco sobre la cultura y la

lengua a la vez. De este modo, si el profesor trabaja en un texto una tira, por ejemplo, de

Maitena o Condorito, el profesor les acudirá que las tiras son parte importantes de la literatura

cómica de países hispánicos, en el caso Argentina y Chile, o si el profesor trabaja un texto que

trata de los delirios del ingenioso hidalgo Quijote de la Mancha, los alumnos tendrán la

oportunidad de conocer sobre la literatura y geografía caballeresca que se produjo en España

y se hizo más conocida tras la escrita de Miguel de Cervantes. La responsabilidad del profesor

de lengua extranjera es mayor. Una vez que tiene que trabajar con el lenguaje y su

funcionamiento todo el tiempo. Además de la comprensión textual se debe evidenciar que el

alumno consiga encontrar en el texto elementos de la cultura específica del país de origen del

texto como manera de conocer el uso del lenguaje y la cultura del país a través del mismo.

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Juliana Cristina Faggion Bergmann (Profª. UFSC)

OS DISCURSOS DO/NO MUNDO VIRTUAL E A PRÁTICA DOCENTE

O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no ambiente escolar tem se

apresentado em diferentes níveis, inicialmente como uma forma de aproximação do universo

escolar com a vida fora da escola, em que a tecnologia está cada vez mais presente.

Atualmente, esse uso já foi bastante ampliado, sendo a tecnologia utilizada pelos professores

tanto em sua prática docente quanto durante a sua formação, seja ela inicial ou continuada.

Essa inserção tem sido decisiva para uma reconfiguração de relações sociais entre os sujeitos,

além da tecnologia ter se transformado em um instrumento auxiliar em sua reconstituição

como sujeito, através de seu uso em diferentes práticas sociais, como a docente, por exemplo.

Analisar essas práticas, a partir de ferramentas como fóruns, diários reflexivos ou redes

sociais é uma forma de debruçar-se sobre essas práticas e de compreender melhor essas novas

configurações. Para isso, os trabalhos apresentados nessas comunicações coordenadas

utilizam-se especialmente da Análise Crítica do Discurso (ACD), que sugere estudar a

linguagem como prática social (Fairclough, 2001, 2003). Ter as bases de fundamentação na

ACD nos parece bastante pertinente especialmente por seu caráter interdisciplinar e pela

importância dada ao contexto de produção do discurso, já que esses só podem ser

compreendidos em referência a seu momento histórico e social (Fairclough, 2003),

considerando “elementos sociopsicológicos, políticos e ideológicos e, portanto, postula um

procedimento interdisciplinar” (Meyer, 2003: 37). É nessa perspectiva que apresentamos as

quatro comunicações que compõem essa coordenada, analisando o discurso de professores de

língua estrangeira em formação inicial ou continuada que utilizam diferentes Tecnologias de

Informação e Comunicação (TICs) em contextos de práticas docentes.

Participantes da Mesa:

Juliana Cristina Faggion Bergmann (UFSC) – Coordenadora

Ana Josefina Ferrari (UFPR)

Ester Petra Sara Moreno de Mussini (PUC-PR)

Inez Gaias (PUC-PR)

Juliana Cristina Faggion Bergmann (Profª. UFSC)

O DIÁRIO REFLEXIVO E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO EM SUA PRÁTICA

DOCENTE

Com o objetivo de aproximar a prática dos estagiários provenientes do curso de Letras

Espanhol na modalidade a distância dos professores titulares da disciplina, distantes

fisicamente, foi proposta, como atividade obrigatória da disciplina, a escrita de relatos

reflexivos de suas práticas docentes através do Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem

(AVEA). Para esta atividade, os estagiários foram estimulados a expressar-se em uma

linguagem informal e pessoal, já que os mesmos seriam lidos apenas pelos professores

titulares. Assim, esta pesquisa tem como objetivo investigar os relatos dessas experiências

docentes, utilizados como instrumento de reflexão, crítica e autoavaliação de seus fazeres

durante o período da prática docente. Para isso, a Análise Crítica do Discurso (ACD) é usada

como base teórica de pesquisa, que tem como foco a análise entre o discurso e práticas sociais

(Fairclough 2001, 2003), avaliando as produções dos diários reflexivos coletados durante o

período letivo de 2011, quando do momento de participação na disciplina. Uma análise

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preliminar mostra que os mesmos apresentam reflexões que demonstram uma transformação

do sujeito que passa – com a prática docente – a constituir-se como professor, refletindo sobre

as responsabilidades sociais que sua futura profissão exige e representa, além de um processo

de reestruturação de seu saber e de sua prática. Nessa perspectiva, o discurso estabelecido por

cada sujeito, caracterizado pela liberdade de escrita e expressão que essa atividade

proporcionou, auxilia na concretização discursiva e racionalização de uma prática que

acontece em um momento bastante particular e emotivo desses alunos, no último ano de sua

formação inicial, atuando pela primeira vez – em sua maioria – como docentes em sala de

aula de língua estrangeira.

Júnio César Batista de Souza (Doutorando – UnB)

O TEXTO DRAMÁTICO: UMA FERRAMENTA PARA DESENVOLVER O

ENGAJAMENTO DISCURSIVO EM L2

Esta pesquisa sob o título “O Texto Dramático: uma ferramenta para desenvolver o

engajamento discursivo em L2” propõe uma reflexão sobre uma abordagem comunicativa

dentro dos estudos de Linguística Aplicada. Apresenta o caráter interdisciplinar dos estudos

em Linguística Aplicada bem como suas transformações ao longo das últimas décadas.

Discute a importância de recorrer a metodologias inovadoras com o intuito de fomentar o

interesse do aluno na aula de Inglês Língua Estrangeira. E no contexto de novas propostas

pela busca de soluções para os problemas de ensino e aprendizagem de língua estrangeira,

apresenta o texto dramático como uma ferramenta para desenvolver a oralidade na produção

de novas identidades em L2. Propõe atividades de leitura dramática sob à luz de teóricos que

discorreram com propriedade sobre o tema, a saber, Maria da Glória Magalhães Reis (2008) e

Paulo Roberto Massaro (2007). O trabalho se caracteriza por uma abordagem qualitativa no

que tange compreender e verificar até que ponto a utilização do texto teatral contribui para a

melhora da performance oral do aluno no processo de desenvolvimento de uma nova

identidade em Inglês Língua Estrangeira. Objetiva-se a coleta de registros e produção de

material com o intuito de fortalecer os argumentos apresentados. Por fim, realiza uma análise

no que concerne a efetividade da teoria aplicada para reforçar nossas asserções sobre os

estudos de LA. Vale frisar que o trabalho encontra-se em desenvolvimento, porém, espera-se

que a metodologia utilizada seja de fato efetiva na melhora da performance do aluno na

oralidade em L2 e desperte no mesmo a possibilidade de um aprendizado agradável e

tranquilo, desconstruindo um caminho monótono, árduo e inúmeras vezes sem sentido no

exercício de aprender línguas.

Karina Fernandes dos Santos (Doutoranda UnB)

EXPERIMENTAÇÃO EM TICS: REFLEXÕES PARA / SOBRE O

DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE NO ENSINO DE L.E EM DIMENSÃO

VIRTUAL

A oralidade é um elemento que se estabeleceu, em tempo e espaço, enfatizando e reafirmando

sua importância no universo do ensino de línguas estrangeiras, principalmente no âmbito da

comunicação. Nesse sentido, considera-se o conceito de competência comunicativa para

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compreender a língua não apenas como um conjunto de códigos combinados, mas, como

construção de enunciados aplicáveis em determinadas situações e contextos. O presente

trabalho objetiva apresentar, em caráter de Comunicação coordenada, a proposta de pesquisa

de mestrado intitulada “Experimentação em TICs: Reflexões sobre o desenvolvimento da

oralidade no ensino de L.E em dimensão virtual de ensino-aprendizagem”. Tal pesquisa

pauta-se no estudo da construção de uma dimensão virtual de ensino-aprendizagem como

colaboradora para o desenvolvimento da oralidade. Por meio da elaboração e reflexões sobre

atividades orais realizáveis em contexto virtual aplicáveis nessa dimensão construída,

objetiva-se tecer uma discussão metodológica sobre o uso de elementos virtuais no processo

de ensino-aprendizagem, principalmente, em atividades que contemplem a prática oral.

Destaca-se o termo “colaboradora”, haja vista, que visa-se refletir sobre uma integração do

ambiente virtual ao ambiente presencial de ensino, ampliando assim o espaço para a

aprendizagem. O desenvolvimento tecnológico é factual e cada dia mais presente no ensino de

línguas. Entretanto, sua utilização em prol do ensino e o aprimoramento de suas

potencialidades são caminhos ainda incipientes em termos de discussões metodológicas. Sob

fundamentação de Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva (2008), José Carlos de Almeida

Paes Filho (2009), Bernard Schneuwly & Joaquim Dolz (2004), entre outros teóricos,

questiona-se como (re)pensar a metodologia de atividades comunicativas utilizando a

dimensão virtual como colaboradora no processo de ensino e aprendizagem de língua

estrangeira, tendo a oralidade na perspectiva de língua como prática social. O estudo está em

curso no Programa de pós-graduação em Linguística Aplicada da Universidade de Brasília e

visa à reflexão sobre o uso, o aprimoramento e a viabilização desses recursos tecnológicos

para que possam colaborar com desenvolvimento da oralidade no ensino de LE em contexto

virtual.

Katharina Jeanne Kelecom (Profª. Colégio Pedro II)

PRESCRIÇÕES E REALIZAÇÃO: O TRABALHO DO PROFESSOR DE FLE NA

IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROJETO DE EAD

O uso de novas tecnologias, como o computador e a Internet, associadas aos processos de

ensino e aprendizagem de língua estrangeira (LE) vem sendo ampliado nas redes de ensino

público do estado do Rio de Janeiro. Tal aparato tecnológico implica tanto um

redimensionamento do trabalho do professor de LE engajado em projetos multimídia, quanto

uma ressignificação das prescrições institucionais que lhe são dirigidas. Essa comunicação,

vinculada ao eixo de investigação que articula linguagem e trabalho dentro da linha de

pesquisa “Práticas da linguagem e discursividade” desenvolvida na UERJ, tem por objetivo

expor como se construiu o trabalho do professor, do ponto de vista discursivo, num

determinado projeto de implementação de uma plataforma de Educação a Distancia (EAD)

para o ensino-aprendizagem de Francês como língua estrangeira (FLE). Nosso objetivo nessa

comunicação é reavivar o interesse das pesquisas em educação voltadas para o trabalho

docente, destacando o papel das prescrições na dinâmica do trabalho do professor. Partimos

do arcabouço teórico da análise do discurso de base enunciativa (MAINGUENEAU 1997,

2001, 2005, 2006, 2008). Ancoramos nossas análises na noção de “linguagem como trabalho”

(NOUROUDINE, 2002) e no diálogo estabelecido com os estudos ergonômicos de Amigues

(2002, 2003, 2004, 2007) Faïta (2004) e Souza-e-Silva (2004) cujo ponto essencial é a

articulação entre a atividade docente, as prescrições institucionais, as tarefas, as

reformulações e a reflexão sobre a prática pedagógica. Os resultados de nossas discussões

apontaram para uma reprodução, em ambiente virtual, do paradigma do ensino tradicional de

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transmissão de conhecimentos – modelo esse que foi previamente anunciado pelos

documentos que orientaram a implementação da referida plataforma.

Kátia Cristina do Amaral Tavares (Profª. UFRJ)

ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS NO ENSINO SUPERIOR:

POSSIBILIDADES E DESAFIOS DA MODALIDADE SEMIPRESENCIAL

A presente sessão coordenada de comunicações visa discutir o uso da modalidade

semipresencial (entendida aqui como aquela que conjuga aulas face a face com um

componente on-line a distância) em disciplinas de línguas estrangeiras ministradas no ensino

superior. As comunicações apresentam relatos de pesquisa e/ou de experiência realizados no

contexto de disciplinas oferecidas por professores da Faculdade de Letras da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para graduandos do curso de Letras e, no caso de uma

comunicação, para alunos dos cursos de Licenciatura em Química e Licenciatura em Física.

Tais disciplinas incluem aulas presenciais e um componente on-line oferecido através de um

ambiente virtual de aprendizagem desenvolvido na plataforma Moodle do Projeto Letras 2.0.

O Projeto Letras 2.0, apresentado e avaliado em uma das comunicações, é desenvolvido pelo

núcleo de pesquisas em Linguagem, Educação e Tecnologia da UFRJ – LingNet/UFRJ e visa

oferecer à comunidade da Faculdade de Letras da UFRJ condições para oferta de disciplinas

mediadas pelas novas tecnologias na modalidade on-line e semipresencial, assim como criar

oportunidades para desenvolvimento de pesquisas e para formação docente inicial e contínua.

Compartilhando o contexto educacional e de investigação, cada comunicação destaca alguns

aspectos específicos, tais como as possíveis relações de complementaridade entre o

componente presencial e o componente on-line da disciplina semipresencial, os novos papéis

assumidos por alunos e professores com a inserção de novas tecnologias na prática

pedagógica, o planejamento do componente on-line e as questões de desenho instrucional

relacionadas, o letramento digital e as práticas de produção escrita em língua estrangeira

propostas em cursos semipresenciais.

Participantes:

Kátia Cristina do Amaral Tavares (UFRJ) – Coordenadora

Bruna Lopes Scheiner Gomes (Doutoranda UFRJ)

Carla de Almeida Lima (Doutoranda UFRJ)

Cíntia Regina Lacerda Rabello (Doutoranda UFRJ)

Luciana Nunes Viter (Doutoranda UFRJ/FAETEC)

Renata Cristina de Azevedo Borges Peres (Doutoranda UFRJ)

Kátia Cristina do Amaral Tavares (Profª. UFRJ)

DISCIPLINAS SEMIPRESENCIAIS NA GRADUAÇÃO EM LETRAS: O CASO DO

PROJETO LETRAS 2.0/UFRJ

O uso da tecnologia no ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras vem se tornando cada

vez mais popular em todo o mundo e sua implementação tem sido uma preocupação tanto

para administradores quanto para professores. Em muitas universidades públicas brasileiras,

concepções institucionais distorcidas sobre educação a distância, limitações técnicas, falta de

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projetos de formação continuada, entre outros fatores, têm desencorajado professores de

línguas a adotar, ou mesmo apenas experimentar, cursos mediados pelas novas tecnologias.

Dessa forma, futuros professores de línguas têm pouca ou nenhuma experiência com o uso

sistemático e planejado de novas tecnologias nas disciplinas cursadas durante sua graduação,

com raras ou nenhuma oportunidade de vivenciar, na prática, a condição de aluno on-line, seja

na modalidade de ensino a distância ou semipresencial. A ausência desse tipo de experiência

limita a formação inicial do professor de línguas, porque limita sua prática pedagógica futura

e porque não o capacita para atender à demanda crescente do mercado de trabalho por um

profissional que sabe usar os diversos recursos digitais para fins educacionais. Conforme

apontado por Tavares (2007), diversos estudos sobre a formação do professor têm indicado,

por exemplo, que ter a experiência de ser aluno on-line é um dos fatores cruciais para a

formação do professor on-line. Considerando a importância de oferecer aos graduandos de

Letras acesso a tal tipo de experiência e adotando a abordagem de inserir as novas tecnologias

no currículo da Faculdade de Letras não apenas de forma pontual e complementar (através de

disciplinas eletivas, por exemplo), mas de forma integrada, perpassando diferentes disciplinas,

na Faculdade de Letras da UFRJ, vem sendo implementado o Projeto Letras 2.0. Esse projeto,

desenvolvido pelo núcleo de pesquisas em Linguagem, Educação e Tecnologia da UFRJ –

LingNet/UFRJ, oferece à comunidade acadêmica condições para oferta de disciplinas

mediadas pelas novas tecnologias na modalidade on-line e semipresencial, através da criação

de ambientes virtuais de aprendizagem na plataforma Moodle, onde se busca utilizar não

apenas os recursos da Web 2.0 (O’REILLY, 2004), mas também uma Pedagogia 2.0

(McLOUGHLIN, C.; LEE, M., 2008). Além disso, o Projeto Letras 2.0, também visa criar

oportunidades para desenvolvimento de pesquisas e para formação docente inicial e contínua.

Nesta comunicação, descrevo o referido projeto, que envolve docentes de quatro

departamentos da Faculdade de Letras da UFRJ, mestrandos e doutorandos de três Programas

de Pós-Graduação, diversos monitores de Graduação e conta, em sua plataforma Moodle, com

quase trinta cursos referentes a disciplinas de Graduação e cerca de mil participantes

cadastrados. Com base na análise dos registros das ações do Projeto Letras 2.0 e das

disciplinas oferecidas em 2011, apresento também uma avaliação do projeto, apontando

avanços, conflitos e desafios. Espera-se, assim, contribuir para iluminar discussões práticas e

teóricas sobre o uso das novas tecnologias de informação e comunicação e da modalidade de

ensino semipresencial em cursos de Letras que estão preparando seus graduandos para serem

professores de línguas neste século XXI.

Kelly Cristina da Silva Bandeira (UFF)

O TRABALHO DO PROFESSOR DE LÍNGUA ESPANHOLA E AS AULAS DE

LEITURA

Esta investigação, fundamentada a partir dos estudos sobre a concepção dialógica de

linguagem (Bakhtin, 2003) e da abordagem ergológica da atividade (Schwartz, 2002),

considera a relação existente entre a linguagem e o trabalho, tendo em vista que “não há

linguagem fora de um campo da sua atividade humana” (Freitas, 2002). Nossa proposta tem

como objetivos: contribuir para compreender a complexidade do trabalho do professor, assim

como promover o conhecimento de questões relativas ao ensino de língua espanhola pautado

pelo viés da leitura na educação básica. Para esta apresentação, analisaremos de que maneira

os prescritos sobre o trabalho do professor propõe o ensino de língua estrangeira visando à

formação de um cidadão crítico, e de que maneira este professor por meio de suas

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experiências e valores, estabelece a sua maneira de realizar o que foi prescrito. O marco

teórico que orienta esta investigação considera as seguintes noções ergológicas: as normas

antecedentes e as renormalizações (Schwartz, 2002), bem como o dialogismo do círculo de

Bakhtin estabelecendo assim uma estreita relação entre as Ciências do Trabalho e a área da

Linguística. Pretende-se de que a partir da coleta de dados sobre o trabalho do professor em

documentos que prescrevem o ensino de línguas estrangeiras e da observação da situação de

trabalho deste professor possamos contribuir para compreender a complexidade do trabalho

do mesmo, assim como promover o conhecimento de questões relativas ao ensino de língua

espanhola pautado pelo viés da leitura na educação básica.

Kimiko Uchigasaki (Doutorando UnB)

A ORALIZAÇÃO DE UM CONTO JAPONÊS MUKASHI BANASHI COMO

FERRAMENTA PARA FAVORECER O DESENVOLVIMENTO DA EXPRESSÃO

ORAL EM LÍNGUA JAPONESA

Esta pesquisa apresenta um esboço consistente de uma pesquisa de mestrado do Programa de

Pós-graduação em Linguística Aplicada da Universidade de Brasília, no qual está ligado ao

projeto: Questão da oralidade no ensino de língua estrangeira. Um projeto de pesquisa da

professora doutora, Maria da Glória Magalhães dos Reis. E o objetivo é propor a oralização

do conto japonês Mukashi Banashi com a ajuda das práticas teatrais com o intuito de

favorecer a expressão oral de japonês como língua estrangeira. Jogos dramáticos para

desenvolvimento da comunicação oral e a leitura da narrativa mukashi banashi com o

propósito de trabalhar gênero oral e escrito e com um material autêntico. É uma pesquisa de

abordagem qualitativa que se configura como pesquisa-ação. Será desenvolvida com uma

turma de alunos no nível intermediário de japonês no curso temático do UnBidiomas na

própria universidade. Espera-se, como resultado, uma reflexão sobre o ensino de japonês

como língua estrangeira, no que tange à expressão oral, propor uma nova ferramenta para

promover a comunicação oral.

Laís Anália Silva Santos (Graduanda UFS) e Valéria Jane Siqueira Loureiro (Profª. UFS)

PARA QUE OS BRASILEIROS APRENDIZES DE ESPANHOL COMO LE

NECESSITAM APRENDER GRAMÁTICA?

A grande questão para a abordagem deste tema está relacionada à preocupação que se tem

quanto à competência comunicativa a ser desenvolvida nos estudantes de Espanhol como LE

e, de que forma, o ensino de gramática pode contribuir para desenvolver esta competência. Ao

estudar uma língua estrangeira, no nosso caso o espanhol, o estudante deve ser capaz de

interagir comunicativamente tanto na língua escrita quanto na oral (Miki Kondo, 2002). Desta

maneira, se verifica que os professores de espanhol como LE vem dando ênfase ao ensino dos

conteúdos gramaticais normativos e descritivos, que tem uma forte presença nos programas

de ensino, nos materiais didáticos e também nas práticas pedagógicas docentes. Esta forma de

ensinar a LE, utilizando sistematicamente a gramática, tem causado muitos debates sobre as

vantagens e desvantagens de ensinar o conteúdo gramatical nas aulas, pois podemos indagar,

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até que ponto este ensino leva o estudante a desenvolver as destrezas linguísticas para

interagir nas diversas situações comunicativas? A gramática é um componente imprescindível

no processo de ensino aprendizagem de ELE porque proporciona o ensino de regras e normas

da língua estudada, mas deve ser utilizado como um elemento que permita à interação, o

manejo, a comunicação e o emprego das regras de uso da língua por parte dos estudantes de

forma consciente e autônoma (Gelabert e otros, 2002, García García, 2001 e Martín Peris,

2004). Assim, o ensino de gramática tem dificuldade de responder a uma preocupação quando

tem que ser uma ferramenta de comunicação que supera a metalinguagem, em que os

aprendizes de LE adquiram os mecanismos linguísticos que se baseia nos estudos normativos

e descritivos e se transforme em uma das ferramentas para a competência comunicativa

(Martín Peris, 1998). O presente trabalho propõe uma análise crítica sobre qual ensino de

gramática que necessitam os aprendizes de espanhol para que os capacite no uso discursivo e

textual da linguagem nas situações interativas e comunicativas.

Larissa Christina Rabelo (Doutoranda – UnB)

INTERAÇÃO PARA A COMUNICAÇÃO EM LE COMO UM PROCESSO DE

RECONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES

Esta pesquisa apresenta as vivências e experiências de um grupo de estudantes de Inglês de

nível básico adulto, em um minicurso temático intensivo, cujo tema era Música, Moda e

Entretenimento, realizado em janeiro de 2011. Alicerçado principalmente nas teorias de

Bakhtin (1981), Barbier (2007), Coracini (2003), Rajagopalan (2003) e Revuz (1992), este

estudo investigou o papel da interação para a comunicação em língua estrangeira (LE),

adotando-se uma visão de língua que abarca seus indissociáveis contextos culturais, sociais e

ideológicos. O curso temático proporcionou liberdade de escolha dos materiais didáticos e em

sua linha metodológica, de modo que, por meio da Pesquisa-Ação, pude traçar objetivos

vinculados às reais necessidades daquele grupo de alunos. Os aprendizes, que em sua maioria

só haviam cursado o nível básico de inglês, foram a todo momento confrontados com sua

capacidade de correr riscos, opinar, cometer erros e, desse modo, puderam ressignificar o

papel da língua estrangeira em suas vidas. Durante as aulas, vivenciaram situações diversas de

interação e comunicação motivadas pelo uso de materiais multimídia, entre eles vídeos,

músicas e textos, que serviram como desencadeadores das discussões e atividades realizadas.

Em situações nas quais as respostas não foram programadas e a interação deu-se de modo

espontâneo, o grupo – aprendizes e professora-pesquisadora – aprendeu não só a enfrentar e a

lidar com seus medos e inseguranças, mas, acima de tudo, a desenvolver sua autoconfiança,

autoestima e autonomia, conscientes de que cada dia foi um novo desafio e uma nova

conquista: reconstruções de si em seu processo de apropriação da LE.

Larissa Zanetti Antas (Graduanda UFF)

ANÁLISE DISCURSIVA DAS TIRINHAS DA MAFALDA: A MULHER NA

SOCIEDADE E O MOVIMENTO FEMINISTA

Este trabalho consiste em refletir sobre de que forma o papel da mulher na sociedade e o

Movimento Feminista se materializam discursivamente nas tiras da Mafalda. Para isso,

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analisou-se os enunciados das personagens Mafalda, Raquel e Susanita com o objetivo de

pensar sobre como se dá, nesses enunciados, o reflexo da mudança do perfil da mulher, a

partir dos anos sessenta, levando em conta o contexto histórico e o gênero discursivo em

questão. Acreditando na relevância desse tema para o ensino, já que este faz parte de um dos

Temas Transversais previstos pelos PCNs (1998), e no trabalho com gêneros discursivos

como as tirinhas, buscou-se, além do documento já citado, teóricos como Bakhtin (2003) e

Maingueneau (2004) para o embasamento teórico da pesquisa. Sendo assim, desenvolve-se

um estudo com base em perspectivas discursivo/enunciativas, partindo do pressuposto de que

a linguagem e o mundo social estão imbricados, de que todo texto dialoga com outros e de

que os enunciados organizam-se em gêneros discursivos. Além disso, entende-se que todo

discurso é uma forma de ação sobre o outro, não sendo, portanto, só uma simples

representação do mundo. Para a realização desse trabalho, serão analisadas as categorias

discursivas presentes em cerca de onze tiras selecionadas que constituem o seu corpus. Trata-

se de um projeto de dissertação ainda em desenvolvimento, em fase inicial da seleção do

corpus. Acredita-se que a partir da manifestação dos enunciados verbalizamos ideais e

confrontamos pensamentos e isso é fundamental para pensar a sociedade em que estamos

inseridos.

Leandro da Silva Gomes Cristóvão (Prof. CEFET/RJ)

PROFESSORA E PEDAGOGA: RIVAIS OU PARCEIRAS NO ESPAÇO ESCOLAR?

Este trabalho constitui parte das reflexões e conclusões realizadas durante a pesquisa de

mestrado Ethos e práticas identitárias: um estudo das imagens de si no discurso de professores

de espanhol língua estrangeira (CRISTÓVÃO, 2010). O objetivo central da pesquisa era

enfocar práticas identitárias de duas professoras e um professor de espanhol da cidade do Rio

de Janeiro, participantes de um grupo de discussão, a partir de uma abordagem discursiva

instrumentalizada pela noção de ethos discursivo (MAINGUENEAU, 1997, 2005, 2008). Para

esta comunicação será apresentado um dos desdobramentos da análise realizada. Trata-se da

relação entre o trabalho da docência e o trabalho da pedagogia. A partir da análise de um

momento do grupo de discussão protagonizado pelas duas professoras mencionadas, serão

propostas algumas reflexões a respeito de uma aparente incredibilidade, por parte de docentes,

na ação de profissionais da área pedagógica (coordenadoras pedagógicas, orientadoras

educacionais, por exemplo) no contexto da escola. Acredita-se na grande relevância desse tipo

de discussão para a formação de professores, uma vez que se faz necessário entender as

diferenças, especificidades e atribuições desses agentes da escola. Ainda que o corpus tenha

sido construído com profissionais de língua espanhola, as discussões podem estabelecer

diálogos com todas as disciplinas. As reflexões são embasadas por estudos como os de Freire

(2002) e Libâneo (2010).

Leny Pereira Costa (Profª. PUCCAMP)

ENSINO DE INGLÊS COMO LÍNGUA ADICIONAL NOS CURSOS DE LETRAS:

ANALISANDO NECESSIDADES E REELABORANDO OBJETIVOS

Sob a perspectiva teórico-metodológica da Pedagogia dos Multiletramentos (COPE,

KALANTZIS, 2000) e com base em um enfoque discursivo da linguagem e sociointeracional

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/ sociocultural da aprendizagem, a presente Comunicação tem como foco o ensino-

aprendizagem de língua inglesa em cursos de Letras. Por meio de uma análise de base

essencialmente documental, busca-se apresentar resultados da avaliação de objetivos, ementas

e programas de disciplinas de inglês como língua adicional, que integram a matriz curricular

do mencionado curso. O propósito que motivou esse trabalho recai na importância de se

repensarem os objetivos e conteúdos que servem de diretrizes aos cursos de Letras em nosso

país, com vistas a reconstruí-los sob perspectivas contemporâneas de ensino-aprendizagem,

língua/linguagem e cultura, a fim de que possam mais bem atender as especificidades e

necessidades de uma formação crítica e efetiva do futuro professor de línguas. Para tanto, é

fundamental que sejam levadas em consideração as particularidades da sociedade atual,

conflituosamente marcada pela globalização, bem como das relações humanas, mediadas pela

linguagem e tecnologias, fatores estes que não podem ou devem ser desconsiderados quando

se trata de construir orientações básicas para o processo educativo e para cursos de formação

docente.

Liberato Silva dos Santos (IFG)

UM DIÁLOGO POSSÍVEL ENTRE A DIDÁTICA DE LÍNGUAS E A LINGUÍSTICA

APLICADA

Nas práticas de ensino de línguas e de formação de professores de francês e de inglês como

línguas estrangeiras no Brasil, os modelos teóricos e metodológicos parecem mudar em

função da língua ensinada: o ensino de francês ampara-se na produção bibliográfica francesa

da didática de línguas, enquanto o ensino de inglês baseia-se na produção anglo-americana da

linguística aplicada. Reconhecemos que as duas línguas apresentam especificidades e

particularidades discursivas e sistêmicas que precisam ser levadas em consideração nos

modelos teórico-metodológicos e nas estratégias de ensino-aprendizagem escolhidas e

utilizadas, mas parece-nos que o caminho trilhado pelos pesquisadores e professores

formadores origina-se da língua a ser ensinada, quando deveria partir de bases

epistemológicas comuns, fruto de uma reflexão teórico-metodológica orientadora do ensino

de línguas estrangeiras em geral, e não do ensino de uma língua estrangeira específica. Neste

artigo pretendemos identificar e discutir esse fenômeno de desvinculação teórico-

metodológica em função das línguas no ensino de línguas estrangeiras, buscando identificar o

que de fato afasta e o que aproxima, em seus pressupostos, a didática de línguas e a linguística

aplicada como disciplinas e como campos do conhecimento. Por fim, tentaremos sugerir

caminhos para o estabelecimento de um diálogo possível entre a didática de línguas e a

linguística aplicada, considerando a possibilidade de constituirmos propostas de ensino-

aprendizagem e programas de formação de professores de línguas que possam compartilhar

pressupostos comuns, tais como a intercompreensão na formação de professores de línguas, a

educação plurilíngue e a didática do plurilinguismo. Dialogaremos, nesse percurso, com os

trabalhos e as reflexões de autores como ALARCÃO et al (2009), CAMPS (1993), CELANI

(1992), GERMAIN (2001), MENEZES (2009) e PUREN (1998), entre outros.

Lídia Amélia de Barros Cardoso (UFC)

REFLEXÕES ACERCA DA EXPERIÊNCIA DE PRÁTICA DE PROFESSORES EM

FORMAÇÃO DO CURSO DE LETRAS (INGLÊS) DA UFC: ALGUMAS

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CONSIDERAÇÕES SOBRE O PAPEL DO PROFESSOR TITULAR, DO

PROFESSOR COLABORADOR E DAS DIFICULDADES ENCONTRADAS POR

SEUS ALUNOS ESTAGIÁRIOS NA ERA DAS TECNOLOGIAS MODERNAS.

O presente estudo consiste na investigação de narrativas de aprendizagem de professores em

formação do curso de Letras (Inglês) da UFC e tem como objetivo analisar as reflexões

produzidas abordando múltiplas perspectivas: (a) o papel do professor titular da disciplina de

regência, (b) o papel do professor colaborador e (c) as dificuldades encontradas por alunos-

estagiários na era das ferramentas tecnológicas modernas. Mediante a construção do gênero

intitulado Student Teacher Autobiography, a analise se propõe a investigar 12 autobiografias

produzidas pelos professores em formação, verificando a apropriação das práticas

pedagógicas relatadas na era das tecnologias modernas, a representação do papel do professor

titular e do professor colaborador durante o semestre de regência. A análise dos textos

coletados espera revelar quais aspectos podem ser apontados como favoráveis a uma prática

pedagógica eficiente que procura incluir noções sobre ferramentas tecnológicas modernas na

formação de futuros professores de Inglês.

Participantes:

Lídia Amélia de Barros Cardoso (UFC) – Coordenadora

Adriana Mendes Porcellato (UFMG)

Charles Rocha Teixeira (Prof. UnB)

Cláudia Tosolini Caleff (Graduanda UFC)

Claudiana Maria Rodrigues Nunes de Almeida (UFC)

Marina Morena dos Santos e Silva (Doutoranda UFMG)

Patricia Melo Muradas (Doutoranda UFMG)

Lilia Aparecida Costa Gonçalves (Doutoranda UFRJ/UNIGRANRIO)

O USO DA PLATAFORMA MOODLE COMO ESPAÇO SIGNIFICATIVO DE

COMPARTILHAMENTO DE MATERIAIS DIDÁTICOS ENTRE PROFESSORES

DE INGLÊS EM FORMAÇÃO INICIAL

O presente trabalho tem por objetivo apresentar como se desenvolve o projeto Produção de

Materiais dos Monitores do CLAC (Cursos de Línguas Abertos à Comunidade), que acontece

no âmbito do Projeto Letras 2.0 desenvolvido na Faculdade de Letras da Universidade Federal

do Rio de Janeiro (UFRJ). O projeto tem como foco a criação de materiais didáticos para o

ensino de língua inglesa e adota o conceito de objeto de aprendizagem utilizado por Balbino

(2007), Leffa (2006) e Willey (2000), que definem os objetos de aprendizagem como

qualquer recurso digital completo e independente desde que usado com objetivo de facilitar e

promover a aprendizagem e que posteriormente seriam reaproveitados em outras situações de

aprendizagem. A utilização de um ambiente virtual de aprendizagem (AVA), a plataforma

Moodle, como repositório dos materiais produzidos pelos monitores do CLAC e também

como espaço de intercâmbio desse material proporciona a interação entre os professores em

formação inicial possibilitando a reflexão sobre o uso do material didático em sala de aula,

transformando os objetos de aprendizagem em instrumentos para o agir dos professores em

um contexto de aprendizagem situada. Espera-se que a produção de material para ser usado

como auxiliar ao livro didático possa ser entendido como instrumento para o desenvolvimento

do professor e que a interação entre os participantes possa contribuir para um conhecimento

mais efetivo da realidade do ensino e da aprendizagem de línguas. Os primeiros resultados

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indicam que a tríade produção, compartilhamento e interação desperta no professor em

formação inicial um olhar diferenciado sobre a realidade de sua sala de aula, levando-o à

reflexão e ao aprimoramento de sua prática docente.

Lis Helene Skrzypiec (Graduando UFPR)

GÊNEROS DISCURSIVOS E ENSINO DE LÍNGUA ESPANHOLA: A DUALIDADE

ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA NAS ESCOLAS PARTICIPANTES DO PROJETO

ESPANHOL DO PIBID UFPR.

Analisando as Diretrizes Curriculares da Educação Básica da Secretaria de Educação do

Estado do Paraná para Línguas Estrangeiras Modernas pode-se constatar que existe uma

preocupação em fazer da escola um lugar para a socialização do conhecimento. Além disso,

propõe-se um currículo como configurador da prática social, visando a formação de sujeitos

que possam transformar a realidade em que atuam. Neste documento, o ensino de língua

estrangeira, é entendido como uma maneira de os alunos colocarem-se em contato com

realidades diversas. Ademais, a proposta tem como base teórica os conceitos apresentados no

Círculo de Bakhtin. Desse modo, a língua é concebida como discurso e o sentido se constrói

no contexto da interação verbal. Para Bakhtin (2003), o trabalho com gêneros, que organizam

o discurso, tem sua importância na medida em que nossa comunicação se efetiva através

deles. Assim, aprendemos a língua materna não por palavras ou frases isoladas, mas por

gêneros discursivos, que são formas relativamente estáveis de enunciados, entendidos como o

uso real da língua. É fato que mesmo não conhecendo teoricamente os gêneros discursivos,

fazemos uso deles nos diferentes campos em que nos comunicamos. Porém, considerando que

o discurso nunca é neutro, mas carregado de visões de mundo, o seu conhecimento, assim

como a aprendizagem de uma língua estrangeira, acontece de modo mais eficaz se aprendidos

dentro de contextos de usos sociais. No programa PIBID UFPR – Projeto Espanhol, esse

panorama teórico descrito é valorizado e trabalhado com os bolsistas participantes, na sua

maioria, matriculados nos primeiros semestres do curso de graduação em Letras Português –

Espanhol na UFPR. Durante o programa, esses bolsistas conhecem e participam da realidade

de duas escolas, uma do Ensino Fundamental e outra do Ensino Médio, com realidades

bastante distintas. Porém um ponto em comum foi constatado entre elas: a dissociação entre a

teoria proposta nas diretrizes e o trabalho realizado em sala de aula no ensino de espanhol

como língua estrangeira. Partindo-se dessa questão, pretende-se analisar nesta comunicação

como as professoras entendem a importância do uso dos gêneros discursivos em sala de aula,

se eles estão ou não presentes em suas práticas pedagógicas e de que modo são trabalhados,

assim como se existe alguma reflexão teórica embasando seus trabalhos didáticos.

Pretendemos analisar, ainda, como essas questões interferem no ensino da língua espanhola e

na motivação dos alunos para o estudo. A análise é feita através de aplicação de questionários,

acompanhamento de aulas e apreciação do material didático utilizado.

Lucia Rottava (Profª. UFRGS)

A LEITURA EM AMBIENTE DIGITAL: O PROCESSO DE COMPREENSÃO E

PRODUÇÃO EM LEITURA POR APRENDIZES INICIANTES DE PORTUGUÊS E

DE INGLÊS

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Embora a leitura tenha sido concebida como umas das habilidades em língua estrangeira fácil

de adquirir e compreender a informação lida, ela também tem se revelado difícil, em

particular pelos aprendizes, que mesmo compreendendo, não conseguem ler com fluidez e

aspectos relativos à pronúncia têm revelado problemáticos. Para tanto, esta comunicação

objetiva analisar tarefas de leitura realizadas em ambiente digital. Este estudo é parte de um

projeto que tem como propósito proporcionar aos participantes uma oportunidade para

desenvolver a habilidade de pronúncia e de compreensão em leitura nas línguas envolvidas

(Português e Inglês). Trata-se de um projeto inicial e piloto de intercâmbio linguístico por

meio da internet. Estão envolvidos alunos de universidades brasileiras e britânicas em

trabalhos de pares. A metodologia de coleta de dados consiste na leitura de oito textos (pré-

selecionados pelo professor ∕ pesquisador) e, semanalmente, enviado para o colega da

universidade estrangeira com quem estiver formando dupla. A dinâmica consiste de: alunos

no Reino Unido gravam textos em português e alunos no Brasil gravam textos em inglês; no

final da leitura, os alunos fazem um breve resumo do assunto tratado no texto e realizam as

trocas. A ferramenta usada para as interações e coleta de dados é o portal www.vocaroo.com.

Depois da gravação do texto, cada um dos pares envia para seu colega na universidade

estrangeira e este oferece feedback. Uma cópia de cada gravação é encaminhada também para

o professor ∕ pesquisador para acompanhamento e observações a respeito de desenvolvimento

das tarefas. Complementar a esses dados, os participantes responderam um questionário

contendo informações referentes à sua experiência como aprendiz e como participante do

projeto. Os resultados dão indicações das dificuldades que apresentam e como lidam com elas

e quais estratégias lançam mão para superá-las, tanto a partir do feedback do outro, tanto da

possibilidade de dar um retorno ao colega a respeito de suas percepções da dificuldade de seu

par.

Luciana Maria Almeida de Freitas (UFF)

RELAÇÕES (IN)OPORTUNAS ENTRE CURSOS LIVRES E EDUCAÇÃO BÁSICA:

ALGUMAS REFLEXÕES

Muito recentemente, instituições públicas e privadas dos mais diferentes âmbitos no sentido

de permitir que cursos livres penetrem nas escolas e sejam responsáveis pelo ensino de

línguas estrangeiras, pela capacitação de professores ou pela produção de materiais didáticos

dirigidos ao público escolar. Considerando que a natureza da atividade dos cursos de idiomas

é distinta daquela que se preconiza para o ensino de línguas estrangeiras na escola regular,

segundo os documentos que normatizam a educação brasileira (LDB, PCN e OCEM, entre

outros), nesta comunicação busca-se discutir as relações entre os diferentes âmbitos de

atuação do professor de línguas estrangeiras, tanto no que diz respeito às práticas docentes,

quanto numa perspectiva que entende a docência como trabalho. Para desenvolver essas

reflexões, parte-se de uma pesquisa acerca da atividade docente em cursos livres (FREITAS,

2010) e de uma compreensão do trabalho humano, entre outros aspectos, como uma

negociação entre os saberes acadêmicos e os saberes da experiência (SCHWARTZ, 1997).

Dessa forma, serão abordadas, em especial, três questões: (1) tendências recentes da política

linguística e educativa para as línguas estrangeiras no Brasil e as relações entre o ensino

regular e os cursos livres; (2) aspectos relativos ao trabalho docente em cursos livres, tanto no

que diz respeito ao esforço engendrado para antecipar e racionalizar totalmente a atividade,

quanto à grande precarização nas condições de trabalho desse professor, com baixos salários,

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garantias frouxas e vantagens quase inexistentes; (3) implicações das relações entre ensino

regular e cursos livres, no que concerne ao campo da política linguística e educacional e à

formação de professores de línguas estrangeiras.

Luciana Nunes Viter (Doutorando UERJ / FAETEC)

PRODUÇÃO E COMPARTILHAMENTO DIGITAL DE MATERIAIS DIDÁTICOS

PARA O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA PARA FINS ESPECÍFICOS

Levando em conta o contexto favorável oferecido pela proximidade dos eventos Copa do

Mundo e Olimpíadas previstos para serem realizados em 2014 e 2016 no Estado do Rio de

Janeiro, o Projeto Cidadão Olímpico, que passou a receber suporte didático da Faculdade de

Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) a partir do primeiro semestre de

2011, propôs como núcleo de suas ações um curso de capacitação profissional para atuação na

área turística, que incluiu em sua carga horária 180 horas destinadas ao ensino de língua

inglesa para fins específicos. Cerca de quatrocentos alunos estudaram nos cinco núcleos

abertos durante o período da pesquisa, sob a orientação de vinte diferentes monitores, que,

mesmo separados pela distância física geográfica, puderam interagir e colaborar regularmente

entre si através de ferramentas digitais de comunicação. Professores, em sua maioria,

reconhecem os benefícios da colaboração inter-pares, desde que o tempo reservado para a

interação com o grupo não represente sobrecarga de trabalho adicional (MOORE, 2009),

exista a expectativa de que a interação possa gerar resultados consistentes para suas atividades

e se encontre um ambiente aberto e encorajador para o diálogo e para a cooperação

(LEONARD & LEONARD, 2003). Este estudo, de perspectiva qualitativa, e caráter

etnográfico, tem como objetivo analisar as características da interação e colaboração ocorridas

entre os participantes docentes deste projeto e verificar seus efeitos para a construção de

materiais didáticos personalizados para o curso e para o alcance das metas curriculares

propostas. O principal instrumento de pesquisa foi o registro em diário de campo da

observação sistemática das comunicações realizadas a distância entre os monitores do curso,

que também responderam a uma entrevista semiestruturada com a finalidade de levantar seus

perfis com mais exatidão e de avaliar as suas percepções sobre a interação e colaboração

ocorridas no decorrer do período investigado. Os resultados indicam que a agilidade

proporcionada pela interatividade on-line antecipou a resolução de problemas e potencializou

a integração entre os participantes do projeto, ensejando a aprendizagem colaborativa e o

compartilhamento de materiais didáticos entre o corpo docente atuante no curso.

Luiza Guimarães (Graduanda USP)

A APROPRIAÇÃO DE GÊNEROS TEXTUAIS E O DESENVOLVIMENTO DO

TRABALHO DO PROFESSOR

Esta comunicação coordenada apresentará quatro projetos de pesquisa que adotam os gêneros

textuais como unidade de ensino e como instrumento para o desenvolvimento das capacidades

de linguagem no ensino-aprendizagem da língua francesa. Nosso principal objetivo é mostrar

algumas reflexões sobre a apropriação dos gêneros textuais e suas implicações para o trabalho

do professor. As quatro comunicações inserem-se no quadro teórico do interacionismo

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sociodiscursivo e baseiam-se nos trabalhos desenvolvidos por Bronckart, (1999, 2006) e

Schneuwly & Dolz (2004), entre outros. Mostraremos em nossas apresentações que o ensino-

aprendizagem de gêneros textuais pode levar não apenas ao domínio do gênero ensinado, mas

também ao desenvolvimento das capacidades de linguagem necessárias à

produção/compreensão de textos (Schneuwly & Dolz, 2004). Além disso, corroborando com

alguns estudos recentes desenvolvidos por Machado & Lousada (2010) e Lousada, Muniz-

Oliveira e Barricceli (2011), procuraremos evidenciar que os gêneros textuais podem ser

vistos como instrumentos para o desenvolvimento das capacidades do professor. A primeira

comunicação exporá a visão de que os gêneros são artefatos disponíveis no coletivo de

trabalho dos professores, os quais podem tornar-se instrumentos para sua ação, conforme

apontado por Rabardel (1995). O segundo trabalho apresentará a análise do gênero anúncio

publicitário, o qual pode ser considerado um megainstrumento no ensino em língua

estrangeira, pois sua apropriação possibilita o desenvolvimento de capacidades de linguagem.

A terceira comunicação analisará o gênero textual receitas culinárias em vídeo, considerando,

inclusive, suas características multimodais; e discorrerá sobre a relação entre os gêneros

textuais e o desenvolvimento humano, focalizando a evolução do “métier” do professor. O

último trabalho investigará como se dão as representações sobre o contexto de produção dos

textos em alguns materiais didáticos e, consequentemente, como é proposto o

desenvolvimento da competência cultural dos aprendizes, refletindo sobre como se chega ao

conhecimento da cultura por meio das capacidades de ação. Em síntese, objetivamos, em

nossa comunicação coordenada, contribuir para as discussões sobre o papel que os gêneros

textuais podem desempenhar na atividade do trabalho educacional e na formação do

professor.

Participantes:

Luiza Guimarães (Doutoranda USP) – Coordenador

Jéssica Aparecida de Lima (Graduanda USP)

Mariana Casemiro Barioni (Graduanda USP)

Priscila Aguiar Melão (Doutoranda USP)

Luiza Guimarães (Doutoranda USP)

CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO DE GÊNEROS TEXTUAIS PARA A FORMAÇÃO

INICIAL DE PROFESSORES DE LÍNGUAS

Esta comunicação visa a discutir a apropriação de gêneros textuais pelo professor e sua

contribuição para a formação e a atuação do professor de línguas. Segundo Schneuwly

(1994), os gêneros são verdadeiros instrumentos psicológicos (ou megainstrumentos) que

fornecem as bases da comunicação e permitem o desenvolvimento de três capacidades de

linguagem: de ação, discursivas e linguístico-discursivas. Assim, o ensino-aprendizagem de

gêneros não leva apenas ao domínio do gênero ensinado, mas também ao desenvolvimento

das capacidades de linguagem necessárias à produção/compreensão de qualquer texto

(SCHNEUWLY & DOLZ, 2004). Dessa forma, os gêneros textuais são instrumentos de

desenvolvimento para os alunos, mas para isso, o professor precisa elaborar uma sequência

didática, isto é, um conjunto de atividades planificadas e centradas no domínio das

capacidades de linguagem (DOLZ & SCHNEUWLY, 1998). Baseados nos pressupostos

teóricos do interacionismo discursivo, os autores explicam que, antes de criar sequências

didáticas, é necessário elaborar o modelo didático do gênero escolhido, o qual aponta o

conhecimento implícito do gênero e evidencia as suas dimensões ensináveis. Assim, o modelo

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didático é um artefato para o professor e pode auxiliá-lo nas decisões sobre o que ensinar e

como ensinar, contribuindo para a criação de um ambiente propício à aprendizagem.

Fundamentadas no trabalho de Rabardel (1995) e Machado (2009), adotamos a noção de

artefato/instrumento no quadro da psicologia vygotskyana, ou seja, como algo que é

construído pelo sujeito e por ele utilizado para atingir o objetivo de sua ação. Para Rabardel

(1995), os artefatos estão disponíveis no coletivo e podem ser apropriados pelo sujeito para o

exercício de seu trabalho. Quando esses artefatos são apropriados pelo homem, eles se tornam

verdadeiros instrumentos para o seu trabalho e para sua ação sobre o mundo e sobre o outro

(Machado & Lousada, 2010). Nesse sentido, ao se apropriar dos gêneros textuais e do modelo

didático do gênero ensinado, o professor estará pensando não apenas no possível

desenvolvimento das capacidades de linguagem de seus alunos, mas também no

desenvolvimento de suas próprias capacidades. Dessa forma, o ensino dos gêneros pode ser

um instrumento para o desenvolvimento profissional (e pessoal) do próprio professor.

Luiza Guimarães (Doutoranda USP)

DESAFIOS DO TRABALHO EDUCACIONAL: ADAPTAR UMA SEQUÊNCIA

DIDÁTICA ÀS CAPACIDADES DE LINGUAGEM REAIS DOS ALUNOS

Esta comunicação tem por objetivo apresentar algumas reflexões sobre o trabalho do

professor no que se refere à adaptação de sequências didáticas a um contexto particular de

ensino. Nesse sentido, o professor precisa conhecer quais são as capacidades já desenvolvidas

e as capacidades a desenvolver de seus alunos. Tomando como referência os trabalhos de

Schneuwly e Dolz (2004), isso seria possível por meio da realização de uma produção inicial,

ou seja, uma primeira tentativa de produção do gênero escolhido. A principal questão que nos

colocamos é como o professor pode adaptar, a partir da análise das produções iniciais dos

alunos, uma sequência didática já elaborada às necessidades específicas daquela turma. Para

refletir sobre essa questão, apresentaremos nossa experiência com um curso de extensão

(aproximadamente 45 horas) sobre a produção escrita em francês língua estrangeira, o qual foi

elaborado tendo os gêneros textuais como objeto de ensino. Um dos nossos principais

desafios nesse curso foi o fato de que se tratava de um curso intensivo, o que ampliou a

dificuldade de adaptação, em curto espaço de tempo, da sequência didática previamente

elaborada às reais capacidades de linguagem dos alunos. Aumentando mais o nosso desafio, o

curso foi aberto para pessoas que tivessem conhecimentos em língua francesa a partir do nível

A2 e até o nível C1, ampliando significativamente a heterogeneidade entre as capacidades de

linguagem dos alunos. Tendo como pressupostos teóricos o interacionismo sociodiscursivo

(Bronckart, 1999, 2006, 2008) e a abordagem dos gêneros textuais para o ensino de línguas

(Bronckart, 2004, 2006; Schneuwly e Dolz, 2004, entre outros), apresentaremos, nesta

comunicação, a maneira como superamos esses desafios e também quais foram os resultados

obtidos. Nossas reflexões apontam para a necessidade de se intensificar o trabalho prévio do

professor, elaborando muito mais atividades do que as que serão efetivamente trabalhadas em

sala de aula. Além disso, deve estar bem definida, em toda atividade da sequência didática,

qual a capacidade que se objetiva desenvolver, a fim de facilitar, no momento da aula, a

decisão do professor, que deverá escolher, em tempo real, as atividades didáticas que seriam

pertinentes para aquele grupo de alunos.

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Márcia Magarinos de Souza Leão (Doutoranda UFRJ)

A CONSTRUÇÃO DE UM CURSO ON-LINE DE FORMAÇÃO DE MONITORES

PARA CURSOS DE LÍNGUAS NA COMUNIDADE

O projeto Letras 2.0, desenvolvido com o objetivo, entre outros, de proporcionar cursos e

disciplinas mediados pelas novas tecnologias na Faculdade de Letras da Universidade Federal

do Rio de Janeiro, possibilitou a construção de um curso on-line na plataforma Moodle para

orientação aos graduandos que atuam como professores em cursos de línguas para a

comunidade e são chamados de monitores. O objetivo desse curso é garantir as discussões

teórico-metodológicas sobre ensino-aprendizagem e a formação de pesquisa dos futuros

profissionais, cujo tempo exíguo para encontros presenciais às vezes acaba se esgotando com

as questões didático-pedagógicas e administrativas da sala de aula. Além disso, proporciona

aos futuros profissionais não só a formação tradicional de treinamento, conhecimento,

habilidades, pesquisa e situações de prática (FREEMAN 2009; RICHARDS 2009; VIAN JR

2011), mas também a experiência de aprendizagem em contexto digital com construção

colaborativa do conhecimento (OLIVEIRA 2002; PRADO & VALENTE 2002), o que

contribui para a valorização e compreensão do uso da tecnologia na educação. O curso foi

elaborado de forma que a orientação possa ser conduzida à distância ou de forma

semipresencial. Seu programa engloba dois módulos, ambos com duração de 15 semanas (um

semestre letivo). O primeiro, direcionado aos monitores iniciantes, trata de conceitos-chave

sobre aquisição de linguagem, metodologias de ensino e as habilidades de compreensão e

produção da língua alvo. Já o segundo é voltado para os monitores veteranos e pode ser

cursado várias vezes, enquanto o monitor participar do programa, uma vez que ele aborda a

prática de pesquisa. A apresentação mostrará e discutirá a programação de ambos os módulos,

com as atividades propostas, os recursos disponibilizados, a bibliografia sugerida e as

possibilidades de o professor orientador personalizar os cursos de acordo com seu perfil de

trabalho e de seus orientandos. Sua primeira versão está pronta e disponível para uso a partir

de 2012, hospedada no site do grupo de pesquisas em Linguagem, Educação e Tecnologia

(LingNet/ UFRJ).

CEFET-RJ E OS SABERES PRIVILEGIADOS NA EDUCAÇÃO PARA O

TRABALHO EM UM CENTRO TECNOLÓGICO

Maria Cristina Giorgi (CEFET-RJ / Doutoranda UFF)

Desde o início da colonização mais do que pela catequização indígena, a Ordem dos Jesuítas

era responsável pela educação da elite dos colonizadores por meio de um sistema educacional

que reforça os ideais da classe dominante, pela difusão da fé e de uma educação clássica e

humanista, ideal na Europa daquele momento. Pode-se já perceber que a preocupação com a

educação volta-se não para a sociedade local, mas para aqueles que representavam o

colonizador. Não há, pois, uma preocupação com uma educação profissional que sirva aos

nativos, mas sim com a propedêutica que corresponde aos interesses da metrópole e dos

próprios jesuítas. Concomitantemente, as relações escravistas tendem a afastar do artesanato e

da manufatura a força de trabalho livre e o homem livre, para deixar claro seu lugar social,

refuta qualquer tipo de trabalho manual. Como consequência, a médio e longo prazo, o ensino

profissional é desqualificado e entende-se como educação só aquela adquirida por meio dos

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estudos nos livros. Neste trabalho, buscamos compreender, no âmbito do Centro Federal de

Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET-RJ – escola onde convivem os

ensinos Médio e Técnico, como se constrói discursivamente o perfil desse aluno/futuro

trabalhador e identificar que saberes são privilegiados no que se refere à educação para o

trabalho. Nesse sentido, nosso córpus de análise é o Projeto de Desenvolvimento Institucional

– PDI – da escola e, para fundamentar nossa abordagem teórica, recorremos a autores da área

da Educação com específico interesse na sua relação com o trabalho (CUNHA, 2005;

FRIGOTTO, 2011; CIAVATTA, 2010; KUENZER, 1989); e no que se refere às Ciências da

Linguagem ao princípio dialógico de Bakhtin (1992), às noções de arquivo (2004a) e à

relação poder e saber propostas por Foucault (2004, 2004b), além da noção de cenografia

discursiva (MAINGUENEAU, 2001).

Maria da Glória Magalhães dos Reis (Profª. UnB)

A QUESTÃO DA ORALIDADE NO ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

Esta mesa redonda coordenada visa a analisar, estudar e refletir sobre a questão da oralidade

no ensino de língua estrangeira. O conceito de oralidade que adotamos tem como ponto de

partida o sentido proposto por Henri Meschonnic (1999). Para o autor os conceitos de

discurso, subjetividade e ritmo não podem ser separados do conceito de oralidade. Na

aprendizagem de língua estrangeira esses elementos têm um papel preponderante na forma de

vislumbrar a linguagem como um elemento do sujeito. O aprendizado da língua estrangeira

passa a ser um encontro com uma linguagem que atravessa o sujeito e que se dá através de um

discurso que é organizado por um ritmo. Quatro dissertações de mestrado estão sendo

preparadas no Programa de Pós-graduação em Linguística Aplicada – PPGLA - no âmbito da

presente pesquisa. A primeira comunicação tem como título “O Texto Dramático: uma

ferramenta para desenvolver o engajamento discursivo em L2” e propõe atividades de leitura

dramática em língua inglesa baseadas nos trabalhos sobre textos e jogos dramáticos de Maria

da Glória Magalhães Reis (2008) e Paulo Roberto Massaro (2007). A segunda, cujo título é

“A oralização de um conto japonês mukashi banashi como ferramenta para favorecer o

desenvolvimento da expressão oral em Língua Japonesa”, propõe a oralização do conto

japonês mukashi banashi utilizando as práticas teatrais com o intuito de favorecer a expressão

oral de japonês como língua estrangeira. A terceira, “Interação para a comunicação em LE

como um processo de reconstrução de identidades”, apresenta uma pesquisa-ação (BARBIER

2007) na qual são relatadas as vivências e experiências de um grupo de estudantes de Inglês

em curso temático, alicerçadas principalmente nas teorias de Bakhtin (1981), Barbier (2007),

Rajagopalan (2003). A quarta comunicação, “Experimentação em TICs: Reflexões para sobre

o desenvolvimento da oralidade no ensino de L.E em dimensão virtual de ensino-

aprendizagem”, pauta-se no estudo da construção de uma dimensão virtual de ensino-

aprendizagem como colaboradora para o desenvolvimento da oralidade baseando-se nos

autores: Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva (2008), José Carlos de Almeida Paes Filho

(2009), Bernard Schneuwly & Joaquim Dolz (2010).

Participantes da Mesa:

Maria da Glória Magalhães dos Reis (UnB) - Coordenadora

Júnio César Batista de Souza (Doutorando UnB)

Karina Fernandes dos Santos (Doutoranda UnB)

Kimiko Uchigasaki (Doutorando UnB)

Larissa Christina Rabelo (Doutoranda UnB)

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69

Rita Jover Faleiros (UnB)

Maria da Glória Magalhães dos Reis (Profª. UnB)

A QUESTÃO DA ORALIDADE NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE

LE VISTA POR DOIS DICIONÁRIOS DE DIDÁTICA

Esta comunicação tem como objetivo apresentar uma pesquisa que vem sendo desenvolvida

há quase dois anos pelo GTT (Grupo de Terminologia e Tradução) e que se propõe realizar

uma análise crítico-comparativa de dois dicionários. O projeto envolve duas áreas de ensino

do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução: Linguística Aplicada e Tradução. Os

dois dicionários em questão são Dictionnaire de didactique des langues (1976), cuja

organização é compartilhada entre Robert Galisson e Daniel Coste e Dictionnaire de

didactique du français langue étrangère et seconde (2003) organizado por Jean-Pierre Cuq.

O estudo visa contribuir para o registro histórico e crítico da trajetória de um domínio de

estudo que, na França, passou a ser chamado de “Didactique des Langues” [Didática das

Línguas], com uma proposta de Robert Galisson de uma “Didactologie des Langues et des

Cultures” [Didactologia das Línguas e das Culturas], na qual seus sucessores Jean-Louis

Chizz e Jean-Claude Beacco, na Université Sorbonne Nouvelle Paris 3, se inspiraram para a

criação do laboratório DILTEC (Didactiques des Langues, des Textes et des Cultures). No

Brasil esses estudos desenvolvem-se no âmbito da Linguística Aplicada, daí a importância do

estudo entre as semelhanças e diferenças dos termos usados nas áreas de Didática das Línguas

e Culturas e da Linguística Aplicada com o objetivo de contribuir também para o

desenvolvimento das duas áreas de pesquisa. Após o conceito de competência comunicativa

(ou de comunicação), proposto por Dell Hymes, em 1964, a didática de línguas tem se

estabelecido como área interdisciplinar. Nesse sentido, o diálogo com a Sociolinguística, a

Antropologia Cultural, a Tradução, a Sociologia, a Psicologia, a Comunicação e a Ciência da

Educação faz-se imprescindível pelo conhecimento e pelos conceitos que esses domínios

fornecem. Essa aliança, além de promover outras perspectivas à Didática de Línguas, oferece-

lhe ferramentas importantes para a compreensão da língua enquanto prática social e lugar de

encontros (inter) culturais. Uma contribuição mais recente que vem problematizar o ensino de

línguas estrangeiras é trazida pelos estudos sobre o discurso e a psicanálise (CORACINI 1995

e 2011), considerando-se a “constituvidade heterogênea, polifônica do sujeito e do discurso”

(2011:11) e que “todo o indivíduo é constituído e determinado pelo seu inconsciente e que,

por isso mesmo, não podem prever ou predeterminar como vai ser a apreensão de qualquer

informação” (2011:25). Adotamos, então, para a nossa análise do verbete “oral” dos dois

dicionários e para desenvolver uma discussão sobre a oralidade, uma perspectiva discursiva

partindo dos referenciais teóricos de Bakhtin (1979), Bronckart (1997) e Dolz, Schneuwly

(2010).

Maria da Glória Magalhães dos Reis (Profª. UnB)

UMA PROGRESSÃO DISCURSIVA: UM DESAFIO PARA O CURSO DE LETRAS-

FRANCÊS NA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

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Esta comunicação coordenada tem como objetivo apresentar uma experiência desenvolvida

no GEDLE (Grupo de Estudos em Didática de Língua Estrangeira) do departamento de

Línguas Estrangeiras e Tradução da Universidade de Brasília. O grupo trabalha com a

elaboração de materiais didáticos para os cursos de Letras-Francês, a saber, Licenciatura e

Bacharelado de Língua Francesa e respectiva Literatura e Línguas Estrangeiras Aplicadas ao

Multilinguismo e à Sociedade da Informação, tendo como base os estudos da perspectiva

discursiva de Bakhtin (1979), Bronckart (1993) e Dolz (1996). A primeira comunicação

intitulada “A produção de curtas-metragens como atividade discursiva no

ensino/aprendizagem de FLE: uma experiência em turmas de nível A1” relata a experiência

na produção de curtas-metragens, com alunos das turmas de Prática do Francês Oral e Escrito

1 (PFOE1), partindo das perspectivas discursiva e acional (PUREN, 2006), na qual o aprendiz

interage com o seu meio e outros atores sociais na produção de discursos em língua

estrangeira. A segunda comunicação, cujo título é “Situações de aprendizagem para aquisição

do vocabulário mediante a manipulação: o aporte da intercompreensão das línguas

aparentadas”, propõe, dentro do aprendizado do léxico, o domínio da forma e da utilização

das palavras tendo em vista uma construção progressiva da significação das palavras, não

apenas apoiada na experiência pessoal do aprendiz, mas focando nos processos morfológicos

de derivações, categorias lexicais sob a ótica das línguas aparentadas, em particular o par

francês-português. A terceira comunicação, “Ensino da leitura em língua estrangeira, o que as

práticas informam sobre as teorias: análise de propostas didáticas de guias pedagógicos de

manuais de ensino do Francês Língua Estrangeira (FLE)” discute aspectos teóricos relativos à

leitura em língua estrangeira, em contexto de ensino/aprendizagem, por meio da análise de

guias pedagógicos e das atividades a eles relacionadas. Nesse processo procura-se

compreender qual concepção de leitor e de leitura em contexto didático de ensino do FLE.

São objetos dessa análise os guias dos manuais Reflets 1 (1999), Alter Ego1(2009) e

Latitudes1 (2009).

Maria Isabel A. Cunha (Profª. PUC-RJ / Cap- UFRJ)

A PRÁTICA EXPLORATÓRIA E O TRABALHO PARA O ENTENDIMENTO DE

ALUNOS E PROFESSORES VOLUNTÁRIOS

O que podem ter em comum universitários brasileiros em estágio de línguas portuguesa e

inglesa e universitários estrangeiros, com nenhuma ou muito pequena experiência de sala de

aula, trabalhando como voluntários para o ensino de línguas? Todos parecem ser estrangeiros

nesse ambiente escolar e possuir nenhuma ou mínima experiência docente; todos admitem

precisar de orientação pedagógica ou linguística; todos muito se beneficiam de chances para

reflexão sobre sua condição mista de aluno e também de professor. Neste momento em que

estas identidades devem conviver, o trabalho para entender em conjunto com seus alunos

aborda questões interessantes como ensinar e aprender de modo voluntário e o papel da

língua estrangeira na vida de alunos de comunidades de risco social. Tomando por base os

princípios da Prática Exploratória (Allwright and Hanks, 2009), especialmente o que enfatiza

o trabalho para entender a vida na sala de aula, pretendo apresentar atividades pedagógicas

trabalhadas em aulas de línguas que geraram discussões sobre temas importantes para alunos

e professores, discutir as observações e os entendimentos que os participantes puderam fazer

enquanto envolvidos no trabalho e analisar textos de relatórios formais e informais de

estagiários e de voluntários participantes do trabalho na ONG Educar em uma comunidade

do Rio de Janeiro.

