CADERNO PEDAGÓGICO AVALIAÇÃO E CONSELHO …€¦ · · 2008-12-21SECRETARIA DE ESTADO DA...
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CADERNO PEDAGÓGICO
AVALIAÇÃO E CONSELHO DE CLASSE
LONDRINA2008
ORGANIZAÇÃO
GOVERSO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
AUTORIA E ORIENTAÇÃO
APARECIDA DO CARMO RIBEIRO FAVERO AUTORA E ORGANIZADORA ÁREA DE PEDAGOGIA
ELZA NICE DE SOUZA SILVA ILUSTRADORA
Drª MÁRCIA BASTOS DE ALMEIDAORIENTADORA
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer, primeiramente, a Deus que me guiou com
sabedora em todas as etapas do processo de construção desse material; em segundo
lugar à minha família que colaborou de todas as formas possíveis, inclusive encorajando-
me nos momentos de desânimo e principalmente às minha filhas Adriele, Ana Clara e Ana
Carolina que foram privadas de meu convívio e de muitos momentos de lazer em
decorrência da demanda de tempo necessário aos meus estudos; gostaria ainda de
agradecer a todos que direta ou indiretamente colaboração para meu sucesso nessa
empreitada.
Gostaria também de agradecer a todos os professores (disciplinas
gerais e específicas) da Universidade Estadual de Londrina que contribuíram para que
hoje eu pudesse estar realizando essa produção escrita, na medida em que propiciaram o
aprofundamento teórico-prático e reflexões enriquecedoras:
Adriana Medeiros de Farias Ana Lucia F. Aoyama
Angela Farah Marçal Arli Ramos de Oliveira
Doralice Aparecida Paranzini Gorni Edmilson Lenardão
Elsa Maria M. P. Pullin Fabiane Cristina Cordeiro
Gilmar Altran José Miguel Arias Neto
Juarez Gomes Laudicena de Fátima Ribeiro
Lourenço Zancanaro Luiz Carlos Migliozza F. De Mello
Marcia Bastos de Almeida Marleide Perrude
Neusi Aparecida Navas Berbel Nilza Maria Diniz
Rosângela Volpato Sérgio de Mello Arruda
Silvia Alves dos Santos Silvia Marcia Ferreira Meletti
Silza Maria Pasello Valente Verônica Bender Haydu
Zuleika Aparecida Claro Piassa Wendel Fiori de Farias
SUMÁRIO
Prefácio
Introdução – Escola e sociedade................................................................................. 03
Texto 1 – A evolução... trabalho, educação e avaliação............................................. 00
Texto 2 – A avaliação na escola.................................................................................... 00
Texto 3 - Conselho de Classe caminhos e “des”caminhos........................................00
Texto 4 - A prática avaliativa da escola hoje............................................................... 00
Texto 5 - Tipos de avaliação... quando e como devem ser utilizadas........................00
Texto 6 - Critérios e instrumentos de avaliação – por que avaliar e como fazê-lo... 00
Considerações Finais - ...................................................................................................00
Referências Bibliográficas- ......................................................................................... .00
PREFÁCIO
O presente trabalho é o resultado de uma das etapas propostas pelo
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, ofertado pela Secretaria de Estado da
Educação do Paraná. Programa inovador que tem por objetivo a formação continuada dos
profissionais da educação, em parceria com as Instituições de Ensino Superior.
O programa está organizado em três eixos: atividades de pesquisa,
atividades de aprofundamento teórico-prático e atividades didático-pedagógicas com a
utilização de suporte tecnológico. Dentro da pesquisa, foi elaborado um projeto de
intervenção pedagógica a ser implementado na escola de atuação do profissional. No
momento está sendo elaborado a produção didático pedagógica que direcionará essa
implementação junto aos professores que ali atuam e, posteriormente, será escrito um
artigo científico sobre os resultados da implementação.
Enquanto pedagoga da rede, a participação nos cursos, seminários,
simpósios, encontros de área, jornadas pedagógicas e grupos de estudos, dentro do
Programa, tem proporcionado momentos de reflexão sobre a prática, bem como a
ampliação e o aprofundamento dos conhecimentos necessários à organização do trabalho
pedagógico.
No exercício da função, tenho observado que cada vez mais os
espaços do Conselho de Classe tem sido utilizados para aprovação de alunos que não
conseguiram atingir a média necessária à aprovação, ou seja, não conseguiram se
apropriar dos conteúdos mínimos essenciais, para que seja possível prosseguir no
processo de escolarização, sem perder qualidade. Esse espaço tem sido pouco utilizado
para refletir sobre o trabalho pedagógico, desenvolvido com esse alunos no transcorrer do
ano letivo, para sanar suas dificuldades ou discutir os encaminhamentos metodológicos
adotados para tal finalidade.
Ao retomar as questões referentes ao Conselho de Classe e
inevitavelmente, sobre avaliação, esse trabalho se propõe a desencadear um amplo
processo de reflexão e de estudos sobre concepções de avaliação, destacando o
processo histórico que está presente nessa prática, buscando as contradições e
equívocos teóricos que permeiam a prática avaliativa utilizada pelos professores.
Aparecida do Carmo Ribeiro Favero
INTRODUÇÃO
Escola e sociedade
Em cada momento histórico a escola
constrói uma resposta a ele, tornando-se
expressão da sociedade na qual está
inserida. Atualmente, são grandes e
profundas as transformações sociais que
estão interferindo no cotidiano escolar,
afetando direta ou indiretamente a
organização do trabalho pedagógico dos
professores, a concepção de formação
escolar e o significado da função social da
escola.
Na medida em que os avanços científicos
estão assumindo uma função mais
consistente na aquisição de
conhecimentos e informações, o papel do
professor no processo de ensino e de
aprendizagem vem perdendo terreno para
os meio tecnológicos.
Embora grandes transformações estejam
ocorrendo na sociedade, dentro da
escola, nas salas de aula é possível
observar que o ritmo não é o mesmo.
Assim, o professor perdeu a função de
transmitir conhecimentos e a escola não
dá conta de acompanhar essas
mudanças. Dentro do espaço escolar não
cabe mais a visão da escola tradicional
como espaço de transmissão de
conteúdos necessários para a promoção
e ascensão social.
Hoje a finalidade dos conteúdos esta
focada na integração e na aplicabilidade
teórico-prática no dia-a-dia. Juntos,
professor e aluno devem descobrir para
que servem os conteúdos científicos-
culturais propostos pela escola. Os
indicadores de aprendizagem devem ser
demonstrados através do domínio teórico
do conteúdo e no seu uso em função das
necessidades sociais a que devem
responder.
Abram na página 23. Vejam a
classificação dos animais.
Dessa forma, o conhecimento escolar
deve ser apropriado teoricamente como
elemento fundamental na compreensão e
na transformação da sociedade. Isso
implica trabalhar os conteúdos de forma
contextualizada em todas as áreas do
conhecimento, considerando que os
conhecimentos são produções históricas
de como os homens conduzem sua vida
nas relações sociais do trabalho em cada
modo de produção, nas dimensões
conceituais, científicas, históricas,
econômicas, ideológicas, políticas,
culturais e educacionais.
Enquanto elemento presente no processo
de ensino e de aprendizagem, os
conhecimentos científicos devem ser
explicitados, apreendidos, reconfigurados
e reconstruídos dentro das novas
condições de produção da vida humana,
respondendo tanto de forma teórica,
como de forma prática, aos novos
desafios que se apresentam.
Além dos aspectos referentes aos
avanços tecnológicos, também as
mudanças nas políticas educacionais, as
tentativas de tornar a escola mais
democrática e inclusiva, os modismos,
ciclo básico, o trabalho por habilidades e
competências, projetos inovadores,
porém, implantados sem embasamento
teórico, acabaram por contribuir para a
perda de sentido ou mesmo de função da
escola.
Para dar conta de ser professor, dentro
desse panorama que ora se apresenta,
faz-se necessária a implementação
prática de uma pedagogia que consolide
os acertos e promova o aperfeiçoamento
dos aspectos que precisam ser
aprimorados, através de um amplo
processo de reflexão, discussão e
experimentação, na busca da
democratização do ensino e de saídas
para os impasses em educação.
Dessa maneira, segundo Gasparin:Os conhecimentos científicos necessitam, hoje, ser reconstruídos em suas pluri determinações, dentro de novas condições de produção da vida humana, respondendo, quer de forma teórica, quer de forma prática, aos novos desafios propostos (2007, p.3).