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Mariana Casemiro Barioni (Graduanda USP)

USO DE GÊNEROS TEXTUAIS MULTIMODAIS NO ENSINO DO FLE:

INSTRUMENTO PARA ENSINAR E TAMBÉM PARA O DESENVOLVIMENTO DO

“MÉTIER” DO PROFESSOR

Esta comunicação tem por objetivo apresentar a caracterização do gênero textual audiovisual

receitas culinárias em vídeo que foi escolhido, em nossa pesquisa de iniciação científica, para

o ensino da língua francesa para alunos do 2º semestre de aprendizagem (aproximadamente

60 horas). Sendo assim, esta apresentação insere-se em uma pesquisa maior que consistiu,

primeiramente, na seleção de gêneros textuais orais encontrados na internet para o ensino da

língua francesa junto a alunos desse estágio de aprendizado; em seguida, a pesquisa visou à

elaboração de uma sequência didática para ensino de um desses gêneros em sala de aula. A

inserção de gêneros textuais na didática de línguas é necessária para o acesso às diversas as

práticas sociais da cultura da língua aprendida (Dell'Isola, 2009). Porém, para que os gêneros

textuais possam tornar-se objetos de ensino, é necessário que se tenha uma caracterização do

gênero em questão, a construção de seu modelo didático, sem a qual não é possível elaborar

uma sequência didática a partir do gênero. Uma vez que trabalhamos com um gênero textual

que combina vários canais de comunicação, é necessário também analisar suas características

multimodais. Os pressupostos teórico-metodológicos que orientam nossa pesquisa baseiam-se

nos estudos do interacionismo sociodiscursivo, tal como apresentado por Bronckart (1999,

2006, 2008), Machado (2009), Schneuwly & Dolz (2004) e Baldry & Thibaut (apud Ferreira,

2011). De acordo com essa base teórica, os gêneros se constituem ao mesmo tempo como

unidades de ensino e como instrumentos para o desenvolvimento das capacidades de

linguagem (Schneuwly & Dolz, 2004) dos aprendizes, que são divididas, para questões

didáticas, em três tipos: capacidades de ação, capacidades discursivas e capacidades

linguístico-discursivas. Também discutiremos a noção de instrumento psicológico (Friedrich,

2010) relacionada aos gêneros textuais e sua relação com o desenvolvimento humano,

visando focalizar na evolução do “métier” do professor (Machado & Lousada, 2010).

Marília dos Santos Lima (UNISINOS) & Eduardo de Oliveira Dutra (Doutorando

UNISINOS)

E AS TAREFAS NA AQUISIÇÃO DOS PRONOMES CLÍTICOS DO ESPANHOL?

Neste trabalho, recorte de uma pesquisa mista em que investigamos os efeitos da instrução

com foco na forma (IFF), a partir da perspectiva da pesquisadora canadense Nina Spada

(1997, 1999, 2000, 2005, 2010), na aquisição dos pronomes clíticos por universitários

brasileiros aprendizes de espanhol como LE, pretendemos apresentar propostas de tarefas

(NUNAN, 1996; WILLIS, 1996), que servirão de instrumento para coleta dos dados

referentes à forma linguística em estudo. Apontamos a necessidade do presente trabalho por

dois motivos: primeiro, o caráter predominantemente descritivo das pesquisas existentes, no

contexto brasileiro, a respeito da aprendizagem desse aspecto linguístico (González, 1994;

Villalba, 1995; Cruz, 2001 Semino, 2001); segundo, o número reduzido de investigações

(NORRIS & ORTEGA, 2000) com instrumento de medição da IFF respostas abertas. Nesse

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sentido, faremos uso de tarefas, com objetivos linguísticos distintos, para obtermos respostas

abertas e fechadas na mesma proporção, no que se refere ao uso dos pronomes clíticos do

espanhol em função de objeto, evitando dessa forma sobreposição de dados e,

consequentemente, modificação dos resultados. Além disso, objetivamos manter coerência

entre o tipo de IFF (SPADA & LIGHTBOWN, 2010) e os componentes das tarefas. Ainda, no

que tange à metodologia, é válido ressaltarmos que a aplicação das tarefas ocorrerá em três

momentos distintos, a saber: pré-teste, pós-teste e teste postergado

Marina Morena dos Santos e Silva (Doutoranda UFMG), Patricia Melo Muradas (Doutoranda

UFMG) & Adriana Mendes Porcellato (UFMG)

AVALIAÇÃO DE HABILIDADES DE LEITURA EM LÍNGUA INGLESA:

REFLEXÕES SOBRE O EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO DE 2011

O ENEM (Exame Nacional de Ensino Médio), como qualquer outro teste para avaliar as

competências, habilidades e conhecimentos de seus candidatos, deve se assegurar que suas

questões realmente avaliem o que se propõem, de uma forma clara, objetiva e justa. Criado

pelo MEC no ano de 1998, o ENEM tem o objetivo de não apenas avaliar estudantes oriundos

do ensino médio de escolas públicas e particulares de todo o Brasil, mas também de permitir o

acesso ao ensino superior e de, principalmente, fornecer dados importantes sobre a educação

no Brasil, auxiliando o governo na tomada de decisões quanto às políticas públicas

educacionais. Nessa perspectiva, Castillo Arredondo e Diago (2009) afirmam que a avaliação

é parte fundamental do processo educacional, sendo útil para se obter informação e

estabelecer formulação de juízos e, então, tomar decisões no sentido de promover a melhoria

no ensino. Para avaliar as habilidades de seus candidatos, o ENEM, segundo Fini (2005),

possui técnicas de elaboração que se baseiam em procedimentos observados em testes de

múltipla escolha e possuem um diferencial em relação aos demais exames: suas questões são

contextualizadas, apresentando, assim, uma situação-problema. Partindo, portanto, dos

critérios específicos que definem como as questões desse exame devem ser estruturadas, este

trabalho visa analisar e compreender as ferramentas utilizadas nesse Exame para medir o

conhecimento e a habilidade de leitura em língua inglesa de seus candidatos. Concordamos

com McNamara (2000), que afirma ser muito importante que os testes, inclusive os de língua,

sejam examinados e compreendidos minuciosamente, já que constituem uma ferramenta

importante para a avaliação institucional dos indivíduos. Segundo Brown (2007), existem três

critérios que precisam ser satisfeitos na análise de testes, a saber: a praticidade, a

confiabilidade e a validade. Dentre eles, nos basearemos no critério da validade, que, no caso

da prova de língua inglesa do ENEM, corresponde ao grau em que o conhecimento e a

habilidade de leitura em língua inglesa de fato são avaliados no exame. Para a análise, foram

selecionados os cinco itens da prova de língua inglesa do ENEM do ano de 2011. Os itens

foram avaliados para se observar: (1) a habilidade de leitura exigida; (2) a seleção dos textos-

base; (3) a construção do enunciado – situações-problema e comandos – e (4) a constituição

das alternativas. A análise revela que as questões de língua inglesa do ENEM ainda não

atendem inteiramente à proposta do Exame e precisam, portanto, de ajustes e adequações para

que as competências e as habilidades propostas sejam realmente testadas.

Maristela Rivera Tavares (Doutoranda PUC-SP)

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ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: POSSIBILIDADES E DESAFIOS FRENTE

ÀS MUDANÇAS E RUPTURAS PARADIGMÁTICAS EM RELAÇÃO AO MODO DE

SE PRODUZIR E DISTRIBUIR CONHECIMENTO.

A velocidade acelerada e a eficiência singular na produção e disponibilização de novas

tecnologias de informação e comunicação têm acarretado transformações na sociedade

contemporânea e ocasionado impactos no comportamento, conduta, costumes e tendências

das populações mundiais que manifestam diferentes formas de aceitação, rejeição, adaptação

e convívio com o ‘novo’. Em termos de informação e conhecimento, o crescente

desenvolvimento desencadeado pelo advento das novas tecnologias de informação e

comunicação passou a demandar competências específicas das sociedades atuais, dentre as

quais, a aprendizagem de línguas estrangeiras. Nessa perspectiva, as novas tecnologias

assumem um papel determinante de novas práticas e novas formas de relacionamento entre os

atores do processo de ensino-aprendizagem, cujo uso eficiente não pode ser entendido apenas

como um recurso ou como um instrumental e sim, como uma mudança paradigmática de

todos aqueles envolvidos no contexto educacional, inclusive as instituições. Este trabalho,

estruturado para oferecer uma breve amostragem sobre as percepções, possibilidades e

limitações acerca das novas formas de produzir, construir e disponibilizar conhecimento

promovidas pelas novas tecnologias propõe-se a apresentar o percurso histórico do ensino de

língua estrangeira em ambientes mediados por computador, discutindo os recursos didáticos

atualmente disponíveis, dentre os quais as ferramentas síncronas e assíncronas da rede

mundial de computadores; o software PRAAT – utilizado para o estudo/aprendizagem de

fonética; o uso do vídeo como ferramenta pedagógica no ensino de língua estrangeira; e um

panorama das questões que subjazem do uso das novas tecnologias de formação e

comunicação em instituições superiores nos cursos de graduação em Letras.

Maristela Rivera Tavares (Doutoranda PUC-SP)

PERCURSO HISTÓRICO DO ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA EM

AMBIENTES MEDIADOS POR COMPUTADOR E OS RECURSOS DIDÁTICOS

ATUALMENTE DISPONÍVEIS: FERRAMENTAS SÍNCRONAS, ASSÍNCRONAS E

A INTERNET

A sociedade contemporânea vivencia um crescente desenvolvimento em termos de

informação e conhecimento em decorrência da velocidade e eficiência na produção e

disponibilização de novas tecnologias da informação e comunicação. Com o advento da

internet, mudanças paradigmáticas no comportamento comunicativo nas diferentes esferas de

atuação social desencadearam novas escolhas, oportunidades e desafios; estreitaram barreiras

entre línguas e culturas; e demandaram competências específicas, como a aprendizagem de

línguas estrangeiras - um diferencial nos mais variados segmentos profissionais

(WEININGER, 1996; MOREIRA, 2003). O inglês - principal acesso às tecnologias digitais -

passa a ser uma necessidade que demanda integração com os avanços tecnológicos e o

computador, surge como o principal agente dessa demanda. Desse contexto, subjazem os

objetivos deste trabalho que, num arcabouço de pesquisa bibliográfica descritiva, propõe-se a

apresentar um panorama do percurso histórico do ensino de língua estrangeira em ambientes

mediados por computador (WARSCHAUER, 1996, 2004; PAIVA, 2008); discutir as

potencialidades e limitações dos recursos didáticos atualmente disponíveis (TOMLINSON &

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MASUHARA, 2005; CHAPELLE, 2001; FITZPATRICK, 2004); e os desafios para o

professor frente às mudanças em relação ao modo de se produzir e distribuir o conhecimento e

as rupturas paradigmáticas decorrentes dessas mudanças. (CASTELLS, 1999; LÉVY, 1999;

TOFLER, 1995; ARRUDA, 2004; LEFFA, 2006). Em sua ideação, este trabalho convida à

seguinte reflexão: o professor - imigrante digital que, mesmo tendo nascido numa época

anterior à internet, procura incorporar a tecnologia em seu cotidiano, deixando, contudo,

sempre um rastro analógico em seus afazeres (PRENSKY, 2001) - está preparado para

receber em suas aulas os “nativos digitais”?

Mergenfel Vaz Ferreira (Profª. UFRJ)

GÊNEROS TEXTUAIS E CONTEXTO NO PROCESSO DE ENSINAR E APRENDER

LES

Tendo em vista que o ambiente de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras é o

ambiente no qual, por excelência, culturas diferentes se encontram e provocam diferentes

leituras e percepções, o estudo sobre o papel do contexto nesse processo mostra-se

extremamente relevante para o desenvolvimento da conscientização por parte de professores e

aprendizes, não só sobre o referido contexto, mas também, para a conscientização dos

mesmos para a relatividade que permeia qualquer interação linguística, mais ainda, a

interação intercultural, como é o caso da sala de aula de língua/cultura estrangeira. O presente

trabalho tem por objetivo principal analisar e discutir o subuso dos conhecimentos que vêm

sendo desenvolvidos e ampliados acerca do potencial de programas baseados em gêneros

textuais para um processo de ensinar e aprender línguas, no qual o contexto ocupa um papel

de destaque. Partimos, assim, do pressuposto de que há uma distância entre, por um lado, os

avanços da linguística e, de outro, as práticas da maioria da população que está situada fora

dos centros de pesquisa e ensino superior (Rajagopalan, 2003: 7), fato que salienta a

importância em se fazer com que tais estudos e avanços sejam efetivamente relevantes e

possam fazer parte da realidade de todos.

Michele de Souza dos Santos Fernandes (FAETEC – PG-UFF)

ENSINO REGULAR VERSUS CURSO LIVRE DE IDIOMAS: OS DISCURSOS DO

PROFESSOR DE ESPANHOL SOBRE SUA PRÁTICA

Este projeto de pesquisa integra a vertente de estudos voltados para a interface entre

linguagem e trabalho. Tendo em vista a diversidade de possíveis abordagens sobre o tema, o

recorte privilegiado foi o da análise dos discursos do professor de espanhol do ensino regular

e do curso livre de idiomas sobre sua prática. O trabalho docente tem sido alvo de diferentes

pesquisas que tratam do professor enquanto trabalhador. O direcionamento dado a essas

pesquisas consiste em perceber o fazer docente como atividade de produção e transformação,

em que a fala do trabalhador cumpre um papel fundamental no processo. Tendo em vista que

a linguagem pode estabelecer relações bastante diferentes com o trabalho (linguagem no

trabalho, como trabalho e sobre o trabalho) esses estudos têm procurado, também, especificar

ao máximo seu objeto de análise. Seguindo a mesma tendência, nossa pesquisa se insere na

abordagem que trata da linguagem sobre o trabalho, isto é, a fala dos próprios trabalhadores

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sobre a sua ação (Lacoste, 1998). Nosso objetivo, portanto é verificar como o professor

enquanto trabalhador representa discursivamente a sua prática. Considerando que a nossa

pesquisa trata da profissão docente enquanto atividade humana e das representações

discursivas que o professor faz de sua própria prática, nosso estudo se apropria de alguns

conceitos da Ergonomia situada, - tarefa versus atividade -, apóia-se na perspectiva dialógica

de Bakthin (Voloshinov, 1986) e procura apreender por meio da AD os sentidos construídos

na enunciação. Nosso corpus de análise serão entrevistas coletivas a professores que atuam no

ensino regular e no curso livre de idiomas em concomitância. Privilegiamos o grupo de

discussão em detrimento da entrevista individual por acreditarmos na importância da

interação para o estímulo da fala sobre o trabalho.

Michelle Peres Burlandy Tavares (Profª. UFRJ)

CADERNO DE REVISÃO DA APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

DA SME-RJ: UMA ANÁLISE LINGUÍSTICO-DISCURSIVA.

O presente trabalho situa-se no âmbito dos estudos da linguagem e do mundo do trabalho do

professor. Visa contribuir para o enriquecimento dos debates sobre de políticas públicas

referentes ao ensino de línguas estrangeiras (LEs) adotadas pela Secretaria Municipal de

Educação do Rio de Janeiro (SME/RJ). Teve como objetivo, a partir de um olhar linguístico-

discursivo, analisar um conjunto de exercícios destinado à revisão da aprendizagem de LEs –

inglês, francês e espanhol – no 6º ano do ensino fundamental intitulado Caderno do Aluno –

Material de Revisão. Esse material foi utilizado em todas as escolas da mencionada rede

pública de ensino nos 45 dias inicias do ano letivo de 2009, momento dedicado à revisão dos

conteúdos. Passado esse período de revisão, os alunos foram submetidos à primeira avaliação

bimestral de Língua Portuguesa e Matemática organizada pela instituição SME/RJ. As

avaliações das demais disciplinas ficaram a cargo dos professores. Tendo em vista esses

objetivos, optamos por fazer um estudo analítico dos exercícios de LE a fim de discutir como

ocorre a interação entre os participantes da comunicação que interagem por meio de um

gênero do discurso. Observamos também no nosso corpus como são tratadas as orientações

dos documentos oficiais da SME para o ensino de LE no ensino fundamental. A orientação

teórica seguida considera estudos da Análise do discurso de base enunciativa e recorre

também às noções de dialogismo e gênero do discurso (BAKHTIN, 1992). Entre nossas

conclusões, observa-se que apesar da nova organização da sociedade e dos avanços das

políticas públicas direcionadas à Educação, em sala de aula, verifica-se um retrocesso na

concepção institucional do trabalho educativo, tendo em vista a falta de autonomia destinada

aos professores para exercerem sua prática de trabalho em sala de aula.

Mônica Fiuza Bento de Faria (UFRN)

COMO TRATAR A PLURALIDADE NAS SALAS DE AULA DE FLE?

Quando usamos a palavra plurilinguismo em nossas conversas, imediatamente parece óbvio

seu significado, e ainda mais evidente que nossos interlocutores compreendem o que

queremos dizer. No entanto, no mundo do “pluritarefas”, das “pluricompetências”, do ser

plural, parece-me necessário retomar a definição dessa palavra e refletir sobre suas

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implicações no âmbito acadêmico. Plurilinguismo, segundo Aurélio Buarque de Holanda,

seria a qualidade de plurilíngue, daquele que fala diversas línguas, ou seja, do poliglota. No

Quadro Comum Europeu de Referência, nascido de uma necessidade político-econômica da

Europa, a definição de competência plurilíngue está diretamente ligada à noção de

competência pluricultural, que engloba a competência de comunicação linguageira e a

competência em interagir culturalmente. O estudante, como ator social, possui, em diferentes

níveis, o domínio de várias línguas e a experiência de várias culturas. Ao final do primeiro

parágrafo da definição, podemos ler ainda que no plurilinguismo não há superposição nem

justaposição de competências distintas, mas a formação de uma competência complexa, da

qual o estudante-ator social pode extrair respostas para suas necessidades. Simplificando,

seria necessário que nossos estudantes, em diferentes níveis, fossem poliglotas e globe-

trotters. Após a leitura dessas definições, devemos fazer um grande esforço para não

considerar nossa realidade distante demais desses objetivos. É fato que o debate sobre o

plurilinguismo é atualmente incontornável, seja no âmbito acadêmico, seja no âmbito

institucional, entre os responsáveis pelo estabelecimento de políticas educacionais. Os atores

do FLE nunca estiveram tão empenhados, como agora, em pensar o plurilinguismo. Sabe-se

que várias razões, sobretudo a conjuntura econômica que tem privilegiado, neste momento, o

ensino do inglês e do espanhol, levaram os professores de francês dos dias atuais a “mudar de

campo”. Rosa Maria de Oliveira Graça, ex-presidente da Associação dos Professores de

Francês do Rio Grande do Sul, estado que, como muitos outros, tem lutado com afinco para

evitar o desaparecimento do francês, teceu uma reflexão sobre as perspectivas profissionais de

um professor de francês, ressaltando aspectos de sua inserção no contexto socioeducacional.

Segundo ela, “O ensino de francês deixou de ser, há muitas décadas, uma questão indiscutível

nos diferentes níveis de ensino da escola maternal à universidade, o que vem exigindo dos

professores desse idioma ações e projetos de motivação que muito têm contribuído para sua

permanência e/ou inclusão nas diferentes instituições de ensino”. (Caderno de Letras, nº 8,

2001, p. 17). Acredita-se, também, que é papel da Universidade responder a necessidades que

vão além das contingências de mercado, visando à formação de profissionais capazes de

refletir criticamente, com pleno conhecimento das referências fundamentais para o

desenvolvimento das ciências humanas e das artes. Em que medida tem ela cumprido esse

papel? Nesta comunicação, proponho-me a refletir sobre essas questões, considerando que

todo sistema repousa sobre um certo ideal humano. Para tal, partirei dos estudos de Karl R.

Popper (Cf. LORENZ K. & POPPER Karl., L’avenir est ouvert, Ed Flammarion, Paris , 1995)

Mônica Fiuza Bento de Faria (Profª. UFRN)

OS TRÊS MUNDOS DO PLURILINGUISMO

Quando usamos a palavra plurilinguismo em nossas conversas, imediatamente parece óbvio

seu significado, e ainda mais evidente que nossos interlocutores compreendem o que

queremos dizer. No entanto, no mundo do “pluritarefas”, das “pluricompetências”, do ser

plural, parece-me necessário retomar a definição dessa palavra e refletir sobre suas

implicações no âmbito acadêmico. Plurilinguismo, segundo Aurélio Buarque de Holanda,

seria a qualidade de plurilíngue, daquele que fala diversas línguas, ou seja, do poliglota. No

Quadro Comum Europeu de Referência, nascido de uma necessidade político-econômica da

Europa, a definição de competência plurilíngue está diretamente ligada à noção de

competência pluricultural, que engloba a competência de comunicação linguageira e a

competência em interagir culturalmente. O estudante, como ator social, possui, em diferentes

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níveis, o domínio de várias línguas e a experiência de várias culturas. Ao final do primeiro

parágrafo da definição, podemos ler ainda que no plurilinguismo não há superposição nem

justaposição de competências distintas, mas a formação de uma competência complexa, da

qual o estudante-ator social pode extrair respostas para suas necessidades. Simplificando,

seria necessário que nossos estudantes, em diferentes níveis, fossem poliglotas e globe-

trotters. Após a leitura dessas definições, devemos fazer um grande esforço para não

considerar nossa realidade distante demais desses objetivos. É fato que o debate sobre o

plurilinguismo é atualmente incontornável, seja no âmbito acadêmico, seja no âmbito

institucional, entre os responsáveis pelo estabelecimento de políticas educacionais. Os atores

do FLE nunca estiveram tão empenhados, como agora, em pensar o plurilinguismo. Sabe-se

que várias razões, sobretudo a conjuntura econômica que tem privilegiado, neste momento, o

ensino do inglês e do espanhol, levaram os professores de francês dos dias atuais a “mudar de

campo”. Rosa Maria de Oliveira Graça, ex-presidente da Associação dos Professores de

Francês do Rio Grande do Sul, estado que, como muitos outros, tem lutado com afinco para

evitar o desaparecimento do francês, teceu uma reflexão sobre as perspectivas profissionais de

um professor de francês, ressaltando aspectos de sua inserção no contexto socioeducacional.

Segundo ela, “O ensino de francês deixou de ser, há muitas décadas, uma questão indiscutível

nos diferentes níveis de ensino da escola maternal à universidade, o que vem exigindo dos

professores desse idioma ações e projetos de motivação que muito têm contribuído para sua

permanência e/ou inclusão nas diferentes instituições de ensino”. (Caderno de Letras, nº 8,

2001, p. 17). Acredita-se, também, que é papel da Universidade responder a necessidades que

vão além das contingências de mercado, visando à formação de profissionais capazes de

refletir criticamente, com pleno conhecimento das referências fundamentais para o

desenvolvimento das ciências humanas e das artes. Em que medida tem ela cumprido esse

papel? Nesta comunicação, proponho-me a refletir sobre essas questões, considerando que

todo sistema repousa sobre um certo ideal humano. Para tal, partirei dos estudos de Karl R.

Popper (Cf. LORENZ K. & POPPER Karl., L’avenir est ouvert, Ed Flammarion, Paris ,

1995).

Patricia Argolo Rosa (Profª. UESC) & Lucia Regina Fonseca Netto (Profª. UESC)

FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA: CONCEPÇÃO

DE CURSO

A presente comunicação pretende relatar a concepção de 02 (dois) Cursos de Língua

Estrangeira Moderna/Inglês da UESC - os cursos de primeira e segunda licenciaturas

aprovados pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Estadual de Santa

Cruz – UESC, constituídos para atender o Plano Nacional de Formação de Professores,

destinado aos professores efetivos e em exercício das escolas públicas estaduais e municipais

sem formação adequada à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB. Os

projetos pedagógicos do Curso de Língua Estrangeira Moderna/Inglês, em pauta, são

Licenciaturas de graduação plena e com o tempo de integralização de no máximo 04 (quatro)

anos para o de primeira licenciatura e de no máximo 03 (três) anos para o de segunda. Os

referidos cursos obedecem ao sistema de ensino presencial de creditação das disciplinas que

serão oferecidas em 08 (oito) semestres para o de primeira e em 06 (seis) para a de segunda

licenciatura. O curso referente à primeira licenciatura em Língua Estrangeira Moderna/Inglês

objetiva, através do trinômio ação-reflexão-ação (Freire, 1989), e tendo o contexto

educacional em que os alunos-professores estão inseridos, estabelecer propostas próprias para

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uma reflexão maior sobre o “ser” professor da área de Língua Estrangeira. O referido curso

espera formar o aluno/professor não apenas para construção da sua prática pedagógica, mas

para que este aluno/professor possa relacionar teoria e prática, e com isto resolver problemas

práticos e, nessa atividade, aprofundar e conscientizar o seu saber, como também auxiliar na

utilização da reflexão como forma de ação para que este aprendiz encontre sentido e

significado para o seu trabalho. O curso referente à 2ª licenciatura é destinado a uma clientela

específica de professores efetivos da educação básica pública, que atuam em área diversa da

sua formação inicial. Possibilitando uma segunda graduação aos docentes em exercício na

educação básica pública, que já possuem algum diploma de licenciatura e que estejam em

atividade há pelo menos três anos, o curso em questão, através do Programa Emergencial de

Segunda Licenciatura garante a esse professor de Inglês uma sólida formação teórica nos

conteúdos trabalhados na educação básica, preparando-o adequadamente ao exercício da

prática do trabalho, da cidadania e da vida cultural e agregando conhecimento científico,

valorizando sua formação graduada prévia, bem como sua experiência profissional.

Patrícia da Silva Campelo Costa (Doutoranda UNISINOS) & Marilia dos Santos Lima

(Doutoranda UNISINOS)

CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA E COLABORAÇÃO EM INGLÊS COMO LÍNGUA

ESTRANGEIRA

Os dados relatados e analisados neste trabalho formam parte de um projeto de pesquisa sobre

colaboração e consciência linguística no aprendizado de inglês por alunos universitários. O

desenvolvimento de tarefas colaborativas e seus efeitos sobre os participantes são

examinados, de modo a avaliar como os aspectos cognitivos e socioculturais da aprendizagem

podem ser estimulados durante a interação entre aprendizes. O propósito do estudo é observar

como tarefas colaborativas conduzidas online e face-a-face promovem ocasiões de

consciência linguística (Svalberg, 2007), levando à aprendizagem da língua. Os participantes

do estudo executaram tarefas oralmente e por escrito, em pares. O diálogo colaborativo

(Swain, 2000) estabelecido entre os participantes ao realizar as tarefas foi gravado em áudio e

posteriormente transcrito, a fim de se investigar os estados cognitivos nos quais os alunos

estavam conscientes da língua produzida por eles. Atenção especial foi dada àqueles

momentos em que os aprendizes se autocorrigiram e/ou corrigiram seu parceiro. Os

participantes também tiveram a oportunidade de refletir sobre a sua produção linguística,

revendo as gravações e transcrições uma semana após cada tarefa ser realizada. Além disso,

eles foram entrevistados sobre suas percepções e dificuldades após cada sessão. A análise de

dados e respostas do protocolo revelam que os alunos refletiram sobre a língua estrangeira,

exibindo ocasiões de atenção e consciência linguística. Ademais, há evidências de que a

natureza colaborativa das tarefas estimulou o processo de noticing (percepção), o qual pode

facilitar a aprendizagem, uma vez que os participantes perceberam lacunas na sua produção

quando receberam feedback de seus parceiros durante as sessões.

Priscila Aguiar Melão (Doutoranda USP)

A EXPERIÊNCIA E OS DESAFIOS DE UM CURSO SOBRE GÊNEROS TEXTUAIS

NO ENSINO DE FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA

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Esta comunicação coordenada se inscreve no eixo temático dos processos de

ensino/aprendizagem e tem como objetivo apresentar os desafios, as experiências e os

resultados encontrados pelas docentes em um curso de extensão de aproximadamente 45

horas sobre os gêneros textuais que visa ao desenvolvimento das capacidades de linguagem

de alunos de francês língua estrangeira (FLE). Para isso, temos como referência os trabalhos

desenvolvidos por Schneuwly e Dolz (2004), voltados para a construção de modelos didáticos

para os diversos gêneros textuais e para elaboração de sequências didáticas com base nos

modelos didáticos. Nessa perspectiva, tanto o modelo didático quanto a sequência didática são

vistos como mediadores do processo de ensino dos gêneros e das capacidades de linguagem.

As sequências didáticas desenvolvidas no curso foram construídas através de quatro gêneros

textuais de acordo com as pesquisas de mestrado correspondentes às docentes: roteiro de

visita, relato de viagem, anúncio publicitário e “faits divers”. A teoria do interacionismo

sociodiscursivo, tal como é apresentada por Bronckart (1999, 2004, 2006), é a base teórica

dessas pesquisas em relação ao modelo de análise de textos e ao próprio conceito de gênero

textual. As quatro sequências didáticas desenvolvidas em sala de aula serão apresentadas,

assim como as análises das produções iniciais e das produções finais dos alunos do curso de

extensão. Mostraremos, ainda, as soluções e dificuldades encontradas pelas professoras em

adequar as sequências didáticas às capacidades dos alunos que têm diferentes níveis de

francês, que variavam do nível A2 até o nível C1. A partir das produções iniciais e finais dos

alunos, apontaremos alguns resultados de sua aplicação em sala de aula com relação às

capacidades de linguagem dos alunos focando, portanto, os aspectos contextuais, discursivos

e linguístico-discursivos.

Participantes da Mesa:

Priscila Aguiar Melão (Doutoranda USP) – Coordenadora

Eliane Gouvêa Lousada (USP)

Jenifer Lopes de Brito (graduanda UEL)

Maria da Glória Magalhães dos Reis (UnB)

Priscila Aguiar Melão (Doutoranda USP)

O PROFESSOR, A APROPRIAÇÃO DO GÊNERO ANÚNCIO PUBLICITÁRIO E

CONSEQUÊNCIAS PARA O ENSINO E PARA A FORMAÇÃO DO PROFESSOR

Esta comunicação visa a apresentar a análise do gênero textual anúncio publicitário como

formadora das práticas de ensino de língua estrangeira. A apropriação de um gênero textual,

pelos alunos, pode contribuir para o desenvolvimento de suas capacidades de linguagem

(Schneuwly & Dolz, 2004). Da mesma forma, a apropriação dos gêneros textuais, como

objeto de ensino, pelos professores, pode contribuir para seu desenvolvimento, sendo

considerado como um instrumento de ensino do professor. Para mostrar de que maneira o

gênero textual pode ser considerado como um megainstrumento para alunos e professores no

ensino aprendizagem de línguas estrangeiras, apresentaremos a construção de um modelo

didático (Schneuwly & Dolz, 2004) que servirá de base ao professor para a elaboração de uma

sequência didática. A teoria do interacionismo sociodiscursivo, tal como é apresentada por

Bronckart (1999, 2004, 2006), é a base teórica desta pesquisa em relação ao modelo de

análise de textos e ao gênero de textos. A pesquisa se baseia igualmente nos desdobramentos

do interacionismo sociodiscursivo por outros pesquisadores para a criação de materiais

didáticos a partir da noção de gênero textual (Schneuwly & Dolz, 2004; Cristóvão, 2005;

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Lousada, 2005; Machado, 2005; Dionísio, 2005; entre outros). Em seguida, para a elaboração

do modelo didático do anúncio publicitário, categorias específicas de análise de textos verbo-

visuais (Kress & Van Leeuwen, 2006) serão apresentadas. Elas possibilitarão a verificação

das construções de significados sociais. Portanto, nesta perspectiva, o gênero textual pode ser

considerado um megainstrumento (Schneuwly & Dolz, 2004) para o professor que contribuirá

para o desenvolvimento das capacidades linguageiras dos alunos de língua estrangeira.

Priscila Aguiar Melão (Doutoranda – USP)

UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA A PARTIR DO GÊNERO TEXTUAL ANÚNCIO

PUBLICITÁRIO PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA

ESTRANGEIRA: AS DIFICULDADES E OS RESULTADOS

Esta comunicação visa a apresentar a experiência de um curso de extensão baseado em

gêneros textuais para o ensino-aprendizagem de francês língua estrangeira (FLE) com o foco

principal do desenvolvimento da produção escrita dos alunos. Apresentaremos o processo de

criação de uma sequência didática (SD) do gênero textual anúncio publicitário e as

dificuldades do docente com relação à criação dessa SD (Schneuwly & Dolz, 2004) e à

aplicação da mesma. Para tanto, mostraremos o modelo didático (Schneuwly & Dolz, 2004)

do gênero escolhido e previamente elaborado por nós, tendo por base a teoria do

interacionismo sociodiscursivo, tal como é apresentada por Bronckart (1999, 2004, 2006). A

pesquisa se baseia igualmente em estudos feitos a partir do interacionismo sociodiscursivo

(ISD) por outros pesquisadores na criação de materiais didáticos a partir da noção de gênero

textual (Schneuwly & Dolz, 2004; Cristovão, 2005; Machado, 2005; Dionísio, 2005; entre

outros). Para o desenvolvimento do modelo didático do gênero anúncio publicitário, os textos

verbo-visuais (Kress & Van Leeuwen, 2006) também foram analisados à luz de algumas

categorias que possibilitam a verificação das construções de significados sociais. Após a

apresentação do quadro teórico geral, mostraremos o modelo didático e a sequência didática

do gênero anúncio publicitário como desenvolvedora das capacidades de linguagem dos

alunos de FLE. Ilustraremos, ainda, as dificuldades do docente na criação da sequência,

apresentando alguns resultados do curso de extensão através da confrontação das produções

iniciais e das produções finais dos alunos, analisando o desenvolvimento das capacidades de

linguagem, ou seja, focando os aspectos contextuais, discursivos e linguístico-discursivos.

Rafael Schuabb Poll da Fonseca (Doutorando UERJ) & Raphael dos Santos Miguelez Perez

(Doutorando UERJ)

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA JAPONESA: A QUESTÃO DAS

MARCAS LINGUÍSTICAS DO JAPONÊS

Devido ao desenvolvimento econômico do Japão e às necessidades comunicativas de um

mundo globalizado e capitalista, nas últimas décadas o ensino de língua japonesa vem

ganhando espaço no ensino de nível superior no Brasil. Os professores universitários que

atuam nesses espaços e que são, em sua maioria, descendentes de japoneses ou nativos,

aprenderam a língua japonesa num primeiro momento com a família, de forma que sua língua

materna muitas vezes é esse próprio idioma. No entanto, com o crescimento da busca por

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parte de não nativos pela formação de Letras com habilitação em língua japonesa, estamos

vivendo um momento de injeção de profissionais brasileiros não descendentes de japoneses

nesse campo. Tais graduados, que muitas vezes só aprendem a língua japonesa ao

ingressarem em um curso universitário, têm, então, a necessidade de aprender o japonês com

fluência (vantagem que o nativo e o descendente que aprende a língua japonesa em casa,

como língua materna ou não, possuem) e, para tal, precisam atentar para fatos linguísticos

bastantes diferentes daqueles que se verificam no português. Isso exige ao brasileiro que

assuma um ponto de vista linguístico, diferente daquele a que está acostumado ao usar seu

idioma materno, para alcançar naturalidade ao se comunicar em língua japonesa.

Determinadas características da língua, se não aprendidas apropriadamente pelos formandos,

podem fazer com que estes tragam para a língua japonesa certos vícios do português, não

naturais para os japoneses. Entre esses, destacamos especificidades como a linguagem

honorífica, a voz passiva, os cumprimentos, a diferença entre linguagem masculina e

feminina, a demonstração de gratidão por meio de elementos linguísticos, o pouco uso de

pronomes pessoais, entre outros. Esses elementos, em contraste com a língua portuguesa,

possuem especificidades que podem passar despercebidas pelo aprendiz brasileiro, incluindo

pontos de vista e formas de pensar próprias ao povo japonês. Sendo assim, baseando-nos na

teoria enunciativa de Maingueneau, buscamos mostrar os cuidados que os brasileiros que

estão se formando como professores de língua japonesa precisam tomar para atuar de forma

satisfatória como tais.

Raphael Ramos de Almeida (Graduando UFRJ)

REVISANDO A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NO ENSINO DE ALEMÃO

COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA (ALE)

Este trabalho apresenta como tema norteador os métodos de avaliação, que também podem

ser considerados como medição de desempenho. Assim, será feita uma revisão histórica sobre

o surgimento dos métodos de avaliação, suas diferentes características, etapas e critérios para

as medições de desempenho. Também será feita uma revisão teórica acerca de diferentes

linhas de pesquisa sobre os métodos avaliativos, buscando em autores como Nelson Pillet

(2000) e José Libâneo (1985) algumas classificações e conceituações sobre aspectos da

medição de desempenho. Além disso, o próprio surgimento da necessidade de

desenvolvimento de métodos de avaliação é questionado e discutido neste trabalho, assim

como possíveis acordos e propostas estabelecidos entre professores e alunos, de preferência

no início de um período letivo, seja ele em cursos, escolas ou universidades. Como este

trabalho é desenvolvido e voltado para o ensino de alemão como língua estrangeira (ALE),

serão pontuados aspectos relacionados a desempenho e a avaliação em aulas deste idioma.

Para isso, o trabalho conta com exemplos de atividades voltadas para as habilidades de leitura,

escrita, compreensão e oralidade e as habilidades parciais que envolvem vocabulário e

gramática. As diferentes perspectivas revisitadas neste trabalho demonstram a necessidade de

que não se considere as avaliações de desempenho como atitudes extremistas, pessoais e

punitivas, demonstrando como esses métodos evoluíram com o surgimento de novos estudos

e pesquisas e como estão sendo empregados na contemporaneidade.

Raphaela Dexheimer Mokodsi (Profª. UERJ)

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A FALA DO PROFESSOR SOBRE O SEU TRABALHO: UM ESTUDO

DISCURSIVO.

Esta pesquisa se propõe a analisar a fala de professores de Língua Portuguesa da rede

municipal de ensino do Rio de Janeiro sobre o seu trabalho, inserido num período de

mudanças para essa rede de ensino. Para tal, foi realizado um grupo de discussão (GD), um

momento coletivo de fala dos professores sobre o seu trabalho, através do qual se verificou a

expressiva incidência de enunciados negativos de caráter polêmico, segundo definição de

Ducrot (1987). Assim, tais enunciados e seus respectivos pontos de vista subjacentes

formaram o corpus da pesquisa. Buscou-se, a partir desse recorte, refletir sobre os discursos

que circulam sobre o trabalho docente, relacionando-os aos conceitos de competências

(SCHWARTZ, 1998), renormalizações (SCHWARTZ, 2002 e 2007) e trabalho impedido

(CLOT, 2006) advindos das Ciências do Trabalho. No que se refere aos estudos das práticas

discursivas, enfocou-se as contribuições de Bakhtin sobre dialogismo da linguagem

(BAKHTIN, 1981 e 2003), a negação polêmica de Ducrot (1987) e o arcabouço teórico de

Maingueneau (2001, 2002 e 2008) para os estudos enunciativos da Análise do Discurso. Os

resultados nos possibilitaram apontar discursos circulantes subjacentes acerca do trabalho

docente e refletir sobre tais construções de posições enunciativas que, em sua maioria,

atribuem a responsabilidade pelos problemas no ensino ao professor. Além disso,

identificamos contrastes entre os professores quanto à visão do ensino de Língua Portuguesa

para o Ensino Fundamental.

Raquel de Castro dos Santos (Profª. SEEDUC RJ/PG-UFRJ/ PG-CEFET)

ADVENTO ARTICULATÓRIO ENTRE AS LITERATURAS HISPÂNICAS E UMA

LICENCIATURA DE PORTUGUÊS-ESPANHOL

Com este trabalho, procura-se dialogar a relação das literaturas hispano-americanas com a

Licenciatura de Português-Espanhol, de uma instituição de ensino superior, no contexto atual.

Objetiva-se colocar esta relação no centro gravitacional por ser considerada importante para o

universo acadêmico e profissional, pois, trata-se de disciplinas obrigatórias para a formação

do discente futuro professor. A questão da prática docente com o ensino de literaturas

hispano-americanas permanece em posição de destaque, já que é através dela que o professor

e o aluno estabelecem relação entre a literatura e sua prática docente de fato. Para a

articulação entre ambas, será utilizado o conceito de letramento literário. Como prática social,

o letramento literário permite que o ensino das literaturas hispano-americanas não seja

reduzido, restritivamente, ao saber acadêmico. Consoante expoentes teóricos de tal viés

proposto para o diálogo articulatório, serão interpelados Rildo Cosson (2009) e Graça Paulino

(2010). O presente trabalho originou-se dos estudos pertinentes à Especialização em Ensino

de línguas estrangeiras, do CEFET/RJ e integra o projeto para a monografia final do curso. A

pesquisa encontra-se em fase de leitura da base teórica, dos documentos oficiais relativos à

educação brasileira, e ao tema específico, e demais textos sobre o ensino de literatura nas

aulas de ELE. Para tal pesquisa, foram concedidas uma entrevista por dois professores do

curso de Português-Espanhol de uma universidade pública do Rio de Janeiro. O guia de

perguntas foi dividido em dois blocos. O primeiro diz respeito à formação e à prática docente

e o segundo versa sobre as literaturas hispano-americanas e a Licenciatura, a fim de formar

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um panorama da relação entre as literaturas hispano-americanas e a Licenciatura de uma

graduação de Português-Espanhol no momento atual.

Raquel Rodrigues Caldas (Profª. UNICAMP)

MATERIAL DIDÁTICO PARA ITALIANO EM CONTEXTO ACADÊMICO:

REVISTANDO CONCEITOS E PRÁTICAS

Esta comunicação tem como objetivo central apresentar percursos teórico-práticos

relacionados à reelaborarão do material didático usado para a disciplina de Italiano II

ministrada no Centro de Ensino de Línguas da Universidade Estadual de Campinas. As

transformações em andamento se fundamentam na ideia de que materiais didáticos para o

contexto acadêmico e voltados ao alunado brasileiro devem buscar operacionalizar objetivos e

conteúdos apropriados à formação cidadã e ética por meio da língua adicional, respeitando-se

as especificidades universitárias. O panorama do ensino-aprendizagem de italiano nas

universidades brasileiras, de um modo geral, seguem orientações ainda marcadas pelo ensino

das quatro habilidades e por uma visão idealizada da língua, da cultura e do falante do

italiano. A partir disso, buscou-se criar um material que tem base em concepções discursivas

de língua/ linguagem e que toma os gêneros de discurso como principais organizadores das

relações sociais.

Renata Añez de Oliveira (Doutoranda USP)

ATIVIDADES DIDÁTICAS PARA O ENSINO DO GÊNERO “FAIT DIVERS”: UMA

EXPERIÊNCIA EM UM CURSO DE EXTENSÃO DE FRANCÊS COMO LÍNGUA

ESTRANGEIRA

Esta comunicação objetiva apresentar atividades didáticas para o ensino de gêneros textuais,

detalhando mais especificamente uma sequência didática elaborada para ensinar o gênero fait

divers em um curso de extensão de francês como língua estrangeira. Os gêneros textuais são

vistos, nesta apresentação, como uma maneira de colocar em prática o que preconiza o

QECR/CECR (Cadre Européen Commun de Référence) para o ensino de línguas estrangeiras,

já que ele teoriza que seu ensino deve ser feito através de situações específicas,

contextualizadas, em que o aluno tenha que realizar atividades com propostas definidas a fim

de conseguir comunicar-se adequadamente e atingir um determinado objetivo em uma

determinada situação de comunicação (Conseil de l’Europe, 2001). O ensino através de

gêneros textuais vem ao encontro desses estudos, trazendo aos aprendizes a possibilidade de

vivenciar situações de comunicação da vida real, de maneira a conseguir agir em uma situação

de comunicação específica e atingir uma finalidade em um determinado contexto, através de

um determinado gênero textual. A proposta de trabalho que apresentaremos baseia-se nos

pressupostos teóricos do interacionismo sociodiscursivo (ISD) de Bronckart (1999, 2006), que

sustenta que os textos são materializações de situações de ação de linguagem, inseridas em

diferentes contextos de produção e em suas aplicações didáticas, como proposto por

Schneuwly & Dolz (2004), Cristóvão (2002), Machado (2009), Lousada (2009, 2010), entre

outros. Após mostrarmos o quadro teórico que embasa a pesquisa, apresentaremos o modelo

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didático (Schneuwly & Dolz, 2004) do gênero fait divers e algumas das atividades didáticas

que foram elaboradas para o curso.

Renata Añez de Oliveira (Doutoranda USP)

O GÊNERO ‘FAIT DIVERS’ EM ENSINO DO FLE: AS CAPACIDADES DE AÇÃO E

AS CAPACIDADES DISCURSIVAS EM TRANSFORMAÇÃO NO ESTUDO

COMPARATIVO DE PRODUÇÕES ESCRITAS DE ESTUDANTES DE FLE

Esta comunicação visa a mostrar uma experiência de ensino de produção escrita a partir do

gênero textual ‘fait divers’ no contexto de um curso de extensão universitária de francês como

língua estrangeira. O ensino através de gêneros tem sido objeto de estudo de diversas

pesquisas em língua materna (Machado, 2009; Nascimento, 2009) nos últimos anos,

sobretudo a partir da publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) no Brasil, em

1998. Nesta comunicação, procuraremos mostrar como essa noção pode contribuir para o

ensino das línguas estrangeiras, em nosso caso o francês. Para atingir nosso objetivo,

baseamo-nos nos pressupostos teórico metodológicos do interacionismo sociodiscursivo

(ISD), como proposto por Bronckart (1999) e em seus desdobramentos para o ensino (por

meio) de gêneros textuais, como sugerem Schneuwly & Dolz (2004), Machado (2009),

Cristóvão (2002), Lousada (2009, 2010), entre outros. A partir desse quadro teórico,

elaboramos o modelo didático do gênero fait divers que deu origem a uma sequência didática

para trabalhar o gênero e também para desenvolver as capacidades de linguagem dos

aprendizes: capacidade de ação, discursiva e linguístico-discursiva (Schneuwly & Dolz,

2004). Com base no modelo didático do gênero, apresentaremos a análise das produções dos

alunos, tanto iniciais quanto finais, procurando compará-las e mostrando como se deu a

apropriação (ou não) das capacidades de linguagem dos alunos. Para tanto, mostraremos,

primeiramente, o quadro teórico que guiou os estudos e as análises; em seguida, detalharemos

o contexto no qual os dados foram coletados. Finalmente, os resultados das análises

comparativas das produções iniciais e finais dos alunos serão expostos.

Renata Archanjo (Profª. UFRN)

A CONTRIBUIÇÃO DA LINGUÍSTICA APLICADA A UMA PERSPECTIVA DE

ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA PLURILÍNGUE

A Linguística Aplicada enquanto campo de estudos sempre teve como uma de suas principais

áreas de pesquisa o ensino e aprendizagem de língua estrangeira, devendo, inclusive, a essa

área, o impulso para descolar do grande campo dos estudos linguísticos e firmar-se como

campo de estudos independente e autônomo (ARCHANJO, 2011). Em sua trajetória de

evolução e desenvolvimento, a Linguística Aplicada, em uma perspectiva de

transdisciplinaridade entre áreas de conhecimento, temáticas de estudo e questões de pesquisa

amplia as possibilidades de investigação dos cenários teóricos e práticos que envolvem o

ensino de línguas, materna e\ou estrangeira. Nesse sentido, abordar o ensino de Língua

Estrangeira significa, de alguma maneira, abordar as diferentes concepções teórico-

metodológicas que balizam a prática dos professores e formatam os aprendizes. Um rápido

retrospecto vai nos conduzir das abordagens tradicionais às perspectivas de ensino centradas

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nas ações, com um toque, essencial, de comunicabilidade. Nesse cenário, conhecer significa

agir e vice versa. E na dimensão da língua estrangeira, significa, mais ainda, poder agir em

contextos e situações que extrapolam a cultura de origem, considerando uma noção ampla de

cultura (HALL, 2011). A ideia de plurilinguismo, assim, vem ao encontro de uma concepção

de ensino e aprendizagem de língua que possa, conforme apontam as pesquisas recentes no

campo da Linguística Aplicada, trazer para a sala de aula de Língua Estrangeira (e defendo,

para a sala de aula de língua materna, igualmente) a transversalidade e a interdisciplinaridade

que vai permitir a construção, de fato, de uma cultura de aprendizagem que esteja em medida

de contribuir para a formação de um falante, leitor, escritor, aluno, professor que seja mais do

que um reprodutor de um código linguístico determinado, mas de uma cultura outra que a sua

que possa lhe ser complementar na diferença. Esta comunicação pretende apresentar e discutir

dados coletados em disciplina de formação em Linguística Aplicada no âmbito do curso de

Licenciatura em Língua e Literatura Francesa da UFRN, no qual se defende essa postura

formativa e plural.

Renata Cristina de Azevedo Borges Peres (Doutorando UFRJ)

A COMPLEMENTARIDADE DE AMBIENTES: IMPRESSÕES DOS

PARTICIPANTES NA CONSTRUÇÃO DE UM CURSO SEMIPRESENCIAL

O presente trabalho é um relato de uma pesquisa exploratória de base etnográfica,

desenvolvido no âmbito do projeto Letras 2.0, do núcleo de pesquisas Lingnet da Faculdade

de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Considerando a nova configuração da

sala de aula com o advento das novas tecnologias da informação e comunicação e sua

influência na formação docente, a pesquisa teve como objetivo relatar algumas perspectivas

de professora e alunos acerca da complementaridade dos ambientes online e presencial da

disciplina Inglês Instrumental na graduação, participante do projeto Letras 2.0, baseada em

questionamento central: “A plataforma online foi planejada pela professora e percebida pelos

alunos de forma complementar ao ambiente presencial?” Tal reflexão foi embasada em

pressupostos teóricos sobre AVAs (TAVARES, 2009), MOODLE (DOUGIAMAS, 2000) e

complementaridade de ambientes virtuais e online (MORAN, 2001). Para a análise dos dados,

gerados através de instrumentos etnográficos, foram consideradas todas as menções e

referências feitas entre os ambientes online e presencial nas notas de campo, nos portfólios

dos alunos e na entrevista da professora, na tentativa de observar uma possível característica

complementar entre os dois ambientes, nas perspectivas de professora e alunos. Segundo a

análise, professora e alunos confirmam a complementaridade dos dois ambientes, embora

apresentem diferentes perspectivas deste conceito A diferença na concepção de

complementaridade por parte de alunos e professora parece ter direcionado para diferentes

avaliações do processo. Para o encaminhamento da investigação, faz-se necessário retomar a

pesquisa, com instrumentos que estabeleçam de forma mais concreta o conceito de

complementaridade.

Renata Lopes de Almeida Rodrigues (Profª. UERJ)

O LICENCIANDO COMO RESPONSÁVEL POR SUA PRÓPRIA FORMAÇÃO

DOCENTE – CONSTRUÇÃO DE AUTONOMIA E REFLEXÃO

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Refletir sobre a formação do professor de línguas tem sido uma tendência atualmente nas

áreas de educação e linguística aplicada (Barcelos, Batista e Andrade, 2004), pois cada vez

mais se fala em formar um profissional reflexivo e autônomo. As dificuldades enfrentadas

por professores e licenciandos permeiam a formação inicial de professores como um conjunto

de questões que incluem a formação teórica e prática do profissional e o papel da interação

nesse processo. Dentre essas questões, focarei na construção discursiva da autonomia do

licenciando, assim como na construção de seu fazer pedagógico. Considero o licenciando

como um praticante responsável por esse movimento de aprender e ensinar, incluindo a

construção social de conhecimentos na interação com o outro (Vygotsky, 1991). Na busca de

entendimentos sobre essas questões, alinho-me aos princípios da Prática Exploratória

(Allwright e Hanks, 2006; Miller, 2010; Moraes Bezerra, Miller e Cunha, 2007) e aos estudos

da linguagem sob uma abordagem sociohistórica apresentada por Wertsch (1991), cujo foco

está na ação discursiva (Moita Lopes, 2002). Esta é uma pesquisa de cunho qualitativo, do

tipo participante, que pressupõe a atuação de todos os praticantes como “key developing

practitioners” (Allwright & Hanks, 2009). As questões relacionadas à autonomia dos

professores em formação inicial são estudadas a partir da interpretação de dados orais,

provenientes de encontros de um grupo de licenciandos (bolsistas de um projeto de Iniciação

à Docência) e de duas professoras orientadoras desse projeto, com a finalidade de refletir e

construir conhecimento sobre a prática docente e sobre a prática de elaboração de material de

leitura em língua inglesa. Além desses dados, há, ainda, dados escritos – relatórios e e-mails

trocados pelo grupo, que são utilizados como suporte para a interpretação dos dados orais.

Alguns entendimentos desses dados apontam para o desenvolvimento de práticas docentes

mais autônomas e críticas, além de transparecerem um continuum reflexivo – processo pelo

qual os participantes têm vivido a partir dos encontros exploratórios do grupo.

Renata Martuchelli Tavela (PG-UERJ/ PG-CEFET)

“NUEVAS VUELTAS AL SOL”: AS ARTES MUSICAIS E VISUAIS NA

FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE LETRAS

Esta comunicação surgiu através do desdobramento das reflexões que vem sendo realizadas

por conta da confecção da monografia do Curso de Especialização em Ensino de Línguas

Estrangeiras do CEFET/RJ, cujo estudo propõe uma análise do enfoque sociocultural em

letras de músicas do cantor e compositor espanhol Alejandro Sanz, nas aulas de espanhol

como língua estrangeira (E/LE). Entretanto, devido à utilização também das Artes Visuais,

que dialogam com as letras de músicas selecionadas, promovendo, ainda mais, a motivação

dos alunos de E/LE, em contraposição dos materiais didáticos e da própria formação

acadêmica do professor, centrada na maioria das vezes, em uma abordagem tradicional e na

teoria, nota-se a necessidade de uma revisão na formação do profissional de Letras em relação

a certos saberes e questões. Ou seja, quem é este professor que sai da Universidade? Como ele

pode promover a interdisciplinaridade e a interculturalidade, conceitos tão em voga no

momento atual, se ele não teve conhecimento desses novos pensamentos na sua formação

inicial? Como fundamentação teórica, este trabalho recorre à concepção dialógica de

linguagem (BAHKTIN, 2003); a perspectiva ergológica de trabalho (SCHWARTZ, 1997); a

utilização de diversos gêneros nas aulas de E/LE (DÓRI, 2007); do gênero canção em sala de

aula (COSTA, 2003; SALLÉS MARTÍNEZ, 2002); dos estudos sobre multiculturalismo

(MOREIRA, ANO; CANDAU, 2010); do interculturalismo (PARAQUETT, 2005); do uso de

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recursos audiovisuais em sala (CALÍS, LABADY e SÁNCHEZ COTS, 2002). Desta maneira,

não é mais o momento de seguir com os métodos tradicionais na formação do professor de

Letras, porém, de buscar novos métodos, ou reatualizá-los a essa nova realidade, uma

realidade marcada pelo diálogo e pela relativização, aonde não há uma verdade absoluta senão

verdades. Por tal motivo, faz-se necessário a promoção da interculturalidade na formação de

professores de E/LE, não somente por meio de textos, mas das Artes Musicais e Visuais, que

tem muito a contribuir para um melhor rendimento dos licenciandos.

Renata Palmeira (Doutoranda UFF)

DA PRESCRIÇÃO À AÇÃO: A IMAGEM DA SALA DE LEITURA

Esta comunicação inscreve-se no eixo temático da Análise do discurso e práticas docentes e

vincula-se a estudos desenvolvidos no âmbito do GRPesq Práticas de linguagem, trabalho e

formação docente (UFF, CNPq). Relata primeiros resultados de pesquisa em andamento que

objetiva discutir a imagem que se constrói discursivamente do professor regente da sala de

leitura e desse espaço escolar. O corpus de análise compreende documentos que a

regulamentam e entrevistas com docentes. Num segundo momento, pretende-se comparar as

imagens instituídas a partir dos textos legais com as que são disseminadas entre os professores

entrevistados da rede. As salas de leitura das escolas públicas do município do Rio de Janeiro,

conforme resolução SME nº 1072, de março de 2010, publicada no Diário Oficial do

Município do dia 5 de abril de 2010, dentre outras disposições, constituem-se para ser

“espaços voltados para a promoção da leitura e a formação de leitores e que devem estar

abertas e acessíveis à comunidade escolar durante todos os turnos de funcionamento da

escola”; devem “oportunizar a realização de atividades de leitura e de pesquisas escolares”,

assim como “ser previamente organizadas, observando a necessidade da utilização

responsável do espaço e dos acervos, pela comunidade escolar”. Contudo, de acordo com o

que se percebe em diversas discussões entre os professores e em conselhos de classe, parece

haver um consenso em relação ao desconhecimento da função da sala de leitura e de seus

professores regentes. Os primeiros resultados apontam uma imagem negativa a respeito do

professor da sala de leitura que é conhecido como aquele profissional que não gosta de

trabalhar, que foge da sala de aula e se “esconde” na sala de leitura. Além dos documentos

oficiais que prescrevem o trabalho do profissional da sala de leitura, busca-se também tratar

de outros dispositivos relacionados a essa prática disciplinar (FOUCAULT, 1995). A

fundamentação teórica apoia-se basicamente na Análise do discurso (MAINGUENEAU,

1987) e em estudos enunciativos (FOUCAULT, 1969).

O QUE SERÁ DO LD DE LÍNGUA ESTRANGEIRA? REFLEXÕES A PARTIR DO

PNLD.

Renato Pazos Vazquez (UFRRJ/CTUR - Doutorando UFRJ)

Esta comunicação visa a apresentar um projeto de tese que objetiva avaliar a importância do

Livro Didático (LD) de Língua Estrangeira / Espanhol dentro de sala de aula e as fronteiras de

seu papel em consonância com a atuação do professor no processo de ensino/aprendizagem de

Língua Estrangeira. Inicialmente, através de um percurso histórico das políticas públicas que

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envolvem o LD - desde a primeira política de distribuição de livros no período do ministro

Capanema (1932) até as atuais políticas que envolvem o LD, englobando a criação do PNLD

e a importância que lhes é dada (Fecchio, 2007; Gatti Junior, 2004) - apontaremos os fatores

históricos da trajetória que o levou a desempenhar o papel dentro de sala de aula que lhe é

conferido atualmente. Em seguida, abordaremos a relação do professor com o LD (Batista &

Rojo, 2005), discutindo o confronto presente entre o discurso do docente e sua atuação

pedagógica. Para isso, iremos discutir as fronteiras na função do LD em relação à do

professor, levantando a hipótese que é comum atualmente, entre os profissionais de ensino, de

se esconderem atrás da legitimidade e da autoridade dos LDs, acarretando em uma

supervalorização do livro como instrumento essencial, como tecnologia educacional básica,

deslocando o professor para o papel de coadjuvante dentro do cenário educacional.

Rita de Cássia dos Santos Flores (Doutoranda UFF)

ESPANHOL PARA FINS ESPECÍFICOS: UM VIÉS PERSUASIVO

Este trabalho visa apresentar um projeto de dissertação de mestrado sobre Espanhol para Fins

Específicos (EFE), cujo objetivo é abordar questões teóricas com o propósito de iluminar

aspectos relevantes dentro do ensino/aprendizagem de EFE, para, dessa forma, poder

contribuir não apenas com reflexões que já vêm sendo empreendidas nesse âmbito, mas

também para fomentar futuras discussões sobre importantes pontos de vista de uma área que

se evidencia a cada dia por conta de um novo rumo do ensino/aprendizagem da língua

espanhola no Brasil: a do mundo dos negócios. Além disso, a pesquisa busca analisar a

necessidade da aprendizagem de espanhol no mundo corporativo. Optamos por privilegiar a

realização de dois recortes teóricos que nos permitirão refletir sobre questões relevantes em

torno de temas que envolvem o ensino de EFE. Para isso, por um lado, lançamos mão da

teoria variacionista, (LABOV, 1960) para, então, discutir os conceitos de ‘língua comum’ e

de ‘língua para fins específicos’; por outro lado, contamos com a noção de gênero do discurso

(BAKHTIN, 2003) para analisarmos o ensino de EFE sob a perspectiva dialógica. A

metodologia de pesquisa prevê visita a duas empresas multinacionais espanholas instaladas no

Rio de Janeiro, para a realização de entrevistas ao responsável da área de Treinamentos de

Recursos Humanos e também a alguns empregados que fazem parte do Programa de Idiomas

em suas respectivas empresas. Nesse sentido, esperamos que a análise das respostas das

entrevistas nos leve a uma discussão sobre o que essas empresas querem e o que os seus

empregados esperam do curso de espanhol ministrado em seu ambiente de trabalho.

Rita Jover Faleiros (Profª. UnB)

A NOÇÃO DE "ESTRATÉGIA" PARA O ENSINO/APRENDIZAGEM E SEU

PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO AO LONGO DE TRINTA ANOS: DOIS

DICIONÁRIOS, DOIS MOMENTOS

A noção de “estratégia” é cara aos pesquisadores da área de ensino/aprendizagem de línguas

estrangeiras; pois se trata, desde o desenvolvimento de uma didática centrada no aprendente,

de buscar, por meio dessa noção, de compreender como um indivíduo passa “da vontade à

ação” (RILEY, 1985). No contexto do ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras, essa

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compreensão implicaria também uma atividade metacognitiva que consistiria em sensibilizar

os aprendentes sobre as estratégias por eles já desenvolvidas em língua materna e buscar fazer

com que estes passem a mobilizá-las em língua estrangeira. Por vezes tratada como algo

tacitamente conhecido em manuais de ensino de língua estrangeira, essa noção exige, a nosso

ver, atenção particular sobretudo quando observamos como se transforma a maneira como ela

é descrita no intervalo de trinta anos que separa duas obras de referência na área de

ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras, respectivamente Dictionnaire de didactique des

langues (1976) de Robert Galisson e Daniel Coste e o Dictionnaire de didactique du français

langue étrangère et seconde (2003) de Jean-Pierre Cuq. Fazer a análise comparativa das

noções de “estratégia” trazidas nos dois dicionários e refletir sobre suas implicações do ponto

de vista da história da metodologia nesse período de 30 anos na área do ensino de línguas

estrangeiras são os objetivos desta comunicação.

Rita Jover Faleiros (Profª. UnB)

ENSINO DA LEITURA EM LÍNGUA ESTRANGEIRA, O QUE AS PRÁTICAS

INFORMAM SOBRE AS TEORIAS: ANÁLISE DE PROPOSTAS DIDÁTICAS DE

GUIAS PEDAGÓGICOS DE MANUAIS DE ENSINO DO FRANCÊS LÍNGUA

ESTRANGEIRA (FLE)

A leitura está presente em grande medida no ensino de línguas estrangeiras, entretanto, ao se

observar alguns dos manuais de editoras de grande circulação, constata-se que 1) a

competência leitora em língua estrangeira parece ser considerada como algo que se transfere

automaticamente para a língua-alvo; 2) os guias pedagógicos, que acompanham os manuais,

também, de maneira geral, não oferecem subsídios aos professores quanto ao ensino da

leitura; 3) poucas são atividades destinadas à reflexão sobre o processo de ler em língua

estrangeira, quando a atividade deixa de ser o suporte para o desenvolvimento das demais

competências e passa a ter o estatuto de finalidade. Esta comunicação tem por objetivo

discutir aspectos teóricos relativos à leitura em língua estrangeira em contexto de

ensino/aprendizagem por meio da análise de guias pedagógicos de ensino do FLE e das

atividades a eles relacionadas. Procuramos compreender qual concepção de leitor e de leitura

em contexto didático de ensino do FLE traduzem as propostas dos guias, bem como as

atividades de leitura que oferecem. São objetos dessa análise os guias dos manuais Reflets 1

(1999), Alter Ego1(2009) e Latitudes1 (2009).

Roberta Fraga De Mello (Doutoranda UERJ)

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA COMO LÍNGUA

ESTRANGEIRA PARA ALUNOS SURDOS

Historicamente, o acesso à escola sempre foi marcado pelo paradoxo inclusão/exclusão, seja

por fatores socioeconômicos, seja pela presença de padrões físicos considerados distintos dos

de uma suposta homogeneização. Assim, sob formas distintas, os que “destoam” de uma

normalização intelectual, física, social, cultural e linguística foram, durante muito tempo,

excluídos do espaço escolar. Um movimento mundial de respeito à diversidade vem mudar

esse quadro. No Brasil, sob a influência, principalmente, da Conferência de Jomtien (1990) e

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da Declaração de Salamanca (1994), é implantado, em 2003, o Programa Educação Inclusiva,

cujo objetivo é “apoiar a transformação dos sistemas de ensino em sistemas educacionais

inclusivos, promovendo um amplo processo de formação de gestores e educadores nos

municípios brasileiros para a garantia do direito de acesso de todos à escolarização, à oferta

do atendimento educacional especializado e à garantia da acessibilidade” (MEC/SEESP,

2011, p.4). Dentro dessa perspectiva, o objetivo do presente artigo é discutir alguns aspectos

relacionados à formação do professor de Língua Portuguesa (LP) no Brasil, especialmente, no

que se refere ao atendimento de alunos surdos, uma vez que a condição linguística destes, que

possuem como Língua Materna (LM) a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) - língua de

modalidade espaço-visual, distinta da maioria das línguas naturais, que são orais-auditivas -,

afeta diretamente o processo de ensino-aprendizagem e exige do professor de LP que ele seja

professor de língua materna, para os alunos ouvintes, e de língua estrangeira (LE), para os

alunos surdos, ao mesmo tempo, na mesma sala de aula. Para tal, tomamos como base as

legislações que orientam o processo de Educação Inclusiva no Brasil; a literatura

especializada sobre a formação de professores para a Educação Inclusiva e documentos, como

fluxogramas, que mostrem a atual formação desse profissional, enquanto professor de LP

como LE para surdos, no âmbito universitário. Por fim, ainda que possamos antecipar que “de

maneira geral, as licenciaturas não estão preparadas para desempenhar a função de formar

professores que saibam lidar com a heterogeneidade posta pela inclusão” (Pletsch, 2009, p.

150), nos destinamos a mostrar os progressos que têm sido feitos na formação de professores

e a propor alternativas para a educação inclusiva.

Rodrigo da Silva Campos (Doutorando UERJ)

A LEITURA DE JORNAIS POPULARES EM AULAS DE E/LE: POR QUE NÃO?