De acordo com essa idéia é possível
perceber que a função socializadora
presente nas práticas escolares, nos
conteúdos, nos programas e nas
atividades escolares vai muito além de
sua função formal. Assim, de acordo com
Dalben:
O pressuposto básico que norteia todo o trabalho é o de que a apropriação da escola pelos sujeitos que a constituem, segundo uma concepção crítica de educação, passa necessariamente pela apropriação críticas de suas relações sociais, processo que se dá por meio das lutas pela conquista do controle da organização de seu trabalho (2004, p.14).
Atividades
Atividade I - Estudo de outras fontes
Texto Complementar: GASPARIN, João
Luiz. Uma Didática para a Pedagogia
Histórico-crítica. 4.ed. rev. e ampl.
Campinas, SP: Autores Associados, 2007
– (Coleção Educação Contemporânea). p.
1-11.
Atividade II - Com base nos textos
analise a realidade educacional e o papel
da escola dentro desse contexto. Discuta
com o grupo encaminhamentos ou
medidas podem ser adotadas para
resgatar e/ou redimensionar o papel da
escola e do professor.
TEXTO 1
A evolução... trabalho, educação e
avaliação
O ser humano é o único animal que
precisa da intervenção do outro para
sobreviver. Precisa aprender a fazer a
leitura da realidade tanto objetiva, como
subjetiva. para a partir dela, ter a
possibilidade de tomada de consciência. A
formação humana é a responsável por
esse processo e se realiza independente
do processo de escolarização
ou da escola.
O processo de humanização
teve início nos primórdios da
civilização, com o
desenvolvimento da
comunicação, da linguagem,
do registro, da preservação da
memória, da transmissão dos
conhecimentos de uma
geração a outra, até chegar ao
desenvolvimento das ciências
e da produção do
conhecimento.
Para construir sua história e
sobreviver o homem precisou
transformar intencionalmente a
natureza, através de
instrumentos e da ação, que é
o trabalho. Segundo Ciavatta:
Nesse intercâmbio com a natureza, o ser humano produz os bens de que necessita para viver, aperfeiçoa a si mesmo gera conhecimento, padrões culturais, relaciona-se com os demais e constitui a vida social [...] O ser humano cria e recria os elementos da natureza que estão ao seu redor e lhes confere novas formas, novas cores, novos significados [...] A produção da existência humana e a aquisição da consciência se dão pelo trabalho, pela ação direta sobre a natureza. O trabalho é a atividade fundamental pela qual o ser humano se humaniza, se cria, se expande e se aperfeiçoa (S/D)
Ao adquirir os conhecimentos produzidos
socialmente os indivíduos se humanizam,
uma vez, que o currículo das
aprendizagens humanas são aquelas
vivências que propiciaram a evolução
humana, através da demanda de
habilidades que foram desenvolvidas
nesse processo. A instrumentalização é
gradual e necessária á conquista da
autonomia. Portanto, a escola, ao aprovar
um aluno está certificando que o mesmo
se apropriou (aprendeu) de todos os
conhecimentos ensinados até então.
Ao falar em aprovação, torna-se
imprescindível falar de avaliação. Muitos
educadores têm enfrentado sérios
problemas ao desenvolver o trabalho
pedagógico, em decorrência dos novos
conceitos e novas relações que a
avaliação escolar tem assumido nesse
momento histórico atual.
O sistema de avaliação adotado hoje é
resultado de um longo processo histórico.
Baseado em estudo realizado por Lima
(2008)1 é possível verificar que através
dos tempos a avaliação serviu a
interesses diversos. Na antiguidade, em
algumas tribos os adolescentes deveriam
passar por provas, antes de serem
considerados adultos. Na China, 360 a.C.
os exames tinham a finalidade de
selecionar candidatos ao serviço público.
O texto bíblico, no livro dos Juízes 12:5,7
1 João do Rozário Lima. O processo histórico da avaliação. Disponível em www.cpcon.eng.br. Acesso em 08/06/2008.
faz referência ao exame oral.
Em Esparta, entre os gregos, as provas
eram físicas e de resistência, através de
jogos e competições.
A argüição ou questionamentos orais,
ainda utilizados na escola, tiveram origem
em Atenas, com a maiêutica (processo de
conceituação) de Sócrates.
Na idade média, período marcado pela
expansão da espiritualidade e da fé, com
predomínio do modelo tradicional, dos
dogmas, os pensamentos mais
valorizados pela escola eram a atenção, a
memorização e a repetição. Por volta do
ano de 1225, dá se o surgimento das
universidades com a finalidade de formar
professores.