Nossa comunicação é um desdobramento de pesquisa que está sendo desenvolvida no

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Letras (área de concentração: Linguística) da

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) sobre a construção discursiva da imagem

do leitor de dois jornais populares da cidade do Rio de Janeiro: o Meia-Hora de Notícias e o

Expresso da Informação. A presente proposta, no entanto, tem como objetivo propor o

trabalho com o texto jornalístico de viés popular (AMARAL, 2006) dentro das aulas de

espanhol como língua estrangeira (doravante E/LE). Propomos uma exploração didática da

“primeira página” de alguns jornais populares do mundo hispânico, vislumbrando-a como um

gênero de discurso (BAKHTIN, 2011). Acreditamos que o uso do jornal popular na sala de

aula dialoga com a proposta de ensino de E/LE apresentada pelas Orientações Curriculares

Nacionais (OCN), nas quais constam que o ensino não pode ser um fim em si mesmo e deve

“contemplar a reflexão – consistente e profunda – em todos os âmbitos, em especial sobre o

“estrangeiro” e suas (inter)relações com o “nacional”, de forma a tornar (mais) conscientes as

noções de cidadania, de identidade, de plurilinguismo e de multiculturalismo, conceitos esses

relacionados tanto à língua materna quanto à língua estrangeira (OCN, 2006, p. 149)”. Com

tal proposta didática, pretendemos explorar a competência enciclopédica (MAINGUENEAU,

2004) dos alunos, assim como também abordar a leitura sob um viés discursivo, no qual

dever-se-á considerar as condições de produção dos enunciados, isto é, quem enuncia, de que

lugar sócio-histórico se enuncia e para quem se enuncia. Consideramos, finalmente, que

formar um leitor crítico em LE a partir da leitura de jornais populares poderá levar o aluno a

refletir também sobre os jornais populares escritos em sua língua materna e suas implicações,

tornando o processo de aprendizagem de E/LE orientado à formação de cidadãos críticos.

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Rosa Maria de Oliveira Graça (UFRGS)

O ENSINO-APRENDIZAGEM INTERATIVO E COLABORATIVO DO FRANCÊS

EM CONTEXTO ESCOLAR

Esta pesquisa está voltada para práticas pedagógicas de ensino-aprendizagem de francês

língua estrangeira (EAFLE) em contexto escolar sob a perspectiva da abordagem

sociointeracionista e da aprendizagem cooperativa em continuidade à pesquisa anterior - O

ENSINO-APRENDIZAGEM INTERATIVO E COLABORATIVO DE FLE NA ESCOLA.

Parte-se, portanto, já de algumas evidências que podem contribuir para a reflexão sobre o

EAFLE na escola: é essencial, para o professor, encarar, com flexibilidade, ações dos alunos

como fatores de desritualização e desconstrução do seu planejamento, pois elas podem

contribuir para a co-construção do ensino-aprendizagem; a noção de tarefa precisa ser

acompanhada da dimensão acional de aprender a aprender, isto é, o aprendiz precisa aderir à

proposta do professor desde que ele a compreenda e entenda a sua finalidade; toda e qualquer

ação do aluno deve ser acompanhada de reflexão que será extremamente produtivo tanto para

a sua auto avaliação como para a avaliação do processo do que se passa em aula de FLE; é

essencial para os professores interagir e colaborar com seus pares no sentido de refletir sobre

suas práticas: não há dúvida de que um professor com esse perfil tem mais condições para

agir no contexto de sala de aula no sentido de promover interação e colaboração entre os

aprendizes; o aspecto formativo do modelo da aprendizagem cooperativa mostra-se pertinente

para educar nossos alunos para a interação e a colaboração ainda que mobilize uma

intervenção mais formal do professor na organização do trabalho em grupo para realização da

tarefa. Para aprofundar essas reflexões, será realizada uma pesquisa-ação colaborativa com

professores de língua francesa do CAP – Colégio de Aplicação/UFRGS com a colaboração de

licenciandos e monitores de Francês do Instituto de Letras/UFRGS, integrando professores de

FLE e estagiários durante seus estágios de docência. Como referências dessa pesquisa,

evidenciam-se o conceito de interação e a perspectiva sociointeracionista (LANTOLF e

APPEL, 1994; LANTOLF, 2000; VYGOTSKY, 1978, 1998, 2001); a noção de tarefa

(COURTILLON e ARGAUD, 1980; NUNAN, 1989; BESSE, 1991; LAVERGNE, 2000;

COSTE, 2009); os estudos sobre tarefas que estimulam o diálogo colaborativo e a

colaboração (MEIRIEU, NOËL, MOINE, MÉTAYER, MASON, 1997; SWAIN, 1995, 1996,

2000, 2001; BYGATE, SKEHAN e SWAIN, 2001; SWAIN e LAPKIN, 1994, 2001; ELLIS,

2003; GRAÇA, 2011); o conceito de tarefa e ação (COSTE, 2005); ritual e flexibilidade

discursiva (CICUREL, 2002, 2005) e as pesquisas no âmbito do projeto ALESA coordenado

pela professora Marília dos Santos Lima (PPG/LETRAS-UFRGS); o conceito de pesquisa-

ação colaborativa (MOLINA, 2007).

Rosane Manfrinato de Medeiros Dias (Profª. CEFET-RJ)

O ENSINO DE LÍNGUAS E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: FORMAÇÃO DO

PROFESSOR E ATIVIDADE DE TRABALHO DOCENTE

As comunicações coordenadas procuram discutir sobre o modo pelo qual o professor vem

buscando estabelecer um diálogo entre as políticas de educação inclusiva, o ensino de línguas

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voltado aos alunos portadores de necessidades especiais e a sua atividade de trabalho. A

Análise do Discurso e os estudos sobre Linguagem e Trabalho fundamentam os trabalhos. No

que diz respeito ao ensino de E/LE (Espanhol como Língua Estrangeira), uma das

comunicações apresenta a atividade de trabalho docente como fonte de normas, na medida em

que professores de E/LE - que atuam junto a alunos deficientes visuais - terminam por

buscarem caminhos que atendam a política inclusiva, a qual não lhes orienta com documentos

prescritivos que poderiam auxiliar a sua prática em sala de aula. Noutra, trata-se da relação

entre a inserção da língua espanhola nos currículos da rede pública de ensino - Lei 11.161 - e

a entrada da LIBRAS no mesmo espaço - Lei 5626/05 -, dando acesso aos surdos às escolas

regulares de ensino e originando uma disciplina curricular nos cursos de formação de

professores para o exercício do magistério. Ainda sobre o ensino de línguas voltado para

alunos portadores de necessidades especiais, um dos trabalhos discute sobre os enunciados

que circulam no documento oficial do Ministério de Educação (MEC) que rege o trabalho do

professor, em especial, aquele que atua diretamente com a comunidade surda. Outro trabalho

trata de aspectos relacionados à formação do professor de Língua Portuguesa (LP) no Brasil,

especialmente, no que se refere ao atendimento de alunos surdos, demanda que afeta

diretamente a sua atividade de trabalho, pois dele se exige que seja docente de língua materna,

para os alunos ouvintes, e de língua estrangeira (LE), para os alunos surdos, num mesmo

espaço e ao mesmo tempo. Por fim, as comunicações procuram contribuir com as discussões

referentes ao trabalho do professor de línguas e as diferentes realidades inclusivas que lhe são

propostas.

Participantes da Mesa:

Rosane Manfrinato de Medeiros Dias (CEFET/RJ) – Coordenadora

Elissandra Lourenço Perse (SME / PMAR-RJ)

Flávia Oliveira Teófilo da Silva (UFF)

Roberta Fraga de Mello (Doutoranda UERJ)

Valéria de Vasconcelos Santana (Doutoranda UERJ)

Rosane Manfrinato de Medeiros Dias (Profª. CEFET-RJ)

O TRABALHO DE PROFESSORES DE E/LE JUNTO A DEFICIENTES VISUAIS:

INCLUSÃO E CONSTRUÇÃO DE NORMAS

Neste trabalho objetivamos apresentar o modo pelo qual um coletivo de professores de E/LE

(Espanhol como Língua Estrangeira) vêm construindo – na ausência de documentos

prescritivos e/ou norteadores que poderiam vir a orientá-los no desenvolvimento do processo

inclusivo – suas próprias normas a partir da atividade de trabalho que realizam junto a alunos

portadores de deficiência visual. O acesso aos traços normativos que os docentes do coletivo

vêm estabelecendo a partir de sua prática foi possível a partir da análise discursiva de sua fala

– pautada numa visão dialógica da linguagem (Bakhtin, 1986; Benveniste, 1976;

Maingueneau, 2001) – a respeito da atividade de trabalho desenvolvida com alunos

deficientes visuais. Nosso corpus foi obtido através da aplicação da Instrução ao Sósia (IS),

procedimento de coleta de dados que visa fazer com que um sujeito fale sobre sua experiência

de trabalho a partir da instrução que dirige a um possível substituto (Oddone, 1982). Além das

propostas da Análise do Discurso de base enunciativa (Maingueneau, 2001) e as noções de

gênero de discurso e de polifonia (Bakhtin, 1986), valemo-nos de conceitos advindos das

Ciências do Trabalho (Danielou, 2002; Noroudine, 2002; Souza-e-Silva, 2002; Amigues,

2004; Schwartz, 2004; Telles & Alvarez, 2004), uma vez que a atividade de trabalho de

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professores de E/LE junto a alunos portadores de deficiência visual e as normas que dela

emergem são objetos de nosso estudo. A relevância da investigação está na possibilidade de,

além de identificar e divulgar traços normativos voltados ao ensino de E/LE a alunos

deficientes visuais, que podem vir a contribuir com o desenvolvimento do processo inclusivo,

valorizar a experiência de trabalho docente como fonte de normas, as quais surgem como uma

resposta à necessidade do cumprimento das políticas inclusivas.

Simone Maria Dantas Longhi (Doutoranda USP)

ESTUDAR O USO DE JOGOS EM AULAS DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: UMA

FORMA DE COMPREENDER O DESENVOLVIMENTO DO PROFESSOR

Nesta comunicação, apresentarei alguns aspectos dos resultados parciais de minha pesquisa de

mestrado, que se inscreve na área de Formação de Professores e tem por objetivo analisar

como os professores-monitores dos Cursos Extracurriculares de Francês se apropriam de um

artefato, os jogos, tansformando-o em instrumento para sua ação (RABARDEL, 1995).

Escolhemos tratar dos jogos pois, apesar de ser uma prática amplamente difundida e tema

recorrente de formações, poucos são os estudos que problematizam o uso dos jogos para a

aprendizagem de língua francesa. No mais das vezes, as obras que buscam tratar do tema não

fazem mais do que um compêndio de atividades e acabam por instrumentalizar o jogo sem

conceitualizá-lo (SILVA, 2008). Também do ponto de vista institucional, pouco é dito a

respeito do uso de jogos para a aprendizagem em documentos oficiais, como os Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN) ou o Cadre Européen Commun de Référence pour les Langues

(CECRL). Tal constatação nos leva a crer que a escolha da utilização de jogos em sala de aula

seja guiada por certo empirismo e que a melhor maneira de compreender o uso que deles

fazem os professores é através da análise de situações reais de ensino do ponto de vista de

seus protagonistas. Através de um instrumento de intervenção formativa, a autoconfrontação

(CLOT, 1999; 2001), os professores participantes foram convidados a falar sobre imagens de

suas aulas em que utilizavam jogos. Nosso corpus de pesquisa consiste nos textos de

autoconfrontações realizadas com dois professores iniciantes e será analisado segundo os

pressupostos teórico-metodológicos do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART,

1999, 2004; BULEA, 2010). Assim como diversos trabalhos produzidos no Brasil

(LOUSADA, 2006, 2011, MAZZILLO, 2006; BUENO, 2007, MACHADO, 2007;

MACHADO et al., 2011), temos também como referência os estudos da Clínica da Atividade

(CLOT, 1999; 2001) e da Ergonomia da Atividade (AMIGUES, 2003; AMIGUES, 2004;

SAUJAT, 2004; MOUTON et al., 2011; FELIX et al., 2008). Com base vigotskiana

(VYGOTSKI, 1997), essas diferentes linhas teóricas fornecem subsídios para compreender,

através da análise da linguagem, os dilemas encontrados por jovens professores durante o uso

de jogos para o ensino e, mais amplamente, seu processo de apropriação de gestos do métier.

Simone Maria Dantas Longhi (Doutoranda USP)

O PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DOS CURSOS

EXTRACURRICULARES DE FRANCÊS DA FFLCH-USP

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Esta sessão coordenada tem o objetivo de apresentar as diversas instâncias que compõem o

programa de formação de professores de um curso de extensão universitária de francês. Esses

cursos, ministrados por alunos de licenciatura e pós-graduação, possuem três missões

principais: propor espaços para a aplicação de projetos de pesquisa desenvolvidos por alunos

de pós-graduação; proporcionar aos estudantes de licenciatura e pós-graduação a

oportunidade de aprender e praticar o métier de professor; e oferecer aulas de francês não

apenas à comunidade universitária, mas à população em geral, ampliando a participação da

sociedade na vida acadêmica. Composto por diversos eixos, o programa de formação proposto

nos Cursos Extracurriculares de Francês da FFLCH-USP se edifica sobre o ensino-

aprendizagem do métier promovido pelo próprio coletivo de trabalho, ou seja, por um

processo contínuo de reflexão desenvolvido no interior da equipe de professores a respeito

das dificuldades e soluções encontradas em seu contexto particular de ensino. Esse trabalho se

apoia nos conceitos teóricos desenvolvidos pela Ergonomia da Atividade (AMIGUES, 2002,

2004 ; FAÏTA, 2004 ; SAUJAT, 2004) e pela Clínica da Atividade (CLOT, 1999, 2001), mais

especificamente as noções de trabalho prescrito, realizado e real, bem como a importância da

reconcepção das prescrições iniciais na construção da identidade do professor. As

comunicações que serão apresentadas darão voz aos diferentes atores que participam do

programa de formação, seja como aprendizes, seja como formadores. Assim, na primeira

comunicação, intitulada “A formação inicial de professores de francês do ponto de vista da

coordenação: recolocar o professor no centro do dispositivo de ensino”, veremos a estrutura

geral do programa de formação e o projeto pedagógico que o sustenta. Na segunda

comunicação, “Tutorado e formação de professores”, nos concentraremos nas atividades de

tutorado para professores iniciantes, que serão apresentadas segundo o ponto de vista de uma

tutora. Na terceira comunicação, “A importância dos ‘relatórios de experiência vivida’: estudo

de um caso particular”, serão expostas algumas reflexões de uma professora que acompanhou

a implementação desse programa de formação e que falará, mais especificamente, a respeito

da importância da escrita como um motor do desenvolvimento de seu trabalho. Por fim, na

comunicação “A formação nos Cursos Extracurriculares de Francês da FFLCH (USP): o

ponto de vista do professor iniciante”, veremos como esse mesmo programa de formação é

compreendido por uma professora que teve seu primeiro contato com o métier nesse contexto

de trabalho.

Participantes da Mesa:

Simone Maria Dantas Longhi (Doutoranda USP) - Coordenadora

Eliane Gouvêa Lousada (USP)

Tereza Cristina Bulla (Doutoranda USP)

Emily Caroline da Silva (Doutoranda USP)

Simone Maria Dantas Longhi (Doutoranda USP)

TUTORADO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Esta comunicação tem o objetivo de apresentar o sistema de tutorado para professores

iniciantes que ocorre desde o primeiro semestre de 2010, no âmbito do programa de formação

dos Cursos Extracurriculares de Francês da FFLCH-USP. Participam do tutorado os

professores-monitores recém contratados e um monitor-tutor mais experiente com a função de

auxiliá-los na preparação de suas aulas. Durante as reuniões, os professores-monitores são

convidados a falar da percepção que têm de seu trabalho e dos desafios encontrados durante a

concepção, o planejamento ou a realização das atividades de aula. Sem deixar de ser um

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colega de trabalho, o monitor-tutor exerce a função de guia e de conselheiro pedagógico para

os novos professores. A partir dessa perspectiva, pode-se falar em um processo de formação

assegurado pelo coletivo de trabalho que ocorre no interior desse mesmo coletivo (CLOT,

1999 ; ROGER, 2007), o que confere uma força e uma legitimidade muito importantes para o

verdadeiro desenvolvimento profissional. O tutorado é organizado paralelamente às reuniões

pedagógicas frequentadas por todos os professores-monitores e representa um espaço

intermediário entre a formação inicial encontrada no curso de licenciatura e a formação

continuada desenvolvida nas reuniões pedagógicas, contribuindo para que o coletivo de

trabalho se constitua e se solidifique. Ao longo da comunicação, relataremos as dificuldades

encontradas pela monitora-tutora na elaboração e realização do tutorado, as convicções que

nortearam seu trabalho e os instrumentos usados durante a formação. Além disso, com base

em trechos de e-mails trocados entre os participantes do tutorado, comentaremos os resultados

obtidos ao longo de um semestre de trabalho. Interessaremo-nos, sobretudo, no que diz

respeito aos vínculos que se estabeleceram entre tutora e professores, vínculos esses que não

apenas favorecem o diálogo entre os pares, promovendo o desenvolvimento do coletivo de

trabalho, mas também ajudam a fortalecer a confiança desses jovens professores em seus

primeiros passos no métier.

Suelen Maria Rocha (Doutoranda USP)

MODELOS DIDÁTICOS DE GÊNEROS TEXTUAIS COMO INSTRUMENTOS

PARA O PROFESSOR

Esta sessão coordenada se propõe a reunir trabalhos que exploram o conceito de gênero

textual como um instrumento para o ensino-aprendizagem do francês como língua estrangeira.

Nessa perspectiva, consideramos que os textos são materializações das ações de linguagem e

é por meio deles que os alunos podem aprender a agir em língua estrangeira. Os textos, por

sua vez, organizam-se em gêneros que podem ser tanto objetos de ensino quanto instrumentos

para o desenvolvimento de capacidades de linguagem dos alunos: capacidades de ação,

capacidades discursivas e capacidades linguístico-discursivas (Schneuwly & Dolz, 2004). As

pesquisas que serão apresentadas estão todas baseadas no quadro teórico do interacionismo

sociodiscursivo (BRONCKART, 1999, 2006; MACHADO, 2009) e tem como objetivo

principal refletir sobre o ensino-aprendizagem por meio dos gêneros textuais em francês

língua estrangeira. A primeira comunicação apresentará o processo de construção do modelo

didático do gênero “relato de viagem”, destacando sua contribuição para as práticas docentes.

A segunda comunicação trará o modelo didático do gênero “fait divers”, apresentando

algumas atividades que foram elaboradas para compor a sequência didática. A terceira

apresentação terá como objetivo principal analisar e descrever o gênero textual notícia no

ambiente virtual para uma posterior elaboração de uma sequência didática. A última

apresentação terá como foco apresentar o modelo didático do gênero “editorial jornalístico”,

trazendo algumas sugestões de atividades para a futura sequência didática. Dessa forma, o

modelo didático pode ser visto como um instrumento para a formação do professor, já que

prepara e possibilita a elaboração das sequências didáticas dos gêneros em questão.

Participantes da Mesa:

Suelen Maria Rocha (Doutoranda USP) – Coordenadora

Ana Paula Silva Dias (Graduanda USP)

Renata Añez de Oliveira (Doutoranda USP)

Thiago Jorge Ferreira Santos (Graduando USP)

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Suelen Maria Rocha (Doutoranda USP)

O MODELO DIDÁTICO COMO INSTRUMENTO PARA O TRABALHO DO

PROFESSOR

Este trabalho tem como objetivo principal apresentar uma proposta de uso de gêneros textuais

escritos no ensino de francês língua estrangeira (FLE), para o desenvolvimento das

capacidades de linguagem do aprendiz. Adotamos, aqui, a perspectiva teórico-metodológica

do interacionismo sociodiscursivo (BRONCKART, 1999, 2006) como base de nossa pesquisa

e, também, como modelo de análise de textos. Além disso, baseamo-nos nos estudos de

Schneuwly e Dolz (2004) sobre a questão das capacidades de linguagem: a capacidade de

ação, capacidade discursiva e capacidade linguístico-discursiva, como elementos essenciais

para a produção de textos. Para estudar os gêneros textuais como ferramenta fundamental na

elaboração de sequências didáticas destinadas à apropriação de gêneros em língua estrangeira

pelos alunos, tomamos como base as pesquisas que têm sido feitas por Lousada (2002/2010),

Cristovão (2002/2010), Machado (2009), Nascimento (2010), entre outros, nesta área. Nosso

objetivo específico nessa comunicação é apresentar o modelo didático (DE PIETRO et al.

1996/1997; MACHADO, 2009) de um gênero de maneira que ele possa contribuir para o

trabalho do professor ao elaborar sua sequência didática. Dessa forma, o levantamento das

características do gênero textual pelo modelo de análise do interacionismo sociodiscursivo

pode ser entendido também como instrumento para o desenvolvimento do professor e de sua

prática (MACHADO & LOUSADA, 2010). Sob esse ponto de vista, a fim de ilustrar nossa

proposta, utilizamo-nos do gênero “relato de viagem” como objeto da transposição didática

dos conhecimentos científicos aos conhecimentos a ser ensinados, visando entender o modelo

didático como um instrumento que contribui para a prática docente no momento da

elaboração de seu material didático.

Suelen Maria Rocha (Doutorando USP)

O TRABALHO DE ELABORAÇÃO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO GÊNERO

“RELATO DE VIAGEM”

Esta comunicação insere-se na linha de pesquisa Didáticas do FLE (francês língua

estrangeira) em perspectiva, tendo, sobretudo, como finalidade, propor o uso de gêneros

textuais escritos no ensino de francês língua estrangeira, para o desenvolvimento das

capacidades de linguagem do aprendiz. No entanto, nosso estudo difere de outros já

desenvolvidos, pois pretende dar atenção especial ao “estilo” da produção dos alunos, um dos

componentes do gênero discursivo, segundo Bakhtin/Voloshinov (1984), pois este se

configura como o local de inscrição da criatividade na perspectiva dos gêneros textuais. Como

esta pesquisa é realizada no âmbito do ensino, os trabalhos de Schneuwly & Dolz

(2004/2010) são fundamentais para pensar o ensino de gêneros textuais na escola, sobretudo

no que diz respeito à concepção e ao processo de elaboração de sequências didáticas (SD)

para a apropriação de uma prática de linguagem, a fim de proporcionar uma situação

favorável à produção escrita e ao desenvolvimento da criatividade dos aprendizes. Adotamos

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aqui a perspectiva teórico-metodológica do interacionismo sociodiscursivo (BRONCKART,

1999, 2006) como modelo para a análise do gênero “relato de viagem” visando à construção

do seu modelo didático (DE PIETRO, DOLZ & PASQUIER, 2010). A partir do modelo

didático que foi construído através da análise de um conjunto de textos autênticos do gênero

eleito, elaboramos uma sequência didática, que foi aplicada em um curso de extensão

universitária de francês, denominado “Ateliers de escrita criativa em língua francesa”. Dentre

os quatro gêneros trabalhados no curso, destacarei o gênero “relato de viagem”, procurando

descrever os processos de elaboração de sua sequência didática, apontando para alguns

resultados de sua aplicação em sala de aula.

Talita de Assis Barreto (Profª. UFF/UERJ/PUC-RJ)

LÍNGUAS ESTRANGEIRAS E O CURSO DE LETRAS: A FORMAÇÃO DOCENTE

ESTABELECE DIÁLOGO COM OUTRAS FORMAÇÕES PROFISSIONAIS?

Esta comunicação apresenta nosso projeto de pesquisa, em fase inicial, sobre o diálogo entre a

formação de docentes de língua estrangeira (LE) e outras formações profissionais

proporcionadas pelo Curso de Letras, sendo um desdobramento de nossa tese de doutorado

sobre a atividade de trabalho dos professores formadores de docentes de espanhol como

língua estrangeira (PFP-E/LE). Como fundamentação teórica, seguimos a concepção

dialógica de linguagem (BAHKTIN, 2003) e a perspectiva ergológica de trabalho

(SCHWARTZ, 1997). O estudo tem como objetivo (a) identificar o panorama atual da

formação profissional nos Cursos de Letras em universidades públicas do Estado do Rio de

Janeiro; (b) verificar como se é estabelecido um diálogo entre a formação docente e as outras

formações profissionais; (c) identificar aspectos que necessitam ser discutidos sobre a

formação profissional em nível de bacharelado e licenciatura nos cursos de Letras no Estado

do Rio de Janeiro. Como metodologia de pesquisa, adotamos a entrevista, que possibilita

situações de fala nas quais se discute o trabalho. Entendemos a entrevista como dispositivo de

produção de textos, a partir de uma ótica discursiva (ROCHA; DAHER; SANT’ANNA, 2005;

DAHER, 1998). Como recorte, pretendemos entrevistar professores de línguas estrangeiras de

quatro universidades públicas do Estado do Rio de Janeiro.

Talita de Assis Barreto (Profª. UERJ / UFF/ PUC-Rio)

O PROFESSOR FORMADOR DE DOCENTES DE E/LE: O TRABALHO INVISÍVEL

Esta comunicação visa a apresentar nossa tese de doutorado que teve como foco os discursos

que circulam sobre a atividade de trabalho dos professores formadores de docentes de

espanhol como língua estrangeira (PFP-E/LE). Compreende-se o trabalho do PFP-E/LE como

constituído por distintas tarefas e atividades que estão muito além das restritas à sala de aula.

O recorte realizado para este trabalho privilegia as falas de docentes formadores sobre o

trabalho invisível que o professor desempenha e que, geralmente, não é reconhecido como

constituinte de sua atividade. Segue-se, como marco teórico, a concepção dialógica de

linguagem (BAHKTIN, 2003), a perspectiva ergológica de trabalho (SCHWARTZ, 1997) e o

conceito de comunidade dialógica de pesquisa (FRANÇA, 2002). Como categoria de análise

linguística recorre-se à negação polêmica (DUCROT, 1987). O estudo tem como objetivo (a)

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analisar, a partir das falas dos professores, como os próprios PFP-E/LE compreendem seu

trabalho; (b) contribuir com reflexões que possibilitem uma maior visibilidade sobre esse

trabalho bem como apontar aspectos que precisem ser discutidos sobre a formação em nível

de bacharelado e licenciatura nos cursos de Letras, habilitação Português/Espanhol, no Estado

do Rio de Janeiro. Adota-se como metodologia de pesquisa a construção de uma discussão

que aproxima pesquisador e envolvidos na realidade estudada, criando-se situações de fala nas

quais se aborda e discute o trabalho. Em uma primeira etapa de pesquisa, recorre-se à

realização de entrevistas compreendidas como dispositivo de produção de textos, a partir de

uma ótica discursiva (ROCHA; DAHER; SANT’ANNA, 2005; DAHER, 1998) e,

posteriormente, a um fórum de discussão (BARRETO, 2005), cujo objetivo é propiciar um

espaço de trocas discursivas para a construção de sentidos, pela comunidade dialógica

formada, sobre os discursos que circulam acerca da atividade do formador de professores de

E/LE. Os resultados das análises apontam as prescrições que os professores formadores fazem

para seu trabalho e conduzem a uma reflexão sobre a estrutura dos cursos de Letras,

habilitação Português/Espanhol, e a formação de professores de espanhol como língua

estrangeira.

Tarsila Rubin Battistella (UNISINOS)

REFLETINDO SOBRE A CONSCIÊNCIA DOS SONS VOCÁLICOS DO INGLÊS:

UMA PESQUISA COM APRENDIZES BRASILEIROS

A consciência fonológica (FREITAS, 2004; KESKE-SOARES; MOTA; PAULA 2005) é um

assunto amplamente abordado no âmbito dos estudos acerca da alfabetização em língua

materna. Entretanto, no que concerne à aprendizagem de uma língua estrangeira ainda pouco

se sabe como tal capacidade se desenvolve. É pensando na relação entre consciência

fonológica (ALVES, 2009) e ensino e aprendizagem de língua estrangeira, que este trabalho

apresenta resultados de um estudo no qual se objetivou averiguar a adequação do uso das

vogais do inglês como língua estrangeira, por falantes nativos do português brasileiro. A

amostra foi constituída por trinta alunos falantes do português brasileiro e em processo de

aprendizagem de inglês americano do ensino médio de uma escola privada, do estado do Rio

Grande do Sul. Para o estudo foram testadas e avaliadas a produção, a percepção e a

consciência fonológica dos alunos a partir de instrumentos específicos ao estudo, que

abarcaram as vogais em questão. Além disso, o professor da referida turma foi entrevistado

para que se obtivessem informações sobre a sua formação e modo de condução das aulas. Os

dados obtidos foram avaliados qualitativa e quantitativamente (estatística descritiva) com

aporte na fundamentação teórica arrolada ao tema da investigação. Os dados sugerem que

para produzir as vogais em inglês os alunos precisam percebê-las num momento anterior, ou

seja, é preciso uma reflexão e percepção, para que depois ocorra a manipulação das unidades

sonoras. Nesse sentido, a partir dos resultados específicos deste estudo foi possível inferir que

é necessário o desenvolvimento de tarefas de consciência fonológica e fonêmica em sala de

aula, como o reconhecimento de fonemas, rimas e sons. Essas tarefas podem auxiliar o

aprendiz a melhorar o seu desempenho na aquisição da língua estrangeira, a reconhecer e

manipular estruturas que não fazem parte de seu inventário sonoro, promovendo assim a

consciência dos fonemas da língua estrangeira.

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Tereza Cristina Bulla (Doutoranda USP)

A IMPORTÂNCIA DOS “RELATÓRIOS DE EXPERIÊNCIA VIVIDA”: ESTUDO DE

UM CASO PARTICULAR

Com essa comunicação, tenho o objetivo de mostrar a importância da confecção dos

“relatórios de experiência vivida” na formação inicial dos professores de francês, mais

precisamente nos Cursos Extracurriculares de Francês da Faculdade de Filosofia, Letras e

Ciência Humanas da Universidade de São Paulo, a partir da experiência de uma professora em

particular: eu mesma. Desenvolvo meu mestrado na área de Estudos Linguísticos, Literários e

Tradutológicos do Departamento de Letras Modernas (Francês) da mesma faculdade e

trabalho nos Cursos Extracurriculares de Francês – oferecidos à comunidade interna e externa

à universidade, do nível A1 aos níveis B1/ B2 do CECR – desde agosto de 2008. Durante

todos esses anos como professora desse curso, passei por diversas experiências interessantes

que me levaram à reflexão e, a partir delas, da confecção de relatórios semestrais, do auxílio

de meus colegas de trabalho e de minha coordenadora e de estudos sobre teorias de Amigues

(2002 e 2004), Faïta (2004), Saujat (2004) e Clot (1999 e 2001), pude desenvolver melhor

meu trabalho e pensar sobre a posição do professor que inicia sua formação. Mostrarei,

portanto, como estamos desenvolvendo esse trabalho pouco a pouco nos Cursos

Extracurriculares de Francês, como é confeccionado o “relatório de experiência vivida”, a

importância da leitura e discussão posterior de textos que auxiliem o trabalho do professor,

discorrendo sobre sua formação, assim como uma posterior leitura e discussão do relatório

confeccionado por outrem – a coordenadora do curso ou algum colega de trabalho – pode

significar um passo importante para o processo de aprendizagem do trabalho do professor.

Thays Camila Voluz (Graduanda – UFPR)

GÊNEROS DISCURSIVOS – ENSINO DE ESPANHOL COMO LÍNGUA

ESTRANGEIRA – ENSINO FUNDAMENTAL - PIBID

A presente comunicação se propõe a fazer a apresentação de uma atividade elaborada por

bolsistas do projeto espanhol PIBID/UFPR, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Nylcéa Thereza de

Siqueira Pedra, tendo como norteadores teóricos o estudo dos gêneros discursivos realizado

por Bakhtin e os Parâmetros Curriculares Nacionais (terceiro e quarto ciclos do Ensino

Fundamental) para o ensino de língua estrangeira. Tomando como ponto de partida o gênero

discursivo charge e tendo como objetivo sistêmico a revisão do uso do verbo gustar, a

atividade foi desenvolvida com alunos da sétima série (oitavo ano) do Colégio Estadual

Flávio Ferreira da Luz, na cidade de Curitiba –PR. A aplicação da proposta foi realizada com

base nas três etapas de leitura sugeridas nas orientações didáticas dos Parâmetros: pré-leitura,

leitura e pós-leitura, visando fazer a aproximação dos alunos ao gênero e à língua trabalhados.

Após contato, apresentação e leitura da charge, cada aluno foi orientado a produzir uma lista

com seus próprios gostos, seguindo o mesmo estilo do gênero discursivo apresentado. A

aplicação da atividade revelou o conhecimento lexical de cada um dos alunos e, também, o

conhecimento que tinham do gênero em questão. Os resultados que serão apresentados nesta

comunicação puderam orientar os bolsistas do projeto espanhol PIBID/UFPR para futuras

propostas de produção com os gêneros textuais para alunos do Ensino Fundamental; serviram,

também, como diagnóstico do modo como se vem ensinando a língua estrangeira na rede

estadual de educação e, ainda, contribuíram para a análise de que propostas didáticas com o

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uso dos gêneros são produtivas. Além disso, as produções textuais realizadas pelos alunos

revelaram não apenas o seu conhecimento de mundo, mas também o conhecimento adquirido

em suas aulas de língua estrangeira.

Thiago da Silva Pinheiro (Graduando – UFF)

UMA COLEÇÃO DIDÁTICA PARA O ENSINO DE LATIM EM ANÁLISE

O trabalho que propomos tem em vista apresentar uma análise preliminar da coleção de livros

didáticos Lingua Latina per se Illustrata, escrita por Hans Ørberg na década de 1990 e

atualmente editada e ampliada pela Accademia Vivarium Novum (Itália). Compõem a coleção

dois volumes de textos destinados à primeira e à segunda parte do curso e uma série de

suplementos que são inseridos ao longo das lições propostas, como cadernos de exercícios,

comentários explicativos dos textos apresentados, gramática normativa da língua, livro de

fábulas para serem encenadas, CD-ROM com os textos e alguns exercícios e uma série

literária (Vergílio, César, Plauto, Ovídio, Salústio, dentre outros), seguindo a mesma proposta

dos volumes de textos. Esta comunicação integra uma pesquisa maior, que está sendo

iniciada, cujo objetivo é oferecer um panorama analítico das abordagens teórico-

metodológicas presentes em livros didáticos destinados ao ensino de Letras Clássicas,

especialmente ao Latim. Para isto, consideraremos o Latim não uma língua “morta” - como

frequentemente encontramos no ensino de Línguas Antigas –, mas a língua em estado

diacrônico (MONTEIL, 2003; COUTINHO, 1970; WILLIANS, 1973), que resultou nas

atuais neolatinas. Utilizaremos o arcabouço teórico da concepção dialógica de linguagem

(BAKHTIN, 2003; VOLOSHINOV, 2009), e de pesquisas sobre o ensino de língua materna

(ROJO, 2005; 2008; GERALDI, 2006; MARCUSCHI, 1996) e estrangeira (MOITA LOPES,

1996). A premissa metodológica é analisar como os diversos capítulos são estruturados, como

se organiza a Coleção, como progridem os estudos do alunado e como se desenvolve a

questão da composição dos textos. A conclusão que chegamos é a de que a concepção de

língua da coleção funda-se no estruturalismo e, com relação ao ensino, aproxima-se da

perspectiva behaviorista, com sentenças organizadas de maneira progressiva e com base no

estímulo-resposta-reforço. Dessa forma, o ensino de Letras Clássicas, tendo por base esta

coleção de relativamente recente publicação, encontra-se distante das propostas mais atuais

para o ensino de Línguas Estrangeiras Modernas, cujos eixos organizadores seriam os gêneros

discursivos e os temas transversais.

Thiago Jorge Ferreira Santos (Graduando USP)

AS RELAÇÕES MULTIMODAIS EM NOTÍCIAS ONLINE

Nessa comunicação, mostraremos nossa pesquisa de Iniciação Científica, que consiste em

analisar e descrever o gênero textual notícia no ambiente virtual, atentando não somente para

os aspectos linguístico-textuais e discursivos, mas também para a página virtual na qual as

notícias foram encontradas. Nosso corpus geral é composto por uma sequência de notícias em

Língua Francesa sobre o mesmo conteúdo temático, que mostraremos nessa oportunidade, e

uma outra, em Língua Portuguesa, também sobre um mesmo conteúdo temático. A pesquisa

está embasada nos pressupostos teóricos do Interacionismo sociodiscursivo (BRONCKART,

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1999, 2006) no tange ao conceito de texto e ao modelo de análise textual e discursiva e,

também, na taxionomia proposta por Nora Paul (2007) para a descrição de narrativas digitais

no contexto virtual, no qual o texto verbal não aparece isolado, mas conjunto com outros

elementos contidos na página online. Estas, por sua vez, serão também descritas por nós,

através do conceito de clusters, assim como proposto por Baldry & Thibaud (2010, apud

Ferreira, Anise, 2011), que os definem como agrupamento local de itens, verbais, visuais,

espaciais próximos, definindo uma parte ou região da página como parte de um todo, e

relacionados funcionalmente um com o outro e com o todo. O trabalho que apresentaremos é

o ponto de partida para a segunda parte de nosso projeto, que consiste em propor uma

sequência didática do gênero textual notícia online visando ao ensino de ambas as línguas,

pois, como afirmam Schneuwly & Dolz (2004), para a elaboração das sequências didáticas é

imprescindível o anterior levantamento das características do gênero textual escolhido para a

construção de um modelo didático do gênero.

Valéria de Vasconcelos Santana (Doutoranda UERJ)

DESCRIÇÃO DE IMAGENS: UM ESTUDO SOBRE A VERSÃO DE SIGNOS

VISUAIS PARA SIGNOS LINGUÍSTICOS NOS EXAMES DE VESTIBULAR DA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Apesar de ainda vivermos em uma sociedade desigual, temos visto nos últimos anos uma

preocupação em diversos setores dessa mesma sociedade com relação à inclusão dos cidadãos

que foram, durante muito tempo, excluídos de vários segmentos, como a educação, por

exemplo, que são os portadores de necessidades especiais. As políticas de inclusão,

principalmente as relacionadas à área da educação, se intensificaram e têm buscado tornar o

processo educativo e seu acesso ao alcance de todos os cidadãos que almejem dar seguimento

a seus estudos. Tais políticas chegaram também aos processos de seleção de novos

universitários. A organização do vestibular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

possui programa de apoio à inclusão de candidatos deficientes, dentre as várias deficiências

apresentadas pelos candidatos está a deficiência visual. Como apoio ao candidato deficiente

visual, os exames de seleção do vestibular estadual trazem juntamente com suas questões de

prova material de apoio com as descrições das imagens presentes em tais questões - Caderno

de Descrições. O presente trabalho busca analisar a versão de elementos visuais para

elementos linguísticos presente nos Cadernos de Descrições de apoio à prova do aluno

deficiente visual e constitui como seu problema de pesquisa as implicações na transposição

dos signos visuais para signos linguísticos. Para fundamentar a pesquisa, nos baseamos nos

estudos de Aguiar (2004) sobre a linguagem verbal e não verbal, seguidamente, com os

estudos de Bakhtin (2000) sobre gênero do discurso. Por fim, trabalharemos com os conceitos

da semiótica com Santaella (2002) para tratar do signo visual e as definições de

interpretabilidade.

Valéria Jane Siqueira Loureiro (Profª UFS)

LA ENSEÑANZA DEL ESPAÑOL Y SUS VARIANTES EN ENTORNOS

HETEROGLÓSICOS

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El objetivo del trabajo es proporcionar una visón de la enseñanza del español como segunda

lengua en entornos heteroglósicos que suele ser conocida como lengua extranjera en ese caso

el español para extranjeros, pero esa denominación no es correcta desde que en un mismo país

puede haber una menoría en otra lengua y los ciudadanos estudiarían el español porque es la

mayoritaria en el país. Para eso buscaremos investigaciones teóricas basadas en Moreno

Fernández (2000 y 2010) y Santos Gargallo (1999) de lo que es necesario determinar qué

lugar debe ocupar las variedades de español en la clase de español, o sea, tratar dentro de un

plan curricular si no quiere ocurrir incoherencias indeseables y la desorientación a partir del

profesor, ya que el mismo será el espejo para el estudiante en su decisión en la elección de la

variante que va a elegir hablar. Determinado que para su uso el profesor tendrá que estar apto

para las preguntas y capacitado para contestar a los estudiantes sobre los rasgos existentes

dentro de una misma lengua ya que para elegir un prototipo de la lengua utilizada en la

enseñanza podemos recurrir a dos parámetros principales el geográfico y el social, lo que

lleva el primero a una mirada determinada de sitios y el segundo a la conducción de los

grupos sociolingüísticos, teniendo en cuenta que en la enseñanza el profesor puede y debe

utilizar la variedad lingüística elegida por él. Sin embargo, el profesor no debe limitarse

solamente a los conocimientos de sus alumnos en relación a elección de la variante a ser

usada, él debe orientarles y ayudarles, enseñándoles las diversidades de variantes existentes

en la lengua española.

Valéria Jane Siqueira Loureiro (Profª UFS)

PARA QUE OS BRASILEIROS APRENDIZES DE ESPANHOL COMO LE

NECESSITAM APRENDER GRAMÁTICA?

A grande questão para a abordagem deste tema está relacionada à preocupação que se tem

quanto à competência comunicativa a ser desenvolvida nos estudantes de Espanhol como LE

e, de que forma, o ensino de gramática pode contribuir para desenvolver esta competência. Ao

estudar uma língua estrangeira, no nosso caso o espanhol, o estudante deve ser capaz de

interagir comunicativamente tanto na língua escrita quanto na oral (Miki Kondo, 2002). Desta

maneira, se verifica que os professores de espanhol como LE vem dando ênfase ao ensino dos

conteúdos gramaticais normativos e descritivos, que tem uma forte presença nos programas

de ensino, nos materiais didáticos e também nas práticas pedagógicas docentes. Esta forma de

ensinar a LE, de maneira sistemática a gramática, tem causado muitos debates sobre as

vantagens e desvantagens de ensinar o conteúdo gramatical nas aulas, pois até que ponto este

ensino leva o estudante a desenvolver as destrezas linguísticas para interagir nas diversas

situações comunicativas. A gramática é um componente imprescindível no processo de ensino

aprendizagem de ELE porque proporciona o ensino de regras e normas da língua estudada,

mas deve ser utilizado como um elemento que permita à interação, o manejo, a comunicação e

o emprego das regras de uso da língua por parte dos estudantes de forma consciente e

autônoma (Gelabert e otros, 2002, García García, 2001 e Martín Peris, 2004). Assim, o ensino

de gramática tem dificuldade de responder a uma preocupação quando tem que ser uma

ferramenta de comunicação que supera a metalinguagem, em que os aprendizes de LE

adquiram os mecanismos linguísticos que se baseia nos estudos normativos e descritivos e se

transforme em uma das ferramentas para a competência comunicativa (Martín Peris, 1998). O

presente trabalho propõe uma análise crítica sobre qual ensino de gramática que necessitam os

aprendizes de espanhol para que os capacite no uso discursivo e textual da linguagem nas

situações interativas e comunicativas.

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Valéria Jane Siqueira Loureiro (Profª. UFS)

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE ELE PARA O CURSO DE LÍNGUAS

PARA A COMUNIDADE DA UFS

O CLIC (Curso de Línguas para a Comunidade) oferecido pelo setor de Língua Espanhola do

Departamento de Letras Estrangeiras da Universidade Federal de Sergipe se trata de um

projeto de curso de extensão acadêmica que tem por finalidade oferecer cursos de idiomas

para a comunidade interna e externa a instituição. Neste programa, além de oferta de curso de

idiomas, se objetiva a formação inicial e continua dos estudantes do curso de Licenciatura em

Letras Espanhol e Português-Espanhol. Para isso, contamos com monitores, estudantes dos

períodos avançados dos cursos de licenciatura ou recém-graduados que dão aulas para o

projeto tendo como intenção o aperfeiçoamento da formação acadêmica no que se refere à

prática docente. A finalidade da mesa é trazer relatos de práticas pedagógicas e atividades

exitosas que foram colocadas em prática pelos monitores de língua espanhola com os alunos

do primeiro período do curso de língua espanhola. As atividades foram elaboradas pelos

monitores sob a minha coordenação e colocadas em prática pelos mesmos nas suas

respectivas turmas. A metodologia empregada nas aulas do CLIC é a comunicativa com

enfoque multicultural, ou seja, combinar nas atividades elementos das habilidades

comunicativas (compreensão e/ou expressão oral e/ou escrita) com aspectos culturais dos

vários países que falam o espanhol como língua oficial. Assim, além de proporcionar

atividades extras ao material didático utilizado, o livro Pasaporte, ao longo do período os

monitores passam por uma oficina de criação e elaboração de material didático em espanhol

como língua estrangeira, linha e projeto de pesquisa a qual a equipe docente de língua

espanhola está vinculada na UFS.

Participantes da Mesa:

Valéria Jane Siqueira Loureiro (UFS) – Coordenadora

Alex Feitosa Oliveira (Graduando UFS)

Aline Santos Silva (Graduanda UFS)

Amanda Marigenes da Cruz Gois (Graduanda UFS)

Cristiane Conceição de Oliveira (Graduanda UFS)

Ericka Ellen dos Santos (Graduanda UFS)

Jonas Santos de Jesus (Graduando UFS)

Kamila Souza Passos Barros (Graduanda UFS)

Kelly Cristina Dantas Vitório (Graduanda UFS)

Laís Anália Silva Santos (Graduanda UFS)

Vera Lucia de Albuquerque Sant'Anna (Profª. UERJ)

PRÁTICAS DISCURSIVAS INSTITUCIONAIS E FORMAÇÃO PROFISSIONAL:

QUAIS EMENTAS PARA QUAIS PERFIS DE LICENCIADO EM LETRAS LÍNGUA

ESTRANGEIRA - ESPANHOL?

Esta comunicação tem como objeto de estudo um conjunto de documentos que registra

reformas curriculares do curso de Letras da UERJ – entre esses, em particular, ementas e

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programas. Partimos do propósito de estudá-los como práticas discursivas que criam

prescrição para a formação e para o trabalho de professor. Isto é, são tratados como normas

antecedentes, tal como definidas pelos estudos ergológicos (SCHWARTZ, 1998, 2000),

estabelecidas a partir de saberes valorizados que se fundamentam em redes discursivas,

lugares de registro do que são conceitos a serem apagados, mantidos ou mesmo reiterados.

Nosso propósito é aproximar práticas institucionais e contexto histórico, de modo que se

possam observar discursividades que definem redes de sentido do que seja a prática de

formação do profissional professor de língua, num certo espaço e tempo. Essa rede aponta o

que se valoriza como perfil profissional de professor de línguas e delineia a expectativa de

atuação desse profissional na escola de ensino básico. Por essa razão, observar tendências

conceituais dominantes e periféricas que integram essa formação permite trazer para

discussão o perfil profissional que se propõe formar em determinada instituição e se esse

perfil atende necessidades da comunidade que sustenta essa formação. A pesquisa toma como

referencial teórico estudos em Análise do Discurso (MAINGUENEAU, [1985] 2005),

contribuições de Bakhtin e seu círculo ([1979], 1992), estudos sobre currículo (SILVA, 2007)

e história da Educação (SAVIANI, 1997; AROUCA, 2003), bem como propostas da

Ergologia. Para esta apresentação, analisamos ementas e programas registrados nos processos

administrativos institucionais que encaminham mudanças curriculares da habilitação em

Português-Espanhol, com a finalidade de identificar linhas de discursividades que são

fundamento da formação profissional de professor de espanhol como língua estrangeira. O

recorte para esta comunicação inclui ementas de 1976 e de 2006. Para a realização das

análises, buscamos localizar orientações teóricas e fundamentos das ementas, de modo que se

possa observar o que se mantém, o que se apaga, nesses documentos prescritivos da formação

do professor de línguas, e identificar traços do perfil privilegiado para esse profissional, bem

como o lugar das decisões coletivas neles registrados. Dentre os resultados obtidos, a análise

realizada revelou-se produtiva no que concerne às discussões sobre o papel do curso de Letras

na formação do professor de língua para o ensino básico e sobre os ajustes a que as reformas

curriculares precisam ser submetidas ao longo do tempo.

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RESUMOS – COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS

Acassia dos Anjos Santos (Doutoranda UFS) & Doris Cristina Vicente da Silva Matos

(Doutoranda UFS)

O ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS COMO PRÁTICA SOCIAL NO

CLIC/UFS: UMA DISCUSSÃO SOBRE O PROCESSO DE AVALIAÇÃO

O Projeto intitulado “Curso de Línguas para Comunidade” (CliC) é uma atividade de

pesquisa, ensino e extensão desenvolvido pelo Departamento de Letras Estrangeiras (DLES)

da Universidade Federal de Sergipe com o objetivo de formar professores e pesquisadores

afinados com a realidade do meio em que vivem. Ao estender seu campo de atuação à

comunidade, em especial à mais carente, este projeto também amplia o acesso de jovens à

universidade, ao mercado de trabalho e à novas referências sociais. Sob supervisão de

professores orientadores, o CliC visa promover a formação profissional e científica do aluno

concludente dos Curso de Licenciatura em Letras Estrangeiras (Espanhol, Francês e Inglês) e

alunos do Mestrado em Letras da Universidade Federal de Sergipe (UFS), os quais ministram

aulas de línguas estrangeiras e concomitantemente realizam pesquisas sobre essa prática, ao

mesmo tempo que contribui ativamente para o aprimoramento linguístico e cultural dos

membros da comunidade da nossa cidade. Com esta comunicação pretende-se relatar

experiências vividas em relação ao processo avaliativo nas aulas de língua espanhola do CliC

durante o ano de 2011, pois entendemos que a avaliação é inerente ao processo de

ensino/aprendizagem, isso porque a mesma é um dos meios para mensurarmos se os objetivos

propostos estão sendo alcançados. Dessa maneira corroboramos com os pensamentos de

LUCKESI (2006), SOLÉ (1998) e MATOS (2009) e atribuímos o papel da avaliação a um mecanismo para auxiliar no processo ensino/aprendizagem não como uma punição, mas como

um contínuo processo de aperfeiçoamento das práticas pedagógicas. Como resultados parciais

apontamos para a necessidade do estabelecimento de critérios de avaliação formativos, em

detrimento de critérios apenas somativos.

Adriana Zanela Nunes (UFRJ)

LETRAMENTO: UMA FERRAMENTA DA CONTEMPORANEIDADE

Primeiramente, o artigo busca dar uma compreensão de letramento dentro do contexto de uma

diferenciação entre a cultura do papel e a cultura da tela, ou cibercultura, confrontando

tecnologias tipográficas e tecnologias digitais de leitura e de escrita, a partir de diferenças

relativas ao espaço da escrita e aos mecanismos de produção, reprodução e difusão da escrita.

A seguir, mostra o grande desafio colocado à escola pública brasileira que é o de garantir o

domínio da escrita, uma importante tecnologia da modernidade. Num mundo que se

caracteriza pela velocidade da mudança e pelo largo acesso à informação, a leitura é uma

habilidade que permite acompanhar a renovação contínua do conhecimento. A atividade

reflexiva propiciada pela leitura é também uma forma de aprender a lidar com o excesso de

informação e transformar o acesso a ela em conhecimento. Por fim, discute acerca das

inúmeras controvérsias teóricas e metodológicas sobre a alfabetização escolar, o que exige

que a escola e, sobretudo, aqueles profissionais que lidam com o desafio de alfabetizar se

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posicionem em relação às mesmas controvérsias, o que certamente terá consequências para as

práticas pedagógicas que os professores irão adotar. No Brasil, durante décadas predominou a

discussão acerca da eficácia dos métodos de alfabetização, gerando-se confrontos entre os

chamados métodos sintéticos e analíticos chegando-se a uma combinação de ambos nos

chamados métodos analítico-sintéticos. Para prevenir as inevitáveis diferenças individuais na

aprendizagem inicial da leitura e da escrita e evitar os eventuais fracassos que os métodos em

si não eram capazes de contornar, elegeu-se um conjunto de pré-requisitos para uma

alfabetização bem sucedida, privilegiando-se principalmente uma maturidade dos aspectos

perceptuais e motores aliada a um domínio da linguagem oral.

Agno Disevânio Andrade Santos Junior (UFS) & Marcle Vanessa Menezes Santana

(Doutoranda UFS)

PARA ALÉM DO VERBO TO BE: UMA NOVA PERSPECTIVA DO ENSINO-

APRENDIZAGEM NAS AULAS DE INGLÊS DO CLIC

No projeto de extensão intitulado "Curso de Línguas para a Comunidade" – CLIC – a

Universidade Federal de Sergipe insere alunos dos cursos de licenciatura de línguas

estrangeiras enquanto formador de futuros professores, bem como oferece oportunidade de

acesso a um curso de idiomas às comunidades interna e externa da universidade. Nesse

sentido, no presente trabalho, objetivamos focar a perspectiva de interação professor-aluno de

inglês do CLIC, na qual o primeiro corresponde ao aluno de graduação, em meio ao seu

processo de formação, enquanto o segundo é o sujeito que busca aprender a língua inglesa.

Com a utilização de pressupostos teóricos provenientes do cosmopolitismo e das teorias dos

novos letramentos, abordados nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM) –

Línguas Estrangeiras, os planejamentos das aulas foram elaborados com o intuito de

promover ao aluno do CLIC um ensino de língua inglesa que vai além do conteúdo da

gramática normativa, mas sim apresentando ao professor em formação acadêmica, uma nova

forma de pôr em prática o que está sendo visto em sua licenciatura. Na esteira de tais

discussões, traremos uma compreensão acerca do ensino de língua inglesa em curso de

idiomas voltado para a comunidade, no qual alunos e professores buscam aprender uma

língua, em suas quatro habilidades comunicativas.

Aline Fabiana Amorim Santos (Graduanda UFS)

O APRIMORAMENTO DA ESCRITA NO ENSINO DE PORTUGUÊS COMO

SEGUNDA LÍNGUA (PL2) - O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA ESCRITA NO

ENSINO DE PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA (PL2) - UFS

A presente comunicação pretende tratar do Processo de Aprendizagem de Português como

Segunda Língua (PL2), desenvolvido na Universidade Federal de Sergipe (UFS). O citado

estudo tem como objetivo, primordialmente, contribuir para a análise da aprendizagem de

português como segunda língua, por meio das atividades de pesquisa, ensino/aprendizagem e

extensão. O aspecto a ser investigado em nosso estudo está relacionado com a escolha das

atividades de escrita a partir da tomada de decisões corretas para a realização das aulas e para

a instrumentalização do aluno em suas produções, ressaltando a importância da intervenção

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do professor no processo de aprendizagem, através da reflexão e seleção de conteúdos a serem

utilizados na produção escrita dos alunos e na avaliação de suas escolhas, com base em

Chandrasegaran (2003). A pretensão inicial é conhecer as diversas metodologias de

ensino/aprendizagem de língua estrangeira (LEFFA, 1988). A discussão será direcionada para

o ensino de português para estrangeiros (L2). Em seguida, almeja-se aplicar o que foi

estudado para as aulas de PL2, levando o aluno a identificar as características distintivas dos

gêneros textuais trabalhados e a identificar o objetivo do autor presente em sua produção, de

modo que cada intervenção ensine um processo específico de tomada de decisões ou de

habilidades linguísticas (DOLZ e SCHNEUWLY, 2004). Dessa maneira, os alunos serão

capazes, no decorrer das aulas, de praticar conscientemente uma série de habilidades de

composição mais eficazes do que seus métodos habituais de redação.

Alinne Priscila Brito Pinheiro (Graduando UFPA) & Gisele Costa Santos (Graduanda –

UFPA)

O USO DE RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA O ENSINO DA LÍNGUA

ESTRANGEIRA E SUA UTILIZAÇÃO EM AMBIENTES DIFERENCIADOS DE

APRENDIZAGEM

O presente trabalho analisa a nova perspectiva para o uso de novas ferramentas encontradas

na Web para o ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira, nos mostrando um novo

modelo pedagógico, com formas diversificadas de trabalhar dentro e fora da sala de aula

tendo em vista princípios como: conhecimento/construção, interação, “troca intelectual”

/desenvolvimento do pensamento/cooperação, reflexão sobre ações - contradições/tomada de

consciência, autonomia moral e intelectual do aprendiz. As ferramentas on-line podem

proporcionar a aprendizagem de línguas de uma forma muito eficaz, já que esses materiais

disponíveis estão se tornando cada vez mais interessantes e interativos, recursos como chat’s,

sites de busca, jogos interativos, e outros, formam um novo ambiente de aprendizagem e de

trocas de conhecimento entre nativos e não-nativos de língua em questão. Sendo assim,

analisaremos o papel do professor como mediador dessa relação entre aluno e as várias

formas de aprendizagem que ele adquire, pois o professor torna-se professor on-line, tendo

que dominar um vasto campo de competências computacionais e tendo que aprender a utilizar

atividades como: atividades de ensino pelo correio eletrônico, atividades relacionadas ao uso

de páginas Internet, usar grupos de discussão (Fórum eletrônico), Softwares de ensino de

línguas estrangeiras, programas disponíveis para que o próprio professor crie as atividades,

dentre outros recursos favoráveis que apresentam um vasto campo de pesquisa tanto para o

professor, quanto para o aluno pois, é uma forma do aluno adquirir várias tipos de

conhecimento, privilegiando seu modo de aprendizagem e aprimorando sua dedicação,

motivação e autoconfiança, sendo assim um modo de aprendizagem espontâneo.

Ana Luiza Ramazzina Ghirardi (Profª. UNIFESP)

VARIAÇÕES DO TEXTO LITERÁRIO: A AULA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

Esta comunicação propõe-se a indicar um percurso possível, entre tantos, para que o professor

possa utilizar um instrumento singular – o texto literário – em seus cursos de língua

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estrangeira. Embora essa comunicação tenha por base a reflexão e as atividades construídas a

partir de um curso de língua francesa, o professor de outra língua estrangeira poderá também

tomar essa proposta de percurso como uma possibilidade para suas aulas. É preciso lembrar

que, atualmente, mesmo com a volta do texto literário em cursos de língua estrangeira, seu

espaço continua bem reduzido, sobretudo se compararmos a outros suportes usados em sala

de aula como jornais, revistas, canções, sites Internet, etc. Uma das razões para tal fato talvez

esteja na dificuldade que frequentemente se supõe que esse gênero de texto apresente não

apenas para o professor de língua, mas também para o aluno que não está habituado às

nuances que esse gênero de escrita propicia. Entretanto, a autenticidade e a atualidade

permanentes no texto literário representam elementos indispensáveis para que a aula de língua

estrangeira se enriqueça e se torne mais densa. Logo, é preciso encontrar caminhos que

ajudem o professor a inserir o texto literário em suas aulas de língua estrangeira tornando esse

suporte um veículo facilitador da aprendizagem. Se o professor é capaz de compreender e de

querer difundir o que leu, ele será potencialmente um multiplicador da vontade de descobrir o

texto literário. Ele será ainda capaz de reproduzir em seus cursos imagens que despertem no

aluno o prazer do texto literário em língua estrangeira, ampliando assim o seu horizonte de

aprendizado a partir da língua.

Ana Luiza Reis Bedê (Profª. UFV)

TRANSPONDO O ABISMO ENTRE A VIDA REAL E O MUNDO FICTÍCIO:

ESTUDO DO INCIPIT EM CONTOS DE MAUPASSANT

O início de um texto literário constitui espaço estratégico porque deve nos despertar a vontade

de continuar a leitura. Assim, em um primeiro momento, faremos considerações sobre o

ensaio “incipits narratifs: l´entrée du lecteur dans l´univers de la fiction” de Jean- Louis

Morhange. Nesse estudo, o autor sustenta que refletir sobre o papel do Incipit nos conduz

encontrar a resposta para as questões “o que é ler?” “como a recepção da narrativa relaciona-

se com outras atividades humanas?” Morhange vai mais longe, para ele, por meio da análise

dos Incipits narrativos ao longo da história, percebemos as transformações tanto da relação do

leitor com a literatura, quanto da relação do homem com o mundo. Em um segundo

momento, analisaremos o Incipit dos contos “Deux amis”, “La mère sauvage”, “Mademoiselle

Fifi” e “Boule de Suif” de Guy de Maupassant (1850-1893), demonstrando quais recursos o

autor normando empregava a fim de criar expectativa em seus leitores; levando em conta

tanto o perfil destes quanto o gênero em questão. O estudo do Incipit em sala de aula parece

profícuo porquanto não pretende atrelar o texto artístico a uma camisa de força, mas tão

somente identificar aspectos relevantes e apontar pistas para a compreensão e a interpretação

da obra.

Ana Paula Marques Beato-Canato (Profª. UFRJ)

GÊNEROS TEXTUAIS E TEMAS NECESSÁRIOS PARA AGIR EM CONTEXTOS

PROFISSIONAIS E ACADÊMICOS NA ÁREA DE BIOTECNOLOGIA

Para Ramos (2009/prelo), a abordagem de línguas para fins específicos foi incorporada no

processo de ensino-aprendizagem de línguas no Brasil cercada de más interpretações que

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geraram mitos, os quais, por sua vez, levaram à visão de que a abordagem foca

exclusivamente contribuir para o desenvolvimento de estratégias de leitura pelo aprendiz. Na

realidade, como o próprio nome sugere, o trabalho com línguas para fins específicos objetiva

colaborar para que o aprendiz compreenda e produza textos em situações acadêmicas e

profissionais específicas. Em uma perspectiva interacionista sociodiscursiva, entendemos que

os objetivos de um curso de línguas com fins específicos sejam colaborar para que o aprendiz

desenvolva capacidades de linguagem (DOLZ et al., 1993) necessárias para agir em contextos

profissionais e acadêmicos de sua área de atuação, ou seja, desenvolva conhecimentos

relacionados ao contexto, à organização e a aspectos linguístico-discursivos presentes em

gêneros textuais que circulam em sua área. O trabalho pode ser organizado em torno de

gêneros textuais avaliados como necessários pelo grupo e também precisa considerar os temas

que são relevantes. Para que isso seja possível, é preciso, em primeiro lugar, conhecer as

necessidades dos envolvidos, o que pode ser realizado com a convivência no ambiente de

trabalho dos interessados bem como com uma entrevista com os participantes. Nesta

comunicação, procurando contribuir para o preenchimento da lacuna existente no contexto

brasileiro de pesquisas na área de planejamento de cursos de línguas para fins específicos

baseados em gêneros textuais (Ramos, 2004), apresentamos um mapeamento de gêneros

textuais e temas necessários para agir em contextos profissionais e acadêmicos da área de

Biotecnologia. Tal levantamento foi realizado com a aplicação de um questionário a alunos e

professores do curso, em uma instituição federal e a análise dos resultados foi embasada nos

pressupostos teórico-metodológicos do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), que tem

Bronckart, Schneuwly e Dolz (Machado, 2005) como precursores.

Anderson Pires de Souza (Graduando FURG)

CORAL “VOZES DA FRANCOFONIA”: UMA INICIATIVA PARA SE APRENDER

FRANCÊS CANTANDO

O projeto “Coral Vozes da Francofonia” foi inicialmente pensado para complementar o

aprendizado da fonética da língua francesa, bem como estimular os alunos do curso Letras-

francês ao acesso a esse idioma. A realidade do curso de Letras-francês exige a promoção de

estratégias educacionais que facilitem o aprendizado devido à inacessibilidade do francês na

rede de ensino municipal, estadual, privado ou em cursos particulares de línguas estrangeiras.

Muitos alunos que ingressam na graduação e licenciatura em Língua francesa jamais tiveram

contato com o idioma. A Universidade acaba se tornando o único espaço de aprendizado de

uma língua que, pouco a pouco, cresce no mercado de trabalho. No entanto, na elaboração da

proposta, que conta com o apoio da regente Silvia Zanatta e demais integrantes do NAC

(Núcleo Artístico Cultural) da FURG e parceria com o maestro Yimi Walter (UFPel),

decidimos ampliar a proposta e tornar este trabalho um diferencial para o curso de francês da

FURG. Atualmente, o coral é um grupo integrado ao “Movimento Coral” da FURG (SIGProj)

e consolidado a partir da integração de alunos de diferentes cursos de graduação e pós-

graduação que se reúnem duas vezes por semana para os ensaios. Os primeiros resultados

desse trabalho serão apresentados nesta comunicação. Alguns deles já puderam ser conferidos

nas atividades de comemoração dos 41 anos da FURG. O Coral Vozes da Francofonia

prestigiou o evento de celebração com a apresentação do repertório até então ensaiado. Além

disso, cresce o interesse de alunos que, motivados com os ensaios e as apresentações do coral,

querem cada vez mais aprender cantando.

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Andrea Galvão de Carvalho (Profª. UERJ)

BLOG: UM ESPAÇO DE APERFEIÇOAMENTO PARA O DOCENTE DE LE

O blog, abreviatura de weblog, é uma página web frequentemente atualizada através da

colocação de mensagens, denominadas posts, que são apresentadas de forma cronológica,

sendo as mais recentes dispostas em primeiro lugar. Na verdade, os blogs surgiram como uma

releitura virtual dos antigos diários pessoais que passaram a ser públicos. Hoje, temos dos

blogs pessoais, onde o seu autor partilha sua intimidade e seus interesses, aos blogs de autoria

institucional. Na área da educação, encontramos blogs criados e dinamizados por professores

visando à comunicação com seus alunos, com outros professores ou com ambos. A

comunicação proposta por este documento visa analisar blogs de professores de espanhol

como língua estrangeira (LE) desenvolvidos para serem canais de comunicação e troca de

atividades didáticas com outros professores. Objetivamos discutir, a partir de uma seleção dos

referidos sites, como esses blogs podem ser uma ferramenta auxiliar na formação inicial e

continuada do docente de LE. No que se refere ao aporte teórico, esta comunicação trabalha

com uma concepção de formação e aperfeiçoamento docente de LE baseada em Leffa (2001),

Almeida (2005) e Guimarães (2005). Quanto ao estudo dos blogs, seguimos Baltazar &

Aguaded (2005) e Gomes (2005). Convém ressaltar, que a presente proposta de comunicação

visa trabalhar com blogs de professores de Espanhol como língua estrangeira suscitando

discussões e análises pertinentes também aos demais docentes de LE.

Anna Maria Aguirre Castañeda (Profª. Kreativ Instituto de Língua e Cultura Alemã)

UNIDADES FRASEÓLOGICAS– ATALHOS PARA A AUTONOMIA LINGUÍSTICA

DOS APRENDIZES DE ALEMÃO

O uso sistemático das unidades fraseológicas no ensino de línguas estrangeiras, em especial

do alemão, permite agilizar o processo do aprendizado e alcançar uma maior autonomia e

independência linguística por parte dos aprendizes. Isso se deve a dois motivos: Primeiro, as

unidades fraseológicas, aplicação dinâmica e ativa de uma língua, fazem parte do acerco

linguístico de um falante qualquer, desde os primeiros anos de vida. Registrados, conforme

Aitchison, de forma permanente no léxico mental, podem ser realizadas, em qualquer

momento, pelo universo dos falantes tanto nativos, quanto aprendizes de uma determinada

língua. Segundo, além do seu papel importante na comunicação, revelam o seu verdadeiro

significado numa abordagem intercultural, que considera tanto o contexto, quanto o saber

armazenado dos aprendizes, ganho pela experiência da vida deles e pelo aprendizado da

própria língua materna. Esta leva a um resultado surpreendente e importante para o ensino:

muitas vezes, fraseologias apresentam uma metaforização altamente convergente, do ponto de

vista interlinguístico. São fruto de experiências universais referentes ao mundo e/ou uma

cultura comum. Portanto fornecem expressões idiomáticas semelhantes de mesma carga

semântica, pela escolha de lexemas idênticos ou similares. Ao saber desta revelação

intralinguística, os aprendizes, ao estudar as unidades fraseológicas, terão mais facilidade,

tanto em aprender o alemão, quanto em aplicar e lembrar estas estruturas, o qual contribuirá a

uma comunicação idiomática e bem-sucedida. Por estes dois motivos, as unidades

fraseológicas precisam estar integradas de forma sistemática no ensino de léxico, p.ex.

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presentes em obras didáticas, elaboradas conforme as técnicas didáticas modernas de ensino

de línguas estrangeiras, a abordagem de ensino comunicativa e intercultural. Sugere-se a sua

aplicação simultânea, junto com as “ferramentas de diálogo”, expressões semiprontas, que

permitem aos aprendizes de se expressarem de uma forma fluente, idiomática e de alcançarem

uma crescente independência e autonomia linguística.

Antonio Henrique Coutelo de Moraes (Pós-graduando UNICAP)

AQUISIÇÃO DA LÍNGUA INGLESA: É POSSÍVEL AO SURDO SER FLUENTE?

Língua Materna e Língua Estrangeira ocupam estatutos diferentes. Contudo, acreditamos que

a fluência na língua estrangeira por surdos é possível de ser alcançada desde que alguns

critérios sejam adotados. Durante o processo de aprendizagem de uma LE empregam-se as

mesmas bases da estruturação psíquica e, com elas, aquilo que é ao mesmo tempo o

instrumento e a matéria dessa estruturação: a língua chamada materna. A partir destas

colocações e empregando uma metodologia qualitativa, analisamos a participação no trabalho

desenvolvido em dez encontros presenciais com seis surdos, concluintes do Ensino Médio. O

contato semanal utilizou como principal estratégia a comunicação através da “internet” em

um site de relacionamento criado para esse fim, e nesse caso a comunicação foi realizada em

inglês, embora em alguns momentos fosse necessário o uso da Libras. Pelo interesse

demonstrado observamos que os sujeitos se empenharam na realização das atividades

sugeridas e os resultados mostraram que houve uma evolução significativa na comunicação

escrita que circulou nos diversos ambientes. Esperamos, com os resultados dessa

investigação, contribuir para que o debate em torno da fluência em uma língua estrangeira por

surdos usuários de Libras seja ampliado e desse modo possibilite participação mais ativa nas

oportunidades veiculadas pela sociedade.

Arthur Martinelli Abrantes Estrela (Graduando UFRN)

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE ESTRUTURAS VERBAIS PRONOMINAIS DO

ESPANHOL/PORTUGUÊS

Em língua espanhola, há verbos de uso pronominal/alternante, isto é, verbos que aparecem

juntamente com uma partícula de dativo de interesse, que varia de acordo com a pessoa

verbal, de modo a dar ênfase na ação que o sujeito sofre na oração. Quando falamos de verbos

de uso pronominal e no ensino de Língua Espanhola para alunos brasileiros, percebemos que

há uma perda semântica no uso pronominal desses verbos em determinados contextos por não

possuírem uma equivalência em língua portuguesa. Como demonstra Bello (2006), “comer”

não é o mesmo de “comerse”. Para a língua espanhola, verbos que se apresentam com um

componente de dativo de interesse, como o próprio nome sugere, tem uma carga semântica

mais verbo do que o verbo em sua forma simples. Se mostra, a partir daí, a necessidade de ter

um conhecimento do uso desses verbos para entender o seu funcionamento e sua implicação

na hora de se aprender uma língua estrangeira, nesse caso o espanhol, no intuito de evitar

fossilizações ou erros na reprodução escrita e oral da língua. Nosso trabalho tentará

demonstrar, pois, os resultados parciais de um projeto de pesquisa que visa catalogar o uso

desses verbos pronominais/alternantes em jornais de língua espanhola e compará-lo com o

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uso dos mesmos em língua portuguesa, explicando a partir daí a importância de se ter esse

conhecimento na aquisição de uma língua estrangeira. Resultados parciais da pesquisa

demonstram que o uso de verbos pronominais em espanhol possui uma frequência bastante

relevante, o que só demonstra a importância de reconhecer o uso desses verbos na hora de

aprender a língua.

Bárbara Cotta Padula (Graduanda UFV)

ANÁLISE DE COMO ATIVIDADES DE ORAIS SÃO TRABALHADAS POR UMA

PROFESSORA DE LI: EXPERIÊNCIAS INFLUENCIAM SUA PRÁTICA?

Considerando que a maioria dos estudantes acredita que o sucesso na aprendizagem de

línguas depende do sucesso do desenvolvimento da oralidade Richards (2008), esta habilidade

é um tema muito importante a ser pesquisado. Assim, o objetivo deste artigo é analisar a

maneira que uma professora de Língua Inglesa de um curso de extensão, localizado em uma

Universidade Pública da Zona da Mata Mineira, trabalha a habilidade em questão em uma

sala de aula de nível intermediário. Primeiramente, foi solicitada uma narrativa na qual a

professora escreveu sobre suas experiências durante seu processo de aprendizagem e,

consequentemente, se as abordagens de seus professores influenciam em sua prática nos dias

de hoje; suas crenças sobre a maneira que a oralidade deve ser trabalhada considerando quais

pontos ela julga ser os mais importantes a serem focados e enfatizados no ensino do speaking;

como ela avalia o desenvolvimento oral dos aprendizes e, por fim, ela foi questionada sobre o

que planejou no início do semestre, para os alunos a desenvolverem esta habilidade e se essas

possíveis propostas estão sendo colocadas em prática até agora. Em seguida, quatro aulas

dessa mesma profissional foram observadas a fim de verificar se sua prática corresponde a

suas intenções, experiências e crenças. Então, foi possível constatar que as crenças daquela

professora, como também suas experiências, influenciam amplamente em sua prática docente

principalmente quanto à utilização de métodos de ensino que ela acredita não serem os ideais,

ou seja, essas experiências de aprendizagem foram negativas. Também se pôde perceber que

suas propostas inicias puderam ser realizadas.

Barbra R. Sabota Silva (Profª. UFG e UEG)

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS: PRÁTICAS

COLABORATIVAS E O PROCESSO DE SUPERVISÃO

Muitos estudos têm sido desenvolvidos a fim de replicar benefícios da aprendizagem

colaborativa à formação de professores, proporcionando um cenário não só favorável ao

aprimoramento de conhecimentos específicos (como melhorar a acuidade gramatical ou

fluência em uma língua, por exemplo), mas também propício à reflexão e ao desenvolvimento

da criticidade sobre a sua atuação como docentes (MAGALHÃES, 1996; LIBERALI, 1996;

SABOTA, 2005; BORELLI, 2006). A colaboração na formação de professores pode

acontecer na formação universitária em sessões de feedback após aulas observadas, conforme

estudos anteriores (SABOTA, 2008a; 2010b) ou na formação em serviço como mostram os

estudos de Borelli (2006) e Silvestre (2008). Esses estudos são viabilizados pela observação

de aulas quer de modo presencial ou em sessões de visionamento, quando um grupo se reúne

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para assistir a um vídeo feito sobre a aula de um dos membros. O evento de observação de

aulas pode ser um momento de geração de estresse e comprometimento das relações

interpessoais e, portanto, para que as observações de aula sejam produtivas, é preciso que

ambos observadores e observados atentem-se a alguns pontos centrais, destacados por

Richards (1998): a) toda observação deve ter um foco e este deve ser mantido até o final do

evento; b) a observação deve seguir procedimentos definidos; c) o observador deve

permanecer em silêncio; atenção especial deve ser dedicada à linguagem utilizada nas

conferências. Observar e moderar a linguagem utilizada durante as discussões que ocorrem no

feedback é importante para a manutenção da cordialidade da interação. Este estudo pretende

focar no ambiente gerado no feedback a fim de possibilitar sua configuração como um espaço

colaborativo e analisar alguns modelos de críticas observadas comumente nestes momentos,

classificando-as em: colaborativa, construtiva e desconstrutiva. Para tal caracterização,

observam-se critérios linguísticos e paralinguísticos, como sugerem estudos decorrentes desta

classificação inicial. Este estudo é parte de um projeto de pesquisa desenvolvido na UEG -

Universidade Estadual de Goiás em colaboração com a UCD - University of Colorado at

Denver nos anos de 2010 e 2011. Tal projeto está em processo de avaliação para que seja

aprofundado e estendido no ano de 2012.

Beatriz de Souza Andrade Maciel (Doutoranda UFRJ)

O PROFESSOR INICIANTE E SEUS CONFLITOS: O PAPEL DE PROCESSOS DE

COACHING EM UM CURSO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

Conforme afirma Miccoli (2010), a sala de aula se apresenta como um ambiente desafiador

para aqueles que ali se encontram. Neste espaço, professores e alunos precisam lidar com

crenças, tensões e emoções que acabam por influenciar os processos de ensino e

aprendizagem, constantemente afetados também por questões intra e extrainstitucionais.

Dentro desta evidente complexidade, o professor encontra-se envolvido em um processo para

o qual o mero conhecimento de seu conteúdo específico não parece ser suficiente. Cabe ao

professor também saber lidar com o que não estava previsto em seu planejamento inicial e ser

capaz de voltar seu olhar para as dinâmicas percebidas nas diversas situações de ensino. Tal

tarefa, não negada sua complexitude, parece ser realizada com mais segurança por professores

mais experientes, já que estes já adquiriram ao longo de sua carreira um repertório de práticas

que lhes permite ter segurança em sua atuação e possibilita uma prática mais flexível, guiada

pelas exigências do contexto específico de sua sala de aula em diferentes momentos (Richards

& Rodgers, 2001). A partir da percepção da ausência de tal repertório de práticas entre os

professores inexperientes e da percepção da influência dos primeiros anos de atuação sobre

toda a carreira docente, sugere-se que processos de orientação profissional como a mentoria

(Hoa, 2008) e o peer-coaching (Kurtts & Levin, 2000) sejam importantes instrumentos para

que o professor sinta-se mais confiante de sua prática e possa refletir a respeito desta. Um

exemplo de contexto de ensino no qual aqueles que iniciam sua prática docente recebem

suporte para sua atuação é o Projeto CLAC/UFRJ, onde professores em formação para o

ensino de línguas estrangeiras da Faculdade de Letras/UFRJ (chamados monitores) têm a

oportunidade de ensinar a língua de sua formação e discutir suas questões de sala de aula com

professores-orientadores e com outros monitores (alguns destes, conhecidos como monitores-

chefes, atuando também como coaches de seus pares), além de terem acesso a referenciais

teóricos que embasem sua prática. Apesar disso, a decisão quanto aos usos da Língua Materna

(LM) no ensino de Inglês como Língua Estrangeira (ILE), questão que se impõe ao professor

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de ILE (Auerbach, 1993; Littlewood & Yu, 2009), parece ainda ser encarada como uma

questão conflituosa por estes professores em formação, conforme se verificou em etapas

anteriores de pesquisa. Buscou-se com esta pesquisa, portanto, investigar em que contextos e

de que modo o tema era abordado por aqueles que orientam os professores em formação, bem

como as crenças destes coaches a respeito da LM em contextos de ILE. Por meio da

observação de uma sessão de orientação centrada na discussão sobre os usos da LM em sala

de ILE e de entrevistas semiestruturadas realizadas com alguns dos que atuavam como

coaches no projeto, foram observadas, dentre outros fatores, a necessidade de maior discussão

a respeito dos usos da LM em diferentes momentos no Projeto e a importância da atuação dos

monitores-chefes no processo de orientação de seus pares menos experientes.

Bianca Ferrari (Doutoranda USP)

A INFLUÊNCIA DO INGLÊS NA APRENDIZAGEM DO ALEMÃO PARA

APRENDIZES BRASILEIROS

Quando um falante plurilíngue tenta se expressar em uma de suas línguas estrangeiras, não é

de se estranhar que elementos de outras línguas que o falante aprendeu possam se misturar e

sejam ativadas sem que o falante perceba, principalmente nas atividades de produção

linguística – fala e escrita. Alguns estudos já mostraram que, dependendo do grau de contato e

da competência linguística desenvolvida em L2, esta pode influenciar igualmente ou até mais

do que a língua materna no aprendizado de uma L3. A partir deste cenário, a presente

comunicação tem como objetivo principal analisar, dentro de uma abordagem plurilíngue do

ensino/aprendizagem de língua(s) estrangeira(s), os processos de transferência linguística que

ocorrem durante a aprendizagem de alemão como terceira língua após inglês. Os principais

questionamentos da pesquisa se concentram nos processos de transferência linguística

positiva e de interferência observados no processo de aprendizagem dos alunos em nível

inicial de aprendizagem, tendo em vista que as línguas anteriormente aprendidas,

principalmente a inglesa, possuem grande potencial de influenciar sua(s) língua(s)

subsequente(s). Os questionamentos acima elencados são analisados com base na hipótese da

interlíngua (SELINKER 1972, 1992 entre outros) e de suas releituras. Quanto ao trabalho na

área de aquisição de terceira(s) língua(s) e do campo de estudo Alemão após Inglês, a

pesquisa baseia-se em autores como Hufeisen (1991, 1998, 2005) e Neuner (2003, 2009, entre

outros). O corpus é composto por 50 informantes dos níveis básico e intermediário (Nível A1

ao nível B1 do Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas), alunos iniciantes do

curso de extensão Alemão no Campus, ministrado pela Área de Alemão da Universidade de

São Paulo. Os alunos responderam a um questionário de pesquisa que visava coletar

informações sobre seu repertório linguístico, crenças sobre estratégias de aprendizagem que

envolvem comparação linguística e sua produção escrita em língua alemã. Por meio desta

pesquisa pôde ser verificado que as semelhanças entre as línguas alemã e inglesa são

facilmente perceptíveis pelos aprendizes, que fazem uso sistemático da língua inglesa para

auxiliar na aprendizagem do alemão. Os aprendizes plurilíngues pesquisados se declararam

capazes de identificar corretamente as áreas nas quais o conhecimento prévio do inglês

funciona como um auxílio (p.ex. compreensão de vocabulário) e as áreas de dificuldade (p.ex.

pronúncia), fazendo uso razoável das estratégias de aprendizagem que envolvem a

comparação de sistemas linguísticos. Entretanto, a interferência linguística advinda da

influência do inglês é constatável nas produções escritas dos aprendizes, para os quais se faz

necessário o desenvolvimento de uma abordagem plurilíngue para o ensino de língua alemã.

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Breno de Campos Belém (Doutorando UFPA)

A PRODUÇÃO ESCRITA DE ALUNOS DO PARFOR-INGLÊS EM BREVES-PA: O

TRABALHO COLABORATIVO E A MOTIVAÇÃO

O uso de recursos tecnológicos no ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras é comum na

atualidade. É importante para o suporte didático, visto que os alunos e professores utilizam a

tecnologia cotidianamente muito mais que os materiais tradicionais de ensino. Sendo assim, o

professor necessita ter o conhecimento instrumental desses recursos para lidar com todas as

possibilidades contextuais (HOCKLY, 2007). Todavia, nem todos os contextos de ensino e

aprendizagem possuem recursos capazes de aperfeiçoar a aprendizagem. As limitações podem

ser variadas de acordo com o local das atividades de ensino. Nesse sentido, deve-se adequar o

ensino aos recursos disponíveis. É de senso comum que a internet é uma ferramenta que

auxiliaria a aprendizagem de todos na construção do conhecimento. Por meio do trabalho

colaborativo (BURNS, 1999), pode-se aprimorar as habilidades de insumo e produção de uma

língua. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é aprimorar a produção escrita por meio do

suporte weblog. Neste suporte, os aprendentes podem produzir e acompanhar outras

atividades de produção escrita através dos comentários utilizando recursos tecnológicos como

celular, tablets, computadores e laptops para completar as atividades propostas pelo professor,

mesmo com recursos de acesso a internet muito limitados (PENNINGTON, 2003). Os

resultados apontam uma maior motivação dos alunos na participação e realização das

atividades (USHIODA, 1996), visto que elas poderiam ser compartilhadas a qualquer

momento e não resultariam apenas em correções individuais. Além disso, a compreensão

escrita também foi exercitada, visto que os aprendentes à medida que terminavam suas

tarefas, curiosamente liam as tarefas dos outros colegas de classe.

Camilla dos Santos Ferreira (Profª UFF) & Lucineia Mendes de Oliveira (Graduanda – UFPI)

O PAPEL DA IMAGEM NO LIVRO DIDÁTICO DE FRANCÊS LÍNGUA

ESTRANGEIRA (FLE)

Como se sabe, na aula de LE, para que os alunos sejam introduzidos às práticas discursivas da

cultura-alvo, observa-se, nos livros didáticos, a recorrência a documentos que remetem a

situações de comunicação externas à sala de aula. Observa-se, ainda, nesses materiais, um

recorrente interesse por gêneros que se caracterizam pelo emprego da linguagem não verbal.

Isso se deve ao fato de as imagens possuírem um caráter essencialmente analógico, o que lhes

permite a representação de conteúdos complexos de maneira relativamente simples. O

presente trabalho tem por objetivo compreender melhor o papel da imagem nos livros de FLE,

a partir da seleção e análise de diferentes imagens utilizadas em livros didáticos. Durante as

análises, procuraremos explicitar quais seriam as funções dessas imagens nas atividades

propostas nos livros e, para tanto, levaremos em conta o contexto e o contexto em que estão

inseridas. Antes disso, buscaremos caracterizar brevemente a aula de LE e alguns livros

didáticos de FLE e discutiremos a noção de gênero do discurso, procurando ressaltar as

especificidades dos textos não-verbais. Almeida, em pesquisa anterior, observa duas

diferentes funções da imagem: elemento contextualizador de trocas verbais e de elemento

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desencadeador de descrição verbal. Procuraremos aqui aprofundar e problematizar essa

discussão, evidenciando outras funções exercidas pelas imagens. Para tanto, buscaremos

apontar caminhos que possam responder a questões como: Nesses manuais, o recurso ao

icônico visa, sobretudo, a auxiliar o aluno no aprendizado da LE ou serve em geral apenas

como “distração”? Além das duas funções descritas por Almeida (2005), que outras funções

teria a imagem nos livros didáticos de FLE? Há referência, nas atividades desenvolvidas nos

livros, às imagens que as ilustram? No livro do professor, há indicações da existência dessas

imagens e propostas de como o professor pode utilizá-las em atividades em sala de aula? Tais

questões são necessárias para uma melhor utilização do material didático e,

consequentemente, para uma melhor compreensão da prática docente e para uma melhor

formação do profissional de Letras.

Carlos Henrique da Silva (Doutorando – UFRN / UAB)

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LINGUA ESPANHOLA NA MODALIDADE A

DISTÂNCIA (EaD): DESAFIOS E POSSIBILIDADES

A lei 11.161 de 05 de agosto de 2005 (Lei do Espanhol) sancionada pela presidência da

república do Brasil, determina em seus sete artigos a oferta obrigatória do componente

curricular Espanhol no ensino médio e de caráter optativo no ensino fundamental a partir do

6º ano. Assim, a instância governamental através das instituições de ensino se organiza no

sentido de qualificar urgentemente professores para atuarem no Ensino de Espanhol para

atender as demandas da sociedade. Neste sentido, o acesso as Novas Tecnologias da

Informação e da Comunicação (NTICs) surge como alternativa de formação profissional no

processo educacional. É preciso considerar que a tecnologia acompanha o homem desde os

tempos mais remotos, cada tecnologia se adéqua a necessidade do momento em que o homem

está vivendo, é preciso reconhecer ainda, a importância da inserção das NTICS na vida prática

do homem. Neste trabalho pretendemos discutir a formação de professores de Língua

Espanhola realizado pela Universidade Aberta do Brasil (UAB) na modalidade a distância,

apresentando os desafios e as possibilidades desta modalidade de ensino que se confirma

como uma alternativa na qualificação profissional. Como aporte teórico, tomaremos os

pressupostos apresentados por Piva Jr. (2011), Pallof e Pratt (2004), Moran (2002) e Almeida

(2003), entre outros. As leituras e reflexões acerca desta temática apontam preliminarmente

que as Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação, bem como sua inclusão no

processo de educação na modalidade a distância, vem oportunizando nos últimos anos, novas

maneiras de organização social e de formação educacional, o que proporciona possibilidades

de formação qualificada para o mercado de trabalho. Assim, a modalidade de Educação a

Distância cresce e aproxima a universidade das pessoas, nos lugares mais distantes do país,

rompendo fronteiras e minimizando as desigualdades sociais, através do acesso gratuito e de

qualidade a educação.

Carlos Renato Lopes (Prof. UNIFESP)

O INCONTORNÁVEL VERBO “TO BE” E OUTROS CONFLITOS: POR UMA

PROBLEMATIZAÇÃO DOS SABERES-FEITOS-DE-EXPERIÊNCIA DE

PROFESSORES DE INGLÊS EM FORMAÇÃO

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A apresentação propõe uma reflexão sobre o modo como se manifestam conflitos a partir dos

saberes-feitos-de-experiência que futuros professores de língua estrangeira trazem para o

contexto de um curso de licenciatura. Considerando-se que a ideia de conhecimento tem

passado por transformações visíveis nas sociedades do início do século 21 e que os saberes se

colocam cada vez mais em confronto nas diversas instâncias da ação humana (SCHOLTE,

2005; FEATHERSTONE & VENN, 2006), busca-se identificar como a coexistência de

saberes relativos à língua inglesa é encenada nas relações que envolvem instituição,

professores e alunos. Parte-se do pressuposto de que o conflito, mais do que barreira para uma

comunicação idealmente não-distorcida – ou condição que meramente atesta a diversidade –,

pode ser o ponto de partida para uma proposta pedagógica que leve de fato em conta a questão

da diferença (ANDREOTTI & MENEZES DE SOUZA, 2008) e, como tal, deve ser

explorado em todo o seu potencial no processo de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, são

analisados aqui alguns relatos de alunos de Letras com o objetivo de traçar uma genealogia

dos saberes que estes trazem para o contexto de um curso de licenciatura e identificar de que

modo tais saberes reforçam ou se contrapõem às epistemologias que sustentam uma proposta

mais reflexiva de formação de professores. A partir dessa análise, busca-se discutir a

possibilidade de se criarem instâncias efetivas de agência, por parte de alunos e professores,

que incidam sobre os modos como estão estruturados os saberes que eles devem “dominar” e

sobre os quais s(er)ão chamados a intervir em suas práticas profissionais – propiciando-se,

dessa forma, um diálogo crítico que problematiza padrões estabelecidos de ação ao mesmo

tempo que aponta para uma possível transformação de tais padrões no interior mesmo do

processo de ensino-aprendizagem.

Carolina Alvim Ferreira (Graduanda UnB)

GRAMÁTICA E ENSINO: -INHO, O SUFIXO DIMINUTIVO NA LÍNGUA

PORTUGUESA

Esse trabalho apresentará a relevância do ensino dos vários valores semânticos do sufixo –

inho, na língua portuguesa, para alunos estrangeiros. A estrutura dessa pesquisa é a seguinte:

a apresentação das ideias principais de uma tese acadêmica sobre o tema, a análise da

apresentação do mesmo tema em gramáticas da língua portuguesa, a análise comparativa

descritiva desse conteúdo em livros didáticos para alunos não falantes de português como

primeira língua e, por fim, a apresentação de uma proposta didática para esses mesmos

alunos. O intuito de pesquisar sobre esse sufixo foi reflexo da insatisfação destas estudantes

com a maneira com que esse tema tem sido abordado em vários livros didáticos de primeira

ou de segunda língua; e com o modo com que o diálogo, fonte de construção de significados,

tem praticamente sido excluído das práticas de ensino em salas de aula. Assim, esse trabalho,

embora conciso, pois o tema escolhido é extenso para análise, não deixou, contudo, de

abordar questões oportunas às práticas de ensino em sala de aula, buscando pontuar a

importância de apresentar esse conteúdo por meio de recursos didáticos dinâmicos e de

propostas diferenciadas de ensino. Orientado pela sociolinguística interacional, a ideia chave

desse trabalho consiste em valorizar o diálogo em sala de aula para que a negociação e

construção de significado sejam as responsáveis pelas conclusões que os alunos chegarão ao

aprenderam as diversas cargas semânticas que esse – rico - sufixo possui. Assim, espera-se

que seja de muita utilidade para os que lidam com as diversidades de uma sala de aula, tanto

alunos como professores, as ideias e propostas consideradas no presente trabalho.

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Cinara Leal Azevedo (Graduanda UFSM)

A CONTRIBUIÇÃO DE DIÁRIOS DE CLASSE NA FORMAÇÃO INICIAL DO

PROFESSOR

Atualmente a área de formação de professores tem despertado a atenção e preocupação de

muitos pesquisadores. Isso se reflete no crescente número de pesquisas e publicações

referentes a este tema. Nessa perspectiva, ganha destaque a formação e construção inicial do

professor, a importância de ser crítico-reflexivo, além da profissionalização docente.

Considerando a relevância da formação inicial para a futura atuação profissional, este trabalho

tem como objetivo verificar a evolução da atuação docente de quatro acadêmicos do curso de

Letras Espanhol, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), durante a disciplina de

Estágio Supervisionado em Língua Espanhola II e IV, períodos de prática pedagógica. Para

isso, serão analisados os diários de aula escritos por estes acadêmicos, com o intuito de

verificar as reflexões feitas por eles sobre suas práticas, e que benefícios trouxeram essas

reflexões para a atuação nos estágios curriculares. Escrever seu próprio diário de classe,

segundo Zabalza (2002) “constitui uma espécie de atividade formativa integral da qual

resultam importantes benefícios profissionais”, dentro dos quais, contribui para o

autoconhecimento do professor, pois é uma forma do mesmo conhecer sua maneira de

trabalhar e poder refletir sobre a atividade desenvolvida. Dessa forma, a tarefa de escrever um

diário permite voltar algum tempo depois e ler a narrativa para recolher dados e impressões, e

analisá-los com calma. A pesquisa analítica dos diários de classe será embasada teoricamente

a partir de autores como Almeida Filho (2006), Volpi (2001) e Celani (2001), os quais tratam

das teorias de formação de professores no contexto contemporâneo, enfatizando a preparação

de um profissional reflexivo, que pensa e age sobre sua própria prática. Esse profissional

busca constantemente o aperfeiçoamento de suas habilidades e competências e também

participa ativamente da sua formação. Assim, a análise dos diários selecionados torna-se

relevante para que se possa detectar o olhar crítico e reflexivo desses alunos, o que favorece

uma nova concepção de ensino que se inicia na universidade.

Claudia Estevam Costa (Pós-graduanda UFRJ / Profª. Colégio Pedro II)

POLÍTICAS PÚBLICAS, REFORMAS E A CONFORMAÇÃO DE UM CURRÍCULO

DE LE

A globalização, as transformações no mundo do trabalho e as transformações sociais

delineiam um processo de reconfiguração quanto ao papel da educação em quase todos os

países do mundo. Assim, o tema das reformas educacionais constituídas, muitas vezes, por

políticas públicas que buscam rediscutir a importância do currículo, da gestão escolar e do

financiamento dos sistemas de ensino tem representado um espaço relevante na literatura

educacional. Nesse trabalho discutimos a relação entre as atuais reformas estabelecidas no

Ensino Médio (doravante EM) que apontam para uma reordenação desse nível de ensino

buscando evidenciar a coerência centralizadora das propostas e ações públicas, uma vez que

se estabelece por meio do Sistema Nacional de Avaliação e, a partir do próximo ano, com a

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instauração do livro didático na disciplina língua estrangeira, completando o ciclo referente a

todas as disciplinas do Ensino Médio. A nosso ver, a partir do direcionamento orientador dos

textos prescritivos para o EM (Parâmetros Curriculares Nacionais e Orientações

Curriculares), do estabelecimento das competências específicas da matriz curricular do

ENEM (Exame Nacional do EM) e da adoção do livro didático nos idiomas Inglês e

Espanhol, pode-se configurar a existência de um currículo nacional em vias de conformação

para essa disciplina escolar.

Cleissiane de Carvalho Araujo (Graduanda – UFPA)

ANÁLISIS DE MATERIAL DIDÁCTICO PARA UNA ENSEÑANZA DE E/LE MÁS

ALLÁ DE LA CLASE

Este trabajo tiene por objetivo analizar los materiales de clases de E/LE y proponer nuevos

materiales y/o nuevas formas de utilizar estés materiales para la enseñanza, y como un buen

material puede ayudar en la enseñanza de los alumnos para más allá de las clases. Afirmamos

esta idea con los resultados presentados por los alumnos en el proyecto de la Universidade

Federal do Pará, Guamá Bilingüe, que tiene como objetivo enseña español para la comunidad

cerca de la UFPA, demostrando como este proyecto está cambiando la vida de los alumnos y

como este nuevo enfoque sobre los materiales para la enseñanza de E/LE puede cambiar sus

destinos, formando pensadores de ideas. En nuestra selección de materiales tenemos en cuenta

siempre una nueva forma de enseñar y hacer con que los alumnos aprendan de forma

dinámica y diversificada. Además de seleccionar los materiales desde los libros hasta las

nuevas tecnologías, pues todo y cualquier material tiene su valor. Para elegir los materiales

también tenemos que considerar como estos materiales van ayudarnos en clase, y de qué

manera el alumnos aprenderá con ellos y como este aprendizaje será útil no solo para su día a

día, sino también para su vida. Buscamos presentar temas que están cerca de su vivencia,

como drogas, violencia contra mujeres, además de temas de cultura hispana y como se pudo

hacer esta observación de su vivencia e de sus cambios durante y después del curso.

Cristiane Manzan Perine (Doutoranda UFU)

CRENÇAS SOBRE APRENDER DE PROFESSORES EM FORMAÇÃO EM UM

CURSO À DISTÂNCIA E O ASPECTO MOTIVACIONAL

O presente trabalho tem como proposta apresentar um projeto de mestrado cujo objetivo é

investigar quais são as crenças de aprendizes de inglês como língua estrangeira sobre o

processo de ensino e aprendizagem. Nosso interesse é analisar alguns aspectos cognitivo-

afetivos envolvidos no processo de aprendizagem de língua estrangeira, tais como motivação,

autonomia e crenças e investigar em que medida tais fatores estão inter-relacionados. Tal

como apontam Barcelos (2004, 2006), Kalaja (2003), Pajares (1992), Price (1969) e Woods

(2003), o estudo sobre crenças tem como foco buscar um entendimento de como os alunos

concebem a língua, ensino e aprendizagem de línguas e as crenças que trazem para sala de

aula. O projeto segue os referenciais de motivação de Dornyei (2001, 2005), segundo o qual

motivação é um construto que explica porque a pessoa decide fazer algo, o quanto de esforço

irá empenhar em prosseguir na atividade a que se propôs e por quanto tempo estará disposta a

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sustentar a atividade. O contexto de tal estudo é a disciplina de inglês instrumental à distância

(INGREDE) oferecido por uma universidade federal no interior de Minas Gerais. O

INGREDE é oferecido através da plataforma Moodle. Nossos participantes são professores

em formação, alunos do curso de Letras. Como instrumentos para coleta de dados, recorremos

a questionários, entrevista semiestruturada, diários reflexivos e acompanhamento dos alunos

participantes ao longo do curso. Consideramos, então, que crenças e motivação estão ligados

à ação e ao posicionamento dos alunos diante do processo de ensino e aprendizagem, e que tal

relação precisa ser melhor explorada em Linguística Aplicada. Frisamos, ainda, que são

escassos os estudos sobre crenças de aprendizes de inglês em um contexto à distância.

Constituem os objetivos da professora-pesquisadora investigar quais são as crenças

apresentadas por estes alunos sobre aprender em um contexto à distância; analisar como se

configura sua motivação para aprender; investigar de que modo as crenças dos alunos se

relacionam com sua motivação para desenvolver leitura em língua inglesa nesse contexto.

Esperamos, então, que este estudo possa trazer contribuições para pesquisas futuras sobre

planejamento de disciplinas na modalidade à distância em universidades brasileiras,

especialmente no curso de Letras, que nos ajudem a repensar os papéis que professores e

alunos assumem nesse contexto, particularmente, no que diz respeito ao ensino de línguas

estrangeiras. Cremos, ainda, que as crenças reveladas pelos alunos participantes podem

constituir subsídios para programas formação inicial de professores de inglês que buscam

integrar conteúdos relativos à tecnologia educacional.

Cristiane Ovidio Pinhel Aguilera (Doutoranda UNESP)

A IMPLEMENTAÇÃO DO NOVO CURRÍCULO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA NA

REDE PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO: REFLEXÕES DE UMA

PROFESSORA-PESQUISADORA

A proposta desse trabalho de pesquisa é analisar a transposição didática das diretrizes para o

ensino de língua estrangeira (LE) que embasam o currículo do Estado de São Paulo a partir do

uso do material didático (MD) apresentado pela Secretaria da Educação (SEE) a professores e

alunos desde 2008.

Cristina de Souza Vergnano-Junger (Profª. UERJ), Bruna Renova Varela Leite (Graduanda

UERJ/Cnpq) e Kisye Cristina Silva de Paula (UERJ/Pibic)

MONITORAMENTO LEITOR DO PROJETO INTERLEITURAS: IMPLICAÇÕES E

CONTRIBUIÇÕES PARA O LETRAMENTO NA ERA DIGITAL DE FUTUROS

PROFESSORES DE ESPANHOL LE

O presente trabalho insere-se na pesquisa “Interleituras: interação e compreensão leitora em

LE mediadas por computador”, cujos objetivos são: (a) caracterizar o processo leitor e (b)

discutir sua inserção no ensino-aprendizagem de espanhol como língua estrangeira (ELE)

com foco nas tecnologias da informação e comunicação. Por meio do monitoramento

empírico de sessões de leitura, propomos discutir e avaliar criticamente as possíveis

mudanças que o suporte acarreta nas estratégias do leitor, como isso ocorre e que implicações

traz para o ensino-aprendizagem de leitura em ELE. Já pudemos observar algumas

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características presentes nos materiais dos participantes da pesquisa, como: traçar o próprio

caminho durante a leitura com apoio do cursor do mouse; o grau de atenção, dependendo do

movimento do mouse/ barra de rolagem, do tempo com cada material e dos comentários

verbais; uso de apoios virtuais, impressos ou de perguntas aos pesquisadores para avançar na

leitura; e o grau de intimidade com o meio virtual e impresso. Nossa base teórica centra-se na

caracterização da leitura como uma atividade multidirecional e nos textos do ambiente virtual

como sendo hipertextuais, multimodais e efêmeros, demandando cuidados quanto à

idoneidade e adequação de sua fonte e informações. Nesta apresentação, exemplificamos

dificuldades a serem trabalhadas na formação inicial de futuros professores de espanhol

quanto à leitura em ambiente virtual, com base nos dados coletados e interpretados no

Interleituras.

Cyntia Ramos de Lima (Doutoranda UERJ)

O PROFESSOR E O ENSINO NAS PROVAS BIMESTRAIS DE E/LE: UMA

ANÁLISE LINGUÍSTICO-DISCURSIVA

O presente trabalho situa-se no campo dos estudos voltados para as relações entre linguagem

e mundo de trabalho. Em consideração às várias possibilidades de abordagem para essas

relações, escolhemos aprofundar-nos em discursos produzidos pelos próprios professores de

Espanhol como língua estrangeira para o seu trabalho em sala de aula. A proposta desta

pesquisa é, sob o ponto de vista enunciativo, identificar, a partir de marcas discursivas, qual

imagem os professores atuantes nas salas de aula do Ensino Médio da cidade do Rio de

Janeiro apresentam sobre si e qual imagem têm do ensino-aprendizagem de E/LE, quais os

valores que permeiam sua prática e a consonância de seu trabalho com as Orientações

Curriculares Nacionais, publicadas pelo MEC em 2006. Para esse objetivo, optamos por

analisar as provas bimestrais de verificação de aprendizagem elaboradas pelos professores

para seus alunos do 3o ano do ensino médio. Esse interesse se deu em função da sanção da lei

1.611, em 5 de agosto de 2005, pois se verifica que o governo federal começa a voltar seu

olhar para os docentes de língua espanhola, na tentativa de nortear sua prática, porém esses

professores já vinham atuando com base em sua formação, crenças e em suas abordagens

pedagógicas pré-existentes. Como orientação teórico-metodológica, nos valeremos da Análise

do discurso de base enunciativa (Maingueneau, 2004) e dos conceitos de gêneros de discurso,

dialogismo e polifonia (Bakhtin, 1992). Este trabalho se encontra em fase inicial e pretende

contribuir para os estudos referentes à análise de provas bimestrais, muito pouco explorados

em nosso país.

Daniel Puglia (Prof. USP)

AMPLIANDO O CONCEITO DE LITERATURA

Uma das mais difundidas definições sobre o conceito de literatura é aquela que estabelece a

chamada escrita imaginativa, a ficção, como o campo do literário por excelência. Entretanto,

as concepções do que seria a ficção e do que seriam os escritos frutos da imaginação são em si

mesmas bastante questionáveis. Como lembra o crítico britânico Terry Eagleton, se a

literatura significa a escrita imaginativa ou criativa, isso poderia levar à conclusão, por

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hipótese, de que a filosofia, a história ou ainda as ciências naturais não seriam “criativas” ou

“imaginativas”. Vale lembrar que tal definição de literatura é historicamente determinada,

tendo surgido por volta do período romântico e no contexto de uma crescente especificação

das várias áreas do trabalho intelectual. Antes disso, e durante muito tempo, foram estudados

como sendo literatura textos que atualmente classificamos como pertencentes, por exemplo,

às áreas de economia, filosofia e história. Já uma outra definição de literatura afirma que o

caráter especificamente literário seria revelado pela forma, pelo tratamento especial dado à

linguagem. As funções e os recursos linguísticos seriam organizados pelo discurso literário de

maneira a deslocar e renovar o discurso cotidiano e usual. A literatura, vista sob esse ponto

vista formal, seria uma prática que produziria um efeito de estranhamento, revelando sentidos

novos, rearranjando aspectos familiares da linguagem. Contudo, embora extremamente

relevante e fecunda, essa perspectiva corre eventualmente o risco de desconsiderar aspectos

sociais e históricos que muitas vezes desempenham um papel fundamental no estabelecimento

daquilo que é visto como tradição ou inovação, daquilo que será considerado canônico ou não

– em suma, daquilo que pode ou não ser definido como eminentemente literário. Nesse

sentido, nossa comunicação tem como objetivo discutir o modo pelo qual foram construídas

algumas das definições sobre o que é a literatura. Num objetivo mais amplo, procuramos

ampliar o leque de textos que possam vir a ser discutidos nos estudos literários, quebrando as

barreiras entre diferentes disciplinas. Isso implica novos desafios, mas também novas

possibilidades para a formação docente, para o ensino e a pesquisa em literatura. Tomaremos

como principal aporte teórico os livros Literary theory: an introduction (1996) e The task of

the critic (2009), ambos de Terry Eagleton.

Daniela Lindenmeyer Kunze (Doutoranda PUC-RS)

LA LECTURE EN CLASSE DE FLE: DES PROPOSITIONS PRATIQUES POUR

UNE LECTURE INTERACTIVE

La Lecture interactive est une méthodologie de lecture en classe de FLE proposée par

Francine Cicurel dans son ouvrage Lectures interactives de 1991. Dans ce modèle de lecture,

la compréhension d'un texte réside dans la combinaison de la reconnaissance d'éléments du

code linguistique et des connaissances du lecteur. La lecture est conçue comme l'interaction

de ces deux connaissances, la compétence linguistique et la compétence culturelle. Cette

méthodologie guide encore la production théorique en didactique du FLE et inspire la

conception de plusieurs manuels édités actuellement. Ce travail propose une réflexion sur la

Lecture interactive et sur l'efficacité de son application en classe. Il a comme objectif

principal de fournir à l'enseignant les moyens de réaliser une démarche interactive pour

travailler la compréhension de documents écrits en FLE. Comment utiliser les propositions de

la Lecture interactive pour favoriser la lecture/compréhension en classe de FLE? Comment les

mettre en pratique avec des documents écrits des manuels ou des documents apportés par

l'enseignant? Pour répondre à ces questions seront présentées les principales caractéristiques

et techniques de la Lecture interactive ainsi que des suggestions pour leur application en

classe. Pour illustrer ces réponses, seront présentées quelques analyses des activités de lecture

de manuels actuels comme Alter Ego 2 et Ici 2 où on peut rencontrer des traces de cette

méthodologie. Seront également proposées des démarches suivant les étapes de lecture de la

Lecture interactive pour quelques documents écrits pouvant être utilisés par l'enseignant en

classe de FLE. Il sera question d'observer dans quelle mesure certains documents peuvent

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favoriser une démarche interactive et, principalement, quelles tâches l'enseignant peut

proposer pour réaliser cette démarche.

Daniele Cristina Pereira da Silva (Graduanda UFRN)

METODOLOGIA DE ENSINO EM LÍNGUAS ESTRANGEIRAS: RELATO DE

EXPERIÊNCIA.

O trabalho apresentado descreve a experiência, em sala de aula, de graduação na disciplina de

Metodologia de Ensino de Português Língua Estrangeira, a qual ela se fundamentou nos

materiais bibliográficos que foram utilizados durante o período de dois semestres — 2010.2 e

2011.1. A disciplina foi oferecida como uma introdução para a formação complementar de

alunos de Letras na área do português como Língua Estrangeira. Os discentes dos cursos de

língua estrangeira (francês, inglês e espanhol) e da própria língua materna fazem o curso com

o intuito de melhorar a metodologia de ensino para atuarem em suas futuras turmas, seja

ministrando aula de Português Língua Estrangeira (PLE), Língua Estrangeira (LE) ou até

mesmo da Língua Materna (LM). Na mencionada disciplina, o professor introduz o conteúdo

sobre metodologias e outros temas voltados à postura do professor em sala de aula, dando

ênfase à abordagem comunicativa. Com isto, os discentes da graduação adquirem as

condições para pôr em prática o conteúdo aprendido por meio de microaulas, que varia de

elaboração de aulas à de materiais didáticos, de acordo com os contextos sugeridos pelo

professor. As microaulas são apresentadas em classe para o professor e os colegas, que, de

posse de uma ficha avaliativa, analisam o material apresentado e adaptado para a aula de PLE

e refletem sobre adequações do assunto para uma sala de LE. Trata-se de um processo

complexo de reflexão e uso da língua, em sala de aula, no contexto levado para o dia-a-dia

dos discentes estrangeiros que estudam aqui no Brasil. Esse trabalho mostrará — por meio

das experiências dos discentes/futuros professores de PLE, por intermédio de questionários,

nas turmas 1 e 2 de metodologia do PLE — as vantagens que a prática simulada traz para a

realidade da aula de PLE bem como de outras LE e até mesmo da própria língua materna.

Daniele Mendonça de Paula Chaves (Graduanda UFPA)

LA LITERATURA COMO ELEMENTO MOTIVACIONAL EN LAS CLASES DE

ELE

La finalidad de este trabajo es destacar la importancia que tiene la Literatura como elemento

motivacional en el proceso de enseñanza y aprendizaje de una lengua extranjera, en este caso

el español, puesto que en las clases de E/LE, cuando se utilizan los textos literarios se hace en

su mayor parte desde un enfoque estructuralista, trabajando solamente la gramática.

Proponemos hacer una reflexión sobre cómo la utilización de textos literarios en una clase de

español como lengua extranjera puede ayudar al alumno en su aprendizaje de la lengua

española, favoreciendo el desarrollo de las cuatro habilidades comunicativas – lectura,

escucha, oralidad y escritura – que el alumno de E/LE debe adquirir. “Limitar las actividades

de trabajo con textos literarios a los meros aspectos de manipulación formal es desaprovechar

la inmensa capacidad de evocación, podríamos decir de ‘seducción’, de esta clase de textos”

(DUEÑAS Y HERMOSA, 2000). Nuestra intención es demonstrar que con una mejor

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utilización de la Literatura Española se puede, no sólo mejorar el nivel lingüístico de los

alumnos sino que también podemos utilizar la literatura como herramienta: de acercamiento

cultural (SITMAN, R. y LENNER, 1994) y de desarrollo en el placer por la lectura.

Resultando así, la literatura como elemento motivacional en el aprendizaje del alumno.

Dayse Alves Barbosa (Profª. Secretaria Municipal do Rio de Janeiro - E.M. Prudente de

Moraes)

PROJETO RIO CRIANÇA GLOBAL

O objetivo deste trabalho é apresentar a proposta de ações dos projetos Rio Criança Global e

da Plataforma Educopedia, aulas digitais. Os projetos existem desde 2010 e estão vinculados

à Secretaria de Educação do Município do Rio de Janeiro, sendo coordenados pela Secretária

de Educação Claudia Costin, pela equipe de língua inglesa da SME e por Rafael Parente,

subsecretário de novas tecnologias educacionais da SME Rio. As turmas de ensino

fundamental passaram a ter aulas de inglês a partir de agosto de 2010 com o objetivo de

intensificar o ensino de inglês nas escolas da rede municipal, e o enfoque das aulas privilegia

a conversação e a fluência verbal. O objetivo inicial é preparar os estudantes para serem os

anfitriões para as Olimpíadas de 2016; porém, também dar a eles mais oportunidades no

mercado de trabalho globalizado. Todas as turmas integram os projetos, com o objetivo de

que o ensino desta língua estrangeira esteja universalizado até 2016. A utilização das aulas

digitais da plataforma Educopedia instrumentaliza o professor com toda uma linguagem que

fala diretamente com as crianças e adolescentes, com material instigante que leva o aluno a

desenvolver o raciocínio. O presente trabalho também pretende mostrar como os professores

do ensino fundamental do Rio de Janeiro têm sido motivados a usar a Educopedia (que é uma

plataforma digital) no ensino da língua inglesa, e que tem como foco principal o

desenvolvimento de sistemas de aprendizagem mediados pelo computador, com estratégias de

linguagem focadas em uma metodologia comunicativa. A Plataforma Educopedia está,

portanto, inserida no conceito das tecnologias de informação e comunicação (TIC), em

conjunto com o Projeto Rio Criança Global , onde áudio, vídeo, imagem e movimento

articulam-se com preocupações centradas na dimensão sociointeracional da aprendizagem do

idioma inglês no ensino fundamental do Rio de Janeiro.

Débora Fernandes de Miranda (Doutoranda UFMG)

CONSIDERAÇÕES ACERCA DA REJEIÇÃO À DOCÊNCIA NO ENSINO BÁSICO

POR ALUNOS DAS HABILITAÇÕES EM LÍNGUAS ESTRANGEIRAS DE UM

CURSO DE LETRAS

O objetivo desta comunicação é discutir a rejeição à docência no ensino básico por parte

expressiva dos alunos que optam pela habilitação em uma língua estrangeira (LE) do curso de

Letras da UFMG. A discussão será fundamentada em estudos sociológicos sobre atratividade

da carreira docente (GATTI, TARTUCE, NUNES e ALMEIDA 2009) e no histórico do

ensino de LEs no país. Apesar da grande demanda por professores do ensino básico no país,

pesquisas indicam que a procura por cursos de licenciatura e o número de formandos

provenientes desses cursos têm sofrido queda nos últimos anos. Em um estudo sobre

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atratividade da carreira docente conduzido com alunos do Ensino Médio de escolas

particulares e públicas, Gatti, Tartuce, Nunes e Almeida (2009) mostram que os jovens

tendem a rejeitar a carreira docente no momento da escolha de um curso superior por

considerarem que o magistério traz pouco retorno econômico e reconhecimento social quando

levados em consideração os desafios do contexto escolar e o nível de exigência em relação à

atividade docente. Além de estarem inseridos nesse quadro de baixa atratividade da carreira

do magistério, alunos do curso de Letras com habilitação em uma LE sofrem também com a

desvalorização do ensino de línguas estrangeiras nas escolas regulares, principalmente as da

rede pública. Apesar da obrigatoriedade do ensino de LEs desde o sexto ano do Ensino

Fundamental até o Ensino Médio, os professores enfrentam as mais diversas dificuldades,

desde baixa carga horária e falta de material de didático, até a própria desvalorização da LE

quando comparada às outras disciplinas da grade curricular obrigatória. Em sua pesquisa com

alunos do curso de Letras da UFMG, Silva (2010) aponta que os alunos que optam por uma

habilitação em LE investem majoritariamente na docência em cursos livres de idiomas e em

experiências no exterior, por serem atividades com alto valor distintivo, e em disciplinas da

área de literatura, por serem mais valorizadas que as disciplinas relacionadas diretamente ao

ensino. Apesar de declararem sentir-se preparados para atuar como professores de LE do

ensino básico, esses alunos rejeitam a ideia de atuar nesse campo específico do mercado

escolar. Aqueles que viveram algum tempo em um país estrangeiro apresentam ainda maior

rejeição à docência no ensino básico. Esta comunicação pretende contribuir para uma reflexão

mais aprofundada sobre os problemas enfrentados pelos cursos de licenciatura na formação de

professores de LE para o ensino básico e sobre a importância de políticas de valorização da

profissão docente e de valorização do ensino de LEs nas escolas regulares.

Debora Soares Pessoa (Graduanda UFV)

TEACHER'S IDENTITY CONSTRUCTION THROUGH EXPERIENCES IN AN

ENGLISH EXTENSION COURSE

Resende & Ramalho (2006) assert that understanding the use of language as social practice

leads us to think of it as a historically situated way of action that is also constituted by

identities, beliefs and social relationships. Discourses, being produced by individuals who

have heterogeneous beliefs and ideology, reflect, in an implicit or explicit way, such marks

(beliefs and ideology) in socio-historically situations, for example the classroom. Identity is

an important concept when we talk about language teaching learning in the sense that identity

is intrinsically linked to discourse and language. There is a connection between the teacher’s

identity construction and her/his pedagogical choices in the classroom, how she/he teaches a

specific subject, why she/he chooses some methods and not others; the teacher brings to the

classroom his/her (good and bad) experiences (MILLER MARSH, 2002). Those experiences

as language learners influence, in different ways, future language teachers in their practice. It

is important to develop studies that try to understand how this process happens, and one

method to do this is using personal narrative. Narrative can be assumed as a discursive form

of acting and interacting in the world. This way, narratives are very important in the

construction of social identities, because we use them to talk about ourselves, to tell stories, to

say what we are and how we are feeling (MOITA LOPES, 2001). Thus, narrative is not only a

way to build certain views of reality, narratives legitimate and privilege certain forms of

subjectivities while excluding others. The necessity for critical awareness of discourse and

identity construction in contemporary society should take a major role in language teaching-

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learning process in private courses, schools, colleges and universities. There is little research

about the teacher’s identity construction, in the social sense, and its influence in the language

teaching learning process. But the literature that talks about this subject suggests that the

teacher’s identity construction is influenced by many factors, including individual

experiences, teacher training course and the social situation where the teacher is in. This

article aims to present a narrative analysis about experiences of a student as tutor in an

English Extension Course in the Federal University of Viçosa, Minas Gerais, Brazil. The

focus is on how the identity of this English tutor was made through the experiences she has

had as English learner and as tutor.

Denise Gisele de Britto Damasco (Doutoranda UnB)

JUVENTUDE E O ESTUDO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

Esse artigo retrata um projeto de pesquisa de doutoramento iniciado em 2010 da Faculdade de

Educação da Universidade de Brasília, na área de políticas públicas e gestão da educação

básica e na linha de pesquisa: gênero, raça/etnia e juventude. Com abordagem qualitativa,

essa pesquisa de doutorado encontra-se em fase exploratória, com a defesa do projeto de

qualificação agendado para março de 2012. Os dois eixos dessa pesquisa são juventude e

línguas estrangeiras no Distrito Federal, em que se buscam as visões de mundo de jovens que

estudam línguas estrangeiras no sistema público de ensino do Distrito Federal. Define-se

juventude por meio de Mannheim (1961), Margulis (2001), Dayrell (2007) e Sposito (2008).

Entende-se linguagem e língua por meio de Berger e Luckmann (2004), Benveniste (1964),

Thierry (1983), Flusser (2007). Compreende-se o sentido de língua estrangeira, pela leitura de

Martinez (2008) e Coracini (2003) e procura-se contextualizar o ensino de língua estrangeira

no Distrito Federal, resgatando a história dos Centros Interescolares de Línguas do DF e da

parceria entre a Secretaria de Estado de Educação do DF e a Aliança Francesa de Brasília.

Essa pesquisa qualitativa tem como abordagem teórico-metodológica o Método

Documentário, e como instrumento de pesquisa a utilização de grupos de discussão,

baseando-se na obra de Ralf Bohnsack. Toma-se o caso da língua francesa como opção de

idioma para esse estudo em um primeiro momento dessa pesquisa em que se preparou esse

estudo exploratório. Postularam-se as questões com base na experiência de vida profissional

da pesquisadora como professora de francês como língua estrangeira desde 1986 no DF e na

literatura especializada, a saber: Como é o cotidiano de jovens que estudam francês em

escolas específicas de línguas? Quais os sentidos desse estudo para os/as jovens? Apresenta-

se nesse artigo a análise formulada e refletida de uma passagem de um grupo de discussão

com seis jovens, de acordo com Weller (2010) e análise de conversação da mesma a partir de

Marcuschi (2006). Nesse primeiro momento, entende-se que o cotidiano e a rotina de estudo

de francês desses jovens são definidos por seus familiares, sendo que os mesmos não têm

domínio de seu tempo livre. Conclui-se que sentido do estudo de um idioma para estudantes

jovens de francês está relacionado ao seu projeto de futuro como uma possibilidade de

realização pessoal, de um desafio pessoal, busca pela estética e ascensão profissional desses

jovens, que poderá acontecer no futuro mediante um esforço educacional realizado no

presente.

Denise Radanovic Vieira (Profª. Escola Suíço-Brasileira de São Paulo)

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MOBILIDADE ESTUDANTIL, COMPETÊNCIA INTERCULTURAL E ENSINO-

APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS: CONCEITOS E RESULTADOS

DE UM ESTUDO DE CASO

A mobilidade estudantil, ainda que um pouco timidamente, começa a representar um percurso

natural no contexto da internacionalização das universidades, no intuito de responder à

demanda de um mercado de trabalho globalizado que exige competências cada vez mais

desenvolvidas no que diz respeito ao trânsito entre diferentes universos culturais. Essa nova

realidade pressupõe, naturalmente, novas necessidades de formação, inclusive e sobretudo no

contexto do ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras. Esta comunicação tem por objetivo

apresentar os resultados de um estudo de caso feito com um grupo de estudantes brasileiros

participantes de um programa de dupla graduação Brasil-França à luz dos Estudos

Interculturais de linha francesa, tendo como pontos de partida os conceitos de Competência

Intercultural (OGAY, 2000; ZARATE, 1986, 1995 e 2003; ABDALLAH-PRETCEILLE,

1996 e 2005) e Capital de Mobilidade (MURPHY-LEJEUNE, 2003). Este estudo foi

motivado por interrogações surgidas em nossa prática diária como professora de Francês

Língua Estrangeira (FLE) e, em contextos diversos, responsável pela formação linguístico-

cultural de estudantes brasileiros que se preparam/avam a uma experiência de mobilidade

internacional. Ao longo do processo de pesquisa, buscamos responder a algumas indagações

acerca das relações existentes entre o capital de mobilidade do indivíduo e o seu nível de

competência intercultural, bem como acerca do tipo de formação passível de facilitar o

desenvolvimento desta competência em nossos aprendizes de língua estrangeira a fim de

diminuir e/ou evitar as dificuldades decorrentes do choque cultural quando do contato com a

realidade do Outro durante, por exemplo, o período de permanência no exterior. Os resultados

obtidos, embora ainda não sejam conclusivos, sinalizam alguns caminhos a percorrer no

âmbito das teorias e das experiências interculturais, e, principalmente, nas estratégias

pedagógicas a serem desenvolvidas em de sala de aula.

Denize Dinamarque da Silva (Graduanda - UFV)

EXPERIMENTANDO EMOÇÕES NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA

O processo cognitivo de aquisição de uma segunda língua envolve diversos aspectos, sendo

muito complexo definir, com exatidão, os sistemas de aprendizagem. É praticamente

impossível o professor conseguir perceber, sozinho, as dificuldades de seus alunos e

conseguir ajudá-los individualmente. No entanto, fica mais fácil quando ele conta com o

relato de seus próprios alunos por meio da narrativa e do aprendizado reflexivo em que eles

têm a oportunidade de contar suas experiências pessoais. Tais histórias apontam um elemento

importante no desenvolvimento de habilidades orais: as emoções. Segundo Aragão (2007)

elas estão presentes em nossas vidas nos mais diversos âmbitos e de diferentes maneiras,

moldando as nossas ações. Ele defende que as emoções podem facilitar ou mesmo impedir a

aprendizagem, apresentando fatores de influência positiva e negativa ao processo (Aragão,

2003). Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo relatar resultados de uma pesquisa

realizada em um curso de extensão de uma universidade federal. Trata-se de um estudo acerca

de narrativas feitas por alunos iniciantes de língua inglesa sobre a experiência da construção

de uma autobiografia no formato de vídeo. A primeira gravação foi realizada individualmente

para que eles pudessem ensaiar e se familiarizar com o texto que eles mesmos construíram. A

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outra gravação foi feita em sala de aula no intuito de verificar as emoções despertadas nos

alunos durante o processo de produção desse vídeo, bem como avaliar a aprendizagem do

conteúdo abordado durante todo o semestre. A análise das narrativas revela emoções tais

como nervosismo, vergonha, ansiedade, mas apontam outros sentimentos benéficos à

aprendizagem como a perda do medo, superação da timidez e a superação e de autoconfiança

por conseguirem falar por alguns minutos uma segunda língua. As narrativas também

demonstraram que os alunos conseguem perceber o quanto eles aprenderam durante todo o

processo de produção.

Diego da Silva Vargas (Doutorando UFRJ)

CONTRIBUIÇÕES COGNITIVISTAS AO ENSINO DE LEITURA EM LÍNGUA

ESTRANGEIRA

Os documentos oficiais que atuam como referências para o ensino de línguas estrangeiras na

Educação Básica - tais como PCN (BRASIL, 1998), PCNEM (BRASIL, 1999), PCN+

(BRASIL, 2002) e OCEM (BRASIL, 2006) - apontam para o papel primordial desempenhado

pelo trabalho com a leitura em sala de aula. Entretanto, assumindo uma perspectiva discursiva

e sociointeracional sobre o ensino de línguas, esses documentos não levam em consideração o

legado deixado pelas pesquisas em cognição acerca das relações que se estabelecem entre

leitor e texto, em um ato interativo de leitura. Assim, são ignorados trabalhos clássicos

essenciais para que o debate sobre o ensino de línguas alcançasse o lugar que hoje ocupa nos

meios acadêmicos e escolares (cf. KATO, 1990; SCLIAR-CABRAL, 1991, KLEIMAN,

2001, 2004, 2010; FULGÊNCIO e LIBERATO, 1996, 2003; entre outros). Dessa forma, este

trabalho se propõe a pensar sobre as atividades escolares de leitura em língua estrangeira, em

especial, o Espanhol para aprendizes brasileiros, contribuindo para as discussões sobre o tema

e visando, assim, a ampliar o escopo teórico a ser considerado. Além disso, busca-se,

igualmente, atualizar os estudos em cognição e leitura, a partir da associação entre os

pressupostos da Linguística Cognitiva, ainda pouco divulgados no Brasil, e os pressupostos da

Psicolinguística, já conhecidos devido aos trabalhos citados anteriormente. Da mesma

maneira, pretende-se ampliar o espectro de atuação das teorias, aplicando esses pressupostos

ao ensino de línguas estrangeiras, em especial, no que se refere ao trabalho com a leitura em

sala de aula.

Diogo Neves da Costa (Pós-graduando UFRJ)

O USO DA TECNOLOGIA DURANTE O PROCESSO DE ENSINO-

APRENDIZAGEM NO AUXÍLIO DO PROFESSOR-APRENDIZ

Uma mise-en-scène, forma possível de interpretar a sala de aula de língua estrangeira, nesta, a

partir de um processo de imersão o aluno acredita estar num microcosmo de linguagem do

idioma a ser aprendido, frente a frente com um nativo (professor), mas não um nativo “real”,

mas sim seu nativo “idealizado”, um que domina todo e qualquer conteúdo e não tem dúvidas.

Cabendo ao professor o trabalho de corresponder essa imagem com o intuito de desconstruí-la

ao longo do curso esse trabalho se torna mais árduo ao professor-aprendiz desabituado a essa

realidade de sala de aula. Sendo assim, a partir de uma pesquisa autoetnográfica pretendeu-se

observar como o professor em formação inicial pode usar a tecnologia a seu favor,

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preenchendo possíveis carências de suas competências que, a partir de uma revisão

bibliográfica e reflexão das obras de Kleiman (1989), Coste (1978 e 1988), Moirand (1982) e

Cunha (2002), seriam as seguintes: Linguística, discursivas-textual e de conhecimento de

mundo (COSTA, 2011). Acredita-se aqui que ao selecionar estratégias que permitam ao

professor iniciante preencher essa ausência momentânea de conhecimento em uma das

competências, ele terá maior segurança durante o processo de ensino-aprendizagem,

permitindo que ele se desenvolva como profissional de maneira mais eficiente e eficaz. Neste

sentido, como se pretende mostrar nesta pesquisa, o uso da tecnologia pode ajudar o

professor-iniciante. A coleta de dados foi realizada a partir de relatos pessoais recolhidos

através de “diários de campos” e “retrospecções proteladas”, que visavam uma reflexão sobre

a ação e sobre a reflexão da ação (SCHON, 1992), pretende-se, então, demonstrar como, e em

que casos, a tecnologia auxilia o professor, visando como objetivo final criar um quadro

sistemático e didático de ações possíveis a partir das competências categorizadas.

Diogo Silva Chagas (Graduando UFTM) & Fernanda Apolinário Galera (UFTM)

REDES SOCIAIS VIRTUAIS E O ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA

INGLESA

A aplicabilidade das tecnologias e mídias digitais no processo de ensino-aprendizagem tem

sido um tema bastante relevante nas discussões acerca de questões educacionais, o que norteia

a pesquisa para o campo do ensino da Língua Inglesa no contexto digital. Nessa perspectiva,

verificar como as tecnologias de informação e comunicação (TIC) podem contribuir no

ensino-aprendizagem da Língua Inglesa é o objetivo fundamental, se embasando na

familiaridade de uma nova geração que surge permeada de tecnologias. Prensky (2001)

denomina os alunos que crescem sempre envolvidos com tecnologias de “nativos digitais”.

Ferrari (2010) defende a ideia de que o professor é mediador no que se refere à disseminação

de informações e deve procurar meios mais eficazes para tal e o uso de tecnologias é visto

como ferramenta de auxílio, conforme apontam Coura-Sobrinho e Santos (2010), que permite

que o aluno esteja em contato com a língua que está sendo aprendida, no caso a inglesa, em

ambientes extra sala de aula. Nesse sentido, as redes sociais virtuais, como o twitter,

facebook, orkut, formspring, podem ser percebidas pelo aluno como um “propiciamento” do

ambiente. Este termo foi traduzido por Paiva (2009) do inglês “affordance”, cunhado por

Gibson (1986), e se refere ao que o ambiente proporciona e oferece ao indivíduo. Sendo

assim, o professor sabendo como aplicar tais recursos para que auxilie no processo de ensino

e o aluno percebendo os propiciamentos, ambos se tornam construtores do conhecimento

sobre da língua aprendida. Utilizando meios nos quais os alunos podem aplicar a língua em

aprendizagem, é diminuída a questão levantada por Paiva (2009) que reflete o ensino de

inglês no Brasil focado apenas no vocabulário e sem práticas sociais da linguagem. Por ser

uma pesquisa emergida de discussões de um grupo de pesquisa, até o presente momento, foi

possível destacar que, quando há uso das TIC’s no processo ensino-aprendizagem, há sempre

um melhor rendimento e compreensão da Língua Inglesa, uma vez que o aluno passa a

praticá-la em comunidades de prática diferentes e é aberto um leque de fontes que podem

contribuir na aquisição da nova língua.

Dora Anita Mello (Jogos Boole - Professor da Educação Básica / Enseignant du Secondaire )

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EN FRANÇAIS ON S'AMUSE: L'INTEGRATION ENTRE LA LANGUE ET LA

LOGIQUE

Ce projet n’est pas une invention, ni une découverte, mais une innovation. C’est à dire, une

idée nouvelle pour employer le déjà connu: enseigner la langue française à travers des

problèmes et des histoires logique présentés à l’aide d’un jeu de cartes. La logique

mathématique, issue des travaux du mathématicien anglais George Boole (1815-1864), est

une algèbre simple, sur lequel s’appuie le fonctionnement de l’ordinateur. Aujourd’hui le

progrès le l’informatique et notamment de l’intelligence, passent par une meilleur

compréhension des langues et il y a une série de travaux associant linguistique et sciences, car

pour passer d’une société de reproduction à une de création, il faut accepter le défi que

l’ordinateur signifie. Introduire ces connaissances aux élèves dès les premières années de la

vie scolaire est l’objectif des Jeux Boole. Après avoir résolu une énigme on demande aux

enfants de créer une autre et de fabriquer eux même d’autres personnages et figurines. On

poursuit, dans ce moment, un autre objectif que c´est la créativité. Pour les tout petits on

commence avec des marionnettes leur proposant un jeu de rôle. Les personnages sont les

mêmes que nous avons sur les cartes. Nous avons une série de jeux sur l’ordinateur construits,

eux aussi, sur des structures logique-mathématiques qui permet l’intégration entre la langue et

les mathématiques pour développer la pensée logique. La logique se présente comme point de

départ pour envisager le futur.