O humanismo surge no Renascimento. O
humanismo cristão traz grande
contribuição para a avaliação através da
orientação psicológica, que buscava
atender as diferenças individuais do aluno
de forma a prepará-lo para a vida a partir
de seus interesses, necessidades e
aptidões. Já o humanismo pagão que
mais tarde daria origem ao pensamento
moderno, exaltava a individualidade
humana.
Na idade moderna, a difusão dos escritos
da antiguidade e a invenção da imprensa
contribuíram para o desenvolvimento das
atividades intelectuais, além da fundação
de escolas (religiosas) e criação de
bibliotecas. O principal foco da avaliação
está na argüição e nos exames orais.
Na Idade Contemporânea, final do século
XVII, o Estado absorve a educação da
criança, surge então a necessidade de
construir um sistema educativo,. Surgem
as correntes pedagógicas e com elas os
exames institucionalizados. Surgem duas
vertentes: a Didactica Magna, de
Comenius que vê no exame um lugar de
aprendizagem e de verificação da mesma
(dimensão pedagógica) e o Guia das
Escolas Cristãs, de La Salle que propõe o
exame como supervisão permanente
(controle do ensino), cujos resultados
eram usados para reprimendas ou
estímulos (dimensão de controle).
A avaliação como sinônimo de provas e
exames foi trazida ao Brasil pelos
Jesuítas.
Atividades
Atividade I - Estudo de outras fontes
Texto Complementar: HAYDT, Regina
Cazaux. Avaliação do Processo Ensino-
aprendizagem. 6. ed. São Paulo: Ática,
1997. p. 76-94.
Atividade II - Com base nos textos
estudados, analise o processo histórico
da avaliação e trace um paralelo com a
avaliação realizada no momento atual.
TEXTO 2
A avaliação na escola
A escola como uma instituição social
encontra-se em constante processo de
mudança, de renovação de valores,
princípios, conteúdos, perspectivas e
paradigmas. Já se conseguiu muitos
avanços em educação, na busca da
democratização do ensino e da
escolarização básica com qualidade,
principalmente no que se refere ao
acesso, porém na instituição escolar
ainda existem entraves históricos que se
refletem negativamente nesse processo
de construção. O principal, ou pelo
menos, o mais importante refere-se ao
processo de avaliação.
Para usufruir dos bens construídos pela
sociedade, os indivíduos necessitam da
escolarização, do domínio da leitura, da
compreensão do que se lê, tanto para
atos simples, como para atos mais
complexos que exijam níveis maiores de
abstração e co,preensão dos processo de
produção, dentro do qual .estão inseridos.
Daí, a importância de garantir a todos a
possibilidade de ingresso no processo de
escolarização para instrumentalizar e
ajudar np movimento dentro desta
sociedade.
Porém, não basta ter o direito de acesso,
é necessário garantir a permanência com
sucesso, ou seja, a terminalidade. Para
isso é imprescindível modificar os dados
Bem, vamos lá! Como não estão
interessados, vamos fazer uma prova,
agora?
Que filme vai passar hoje em Tela quente?
O que vocês vão
fazer à tarde?
da evasão e repetência escolar, onde de
cada 1000 crianças que ingressam na 1ª
série do Ensino Fundamental, apenas 7
conseguem chegar à universidade. De
acordo com Luckesi:
Será democrática a escola que possibilitar a todos os educandos que nela tiverem acesso uma apropriação ativa dos conteúdos escolares. Ou seja, se uma criança se matricula na escola, ela tem o objetivo de conseguir aprender conteúdos que desconhece, ela pretende levar seu patamar de compreensão da realidade. Para tanto, a prática escolar e, consequentemente, a prática docente deverão criar condições necessárias e suficientes para que essa aprendizagem se faça da melhor forma possível. Isso significa que a prática escolar e docente desenvolverão meios efetivos pelos quais os educandos, de fato, aprendam os conteúdos que estão sendo propostos e ensinados ( 2006, p. 65)
O primeiro passo para modificar essa
situação é instituir na escola e entre os
educadores um espaço para reflexão, de
avaliação da prática pedagógica, de
questionamentos acerca das condições
de trabalho, das funções de cada
instância responsável pelo processo, das
concepções de ensino e de avaliação
predominantes e do papel da avaliação e
dos sujeitos dentre desse contexto.