Dörthe Uphoff (Prof. USP)

DISCURSOS SOBRE PLANEJAMENTO DE ENSINO EM DUAS OBRAS DE

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

A proposta desta comunicação consiste em analisar e comparar os discursos relativos ao

planejamento de ensino em duas obras de formação de professores de língua estrangeira:

“Fernstudienprojekt Deutsch als Fremdsprache”, voltado para professores de alemão, e

“Portfolio”, destinado prioritariamente a professores de inglês. Trata-se de duas séries

compostas por diversos volumes que versam sobre diferentes aspectos didático-

metodológicos referentes ao ensino de idiomas e que são escritos por renomados especialistas

em suas áreas. Para o propósito do trabalho, foram analisados os volumes que têm como tema

principal a questão do planejamento, a saber, o volume 18 da série alemã (“Deutschunterricht

planen neu”, Bimmel/Kast/Neuner 2011) e o primeiro volume da série “Portfolio”

(“Planejamento de metas e objetivos em programas de idiomas”, Richards 2003). A pesquisa

focaliza três aspectos ligados à apresentação do ato de planejar empreendida nas obras.

Primeiramente, indaga-se sobre o recorte feito dessa operação, ou seja, pergunta-se quais as

etapas do planejamento que são efetivamente discutidas nos volumes. Em segundo lugar, são

examinados os fatores mencionados que intervêm na determinação dos objetivos de ensino.

Além disso, investiga-se também como o papel do material didático na operação do

planejamento é concebido nas obras. A pesquisa apoia-se em conceitos oriundos da analítica

do poder de Foucault que compreende o discurso como um elemento estratégico dentro de

uma relação de poder e saber. Desse modo, parte-se do pressuposto que o saber reunido em

uma obra de formação de professores não reflete apenas o estado da arte de uma determinada

disciplina, mas envolve também julgamentos acerca das competências que devem, ou não, ser

desenvolvidas em um professor de língua estrangeira. A análise das obras revela que as séries

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priorizam saberes diferentes na apresentação dos processos relativos ao planejamento de

ensino. Assim, no volume do “Fernstudienangebot Deutsch als Fremdsprache” o foco recai

sobre o microplanejamento, ou seja, a preparação diária das aulas, enquanto que a série

“Portfolio” privilegia o macroplanejamento, ao discutir sobretudo a transposição das metas

gerais de um curso de idiomas em objetivos concretos e passíveis de controle. Uma outra

diferença entre as obras examinadas diz respeito à posição do material didático dentro do

processo de planejar o ensino. Se, na série alemã, o planejamento é tratado a partir da

presença de um livro didático em sala de aula, com numerosos exemplos e tarefas dirigidas ao

professor que se baseiam em livros didáticos atuais da área, a série “Portfolio” desenvolve sua

argumentação sem referência qualquer ao tipo de material a ser empregado. Estes e outros

resultados da pesquisa apontam para o caráter político de uma obra de formação de

professores, que não apenas transmite saberes didático-metodológicos, mas os seleciona e

valida de acordo com uma certa visão do papel que o professor de língua estrangeira exerce

hoje em dia.

Douglas Tavares da Silva (Graduando - UFRJ)

AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO (TIC) NO

PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Muitos alunos têm consciência das múltiplas possibilidades trazidas pela internet. No entanto,

grande parte não tem o conhecimento necessário para lidar com essa multiplicidade, o que

corrobora com a ideia de que a simples utilização da tecnologia não garante uma produção de

mudanças desejadas no processo de ensino-aprendizagem. A tecnologia, para ter êxito,

necessita ser utilizada corretamente. Uma pesquisa realizada em 2011, como atividade do

curso de Prática de Ensino de Português-Espanhol da Faculdade de Educação da UFRJ, com

duas turmas de oitavo ano, ilustra perfeitamente essa tese. 100% dos entrevistados afirmam

ter acesso à internet em casa. Pela pesquisa, por um lado, tem-se relatos de alunos que

afirmam usar sites confiáveis ou mais conhecidos, no intuito de auxiliar seu aprendizado ao

disponibilizar informações verdadeiras. A comparação aparece como um critério para

verificar a veracidade do material encontrado. Já por outro lado, alguns alunos se mostram

descomprometidos, ao possuir a postura “ler, copiar e colar” (reprodução do conteúdo) ou por

não adotar critérios no ato da escolha do site a ser utilizado. Dessa forma, percebe-se uma

necessidade de orientação em como usufruir das ferramentas disponíveis. E para uma prática

pedagógica compatível com a revolução científico-tecnológica, as Tecnologias da Informação

e da Comunicação (TIC) assumem uma posição relevante. Segundo Barreto (2005), a

incorporação destas como solução para problemas educacionais tem marcado muitos

discursos. A autora sintetiza que as TIC podem favorecer dimensões de ensinar e aprender,

desde que o acesso à informação ou mesmo ao conhecimento seja visto como condição

necessária, mas não suficiente, à sua apropriação pelos sujeitos. Dessa forma, os cursos de

formação dos professores devem fornecer um suporte, para que estes saibam quando e como

utilizar a tecnologia e, de preferência, de uma forma crítica.

Edirnelis Moraes dos Santos (Graduando – UFPA)

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AUTONOMIA E ESTRATÉGIAS NA FORMAÇÃO DOS APRENDENTES DE

FRANCÊS LINGUA ESTRANGEIRA

No atual contexto de ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira (LE), busca-se não

apenas o desenvolvimento da competência comunicativa dos aprendentes, como também fazer

com que estes desenvolvam atitudes autônomas em sua aprendizagem. Este trabalho tem

como objetivo identificar quais são as concepções de autonomia, assim como, as estratégias

utilizadas pelos aprendentes de francês como LE (FLE), verificando em que medida suas

práticas refletem na construção de comportamentos autônomos por parte de aprendentes. Para

isso, foi aplicado um questionário em duas turmas de FLE da Universidade Federal do Pará:

uma turma da licenciatura em francês e outra dos cursos livres. O embasamento teórico versa

sobre a autonomia e estratégias na aprendizagem de LE.

Edson José Gomes (Prof. UEM)

AFINAL, QUAL A FUNÇÃO DA GRAMÁTICA NA AQUISIÇÃO DA

COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA EM FLE?

Este trabalho versa sobre o tema do papel que a gramática desempenha na aquisição da

competência linguística no processo de ensino/aprendizagem do francês como língua

estrangeira (FLE). A principal causa para sua realização se encontra no domínio do uso da

gramática em sala de aula. Pesquisas realizadas nos últimos anos têm debatido sobre o estudo

excessivo das regras gramaticais no ensino de línguas, tanto materna quanto estrangeira,

provocando, assim, problemas no processo de ensino/aprendizagem do FLE e,

consequentemente, distúrbios no desenvolvimento de sua competência linguística. A hipótese

que norteou a pesquisa foi a de que a abordagem gramatical não deve ser dissociada do

âmbito da sala de aula nem o ensino de FLE deve ser orientado de maneira excessiva na

descrição gramatical. O corpus foi coletado por meio de um questionário investigativo

aplicado aos discentes do curso de Letras Português/Francês da UEM (Universidade Estadual

de Maringá) o qual foi analisado sob a luz da didática das línguas, a qual consiste na análise

das condições e das modalidades do ensino e da aprendizagem de línguas. Os resultados

revelaram que a maior parte dos aprendizes concebe a gramática como importante elemento,

senão indispensável, para a aquisição da competência linguística. Nesse sentido, o estudo das

suas regras nos níveis morfológico e sintático, em meio institucional, se revela importante

para que os aprendizes possam interiorizar a gramática implícita e, dessa forma, produzir

enunciados pertinentes à língua.

Elisa Mattos de Sá (Doutoranda UFMG / Authentic English Business Language Center)

USING TECHNOLOGY IN THE ACQUISITION AND DEVELOPMENT OF

INDIVIDUAL SOUNDS BY BRAZILIAN LEARNERS OF ENGLISH – THE CASE

OF THE GLOBAL ENGLISH CORPORATE LEARNING SERVICE™

This paper analyzes how technology can be used in the acquisition and development of

individuals sounds proven to be difficult for Brazilian learners of English. The acquisition of

pronunciation is as much a physical as it is a cognitive process, and helping students

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understand the physicality of such process is paramount (Thornbury, 2002; Baker & Westrup,

2003). As argued by Maniruzzaman (2010), pronunciation teaching – whether at the supra or

the segmental level – has long been ignored in the development of speaking skills,

Pronunciation, however, needs to be integrated to oral communication practice, as it is a key

element in understanding and in language proficiency and fluency. As seen in Harmer (1996),

the teaching of pronunciation should seek communicative efficiency and that entails dealing

with both the segmental level (individual sounds, word stress, for example) as well as the

suprasegmental level (intonation contours, among others) of the English sound system. In

terms of teacher education, this presentation reflects upon how pronunciation – hereby

understood as an element of speaking skills (Baker & Westrup, 2003) – is important in

English Language Teaching (ELT), and aims at showing how teachers can use technology

(online dictionaries, phonetics websites and e-learning services) to help their students in

acquiring and developing more complex individual sounds of the English language. More

specifically, we will see how the Global English Corporate Learning Service™ has been

useful in the development of pronunciation, especially for Business English students, who

generally need to improve their speaking skills fast and for more immediate use of the

language (Barton, Burkart & Server, 2010; Frendo, 2005; Donna, 2000). This presentation

therefore includes a demonstration of the pronunciation practice feature of the aforementioned

e-learning service, in which one of my Business English students shows how he has been

using Global English to improve his pronunciation in an autonomous and independent

manner. Moreover, the Global English Corporate Learning Service™, as incorporated to face-

to-face classes, has proven to be an excellent tool in the development of learner autonomy,

which is essential in Business English teaching/learning (Donna, 2000; Sá, 2011).

Elizabeth Sara Lewis (Doutoranda PUC-Rio)

COMBATER O SEXISMO ATRAVÉS DO ENSINO DO INGLÊS: ENCORAJANDO

ESTUDANTES DE ILE A PENSAR CRITICAMENTE SOBRE ESTEREÓTIPOS DE

GÊNERO E SEUS USOS DA LINGUAGEM

As palavras nunca são inerentemente sexistas; é como são usadas em certos contextos que

pode ser sexista. Infelizmente, os materiais didáticos frequentemente perpetuam estereótipos

sexistas e as metodologias de ensino nem sempre ensinam as habilidades de pensamento

crítico necessárias para a sua desconstrução. Isso cria uma situação particularmente

complicada para estudantes de Inglês como Língua Estrangeira (ILE), que frequentemente

aprendem novas palavras e estruturas gramaticais, mas não suas múltiplas conotações em

situações e contextos socioculturais diferentes. Outro fator que complica essa situação é a

ideia que os estereótipos ajudem ou até sejam “necessários” para aprender a língua estrangeira

(Fiske, 1998) e que os/as alunos/as de língua estrangeira devem ser ensinados/as um número

limitado de opções para se expressarem, porque supostamente ficarão confundidos/as se

aprenderem alternativas “demais”. Destarte, os/as alunos/as aprendem linguagem que é

gramaticalmente correta, mas limitada, e que muitas vezes reforça um mundo (linguístico)

centrado nos homens e que pode levá-los/as a falar em modos sexistas despercebidamente.

Inconscientes das várias opções e suas conotações potenciais em contextos diferentes, os/as

alunos/as não podem agir como agentes, tomando decisões linguísticas informadas e situadas.

Desejando examinar e mudar esta situação, realizei um projeto de pesquisa-ação em

novembro de 2007, numa aula intensiva de inglês com um grupo de dez estudantes em Roma,

Itália. Criei materiais didáticos autênticos com o objetivo de representar a igualdade de gênero

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e mostrando comportamentos diversos para romper os limites dos estereótipos de gênero.

Adicionalmente, empreguei o que eu chamo de uma abordagem pós-método

(Kumaravadivelu, 1994, 2001) de igualdade de gênero no ensino, com o objetivo de

empoderar (sic) os/as alunos/as através de ensinar-lhes várias opções comunicativas e seus

possíveis efeitos em contextos socioculturais diferentes, encorajando pensamento crítico sobre

essas opções e sobre suas escolhas linguísticas Com isso, esperava realizar três objetivos

interligados: (1) refutar a ideia tradicional que ensinar opções linguísticas múltiplas a

alunos/as de ILE dificultaria a sua aquisição da linguagem, (2) ensinar gramática sem separar

as formas dos seus contextos socioculturais, e (3) encorajar meus/minhas alunos/as a

pensarem criticamente sobre a linguagem para realizarem performances discursivas

empoderadas em inglês. Os/as alunos/as envolvidos/as na pesquisa-ação confirmaram a minha

hipótese que seriam igualmente capazes de assimilar diversos modos de expressão relativos a

cada tema novo sem precisar de representações de estereótipos de gênero, adquirindo várias

opções com e sem marcadores de gênero e escolhendo entre elas dependendo do contexto.

Elza Maria Duarte Alvarenga de Mello Ribeiro (Profª. IFRJ)

A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR PESQUISADOR NA EDUCAÇÃO

“O professor pesquisador não se vê apenas como um usuário do conhecimento produzido por

outros pesquisadores, mas se propõe também a produzir conhecimentos sobre seus problemas

profissionais, de forma a melhorar sua prática. O que distingue um professor pesquisador dos

demais professores é seu compromisso de refletir sobre a própria prática, buscando reforçar e

desenvolver aspectos positivos e superar as próprias deficiências.” (BORTONI-RICARDO,

2008:46). Numa pesquisa etnográfica colaborativa, o professor-pesquisador ocupa lugar

privilegiado no processo de ensino-aprendizagem como autor-coparticipante no ato de

construção e transformação de conhecimento. Em função disso, quando se propõe a conduzir

uma pesquisa sobre sua prática ou dos demais colegas de profissão, fornece informações

relevantes para seu campo de atuação promovendo mudanças no ambiente pesquisado. No

entanto, de nada adianta a empreitada se o conhecimento produzido não for compartilhado e

divulgado. Para que isto aconteça, é de extrema relevância o intercâmbio entre os interessados

no campo do conhecimento em questão, no caso: professores, estudantes e pesquisadores. A

partir do acima exposto, a apresentação tem por objetivo compartilhar, refletir e debater sobre

o conhecimento produzido durante a pesquisa de mestrado sobre questões orais em sala de

aula de língua inglesa como segunda língua. O estudo partiu de um questionamento pessoal

sobre a prática docente e se propôs a investigar a razão do maior interesse dos alunos por

atividades orais nas aulas de inglês. O aparato teórico que embasa a pesquisa se debruça, mais

especificamente, sobre os conceitos de Bakhtin e Vygotsky. O primeiro autor contribui com

as noções de dialogismo, polifonia, interação, enquanto o segundo contribui com os conceitos

de aprendizagem colaborativa e significativa, mediação, zona de desenvolvimento proximal.

O contexto da pesquisa foi a sala de aula, já que no caso a professora foi também a

pesquisadora. A variedade de instrumentos de geração de dados contribui para o

enriquecimento da pesquisa qualitativa de caráter subjetivista e interpretativista. Os dados

gerados foram categorizados e analisados a partir do conceito de “repertórios interpretativos”.

A investigação sugere que há de se rever os modos de trabalho em sala, assim como as formas

de desempenhar a prática docente de maneira mais consciente, eficaz e eficiente. Além disso,

o estudo apresenta a tentativa de aproximar os alunos do processo e contemplar o que para

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eles é relevante e pertinente no processo de aprendizagem tanto de inglês como segunda

língua, quanto o aprendizado das demais áreas do conhecimento.

Emili Barcellos Martins Santos (Doutorando USP)

DO FRANCÊS MILITAR AO FRANCÊS COM OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

ESTUDO DE UMA NOÇÃO

O ensino de línguas estrangeiras (LEs) concebido em função das necessidades específicas de

comunicação dos aprendizes não é uma prática recente. A partir do século XII e sobretudo no

século XIV, experiências práticas têm almejado atingir profissionais que no exercício diário

de seu ofício necessitam se comunicar em LE. No entanto, foi somente com o término da

Segunda Guerra Mundial que experiências didáticas desta natureza ganharam maiores

proporções, visto que reflexões teóricas no campo da Didática de LEs acerca desta

problemática passaram a ocupar um lugar de destaque cada vez maior, passando a

desempenhar uma posição central a partir dos anos 1960 e chegando ao final do século XX,

início do século XXI a constituir o cerne incontornável da reflexão sobre a teoria e a prática

dos pesquisadores em Didática de LEs. Muitas denominações foram dadas ao que hoje

chamamos de Francês com objetivos específicos (FOS). Diferenciar com precisão e distinguir

com clareza as noções às quais estes termos remetem é uma das grandes dificuldades

enfrentadas por aqueles que se propõem a estudar o histórico do FOS. Para Holtzer (2004,

p.8), uma das causas para essa dificuldade reside no fato da maioria dos autores que

empregam estes termos não se proporem a defini-los em seus textos. Além disso, a

banalização dos termos de uso frequente faz com que eles sejam facilmente tidos como

transparentes e, assim, sejam recebidos naturalmente sem que haja um real questionamento

sobre o assunto. Este trabalho analisa a gênese e o desenvolvimento gradual do conceito de

FOS ao colocar em evidência a emergência gradativa deste conceito desde a época do ensino

do Francês Militar até os dias atuais.

Etiene Silva de Abreu (Doutoranda UNIRIO)

CONSIDERAÇÕES SOBRE UMA LÍNGUA FRONTEIRIÇA E SEU ENSINO NO

NÍVEL SUPERIOR – A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS X LÍNGUA

PORTUGUESA BRASILEIRA

O conceito de língua estrangeira, tal qual apresentado por alguns autores, nos remete a ideia

de uma língua que não é utilizada na comunidade em que estamos inseridos, ou seja, temos

contato com tal língua em contextos específicos, ou artificiais. Escolas bilíngues utilizam

diversas estratégias para a imersão do estudante nas duas línguas, visto que de forma natural –

em sua comunidade, na sociedade em que vive – uma delas, não é a língua de maior

circulação. Segundo alguns autores, a língua portuguesa para a pessoa surda poderia ser

caracterizada como uma segunda língua e não uma língua estrangeira, já que a pessoa surda

no Brasil tem contato direto e constante com a língua portuguesa. Porém, é necessário discutir

sobre o papel que a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – ocupa para a pessoa ouvinte,

principalmente com a obrigatoriedade do seu ensino no nível superior. Muitos estudantes

afirmam que não têm contato com a LIBRAS fora do espaço da universidade, criando assim

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uma situação de dificuldade para o seu aprendizado. Somado a isso, podemos afirmar que as

mídias brasileiras raro utilizam tal língua e ainda há poucos materiais didáticos, científicos e

literários disponíveis. Sabe-se que a LIBRAS é uma língua oficial do país, mas, ao mesmo

tempo, é uma língua fronteiriça: utilizada apenas por alguns sujeitos de comunidades

específicas. O ensino da LIBRAS perpassa ainda duas importantes questões: a primeira de

ordem linguística, relacionada a diferença de modalidade e as peculiaridades estruturais de

uma língua visual; a segunda, é de ordem sociopolítica, já que é uma língua associada à

construção de deficiência, e, portanto, frequentemente questionada sobre sua legitimidade.

Tais questões nos levam a refletir sobre o processo de ensino e aprendizagem desta língua na

universidade. O presente trabalho visa discutir sobre a didática do trabalho com a LIBRAS no

Ensino Superior, problematizando as diferenças linguísticas e as construções sociais sobre

esta língua, considerando teorias e pesquisas atuais na área.

Fabiana dos Santos Matos Eugênio Cunha (UFRJ / UFAM / Universitat de les Illes Balears)

AS TICS E OS NOVOS PARADIGMAS NO ENSINO DE IDIOMAS

A implantação das novas tecnologias de informação e comunicação vem imprimindo

mudanças em todos os âmbitos da sociedade contemporânea. No contexto educacional não é

diferente. Os tempos são outros, e o professor que se atualiza sabe que cresce a necessidade

de unir tecnologias digitais e ensino, ampliando as possibilidades e transpassando os limites

tradicionais. Mas será que o simples uso de recursos didáticos no âmbito educacional,

sobretudo os recursos informatizados, caracteriza inovação e significativas mudanças? O

professor altera seu paradigma cartesiano de oferecer conhecimentos? É importante refletir

que o simples uso da tecnologia não caracteriza uma prática inovadora. E o professor que se

apropria dos novos recursos deve buscar conhecer as possibilidades que nos oferecem as

novas tecnologias e sua aplicação no ensino-aprendizagem, considerando a tecnologia como

instrumental para que os alunos se tornem críticos, reflexivos e investigadores contínuos nas

suas áreas de atuação. Diante desse panorama, esta comunicação tem como objetivo promover

uma reflexão sobre os novos paradigmas, as tendências e contribuições das novas tecnologias

no processo educacional. Para tanto, serão reunidas considerações sobre o paradigma

emergente no ensino de idiomas e o papel das tecnologias da informação na constituição das

culturas e inteligência dos grupos, pautados nos estudos sobre o futuro do pensamento na era

da informática, o ciberespaço e a abordagem sobre inteligência coletiva de Pierre Lévy.

Fellipe Fernandes Cavallero da Silva (Pós-graduando PUC-Rio)

O QUADRO BRANCO INTERATIVO COMO FERRAMENTA MULTIMODAL NO

ENSINO DE INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

Este trabalho tem como finalidade o estudo dos aspectos multimodais inerentes ao Quadro

Branco Interativo (QBI) na função de ferramenta tecnológica mediadora no ensino de inglês

como língua estrangeira (EILE). Através de um recorte norteado pela Teoria da Atividade

(Lentiev, 1978; Luria, 1979; Vygotsky, 1989; Oliveira, 2009 e Engeström, 1999),

Multimodalidade (Kress, 2000; Kress et al., 2001; Kress & Van Leewen, 1996) e Sistema de

Gêneros (Bazerman, 2005 e Russel, 1996), analisa-se o conjunto de atividades docentes desde

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o momento de elaboração até a execução de uma aula. Os conceitos de mediação, atividade de

ensino, conjunto e sistema de gêneros constituem a base para sistematização e

contextualização, em nível individual (sujeito-professor) ou coletivo (grupo de docentes), das

ações e operações referentes ao ambiente de sala de aula em que o QBI se insere.

Fernanda Goulart Ritti Dias (Doutoranda UFAL)

OS PROTOCOLOS VERBAIS E A UTILIZAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE LEITURA

EM LÍNGUA INGLESA

Os protocolos verbais podem ser utilizados quando o pesquisador está interessado em

determinados aspectos do comportamento e as estratégias que o leitor utiliza durante uma

atividade de leitura, que podem ser conduzidas através (a) do uso de pausas na leitura, (b) do

emprego de palavras sem sentido, e (c) da aplicação do cloze. Nesse tipo de abordagem, a

leitura em voz alta não se resume a recitação, e sim externalização de um processo, visto que

os leitores relatam sobre o processo de leitura do texto e também sobre questões que podem

acompanhá-los. Assim, o objetivo dessa comunicação é apresentar dados parciais de uma

pesquisa de mestrado onde foram utilizados protocolos verbais para avaliar as estratégias de

leitura utilizadas por quatro leitores, dois considerados mais proficientes e dois menos

proficientes, durante a leitura de um texto científico em língua inglesa. Serão apresentadas

análises de protocolos realizadas a partir de um teste cloze racional retirado de uma

introdução de um artigo científico em língua inglesa. Os dados vêm apontando para uma

divergência no uso de estratégias utilizadas por esses dois tipos de leitores. Os primeiros,

leitores mais proficientes, tendem a utilizar mais estratégias metacognitivas, estratégias

léxico-semânticas e conhecimento do gênero e da estrutura textual para completar as lacunas.

A maior dificuldade desses leitores é o uso dos conectivos, embora na maioria das vezes eles

saibam o significado da palavra. Já os leitores menos proficientes, cuja principal dificuldade é

ainda o vocabulário geral em língua inglesa, utilizam, na maioria das vezes, estratégias

improdutivas ao recorrerem ao conhecimento prévio e à organização textual.

Flávia Marina Moreira Ferreira (Graduanda UFV)

EXPERIMENTANDO O USO DE AVALIAÇÃO FORMATIVA EM SALA DE AULA.

Este relato de experiência trata sobre o uso de avaliação formativa em uma turma de alunos

iniciantes de um curso de extensão de Língua Inglesa, em uma Universidade Federal

localizada na Zona da mata mineira, durante um semestre. O interesse para realizar esta ação

em sala de aula, surgiu através da leitura de diversos autores como Morales (1998) Gonçalves

& Nascimento (2010) e Scaramucci (2005) que apresentam métodos avaliativos diferentes

dos convencionais, nos quais os alunos muitas vezes apenas memorizam a matéria,

principalmente a parte gramatical, não tendo, assim, total aproveitamento durante o curso,

pois realizam apenas uma aprendizagem mecânica e não se tornam capazes de colocar em

prática o conteúdo aprendido. Segundo Soares & Ribeiro (2001), o grande problema do uso

das avaliações convencionais é que a função da mesma é de apenas quantificar o que o aluno

aprendeu durante o curso e não possui nenhum valor formativo para os estudantes, sendo

assim, os professores apenas preparam os alunos para garantir um certificado, e não destina o

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devido valor para a formação. Pelo fato de acreditar que as avaliações devem propiciar aos

alunos mais conhecimento, autonomia e desenvoltura na língua estudada, e por ter observado

anteriormente que as avaliações eram um ponto maçante, tanto para os professores que

deveriam preparar e corrigi-las, muitas vezes em curtos prazos, como para os alunos que

temiam não acertar todas as questões e não possuírem pontos suficientes para serem

aprovados realizei este trabalho.

Flávia Silveira Dutra (Profª. CEFET-RJ)

LETRAMENTO CRÍTICO: RESSIGNIFICANDO PRÁTICAS DE ENSINO DE

LÍNGUAS ESTRANGEIRAS EM UM CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA

Esta comunicação tem por objetivo apresentar um relato de experiência em que apresento

algumas reflexões sobre percepções e ressignificações de quatro professoras sobre suas

práticas docentes e o processo de ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras, no caso deste

estudo, o espanhol, a partir de suas vivências em um curso de formação continuada. Este

estudo é fruto de meu trabalho e minha experiência em uma turma de um curso de Pós

Graduação Lato Sensu em Ensino de Línguas Estrangeiras em que ministro a disciplina

“Práticas de Letramento e Ensino”, e atuo como orientadora dessas professoras. Estas

professoras estão desenvolvendo, em suas monografias, uma pesquisa em suas salas de aula

sobre o ensino de espanhol a partir de práticas de letramento crítico. Aponto, neste trabalho, a

importância da formação continuada para a prática docente e para o processo de

ensino/aprendizagem de línguas, destacando os discursos e os posicionamentos destas

professoras sobre as mudanças e a ressignificação de suas identidades enquanto professoras

de línguas durante este processo. Fundamento-me em uma visão dialógica e social da

linguagem/do discurso (Bakhtin, 2002; Fairclough, 2001), em uma perspectiva crítica e plural

sobre letramento (Street, 1994), compreendendo-o como práticas de uso da linguagem (oral,

escrita, visual,...), situadas em contextos sociohistóricos e políticos específicos . Situo, ainda,

as identidades a partir de uma visão fluida e dinâmica (Hall, 2000) e (re)constituídas

constantemente nos/pelos posicionamentos discursivos que assumimos nas diversas práticas

em que atuamos (Davies & Harré, 1999). Por fim, ressalto a importância deste estudo no

processo de formação e (re)construção da identidade profissional não só destas professoras e

de suas práticas em sala de aula, mas também minha, enquanto orientadora, em continuar

minhas pesquisas nesta área em um projeto de doutorado.

Francine Mendes dos Santos (Profª. UNEB)

A UTILIZAÇÃO DE PODCAST COMO RECURSO METODOLÓGICO NO

DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA COMUNICATIVA EM LÍNGUA

ESPANHOLA COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

Este artigo discute o uso do podcast no âmbito da tecnologia educativa como ferramenta

pedagógica no desenvolvimento das habilidades auditivas e orais no processo de ensino-

aprendizagem de Língua Espanhola como Língua Estrangeira. Objetiva demonstrar algumas

possibilidades de utilização deste recurso tendo em vista a viabilidade de acesso ao mesmo

possibilitando assim, através do computador ou de reprodutores de MP3, o contato,

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reconhecimento e aprendizagem das diferentes variantes do idioma. Autores como Antón

(2007), Kenski (2002), Coscarelli (2005), Lévy (2000), entre outros, sustentam a pesquisa

bibliográfica realizada. Através de um estudo de campo realizado em um curso de

Licenciatura em Língua Espanhola e suas Literaturas na modalidade a distância oferecido pela

Universidade do Estado da Bahia – UNEB em convênio com a Universidade Aberta do Brasil

– UAB, apresentamos os resultados obtidos com o uso desta tecnologia para o auxílio no

desenvolvimento da competência comunicativa do público-alvo.

Francisco de Assis Filho (Prof. IFRN)

CURSO DE EXTENSÃO DE LÍNGUA INGLESA BASIC ENGLISH FOR

EVERYONE (BEE) – (IFRN): DESAFIOS E EXPERIÊNCIAS

O objetivo desta comunicação é relatar as experiências e resultados obtidos no curso de

extensão de Língua Inglesa intitulado BASIC ENGLISH FOR EVERYONE (BEE)

promovido pelo Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), contemplando alunos e

funcionários do Instituto e alunos das redes municipal e Estadual da cidade de Currais Novos-

RN. Através deste curso básico de Língua Inglesa, o aluno pode despertar o interesse pela

Língua Inglesa por meio de atividades como tradução de textos e músicas, apresentações de

filmes em Inglês, atividades e jogos em Inglês de forma a envolver as quatro habilidades

(Reading, Listening, Speaking and Writing) e apresentações artísticas; além da prática de

Leitura para melhorar sua pronúncia e escrita em um nível introdutório para iniciantes. Teve-

se como objetivo geral difundir a Cultura Inglesa e de países de Língua Inglesa através dos

aspectos lúdicos do ensino de línguas, tais como apresentações de filmes para debates

posteriores, canções, jogos, atividades de Listening, traduções, visualização de vídeo clipes,

utilização da internet como ferramenta de apoio, etc. Foi utilizado como método de

abordagem nas aulas o Communicative Approach Method, assim como diferentes técnicas e

abordagens a fim de tornar as aulas mais dinâmicas e interdisciplinares. Os alunos

trabalharam individualmente, em pares ou em grupos, no intuito de aumentar a sua

autoconfiança e autonomia na parte de produção de trabalhos ou exercícios, orais ou escritos.

Ao final do projeto notou-se que os alunos foram capazes de expressar conhecimentos básicos

de Língua Inglesa, souberam utilizar um dicionário bilíngue de forma correta, traduziram e

interpretaram textos com ou sem o auxílio do dicionário, fizeram leitura de textos de nível

básico, apresentaram-se ou apresentaram um colega em Inglês, tiveram noções de tópicos

gramaticais básicos em Inglês, entre outros.

Francisco Leilson da Silva (Graduando - Instituto Federal de Educação, Ciência e

Teconologia)

LÚDICO NO PIBID: UM CAMINHO PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DO

ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA NA ESCOLA ESTADUAL

FRANCISCO IVO

Esse trabalho tem como meta principal refletir sobre a importância do lúdico no processo de

ensino-aprendizagem do espanhol como língua estrangeira (E/LE) no Ensino Médio,

destacando as atividades que envolvam uma maior interação entre o professor, o aluno e a

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aprendizagem, assim, sendo possível utilizar do lúdico nos mais variados segmentos da

educação e com os diversos sujeitos da aprendizagem. O referido trabalho foi desenvolvido

através de pesquisa bibliográfica, seguindo o processo orientado por Severino (2002), para

trabalhar o conceito de lúdico, Vygostsky (2003) e Huizinga (1980), no referente à

aprendizagem, Moreno (1999) e, no uso do lúdico nas atividades em sala de aula, Nunes

(2006). Espera-se que o trabalho contribua com a discussão de alguns conceitos importantes

para o uso do lúdico no ensino do E/LE, como também um melhor conhecimento para o

professor sobre sua utilização em sua vivência na sala de aula. Nesse contexto, além de sua

viabilidade e fácil acesso no ensino-aprendizagem, logo, entende-se que essa metodologia

proporciona o ensino/aprendizagem de forma mais dinâmica e prazerosa, assim contribuindo

para uma prática docente condizente com a demanda requerida pela sociedade e alunos do

momento histórico vigente.

Frank da Silva Gonçalves (Graduando CEFET-MG)

A INTERSEÇÃO LÍNGUA, LITERATURA E ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

Este artigo traz reflexões sobre o uso de textos literários no ensino de língua estrangeira (LE)

com base em aportes teóricos que discutem a falsa dicotomia língua/literatura (ADAM, 1991;

ECO, 2003; BESSE, 1994; LAJOLO, 2001). Como metodologia, utilizamos nesta pesquisa

dois tipos de pesquisa: a descritiva e a bibliográfica, fundamentada no método dedutivo.

Percebemos que na formação do leitor em contexto de ensino/aprendizagem LE vem sendo

atribuída uma leitura objetiva sobre os textos literários. Parte disso ocorre devido à presença

de atividades pouco significativas, propostas pelos autores de livros didáticos sobre a

literatura. Na maioria das vezes, os textos literários são trabalhados tendo vista a exploração

do componente linguístico, sem que seja evidenciada sua dimensão estética. Desse modo, a

inclusão da literatura, tanto no livro didático quanto na prática dos professores, parece se

orientar pela exploração das finalidades linguísticas e comunicativas dos textos literários,

contribuindo para uma dissociação cada vez maior entre língua/literatura. Neste trabalho,

consideramos o livro didático como um objeto que contribui diretamente na formação dos

professores interferindo em sua prática. Além disso, é preciso levar em conta que, atualmente,

essa dissociação pode ver-se influenciada por questões que envolvem também: a formação

dos professores, a estrutura curricular dos cursos e à metodologia de ensino de LE empregada

pelas instituições de ensino. Acreditamos que na sua prática, o professor deve demonstrar que

não existe uma dicotomia, ao menos didática, entre língua e literatura. Por outro lado,

percebemos que essa dicotomia é criada, no ensino de LE por contingências institucionais.

Conclui-se que é preciso que o docente saiba trabalhar a literatura levando em conta sua

recepção, circulação e condições de produção, permitindo que na leitura desses textos o leitor-

aprendiz possa criar sentido.

Gabriela Jacoby (Graduanda UFRGS)

L’ENSEIGNEMENT DE FLE AUX ENFANTS

Ce travail propose une réflexion à propos de l’enseignement du français langue étrangère aux

enfants. Cette réflexion est fondée sur la pratique pédagogique développée auprès des enfants

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âgés de sept à douze ans ayant étudié le FLE au NELE (Núcleo de Ensino de Línguas em

Extensão - UFRGS), au collège Panamerican, à l’école publique Afonso Guerreiro Lima et à

l’Alliance Française à Porto Alegre. Dans un premier moment, on envisage les spécificités du

contexte de l’enseignement des langues étrangères aux enfants au monde et principalement au

Brésil. Dans un deuxième moment, on considère quelques éléments de réflexion théorique

concernant les caractéristiques du développement cognitif, socio-affectif et langagier des

enfants, le rapport entre l’enfant et le langage, les diverses spécificités de l’enseignement

destiné à ce public et l’importance d’une approche ludique par moyen du jeu dans la classe de

FLE destinée aux enfants pour faire le choix de la méthode à adopter. Dans un troisième

moment, on propose une analyse de quelques possibilités d’organisation des supports

méthodologiques complémentaires aux méthodes pour diversifier la classe de langue. Pour

finir, on trouvera quelques observations portant sur les possibilités d’évaluation des

compétences et du processus d’apprentissage chez l’enfant proposées par les méthodes

examinées.

Gérard Wormser (Prof. Ecole Normale Supérieure de Lyon)

ENSEIGNER DANS UN MONDE MULTILINGUE

Née du morcellement linguistique (U.Eco), l'Europe interroge son unité. Cette situation

devient une norme planétaire: les univers monolingues deviennent des exceptions. Les

populations monolingues voient leurs chances sociales réduites. Cette nouveauté marque une

révolution culturelle. Notre contribution porte sur les transformations de l'enseignement des

cultures (axe 4). Pour un humanisme numérique (Doueihi, 2011) étudie la dimension

anthologique de notre culture : fragmentée, faite d'emprunts et de collages, où la variété des

langues renforce celle des supports. Les moteurs de recherche croisent des ressources

multilingues. Les interférences notées par les écrivains surréalistes (Caillois) et structuralistes

(Lévi-Strauss) sont devenues la littérature-monde d'Edouard Glissant. Le Paris Capitale du

XIXe siècle de W. Benjamin est une référence majeure de ce mouvement. Notre présentation

s'appuiera sur des réalisations multilingues exemplaires comme www.Eurozine.com ou

www.Sens-public.org. Quelles questions posent-elles ? 1. L'âge de l'accès. L’ accès aux

sources se fait désormais en ligne. Les compétences sémantiques, classificatoires et

analytiques sont devenues centrales pour nos sociétés. Elles ne font que rarement l'objet d'un

enseignement spécifique. Il faut présenter les modalités propres aux grands domaines de

référence : Wikipedia, Google Scholar, Isidore (Cnrs). Laculture numérique multimédia offre

l'accès aux créations et aux documents dans leur langue d'origine. L'acquisition de

compétences interculturelles précises devient une chance qui incite à des pratiques

multilingues. Nous évoquerons des exemples de travail des langues. 2. De l'information à la

création et retour. Les corpus ouvrent sur de multiples lieux de recherche ou de diffusion.

L'enjeu commun est de créer ces ressources et de les transformer. Nous donnerons des

exemples. Les relations entre la création littéraire et les compétences linguistiques sont

essentielles. Quelques cas de figure. A. Les pratiques plurilingues (autour de l'anglais) voient

notre monde retrouver un trait antique : les élites méditerranéennes pratiquent alors le grec et

le latin, ou l'arabe et l'araméen... B. Nous évoquerons quelques auteurs imprégnés de

multilinguisme : Conrad (polonais, francophone, écrivain anglais), Benjamin (traducteur de

Proust, publiant sur la traduction). C. Le destin de la langue allemande est un cas unique : les

créateurs germanophones exilés au vingtième siècle ont nourri les universités occidentales

dans d'autres langues que l'allemand, dont la trace est indirecte. D. La diffusion des données

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publiques renforce le besoin de compétences herméneutiques pour agréger la documentation,

délimiter les champs d'enquête et bénéficier de comparaisons internationale. 3. Enjeux pour

l'éducation et la littérature de jeunesse. L'enfance est la période de la vie consacrée à maîtriser

les codes linguistiques. Comment l'intégrer à ce nouveau monde ? La langue de l'école n'est

pas toujours la langue maternelle, cela crée des obstacles spécifiques. Pour éviter d'opposer

deux univers à la légitimité différente (l'écrit et l'oral par exemple) et l'échec scolaire massif

qui en découle, la langue maternelle doit aussi être une langue d'écriture, surtout pour les

populations marginalisées (Alain Bentolila). La littérature de jeunesse est un cas exemplaire

pour cette réflexion que nous conduisons ici en parallèle avec celle de Maria da Conceição

COELHO FERREIRA (univ. Lyon 2). En effet, la digitalisation de la société est aussi un

récit, une narration du monde, et il s'agit de créer une continuité entre les pouvoirs du verbe et

ceux de la société des liens numériques

Gleyda Lucia Cordeiro Costa Aragão (UFC)

A TRADUÇÃO INTRALINGUAL EM CURSO DE FLE

A tradução é considerada como uma das estratégias de ensino para a aquisição de uma língua

estrangeira. Nos últimos anos este recurso tem sido discutido no que se refere aos

mecanismos utilizados para que a língua seja aprendida de forma mais abrangente. O presente

trabalho tem como objetivo analisar o uso da tradução intralingual em curso de FLE (Francês

Língua Estrangeira) nos níveis A2 e B1 do Cadre Européen Commun de Références pour les

Langues (CECRL). Segundo Jakobson (1995), existem três categorias de tradução, a saber:

tradução intralinguística (ou reformulação), que é uma interpretação de signos verbais

mediante outros signos do mesmo idioma, tradução interlinguística ou tradução propriamente

dita ou uma interpretação de signos verbais mediante outro idioma e tradução intersemiótica

ou transmutação que é uma interpretação de signos verbais mediante signos de sistemas de

signos não verbais. A tradução intralingual é um tipo de tradução que permite ao aprendiz em

nível iniciante ter acesso a versões de obras literárias ainda nos primeiros semestres de curso,

uma vez que a estrutura do texto e o vocabulário são simplificados durante o processo da

reescritura. A partir desse conceito, objetiva-se mostrar como textos literários adaptados

podem ser usados na sala de aula, aliando o aprendizado da língua e suas competências

(compreensão e expressão escrita e oral) e da literatura. Desta forma, oferece-se aos

aprendizes, além da aquisição linguística, o contato com elementos da cultura e civilização

(interculturalidade) da língua estrangeira estudada. A partir da análise de alguns livros

paradidáticos, avaliaremos a validade deste recurso no aprendizado da língua francesa.

Greice da Silva Castela (Profª. UNIOESTE)

FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE LÍNGUA ESPANHOLA:

EXPERIÊNCIAS BEM SUCEDIDAS DO PIBID

Esta comunicação tem o objetivo de divulgar ações e resultados do subprojeto de Espanhol da

Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), no Programa Institucional de

Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), financiado pela CAPES. Expomos, nesse texto, um

breve panorama das ações, metodologias que temos desenvolvido e dos resultados alcançados

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pelos 15 bolsistas do PIBID-Espanhol, ao longo de um ano e meio de atuação, em dois

colégios estaduais de ensino na cidade de Cascavel – PR. A fundamentação teórica que

subsidia nossas ações abrange a concepção interativa de leitura, o trabalho com uma

diversidade de gêneros discursivos e sua compreensão e produção a partir de uma perspectiva

discursiva e a utilização do lúdico no ensino. Ao todo já realizamos para os alunos das

instituições de ensino parceiras, 96 oficinas, com 1 hora de duração cada ministradas em

contraturno, sendo 32 oficinas voltadas para a compreensão leitora em Espanhol como Língua

Estrangeira (E/LE), 32 oficinas de produção escrita em E/LE e 32 oficinas de jogos e

atividades lúdicas que exploraram questões lexicais, gramaticais e de oralidade. Além disso,

também oferecemos 4 oficinas, com 24 horas de duração, para professores de espanhol

aprenderem a preparar materiais dentro da perspectiva que trabalhamos. Os resultados vêm

sendo extremamente positivos para todos os evolvidos no projeto. O PIBID tem possibilitado

que os acadêmicos iniciem de forma diferenciada e privilegiada seu processo de vivência nos

colégios e de iniciação à docência. Para os alunos dos colégios participantes, as oficinas

contribuíram para motivação em estudar a língua meta e para aprendizagem das habilidades e

conteúdos trabalhados. Para as professoras supervisoras, representa a valorização dos saberes

docentes na atuação em parceria que vem realizando com a universidade. Em 2012

realizaremos, com verba da CAPES, a publicação de um livro com atividades de leitura e

escrita em E/LE, um livro de jogos e atividades lúdicas para aulas de E/LE e uma coletânea de

relatos de experiência das oficinas ministradas, os quais serão distribuídos gratuitamente para

colégios da rede pública de ensino em Cascavel.

Helena Yuriko Sakano Fernandes (Doutoranda – UNESP)

A DISCIPLINA “LEXICOLOGIA E LEXICOGRAFIA” NO PROCESSO DE

ENSINO/APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

Em 2007, partindo de um levantamento de algumas das principais faculdades brasileiras que

ofereciam o curso de Letras, Parreira da Silva constatou que a disciplina “Lexicologia e

Lexicografia” não estava presente na maioria das grades curriculares consultadas, nem mesmo

como disciplina optativa. Tal ausência faz com que muitos professores de língua estrangeira,

formados nessas instituições, sequer tenham conhecimento de que existe uma ciência que se

ocupa da investigação dos fatos lexicais e uma ciência-técnica que se dedica ao estudo e à

elaboração de dicionários. É preciso reconhecer que a falta dessa disciplina introdutória pode

diminuir o sucesso do processo de ensino/aprendizagem, não só das línguas estrangeiras, mas

também de outras disciplinas. Os dicionários, que encerram parte considerável do

conhecimento que se tem das palavras, são uma ferramenta muito eficaz no desenvolvimento

das habilidades de estudo dos aprendizes e, sem conhecer as potencialidades das obras

lexicográficas, eles deixam de conquistar a autonomia proporcionada pelos conhecimentos

nessa área. Assim, no presente trabalho, defenderemos a necessidade de inserção dos estudos

sobre o léxico nos cursos de formação de professores de língua, mostrando o quanto a

introdução deste assunto desperta a curiosidade e o interesse dos estudantes. Para tanto, serão

descritas algumas atividades desenvolvidas durante a realização de um estágio docência, em

2011, junto a um grupo de aprendizes de Francês Língua Estrangeira, do curso de

Bacharelado em Letras com Habilitação de Tradutor, da UNESP de São José do Rio Preto.

Serão considerados, mais especificamente, a constituição da definição lexicográfica e o

tratamento da homonímia e da polissemia, por meio de um exercício adaptado de Höfling,

Parreira da Silva e Tosqui (2004).

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Hiago Negreiros de Albuquerque (Graduando UFAC)

FORMAÇÃO DE PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA: REFLEXÕES E CRÍTICAS

Este trabalho apresenta as dificuldades e estratégias válidas encontradas no processo de

formação de professores de Língua Inglesa, assim como as reflexões suscitadas durante as

atividades realizadas em decorrência da monitoria para o qual fui selecionado. A disciplina

objeto do trabalho (Língua Inglesa IV) é ministrada no 4º período de Letras/Inglês na

Universidade Federal do Acre -UFAC. Como atividades referentes a esse trabalho auxiliei no

curso de extensão It’s Possible to Learn English, realizei encontros para esclarecer dúvidas

junto àqueles que se dispuseram e ainda participei de pesquisa sobre o uso do Twitter como

ferramenta de aprendizagem da Língua Inglesa pelos acadêmicos do referido curso. A partir

das abordagens para o ensino de língua estrangeira, especialmente a abordagem comunicativa

(RICHARD, 2006) discutirei como os professores em formação percebem a língua e seu

aprendizado, apontando possíveis soluções para as dificuldades apresentadas pelos aprendizes

no percurso formativo destes futuros profissionais do ensino de língua inglesa.

Hortência de Fátima Azevedo Morais (Graduanda – UFCG)

O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE LEGENDAS COMO FERRAMENTA PARA O

ENSINO DO VOCABULÁRIO EM LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

Este trabalho propõe a utilização do processo de desenvolvimento de legendas de vídeos

como ferramenta didática para auxílio do ensino do léxico no âmbito do ensino/

aprendizagem de línguas estrangeiras. Portanto, daremos um enfoque especial a legendas de

musicais e, para isso, discutiremos um pouco da história do ensino de vocabulário em língua

estrangeira segundo Paiva (2004). Unido, de modo especial, a esse gênero, consideramos que

o processo de criação de legendas torna-se eficaz no ensino de vocabulário porque exige do

estudante a reflexão que, geralmente, demandam processos de tradução, dentre outros

específicos do domínio do ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras, além de ser um

procedimento voltado tanto para a compreensão oral, quanto para a compreensão escrita, por

aliar-se aos elementos musicais e visuais do gênero musical que, segundo Puchta (1993),

auxiliam no aprendizado. O gênero musical foi escolhido porque associa a imagem visual à

acústica, que são, dentro do gênero, elementos intrinsecamente ligados ao texto da obra, e

porque facilita, graças ao ritmo das músicas, o processo de criação de legendas para

iniciantes. Essas reflexões são oriundas de uma experiência do processo de criação da legenda

em português para o musical Notre-Dame de Paris, R. Cocciante e L. Plamondon (1998),

musical baseado na obra clássica homônima de Victor Hugo (1831). O idioma de ambas as

obras é o francês. No processo de legenda, que pode ser realizado em grupo ou

individualmente, utilizou-se o programa gratuito Subtitle Workshop para criar legendas no

formato .srt (Shortest Remaining Time). A partir dessa prática, observou-se uma considerável

melhora no vocabulário e na compreensão oral, apesar de que, por causa da complexidade que

a atividade apresenta, sobretudo para alunos iniciantes, seja mais recomendável sua realização

em grupo. Vale ressaltar que tal exercício se constitui em um caminho especial para a leitura

literária em aulas de francês.

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Hugo Felipe Gusmão Diniz (Graduando UFMG)

CENTROS UNIVERSITÁRIOS DE LÍNGUAS E ENSINO / APRENDIZAGEM

PLURILINGUE

Muito se tem falado atualmente sobre competência plurilíngue e pluricultural, em seus

diversos espaços e formas de aplicação. Baseando-nos nos trabalhos sobre plurilinguismo de

CALVET (2002) e de Linguística Aplicada de ARCHANJO (2001), nossa intervenção tem

por objetivo mostrar como é realizado um percurso plurilíngue e pluricultural na formação de

um aluno do curso de Letras através das diversas experiências trocadas entre os

professores/estagiários tendo como espaço de convivência um centro universitário de línguas.

O Curso de idiomas do CENEX, Centro de Extensão da Faculdade de Letras da UFMG, é um

espaço para a formação de professores das habilitações oferecidas na graduação do curso, isto

é, um espaço de convivência entre cinco línguas modernas e duas clássicas. Lugar

privilegiado, ideal para o intercâmbio de material teórico, de atividades e de experiências

vivenciadas por cada professor/estagiário, o centro de extensão mostra-se como o primeiro

contato prático do futuro professor com o plurilinguismo e a pluriculturalidade. É importante

ressaltar que cada língua do centro de extensão possui um ou mais supervisores, sendo que

esses são professores da faculdade. Com isso, chegamos a um intercâmbio ainda maior

envolvendo também alguns professores e indiretamente os demais alunos do curso de letras

que não fazem parte do centro de extensão. Uma das proposições desse trabalho é também

mostrar como atividades criadas por alguns professores/estagiários circulam nas salas de aulas

de diversas línguas, ora no CENEX, ora na graduação. Tais atividades são modificadas e

adaptadas às diversas línguas não só através de tradução direta, mas também por traduções

que buscam adequar as atividades às especificidades de cada língua. Pretendemos também,

modestamente, sensibilizar os professores que estarão presentes no colóquio de que o

plurilinguismo e a pluriculturalidade estão bem próximos de cada um já que a maioria dos

cursos de Letras do país possuem centros de línguas e vasta gama de escolas de línguas é

multilíngue.

Jacqueline Oliveira Silva (Graduanda UFRJ)

PARTICIPAÇÃO ATIVA DO ALUNO NO PLANO DE CURSO: UMA ESTRATÉGIA

DE ENSINO-APRENDIZAGEM

O objetivo deste trabalho é mostrar de que maneira o aluno pode ter uma participação mais

ativa no processo de ensino-aprendizado, influenciando positivamente nos resultados. Vamos

relatar a experiência com alunos do curso de Francês do CLAC – UFRJ (Curso de Línguas

Aberto à Comunidade), mais precisamente nível III, mostrando de que maneira se deu esse

processo. No primeiro momento, foi distribuída a Ficha do aluno (Fiche de l’élève), onde eles

deveriam passar informações sobre seus perfis. Essa etapa, única, tinha como objetivo

conhecer melhor o público que estaria trabalhando naquele período. Este procedimento tinha

como propósito ajudar na seleção de atividades a serem desenvolvidas e dar uma diretriz à

metodologia de ensino a ser aplicada em aula. Em um segundo momento, foi entregue ao

aluno uma outra ficha individual, o Questionário (Questionnaire), onde eles deveriam

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responder a questões, segundo a opinião deles, sobre o processo de ensino-aprendizagem.

Mas antes que eles respondessem às perguntas, os objetivos da aula eram informados, a fim

de que eles mesmos pudessem perceber se os objetivos foram alcançados. Dessa forma, foi

possível saber se o procedimento aplicado em sala de aula e as tarefas advindas do mesmo

tinham surtido o efeito esperado. E no caso de não ter sido alcançado o objetivo definido para

aquela aula, o plano de curso era redefinido, a partir das dificuldades, demandas e sugestões

relatadas nos questionários. Esta estratégia colaborou para resultados positivos da turma: o

grupo obteve melhor desempenho, não apenas na segunda avaliação, como também ao longo

do curso – eles passaram a ter menos dificuldades na realização das tarefas. Ademais, este

procedimento pôde promover uma maior mobilização por parte dos alunos que passaram a ser

mais participativos e a seguir o curso com mais entusiasmo – além de garantir o objetivo

anteriormente proposto: o aprendizado do aluno.

Jairo de Araujo Souza (Prof. UFPA)

UMA PROPOSTA INTERCULTURAL PARA O ENSINO DE INGLÊS COMO

LÍNGUA ESTRANGEIRA.

A proposta deste trabalho busca estabelecer um ensino-aprendizagem de língua inglesa dentro

de um enfoque intercultural com a discussão de questões identitárias e ideológicas envolvidas

nesse processo. Também visa estabelecer uma crítica as abordagens tradicionais que sempre

separaram língua e cultura. De acordo com Gimenez (2007), “o Halloween, no Brasil, se

configura como uma atitude equivocada que busca associar a língua inglesa a um território

específico, no caso, os Estados Unidos. Em uma perspectiva intercultural, quem ensina inglês

trabalha com noções de quem somos, com questionamentos sobre a relação dessa língua

internacional com nossas identidades individuais e coletivas e estas não precisam estar

atreladas às tradições norte-americanas”. Neste estudo, há a busca de um esclarecimento em

especial aos cursos de formação de professores que representam um contexto crucial para o

desenvolvimento de uma prática pedagógica mais coerente e menos alienante nos processos

de ensino-aprendizagem de língua estrangeira no Brasil. De acordo com os PCNs (p.40), "a

cultura é um processo em constante negociação, neste momento realizado em condições

político-culturais de inter-relacionamento global. Isso se torna particularmente importante

agora, quando as fronteiras tradicionais do mundo estão se abrindo. Há de se evitar teorias

totalizantes de reprodução social e cultural". É com este foco que este estudo busca uma

reflexão, uma prática docente libertadora e que estabeleça horizontes livres de preconceitos.

Além da discussão e abordagem teórica, há também nesta comunicação, uma proposta de

atividades a serem realizadas por professores de língua de diferentes contextos educacionais:

cursos livres, ensino regular e formação de professores de língua. Ao final, a comunicação

conta com a apresentação de um trabalho realizado com alunos de graduação da Universidade

Federal do Pará (UFPA).

Jaqueline da Silva Barros (Doutoranda UnB)

O QUÊ DE CULTURA (HÁ) NOS LIVROS DE DIDÁTICOS DE LE

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Pensar no que se quer com o ensino de uma segunda língua incluindo o cotidiano de sala de

aula e a concepção de cultura que permeiam as práticas pedagógicas representa constatar a

existência de estereótipos e da cristalização de sentidos por ele provocada, e desta forma, ir ao

encontro dos processos de identificação e do atravessamento da cultura e histórica na

construção do sujeito, uma vez que cultura e identidade se tocam neste contexto. Pensar o

lugar da cultura no ensino de uma segunda língua, de acordo com Nery (1997) e Frias (1991),

requer a necessidade de construção de um novo discurso pedagógico e a formalização de

novas posturas metodológicas que considerem o caráter intercultural para o ensino de línguas

e para a formação de professores de línguas. Também para Paulo Freire (2000) é urgente, a

necessidade de se pensar em um novo modelo de posicionamento em relação à educação,

buscando a construção de espaços de criação, liberdade e respeito mútuos, pela promoção do

desenvolvimento do diálogo entre diferentes culturas. De acordo com Coracini (1999), os

livros didáticos, ainda que acompanhados por uma proposta inovadora e progressista, são

identificados, ora como inadequados ao público alvo, ora como material comunicativo

interessante e pertinente. A análise de materiais desenvolvidos como apoio para o ensino de

línguas nos permite afirmar que ao colocar o sujeito no espaço da homogeneidade e conceber

língua e cultura como sistemas completos, os livros didáticos reafirmam o lugar exterior do

sujeito em relação a esses sistemas. As práticas dominantes, as quais não são exclusivas das

aulas de língua estrangeira, por meio das quais se reduz a língua-cultura meta, ao estudo de

seus fragmentos, fazem dela um estranho para o sujeito, o qual não encontra nela espaços de

identificação. Desta forma, corroborando com alguns pesquisadores que afirmam que só é

possível definir o perfil de aprendiz a ser desenvolvido em LE ao definirmos a abordagem que

se dará ao conceito de cultura em nossa metodologia de ensino e, considerando os livros de

didáticos de LE como documentos nos quais se ancoram alguns professores, analisaremos

alguns desses materiais buscando observar de que forma eles apresentam conteúdos culturais.

Além disso, buscaremos apontar de que forma poder-se-ia desenvolver no aluno, por meio da

utilização de materiais autênticos e da adaptação dos conteúdos apresentados nos livros

didáticos, o que Kramsch (1993) definiu como “sensibilização cultural” ou “entre-espaço-

cultural” em sala de aula de LE.

Jaqueline Tomazinho Carvalho (Graduanda UNESP)

O TELETANDEM E A FORMAÇÃO DOCENTE EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

A formação de professores de línguas tem tomado rumos cada vez mais diversos, sobretudo

com o advento das TICs, nesse contexto, o presente projeto se refere a uma pesquisa

qualitativa de cunho narrativo, desenvolvida no contexto de um Centro de Línguas e

Desenvolvimento de professores da UNESP-Assis (www.assis.unesp.br/centrodelinguas) que

é um projeto de extensão colaborativo entre os departamentos de educação e letras modernas

da faculdade de Ciências e Letras, com o apoio da PROEX- Pró Reitoria de Extensão e da

AREX – Assessoria de relações externas da Universidade Estadual Paulista. Ademais de estar

locada no CLDP, esta pesquisa vincula-se, ainda, ao projeto TELETANDEM Brasil

(www.teletandembrasil.org). Esta pesquisa, que se encontra em processo inicial, visa à

observação de como o uso dos mecanismos tecnológicos do teletandem podem auxiliar na

formação de professores no processo de ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras. Por se

tratar de uma pesquisa narrativa, será apontado neste projeto observações baseadas nas

histórias vivenciadas pela própria pesquisadora, experiências relacionadas às interações em

teletandem e ao elo entre essas parcerias de aprendizagem colaborativa e a prática da

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pesquisadora como professora- estagiária de língua espanhola no referido Centro de Línguas e

Desenvolvimento de professores da UNESP/Assis. Para a realização da coleta das histórias da

prática conto com o auxilio de uma filmadora e um gravador de voz, que gravam minhas

interações em teletandem e também minhas aulas no Centro de Línguas e Desenvolvimento

de Professores. Assim, com a utilização desses aparatos tecnológicos posso observar, refletir e

analisar minhas ações, posteriormente, juntamente com um professor orientador. Como forma

de ampliar a visão acerca da realidade observada, conto com a colaboração de um parceiro

professor-estagiário de espanhol e também praticante de sessões de teletandem com parceiros

estrangeiros.

Jefferson Evaristo do Nascimento Silva (Graduando UERJ)

REFLEXÕES SOBRE O “SUPÉRFLUO” NO ENSINO DE LÍNGUAS.

Quando pensamos em aulas de língua estrangeira, é lugar-comum a ideia de uma sala de aula,

uma professora (frequentemente) idosa que escreve no quadro e alunos sentados, passivos,

copiando informações. Tal visão de ensino, que se perpetuou por longas décadas, está

definitivamente ultrapassada. Atualmente, de forma cada vez mais frequente, percebemos o

uso de metodologias de ensino que, antes tidas como “supérfluas”, se demonstram altamente

eficazes, motivadoras e proveitosas, tais como as músicas, os vídeos, os jogos em sala de aula

e diversas outras atividades, que somadas a um ensino mais discursivo e inclusivo de língua,

nos proporcionam resultados mais relevantes e satisfatórios. Colocando o aluno em um papel

ativo no ensino, proporcionando-lhe um grau mais elevado de interação e participação, damos

a este maior motivação e interesse pelas atividades realizadas. Sendo assim, é possível unir

um ensino mais prazeroso com o ensino mais tradicional, sem deixar de lado aspectos

gramaticais, textuais e etc., modificando apenas a sua apresentação, mas preservando o seu

conteúdo – além de dar mais ênfase ao uso oral da língua. Nesta proposta, assumimos a língua

a partir do conceito de Marcuschi (2001), como sendo um “fenômeno interativo e dinâmico,

voltado para as atividades dialógicas”. Em paralelo, assumimos a visão Bakhtiniana (2006)

sobre a construção do discurso ser dada na interação entre o “eu” e o “outro”, construído

socialmente e de forma dialógica – função assumida pela sala de aula. Para uma reflexão

sobre a atividade docente em si, recorremos a Bellanova (1994) e suas duas tríades,

demonstrando como o ensino de línguas “não se reduz mais a um estado de conhecer-

memorizar-repetir, mas de saber conhecer-compreender-aplicar”. Desta forma, o presente

trabalho intenciona uma demonstração, com base em exemplos reais de ensino, acerca da

importância de se utilizarem novas abordagens metodológicas e práticas de ensino, que atuem

como facilitadores do processo de aprendimento de uma LE (Krashen, 1981).

Jéssica Gomes de Gusmão da Silva (Graduanda UnB)

JOGOS E TEXTOS DRAMÁTICOS NO DESENVOLVIMENTO DA EXPRESSÃO

ORAL EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

A pesquisa visa mostrar as contribuições dos jogos e do texto teatral em sala de aula para o

desenvolvimento da oralidade em língua estrangeira (LE). Ao observar o cotidiano em sala de

aula, percebemos que a oralidade é muito pouco trabalhada e, embora as correntes modernas

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preguem o ensino comunicativo das línguas estrangeiras, há uma herança muito viva dos

métodos estruturalistas, o que faz com que a gramática seja amplamente trabalhada em

detrimento do discurso. Janine Courtillon afirma que aprendemos a nos comunicar

comunicando-nos, e não através de livros de gramática. É essa a trajetória natural do ser

humano na aquisição de uma língua. Segundo M. Garabédian (apud COURTILLON

2003:13), a criança possui parâmetros que facilitam sua aprendizagem, tais como “a

necessidade de comunicar, o ambiente sociocognitivo e a inexistência de bloqueios cognitivos

e de inibição”. Essas faculdades, com raras exceções, não estão presentes nos adultos, o que

torna necessária a busca por recursos que facilitem sua aprendizagem. Conscientes dessa

demanda, partimos para a análise da proposta de Viola Spolin sobre o uso de jogos em sala de

aula. Para a autora, a experiência é o meio através do qual aprendemos. Nesse processo, há o

envolvimento intelectual, físico e intuitivo do indivíduo, sendo que este último, fundamental

durante a aprendizagem, é pouco valorizado. Para Spolin, é justamente quando se trabalha no

nível do intuitivo, além do plano intelectual apenas, que se está realmente aberto para

aprender. E são os momentos de espontaneidade que criam as condições ideais para o trabalho

nesse nível. Em suas palavras, "a espontaneidade é um momento de liberdade pessoal quando

estamos frente a frente com a realidade e a vemos, a exploramos e agimos em conformidade

com ela.[...] É o momento de descoberta, de experiência, de explosão criativa". (SPOLIN

2010:4) A autora também aponta o jogo como uma atividade em que o aluno é capaz de

experimentar o envolvimento e liberdade pessoais que dariam lugar à experiência. Segundo

ela, "o jogo é psicologicamente diferente em grau, mas não em categoria, da atuação

dramática. A capacidade de criar uma situação imaginativamente e de fazer um papel é uma

experiência maravilhosa, é como uma espécie de descanso do cotidiano que damos ao nosso

eu, ou as férias da rotina de todo dia. Observamos que essa liberdade psicológica cria uma

condição na qual a tensão e conflito são dissolvidos, e as potencialidades são liberadas no

esforço espontâneo de satisfazer as demandas da situação". (SPOLIN 2010:5). Assim, é a

partir da relação sugerida entre o jogo e a atuação dramática que surge nosso interesse em

utilizar o texto teatral em sala de aula. Como metodologia, servimo-nos da análise de dados

qualitativos obtidos pela aplicação de questionários realizados após atividades sobre o texto

dramático. Os participantes da experiência expressaram que puderam experimentar uma maior

desenvoltura na produção oral em língua estrangeira.

João Paulo Ribeiro Alves (Graduando UNESP) & Rozana A. L. Messias (Graduanda UNESP)

E AGORA, O QUE FAÇO? HISTÓRIAS DA PRÁTICA DE PROFESSORES DE LE

EM PROCESSO DE FORMAÇÃO INICIAL

O presente trabalho é desenvolvido dentro de um espaço denominado Centro de Línguas e

Desenvolvimento de Professores (http://www.assis.unesp.br/centrodelinguas/), que tem como

objetivo oferecer a comunidade interna e externa da UNESP, campus de Assis aulas de

línguas estrangeiras (inglês, espanhol, francês, alemão, japonês, italiano e mandarim). As

aulas do Centro de Línguas são ministradas por alunos-estagiários do curso de Letras que

regem suas aulas nos mais diferentes níveis das línguas oferecidas, sob a orientação e

supervisão de professores supervisores de língua e metodologia. Assim, nesse contexto,

desenvolvo uma pesquisa que conta com a parceria de dois interagentes, uma professora de

inglês (aluna do terceiro ano de Letras) e um professor de espanhol (aluno do segundo ano de

Letras). Sendo assim, observo, por meio de gravações efetuadas em reuniões quinzenais com

os professores supervisores e entrevistas agendadas com os interagentes, quais os principais

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problemas e êxitos vivenciados por esses alunos-professores. Parto assim, da análise de como

é feita a escolha de seus métodos de ensino em sala de aula, os materiais utilizados e quais as

dificuldades encontradas por eles decorrentes das escolhas efetuadas. Desta forma,

compartilho com esses interagentes suas histórias da prática, vivenciadas no dia a dia de suas

ações como professores, ainda em processo de formação inicial. O embasamento

metodológico, então, assenta-se na pesquisa narrativa nos moldes explicitados por Clandinin e

Connely. Pretende-se a partir da coleta e da análise pontual das histórias da prática criar um

material que sirva como um orientador e deflagrador de reflexões para ações de formação

docente futuras.

José da Silva Simões (Prof. USP)

DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA FORMAÇÃO INCIAL DE PROFESSORES DE

ALEMÃO COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA: UM MODELO DE SUPERVISÃO DE

ESTÁGIOS

No campo da formação inicial de professores de línguas, há atualmente um consenso sobre a

necessidade de estimular uma perspectiva reflexiva, que forneça aos professores os meios de

um pensamento autônomo e facilite as dinâmicas de formação continuada (SCHÖN, 2000;

RICHARDS, 2002). Depreende-se dessa discussão, a necessidade de uma abordagem

investigativa da prática e sugere-se que a atividade de pesquisa deve ocorrer durante todo o

tempo de graduação, tendo foco de investigação o processo de ensino/aprendizagem. A

pesquisa acadêmica ligada aos processos de aquisição de linguagem desenvolvida nas últimas

décadas (ELLIS, 2003, 2008; GASS/SELINKER 2008; DÖRNYE 2005) tem mostrado como

é importante incorporar achados de várias ciências análogas (Linguística, Psicologia da

Aprendizagem, Psicolinguística) à prática docente. Nessa perspectiva, a ideia é permitir que

os alunos de cursos de língua estrangeira estejam mais conscientes dos processos envolvidos

na aquisição e aprendizagem de línguas e que também desenvolvam estratégias de trabalho

autônomo, tornando-se assim autores do próprio processo de aprendizagem. Acredita-se que a

prática de professores de línguas estrangeiras deve estar orientada não só para o

desenvolvimento das capacidades linguísticas próprias da aprendizagem de línguas, mas

também para o fortalecimento dos aprendizes no que se refere às motivações que os

impulsionam. Através desta comunicação pretende-se apresentar e discutir um modelo de

supervisão de estágio de docência baseado em atividades de monitoria em três eixos: a)

encontros presenciais com o formador de professores; b) encontros com monitores de

atividades de estágio para preparação de aulas e sequências didáticas, análise de tipologia de

exercícios, análise de livros didáticos, bem como em seleção e produção de exercícios

segundo critérios associados às necessidades do público-alvo e c) visitas monitoradas a

instituições de ensino de alemão língua estrangeira para observação crítica de aulas. O

processo de formação dos futuros professores culmina numa reflexão sobre o processo de

formação de professor de alemão língua estrangeira, a partir de um portfólio de registros no

qual são discriminadas as atividades desenvolvidas ao longo do encontro com monitores do

estágio.

Juliana Gama de Brito Assumpção (Graduanda UERJ), Marco Aurélio Garcia da Silva

(Graduando UERJ) & Hugo Afonso Corrêa de Almeida (Graduando UERJ)

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A IMPORTÂNCIA E O LUGAR DA LITERATURA NO ENSINO DE LÍNGUA

ESTRANGEIRA

Toda língua está imersa em cultura. Entretanto, boa parte dos métodos de ensino de língua

estrangeira focalizam os aspectos puramente gramaticais dos idiomas, ignorando os seus

aspectos culturais ou abordando estes últimos somente no que diz respeito às visões de

"curiosidades culturais" - visões estas que se baseiam, fundamentalmente, em características

folclóricas, caricaturais, que de forma alguma vão corresponder à realidade de qualquer

nação. A dificuldade do ensino de uma língua estrangeira na contemporaneidade está

justamente na forma como a relação entre língua e cultura é incorporada ao método utilizado.

O mesmo fenômeno globalizador que leva à fundamental importância do conhecimento de

outro(s) idioma(s) vem dissolvendo de tal forma as fronteiras entre as diferentes nações que se

torna cada vez mais difícil a apresentação de verdadeiras diferenças culturais sem que se caia

nesse universo de estereótipos. Os limites entre o "próprio" e o "alheio" estão manchados. As

construções de identidade vêm se tornando cada vez mais abstratas. Neste contexto, o papel

do professor de língua escapa à mera transmissão de um conjunto de normas correspondentes

à gramática. Este papel vai ser transmitir a realidade cultural das línguas em um mundo de

fronteiras borradas, apresentando as diferenças não como inexistentes, mas como os detalhes,

as nuances que se destacam do conjunto de valores globais. Encontramos, assim, na

incorporação da literatura, como construção artística da língua e na sua multiplicidade de

discursos, ao ensino de línguas estrangeiras, uma forma de se trabalhar a língua em conjunto

com as manifestações culturais, sem que se caia em visões pré-concebidas sobre determinada

cultura.

Juliana Rodrigues de Castro (Profª. Colégio Pedro II)

DESAFIOS NO PROCESSO DE ENSINO / APRENDIZAGEM DA LÍNGUA

ESTRANGEIRA AO SURDO BRASILEIRO EM CONTEXTO ESCOLAR

Este trabalho tem por objetivo propor uma reflexão sobre o acesso do surdo brasileiro às

línguas e às culturas estrangeiras em contexto escolar. Para isso, será analisada uma

experiência prática do ensino do Francês Língua Estrangeira (FLE) a educandos surdos em

uma instituição privada de ensino do Rio de Janeiro. Nessa análise, serão observados o

processo de ensino/aprendizagem segundo uma proposta de abordagem comunicativa, assim

como a adaptação das estratégias didáticas usadas com ouvintes às especificidades do público

surdo. Mencionaremos a necessidade da adequação das competências de comunicação

desenvolvidas conforme o Quadro Europeu Comum de Referência para as línguas à realidade

do surdo. Em se tratando de um grupo de surdos bilíngues, praticantes da Língua Brasileira de

Sinais (LIBRAS) e da Língua Portuguesa, analisaremos o papel da LIBRAS na classe de

língua estrangeira enquanto língua de comunicação e de ensino, a importância de uma

abordagem bilíngue (LIBRAS / FLE) e o uso de atividades metalinguísticas no processo de

aprendizagem. A questão da acessibilidade num contexto cada vez mais globalizado e voltado

para o plurilinguismo será abordada, observando-se algumas dificuldades de ordem prática

como a escassez de material didático adequado, o (des)conhecimento da LIBRAS por parte do

educador tanto no contexto de educação especial quanto no de inclusão, e o papel do

intérprete em classe de língua estrangeira. Do ponto de vista científico, faremos uma

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correlação entre a teoria e a prática do ensino das línguas estrangeiras ao público surdo à luz

dos aportes teóricos de especialistas da área do ensino do FLE e da educação dos surdos.

Jussara Souza Almeida (Graduanda UnB), Isabela Delavechia Martins de Oliveira

(Graduanda UnB), Alice Soares Pessoa (Graduanda UnB), Sylvânia Rodrigues do

Nascimento Silva (Graduanda UnB) & Yara Ribeiro da Silva (Graduanda UnB)

SOPA DE LETTRES: FLE ATRAVÉS DO LÚDICO PELO VIÉS DA

INTERCULTURALIDADE

Este projeto visa levar a língua francesa para crianças de comunidade popular, a fim de

viabilizar uma nova perspectiva de crescimento, tanto intelectual quanto profissional. Além

de uma nova visão de mundo para as mesmas. Está fundamentado em um tripé composto por

educação popular, ensino de língua estrangeira e interculturalidade. Tem como objetivo

principal proporcionar ao público infanto-juvenil, além do aprendizado do francês, a

ampliação de seus conhecimentos não somente com relação ao seu ambiente mais próximo,

mas também em relação ao mundo e a possibilidade de interação com sujeitos de culturas e

vivências diferentes. A metodologia engloba a realização de oficinas que visam trabalhar

através de atividades lúdicas, as questões interculturais em torno do aprendizado da língua,

cultura de expressão francesa e da habilidade de apresentar a sua própria cultura de origem. O

projeto Sopa de Lettres contribui ainda que em pequena escala, na quebra de paradigmas no

ensino de FLE, pois, por meio da educação, pode-se conhecer outros mundos, possibilitando a

redescoberta e revalorização de nosso próprio mundo, ou seja, prima pelo encontro com o

outro, com o diferente e as diferenças. As oficinas são comprometidas com a Educação

Popular, pedagogia esta adotada por Paulo Freire. Segundo este pedagogo a educação deve

ser feita com o povo e para o povo (FREIRE, 1987). Assim, valorizamos a aprendizagem

enquanto um processo e não como produto e, enquanto um processo, ela envolve questões que

passam pela vida cotidiana das crianças. Nesse caso, a interação nas oficinas torna-se

imprescindível. Os resultados ainda não são conclusivos, mas considerando que o projeto

alcançou os seus objetivos iniciais, os resultados são positivos, pois foi despertado nos

aprendizes a curiosidade pelo estudo da língua francesa, assim como a motivação pela

comunicação com o outro.

Karoline da Conceição Santos Barros (Profª. UNEB) & Liz Sandra Souza e Souza

(Doutoranda UnB)

FORMAS RITUAIS DE COMUNICAÇÃO EM LÍNGUA ESPANHOLA: UM ESTUDO

DE CASO COM PROFESSORES EM FORMAÇÃO INICIAL

Ao aprender a língua materna podemos não perceber, mas concomitantemente adquirimos

regras que envolvem seu uso de tal maneira que em muitos casos quando questionados não

saberíamos explicar porque agimos de determinada forma, de acordo com as regras de

polidez, relações de distância e poder esperadas dentro de um contexto. A interlíngua

pragmática tem se preocupado em comparar a realização de atos de fala entre diversas línguas

a partir de um comparativo entre falantes nativos e não nativos (Schmidt, 1993; Kaper, 1989)

tentando entender o processo de aquisição de habilidades pragmáticas. Tendo em vista o

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avanço de estudos nessa área e sua relevância para compreensão dos fenômenos linguísticos,

ressaltamos a importância de desenvolver atividades que oportunizem aos estudantes de

língua estrangeira interpretar situações comunicativas estabelecendo uma relação pragmática

entre a língua de partida e chegada. Para tanto, apresentamos um estudo contrastivo com a

aplicação de um questionário composto por situações comunicativas no qual os participantes,

professores em formação inicial de um curso de Licenciatura em Língua Espanhola de uma

universidade baiana, indicaram uma resposta que consideraram adequada ao contexto

analisado de determinado ato de fala. A partir da coleta destes dados, analisamos de modo

qualitativo a incidência de possíveis dificuldades e/ou consequentes transferências

apresentadas pelos estudantes brasileiros quando submetidos a um contexto sociocultural

distinto da sua língua materna. Assim, visamos de posse destes dados refletir frente aos alunos

a respeito de sua competência pragmática a fim de promover atitudes mais autônomas e

críticas em relação ao uso da língua proporcionando uma aprendizagem significativa.

Katia Ferreira Fraga (Profª. UFPB)

ESTÁGIO SUPERVISIONADO: LOCUS FUNDAMENTAL DE INVESTIGAÇÃO DO

AGIR DOCENTE

Durante os últimos doze anos, estivemos à frente de disciplinas de estágio supervisionado do

curso de Letras-Francês em duas Universidades públicas (uma estadual e outra federal),

buscando enfrentar os desafios de acompanhar as primeiras experiências do professor

iniciante. Ainda que a determinação do MEC seja a mesma no que se refere ao número de

horas de cumprimento de estágio (RESOLUÇÃO CNE/CP 2, DE 19 DE FEVEREIRO DE

2002), as instituições de ensino responsáveis pela formação de professores de línguas

estrangeiras (LE) dispõem de certa autonomia para definir a distribuição da carga horária, o

formato de realização do estágio e os locais em que ele se realizará. Que seja em colégios de

aplicação da Universidade ou em diferentes escolas das redes municipal, estadual ou federal,

o fato é que o estágio supervisionado é o locus fundamental para a observação, mensuração e

reflexão sobre o trabalho docente. De forma geral, os primeiros contatos com o trabalho

docente ocorrem exatamente nas disciplinas de estágio supervisionado. Este trabalho objetiva

demonstrar de que forma o quadro metodológico do Interacionismo Sociodiscursivo

(BRONCKART, 2003), (BRONCKART, MACHADO, 2004) contribui para o entendimento

efetivo das ações do professor. Através dos encontros entre professor supervisor e estagiário e

suas discussões sobre projetos políticos pedagógicos, planos de aula, livros didáticos,

interação aluno-professor, crenças sobre o fazer pedagógico, conseguimos explicitar as ações

realizadas e aquelas que não puderam se realizar, o que configura uma das especificidades do

trabalho docente (AMIGUES, 2004): a (re)organização do ambiente de trabalho, através de

redefinições de planos e o estabelecimento de autoprescrições. As reuniões entre estagiários e

professores-supervisores transformam-se então em um espaço de discussão da representação

da experiência, oportunizando o deslocamento e a reconstrução do saber-fazer, a compreensão

da real complexidade da situação de trabalho e também a transformação da atividade do

professor: é o local em que formação inicial e formação continuada se unem para melhor

compreender o agir docente.

Kizy dos Santos Dutra (Doutoranda UFRGS)

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LA FORMATION CONTINUE DES PROFESSEURS: L'EXPERIENCE DE PRO-FLE

Les professeurs ont à leur disposition beaucoup des ressources sur l'internet. Ils peuvent être

utilisés pour qu'ils s'informent, pour qu'ils complètent les cours. Les ressouces disponibles sur

l'internet peuvent encore être utilisé pour que le professeur se actualise. Les professeur

peuvent faire partir d'une communauté d'apprentissage ou encore participer à un cours en

ligne. À ce moment-là il n'est plus professeur, il est apprenant. Qu'est-ce que cette experience

peut lui apporter de nouveau? Quels sont les avantages et les incovenients de l'apprentissage

en ligne? Pour en discuter on réfléchira sur le cours Pro-fle offert par CNED avec la plate-

forme Blackboard learn.

Klondy Lúcia de Oliveira Agra (Profª. UNIRON)

A INTERCULTURALIDADE NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM DA

LÍNGUA ESTRANGEIRA

Neste estudo, compreendo a integração da Língua e da Cultura como fatores dominantes no

processo ensino-aprendizagem da Língua Estrangeira (LE) e acredito que essa atividade tem

como alvo a comunicação dentro de contextos e cenários específicos, e que, tanto o discurso

como a comunicação têm importância vital para a caracterização da identidade cultural de um

povo. Essa crença tem como base a concepção de que uma língua natural é um sistema de

representação do mundo e de seus eventos e, para que ela possa dar conta disso, usa sinais

cujos sentidos são especializados em um contexto, sendo que esse contexto só tem sentido

especializado em um cenário que revela uma cultura. Portanto, neste artigo, defendo que o

professor ao ensinar uma LE deve encaminhar esse ensino integrando as duas faces: a face da

língua e a face da cultura. Um caminho facilitador do processo ensino-aprendizagem e

propiciador de instrumentos que facilitarão a correta compreensão de especificidades de

contextos e cenários. O que me conduz a esse ponto de vista é a compreensão de que com

sentidos construídos culturalmente, o falante da LE estará compreendendo significados

especializados num determinado grupo social e, com o estudo profundo e simultâneo da

língua e da cultura, evitará conclusões ambíguas e obterá bom nível de compreensão. O

objetivo deste estudo é discutir o processo ensino-aprendizagem da Língua Estrangeira,

observando a importância da integração da Língua e da Cultura e a necessária formação

intercultural do professor. Para dar conta desse objetivo revisitei teóricos como Ellis Rod

(1985), McLaughlin (1978) e Krashen (1977) que discorrerem sobre o processo da aquisição e

da aprendizagem. Procurei, também, por teóricos como: Witherspoon (1980) e Bakhtin (1999)

com o intuito de aclarar sobre cultura e fatores culturais. Em busca de esclarecimentos à

correta compreensão do sentido culturalmente construído, revisitamos Frege (1978), Raccah

(2002) e Ferrarezi (2003). Nessa revisão bibliográfica, procuramos por estudos que conduzem

a interculturalidade através de autores como Benveniste (1996), Eco (1975) e Bassnett e

Trivedi (1999). Com esse apoio teórico, após discorrer sobre a importância da formação

intercultural do professor para o ensino da LE, aponto métodos que conduzam a essa

formação e ao envolvimento cultural de aprendizes em sala de aula da LE.

Laura Barcelos (Graduanda UFRGS) & Gabriela Jacoby (Graduanda UFRGS)

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DOS ESTUDOS DA FONÉTICA À CONVERSAÇÃO EM LÍNGUA FRANCESA: A

EXPERIÊNCIA DE UM TRABALHO DE REFLEXÃO

Visando a auxiliar os estudantes de Letras/Francês no processo de sua formação, criou-se o

projeto Dos estudos da fonética à conversação em língua francesa, organizado em dois

encontros presenciais semanais de 1h cada (com horas complementares à distância através da

plataforma Moodle). Nos encontros que objetivaram a reflexão sobre a fonética articulatória

da língua francesa, buscou-se facilitar o desenvolvimento das habilidades de compreensão e

expressão orais dos estudantes do ponto de vista fonético, estimular sua reflexão sobre a

influência da língua materna na produção dos sons de língua francesa, refletir sobre a

importância da fonética na grafia francesa, desenvolver uma consciência das relações entre os

grafemas e os fonemas, entre outros. O trabalho de conscientização dos alunos para o

aprendizado de fonética compreendeu os seguintes conteúdos: definição de fonética e

fonologia, papel do Alfabeto Fonético Internacional nos estudos de fonética, importância do

aparelho fonador na produção dos sons, relação grafema/fonema no sistema linguístico

francês, vogais, elisão e ligação e diferentes sotaques do francês. Os encontros com objetivo

de conversação em francês foram organizados em eixos temático-comunicativos. Os alunos

entravam em contato com a situação comunicativa a ser abordada por meio de documentos de

áudio em atividades de compreensão oral. Em seguida, procedia-se ao estudo do vocabulário

e das estruturas linguísticas empregados em cada situação especificamente, de forma a

contemplar aspectos culturais e específicos ao uso da língua. Por fim, a cada encontro uma

situação comunicativa foi proposta para que os alunos colocassem em prática as questões

abordadas. Entre os resultados do projeto, pôde-se perceber, por parte dos alunos, a

compreensão de que a parte física é determinante para a pronúncia adequada de um som, uma

maior clareza na distinção dos fonemas do francês, a sensibilização para a maneira de falar

dos francófonos, a reflexão sobre as simplificações articulatórias que o falante de L1 faz ao

falar L2 e o entendimento da influência da cultura de um povo sobre o seu sistema linguístico,

o que possibilitou aos alunos um melhor desempenho no aprendizado da língua francesa, bem

como um estudo dessa língua estrangeira de uma maneira mais flexível e rica em aspectos

específicos à oralidade e à cultura francófona.

Leandra Luciano Ferreira (Profª. UNIRIO) & Vinicius Moreira Roza (UNIRIO)

A INTERAÇÃO PROFESSOR-ALUNO EM CURSO DE FORMAÇÃO DE

DOCENTES A DISTÂNCIA: ALGUMAS REFLEXÕES

É crescente o número de estudantes na última década que optam por ingressar na Educação a

Distância (EAD) em diversas áreas, especialmente em cursos de formação docente. Neste

sentido, torna-se cada vez mais importante o desenvolvimento de estudos voltados para a

EAD. Apoiando-se na premissa de Bakhtin (1992) de que cada situação comunicativa gera

um determinado gênero discursivo, com características estilísticas, temáticas e

composicionais próprias, ressalta-se que a comunicação nesta modalidade de ensino propicia

o surgimento de novos gêneros. Seguindo esta linha, Schenewly (1994) argumenta que o

repertório de gêneros existentes sofre adaptações a cada nova situação comunicativa. Como

efeito, a apropriação eficaz do gênero em dado momento contribui para o desenvolvimento

das capacidades individuais. Partindo do exposto, afirma-se que a compreensão dos gêneros

atuantes na comunicação dos pares na EAD não somente oferece mecanismos para o uso

dessas ferramentas no ensino, como também possibilita o entendimento da transformação pela

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qual os sujeitos passam, já muito além de meros instrumentos, os gêneros são ferramentas

responsáveis pela ação e comportamento do indivíduo. Tendo como foco a interação em

EAD, foram analisados dois meios assíncronos pelos quais professor (tutor) e aluno

interagem: sala de tutoria e fórum, sendo a primeira um espaço aberto ao esclarecimento de

dúvidas e o último utilizado, geralmente, para discussão e troca de ideias. A partir da análise

dos dados, depreendeu-se que a participação dos discentes na sala de tutoria não tem o

conteúdo da disciplina como foco. No que tange ao fórum, pode-se declarar que não ocorrem

debates e ou interações, e sim depoimentos individualizados. Tal atuação dos participantes

pode ser decorrente do pouco domínio sobre os novos gêneros, coibindo, assim, a exploração

de suas potencialidades, pois, conforme afirma Swales (1990 apud Biasi-Rodrigues, Hemais e

Araújo, 2009, p. 23), os interlocutores de um grupo (neste caso, tutores e alunos) têm de

possuir conhecimento sobre o gênero que costumam utilizar, concebendo, assim, redes

sociorretóricas que compartilham entre si metas em comum.

Leandro da Silva Gomes Cristóvão (Prof. CEFET-RJ)

PERFIS IDENTITÁRIOS NÃO-HEGEMÔNICOS NO CINEMA ESPANHOL: UMA

PROPOSTA PARA A DIVERSIDADE NO ENSINO DE ESPANHOL LÍNGUA

ESTRANGEIRA

São cada vez mais frequentes, na área dos estudos discursivos interessados no espaço escolar,

os trabalhos que refletem sobre as representações identitárias de gênero e sexualidade em tal

contexto. Esses trabalhos partem da premissa de que as identidades sociais de gênero e de

sexualidade são construídas via discurso e marcadas subjetiva e ideologicamente. Vários

desses estudos revelam que a histórica bipolaridade masculino-feminino ainda é orientadora

das práticas discursivas no contexto escolar. Isto é, ainda se acredita na ideia de que há

modelos a serem incentivados, seguidos, compartilhados por homens e mulheres no espaço

social, de tal maneira que os indivíduos que não se espelham nesses padrões são vistos como

desvios e, por isso, posicionados à margem. Nesse sentido, esta apresentação pretende mostrar

de que forma algumas produções do cinema espanhol contemporâneo podem funcionar como

discursos de resistência (Foucault, 1979) no que se refere à caracterização de perfis

identitários não-hegemônicos no tocante à sexualidade. A partir da análise de alguns

personagens do filme Todo sobre mi madre (1999), de Pedro Almodóvar, pretende-se

observar como tal produção cinematográfica constrói perfis de sexualidade que, ora se

aproximam, ora se afastam de uma visão essencializada do sujeito gay. Além disso, pretende-

se refletir sobre a importância de que esse tipo de análise se faça presente em aulas de

espanhol língua estrangeira, posto que se acredita que, para além do conhecimento do código

linguístico, a aula de língua estrangeira deve se revestir de um caráter formador da construção

cidadã (OCEM, 2006). A perspectiva de análise foucaultiana, em especial as noções de

verdade, discurso e ideologia (Foucault, 1970, 1979) é utilizada como principal referencial

para abordar o processo de construção das identidades em questão.

Liz Sandra Souza e Souza (Doutoranda UnB) & Karla Fernandes Borges Andrade (UEFS)

ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM

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Ao compreender que ensinar e aprender uma língua estrangeira é um processo de mediação

entre o professor e o aprendiz, aquele deixa de ocupar o eixo centralizador deste processo,

como detentor de conhecimentos e conceitos, e passa a valorizar as informações prévias e as

estratégias e estilos de aprendizagem do aluno. Para que isso aconteça, o docente, antes de

tudo, deve procurar entender a sua aprendizagem para então orientar, compreender e valorizar

a forma como seus alunos aprendem Com o intuito de conscientizar o professor deste seu

papel, propomos um minicurso professores de língua inglesa (LI) em formação inicial,

estudantes de uma universidade estadual baiana, com o objetivo geral de que eles se

reconheçam como mediadores do processo de ensino aprendizagem e com o objetivo

específico identificar suas estratégias, reconhecendo-as e valorizando-as como passos dados

para otimizar sua própria aprendizagem, assim como a do aluno. Para tanto, organizamos o

minicurso em quatro etapas: na primeira, realizamos uma entrevista semiestruturada baseada

no roteiro proposto por Moura Filho (2005) a fim de uma reflexão inicial sobre o assunto; na

segunda, uma discussão teórica baseada em Oxford (1990), O'Malley et alii (1990) e Nunan

(1999) com o objetivo de fornecer um aporte teórico para os participantes do curso; na

terceira, solicitamos a composição de narrativas de aprendizagem (Paiva,1998), as

comparamos com as estratégias propostas pelos autores citados. A tomada de consciência do

docente sobre seu processo de aprendizagem, o faz cultivar e estimular o uso de estratégias

por parte do aluno e o faz perceber a importância dos seus atos na formação do aprendiz

autônomo.

Luana Dangelo (Graduanda UERJ / ICON)

PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE L2 AUXILIADO POR JOGOS E ATIVIDADES

LÚDICAS

O processo de aquisição de uma L2 pode ser trabalhado sob diversos eixos e aspectos. Mesmo

com adultos, quando desenvolvido através de jogos e atividades lúdicas o aprendizado pode

ocorrer de maneira mais interessante, menos pretensiosa e mais produtiva. Falando mais

especificamente, os jogos podem contribuir também fazendo inserções da cultura do país de

origem da língua, uma vez que existem alguns que são locais; exemplo: pedra, papel e

tesoura, batalha naval. São interessantes também possibilidades como palavra cruzada, pois

possibilita uma bem-sucedida inserção de léxico. Existindo oportunidade de trabalho com

meios audiovisuais, trechos de músicas ou vídeos de internet muito visualizados no país

relacionado a língua a ser adquirida, o mesmo pode ser inserido como uma atividade lúdica

que traz mais interatividade às aulas. Particularmente , focarei em desenvolvimento de adultos

a fim de mostrar como pode-se relacionar atividades que normalmente são atreladas a crianças

e/ou adolescentes ao ensino em uma fase mais madura do ser humano. A neurolinguística

explica que quanto mais velho vai se tornando o homem, mais dificuldade em adquirir

conhecimento, uma vez que as redes de conexões neurais estão estabelecidas, formadas e uma

gama de conhecimento toma uma parte considerável da memória e de onde acessamos para

buscarmos nossas informações básicas quotidianas. Assim, é necessária uma metodologia

baseada em conteúdos de fácil assimilação, que seja capaz de entreter (uma vez que os

aprendizes adultos geralmente estão muito envolvidos com seus respectivos trabalhos e vidas

particulares) ao mesmo tempo em que seja objetiva e direta. Minha proposta é que as

atividades acima relacionadas e basicamente explicadas possam ser um complemento

importante senão fundamental à prática da docência nas circunstâncias descritas.

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Luciana Braga Carneiro Leão (Profª. FAETEC / CAp-UERJ)

O PROFESSOR REFLEXIVO E SUA FORMAÇÃO CONTINUADA: A SALA DE

AULA COMO FONTE DE OBJETO DE PESQUISA.

Esta comunicação tem por objetivo apresentar a sala de aula como uma rica fonte de objetos

de pesquisa ao professor reflexivo. Entende-se por professor reflexivo (Schön,1987) aquele

que, ao observar e analisar criticamente a sua prática e sua sala de aula, busca novas formas

de implementá-las e melhorá-las de maneira autônoma, emancipando-se de seguir à risca

determinada metodologia ou material didático. Dessa forma, a sala de aula pode inspirar

pesquisas e despertar o interesse do professor-pesquisador em dar prosseguimento à sua

formação em cursos de pós-graduação, extensão e aperfeiçoamento, dentre outros. Em

contrapartida, os resultados de sua pesquisa poderão prover melhora para a sua prática. Como

exemplo, apresentamos uma pesquisa conduzida durante curso de pós-graduação em

linguística aplicada ao ensino de inglês. Seu tema surge a partir dos relatos de alunos, durante

aulas de inglês de ensino fundamental e curso livre, sobre os métodos que utilizavam para a

aprendizagem da língua fora da sala. Esses divergiam bastante da forma conduzida em sala.

Enquanto a professora utilizava métodos tradicionais de ensino de vocabulário e gramática,

com o auxílio de livros didáticos, os alunos frequentemente relatavam alcançar com sucesso,

o mesmo conhecimento através de tecnologias utilizadas no cotidiano como formas de lazer,

e.g. vídeo games, filmes e séries. A frequência com que esse relato se repetia despertou

atenção e interesse da professora que, a partir de então, busca compreender através de sua

formação continuada, como essa aprendizagem se dava e como esse quadro poderia ser

estendido para promover ainda maior aprendizagem de língua inglesa. Focou-se então nos

vídeo games de RPG, pois, além de oferecerem uma grande quantidade de insumo (Krashen,

1981), imerso em um ambiente multimodal (Kress, 2004), proporcionam retroalimentação

corretiva (Lyster & Ranta, 2007). Esses jogos possibilitam ainda um filtro afetivo baixo e alta

motivação (Krashen, 2004) para extrair sentido, mesmo que sejam apresentados em uma

língua que o aprendiz não domina. Assim, a motivação gerada não só permitiria acesso à

aquisição através de materiais autênticos (Nostrand, 1989), como também estimularia o

aprendiz a continuar se engajando nessas atividades, o que o proveria autonomia (McGarry,

1995) e, consequentemente, insumo e aquisição contínuos.

Luciana Kinoshita da Silva (Profª. UFPA)

CONSTRUÇÃO DE UM MANUAL DE PLE PARA O CONTEXTO AMAZÔNICO:

TRAÇANDO CAMINHOS PARA PRÓXIMOS DESAFIOS

Esta pesquisa apresenta e analisa o processo de elaboração e reelaboração do manual didático

que utilizei, no período de 2007 a 2009, com minhas turmas do curso avançado de Português

como Língua Estrangeira (PLE) oferecido a alunos de universidades dos Estados Unidos que

fazem um programa de intercâmbio na Amazônia, localizado em Belém-PA. Ainda que a

maioria desses alunos tenha o inglês como Língua Materna (LM), alguns são descendentes de

povos latinos, orientais ou africanos cuja LM é diversa dos demais. O objetivo dessa

investigação foi mostrar a (futuros) profissionais da área da linguagem alguns possíveis

caminhos para elaboração e reelaboração de manuais didáticos voltados para aprendentes de

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PLE de línguas próximas e distantes em situação de imersão na Amazônia, uma vez que

materiais deste gênero ainda não estão disponíveis no mercado e os que já existem não

conseguem suprir as necessidades de aprendizagem de públicos cada vez mais específicos que

desejam aprender o PLE. O trabalho foi desenvolvido a partir de um relato de experiência não

apenas da minha formação como professora de Língua Estrangeira (LE), mas também das

contribuições dessa formação para a elaboração e reelaborações do manual que criei para

trabalhar em minha própria sala de aula, além da análise da versão do segundo semestre de

2009 do material em questão. Essa análise foi realizada a partir de uma grade adaptada de

López (2001) e Bertocchini & Costanzo (1989). Os resultados obtidos evidenciaram a

necessidade de se adotar algumas propostas de alterações e melhorias que surgiram no

decorrer da pesquisa e que foram incluídas nas reelaborações seguintes do manual.

Lucineia Mendes de Oliveira (Graduanda – UFPI) & Camilla dos Santos Ferreira (Profª. UFF)

O PAPEL DA IMAGEM NO LIVRO DIDATICO DE FRANCÊS LINGUA

ESTRANGEIRA - MÉTRO SAINT-MICHEL

Os livros didáticos, atualmente, trazem uma quantidade significativa de imagens, sendo estas

uma ferramenta importante para o ensino de língua estrangeira. O presente trabalho visa

apresentar como se dá a presença das imagens no livro Métro Saint- Michel, observando os

tipos e as funções que desempenham, assim como as contribuições que elas trazem para o

ensino-aprendizagem do francês língua estrangeira. Pretende-se também as relações das

imagens com os textos escritos e atividades presentes no livro. Inicialmente, observou-se o

livro Métro Saint-Michel, sua organização, os temas das unidades, os assuntos abordados e as

imagens. As imagens do livro foram analisadas levando-se em conta os trabalhos realizados

por Almeida (1999) sobre o icônico, Ramos (2007) sobre os signos visuais e textos do

Marcuschi, sobre gêneros textuais que foram atentamente lidos e fichados, com o intuito de se

obter uma melhor compreensão sobre o assunto. Na observação das imagens, atentou-se para

as relações que elas estabelecem com os assuntos das unidades e, principalmente, com os

textos escritos que encontram-se em seu entorno e sobre o qual elas, geralmente, fazem algum

tipo de alusão. Algumas imagens foram selecionadas de forma qualitativa, ou seja,

escolhemos aquelas que nos pareceram mais representativas para ilustrar os resultados de

nossa pesquisa, que evidenciou que em geral as imagens auxiliam na apreensão dos vocábulos

do francês língua estrangeira, proporcionando ao aluno o entendimento dos diferentes

sentidos dos textos. Assim, as imagens presentes no livro Métro Saint Michel em geral

desempenham a função de contribuir para o ensino-aprendizagem da língua estrangeira em

ambiente institucional. As imagens que estão inseridas no livro foram analisadas e nomeadas

de acordo com o tipo e função que desempenham. Deste modo, chamamos de imagens

didáticas aquelas que foram concebidas pelos editores do manual, logo, são ficcionais e

geralmente contribuem na elucidação dos diálogos e dos variados assuntos abordados pelo

livro, concernente à língua francesa. Por outro lado, o que chamaremos documentos

autênticos são documentos utilizados pela sociedade francesa quotidianamente e que,

portanto, não foram concebidos especificamente para o ensino do francês como língua

estrangeira. A utilização de documentos desse tipo no manual amplia o conhecimento do

aluno e aproximam-no da cultura dos franceses da língua; imagens em fotografias, as que são

de pessoas, ambientes, etc.. Observamos que o livro traz, em cada unidade, temas que podem

contribuir para o conhecimento da L.E a população, a cidade, habitação etc. Esses temas são

explorados levando-se em conta diversos aspectos, sejam eles linguísticos, comunicacionais

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ou culturais, através de diferentes seções, divididas em páginas que são denominadas: suporte

oral e suporte escrito, vocabulário, gramática, fonética, situações e documentos. Deste modo,

constata-se, com a análise do livro, que este possui uma diversidade de imagens que podem

desempenhar diversas funções, por exemplo, ilustrar a página, elucidar os conteúdos e

contextualizar, dialogando com o assunto da unidade que é tratado em algum texto escrito

e/ou atividade presente na página em que a imagem está reproduzida. Estas imagens estão

distribuídas e organizadas de acordo com a necessidade de cada assunto, assim, identificaram-

se, na maioria das páginas, imagens didáticas, as quais sintetizam os textos com precisão,

trazendo um ganho para aprendizagem do aluno. Portanto, as imagens auxiliam no ensino-

aprendizagem do francês língua estrangeira, de modo que o livro Métro Saint-Michel usa o

icônico para circunstanciar o verbal em suas lições.

Magali Saddi Duarte (Profª. UFG)

FORMAÇÃO CONTÍNUA DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL:

A PRÁTICA COMO TENDÊNCIA HEGEMÔNICA NA CONTEMPORANEIDADE

O presente estudo é o resultado de uma pesquisa desenvolvida no programa de Pós-

Graduação em Educação, da Faculdade de Educação, da Universidade Federal de Goiás.

Apresentou como objetivo geral apreender os pressupostos epistemológicos que vêm

fundamentando a proposta de formação contínua de professores de inglês na

contemporaneidade. Definiu-se por uma pesquisa bibliográfica, cujo objeto de estudo teve

como base a investigação bibliográfica de 18 textos produzidos por um grupo de

pesquisadoras da área de Linguística Aplicada da PUC-SP e de uma pesquisadora da UFG,

que se fundamentam pela abordagem do professor reflexivo crítico. Chegou-se à consideração

de que a orientação para a formação contínua de professores de inglês vem sendo

desenvolvida de forma a validar a noção de senso comum como conhecimento emancipado. A

formação contínua de professores de inglês fundamentada pela abordagem do professor

reflexivo crítico não gera a produção de novos conhecimentos, mas apenas valida a prática do

professor por meio de pesquisas colaborativas, que são, em todos os casos, conforme

verificado nesta pesquisa, desenvolvidas por um pesquisador de reconhecido domínio da

disciplina. Pensar a autonomia do professor, sustentada pela prática, é caminhar na contramão

daquilo que a abordagem afirma poder alcançar. Em outras palavras, a impossibilidade de

autonomia e de criticidade para uma possível heteronomia.

Marcelo Sousa Santos (Doutorando UnB)

A CONSTRUÇÃO DO "OUTRO" NOS MATERIAS DIDÁTICOS E AUTÊNTICOS

NA SALA DE AULA DE LE

O processo de ensino-aprendizagem de línguas conta, atualmente, com um grande número de

teorias que tentam explicar como se aprende e se ensina línguas. Contudo, ainda não se

alcançou um resultado satisfatório que aponte para soluções práticas para aqueles envolvidos

no referido processo, isto é, professor e aluno. Tendo isto em mente, nosso objetivo, aqui, é

focar o estudo da alteridade na tentativa de otimizarmos o ensino-aprendizagem da língua-

alvo por meio de uma revisão bibliográfica com vistas a aspectos práticos a serem

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desenvolvidos em sala de aula. Concernente ao foco apresentado, acreditamos que a

construção do “outro” (língua/cultura-alvo) seja relevante quando se aprende/ensina uma

língua à medida que permite a compreensão bem como facilita a interação entre aluno e

língua/cultura-alvo. Interessa-nos investigar como o “outro” é construído e representado por

professores e alunos nos materiais didáticos e autênticos utilizados em sala de aula de língua

estrangeira. Por meio da análise dos materiais referidos, concluímos que a construção do

“outro” é, majoritariamente, estereotipada. Os estereótipos do “outro”, tomados com uma

conotação negativa, são, a nosso ver, obstáculos para se compreender e lidar com a língua-

cultura alvo por duas razões: primeiro, apresenta uma fixidez quanto à identidade do “outro”,

posicionando-a sempre como sendo a mesma e imutável; segundo, a representação

estereotipada do “outro” reproduz ideologias e relações de poder dominantes. As duas razões

apresentadas justificam a importância da alteridade outrora atestada e nos desperta para uma

tomada de posição frente a esta questão. Portanto, nos aliamos à Pedagogia Crítica (SILVA,

2000) – e propomos seu uso em sala de aula – como forma de questionar os estereótipos e

representações do “outro” veiculadas nos materiais utilizados no ensino-aprendizagem de

línguas. Defendemos que alunos e professores de línguas devem estar conscientes desta

construção para, então, reconstruir o “outro” visando uma interação profícua. Toda nossa

discussão a respeito do tema proposto será embasada em teorias que discorrem,

primariamente, sobre a relação indissociável entre língua e cultura. Adotamos em nossa

discussão o termo língua-cultura (BYRAM e MORGAN, 1993; MORAN, 2001) para reforçar

a ideia de indivisibilidade entre as duas instâncias. Outras teorias que, de igual forma,

compõem nosso construto teórico advém dos estudos culturais (HALL, 2000) e de identidade

pós-estruturalista (SILVA, 2000; WOODWARD, 2000). Argumentamos que

língua/linguagem é um dos meios pelos quais a cultura se manifesta. Dessa forma, deduz-se

que estudar uma língua L2/LE é apreender a cultura desta língua. Neste sentido, abordar uma

L2/LE não se resume a ensinar/aprender estruturas linguísticas somente; é, também, lidar com

aspectos culturais manifestados na língua ensinada/aprendida. O fato de se usar a própria

língua/linguagem para se referir à língua-cultura alvo acaba nos levando a criar

categorizações e delimitações entre “nós” (professores/aprendizes de línguas) e “eles” –

identidade/diferença. Identidade e diferença são processos importantes e relacionais (e não

exclusos) para se abordar sobre e relacionar-se com o “Outro”. Por fim, a construção do

“outro” nos parece ser um construto que mereça atenção a fim de se obter um futuro

entendimento sobre a complexidade que permeia nossas salas de aulas de línguas estrangeiras.

Marcia dos Santos Silva (Doutoranda UEFS)

BREVE ESTUDO COMPARATIVO DE ALGUNS PROVÉRBIOS E DITADOS

POPULARES NA LÍNGUA FRANCESA E PORTUGUESA DO BRASIL

A dificuldade no processo de ensino e de aprendizagem da língua francesa no que tange à

compreensão dos provérbios e ditados populares suscitou a ideia do estudo conciso e

comparativo entre alguns desses enunciados na língua francesa e na língua portuguesa do

Brasil. Acredita-se que há em alguns casos a possibilidade de tradução literal, em outros,

percebe-se o uso de metáforas, além de que nem sempre parece existir equivalência nas duas

línguas. Propõe-se assim uma análise do Dicitionnaire de Proverbes et Dictons - Le Robert e

do Novo PIP Dicionário de Provérbios, Idiomatismos e Palavrões em Uso, o que permitirá,

posteriormente, a elaboração de um breve glossário. Assim, a partir das expressões analisadas

é possível suscitar reflexões entre os alunos, mostrando que aprender um novo idioma não se

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faz de forma isolada, mas considerando o conhecimento de mundo do aprendiz e da nova

cultura que se reflete na língua. A aprendizagem de uma Língua Estrangeira (LE) requer a

abordagem não somente dos fatos linguísticos na sala de aula, mas também a vivência e a

imersão no universo cultural do outro. O contexto sociohistórico e psicológico do outro nos

fornecem os elementos necessários à compreensão inicial da LE, pois tratam de experiências

enriquecedoras na transmissão deste conhecimento. O homem é um ser impossibilitado de

viver em isolamento absoluto; pois pela sua própria natureza nasce imbuído do sentimento de

sociabilidade e é capaz de criar novos “mundos” para efetivar a comunicação. Os ditados

populares, os provérbios, as expressões idiomáticas fazem parte deste mundo de palavras,

com a finalidade de ajudá-lo no processo de compreensão do outro e dos próprios

questionamentos filosóficos, assim como a compreensão das reações diante de determinadas

situações. As palavras nos ajudam a compreender quem somos, para onde vamos, como

devemos conviver com elas e o que fazer com elas.

Marcle Vanessa Menezes Santana (Doutorando UFS)

ENTRE CHARLOTTE BRONTË E CARY FUKUNAGA: AS REPRESENTAÇÕES

DE JANE EYRE E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE

LITERATURA INGLESA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

O ensino de literatura tem apresentado desafios tanto para professores quanto para alunos,

uma vez que tal campo é fluido e encontra-se relacionado a valores socioculturais. Quando se

trata de literatura em língua estrangeira, os desafios parecem ser maximizados, uma vez que,

para os alunos, o texto literário transfigura-se em um duplo ‘embate’: no primeiro plano, as

dificuldades com a língua estrangeira e, no segundo, com os meandros do texto literário.

Nesse sentido, adaptações cinematográficas podem configurar um recurso interessante no

processo de ensino-aprendizagem de literatura inglesa, visto que possibilitam a aproximação

entre os alunos e a compreensão geral da obra literária. Por outro lado, romances adaptados

para o cinema podem apresentar distorções em relação ao texto original, o que, decerto,

prejudica a interpretação do mesmo. Com o intuito de avaliar os pontos positivos e negativos

da relação cinema-literatura no processo de aprendizagem de futuros professores, este

trabalho tem por objetivo apresentar algumas implicações do ensino de literatura inglesa

observados em aulas da Universidade Federal de Sergipe, através da representação

cinematográfica de Jane Eyre (2011), do diretor Cary Fukunaga, em relação ao romance

homônimo publicado em 1847, da escritora vitoriana Charlotte Brontë (1816-1855). Para

tanto, além do supracitado romance, serão utilizados pressupostos que lidam com a teoria

literária (EAGLETON, 2008), com a historiografia literária inglesa (BURGESS, 1999) e com

o ensino-aprendizagem de literatura inglesa (CHAMBERS; GREGORY, 2006).

Marco Aurélio Garcia da Silva (Graduando – UERJ)

DESAFIOS DO ENSINO DE INGLÊS TÉCNICO – EXPERIÊNCIAS NO SENAI/RJ

Grande parte dos estudos e metodologias para o ensino de língua estrangeira são elaborados

pensando o aprendizado do aluno em ambientes como curso de inglês, na formação

complementar curricular do MEC nas escolas, ou em aulas particulares individuais ou para

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pequenos grupos (domiciliares ou em empresas); e o grau de domínio e competência

linguística esperado dos alunos com esses processos pouco se relacionam com os objetivos

dos cursos de inglês técnico, que possuem um aspecto mais ferramental e não possuem a meta

de proporcionar a eles um contato com a cultura ou a estrutura através da qual determinada

língua interpreta a realidade. Aspectos mais subjetivos da comunicação são deixados em

segundo plano e as aulas possuem grande potencial para se reduzirem a uma relação

dicionarizada com a língua estrangeira, o que vai de encontro ao trabalho de linguistas desde a

década de 1960. Além disso, ao trabalhar determinado conteúdo com seus alunos nos

ambientes mais corriqueiros, o professor frequentemente se depara com uma turma

tendenciosamente mais homogênea do que aquelas encontradas nos cursos técnicos, pois

neste último os alunos não passaram por qualquer tipo de nivelamento (como provas de

acesso), nem tem seu conhecimento construído através de um conteúdo programático linear

padronizado. Desta forma, o desafio de manter o interesse da turma e de propor atividades que

sejam capazes de integrar distintos níveis de proximidade com a língua, na curta carga-horária

que esses cursos possuem, é alto. Assim, o presente trabalho se propõe a discutir mais a fundo

algumas alternativas aplicadas em turmas de inglês técnico em áreas de telecomunicações,

eletrônica, redes de computadores, administrativo e demais habilitações no SENAI, com

alunos de distintas faixas etárias e diferentes graus de familiaridade tanto com a língua inglesa

quanto com o material técnico a que são expostos.

Marcos Vinícius Ferreira Passos (Doutorando UnB)

TEXTOS E DISCURSOS NA CONTEMPORANEIDADE: REFLEXÕES SOBRE A

PRODUÇÃO DE TEXTOS DE ALUNOS UNIVERSITÁRIOS

Este trabalho consiste no resultado de estudos teóricos e práticos do Projeto Reuni de Leitura

e Produção de Textos, que ocorreu entre os anos de 2010 e 2011 no Instituto de Letras da

Universidade de Brasília. A comunicação aqui pretendida promoverá a discussão sobre os

textos produzidos nas salas de aula das Universidades, como espaço para inovação

pedagógica e relevância para pesquisas acadêmicas. Usar-se-ão como arcabouço teórico três

áreas distintas do conhecimento em linguística transdisciplinar: (1) a Análise de Discurso

Crítica, amparando-se sobre o quadro tridimensional no continuum prática social - prática

discursiva - texto, os conceitos de ideologia, poder, hegemonia (FAIRCLOUGH, 2001,

BAKTIN, 1987, RESENDE & RAMALHO, 2009-2011); (2) a Teoria da Multimodalidade,

observando-se a configuração dos textos em uma perspectiva multissemiótica (FERRAZ,

2007) e (3) Linguística Textual, fundamentando-se nas concepções de texto, contexto e

critérios de textualidade (MARCUSCHI, 2009). O trabalho trata-se, de modo sintético, do

exame de textos produzidos nas disciplinas de Leitura e Produção de Textos e Português

Instrumental 1 da Universidade de Brasília. Havia a proposta de amalgamar imagens,

discursos, textos, ideias de outrem acerca de algumas temáticas imaginadas como: a

importância da televisão na sociedade contemporânea, a imagem da mulher em revistas

masculinas, o futebol é o ópio do povo brasileiro, entre outras. Os alunos, então, produziram

textos multimodais em que a construção de ideologias e a reprodução de vozes sistematizam

preconceitos e legitimam poder, conduzindo à hegemonia de determinadas parcelas da

sociedade. Em suma, pretende-se metodologicamente refletir sobre as noções discursivas

existentes nos textos produzidos pelos alunos atentando-se também para a organização de tais

instrumentos e observando suas relações com a contemporaneidade.

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Maria Avani Nascimento Paim (Profª. UNEB)

A CONSTRUÇÃO DOS SABERES DOCENTES DOS PROFESSORES DE

ESPANHOL DA EDUCAÇÃO BÁSICA: DA FORMAÇÃO ACADÊMICA À

PRÁTICA DOCENTE

As discussões sobre educação tem sido frequentes e a formação de professores tem sido uma

das temáticas mais discutidas neste campo por autores de dos mais diversos países

(BRZENZINSKY, 2002; CANDAU, 1997; 1998; GATTI, 1997; FREIRE, 1996; MORIN,

2000; NÓVOA, 2005; 1995; PERRENOUD, 1993; SCHÖN, 1995; TARDIF, 2007;

ZABALZA; 1997 et al). Levando-se em consideração que o docente tem um papel muito

importante como formador e facilitador no processo ensino e aprendizagem e que esta é sua

grande tarefa, entende-se que ele precisa de um preparo profissional complexo e abrangente.

Pressupõe-se que a pessoa que se dedica a docência necessita de conhecimentos

especializados, não somente de sua área específica, mas também sobre o ser humano e as

reações do sistema cognitivo que envolve processos mentais de percepção, memória, juízo e

raciocínio. Considera-se assim, que o desenvolvimento profissional do professor trabalha com

três dimensões: pessoal, pedagógica e profissional. Propor uma pesquisa sobre o

desenvolvimento profissional dos docentes significa uma tentativa de compreender a tipologia

dos saberes que constituem tal desenvolvimento: os saberes teóricos e os saberes práticos,

onde os primeiros estão relacionados com os conceitos, os fatos, os saberes da formação

acadêmica, o saber-fazer e os segundos compreendem os saberes sobre a prática e da prática.

Com base no seguinte questionamento: Qual/Quais o(s) saber (es) necessário(s) na formação

do professor de língua espanhola/língua estrangeira?, esta pesquisa tem como objetivo

investigar a construção dos saberes docentes de Professores de Espanhol como língua

estrangeira da educação básica com vistas a fazer uma análise do percurso realizado por ele,

sua prática pedagógica desde o início de sua carreira, compreender o processo de constituição

desse sujeito, considerando sua formação acadêmica, suas concepções, influências sofridas e

experiências vividas. Para a elaboração do presente trabalho utilizou-se nesta pesquisa uma

perspectiva qualitativa-fenomenológica, visto que fez-se necessário estudar o contexto que o

sujeito está inserido, e a partir do qual interpreta seus pensamentos, pois “em qualquer estudo

fenomenológico procura-se o ponto de vista do sujeito pesquisado para indagar-se sobre o que

ele pensa, sente, analisa e julga” (MACEDO, 2004, p.50). No que se refere à coleta e

produção dos dados, utilizou-se de entrevista semiestruturada e observações da práxis

pedagógica de professores de espanhol da educação básica na cidade de Feira de Santana-Ba.

No que se refere à construção do conhecimento, não se pode dizer que esta seja totalmente

livre ou aleatória. Que cada um constrói seu conhecimento de maneira totalmente pessoal e

independente, sem vinculo com a comunidade cientifica ou com a comunidade universal. Não

se pode afirmar que a construção de saberes pressupõe um estado de atividades que parte

unicamente do sujeito e que isso signifique ausência de ensino, de transmissão social. Ou que

o sujeito vai adquirir conhecimento memorizando conteúdos e sendo passivo ao que os

ensinam.

Maria Cecilia dos Santos Fraga (Profª. UNICAMP)

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ATIVIDADES DE LEITURA PARA A AULA DE INGLÊS LE: CAMINHOS

POSSÍVEIS APÓS O INGLÊS INSTRUMENTAL

O uso do livro didático (LD) importado é frequente nas salas de aula de Inglês como Língua

Estrangeira (Inglês LE) no Brasil, especialmente nos cursos e disciplinas onde ocorre o ensino

das quatro habilidades, Inglês Geral (compreensão oral, leitura, produção oral e escrita).

Atividades de leitura complementares, elaboradas pelo próprio professor, são uma alternativa

com possibilidades interessantes para adequar o ensino com base no LD importado ao

contexto de ensino brasileiro. O enfoque deste trabalho é apresentar uma proposta para

elaboração de atividades de leitura para disciplinas de Inglês Geral ministradas em contexto

universitário para alunos a partir do quarto semestre, ou nível IV. Nas duas últimas décadas

do século XX, o ensino de leitura nos cursos de Inglês Instrumental foi orientado

principalmente pela abordagem cognitivista de ensino de leitura (Carrel 1983, Eskey 1988,

Grabe 2009) e metacognitivista (Bialystock e Ryan 1985, Braga e Busnardo 1993). Essas

abordagens mostraram-se bastante profícuas para a metareflexão sobre questões linguísticas,

especialmente a comparação entre o Inglês e o Português. Neste trabalho, propõe-se que a

experiência com a abordagem cognitivista seja aliada à teoria dos gêneros de Bakhtin e seu

círculo e à teoria dos multiletramentos (Grupo de Nova Londres 1996, Rojo 2010), com

ênfase especial no multiculturalismo (Kalantzis e Cope 2000). As atividades didáticas a serem

apresentadas exemplificarão esta tentativa de aliar a experiência cognitivista à abordagem

sociointeracionista, tendo como ponto de partida para o ensino de leitura os gêneros textuais,

especialmente aqueles relevantes para o contexto universitário.

Maria da Conceição Coelho Ferreira (Profª. Université Lumière Lyon 2)

ENJEUX ET ATOUTS DE L’ENSEIGNEMENT BILINGUE : LE ROLE DE LA

TRADUCTION DE LA LITTERATURE DE JEUNESSE : CONNAITRE ET SE

FAIRE CONNAITRE AUTREMENT

Vivre dans un monde globalisé nous oblige à avoir un regard nouveau sur les pratiques et le

processus d’enseignement-apprentissage. Un nombre de plus en plus important d’enfants

suivent l’apprentissage de la lecture dans une langue autre que la langue maternelle. D’un côté

le travail à partir de la littérature de jeunesse apporterait des renseignements nécessaires pour

la compréhension d’un contexte socioculturel lié à un univers linguistique donné. D’un autre

côté, le travail de traduction des livres de jeunesse apporterait des connaissances solides et

réfléchies à ce genre d’exercice. Les étudiants approfondissent leur culture en découvrant les

propriétés de celle des autres. Dans le cadre du Master TLEC (Traduction Littéraire et Édition

Critique), lors d’un projet expérimental, les étudiants (dont des Brésiliens) ont été amenés à

trouver eux-mêmes des ouvrages de cette littérature susceptibles d’être traduits en portugais,

afin de travailler un aspect de la culture française. Parallèlement à cela, le texte devait

comporter également un aspect syntaxique ou un fait de langue dont l’intérêt de traduire

vienne s’ajouter à l’aspect culturel véhiculé par la langue. La traduction des ouvrages en

portugais vers le français prenait aussi en compte la représentativité de ces différences entre

les deux cultures, dont la méconnaissance donne souvent lieu à des préjugés. Ce master était

particulièrement intéressant pour des étudiants brésiliens, cherchant dans cette formation une

compétence élargie en traduction en plus de son côté professionnalisant, avec son ouverture

vers le monde de l’édition. Le cours de traduction, suivi par des étudiants du Master d’Études

Lusophones, apportait une nouvelle approche du processus enseignement-apprentissage à des

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enseignants potentiels de l’enseignement du portugais dans un futur proche. Le renvoi à des

aspects particuliers d’une culture donnée lors de l’enseignement d’une langue étrangère

constitue une préparation pour l’enseignement dans un monde bi voire multilingue (voir

proposition Gérard WORMSER), déjà en action dans quelques institutions privilégiées.

Des projets en partenariat des universités françaises et brésiliennes pourraient aussi alimenter

le vivier dans les filières de portugais en France. Cette opération devrait renforcer la

coopération Université de Lyon-Brésil et soutenir le développement de masters conjoints et de

cotutelles de thèse en sciences humaines entre les instances des deux pays.

Maria Eugênia Witzler d’Esposito (CAPES/LAEL-PUC-SP, UFAL)

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO, NA FORMAÇÃO DOCENTE, PELO VIÉS DA

COMPLEXIDADE

Essa comunicação objetiva compartilhar as reflexões de dois professores/pesquisadores que

atuam na formação de professores e resultam do diálogo por eles estabelecido a respeito do

estágio supervisionado em uma universidade pública. Para tal, utilizam os relatórios de final

de curso elaborados pelos alunos em formação pré-serviço/em serviço de graduação em

língua inglesa (Português – Inglês), na disciplina Estágio Supervisionado de Língua Inglesa

III. Nesses relatórios os alunos narram experiências por eles vividas, durante o período de

estágio, apresentando e discutindo questões que lhes são de interesse e para as quais

desenvolveram leituras específicas ao longo do curso. Para a interpretação dos textos

produzidos pelos alunos, utilizamos a abordagem hermenêutico-fenomenológica (van Manen,

1990; Freire, 1998, 2007, 2008, 2010, 2011), que consideramos estar coadunada aos aspectos

teórico-metodológicos referentes ao novo paradigma educacional e à teoria da complexidade

(Morin, 2004, 2005, 2006, 2008). Como formadores, temos o intuito de discutir, nesta

comunicação, a visão desses alunos e futuros professores a respeito do estágio supervisionado

e do ambiente da sala de aula em que ingressarão, articulando-os aos princípios e saberes para

a educação do futuro propostos por Morin (2004, 2005, 2006, 2008). Esses princípios e

saberes nos auxiliam estabelecer um diálogo a respeito do estágio supervisionado,

repensando, pelo viés da complexidade, a formação que oferecemos a esses alunos e futuros

professores e a nossa própria prática docente. Esperamos, por meio do diálogo proposto nesta

comunicação, oferecer subsídios para questionamentos e reflexões a respeito dos cursos de

formação de professores bem como da prática dos docentes que atuam nesse contexto.

Maria Lucia Claro Cristóvão (Doutoranda USP)

LINGUAGEM VISUAL: FORMAÇÃO DO PROFESSOR À UTILIZAÇÃO DA

IMAGEM NO ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

Se durante vários séculos a imagem foi utilizada como uma mera ilustração do que era

realmente considerado “sério”, isto é, o texto, ela hoje ocupa, muitas vezes, um estatuto

superior ao da escrita. O desenvolvimento tecnológico e os inúmeros softwares de criação e

de tratamento gráfico proporcionam à imagem uma posição cada vez mais dominante em

nossa sociedade. Segundo Philippe Hamon (2001), a profusão de imagens no século XIX

transformou a cultura visual dos moradores das grandes cidades. A rua tornou-se um espaço

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saturado de imagens heterogêneas e justapostas. Cartazes, estátuas, fotografias, álbuns,

caricaturas, cartões postais, jornais e livros ilustrados invadiram a vida dos cidadãos,

mudando sua relação com a imagem. Essa cultura da imagem intensificou-se no século XX e,

mais recentemente, conheceu um enorme salto qualitativo graças às novas tecnologias digitais

e de impressão. Estamos na época da “alta definição” da imagem e esse novo contexto

acarreta mudanças em vários campos, dentre eles o do ensino de línguas estrangeiras. Ao

preparamos nossos alunos a “agir” em língua estrangeira, dentro do conceito do Quadro

Europeu Comum de Referência para Línguas (2001, Conseil d’Europe), precisamos preparar

igualmente novos cidadãos a agir numa sociedade de imagens. Ora, se a escrita exige uma

aprendizagem e um letramento para ser decodificada por que não se esperar também uma

busca de conhecimento para a decodificação de códigos visuais? O que vemos

frequentemente em sala de aula é a abordagem de elementos visuais tomando-se por base

instrumentos que pertencem à linguagem escrita. Segundo Hallyday (1984), a linguagem

visual exige sua própria gramática para ser lida e analisada. Tomando por base as teorias de

Dondis (2003) e de Kress e Van Leeuwen (2006), pretendemos, nesta comunicação, analisar

como o letramento e a educação visual podem auxiliar o professor no processo de

ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira.

Maria Lúcia Jacob Dias de Barros (Profª. UFMG)

A CANÇÃO COMO PARTE INTEGRANTE DE UM PROJETO DE FORMAÇÃO DE

PROFESSORES DE FLE

Minha intervenção está relacionada mais especificamente com a formação inicial dos futuros

professores de francês. No Curso de línguas do Centro de Extensão da Faculdade de Letras da

UFMG, sou responsável pela supervisão dos estagiários bolsistas do curso de francês

“comunicativo”. Entretanto, o estágio em centros de línguas não pode ser considerado

verdadeiramente como um estágio, ou seja, contando como horas de experiência docente para

o aluno que prepara uma licenciatura, seja para o diploma simples, seja para o duplo,

português-francês, que é o que oferecemos. O estágio docente no CENEX é levado em conta,

sim – mas pouquíssimo – e os cursos oferecidos no CENEX têm servido para cumprir um

determinado número de horas de observação de classes. Ainda que direcionada a poucos, a

formação oferecida pelo CENEX/FALE torna-se, pois, fundamental para os alunos que

preparam a licenciatura em português-francês. Dentro de uma perspectiva de formação teórica

e prática, elaboramos um projeto de trabalho conjunto – supervisora e estagiários -

relacionado com um suporte específico, a canção. Partimos da hipótese de que a canção,

apesar de ser um documento autêntico riquíssimo, tanto do ponto de vista do

ensino/aprendizagem da língua francesa quanto como veiculador das culturas francófonas, é

subutilizado como suporte didático nos métodos de FLE (cf. BARROS M. L. J. D. de, 2010).

Nosso projeto compreende a análise de uma dezena de métodos mais recentes de francês,

buscando saber de que modo a canção está presente (ou ausente) nos manuais de FLE. De

posse desses dados iniciais, nossa proposta é: de que maneira esse suporte pode se integrar

como um material didático complementar. A partir de uma seleção de temas – lexicais,

gramaticais, comunicativos e culturais – e a constituição de um repertório de canções

relacionadas com os mesmos, passaremos então à elaboração de fichas pedagógicas para

atividades a serem desenvolvidas em sala de aula. Nessa intervenção, apresentarei esse

projeto, já em andamento, cuja etapa final prevê sua publicação pelo Laboratório de Edição

(LABED) da FALE/UFMG.

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Mariana Reis Furst (Profª. UFV)

LENDO CORNEILLE EM SALA DE AULA

O presente trabalho apresenta formas de introduzir a literatura do século XVII em sala de

aula, notadamente, o teatro. Por meio de alguns exemplos extraídos da peça Othon, de Pierre

Corneille, mostraremos algumas estruturas possíveis de serem encontradas, as quais podem

ser um empecilho para um leitor brasileiro não habituado aos textos clássicos. Buscaremos,

ainda, apontar algumas chaves de leitura para esta obra propostas pelo próprio autor em seus

discursos.

Marilia Carvalho Batista (Doutoranda UnB)

POLÍTICAS LINGUÍSTICAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO

PERÍODO IMPERIAL

Este trabalho tem como fio condutor as políticas linguísticas do ensino de línguas no Brasil. O

enfoque dar-se-á a partir do texto de Luiz Eduardo de Oliveira. O texto de Oliveira demonstra

que a história do ensino de línguas no Brasil inicia-se no ano de 1809, com a Decisão n. 29,

de 14 de julho. Oliveira nos proporciona um olhar crítico e reflexivo sobre as escolhas

metodológicas e o reposicionamento do ensino de línguas. Pretendemos descrever o processo

de institucionalização do ensino de língua inglesa (LI) no Brasil, buscando mostrar as ações

do governo monárquico e os caminhos percorridos no contexto político e metodológico. Neste

trabalho, intencionamos fazer uma incursão histórica no período imperial brasileiro,

compreendido entre os anos de 1809 a 1889, sobre as políticas públicas que

institucionalizaram o início do ensino desta língua nas escolas do país. Portanto, nosso

objetivo é pesquisar estas políticas linguísticas, bem como entender a correlação de fatores

sócio político e econômicos, que demandaram este começo. Tais fatores, a partir da presença

dos ingleses – da língua inglesa como sua expressão – foram considerados por Gilberto

Freyre, em Ingleses no Brasil, de crucial importância para a história e o ethos da cultura

brasileira. Ainda, um olhar crítico reflexivo nesta retrospectiva pode ajudar na compreensão

do papel da LI hoje no Brasil, bem como sinalizar futuras políticas linguísticas que atendam

demandas originárias destes fatores e de novos papéis assumidos por esta língua.

Marisa Mendonça Carneiro (UFMG), Carolina Vianini (UFMG) & Milene Mendes de

Oliveira (UFMG)

CONSTRUINDO ITENS DE MÚLTIPLA ESCOLHA NA AVALIAÇÃO DE LEITURA

EM INGLÊS PARA GRANDES GRUPOS: EVOLUÇÃO E DIRECIONAMENTOS

O conhecimento teórico sobre leitura em inglês como língua estrangeira e sobre testes de

leitura é fundamental na formação de professores de inglês. A concepção de leitura influencia

diretamente a forma de se testar e avaliar a habilidade de ler. Assim, entender a natureza do

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processo de leitura é crucial para o desenvolvimento de instrumentos de avaliação. A

concepção de leitura presente na visão interacionista alia a possibilidade de se extrair sentido

a partir da forma do texto (signo) com a contribuição do leitor, ao trazer sua própria bagagem

de informação para a tarefa de interpretar o texto. A avaliação da habilidade de leitura deve

refletir a concepção que se tem sobre leitura e sobre compreensão textual. Dentre as

possibilidades de tarefas de avaliação de leitura, a múltipla escolha é amplamente utilizada

por permitir um controle do número de respostas dadas pelos alunos, além de ser de fácil

aplicação e rápida correção, sendo especialmente interessante para avaliação em grandes

grupos. Acima de tudo, as questões de múltipla escolha devem garantir a validade e

confiabilidade da avaliação. No entanto, esse tipo de atividade demanda conhecimento

específico do professor para sua elaboração depara que as alternativas sejam bem formadas,

evitando eliminação óbvia e ambiguidade. O objetivo deste trabalho é apresentar o processo

de construção de testes de múltipla escolha para avaliação de leitura no curso INGREDE –

Inglês Instrumental, oferecido na modalidade a distância para a comunidade de alunos e

funcionários da UFMG, que atende, semestralmente, cerca de 3000 alunos. Um panorama do

progresso da elaboração de questões de múltipla escolha, desde o início da disciplina até os

dias de hoje, será apresentado, mostrando como o grupo de elaboradores, enquanto

professores em formação, evoluiu em relação à adequação na construção de itens de múltipla

escolha.

Marki Lyons (Prof. UFMT/CUR)

O ENSINO-APRENDIZAGEM DE INGLÊS: AS CRENÇAS DO PROFESSOR E O

CONTEXTO ESCOLAR

Baseado em pesquisa qualitativa, de cunho etnográfico, feita em escola pública em Mato

Grosso, procura-se identificar as crenças existentes no contexto escolar que possam

influenciar o processo de ensino-aprendizagem de língua estrangeira, neste caso, da língua

inglesa. A pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de dar voz à professora participante.

Como metodologia, a pesquisa se baseou na observação participativa, entrevistas

semiestruturadas, conversas informais e um diário escrito pela professora participante. Estes

dados foram triangulados com a visão de outros agentes do contexto escolar: colegas,

administradores e alunos, além de documentos oficiais da escola. A análise dos dados ocorreu

em duas instâncias. Na primeira, a análise se baseou numa leitura que buscava demonstrar as

(in)congruências nas atitudes, opiniões e ações dos agentes escolares, partindo do ponto de

vista da professora participante, que possam impactar o ensino-aprendizagem de língua

inglesa. Na segunda, tomou-se como modelo de análise o método de processamento

metafórico, empregado por Kramsch, que considera a possibilidade de fazer uma leitura de

dados que enfoca a maneira em que o indivíduo constrói seu mundo por meio da linguagem.

Nesta pesquisa, as crenças não foram definidas a priori, mas surgiam como temas recorrentes.

Três crenças se destacaram como influentes na atuação da professora, e consequentemente, no

processo de ensino-aprendizagem: (1) os alunos não têm uma base linguística e/ou

educacional adequada para a aprendizagem de uma língua estrangeira, (2) o ensino-

aprendizagem de língua inglesa é contemplado em segundo lugar em relação à construção da

cidadania e o ensino-aprendizagem de boas maneiras, e (3) falta apoio para o planejamento e

desenvolvimento de atividades que auxiliam o ensino-aprendizagem dos alunos, em vários

níveis do sistema educacional. Estas crenças são representativas dos desafios encontrados na

escola pública na contemporaneidade. Por meio do processamento metafórico, é possível dar

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destaque às tensões existentes no contexto escolar, entre forças conservadoras e renovadoras,

e, ao mesmo tempo, de espaços favoráveis à introdução de melhorias no processo de ensino-

aprendizagem.

Marquilló Larruy Martine (Prof. Université de Poitiers / U.F.R LETTRES ET LANGUES)

FORMATION INITIALE D’ENSEIGNANTS DE LANGUE ET VISIOCONFERENCE

POSTE A POSTE

Dans l’apprentissage des langues avec les nouvelles technologies certaines configurations

sont encore peu expérimentées et peu balisées ; elles ouvrent néanmoins des voies vers un

apprentissage renouvelé des langues que la recherche doit aider à conquérir. Cette proposition

de communication s’intéresse aux modalités de préparation de séquences pédagogiques pour

le développement de la compétence orale par visioconférence poste à poste, par un groupe de

30 étudiants inscrits en deuxième année du master professionnel DIDALANG-FLES. Le

contexte est celui d’une expérimentation réalisée entre l’Université de Poitiers et une école

d’ingénieurs et de management d’Evry, Télécom SudParis, qui dispense des cours de FLE à

des étudiants internationaux. Cette étude, s’inscrit dans le cadre du projet Le français en

(première) ligne, imaginé par Christine Develotte, qui a initialement expérimenté et développé

avec François Mangenot à l'université de Grenoble 3 et celle de Sydney en asynchrone, puis

avec Nicolas Guichon à l'université de Lyon 2 en partenariat avec l'UC Berkeley en

synchrone, ce nouveau mode de communication pédagogique. À partir des fiches de

préparation, réalisées sur les wikis de l’espace numérique de travail de l’université, de

questionnaires, de journaux de bord et d’une synthèse écrite rédigée un mois après

l’expérimentation, on rendra compte des stratégies professionnelles mises en place par ces

futurs enseignants pour élaborer leurs cours en ligne.

Mirelle da Silva Freitas (Doutoranda UnB)

O PAPEL DA UNIVERSIDADE NA (TRANS) FORMAÇÃO DO APRENDIZ EM

PROFESSOR

Aprender e ensinar uma língua estrangeira (LE) pressupõe uma busca por comunicação nessa

língua, comunicação essa que pode ser compreendida como interação social. Para ensinar sob

a visão comunicacional são necessários ambientes onde os aprendizes estejam fortemente

envolvidos com a produção de sentidos, envolvendo conhecimento, atitude e capacidade de

ação na língua-alvo. Portanto, nesses ambientes, a cultura do aprendiz é colocada em diálogo

com a língua-cultura estudada, perceba que língua e cultura são indissociáveis. Desse modo,

cabe ao professor de línguas saber lidar com os conflitos interculturais que surgem desse

diálogo. Urge observar os objetivos do período de formação do professor de línguas na

universidade, no Curso de Letras. Nesse período o currículo constitui o núcleo através do qual

o formando (estudante universitário) interagirá com os formadores (professores do curso) e

colegas buscando sua profissionalização. Propomos uma reflexão acerca do papel do Curso de

Letras na formação do professor de LE em nível universitário. Atualmente, não podemos

conceber uma formação profissional de professores de línguas puramente técnica. Abordamos

autores como Almeida Filho, Alvarez, Basso, Moita Lopes e Paiva, estes evidenciam que o

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profissional que necessitamos deve ser reflexivo, capaz de transitar entre teoria e prática e de

refletir nesse processo, preocupados com a produção do conhecimento em sala de aula, e não

apenas um profissional centrado em compreender métodos e técnicas mecanizadas. Durante a

formação universitária deve haver espaço para discussão do corpo teórico a fim de levantar

novos questionamentos para investigação, novas propostas e solução para a prática em sala de

aula. A universidade é o lugar próprio da explicação, é neste ambiente que os formandos e

formadores devem interagir no intuito de socorrer a questões sobre o que ensinar, porque

ensinar, como ensinar, e discutir os conceitos e teorias que possibilitariam modificações

conceituais e da práxis.

Nair Floresta Andrade Neta (Profª. UESC), Emilio García (Prof. Universidade Complutense

de Madrid) & Marcia Paraquett (Profª UFBA).

AS EMOÇÕES E SENTIMENTOS NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES

DE ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA NO BRASIL

Tanto em âmbito internacional como nacional, as políticas educacionais têm insistido sobre a

necessidade de uma educação básica pautada no desenvolvimento integral do ser. Neste

sentido, de acordo com a legislação nacional vigente e os documentos de concretização

curricular, o ensino de línguas estrangeiras modernas deve ter uma função educativa. As

emoções são elementos constituintes da natureza humana, portanto, elementos indissociáveis

de qualquer projeto de formação. No entanto, reconhecemos a carência de estudos que tratem

da dimensão afetiva da formação de professores no Brasil. Com o intuito de contribuir com o

entendimento da influência das emoções e sentimentos na formação docente, levamos a cabo

uma pesquisa educacional qualitativa, que teve como objetivo geral avaliar a influencia das

emoções e sentimentos na formação inicial de professores de Espanhol como Língua

Estrangeira (ELE). Centrou-se no estudo da perspectiva dos sujeitos participantes: professores

em formação, professores egressos e professores formadores de professores do curso de

Letras, de uma universidade pública brasileira. Os dados foram coletados in situ, mediante a

utilização de três técnicas qualitativas: observação quase participativa, entrevista focalizada

de grupo e entrevista individual. Para a análise compreensiva, foi utilizado um procedimento

simplificado da análise de conteúdo. Para o entendimento das emoções, utilizamos como

referenciais teóricos, tanto as contribuições de psicólogos e neurocientistas (Antonio

Damasio, Paul Ekman, Richards Lazarus, Joseph LeDoux, entre outros) representantes das

teorias biológicas e cognitivas da emoção, como as contribuições de filósofos que, ao

refletirem sistematicamente sobre as paixões em uma etapa pré-científica, plantaram os

germens da etapa científica no estudo das emoções e sentimentos (Aristóteles, Renée

Descartes e Baruch Spinoza). No que se refere à formação de professores no Brasil, nos

fundamentamos primordialmente na legislação vigente (Constituição Federal, Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Diretrizes e Pareceres Nacionais) e nos documentos

de concretização curricular em voga (Parâmetros Curriculares Nacional e Orientações

Curriculares para o Ensino Médio) que, por sua vez, estão inspirados nas propostas

internacionais para a educação no mundo, sob a coordenação da Unesco (pilares e saberes, de

Jacques Delors e Edgar Morin). Em linhas gerais, este estudo nos permitiu conhecer como os

participantes percebem a influência da emoção na sala de aula de ELE. Os resultados sugerem

a necessidade de introduzir o tratamento sistemático das emoções e sentimentos na formação

docente como um dos grandes desafios atuais da formação inicial e contínua de professores de

ELE no contexto pesquisado. O objetivo dessa comunicação é apresentar alguns dos

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resultados desse estudo, que constituiu nossa tese de doutorado em Educação, realizado na

Universidade Complutense de Madrid, intitulada “Emociones y sentimientos en la formación

de professores de Español como Lengua Extranjera”.

Natália Pinto Rebouças (Graduanda – UFRJ)

IMPRESSÕES SOBRE O ENSINO DE LITERATURA: UMA PESQUISA DE

ESTÁGIO

As investigações no campo da análise literária seguem uma longa tradição. Contudo, a área do

ensino de literatura ainda carece de estudos que tenham por objetivo não só conhecer a

realidade das salas de aula em que este segmento do ensino se processa, mas também repensar

suas práticas (cf. Jordão, 2001; Menezes, 2010). Nesse sentido, este estudo se apresenta como

uma tentativa de conhecimento de uma realidade de ensino específica. A pesquisa começou a

ser desenvolvida em paralelo com o estágio supervisionado obrigatório em Prática de Ensino

de Português-Inglês da UFRJ, em uma escola pública federal, ao longo de aproximadamente

dez meses, tempo de duração do estágio. Durante este período, foram acompanhadas as aulas

de um professor de literatura brasileira. Além das anotações de observação das aulas, os dados

do estudo foram coletados por meio de entrevista com o professor e questionários aplicados a

seus alunos. Por um lado, sabemos que o estudo de apenas um contexto de ensino é muito

limitado, e, por isso, os resultados não são generalizáveis; por outro lado, pensar sobre a

realidade a que se tem acesso enquanto professor em pré-serviço é um ponto de partida rumo

a uma prática docente reflexiva (Freire, 1978). Levando em consideração os instrumentos

utilizados para a coleta dos dados, é possível caracterizar esta pesquisa como de base mista,

quali e quantitativa. Foram contabilizadas as respostas dos alunos e as notas de campo e

entrevistas serão ainda submetidas à análise de conteúdo, a partir de um viés interpretativo.

Portanto, como o estudo encontra-se em desenvolvimento, apresentaremos os resultados

quantitativos do estudo, discutidos à luz das notas de campo e impressões gerais da entrevista.

Os resultados obtidos dialogam com Todorov (2009) e Cereja (2005). Conforme os autores, o

ensino tradicional de literatura na escola tende a ter um caráter essencialmente transmissivo.

Além de pensar sobre como a importância do ensino de literatura parece perder o sentido para

os alunos em uma escola que se configura cada vez mais como um espaço de capacitação para

o mercado de trabalho, a pesquisa revela a importância do papel do professor de literatura

como um dos responsáveis pela relação dos alunos com a leitura. Percebemos ainda que o

relacionamento deste profissional com o texto ou o autor influencia diretamente a recepção

dos alunos não só do texto literário como com a disciplina literatura.

Nylcéa Thereza de Siqueira Pedra (UFPR)

GÊNEROS DISCURSIVOS: DA TEORIA À PRÁTICA

Em um dos capítulos de Estética da criação verbal (1997), Mikhail Bakhtin se debruça em um

estudo mais exaustivo sobre os gêneros do discurso. Neste capítulo, o estudioso destaca o

caráter social do discurso, construído na interação entre os sujeitos cultural e historicamente

localizados. Além disso, defende que a comunicação se estabelece pelo uso dos diferentes

gêneros, formas mais ou menos fixas também estabelecidas histórica e socialmente. Embora

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Bakhtin nunca tenha feito considerações sobre a aprendizagem de línguas estrangeiras, seus

pressupostos passaram a ser aplicados a ela, principalmente nos últimos anos. Assim, em

consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de língua estrangeira e

as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná, esta comunicação

coordenada tem o intuito de unir a discussão dos pressupostos teóricos bakthinianos com a

prática em sala de aula. Cada uma das apresentações individuais dessa mesa pretende fazer

uma reflexão sobre a teoria apresentada nos documentos governamentais e a realidade

observada nos contextos de ensino. Além disso, será feito o relato de diferentes atividades

didáticas elaboradas e desenvolvidas com estudantes de língua espanhola do Ensino

Fundamental e do Ensino Médio, tendo como eixo teórico os gêneros discursivos. Estas

atividades são o resultado do trabalho dos bolsistas do projeto espanhol do PIBID (Programa

Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), que tem como objetivos a formação inicial e

continuada de docentes, a aproximação dos estudantes à realidade escolar e a proposta de

atividades didáticas para alunos de espanhol da Rede Estadual de Ensino do Paraná.

Pablo Diego Niederauer Bernardi (Doutorando UFPel)

ASPECTOS DA SIMPLIFICAÇÃO INTERLINGUÍSTICA NA ESCRITA EM

FRANCÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

Quando estamos aprendendo língua, cada um de nós desenvolve seu próprio sistema

linguístico definido por Selinker (1972) de interlíngua (IL), um sistema híbrido que engloba

todo o conhecimento linguístico prévio que possuímos advindo do contato entre línguas e que

se desenvolve desde o início da aprendizagem, no momento da tentativa de comunicação na

língua-alvo, portanto, ocorrendo em todos os níveis de competência. A língua materna (LM)

do aprendiz constitui a maior parte desse repertório prévio e será a base sobre a qual será

desenvolvida sua IL. Nessa tentativa de comunicação, é normal e inevitável a ocorrência de

erros, que passa a ser considerada como estratégia comunicativa, sendo a manifestação natural

da aprendizagem e não mais um indício de deficiência e/ou incapacidade cognitiva. Com base

na teoria da análise de erros e da noção de interlíngua (Selinker, 1972), este trabalho tem por

objetivo apresentar uma análise do fenômeno da simplificação na escrita em língua francesa

por nativos do português, professores de francês em formação, de uma universidade no sul do

Brasil, mostrando que se trata de uma estratégia comunicativa inevitável e inerente ao

processo de ensino/aprendizagem de línguas. O corpus foi formado por 99 textos retirados de

34 provas aplicadas aos alunos do 2º semestre. Para a análise quantitativa e qualitativa dos

erros, foi utilizada como base a metodologia proposta por Corder (1967), a qual prevê: a)

compilação do corpus; b) identificação dos erros; c) classificação dos erros; d) descrição dos

erros; e f) explicação dos erros. No total das 181 ocorrências de erros, 96 foram classificados

como interlinguais, sendo que a maioria deles (27) foi devido à simplificação principalmente

por falta de elemento correspondente entre os repertórios linguísticos em contato.

Paolla Cabral Silva Brasil (Doutoranda UnB)

ESBOÇANDO COMPETÊNCIAS DO APRENDIZ DE LÍNGUAS

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Dewey (1994) identifica que o aprender cabe ao aluno, é ele quem aprende, por isso só ele

pode impulsionar sua aprendizagem, a função do professor é guiá-lo neste caminho.

Observamos nos estudos em Linguística Aplicada (LA), quando tratamos de

ensino/aprendizagem, uma preocupação mais latente nos processos de ensino. Porém, se

Dewey está correto em sua afirmação, resta-nos constatar que precisamos também

desenvolver investigações que nos permitam compreender melhor o aprender e o aprendiz, no

qual a aprendizagem habita. Propomos, nesse trabalho, um esboço de competências do

aprendiz, buscamos trazer à tona essa discussão já abordada por Barcelos (1995), buscando

compreender as crenças envolvidas na aprendizagem; por Almeida Filho (entre 1996 e 2006 ),

evidenciando a necessidade de se refletir sobre o processo de aprender para enriquecer o

processo de ensinar; por Moura Filho (2005), ao evidenciar estilo e estratégias de

aprendizagem na construção da autonomia do aprendiz; e por Ribeiro (2008), Nascimento

(2009) e Paula (2009) ao identificarem competências para aprendizes. Buscamos ao revisitar

essas teorias esboçar um modelo de competências do aprendiz, que permita formar aprendizes

capazes de se apresentarem como participantes ativos no seu processo de aprendizagem, não

apenas receptores de conhecimento. Apresentamos um esboço inicial com o intuito de

potencializar uma discussão que ressalte a importância do aprendiz no processo de

ensino/aprendizagem e instigue a busca de novos olhares e possibilidades para formação de

aprendizes, já que são eles os agentes centrais desse processo. Para melhor ensinar faz-se

necessário também compreender os processos de aprender, e para melhor aprender

precisamos ter consciência do que somos e do que podemos ser como aprendentes. Moura

Filho (2005) ressalta a importância para o aprendiz de conhecer seus estilos e estratégias no

intuito de desenvolver uma aprendizagem autônoma e concreta, informa ainda que os

aprendentes pouco sabem acerca desses temas. No intuito de chamar a atenção para esses

aspectos e instigar futuras investigações acerca desse tema apresentamos esse estudo teórico e

esboçamos as competências do aprendiz de línguas.

Paula Luisa Silveira Barletta (Graduanda UFJF)

GÊNEROS TEXTUAIS E ENSINO/APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

Este trabalho tem como principal objetivo discutir sobre o aprendizado e o ensino de língua

estrangeira a partir do uso em sala de aula de gêneros textuais escritos, orais e discursivos

baseados nas teorias de Marcuschi e Bakhtin, considerando ser a literatura um excelente e

eficaz instrumento para o acesso ao conhecimento global e cultural da língua e um facilitador

do desenvolvimento da capacidade de linguagem. A intenção é analisar as interfaces entre

literatura estrangeira e ensino de língua estrangeira, procurando um diálogo entre a leitura de

textos literários e os aspectos culturais e linguísticos inerentes ao aprendizado de língua

estrangeira. A seleção dos autores e dos gêneros textuais como ferramentas literárias para a

aprendizagem da língua estrangeira deve ser cautelosa, prévia e direcionada ao objetivo

específico do aprendizado, capacitando o aprendiz nas quatro habilidades de língua

(expressão oral, expressão escrita, compreensão oral e compreensão escrita) e despertando o

aprendiz para um aprendizado mais abrangente. Para tanto, este artigo foi baseado nos

pressupostos teórico-metodológicos do interacionismo sociodiscursivo de Bronckart, nos

trabalhos de Schneuwly e Dolz e de Cristóvão referentes ao uso de gêneros textuais para o

ensino de língua materna e estrangeira, respectivamente. Este artigo pretende, portanto, fazer

a tentativa de analisar o papel da literatura no ensino de línguas estrangeiras com o intuito de

motivar o aprendiz a desenvolver novos e maiores conhecimentos culturais e linguísticos na

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língua pretendida. O estudo literário com fins de aprendizagem de língua estrangeira é uma

ferramenta de grande relevância tanto na aquisição quanto no aperfeiçoamento do

aprendizado de uma língua estrangeira.

Penélope Alberto Rodrigues (Doutoranda PUC-SP)

O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM EM AULAS DE LÍNGUA

ESPANHOLA À LUZ DA ATIVIDADE SOCIAL

O objetivo desta comunicação é discutir o processo de ensino-aprendizagem por meio de

vivências em atividades cotidianas com base na Atividade Social e apresentar práticas

performáticas nas quais os alunos atuam em diferentes papéis aproximando-os de situações

reais da vida cotidiana. O estudo, pautado no trabalho desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa

LACE da PUC-SP, investiga como o trabalho com atividade social em aulas de Língua

Espanhola, como Língua Estrangeira, contribui para o desenvolvimento dos alunos. A

pesquisa foi desenvolvida em uma escola particular de São Paulo e os grupos investigados são

formados por alunos que cursam o 8º Ano do Ensino Fundamental. A prática de ensino-

aprendizagem com base em Atividade Social está fundamentada em teorias de Vygotsky

(1934, 2008), para quem todos os tipos de conhecimento precisam ser contextualizados e

ensinados de acordo com as necessidades dos alunos e sustentada pelas teorias de Bakhtin

(1952-53, 1992), Leontiev (1977,1997) e Engeström (1987, 1999) que também contribuíram

com questões fundamentais em relação à importância da linguagem como fator determinante

na atividade social. O trabalho desenvolvido com os alunos está organizado como uma

Pesquisa Crítica de Colaboração – PCCol – (MAGALHÃES, 2006), pois busca nas relações

humanas as respostas construídas a cada passo do trabalho e pressupõe uma transformação,

que ocorre em um processo cíclico de observação, realização, análise, avaliação e

transformação, na qual todos os participantes, de alguma forma, estão envolvidos nesse

movimento. Os dados foram produzidos e coletados por meio de aulas gravadas em áudio e

vídeo e foram analisados segundo uma perspectiva dialógico-enunciativa. A investigação está

inserida no campo da Linguística Aplicada por se tratar de um estudo da Linguagem em um

determinado contexto escolar. O corpus para a análise de dados é a materialidade linguística

presente nas falas transcritas dos participantes, tanto as dos alunos como as da professora-

pesquisadora. Os resultados iniciais indicam a importância de se estabelecer uma relação

dialética entre o processo de ensino-aprendizagem e a vida do aluno.

Priscila da Silva Marinho (Profª. UFRJ)

RELAÇÃO ENTRE LÍNGUA MATERNA E LÍNGUA ESTRANGEIRA: UMA

ANÁLISE DA INTERLÍNGUA GERADA PELO CONTATO DO PORTUGUÊS-

ESPANHOL EM TURMAS DE ENSINO MÉDIO

O objetivo geral desta pesquisa é analisar alguns casos de interlíngua, gerados devido ao

contato do Português-Espanhol a partir de produções escritas realizadas em ELE por alunos

do 1º ano do Ensino Médio do CEFET/RJ. Busca-se verificar a relação de influência existente

entre o português, enquanto língua materna, e o espanhol, enquanto língua estrangeira,

evidenciando como a LM contribui de forma produtiva para o ensino-aprendizagem da LE,

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bem como descrevendo suas limitações para esse mesmo objetivo. Como arcabouço teórico,

utilizou-se fundamentalmente a concepção sociointeracionista de Bakhtin (2002), que prevê

que “(...) compreender um signo consiste em aproximar o signo apreendido de outros signos

já conhecidos; em outros termos, a compreensão é uma resposta a um signo por meio de

signos” (2002, p. 24). Assim, no processo de ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira,

o aluno percorrerá novamente o processo sociointeracional de construir conhecimento

linguístico, bem como aprender a usá-lo, percurso que já foi experienciado no desafio de

aprender sua língua materna. Dessa forma, ao iniciar a construção de conhecimento

linguístico em uma língua estrangeira o aluno tenderá, de maneira natural e inicial, a associá-

la à sua língua materna. Recorreu-se ainda ao conceito de interlíngua desenvolvido por

Selinker (1972), além dos estudos realizados por Koch & Travaglia (2008) e Vargens &

Freitas (2010) acerca da coerência e coesão textuais, aspectos que também foram observados

nas produções escritas de referidos alunos. Os resultados da pesquisa, realizada em situação

de estágio supervisionado na disciplina Prática de Ensino do curso de Licenciatura em Letras:

Português/Espanhol da UFRJ, apontam a relevância de uma abordagem sociointeracional em

classes de LE, pois assim se disponibiliza aos alunos um mergulho mais efetivo na realidade

da LE estudada, propiciando avanços do estágio da interlíngua.

Rejane Maria Gonçalves (Profª. UFT)

BLOGOSFERA E LÍNGUA INGLESA: CONSTRUINDO PONTES

O objeto de investigação deste estudo é o uso de blogs no ensino e aprendizagem de língua

inglesa. Buscou-se, por meio desta pesquisa, compreender de que maneira a blogosfera pode

favorecer o processo de ensino e aprendizagem da língua-alvo dos alunos do Curso de Letras

da Universidade Federal do Tocantins, Campus de Araguaína. Para isso, uma pesquisa

qualitativa, do tipo estudo de caso, foi realizada no segundo semestre de 2010, cujos

participantes foram a professora-pesquisadora e os alunos inscritos no projeto de extensão

intitulado “Blogosfera e língua inglesa: construindo pontes”. Para obtenção dos dados, foram

utilizados os seguintes instrumentos de coleta: questionário, conversas informais, observação

das aulas seguida de notas de campo e atividades realizadas pelos alunos. Tais dados foram

analisados sob a luz de estudos de Almeida d’Eça (2006), Paiva (2005), Recuero (2009),

Warschauer e Healey (1998), entre outros. Para esses autores, os novos recursos tecnológicos

têm colaborado na redefinição dos papéis de professor e aluno, servindo como instrumento

pedagógico mediador do conhecimento. Os resultados mostram que os alunos-participantes

percebem a blogosfera como uma ferramenta tecnológica capaz de mediar o processo de

ensino e aprendizagem de línguas, como um espaço para publicar e compartilhar seus

próprios textos, além de favorecer a interação com outras pessoas.

Renata Philippov (Profª. UNIFESP)

LÍNGUA E LITERATURA ESTRANGEIRAS NO ENSINO SUPERIOR:

INTEGRAÇÃO CURRICULAR

A educação básica tem sido, há bastante tempo, criticada por se manter isolada da realidade

fora de seus muros. O conteúdo, muitas vezes passado de forma unilateral, do docente para o

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aluno, não reflete as reais necessidades do mundo fora da sala de aula. Tal fenômeno,

conhecido como encapsulação escolar, coíbe qualquer tentativa de se trabalhar de forma

integrada e colaborativa, buscando aliar os conteúdos curriculares ao mundo real, causando no

aluno sensação de desinteresse e alienação e, portanto, impedindo uma aprendizagem efetiva.

Apesar de algumas iniciativas que preveem abordagens colaborativas e projetos em rede,

dentro de uma perspectiva socio-histórico-cultural à luz da teoria da atividade, o caminho

ainda é longo e não se restringe à educação básica. Cursos superiores em Letras no Brasil têm

há muito contemplado aulas de língua estrangeira e de literatura em língua estrangeira de

forma fragmentada e separada, com disciplinas de língua e literatura sem integração nem

interdisciplinaridade, perpetuando o fenômeno da encapsulação escolar. Alunos frequentam

aulas sem conseguirem perceber pontos de contato entre os conteúdos das disciplinas que

parecem, de certa forma, pensadas de forma estanque e sem continuidade ou contato, como se

os docentes responsáveis estivessem isoladamente pensando apenas seu espaço dentro da

grade curricular, sem um planejamento conjunto. Além de isoladas dentro da grade, as

disciplinas muitas vezes também se mantêm isoladas com relação à realidade do lado de fora

da escola. Nesse contexto, muitas vezes as aulas de literatura estrangeira são dadas em

português e os alunos acabam lendo resumos de obras ou obras inteiras em tradução, tendo o

contato com textos literários de forma indireta e até mesmo burocrática (no sentido de lerem

obras de forma superficial e rápida). As aulas de língua estrangeira acabam seguindo caminho

semelhante: estuda-se sobre a estrutura da língua, com exposição a tópicos gramaticais através

de materiais didáticos prontos e comercializados também para centros de idiomas, sem, que

haja, no entanto, a otimização de tais conteúdos dentro de uma perspectiva de contextos de

uso da linguagem, tal como através de uma abordagem de ensino pautada pelos gêneros. Se,

no entanto, algumas instituições de ensino superior contemplam a aprendizagem de língua

estrangeira através das teorias dos gêneros, mesmo assim a correlação língua- literatura tende

a não ocorrer. Perde-se, portanto, uma rica oportunidade de se fazer a gestão integrada de

currículos e trabalhar o ensino de língua e de literatura de forma associada e interrelacionada.

Os egressos de cursos de Letras acabam perpetuando tal fato em sala de aula de língua

estrangeira ao não integrarem o texto literário em suas aulas por mero desconhecimento da

riqueza que tal integração pode trazer. Esta comunicação tem por objetivo relatar uma

experiência de integração entre língua e literatura dentro de uma disciplina de um curso de

Letras – Inglês em uma universidade pública no estado de São Paulo, sob as perspectivas da

Teoria da atividade sócio-histórico-cultural (Liberali, 2009) e da Aprendizagem colaborativa

(Magalhães e Fidalgo, 2011).

Renata Ribeiro Guimarães (Doutoranda UFF/IFRJ/CEDERJ)

TUTOR PESQUISADOR: POSSIBILIDADE OU UTOPIA?

Analisando historicamente o termo tutor, percebemos que seu conceito inicial se refere ao

profissional que se preocupa em tornar a interação pedagógica mais eficaz (MACHADO;

MACHADO, 2004), prestando assistência aos alunos e transmitindo a mensagem de maneira

a ser mais rapidamente e melhor compreendida por eles. Entretanto, no contexto da Educação

a Distância (EAD), além dessas funções, o tutor recebe o papel de mediador entre alunos e

professores da disciplina pela qual é responsável. Com a expansão e aprimoramento da EAD,

o tutor começou a trilhar diferentes rumos, nos quais a proatividade tem sido incentivada para

que um ensino de qualidade seja garantido. Dessa forma, podemos dizer que há espaço para

questionamentos acerca da própria prática docente, das necessidades dos educandos

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(STEWART; CUFFMAN, 1988), e para a pesquisa. Tendo isso, o objetivo do presente estudo

é apresentar uma pesquisa alocada em um polo de Ensino Superior a Distância e realizada

com alunos e tutores do curso de Licenciatura em Química. Nela, visamos repensar as

necessidades desses alunos no que diz respeito aos temas e gêneros textuais que são

relevantes para que os mesmos possam agir em contextos acadêmicos e profissionais por

meio da leitura de textos na disciplina Inglês para Fins Específicos (ESP) (HUTCHINSON;

WATERS, 1987; RAMOS, 2004). Para atingir esse objetivo, os tutores foram entrevistados e

os alunos preencheram questionários, e os dados foram quantificados e analisados para que os

temas e gêneros, sugeridos por ambas as partes, fossem mapeados. Os resultados obtidos na

pesquisa demonstram que o tutor, quando decide buscar respostas para suas inquietações

pedagógicas, pode desenvolver trabalhos significativos para a comunidade na qual está

inserido.

Renato Venancio Henrique de Sousa (Prof. UERJ)

O TEXTO LITERÁRIO NA AULA DE FLE: LE PETIT NICOLAS DE SEMPÉ-

GOSCINNY NO CURSO DE LÍNGUA FRANCESA II

Nossa comunicação tem por objetivo discutir algumas questões relativas à utilização do texto

literário na aula de Francês Língua Estrangeira (FLE). A partir das reflexões de Jean-Pierre

Cuq e Isabelle Gruca (2002), e de Janine Courtillon (2003), entre outros autores, vamos falar

sobre a exploração da narrativa Le petit Nicolas de Sempé-Goscinny (1994) no curso de

Língua francesa II, ministrado no segundo semestre de 2011 na Universidade do Estado do

Rio de Janeiro (UERJ). Pretendemos analisar as estratégias utilizadas na elaboração de

exercícios visando iniciar e sensibilizar os alunos à leitura do texto literário. Tais atividades

de leitura e escrita buscaram não perder de vista os conteúdos gramaticais do programa, com

ênfase no estudo do discurso descritivo definido pela ementa do curso. As estratégias

pedagógicas adotadas visaram facilitar a compreensão leitora, além de despertar os alunos

para a fruição do texto literário e para os aspectos propriamente culturais que este implica.

Neste sentido, procuramos elaborar questões que permitissem um melhor acesso ao sentido,

sempre em função da unidade temática dos capítulos do livro. Pudemos observar que a

tipologia dos exercícios, a princípio rígida, tendeu a se conformar à estrutura interna do

capítulo, tornando a exploração do texto mais adequada aos objetivos do curso. Note-se que,

em dado momento, o trabalho com o dicionário unilíngue, graças à consulta e à análise de

verbetes em função de exercícios visando uma melhor compreensão do vocabulário estudado,

tornou-se indispensável, mostrando o quanto o uso desta ferramenta permanece central no que

diz respeito ao ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira.

Ricardo Luiz Teixeira de Almeida (Prof. UFF)

O ENSINO DE INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA NO CONTEXTO

ESCOLAR BRASILEIRO: POLÍTICAS E PRÁTICAS

Este trabalho tem por objetivo discutir as políticas governamentais para o ensino de Inglês

como língua estrangeira nas escolas brasileiras, em relação com as práticas e identidades

desenvolvidas por professores trabalhando nesse contexto. Partindo de uma análise histórica

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das práticas, propostas e políticas educacionais desde a segunda metade do século passado,

pretende avaliar o impacto dos documentos oficiais sobre o processo de ensino de Inglês no

Brasil. A tensão entre resistência e desejo de mudança, bem como entre as identidades do

professor como educador ou instrutor subjaz essa análise, que também tenta apontar caminhos

para o futuro de nossa profissão nas escolas regulares. Assim, revisamos as propostas e

práticas pedagógicas da década de 1970 em diante. Marcadas inicialmente pela oscilação

entre o método da gramática-tradução e o audiolingualismo, tais práticas sofrem, a partir da

década de 1980, uma guinada que coloca o foco no ensino comunicativo da habilidade de

leitura como principal objetivo do ensino de Inglês como língua estrangeira no contexto

escolar brasileiro. Esse movimento, que nasce da insatisfação dos próprios professores com os

resultados do trabalho até então realizado nas escolas e que tem no projeto de ensino de inglês

instrumental da PUC de São Paulo seu maior articulador e difusor, atinge seu ápice na década

de 1990, com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Estrangeira. Já

neste século, o aparecimento das Orientações Curriculares para o Ensino Médio parece sugerir

alguma divergência com os pressupostos do documento anterior, divergência que parece ainda

mais nítida quando se analisa o edital do MEC para a seleção de livros de Língua Estrangeira

para o Programa Nacional do Livro Didático. Este trabalho visa discutir os avanços e recuos

representados por esses documentos, bem como sugerir caminhos a serem trilhados para

aprofundar a relevância do ensino de língua estrangeira no contexto escolar brasileiro neste

século.

Rita de Cássia Paiva (Profª. UFPA)

GUAMÁ BILINGUE: LA ENSEÑANZA DE ESPAÑOL A TRAVÉS DE ANALOGÍAS

PARA ALUMNOS EN RIESGO SOCIAL

En 2009 en la UFPA –Universidad Federal de Pará–, fue desarrollado el proyecto Guamá

Bilingüe en Diez Años a partir del PAPIM –Programa de Apoyo a Proyectos de

Intervenciones Metodológicas– que busca incentivar y apoyar el desarrollo de actividades y

experimentos que acrescente métodos y técnicas innovadoras y eficaces en el proceso de

enseñanza y aprendizaje. Este programa es auspiciado por la Pro-Rectoría de Enseñanza y

Graduación (PROEG) que selecciona en todos los 11 (once) campi de la UFPA los proyectos

que puedan abarcar mayor interacción entre la universidad, enseñanza y apoyo social. Con

ello se pensó en una propuesta educacional centrada en una metodología diferenciada con la

selección de textos para las unidades, alternadamente, mesclando temas culturales y sociales

que afectan directamente la vida de jóvenes en barrios periféricos. Asimismo, enseñar español

a adolescentes de 15 a 18 años en riesgo social se hizo posible usando estrategias de la

lingüística cognitiva así como el uso de analogías para comprensión del nuevo código

lingüístico que se está sobreponiendo al suyo propio. Ambos idiomas, según investigación de

Almeida Neto que afirma que “entre las lenguas románicas, el portugués y el español son las

que mantienen mayor afinidad entre si” se construyen en una base del 85% de semejanza, lo

que los hace, en gran medida, sencillos para aprenderse entre ellos. Para tanto, fueron

utilizados los principios de modelado mental de Lawson & Lawson así como las teorías del

aprendizaje significativo de David Ausubel.

Ronaldo Só Moutinho (Prof. UEZO)

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INGLÊS PARA FINS ESPECÍFICOS: DIÁLOGO CRITICO-CULTURAL.

“English for Specific Purposes” (ESP) ou Inglês para Fins Específicos cresceu desde o inicio

da década de 60 a ponto de tornar-se uma das áreas mais proeminentes do ensino de língua

estrangeira nos dias de hoje. Ela está em consonância com as “novas formas de expressão, dos

novos paradigmas educacionais e das novas tecnologias presentes no cotidiano da vida em

sociedade” (Ramos). Seu desenvolvimento é constatado pelos diversos cursos de mestrado

oferecidos em universidades da Europa, Estados Unidos e Brasil. Atualmente várias revistas e

jornais em ESP são dedicados à discussão desta área. Isso demonstra como esse estudo vem

atraindo a atenção de professores de línguas e profissionais de diversas áreas da educação “em

um contexto globalizado e mediado cada vez mais pelas novas tecnologias, bem como o papel

das instituições nesse contexto, em especial as tecnológicas” (Ramos). Neste sentido, a

UEZO, uma instituição de ciência e tecnologia do estado do Rio de Janeiro, ministra a matéria

língua inglesa instrumental para diversos cursos tais como Farmácia, Biotecnologia,

Polímeros, Tecnologia de Fármacos, para citar somente alguns. Daí a intenção do nosso

trabalho é investigar a importância de se estudar inglês com textos das respectivas áreas dos

discentes e outros do cotidiano, de literatura e de outras áreas do conhecimento que possam

motivar e contribuir para uma formação linguística, científica, cultural e crítica dos seus

alunos nesse contexto atual brasileiro.

Rosana Souza Silva (UESC)

ESPANHOL PARA FALANTES DE PORTUGUÊS: DESAFIOS DE ENSINAR UMA

LÍNGUA ESTRANGEIRA MUITO PRÓXIMA

Ensinar uma língua estrangeira nem sempre é uma tarefa suave àquele que se propõe a fazê-

lo, pois o ato de ensinar traz consigo uma série de implicações e responsabilidades. Para que

um professor se proponha a ensinar uma língua estrangeira, este precisa ir além da mera

afinidade com a língua escolhida, antes deve atentar para os fatores que serão determinantes

nesse processo de ensino/aprendizagem. Dentre tais fatores, um dos mais relevantes é, sem

dúvida, a proximidade entre as línguas materna e estrangeira. Partindo desse pressuposto, esta

comunicação objetiva explanar, ainda que de modo breve, os desafios enfrentados por

professores que assumem o desafio de ensinar uma língua estrangeira tipologicamente

próxima em relação à língua materna do aluno, como é o caso da interface

português/espanhol, que juntas compõem o par de línguas latinas mais próximas conforme

assinala Almeida Filho (1995). Tal proximidade traz ao professor desafios não muito fáceis de

serem superados, dentre eles estão: o fato de o estudante achar que o domínio da língua

espanhola se dará apenas com o domínio do léxico. Este preceito se forma a partir da ideia da

facilidade do espanhol frente ao português, conforme Goettenauer (2005). Outro desafio

enfrentado pelo professor de espanhol como língua estrangeira surge a partir da manifestação

da interlíngua, vulgo portunhol. Segundo Andrade Neta (SD), inicialmente a interlíngua é um

fator positivo na aprendizagem, mas o estacionamento na mesma torna-se um problema, uma

vez que impede que o estudante avance em sua língua materna, bem como tenha um resultado

producente na língua meta. Outro problema que merece atenção é a interferência da língua

materna no aprendizado da língua estrangeira. Nas palavras de Yokota (2005:14): “o conceito

de ‘interferência’ é básico para a hipótese da Analise Contrastiva. Diz-se que há interferência

quando o individuo utiliza em uma língua meta (l2) uma característica fonética, morfológica,

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sintática ou léxica de sua língua especifica (L1)”. As interferências se dão, em maior ou

menor grau, conforme a proximidade entre a LM e a LE. No caso da relação

português/espanhol, estudos como Almeida Filho (2002), Fialho (2005), Andrade Neta (SD),

Camorlinga (2005), Fernandez (2005), dentre outros são unânimes em reconhecer a

proximidade que envolve esta relação. Esta comunicação se dará por meio de exposição oral;

a partir de tal exposição, serão colocados não apenas os desafios enfrentados pelo professor de

espanhol como língua estrangeira, mas também, os caminhos que o docente deve percorrer

para saná-los, estes caminhos mostrarão ao docente as possíveis soluções para os problemas

supracitados. Em suma, para que o ensino e o aprendizado de uma língua estrangeira,

especialmente próxima, alcance eficácia esperada é preciso que o professor, dentre outras

coisas, conscientize o discente a respeito da importância da língua estrangeira estudada; se

valha de um arcabouço teórico rico e complexo, e veja no mesmo não um manual de

sobrevivência docente, mas um caminho a trilhar a fim de aperfeiçoar sua prática.

Rosanna Cinthya dos Santos Oliveira (Graduanda UFTM) & Camila Elias Ferreira da Silva

(Graduanda UFTM)

AS CONTRIBUIÇÕES DO PIBID ESPANHOL NA FORMAÇÃO DOCENTE

Este trabalho relata as experiências e contribuições de estagiárias do Programa Institucional

de Bolsa de Iniciação à Docência — PIBID, financiado pela CAPES, na área de Língua

Espanhola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Diante deste contexto,

acreditamos ser importante a integração escola-universidade já que o programa objetiva

auxiliar a implantação da língua espanhola na rede pública de ensino através de duas escolas

previamente selecionadas, com os índices de educação básica (IDEB) diferentes. Com isso, há

a inserção dos graduandos na realidade escolar, possibilitando a vivência do cotidiano em

escolas públicas e o aperfeiçoamento do conhecimento adquirido na universidade. Vale

lembrar que as experiências adquiridas na escola em que atuamos primeiramente, a qual

optamos, por questões éticas, chamá-la de escola A, foram vivenciadas com os alunos do

Ensino Médio, por meio do acompanhamento das aulas de espanhol, da preparação de

atividades e da elaboração e execução de oficinas. Para isso, nos fundamentamos basicamente

nos documentos oficiais: PCN de Língua Estrangeira para o Ensino Médio (2000), OCN

(2006) e a Lei 11.161 (2005), entre outros. Como na escola A ainda não havia o projeto

PERÍODO INTEGRAL (oferecido aos alunos do Ensino Fundamental), decidimos por bem

fazer um revezamento entre as duas escolas-campo. Em 2009, trabalhamos com a escola A, na

qual obtivemos bons resultados com o Ensino Médio, e, neste ano, iniciamos um novo

trabalho na escola B com o período integral, onde trabalhamos com alunos do Ensino

Fundamental. Dessa forma, observamos que, trabalhando com alunos de realidades diferentes,

tanto durante a regência quanto nas demais atividades do projeto, a experiência com a prática

docente pode ser mais enriquecedora e relevante. Acreditamos, ainda que essas diferentes

realidades nos tornaram mais críticas. Tendo condições de auxiliar tanto alunos como

professores, oportunidade de produzir nossos materiais e, poder assim, contribuir na melhoria

do ensino público, inclusive, na implantação da Língua Espanhola, buscando sempre a

inovação e a qualidade do ensino.

Rosiane Xypas (Profª. UFCG)

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ADQUIRIR AUTONOMIA NO ENSINO/APRENDIZAGEM EM COMPREENSÃO E

LEITURA DO FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA (FLE).

Ajudar os aprendentes a compreender e ler em língua estrangeira (LE) (GAONAH’C &

FAYOL, 2003) se alia a perspectiva do tipo acional preconizado pelo Quadro Europeu

Comum de Referência de Línguas (QECR, 2001). A aplicação das estratégias de

aprendizagem (cognitivas, metacognitivas e sócio afetivas) (CYR, 1998; CUQ, 2003; CUQ &

GRUCCA, 2005) se tornam nos dias de hoje um processo cada vez mais utilizado.

Perguntamos o que dificulta e o que facilita a compreensão e leitura de uma LE? Será que as

dificuldades estariam atreladas à falta de vocabulário? E qual o lugar do código cultural da

língua imbuído no texto lido? Até onde o gênero ajuda ou ao contrário complica a leitura? O

objetivo desta comunicação é, por um lado verificar como estão lendo os nossos estudantes

brasileiros textos escritos em francês, e por outro, propor melhorias para seu maior

desempenho. O corpus para análise é composto dos resultados apresentados da compreensão e

leitura de textos literários e informativos em francês, onde analisamos cerca de 40 dossiês

sobre as estratégias de compreensão e leitura em LE empregadas por nossos estudantes dos

cursos de Francês básico (História) e do Francês Instrumental I (Letras). Nossa metodologia

se fundamentou em quatro etapas: a primeira consistiu no aprendizado teórico das estratégias

de aprendizagem; a segunda, na composição de um dossiê visando à autoavaliação do

desempenho de cada aprendente; a terceira apresenta uma análise baseada na observação das

estratégias de aprendizagem empregadas por eles e a última, consistiu em que os estudantes

apresentassem soluções para ultrapassar suas dificuldades de compreensão e leitura em LE.

Enfim, descobrimos que as dificuldades residem mais em nível de falta de bom domínio do

código cultural implícito da língua estrangeira estudada, como também contrariamente ao que

se pensa, não seria a falta de vocabulário o primeiro e o mais forte obstáculo de compreensão

e leitura em LE, mas o tema abordado e o gênero lido. Quanto às facilidades, estas advêm do

conhecimento prévio do aprendente sobre o tema lido em larga escala favorecida pela

intercompreensão dada pelas línguas portuguesa e francesa. Assim, a autonomia no

ensino/aprendizagem releva verdadeira primazia por favorecer o aprendente a encontrar, por

si mesmo, os meios de melhorar seu aprendizado na LE, como também, a melhorar o

desenvolvimento na organização, na compreensão e no domínio da língua materna.

Sandra Jardim de Menezes Ferreira (Graduanda UEG)

A FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE PROFESSORES DE LÍNGUAS E

SUAS EXPERIÊNCIAS RELACIONADAS À DOCÊNCIA

A importância de se discutir e repensar a formação de professores de línguas pode ter como

consequência a responsabilidade com a qual esse profissional leva sua carreira. Assim, este

trabalho traz uma breve reflexão sobre como a formação universitária tem se caracterizado -

teoria e prática -, tendo em vista a preparação de profissionais para exercer, da melhor

maneira possível, sua profissão. E, ainda, os motivos que levaram tais professores a optarem

por uma formação contínua. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de campo, por meio de

leituras teóricas sobre o assunto e aplicação de questionários. Com isso, foi possível perceber

que a formação docente não é limitada à formação inicial, e a complexidade da prática

pedagógica vai além da sala de aula, abrangendo a responsabilidade social. A partir desse

cenário, o educador tem a oportunidade de expor o que aprendeu na formação inicial, e sente

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a necessidade de optar por uma formação continuada. E que os professores de línguas buscam

por uma formação contínua para ampliar conhecimentos e não porque a formação inicial foi

insuficiente, pelo contrário, os depoimentos apontam uma certa satisfação com a formação

inicial. Por isso, há a importância de se pensar no desenvolvimento profissional como

formação importante e que desenvolva cada dia mais os verdadeiros princípios. Todavia, para

que haja qualidade no ensino superior, é preciso buscar (des)envolver o discurso com a

prática e tornar real e possível uma formação inicial que prepare o profissional da educação

como verdadeiro educador, proporcionando-lhe múltiplas competências. Inclusive, essa é uma

das funções da universidade.

Sheylla Chediak (Profª. IFRO) & Odete Burgeile (Profª. UNIR)

A FORMAÇÃO DOCENTE PARA A EDUCAÇÃO BILÍNGUE ELETIVA

Os objetivos deste trabalho são discutir a educação bilíngue eletiva no Brasil, bem como

debater a formação docente para essa modalidade de ensino. Para tanto, foi utilizada a

pesquisa bibliográfica, tendo como principais autores BAKER (2008), BRUNER (2000),

CRYSTAL (2005), HORNBERGER (2003) e VYGOTSKY (2005). Além desses autores,

utilizaremos os dados coletados por uma pesquisa realizada em nossa região, de CHEDIAK

(2011). Baker (2008) define a educação bilíngue eletiva como uma modalidade de ensino em

que os pais optam por uma educação que privilegia o ensino da língua materna combinado a

uma língua estrangeira, no caso do Brasil, mais comumente a língua inglesa. Atualmente, o

campo de estudo sobre a educação bilíngue no Brasil e no exterior abrange contextos de

minorias linguísticas, tais como, de indígenas, de imigração, de fronteiras e de surdos. No

Brasil, estudos nesse contexto ainda são escassos. De qualquer forma, é em um contexto de

controvérsias que a educação bilíngue está inserida. Marcelino (2009, p. 01) afirma que esse

interesse pela educação bilíngue, no Brasil, nos últimos anos advém de uma “demanda

mercadológica pressionada pelos pais de alunos de escolas regulares”, os quais buscam uma

educação de qualidade associada a um ensino eficiente de uma segunda língua. Além disso,

deve-se considerar o fenômeno da globalização como um forte motivo para a busca do

domínio de mais de uma língua (CRYSTAL, 2005). No caso da nossa região, em Porto

Velho-RO, o ensino bilíngue eletivo pode também estar ligado à questão do desenvolvimento

econômico regional devido a construção de duas usinas hidrelétricas, além da localização

estratégica com a saída para o Pacífico. A maneira como a disseminação das escolas bilíngues

eletivas vem ocorrendo em todo Brasil ainda não é sistematizada devido ao fato dessa

modalidade ser nova e não haver, ainda, políticas públicas educacionais que estabeleçam

diretrizes que orientem o trabalho escolar ou, ainda, para os cursos de formação dos

profissionais para atender a demanda. Com isso, percebe-se certa insegurança/confusão nos

profissionais de educação que atuam nessas escolas e nos que estão ingressando no mercado

de trabalho, mais especificamente os pedagogos e profissionais de Letras/Línguas

Estrangeiras. Qual seria o profissional adequado para atender essa demanda, o profissional de

Letras/Línguas Estrangeiras ou o Pedagogo? O último é habilitado, porém muitas vezes não

possui a preparação pedagógica para o ensino de L2/LE e, raramente, tem o domínio

linguístico. O profissional de Letras, muitas vezes, possui o domínio linguístico e pedagógico

para o ensino de L2/LE, mas não possui habilitação para lecionar em Educação Infantil ou

séries iniciais do Ensino Fundamental e nem o desempenho pedagógico específico para essa

faixa-etária.

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Silvia Helena Benchimol Barros (Profª. UFPA)

TRANSFORMAÇÃO RECÍPROCA DE DOCENTES-APRENDENTES E

DOCENTES-FORMADORES NA EXPERIÊNCIA DE SUPERAÇÃO PARFOR-PA.

O cenário da educação no estado do Pará sempre apresentou números alarmantes e

reveladores de uma expressiva lacuna na formação de seus docentes em todas as áreas de

ensino. O presente trabalho tem por objetivo apresentar estratégias pedagógicas criativas e

relatos de docentes-formadores e docentes-aprendentes durante a experiência de superação e

sucesso da Licenciatura em língua Inglesa no estado do Pará com o programa nacional de

formação continuada PARFOR , implantado pela CAPES em regime de colaboração com as

Secretarias de Educação do Distrito Federal, dos Estados e Municípios e com as Instituições

de Ensino Superior (IES), neste caso, a Universidade Federal do Pará. A partir de um

panorama crítico, que apresentava no ano de 2009 um total de 51.727 (cinquenta e um mil

setecentos e vinte e sete) professores em exercício sem a formação inicial, ou em alguns casos

licenciados, porém atuando fora de suas áreas de formação, e enfrentando como principais

desafios a falta de infraestrutura adequada nos polos, a deficiência ou falta de laboratórios

pedagógicos, problemas com a disponibilização de material didático, dificuldades de

transporte e adversidades de trajetos fluviais, acesso limitado à Internet e a carência de

bibliotecas, o programa PARFOR de língua Inglesa no estado do Pará tem se revelado uma

forma de resgate de identidade dos professores de língua inglesa nos nove municípios que em

que ora se faz presente, o que em muito se deve às estratégias pedagógicas que transpõem as

barreiras limitadoras e transformam reciprocamente as realidades profissionais de docentes-

aprendentes e docentes-formadores.

Solanielly da Cruz Aguiar (Doutorando UFCG)

FORMAÇÃO CRÍTICO-REFLEXIVA: UMA PRÁTICA A SER SEGUIDA

O cenário educacional não diferentemente de outros extratos da sociedade é guiado pelos

acontecimentos que o rodeia, e isso de certa forma, influencia a maneira como o ensino será

conduzido posteriormente. Por muito tempo, a educação ficou restrita ao ensino de normas,

que faziam do ato de ensinar uma prática mecânica e repetitiva. Por longos anos, o modelo

tradicional de ensino, assim como é nomeado, fez parte do nosso cenário educacional, e ainda

hoje, podemos dizer que em muitos contextos ele ainda se faz presente. Durante longos anos,

a figura do professor ficou relacionada a um ser detentor do saber, que estava em sua função

apenas para certificar-se de que regras deveriam ser cumpridas, e essa imagem perpassou por

muito tempo como sendo a imagem do professor ideal que representava tão bem o modelo

tradicional de ensino. Sendo assim, podemos dizer que através de novas práticas o professor

poderá conduzir em melhores condições o processo de ensino-aprendizagem, com o intuito de

construir em parceria com o aluno saberes que serão cruciais para que ambos adentrem no

mundo da prática, já que isso é bastante enfatizado pela LDB/96. Portanto, esse trabalho tem

como objetivo analisar como ocorreu o processo de reflexão durante as aulas lecionadas na

disciplina de Prática de Ensino de Língua Inglesa I. Como aporte teórico utilizamos os

pressupostos de Schön (2000) e Pimenta (2002) ao que tange a prática crítico-reflexiva e

Freire (1970) para compreender o cenário educacional brasileiro, dentre outros teóricos que

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nos subsidiaram ao longo da pesquisa. Para tanto, utilizamos o relatório de estágio

supervisionado que foi o objeto resultante das aulas de Prática de Ensino de Língua Inglesa I a

fim de coletarmos os dados que compõe a pesquisa. Sendo assim, podemos dizer que o

processo de ensino-aprendizagem baseado nos moldes reflexivos é uma proposta bastante

válida e significativa, pois ao fazer uso dessa abordagem, tanto o professor quanto o aluno

conseguem construir significados mediante a interação.

Sueli Salles Fidalgo (Profª. UNIFESP)

A AVALIAÇÃO MEDIAD(OR)A COMO INSTRUMENTO INCLUSIVO E

FORMATIVO EM ESPAÇOS DE DIVERSIDADE EDUCACIONAL

Qualquer profissional do ensino confirmaria que a avaliação de ensino-aprendizagem é um

dos maiores desafios que tem nas mãos continuamente. No entanto, grande investimento

continua sendo feito, politicamente, quanto às técnicas e métodos de ensinar – com base em

teorias de ensino-aprendizagem diferentes – e poucas políticas públicas são voltadas para

formas mais inclusivas de avaliação. Ao contrário, se olharmos para a quantidade de provas

externas à escola (da educação básica aos cursos universitários) que são realizadas

anualmente pelos alunos, podemos inferir que, na prática, a avaliação continua sendo

sinônimo de exame. Se, além disso, considerarmos que os resultados dos exames são levados

em conta para a avaliação do desempenho geral da escola ou universidade e mesmo de seus

professores, temos mantida a prática da docimologia (sic) - que pouco ou nada tem de

inclusivo, principalmente, quando esse estudo dos examinados não reverte em melhoria para

os próprios alunos e sim para o julgamento (e atribuição de notas) dos mesmos e de suas

instituições. Longe de termos uma avaliação utilizada para a promoção de práticas mais

inclusivas de avaliar e de ensinar, o que temos, muitas vezes, é o chamado efeito de refluxo –

que, em função dos resultados da avaliação, faz com que as escolas mudem os seus currículos

de forma a incluir o que, de fato, será avaliado em tais exames. Conteúdos e forma (questões)

são incluídos nas práticas escolares para garantir um resultado considerado mais satisfatório

pelos acionistas da educação (na maior parte dos casos, os governos federal, estaduais e

municipais) para que as escolas tenham uma nota melhor nos exames externos. Dessa forma,

os exames externos à escola acabam ditando as práticas internas pelas justificativas de

sempre, há pelo menos 80 anos: objetividade, generalização, confiabilidade, validade. Parece,

no mínimo, curioso considerando que vivemos um momento histórico de promoção da

inclusão escolar e, ao mesmo tempo, de uma prática do e pelo exame dentro das escolas. Qual

seria a equação que permite manter no mesmo paradigma de política educacional as palavras

inclusão e exame? Neste trabalho, discuto que a avaliação (1) deve, antes de tudo, informar as

ações do professor e do aluno, (2) é indissociável da prática de ensinar-aprender – logo, não

poderia ser administrada de fora para dentro; (3) precisa evoluir na mesma medida em que

evoluem as técnicas de ensino-aprendizagem; (4) é uma ação de linguagem colaborativa e não

vertical; (5) requer que o aluno consiga argumentar para justificar a sua compreensão sobre o

que aprendeu; (6) precisa ser diferenciada – até individualizada em alguns casos – quando se

trata de pessoas com necessidades especiais. Caso contrário, não há como se dizer que a

avaliação também está a serviço das práticas ditas inclusivas da educação atual.

Suzana Darlen dos Santos Santaroni (Doutoranda UERJ)

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A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE LÍNGUA FRANCESA NA ESCOLA À LUZ

DOS ESTUDOS SEMIÓTICOS

Este trabalho tem como objeto de estudo o uso do texto em suas variadas formas de expressão

dentro da sala de aula. O estudo aqui apresentado visa construir estratégias de interpretação,

depreendendo os elementos, que possibilitam um maior aprofundamento na leitura do aluno,

pelo uso de ferramentas metodológicas concebidas pela semiótica francesa. A metodologia

utilizada consiste na observação de uma turma composta por crianças na faixa etária de onze

anos, para depreender do comportamento dos alunos, fatores que favoreçam a aplicação de

atividades, pautadas nos conceitos básicos da semiótica, que devem ser exemplificados com

textos do cotidiano. Greimas (Apud Fiorin, 2006) definiu o texto como objeto de estudo e

para isso concebeu o percurso gerativo de sentido, que é o aparato metodológico da análise. O

trabalho apresenta uma pesquisa pautada na observação do processo de ensino e

aprendizagem, durante a leitura de textos de língua francesa na escola. Podemos concluir que

as ferramentas metodológicas semióticas contribuem dando ao aluno um caminho

interpretativo, através do caminho gerativo de sentidos – é o percurso ou processo que

fazemos, recuperando por meio de um simulacro metodológico o percurso de produção de

sentido, descrever e interpretar o sentido de um texto -, auxiliando o aluno no seu processo

interpretativo. Temos como resultado a abrangência na capacidade leitora do aluno em textos

de diferentes gêneros da língua estrangeira. Concluímos que a pesquisa contribui para o

ensino de língua francesa, dando aos mestres e aos alunos uma metodologia que auxilia o

ensino do francês na habilidade leitora.

Taiane Malabarba (Doutoranda UNISINOS)

O ENSINO-TRABALHO DE INGLÊS: ANÁLISE DAS INTERAÇÕES EM SALA DE

AULA

Em meio a um quadro que evidencia problemas substanciais de diferentes naturezas no que

diz respeito à educação brasileira, destaca-se, indubitavelmente, o discurso dominante de que

o problema está no professor. É a ele, o docente, que são atribuídas “faltas” das mais variadas

naturezas, como mencionou Machado et alii (2009). Falta-lhe empenho, tempo, dedicação,

qualificação, conhecimento, um salário melhor, entre outros. Tal discurso, baseado

majoritariamente no senso comum e em números provenientes de instâncias que se encontram

distantes da complexidade da realidade escolar, revela a forma como esta profissão é tratada –

esquece-se até mesmo que se trata de um trabalho – e como ainda pouco se sabe sobre o

ofício docente. Inserida numa perspectiva de “ensino como trabalho” (MACHADO, 2004),

com uma investigação anterior, realizada em nível de Mestrado (MALABARBA, 2010),

busquei contribuir para as pesquisas sobre os professores de forma a compreender esta

atividade no que diz respeito ao que a antecede. Buscando dar continuidade ao estudo dentro

do contexto em que estou inserida – curso livre de língua estrangeira – objetivo conhecer o

real/concretizado da sala de aula. Ou seja, dentre as dimensões constituintes do trabalho,

prescrito, real e representado (Bronckart, 2006), o desejo por olhar o que acontece na sala de

aula justifica-se por acreditar que é em grande parte nas interações entre professor e alunos,

na busca por dar conta de uma classe que funciona, que a ação docente se constitui (CARNIN,

DREY, GUIMARÃES, no prelo). Nessa proposta, investigo duas docentes em diferentes

momentos de seu trabalho a partir da filmagem de suas aulas. A análise, interdisciplinar, toma

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por base o quadro teórico-metodológico desenvolvido dentro do grupo do Interacionismo

Sociodiscursivo (BRONCKART, 1999, 2006, 2008; e colegas: BULEA, 2010;

GUIMARÃES, 2007; MACHADO, 2004, 2007, 2009) aliado a outras perspectivas, tais como

a da fala-em-interação (SCHEGLOFF, JEFFERSON e SACKS, 1977; GARCEZ, 2006). Os

resultados preliminares que apresentamos dizem respeito, principalmente, à forma como uma

das docentes envolvidas lida com os momentos interacionais em que há questionamentos por

parte dos alunos, o que não pode ser exatamente planejado, organizado anteriormente; e que

pressupõe decisões relevantes para o curso da interação e do propósito dos nela envolvidos.

Tereza Cristina Bulla (Doutoranda USP)

O FLE NAS ESCOLAS PRIVADAS: ESTUDO DE CASO

Desde agosto de 2008, trabalho no Colégio Batista Brasileiro – no bairro de Perdizes, em São

Paulo) como professora de FLE (francês língua estrangeira) aos alunos do sétimo ao nono ano

do Ensino Fundamental II. O francês foi implementado nesse estabelecimento de ensino há

alguns anos, mas nesse momento eu sou a responsável por “encantar os alunos pelo mundo da

língua francesa”, segundo as palavras da coordenadora do Ensino Fundamental, Selma

Guedes. Com uma aula de 45 minutos por semana para cada um dos seis grupos em que

leciono (dois grupos de sétimo ano, dois de oitavo ano e dois de nono ano), tenho o desafio de

despertar em meus alunos a admiração pelo mundo francês e francófono em geral. A partir de

estudos de Cuq (2002), Porcher (2004) e Vanthier (2009) e de minhas experiências em sala de

aula, fiz algumas reflexões sobre o trabalho do professor em um curso de FLE de uma escola

privada – onde o francês em geral é imposto aos alunos – e, assim, vos mostrarei a

complexidade do processo de criação para ensinar em um campo de trabalho tão complexo.

Agradar os alunos nem sempre é tarefa fácil, mas atividades lúdicas auxiliam o processo de

aprendizado, assim como a escuta dos anseios e opiniões dos alunos. Nessa faixa etária –

entre 11 e 15 anos – os alunos querem mais do que nunca ser ouvidos e desejam se sentir

queridos. O campo afetivo é extremamente importante para a conquista da turma. Mostrarei

algumas atividades e estratégias que utilizo em sala para tentar prender a atenção dos alunos e

despertar neles o interesse pelo aprendizado da língua francesa.

Ticiana Telles Melo (Profª. UFC)

PARTIR, ANDAR: EIS QUE CHEGA A HORA TÃO SONHADA. MOBILIDADE

INTERNACIONAL, LÍNGUA ESTRANGEIRA E CONSTRUÇÃO DE SI MESMO

Com este trabalho, pretendemos analisar uma realidade específica da mobilidade

internacional, aquela dos convênios de trabalho temporário no exterior, e em específico, o

programa Walt Disney World International College Program (ou ICP) que recruta

universitários brasileiros para trabalhar nos parques e hotéis de Orlando, nos Estados Unidos.

A mobilidade internacional nos interessa enquanto percurso curricular formativo de uma

parcela de jovens universitários, no qual a língua estrangeira é ao mesmo tempo instrumento

de acesso e uma das finalidades do programa. Como a seleção para a participação no

programa se faz por meio de entrevistas em inglês em algumas cidades do Brasil, inferimos

que a apropriação da língua estrangeira é um dos critérios utilizados pela equipe de

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selecionadores. Por outro lado, a imersão linguística é uma forma sempre atraente de aprender

línguas em um contexto não institucional. O nosso corpus de investigação será centrado em

depoimentos gravados e disponibilizados na internet via youtube, ferramenta que permite que

seus usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato digital, ficando os mesmos

disponíveis na rede mundial. A análise dos textos digitais será guiada pelas categorias de

reflexão da pesquisa, a saber, o interesse do jovem pela mobilidade, a importância atribuída a

língua estrangeira (ou, eventualmente, às línguas estrangeiras) e a constituição e construção

do sujeito em formação. O percurso investigativo se valerá de conceitos como mobilidade

(Murphy Lejeune, 2005), juventude (Singly,1996 e Galland, 1995 ), e formação de habitus

(Bourdieu, 1996).

Tito Matias-Ferreira Jr (Prof. IFRN)

O ENSINO DE PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS POR MEIO DO PROGRAMA

DE LEITORADO BRASILEIRO DO MRE: UM BREVE RELATO SOBRE O ENSINO

DE PORTUGUÊS, CULTURA E LITERATURA BRASILEIRA NA ILHA DE

BARBADOS, NO CARIBE.

Segundo o Prof. Dr. Carlos Gohn (UFMG), sobre a sua experiência como Leitor em Nova

Delhi, “ser leitor brasileiro, dentro das condições oferecidas, é uma daquelas situações

clássicas nas quais, caso pense muito, a pessoa não vai. Daí, leitor é aquele que vai.” Assim

como Dr. Gohn, o autor desta comunicação aceitou o desafio e foi lecionar Português como

Língua Estrangeira, Cultura e Literatura Brasileira na Universidade das Índias Ocidentais,

Campi Cave Hill, em Barbados, no Caribe, por quase dois anos (2010-2011). De acordo com

a CAPES, “o Programa de Leitorado financia professores interessados em divulgar a cultura

brasileira em instituições universitárias estrangeiras. As vagas para leitor, função

regulamentada pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) desde 1999, é uma parceria da

CAPES com o MRE.” Esta comunicação visa apresentar relatos das experiências do autor

como Leitor de Estudos Brasileiros na UWI – Cave Hill Campus – Barbados, formando,

assim, considerações sobre seu desempenho como Leitor Brasileiro no Caribe. Pretende-se,

também, analisar a receptividade dos alunos caribenhos em relação ao Português e a Cultura

Brasileira, uma vez que o ensino da Língua Portuguesa se deu por meio do ensino da cultura

do Brasil com a apresentação de músicas, textos autênticos contemporâneos sobre o Brasil,

sua política, economia, sua geografia, seus povos, entre outros. Além disso, o autor foi

responsável, juntamente com outro leitor brasileiro pertencente à mesma instituição, por

elaborar e implementar o Minor em Estudos Brasileiros, curso inédito na universidade, que

garante a habilitação em Língua Portuguesa ao graduandos em Letras e Estudos Culturais da

UWI- Cave Hill. Dentro do Minor em Estudos Brasileiros, o autor elaborou e lecionou, além

de outras matérias, a disciplina de Literatura Brasileira, com o intuito de apresentar escritores

brasileiros de diversas épocas aos seus alunos. Entre os principais resultados do período de

Leitorado no Caribe, houve o evento intitulado Brazilian Day, dentro da disciplina de Cultura

Brasileira, no qual os alunos faziam apresentações e considerações sobre o Brasil. Já na

disciplina de Literatura Brasileira, os alunos criaram um Sarau Literário, momento em que

apresentavam a vida e obra dos autores que consideraram mais interessantes na disciplina.

Com isso, objetiva-se relatar as experiências do programa de Leitorado em Barbados, com

intuito de apresentá-lo e, talvez, divulgá-lo a professores que futuramente possam se

interessar em participar do programa.

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Valéria Jane Siqueira Loureiro (UFS)

A GRAMÁTICA E A PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE ELE

O conteúdo gramatical, no âmbito do espanhol como língua estrangeira, provoca um grande

debate sobre as vantagens e desvantagens de ser ensinado durante as aulas, sobre até que

ponto o seu ensino ajuda a desenvolver a competência comunicativa dos estudantes que

aprendem a língua. Em todas as metodologias de LE sempre se debateu e se tratou o conteúdo

gramatical normativo e descritivo, uma vez que se apresentam nos programas de ensino, nos

materiais didáticos e na própria prática pedagógica dos docentes. Em contrapartida, se verifica

a dificuldade que os professores encontram para inserir o conteúdo gramatical na sua prática

docente cotidiana porque muitos estudantes a consideram como algo enfadoso e aborrecido

além de desnecessário para saber uma língua. A inserção do conteúdo gramatical de forma

expressiva e significativa para o aprendiz faz com que se apresentem as normas, as regras e o

funcionamento dos elementos que fazem parte da língua de maneira a levar os estudantes a

avançarem e se aperfeiçoarem na língua que aprendem. No entanto, os professores ainda

oferecem muito destaque para o conteúdo gramatical de maneira descontextualizada na hora

de elaborar e realizar as aulas de LE. Assim, os professores tem que pensar e se perguntar que

gramática necessita ser ensinada para os estudantes para atender as suas expectativas e

necessidades discursivas. Durante o processo de ensino/aprendizagem do conteúdo

gramatical, o estudante aprende o sistema normativo da língua meta, entretanto, uma das

questões a se levantar é como proporcionar uma aprendizagem gramatical da língua espanhola

no contexto de sala de aula de forma que os estudantes se capacitem a se expressar e

comunicar na linguagem oral e escrita (Miki Kondo, 2002). Além disso, os aprendizes de LE

adquirem os mecanismos linguísticos que se baseia nos estudos normativos e descritivos, pois

se trata de uma das ferramentas para a competência comunicativa (Martín Peris, 1998). Sendo

assim, o ensino da gramática tem que responder a um aspecto mais amplo que se trata de ser

um instrumento de comunicação na língua, pois a gramática que está a serviço da

comunicação objetiva se aproximar do sistema da língua-meta e a alcançar a competência

gramatical como algo vinculado y conectado com o significado, um elemento que permite

compreender e manejar a comunicação pelo uso e funcionamento das regras da língua de

forma consciente e autônoma (Gelabert e otros, 2002, García García, 2001 e Martín Peris,

2004). A partir deste enfoque se realiza uma reflexão sobre a questão do papel da gramática

no processo de ensino/aprendizagem de E/LE na prática docente na sala de aula. Ao mesmo

tempo, se analisa como proporcionar a inclusão e a aprendizagem do conteúdo gramatical do

espanhol como língua estrangeira para que os estudantes se capacitem a se expressar, interagir

e se comunicar tanto na língua oral quanto na escrita (Miki Kondo, 2002). Essa questão

advém com o objetivo de levar o estudante adquirir a capacidade de contextualizar a língua no

uso da linguagem como uma ferramenta nas situações de comunicação.

Valter Henrique Fritsch (Doutorando UFRGS)

DRAMA CLUB: LÍNGUA, ENSINO E UTOPIA

Primeiro você escolhe uma caneca e preenche a mesma com água até a metade. Depois

coloque um pouco de sabão, mas saiba que vai funcionar melhor se você usar detergente de

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cozinha. Misture tudo muito bem até que a superfície fique coberta de espuma. Pronto. Agora

mergulhe a ponta de um canudinho, ou caneta Bic – sem a carga – na sua caneca e sopre a

outra extremidade com bastante delicadeza. A união do seu sopro suave com duas partículas

de hidrogênio e uma de oxigênio e o sabão vai criar uma linda bolha repleta de transparência e

luminosidade. Preste bastante atenção nela. No formato dela. Suas cores e movimentos, pois

logo ela vai estourar. Desaparecer. E a única coisa que vai restar é a lembrança da sua beleza.

Esculpindo a beleza o trabalho do ator assemelha-se muito ao espanto de uma bolha de sabão.

O belo em movimento, através do sopro delicado que controla a força dos pulmões, para

proporcionar aos olhos disponíveis um testemunho do sagrado, uma centelha do divino, ou

mesmo um suspiro de felicidade entre as lágrimas melancólicas do espectador que através das

imagens rememora sua vida, e sorri suas alegrias. O projeto Drama Club surgiu dentro do

Programa de Apoio à Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PAG-

INGLÊS) como um sopro de vitalidade unindo o ensino de língua estrangeira, a apreciação

artística de textos literários e a integração de alunos de diferentes cursos de graduação da

UFRGS sob um único objetivo: desenvolver o conhecimento da língua inglesa através da arte

teatral, compartilhando conhecimentos na construção do fazer artístico. Através das aulas de

canto, expressão corporal e vocal, literatura e língua inglesa, o projeto desenvolveu um grupo

capacitado a produzir arte através da língua estrangeira, aliando o conhecimento teatral,

teórico e prático, ao conhecimento linguístico, tendo como produto final não apenas a

produção de um espetáculo em língua inglesa, mas a integração de saberes para o

desenvolvimento de indivíduos, como falantes de língua estrangeira, apreciadores de arte e

cidadãos que interagem no mundo.

Vanessa Massoni da Rocha (Doutoranda UFF)

INTERFACES ENTRE LITERATURA E ENSINO: OS DIREITOS DO LEITOR EM

AULAS DE FLE

Esta comunicação pretende contribuir para as interfaces entre o ensino de leitura no âmbito de

aulas de Francês Língua Estrangeira (FLE). Trata-se de contemplar o livro Comme un roman,

publicado em 1992 pelo escritor e professor francês Daniel Pennac, livro no qual se privilegia

os meandros da relação dos estudantes com a leitura ao longo da escolaridade. Na parte final

deste romance de cunho pedagógico, Pennac preconiza seus – ilustres – dez direitos do leitor.

Partindo do convite incontornável apresentado pelo escritor nesta obra, busca-se ampliar o

debate em torno do papel e do espaço dedicado à literatura nas aulas de FLE, sobretudo no

que concerne à vocação do texto literário como texto autêntico que vivencia a experiência

linguística em sua plenitude. Em seguida, propõe-se um caminhar criativo e lúdico capaz de

promover os dez direitos do leitor no espaço de ensino-aprendizagem da língua francesa. Tais

apontamentos e sugestões metodológicas se inserem no produtivo percurso de experiências

pedagógicas renovadoras e bem sucedidas em turmas da Escola Suíço-Brasileira/RJ, do

Colégio de São Bento e do curso de Graduação em Letras Universidade do Estado do Rio de

Janeiro. Por fim, parece pertinente ressaltar-se que a concepção desta comunicação integra a

ementa da disciplina Práticas do Texto Literário, ministrada na UERJ neste ano em turma de

Licenciatura Português/ Francês.

Vera Lima Ceccon (Profª. UFRJ)

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LITERATURA E NOVAS LINGUAGENS

Gostaria de compartilhar a elaboração teórica de uma pesquisa de sensibilização e

conscientização literária através do uso das novas tecnologias digitais, que venho

desenvolvendo com alunos de graduação em Inglês-Português na Faculdade de Letras da

UFRJ. Em 2003, recém-doutora em Literatura Comparada e recém-ingressa no corpo docente

do Departamento de Letras Anglo-Germânicas, me surpreendi com a dificuldade e apatia dos

alunos ante os textos previstos nas disciplinas obrigatórias de Literaturas de Língua Inglesa.

Para aumentar o interesse pelas aulas, num primeiro momento adotei a internet numa

perspectiva criadora e ativa: além de orientar os alunos a pesquisarem mais criticamente na

grande rede, tirei proveito de minha formação multidisciplinar e criei alguns sites para

hospedar seus trabalhos. E num segundo momento, instituí uma rede de blogs, em que cada

aluno implementava seu blog individual e comentava criticamente os blogs dos colegas.

Entretanto, a utilização da internet esbarrava em dificuldades de acesso. Por isso, passei para a

autoração de recursos multimídia. Transpondo conceitos referentes ao hipertexto para uma

ferramenta mais acessível – o powerpoint – produzi apresentações offline que me permitiam

explorar mais livremente as múltiplas mídias, numa proposta de fazer a literatura do passado

dialogar com linguagens do presente, digitais ou não. Foi assim, por exemplo, que para

explicar o conceito de polifonia em Bakthin, introduzi as noções de harmonia e contraponto

musical, mostrando um filme baixado do site musinamim.com de uma partitura musical, cujas

notas iam sendo animadas ao som de suas execuções. Esse modelo dinâmico facilitou a

apreensão do funcionamento da grafia linear do romance do século XIX como uma partitura

musical compacta, que encerra múltiplas vozes que devem ser atualizadas pelo leitor durante

a leitura. Pouco depois, evidenciou-se o potencial das diferentes linguagens de nossa época

em transcodificar e revitalizar a escrita linear e tipográfica das obras do passado para

interfaces mais amigáveis às sensibilidades contemporâneas. Trouxe para a sala de aula

diferentes exemplos de experiências multissensoriais, minhas e alheias, de transposições

semióticas de obras literárias e lhes dei ampla liberdade de experimentação e criação em seus

próprios trabalhos. Estes têm-se mostrado como novas modalidades textuais surpreendentes,

que revelam um saber digital e hipertextual, cuja expressão, entretanto, vem sendo inibida,

tanto na escola quanto na própria universidade. Pretendo, portanto, chamar atenção para a

urgência em se expandir ainda mais os diversos conceitos de letramento digital, já tão bem

problematizados por Magda Soares, Maria Teresa Freitas e outros pensadores brasileiros e

estrangeiros, no sentido de levar esta reflexão centrada principalmente na infância e

adolescência, para o aluno graduando e inseri-la numa proposta de apropriação dos meios de

produção digital. A meu ver, a capacitação destes jovens adultos a criar criticamente e a

desenvolver autonomia com as novas ferramentas digitais, no âmbito de disciplinas

formativas e não-normativas, como Literaturas, História e Filosofia, é condição de

possibilidade para se romper um ciclo de dependência de matrizes intelectuais hegemônicas e

para a produção de pensamento crítico e criador no futuro. Mais do que verbas, a proposta

exige abertura multidisciplinar e combate à tecnofobia.

Verônica Pereira de Almeida (Doutoranda UFBA)

ATIVIDADES DE LETRAMENTO EM SALA DE AULA: RELATO DE

EXPERIÊNCIA DE UMA PROFESSORA PESQUISADORA.

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De fato, a figura do professor tem sido destaque em pesquisas acadêmicas. Muitos autores

fomentam sobre a necessidade e importância do professor começar a refletir sobre a sua

própria prática, a deixar de ser aquele que por muito tempo, apenas abria a porta da sua sala

de aula para a entrada pesquisador. Para Zeichner (2007), o professor deve ter participação

ativa nos trabalhos de pesquisas acadêmicas. De acordo com Bortoni (2009, p. 46), “O

professor pesquisador não se vê apenas como um usuário de conhecimento produzido por

outros pesquisadores, mas se propõem também a produzir conhecimentos sobre seus

problemas profissionais, de forma a melhorar a sua prática. [...],buscando reforçar e

desenvolver aspectos positivos e superar as suas próprias deficiências. Para isso mantém

aberto a novas ideias e estratégias’’. Na concepção de Freire, o professor desempenha um

importante papel pedagógico-político, capaz de desempenhar, na sua prática pedagógica, uma

ação transformadora, emancipadora. Essa afirmação de Freire já revela o quanto ele

acreditava na importância do professor ser um pesquisador, ser um crítico, um curioso e

sobretudo, refletir sobre a sua própria prática. Este estudo relata a experiência de uma

professora/pesquisadora, fruto do seu projeto de pesquisa de mestrado sobre variação

linguística: concepções elaboradas por alunos do ensino fundamental II, desenvolvido em

uma turma do 6º ano de uma escola pública em Salvador. O relato exposto, representa o

momento da pesquisa de campo; traz uma abordagem sobre atividades de letramento e

gêneros textuais e uma breve reflexão sobre o desafio de ser um professor/ pesquisador.

Victor Ernesto Silveira Silva (IFBaiano - Campus Catu) & Kelly Cristina de Oliveira da Silva

(IFBaiano - Campus Catu)

PROJETO QUALIFIK TEACHER: APERFEIÇOANDO OS PROFESSORES DE

INGLÊS DA ZONA METROPOLITANA DE SALVADOR

Muitos professores de língua inglesa do município de Catu (78 km da capital baiana) que

atuam na área não tem a formação especifica para o ensino do idioma. Por meio de um

instrumento de autoavaliação de proficiência linguística em inglês, notou-se que um número

significativo de professores atuantes no município (cerca de 56%) se enquadra no nível A2 do

quadro europeu comum de referência para línguas. Este dado é alarmante, uma vez que o

nível A2 é caracterizado como elementar – insuficiente para manter uma comunicação efetiva

entre falantes nativos e não nativos seja ela oral ou escrita. Por outro lado, os professores que

possuem a qualificação não dispõem de ferramentas para a formação continuada em virtude,

principalmente, do alto custo dos cursos de idiomas, bem como despesas com transporte e

alimentação caso decidam fazer a qualificação fora do município. Levando-se em

consideração que o professor deve estar em constante processo de aprimoramento profissional

e as dificuldades da maioria dos professores para custear programas e cursos de

aperfeiçoamento é necessário que as instituições públicas de ensino dialoguem no sentido de

promover ações que viabilizem tais programas. Nesse sentido, foi desenvolvido no Instituto

Federal Baiano campus Catu, o programa de Aperfeiçoamento do Professor de Língua

Inglesa. O programa está em consonância com uma das missões da instituição que é trabalhar

pelo desenvolvimento regional e buscar parcerias que fortaleçam a capacidade das instituições

públicas de enfrentarem os problemas sociais que impedem a oferta de educação de qualidade

aos estudantes. O Qualifik Teacher (como é habitualmente chamado pelos coordenadores)

tem como principal objetivo proporcionar aos professores de inglês da rede pública o

aprimoramento da competência comunicativa em língua estrangeira, bem como reflexão sobre

a prática pedagógica do professor. Além de qualificar e proporcionar aos professores um

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espaço de identificação e compartilhamento de ideias, o Qualifik Teacher é também uma

fonte de material para o projeto nodal do programa que é a construção do perfil do professor

de língua inglesa da zona metropolitana de Salvador. No presente artigo, são apresentadas as

conclusões da primeira etapa do projeto. Baseando-se em concepções teóricas de autores

como Horn, Stoller e Robinson (2008), Rajagopalan (2008), Johnstone (2004), Carter e

Nunan (2001) entre outros, a respeito de formação de professores e metodologia de ensino,

foram analisados os depoimentos dos professores participantes do Qualifik Teacher e

concluiu-se que: a) os professores apresentaram dificuldades na produção oral da língua, bem

como vocabulário bastante limitado; b) ainda perpetuavam o ensino voltado para o estudo das

estruturas gramaticais isoladas; c) possuíam dificuldades de interagir com outras disciplinas e

promover a interdisciplinaridade; d) apresentaram dificuldades em promover debates de

caráter étnico- social e cultural na sala de aula de inglês; e) promoviam pequenos projetos que

se restringiam apenas ao inglês.

Walter Guarnier de Lima Junior (Doutorando UnB)

COMPETÊNCIAS: DE APRENDIZ A PROFESSOR

Este trabalho tem como objetivo refletir sobre as diferenças existentes entre as competências

do aprendiz de línguas e as competências do aprendiz que busca uma formação para ser

professor de línguas. O professor é aquele que ensina e o aprendiz aquele que aprende. Prabhu

(2003) considera estas duas atividades como distintas. Para este autor a atividade de ensinar é

passível de planejamento, condução e controle, podendo ser observada e avaliada durante o

seu curso. A aprendizagem por sua vez, pode ocorrer intencionalmente ou não, além de não

ser passível de ser iniciada, interrompida ou acelerada. A partir dessas considerações,

acreditamos que o aprendiz, estudante universitário, em sua formação vivencia estes dois

lados paralelamente. O modelo de competências de aprendizes se diferencia quando estes

aprendizes buscam profissionalização como professores de línguas (ensino e aprendizagem).

Com isso, os desejos e necessidades dos alunos são diferenciados, assim a abordagem e as

competências desejadas se alteram. O professor de LE deve se apropriar de inúmeras

competências para agregar significado a sua prática. Este trabalho tem como referências

teóricas o modelo de competência do professor formulado por Almeida Filho (1993),

reelaborado por Basso (2008). Nessa última versão das competências desejadas ao professor

de LE figuram a Competência Comunicativa, a Competência Discursiva, a Competência

Estratégica, a Competência Profissional, a Competência Reflexiva, a Competência Implícita,

a Competência Teórica, a Competência Aplicada, a Competência de Ensinar, a Competência

Formativo-Profissional, e a Competência Político-Educacional. Além disso, aproveitamos as

argumentações de Alvarez (2010), sobre a necessidade de se pensar em uma formação

reflexiva para o futuro professor de línguas. Com este estudo, esperamos contribuir para o

reconhecimento da necessidade de se (re)pensar as competências a serem desenvolvidas pelos

futuros professores de línguas estrangeiras.

Yeris Gerardo Láscar Alarcón (Doutorando UnB)

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A INTERFERENCIA DA LÍNGUA PORTUGUESA NA APRENDIZAGEM DE

LÍNGUA ESPANHOLA: UMA ANÁLISE DA PRODUÇÃO ESCRITA DE ALUNOS

DE UM CURSO DE LETRAS NO DF

O ponto principal desta pesquisa é analisar a interferência da língua portuguesa na produção

escrita em língua espanhola de alunos do curso de letras de uma faculdade particular no

Distrito Federal. O método a ser usado é bibliográfico e empírico, com certa quantificação, na

qual se procura fazer uma descrição contrastiva entre a língua espanhola e portuguesa no nível

de análise morfossintático. Serão expostos os resultados obtidos na forma de quadros por

tipos de erros e por categorias gramaticais com o intuito de especificar detalhadamente cada

um desses erros. Os resultados indicarão quais são os erros mais difíceis e os que acarretam

mais problemas na escrita dos aprendizes. Em seguida, verificar-se-á quais erros são mais

frequentes seguindo a literatura de (Durão, 2005). Orienta-se que o conhecimento da

ocorrência dos erros desta pesquisa possa permitir aos aprendizes a aplicação de uma melhor

produção escrita em língua espanhola, a fim de diminuir a interferência. E assim, entender de

forma mais clara a origem e causas dos erros mostrando quão complexos eles são na

aprendizagem. Espera-se também que os materiais de ensino levem em conta mais

diretamente um trabalho sistemático de enfoque nas áreas problemáticas para o aprendiz

brasileiro do curso de letras do ensino superior. Os aprendizes de língua espanhola que têm

como língua materna o português, quando produzem textos escritos em espanhol, muitas

vezes, ocorre a interferência do português (língua materna) sobre o espanhol (segunda língua)

e por consequência o mal entendido entre a comunicação no registro escrito que pode

acarretar diversos problemas. Frente a este fato, há uma grande necessidade desta pesquisa,

por meio da análise contrastivo no nível morfossintático, investigar como ocorre a

interferência na escrita e quais são suas causas. Este estudo pode contribuir para fins didáticos

possibilitando melhorias na produção de textos escritos pelos alunos do ensino superior

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RESUMOS – PÔSTERES

André Cordeiro (Graduando UERJ)

ANÁLISE DE EMENTAS DE ESPANHOL NA UERJ

Vinculado ao projeto “Perfil profissional e reforma curricular: os fundamentos da reforma de

2002 na UERJ de 2005” este trabalho objetiva, através da análise das ementas das disciplinas

disponibilizadas pelo curso de Letras - Português/Espanhol da Universidade Estadual do Rio

de Janeiro (UERJ), indicar as redes de interdiscursividades que apontam memórias

discursivas do que é ser professor de língua estrangeira (LE), assim como, o que é língua e

como ensiná-la além de identificar traços identitários que apontam perfis profissionais de

professor segundo esses documentos. Inicialmente, proporemos uma caracterização da ementa

como um gênero discursivo (Bakhtin, 1992) para, em seguida, analisar os elementos que a

compõem. Partiremos dos conceitos de prescrição e norma (Schwartz, 2002) para determinar

as implicações das ementas na formação do professor e possivelmente na sua prática docente

futura. Este trabalho analisa as ementas das disciplinas de Língua Espanhola I, II, III e IV.

Bianca Sampaio Moreno (Graduanda UFF)

ENSINO E APRENDIZAGEM

O pôster apresentará resultados de acompanhamento de pesquisa desenvolvida junto a turmas

de Língua Espanhola I e II, do curso de licenciatura em Letras, habilitação em Português-

Espanhol da Universidade Federal Fluminense. O presente trabalho, que integra pesquisas do

grupo Práticas de linguagem, trabalho e formação docente (UFF, CNPq), enfoca a questão do

ensino e da aprendizagem da escrita de espanhol como língua estrangeira (E/LE) em curso de

formação inicial de professores de E/LE. São objetivos da mencionada pesquisa: analisar

processos de produção escrita e reescrita desses alunos, futuros professores de espanhol como

língua estrangeira (E/LE), e ampliar discussões teórico-metodológicas voltadas para o ensino

e a aprendizagem dessa habilidade em E/LE que reflitam sobre questões de natureza

linguística (BOSQUE MUÑOZ; DEMONTE BARRETO, 1999; GÓMEZ TORREGO, 1997;

FANJUL, 2005;) e discursiva (MAINGUENEAU, [1998]; 2009; BAJTÍN, [1979] 2002;

CHARAUDEAU, P; MAINGUENEAU, 2005); b) aprofundar conhecimentos sobre o

processo da produção escrita em E/LE (OMAGIO, 1992); (c) aperfeiçoar o instrumento

didático utilizado na avaliação das produções escritas dos alunos de tais disciplinas, que tem

como finalidade, oferecer subsídios para a reescrita dos textos por parte dos alunos iniciantes

(SANT’ANNA, DAHER adaptação de OMAGIO, 1992); (e) garantir condições para que

esses alunos possam melhor avaliar o próprio processo de elaboração dos textos. Os

resultados desse trabalho têm propiciado novos encaminhamentos junto às disciplinas de

Língua Espanhola I e II, assim como modificações no instrumento adotado para a correção da

escrita e reescrita. No que se refere ao trabalho dos alunos dessas matérias, acredita-se que se

garanta uma compreensão dessa habilidade entendida como processo. E, com relação à

monitoria, sobretudo, propiciado reflexões necessárias ao desenvolvimento do futuro trabalho

como professor.

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Bruna Martins de Oliveira (Graduanda UFV)

TAKING A REFLECTIVE STANCE IN A ENGLISH EXTENSION COURSE: A

TEACHER

Harmer (2007) talks about the importance of planning lessons. He explains what are the aims

of the planning, how to use the plan in class, the pre-planning and planning and what these

consists, the students’ needs, how to make a planning and make a plan formal as a

background elements, describing procedure and materials and how to make a sequence of

lessons. According to Jensen (2001: 403), a lesson plan is an extremely useful tool that serves

as a combination guide, resource, and historical document reflecting our teaching. This author

also says that the lesson plan serves as a map or checklist that guides us in knowing what we

want to do next; these sequences of activities remind us of the goals and objectives of our

lessons for our students. In this final paper, I investigate how I can implement my lesson plan

and how it works in the classroom in contrast to a lesson plan that the book brings. To achieve

my aim I use some theoretical texts that present lesson plan and also the implementation of

the textbook. I also use two questionnaires; they were applied in the class and field notes in

my own classroom. I believe that a good lesson plan guides, but does not dictate what and

how teachers must teach, that’s why I decided to investigate this topic.

Camila Meloni (Graduanda UFTM)

A LITERATURA COMO MEIO LÚDICO PARA O ENSINO DE ESPANHOL

Este trabalho tem como tema a utilização da literatura nas aulas de língua espanhola,

considerando-a como um meio lúdico, favorecendo o processo de ensino-aprendizagem de

alunos luso-falantes. Através dos textos literários o professor pode manter a atenção do aluno

para a nova língua, que, aparentemente, é de fácil aprendizagem pela sua proximidade com a

língua portuguesa. O objetivo fundamental é incentivar as crianças a aprenderem a língua

estrangeira e fazê-las sentirem um prazer dentro da leitura e do conhecimento desprendido

através desta. Com aulas que fogem ao padrão do ensino tradicional e à rotina da gramática

normativa, os alunos se sentem mais dispostos diante da aula que é embasada em leituras

lúdicas. De modo que, através de textos originais, escritos por autores espanhóis e hispano-

americanos, há uma maior possibilidade para que o aluno faça um trabalho escrito do que se

foi compreendido, e se sinta confiante para um possível discussão com os outros alunos e

professor. A pesquisa tem como referencial teórico os Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCN’s), as Leis de Diretrizes e Bases (LDB), o estudo do ensino da língua espanhola na

educação básica brasileira, de Alzenaide C. O. Salvador, e textos literários de autores como

Pablo Neruda e Mario Vargas Llosa. Como a pesquisa ainda está em desenvolvimento, não há

resultados sólidos, apenas o transcorrer do estudo, por enquanto, limitado à teoria. Neste

estudo, há o intuito de reduzir o preconceito linguístico diante do portunhol, no entanto, não

há um incentivo, mas o utiliza como meio para a aprendizagem e aperfeiçoamento da segunda

língua do estudante. Portanto, a aprendizagem da língua Espanhola, que foi compreendida nas

leituras feitas em sala de aula, não se limita a, apenas, o ensino da teoria gramatical.

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Denilson da Silveira Alves (Graduando UnB)

PARA COMPREENDER O PAPEL DA LITERATURA NA CLASSE DE FLE

O presente trabalho pretende discutir a importância dos textos literários em classes de FLE e

observar sua evolução e contextualização de termos relacionados à literatura em dicionários

de didática em língua estrangeira. Para tanto, discutiremos textos teóricos acerca da utilização

dos textos literários e suas intervenções em classe de FLE, e a evolução, a descontinuação ou

a criação de novos termos ligados à literatura, sejam eles próximos, interligados ou com

grande relevância aos estudos literários.

Eduardo Dias da Silva (Doutorando UnB)

LE CORPS, LA VOIX, LE TEXTE DE GISÈLE PIERRA: O USO DE TEXTOS

TEATRAIS NO DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE NO ENSINO DE FLE

Este estudo visa a compreender a forma como o texto teatral é utilizado nas aulas de LE

(Língua Estrangeira) - Francês pela perspectiva da Professora Gisèle Pierra no seu livro

intitulado Le Corps, la voix, le texte (2006); discutir as transversalidades de ordem estética,

linguística, psicanalítica e didática que subjazem ao uso do texto teatral em LE e as relações

entre os sujeitos participantes (aprendizes, texto e professor); a subjetividade e a

espontaneidade que corroboram para as ações dos professores. Essa análise será norteada por

dois eixos teóricos centrais: os estudos de textos teatrais em LE no desenvolvimento da

oralidade em sala (REIS, 2008 e PUPO, 2006), em especial, jogos teatrais (SPOLIN, 2010 e

PIERRA, 2006) e os trabalhos sobre a utilização dos mesmos nas aulas de LE (REIS, 2008).

Eryck Dieb Souza (Graduando UFC)

O FÓRUM DE EAD: UMA FERRAMENTA DE CONSTRUÇÃO DE

APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA

Diferentes atividades são desenvolvidas na EaD, entre essas destacamos os fóruns, uma

atividade assíncrona que permite a participação no tempo que melhor nos convêm, publicando

assim os comentários do professor e do aluno em uma área a que todos tem acesso. Nesse

projeto, trabalhamos com a construção da aprendizagem em Língua Inglesa no fórum da

plataforma do Solar – UFC, da disciplina de Língua Inglesa 3A: Leitura e Compreensão

Escrita. Utilizamos como fundamentação teórica Kenkis (2000, 2001, 2002) com a definição

de fórum em ambientes virtuais, a ideia instituída pelo mesmo para definir interação de

conhecimento e a formação de “comunidades de aprendizagem”. Para a abordagem do ensino

de Língua Inglesa, usamos o conceito de Figueiredo (2002), afirmando-nos que a

aprendizagem da LE só acontece por meio da interação em que um aluno ajuda o outro e as

interações ocorridas nesse processo não apenas facilitam a aprendizagem, mas também

possibilitam aos alunos desempenhar diferentes papéis sociais. Com base nessa perspectiva, o

corpus foi coletado na disciplina de Lingua Inglesa 3A: Leitura e Produção Escrita, da turma

2009.1 pertencentes ao curso de Letras Inglês – Licenciatura, do polo da Universidade Aberta

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do Brasil (UAB), em Beberibe. A partir dos temas propostos pelos seis fóruns utilizados na

disciplina, fizemos uma categorização de construção de saberes para a língua inglesa com o

uso das postagens dos alunos. O exercício analítico das postagens nos permite discutir sobre

alguns aspectos relacionados ao processo de aprendizagem da língua em estudo, permitindo-

nos categorizar a ação dos participantes como: receber e dar conselhos, fazer perguntas e

responder a elas, dá opções de outras fontes e só participar do fórum. Assim, concluímos que

as diversas categorias encontradas no fórum de Língua Inglesa possibilitam a aprendizagem

do idioma de forma coletiva, buscando na interação da ferramenta do Solar um meio para a

construção da aprendizagem da Língua Inglesa.

Fabiany Carneiro de Melo (Graduando UFF)

LÍNGUAS ESTRANGEIRAS NO EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO – ENEM

O pôster apresentará os resultados parciais da pesquisa de iniciação científica intitulada

Análise comparativa das provas de língua estrangeira do Exame Nacional do Ensino Médio –

ENEM (UFF, CNPq, 2011-2012). O projeto integra propostas do grupo de estudos e

pesquisas sobre Práticas de linguagem, trabalho e formação docente (CNPq) e insere-se no

eixo temático de políticas públicas de ensino. O objetivo geral da pesquisa é realizar uma

análise comparativa das duas provas de línguas estrangeiras presentes no ENEM– Inglês e

Espanhol. São objetivos específicos do estudo: identificar competências, saberes e conteúdos

privilegiados, assim como delinear o perfil de aluno que se institui a partir dessas provas. O

embasamento teórico seguido pauta-se, no que se refere à área da Pedagogia, em

considerações sobre a noção de avaliação de Barriga (2002) e Sant’Anna (1995). Na área dos

Estudos da linguagem, recorre aos conceitos de gênero de discurso de Bakhtin (1971) e de

prática discursiva proposto por Foucault (1997) e retomado por Maingueneau (2005).

Salienta-se que o alcance obtido pelo exame ao longo dos anos torna-se de extrema relevância

para a compreensão de como esta prática vem suscitando duras críticas e ganhando força ao

passo que se transforma em alternativa única de ingresso universitário, uma modalidade de

avaliação que promove uma unificação como alternativa aos diferentes vestibulares a que são

submetidos os aspirantes a uma vaga de ensino superior no país. Em alguns estados, o acesso

ao ensino superior público federal, por exemplo, já se encontra restrita à pontuação obtida no

exame. A possibilidade de se obter a certificação de conclusão do ensino médio a partir do

resultado obtido na prova, também é outra prática que vem suscitando debates pautados na

noção de “certificação por competências” que propõe o exame. Os objetivos no período

inicial de implementação do ENEM eram basicamente os de autoavaliação por parte dos que

pretendiam realizar a prova e a avaliação da qualidade geral do ensino médio no país. Hoje

em dia, outros fatores se apresentam com mais destaque como motivos para realização do

exame, como a possibilidade de acesso ao ensino superior gratuito e a obtenção da

certificação de ensino médio, apontados inclusive como os principais indicadores do aumento

no número de inscrições dos últimos anos. Almeja-se com os resultados apresentados até o

momento uma ampliação das discussões em torno ao exame, reflexões sobre seus

desdobramentos e sobre a forma em que as questões propostas se materializam. Os resultados

que espera-se obter ao longo e ao término desse trabalho contribuirão não só para reflexões

acerca de contradições e debates conjunturais sobre o gênero discursivo "exames de seleção"

como é o caso do ENEM que, dentre outros objetivos polêmicos, tem o de se materializar

como forma unificada de ingresso ao ensino superior em nível nacional; como também

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permite-nos analisar os fatores estruturais que nos levam a compreender melhor o contexto de

criação, a manutenção e a abrangência de sua existência.

Fabiola Marcela Bezerra Pereira Libório (Graduanda UnB)

PARA COMPREENDER O PAPEL DA LITERATURA NA CLASSE DE FLE

O presente trabalho pretende discutir a importância dos textos literários em classes de FLE e

observar a evolução e a contextualização de termos relacionados à literatura em dicionários de

didática em língua estrangeira. Para tanto, discutiremos textos teóricos acerca da utilização

dos textos literários e suas intervenções em classe de FLE, e a evolução, a descontinuação ou

a criação de novos termos ligados à literatura, sejam eles próximos, interligados ou com

grande relevância aos estudos literários.

Fernanda Passos da Trindade Jorge Neres (Graduanda UFRJ)

O DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA SOCIOCULTURAL DE APRENDIZES

NA INTERAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

Esta pesquisa tem como objetivo analisar como a interação do professor com seus alunos, ao

propor uma tarefa, contribui, não contribui ou inibe o desenvolvimento da autonomia

sociocultural do aprendiz. Uma professora que tem como meta estimular a autonomia

sociocultural em seus alunos foi objeto de estudo. Eu quis observar se o fato de acreditar na

autonomia faz com que seja possível estimulá-la a sempre, considerando todas as dificuldades

existentes no ambiente escolar como, por exemplo, estrutura curricular da instituição de

ensino, condições de aula, comportamento dos alunos, etc. Como referencial teórico me

baseio no conceito de autonomia sociocultural I e II proposto por Oxford (2003). A geração

de dados aconteceu em uma escola da rede federal da cidade do Rio de Janeiro, durante aulas

de inglês, por meio de observação, filmagem e transcrição de aulas e uma sessão de

visionamento com a professora. Os dados indicam que mesmo com a intenção de se estimular

a autonomia nos alunos, nem sempre é possível em virtude de fatores inibidores e até mesmo

devido a crenças já consolidadas.

Francinaldo de Souza Lima (Graduando UFCG)

UMA PROPOSTA DE TRABALHO A PARTIR DE UMA LEITURA DA

PERSONAGEM “FORMIGA” EM FÁBULAS DE LA FONTAINE

Jean de La Fontaine é referência no que concerne ao gênero fábula, seja pelo caráter crítico

que elas possuem, seja por conseguirem atingir tanto adulto, quanto o infantil, dando vida aos

animais. Assim, neste trabalho, buscaremos, a partir de uma pesquisa qualitativa e

documental, entender qual a crítica social feita pelo autor através da personagem “formiga”.

Ao fim dessa leitura, expomos uma proposta de trabalho a ser realizada em aulas com

iniciantes em Francês Língua Estrangeira (FLE), evidenciando a importância do texto literário

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na didática de línguas estrangeiras e buscando mostrar como estabelecer uma relação

harmônica entre ensino de língua e da literatura. Para tal, escolhemos três fábulas presentes

em uma coletânea de La Fontaine, tendo a formiga como um dos personagens, a saber: La

cigale et la fourmi, La colombe et la fourmi e La mouche et la fourmi. Tomamos como

referencial teórico os trabalhos de PINHEIRO (2006) e PINHEIRO-MARIZ (2007) em suas

reflexões a respeito da importância do trabalho com texto poético em sala de aula e como este

trabalho pode auxiliar no ensino e na aprendizagem de língua estrangeira, respectivamente.

Percebemos que as fábulas em questão, embora escritas há séculos, apresentam uma crítica

social bastante atual e, que assim, a literatura em contexto de ensino de línguas, além de

promover a interculturalidade, promove a formação humana dos indivíduos, além de propiciar

ao docente estratégias de trabalhar com o léxico ou com normas gramaticais, entre outras

questões ligadas ao ensino. A proposta de trabalho aqui sugerida leva o aprendiz a praticar as

competências de compreensão oral e escrita e expressão oral, além de exercitar também a

expressão escrita, sendo que esta última depende do nível da classe; estimulando, dessa forma

um trabalho completo na formação do aprendiz.

Gabriela Jacoby (Graduanda UFRGS)

A EXPERIÊNCIA DE UM CURSO DE FONÉTICA E DE CONVERSAÇÃO DO

FRANCÊS

Visando à auxiliar os estudantes de Letras/Francês no processo de sua formação, criou-se o

projeto Dos estudos da fonética à conversação em língua francesa, organizado em dois

encontros presenciais semanais de 1h cada (com horas complementares à distância através da

plataforma Moodle). Nos encontros de Estudos em Fonética do Francês, buscou-se facilitar o

desenvolvimento das habilidades de compreensão e expressão orais dos estudantes de um

ponto de vista fonético, estimular sua reflexão sobre a influência da língua materna na

produção dos sons de língua francesa, refletir sobre a importância da fonética na grafia

francesa, desenvolver uma consciência das relações entre os grafemas e os fonemas, entre

outros. O trabalho de conscientização dos alunos para o aprendizado de fonética compreendeu

os seguintes conteúdos: definição de fonética, papel do Alfabeto Fonético Internacional nos

estudos de fonética, importância do aparelho fonador na produção dos sons, relação

grafema/fonema no sistema francês, vogais, semivogais, elisão e ligação e diferentes sotaques

do francês. O desenvolvimento dos conteúdos foi realizado com o auxílio de gravações e da

escuta de leituras no laboratório de ensino de línguas, transcrições fonéticas e um ateliê de

fonética articulatória. Os encontros com objetivo de conversação em francês foram

organizados em eixos temático-comunicativos. Os alunos entravam em contato com a

situação comunicativa a ser abordada por meio de documentos de áudio em atividades de

compreensão oral. Em seguida, procedia-se ao estudo do vocabulário e das estruturas

linguísticas empregados em cada situação especificamente, de forma a contemplar aspectos

culturais e específicos ao uso da língua. Por fim, a cada encontro uma situação comunicativa

foi proposta para que os alunos colocassem em prática as questões abordadas. Entre os

resultados do projeto, pôde-se perceber, por parte dos alunos, a compreensão de que a parte

física é determinante para a pronúncia adequada de um som, uma maior clareza na distinção

dos fonemas do francês, a sistematização do uso do dicionário para se saber a pronúncia de

uma palavra e a reflexão sobre as simplificações articulatórias que o falante de L1 faz ao falar

L2, o que leva a um melhor desempenho no aprendizado da língua francesa. Os encontros de

conversação proporcionaram maior autonomia dos alunos em seus estudos de língua francesa,

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assim como a possibilidade de estudar essa LE de uma maneira mais flexível e rica em

aspectos específicos à oralidade e à cultura francófona.

Isabela Delavechia Martins de Oliveira (Graduanda UnB) & Islia Cristina Teixeira Vaz

(Graduanda UnB)

O TEXTO TEATRAL NO DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE NO ENSINO DE

LE

Esta pesquisa visa mostrar a eficácia da utilização do texto teatral usado em sala de aula

através de jogos teatrais para o desenvolvimento da expressão oral da língua francesa. O

projeto tem por objetivo fazer com que os alunos de nível intermediário, que é a fase

considerada mais crítica do aprendizado de língua estrangeira, sintam–se mais à vontade ao se

expressarem oralmente durante as aulas, para que em situações reais possam alcançar o

objetivo principal da língua, a comunicação.

Liliane Lima Pereira (Graduanda UERJ)

UM ESTUDO DE EMENTAS DE LITERATURAS DA HABILITAÇÃO DE PORT-

ESP DO IL / UERJ

Vinculado ao projeto “Perfil profissional e reforma curricular: os fundamentos da reforma de

2002 na UERJ de 2005” este trabalho objetiva, através da análise das ementas das disciplinas

disponibilizadas pelo curso de Letras - Português/Espanhol da Universidade Estadual do Rio

de Janeiro (UERJ), indicar as redes de interdiscursividades que apontam memórias

discursivas do que é ser professor de língua estrangeira (LE), assim como, o que é língua e

como ensiná-la além de identificar traços identitários que apontam perfis profissionais de

professor segundo esses documentos. Inicialmente, proporemos uma caracterização da ementa

como um gênero discursivo (Bakhtin, 1992) para, em seguida, analisar os elementos que a

compõem. Partiremos dos conceitos de prescrição e norma (Schwartz, 2002) para determinar

as implicações das ementas na formação do professor e possivelmente na sua prática docente

futura. Este trabalho analisa as ementas das disciplinas de Literatura e Cultura Hispânicas.

Lucas Eugênio de Oliveira (Graduando UFMG)

PRODUÇÃO DE BANDES DESSINÉES EM AMBIENTES VIRTUAIS

Ensinar uma língua estrangeira tanto a crianças quanto a alunos adultos é um desafio que

exige muito conhecimento e muita criatividade da parte do professor, que precisa estar em

contato com os avanços da linguística e com os avanços tecnológicos de nossos tempos, para

poder melhorar, sempre e qualitativamente, suas aulas. Partindo dessa premissa, bebemos nas

fontes de Geraldi (1993), considerando a produção de textos (orais e escritos) como ponto de

partida (e ponto de chegada) de todo processo de ensino/aprendizagem de uma língua

(materna ou estrangeira); assim sendo, embasando-nos também em Xavier (2010), no que

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tange à reflexão sobre os novos suportes de produção de textos (suportes virtuais), e em

RIBAS & CORSI (2007), no que concerne ao trabalho com histórias em quadrinhos (bandes

dessinées, BDs, em francês) em sala de aula, enveredamo-nos por uma proposta de criação de

BDs em ambientes virtuais, fazendo uso do website norte-americano Toondoo

(www.toondoo.com), e a conseguinte criação de um blog para a divulgação ao público do

material produzido pelos alunos, fazendo, aqui, alusão a LOPES-ROSSI (2006), para quem

textos são escritos para serem lidos.

Márcia Adriana Alvarenga Pereira (Graduanda UFTM)

CONTRIBUIÇÃO DAS NOVAS TECNOLOGIAS PARA O ENSINO DE LÍNGUA

INGLESA

O contexto mundial e desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação

(TICs) que emergem, estão presentes no cotidiano social ganhando espaço nas instituições de

ensino (MARKUSCHI, 2005). Os parâmetros curriculares de língua inglesa (BRASIL, 2007)

abordam esta como língua franca, devido ao processo de globalização, e, portanto torna-se

indispensável utilizarmos a tecnologia em favor do processo ensino/aprendizagem da língua.

Tal processo vem se ampliando e sofrendo transformações, o professor deve preparar-se para

os novos recursos metodológicos e pedagógicos. Este projeto de pesquisa busca, através do

estudo de casos, conhecer e analisar de que forma se dá o processo de ensino/aprendizagem

da língua inglesa com o uso das novas ferramentas tecnológicas. Para o corpus serão

entrevistados professores de língua inglesa, que utilizem tecnologia como suporte, através de

uma pesquisa qualitativa semiestruturada. Verificamos que os aspectos inerentes a essa

metodologia tecnológica vem se apresentando satisfatória em nossa experiência no PIBID –

INGLÊS.

Marcos Antonio de Araujo Dias (FTC)

EXPRESSÕES CULTURAIS NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA

O trabalho objetiva discutir questões que falam sobre o ensino de língua inglesa e os aspectos

culturais que envolvem o ensino de línguas. As discussões serão feitas em quatro partes: na

primeira parte tratarei da definição de cultura; na segunda parte fazer uma retrospectiva

histórica de como era ensinada a cultura desde o método gramática e tradução até a

abordagem comunicativa; na terceira parte analisar o papel da linguagem na cultura e por

último discutir sobre o professor, aprendiz e a cultura no ensino de língua inglesa.

Naiara Silva Paula (Graduanda UFV)

APOV: MOTIVAÇÃO PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA

INGLESA ATRAVÉS DE OFICINAS

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O ensino de uma segunda língua é um processo que exige dedicação, paciência e tolerância,

uma vez que dentro de uma sala de aula o professor lida com seres humanos, que

naturalmente são diferentes. O professor deve ter em mente que ele está ali como mediador de

conhecimento e precisa criar possibilidades para que o aluno possa construir e produzir o

mesmo. Portanto, é papel do educador transformar o ensino de uma segunda língua em algo

real, palpável e significativo a seus alunos. Dessa maneira, este trabalho foi realizado na

APOV (Associação Assistencial e Promocional da pastoral da Oração de Viçosa), uma

instituição que visa atender às famílias de classes menos privilegiadas residentes de um bairro

da cidade de Viçosa, MG. A atividade da APOV é desenvolvida em uma ação integrada com

a comunidade juntamente com o Projeto Caminhar, um projeto orientado a atender aos alunos

da Escola Municipal Pe. José Francisco da Silva, localizada no mesmo bairro. As atividades

para as crianças e adolescentes realizadas na APOV estão relacionadas aos conteúdos

abordados pela escola. As oficinas propostas por essa instituição, através do Projeto

Caminhar, têm o objetivo de criar oportunidades para que os alunos continuem o processo de

construção do conhecimento iniciado na escola. É nesse sentido que esse projeto se insere.

Dessa forma, este trabalho foi realizado com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental e teve

como objetivo promover atividades, brincadeiras e um reforço escolar no que diz respeito à

Língua Inglesa aprendida na escola, além de mostrar aos alunos a importância de se aprender

uma segunda língua. Para isso, foram realizadas atividades envolvendo músicas e recortes de

revistas que mostrassem a presença do inglês no cotidiano dos alunos. Além disso, foi

trabalhado o vocabulário de números através de uma música. Ao final do projeto, foi aplicado

um questionário avaliativo aos alunos a fim de verificar se os objetivos iniciais foram

alcançados. Foi possível observar que algumas atividades realizadas mostraram-se bastante

efetivas para despertar o interesse dos alunos em relação à Língua Inglesa. Dentre essas,

destaca-se a atividade que mostrou aos alunos a presença do inglês no cotidiano através de

uma música brasileira contendo palavras estrangeiras. Através do questionário, observou-se

empolgação por parte de alguns alunos a respeito das oficinas. Esses se mostraram motivados

em aprender a língua, assim como fazer uso da mesma em seus cotidianos. A aplicação de

oficinas – atividades extraclasses – mostra-se bastante eficaz para estimular o ensino e a

aprendizagem de conteúdos abordados nas escolas. Projetos que envolvem o ensino de

línguas em comunidades carentes são efetivos para a inclusão deste conhecimento em áreas

onde o acesso a uma segunda língua é limitado.

Paula Tatyane Cardozo (Graduanda UFPR)

PROJETO DE FORMAÇÃO INICIAL EM ESPANHOL E FRANCÊS PARA FINS

ACADÊMICOS NA UFPR

O presente trabalho tem como objetivo apresentar o Projeto de formação inicial em Espanhol /

Francês para fins acadêmicos, que é desenvolvido na Universidade Federal o Paraná desde o

ano de 2009. O projeto oferece uma formação inicial em Língua Estrangeira aos estudantes

com fragilidade financeira que pretendam participar dos Programas de Pós-Graduação,

Mobilidades Estudantis, ou similares que tenham como pré-requisito ou condição de

participação o domínio de uma LE. Nele, os graduandos em Letras Espanhol e Francês tem

uma oportunidade de prática de ensino supervisionada, que contribui fortemente para uma

formação docente com qualidade, já que os leva às reais situações de ensino.

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Paulo Alberto Gonzaga dos Santos (Graduando UFPA)

LUNFARDO, UNA VIA ENRIQUECEDORA DE LA LENGUA ESPAÑOLA

Este trabalho tem como objeto de estudo o uso do texto em suas variadas formas de expressão

dentro da sala de aula. O estudo aqui apresentado visa construir estratégias de interpretação,

depreendendo os elementos, que possibilitam um maior aprofundamento na leitura do aluno,

pelo uso de ferramentas metodológicas concebidas pela semiótica francesa. A metodologia

utilizada consiste na observação de uma turma composta por crianças na faixa etária de onze

anos, para depreender do comportamento dos alunos, fatores que favoreçam a aplicação de

atividades, pautadas nos conceitos básicos da semiótica, que devem ser exemplificados com

textos do cotidiano. Greimas (Apud Fiorin, 2006) definiu o texto como objeto de estudo e

para isso concebeu o percurso gerativo de sentido, que é o aparato metodológico da análise. O

trabalho apresenta uma pesquisa pautada na observação do processo de ensino e

aprendizagem, durante a leitura de textos de língua francesa na escola. Podemos concluir, que

as ferramentas metodológicas semióticas contribuem dando ao aluno um caminho

interpretativo, através do caminho gerativo de sentidos – é o percurso ou processo que

fazemos, recuperando por meio de um simulacro metodológico o percurso de produção de

sentido, descrever e interpretar o sentido de um texto -, auxiliando o aluno no seu processo

interpretativo. Temos como resultado a abrangência na capacidade leitora do aluno em textos

de diferentes gêneros da língua estrangeira. Concluímos que a pesquisa contribui para o

ensino de língua francesa, dando aos mestres e aos alunos uma metodologia que auxilia o

ensino do francês na habilidade leitora.

Pricilla Prazeres Oliveira de Morais (UERJ)

AS EMENTAS DO CURSO DE PORTUGUÊS/ESPANHOL DA UERJ

As atividades do grupo destinam-se a contribuir com o estudo sobre reforma curricular e o

perfil profissional do professor de língua estrangeira, em especial os formados no curso de

Letras Português/ Espanhol da UERJ. Tendo em vista a discrepância entre a formação

acadêmica do professor de língua e sua realidade profissional, o presente trabalho analisa

alterações nas ementas, programas e bibliografias relativas às disciplinas da habilitação em

Português-Espanhol definidas pelo processo UERJ nº. 5389/2005. Basearemo-nos nas

discussões propostas pelas teorias da Política Curricular e da Análise do Discurso e

entendemos a ementa como o elemento mais pontual do currículo e como seu instrumento de

ação, a vemos também como um gênero do discurso, com base em Bakhtin (1997) e como um

espaço interdiscursivo que apontam memórias discursivas do que é ser profissional professor

de língua (estrangeira), assim como, o que é língua e como ensiná-la.

Renata Duran de Vasconcellos Saldanha (Graduanda UFF)

PRÁTICAS DE ESCRITA E REESCRITA NA FORMAÇÃO INICIAL DE

PROFESSOR DE ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA.

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205

O pôster apresentará resultados de acompanhamento de pesquisa desenvolvida junto a turmas

de Língua Espanhola I e II, do curso de licenciatura em Letras, habilitação em Português-

Espanhol da Universidade Federal Fluminense. O presente trabalho, que integra pesquisas do

grupo Práticas de linguagem, trabalho e formação docente (UFF, CNPq), enfoca a questão do

ensino e da aprendizagem da escrita de espanhol como língua estrangeira (E/LE) em curso de

formação inicial de professores de E/LE. São objetivos da mencionada pesquisa: analisar

processos de produção escrita e reescrita desses alunos, futuros professores de espanhol como

língua estrangeira (E/LE), e ampliar discussões teórico-metodológicas voltadas para o ensino

e a aprendizagem dessa habilidade em E/LE que reflitam sobre questões de natureza

linguística (BOSQUE MUÑOZ; DEMONTE BARRETO, 1999; GÓMEZ TORREGO, 1997;

FANJUL, 2005;) e discursiva (MAINGUENEAU, [1998]; 2009; BAJTÍN, [1979] 2002;

CHARAUDEAU, P; MAINGUENEAU, 2005); b) aprofundar conhecimentos sobre o

processo da produção escrita em E/LE (OMAGIO, 1992); (c) aperfeiçoar o instrumento

didático utilizado na avaliação das produções escritas dos alunos de tais disciplinas, que tem

como finalidade, oferecer subsídios para a reescrita dos textos por parte dos alunos iniciantes

(SANT’ANNA, DAHER adaptação de OMAGIO, 1992); (e) garantir condições para que

esses alunos possam melhor avaliar o próprio processo de elaboração dos textos. Os

resultados desse trabalho têm propiciado novos encaminhamentos junto às disciplinas de

Língua Espanhola I e II, assim como modificações no instrumento adotado para a correção da

escrita e reescrita. No que se refere ao trabalho dos alunos dessas matérias, acredita-se que se

garanta uma compreensão dessa habilidade entendida como processo. E, com relação à

monitoria, sobretudo, propiciado reflexões necessárias ao desenvolvimento do futuro trabalho

como professor.

Renato Teixeira Rodrigues (Graduando UFMG)

ACTIVITÉS EXTRAS

O objetivo do pôster é expor algumas atividades além do método utilizado nas aulas de

línguas estrangeiras. Esses métodos podem ser jogos, música, filme, texto, imagens, etc. O

objetivo de utilizar tais materiais em aulas de língua estrangeira é de promover uma aula mais

interessante e atraente para o aluno, além de fazê-lo associar o conteúdo aprendido em uma

situação prática. Ou seja, para que assim o aluno saiba o que aprendeu e para quê aprendeu. É

importante lembrar que essas atividades extras não devem ser o centro do processo de

aprendizado, mas sim complementar ao método e à sequencia didática seguida pelo aluno.

Roberta Maranguape Olmos Coutinho (Graduanda UERJ)

FORMAÇÃO INICIAL E PRODUÇÃO ESCRITA EM ESPANHOL COMO LÍNGUA

ESTRANGEIRA: PROPOSTA DE REVISÃO ORIENTADA

A produção escrita em língua estrangeira requer que o aprendiz possa ter oportunidade de

refazer seus textos e rever suas diferentes versões para melhor adequá-los aos seus propósitos

enunciativos. Há vários modelos disponíveis para registrar no texto do aprendiz os

comentários de quem os lê e sugere alterações (Ruiz, 2010). Para este trabalho, optamos por

expor uma experiência em desenvolvimento no projeto de monitoria do curso de Letras,

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habilitação em Português/Espanhol. Essa experiência desenvolve-se a partir da correção de

produções escritas de alunos dos níveis iniciais da graduação, pelo monitor, com base em um

quadro de correção de produção escrita, no qual se encontram codificados em três blocos os

possíveis problemas identificados nos textos. Cada bloco recebe uma numeração sequencial e

uma codificação, que corresponde, respectivamente, a problemas identificados no nível da

frase e da palavra; do texto e do discurso (Koch; Vilela, 2001). O quadro passa

periodicamente por ajustes, quando se percebe a ausência de um item ou a necessidade de

rever outro(s). A partir dessa correção codificada, propõe-se que o aluno iniciante refaça sua

produção e, ao mesmo tempo, adquira um conhecimento inicial básico sobre os estudos

discursivos (Maingueneau, 2008) que proporcione os meios para uma reflexão sobre sua

própria produção escrita. Além disso, o projeto oferece ao aluno monitor a oportunidade de

aprofundar seus conhecimentos sobre produção escrita em língua espanhola e aplicar os

estudos discursivos ao campo do ensino-aprendizagem de língua estrangeira.

Simone Fonseca Gomes (Graduanda UFMG)

DO PORTUGUÊS AO FRANCÊS, DO FRANCÊS AO PORTUGUÊS:

INCORPORANDO A INTERCOMPREENSÃO NO ENSINO DO FRANCÊS PARA

BRASILEIROS.

Este trabalho propõe estratégias de incorporação de elementos da intercompreensão e da

linguística comparada no ensino do francês para brasileiros. Os estudos de linguística

românica vêm acumulando um vasto conhecimento sobre a origem e o desenvolvimento das

línguas românicas, sobre suas simetrias e assimetrias. A utilização desse conhecimento no

ensino dessas línguas surge, na contemporaneidade, como uma alternativa pedagógica e

metodológica inovadora e desafiadora. Muitas são as propostas que buscam viabilizar o

aprendizado plurilíngue baseadas nos princípios da intercompreensão entre as línguas

românicas, como os trabalhos de Schmidely, Ezquerra e González (2001); Araújo e Sá, De

Carlo e Antoine (2011). É notável também o trabalho desenvolvido por Jean-Pierre Chavagne,

criador do Galanet, plataforma cibernética de intercompreensão em línguas românicas. A

partir do contato com esses trabalhos, apresentamos uma proposta – simplificada, dada a

complexidade do tema – de incorporação de conhecimentos advindos da comparação entre o

francês e o português nos campos da fonética, da morfologia, do léxico e da sintaxe, no

ensino do francês para brasileiros. Acreditamos que o conhecimento, mesmo que superficial,

de semelhanças e diferenças linguísticas entre as duas línguas potencialize e dinamize o

aprendizado da língua francesa, na medida em que possibilita a incorporação de

conhecimentos da língua materna – o português – no processo de ensino-aprendizagem. Com

o intuito de viabilizar a proposta acima, estamos desenvolvendo um material didático, a ser

utilizado paralelamente ao manual adotado, que se constituirá em uma gramática comparada

simplificada português-francês adaptada para cursos de français langue étrangère (FLE). Este

trabalho, ainda em andamento, busca também elaborar atividades dinâmicas que possibilitem

trabalhar esses conteúdos de forma lúdica e interessante para alunos e professores.

Sthéphanie Soares Girão (Doutoranda UFAM)

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COMPREENSÃO DE TEXTOS EM LÍNGUA FRANCESA: UM INTERCÂMBIO

ENTRE A LEITURA E O FAZER TEATRAL

O teatro de expressão francesa exerce grande influência na sociedade brasileira e autores

como Molière, Racine e Rabelais têm seus textos largamente adaptados por grupos teatrais

manauaras. É do processo teatral a leitura dos textos a serem representados, o que acontece

geralmente com as versões em língua portuguesa, mas parte desse processo se desenvolve

com referência a técnicas e vocabulário da língua francesa, entretanto são raros os atores que

compreendem esse mesmo vocabulário, pois a maioria provém de escolas públicas, onde o

ensino da língua francesa não é mais oferecido. Por outro lado, o teatro – considerado a arte

que está mais próxima do público – traz consigo uma grande parte do processo

ensino/aprendizagem, pois a leitura do texto teatral exige do leitor uma participação ativa

(Anne Ubersfeld), recriando e transformando-o na sociedade. É essa transformação que o

acadêmico passa a conhecer quando está inserido no universo artístico, desenvolvendo sua

consciência crítica, analisando os papéis que o teatro exerce na sociedade, assim como o texto

do teatro alógico, onde o humor é mais espiritual, uma arma contra os clichês que dominam a

vida inteira (Rosenfeld). Desta forma, o presente projeto busca preencher essas lacunas tanto

na formação do ator quanto na formação do acadêmico, criando um intercâmbio entre a leitura

e a prática teatral, estreitando os laços entre ensino e arte.

Suzana Darlen dos Santos Santaroni (Doutoranda UERJ)

A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE LÍNGUA FRANCESA NA ESCOLA À LUZ

DOS ESTUDOS SEMIÓTICOS

Este trabalho tem como objeto de estudo o uso do texto em suas variadas formas de expressão

dentro da sala de aula. O estudo aqui apresentado visa construir estratégias de interpretação,

depreendendo os elementos, que possibilitam um maior aprofundamento na leitura do aluno,

pelo uso de ferramentas metodológicas concebidas pela semiótica francesa. A metodologia

utilizada consiste na observação de uma turma composta por crianças na faixa etária de onze

anos, para depreender do comportamento dos alunos, fatores que favoreçam a aplicação de

atividades, pautadas nos conceitos básicos da semiótica, que devem ser exemplificados com

textos do cotidiano. Greimas (Apud Fiorin, 2006) definiu o texto como objeto de estudo e

para isso concebeu o percurso gerativo de sentido, que é o aparato metodológico da análise. O

trabalho apresenta uma pesquisa pautada na observação do processo de ensino e

aprendizagem, durante a leitura de textos de língua francesa na escola. Podemos concluir, que

as ferramentas metodológicas semióticas contribuem dando ao aluno um caminho

interpretativo, através do caminho gerativo de sentidos – é o percurso ou processo que

fazemos, recuperando por meio de um simulacro metodológico o percurso de produção de

sentido, descrever e interpretar o sentido de um texto -, auxiliando o aluno no seu processo

interpretativo. Temos como resultado a abrangência na capacidade leitora do aluno em textos

de diferentes gêneros da língua estrangeira. Concluímos que a pesquisa contribui para o

ensino de língua francesa, dando aos mestres e aos alunos uma metodologia que auxilia o

ensino do francês na habilidade leitora.

Thatiane Rosa de Oliveira (UFMG)

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REFLEXÕES ACERCA DAS CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO EDUCONLE

(EDUCAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE LÍNGUA ESTRANGEIRA)

PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA

COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA.

Este trabalho tem a finalidade de refletir sobre as contribuições da Formação Continuada para

professor de língua inglesa vivenciada ao longo de efetiva participação no Projeto:

“Educonle” Educação Continuada para Professores de Língua Estrangeira da UFMG. Esse

projeto de extensão, acima mencionado envolve pesquisa, ensino e integra o Programa

Interfaces da Formação em Línguas Estrangeiras da Faculdade de Letras da UFMG. O

trabalho foi desenvolvido através da reflexão sobre alguns tópicos abordados no projeto, tais

como: ensino das habilidades comunicativas de forma integrada, descrição de aula ministrada,

orientações recebidas sobre análise para escolha do livro didático, Programa Nacional do

Livro Didático (PNLD 2011/Ensino fundamental) depoimento amostral de alunos de uma

escola da rede pública referente ao processo de aprendizagem da Língua Inglesa através da

utilização do livro didático. O trabalho aborda ainda o “Learning Weaving” que consiste em

uma pesquisa em grupo em que os professores enquanto aprendizes, em questão, investigaram

o processo de autonomia no aprendizado de língua inglesa como segunda língua, além da

prática de manutenção de registros através do gênero textual, portfólio. Dentre outros aspectos

significativos o trabalho demonstra como foi proporcionada aos professores a capacitação

metodológica referente ao ensino de língua inglesa e linguística para aprimoramento de uso

da língua-alvo enquanto aprendizes. Dentre as conclusões apresentadas, destaca-se a

necessidade da inserção de Cursos de Educação Continuada na agenda de universidades e

órgãos públicos voltados para a educação, uma vez que essa conduta pode vir a trazer

melhorias para o ensino e aprendizado de alunos e professores.

Thaynam Cristina Maia dos Santos (Graduanda UFPA)

LA ENSEÑANZA DE ESPAÑOL PARA ALUMNOS EN RIESGO SOCIAL

Sabemos que uno de los principales desafíos relacionados a la educación, de una manera

general, es la cuestión de la calidad. Por ello, se ha implantado en Belém/PA el Proyecto

Guamá Bilingüe en Diez Años, subsidiado por UFPA –Universidad Federal de Pará– a través

del PAPIM –Programa de Apoyo a Proyectos de Intervenciones Metodológicas– que busca

incentivar y apoyar el desarrollo de actividades y experimentos que acrescente métodos y

técnicas innovadoras y eficaces en el proceso de enseñanza y aprendizaje y está situado en la

Pro-Rectoría de Enseñanza y Graduación (PROEG). El proyecto Guamá Bilingüe está

direccionado a la enseñanza de lengua española a adolescentes entre 15 y 18 años que vivan

y/o estudien en el barrio del Guamá, el más grande y uno de los más violentos y carentes de la

ciudad. En su ámbito, el proyecto trabaja con una metodología basada en las teorías del

aprendizaje significativo de David Ausubel y en el pensamiento analógico. Al facilitar el

acceso a la comprensión, la analogía, o, como dicen diversos autores apud Lawson &

Lawson2, el insight analógico, acorta el camino entre lo que se sabe y lo que se espera saber.

Además de enseñar español, el uso de analogías está convirtiéndose en un instrumento de

cambio personal y educacional. Todo el material es inédito y centrado en el entrenamiento de

los profesores que trabajan con alumnos de riesgo y que poden ponerse violentos. Así que

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todo el proyecto tiene el intuito de disminuir los índices de riesgo socio-educativos de jóvenes

de este barrio además de enseñar español.