Da mesma forma que a escola esta
intrinsecamente ligada a um contexto
histórico, também a avaliação passou por
momentos de avanços e retrocessos. Nas
últimas décadas vem sendo valorizada
tanto como objeto de estudos, como
instrumento de melhoria e de
transformação da realidade.
A avaliação passou por etapas distintas,
de acordo com Dias Sobrinho (2003)2, no
final de século XIX e início do século XX,
caracteriza-se exclusivamente pela
elaboração e aplicação de testes para
medir ou mensurar as capacidades
mentais e físicas, mais voltados à
psicologia. Binet e Rice sistematizaram
testes de inteligência e de ortografia na
escola e Thorndike desenvolveu
instrumentos escolares de medidas. Esse
modelo de avaliação mensurável foi
absorvido pelo positivismo, onde há um
grande privilégio das diferenças
individuais.
No início do século XX, a avaliação
começa a desenvolver-se como prática
aplicada à educação, porém ainda ligada
à área da psicologia (aprendizagem) e à
cultura dos testes e medidas de
verificação, mensuração e quantificação
da aprendizagem dos alunos, Nesse
momento é concebida exclusivamente
como técnica, utilizando-se de escalas de
classificação e de instrumentos técnicos,
sem considerar os aspectos subjetivos
humanos, as emoções e os valores.
É somente com Ralph Tyler (1934), pai da
2 José Dias Sobrinho. Avaliação, políticas educacionais e reformas da educação superior. São Paulo: Cortez, 2003.
avaliação educacional e fundador da
avaliação curricular, que a avaliação
adquire uma conotação de racionalização
científica, marcada pelos objetivos
educacionais, se preocupando com o
desenvolvimento curricular e com as
instituições.
A avaliação constitui-se num instrumento
para a regulação do conhecimento e
formas de adquirí-lo, define os
comportamentos desejados, controla os
cumprimentos e aplica as sanções ou
prêmios, de acordo com os resultados.
A característica da avaliação passa a ser,
descrever padrões e critérios relativos ao
sucesso ou fracasso de objetivos
previamente estabelecidos, ou seja,
busca de maneira experimental
determinar, ao final do processo de
ensino, se o aluno é capaz de demonstrar
a realização dos objetivos previstos.
Assim, caracteriza-se num instrumento
para diagnosticar quantitativamente a
rentabilidade e a eficiência da escola, dos
processos pedagógicos e administrativos.
Nos anos 70, nos EUA, em decorrência
das políticas de financiamentos públicos
que se refletem nas políticas educacionais
implantadas no país, que tem como ponto
de partida a crença de que as escolas
produzem baixos rendimentos, torna-se
necessário avaliar não somente os
alunos, mas os professores, as escolas,
os conteúdos, as metodologias, e as
estratégias de ensino, entre outros
aspectos. Esse período é chamado de
Realismo, ainda com enfoque positivista
(quantitativo), mas também
fenomenologista (qualitativo). Surge a
avaliação formativa, que tem como centro
a tomada de decisão, vinculada à
melhoria de cursos, organização dos
estudantes e regulação administrativa. No
Brasil, foi bastante utilizada somente nos
anos 90, por agências financiadoras e
apoiada pelos governos.
Após os anos 70 ocorre o período do
profissionalismo, quando a avaliação
amplia-se para além das salas de aula e
das instituições educacionais, com o
surgimento da avaliação da avaliação e
extensa produção teórica e acadêmica
voltada ao tema. A avaliação torna-se
campo de estudos, constituindo-se como
prática política e pedagógica.
Historicamente, houve uma ampliação
gradativa não só do foco, mas também do
objeto, do processo, das funções e do uso
da avaliação. Inicialmente, parte do
indivíduo e sua capacidade, passa pelos
objetivos, pela abrangência de um
programa, uma instituição ou determinada
política pública e até um governo. Evoluiu
de mensuração, para medida,
observação, descrição da realidade, até
análise crítica e tomada de decisão.
Atividades
Atividade I - Estudo de outras fontes
Texto Complementar: OLIVEIRA, Thelma
Alves. et al. Cadernos temáticos:
avaliação institucional. Curitiba: SEED –
PR, 2004. p. 1-10.
Atividade II – Faça uma retrospectiva de
sua caminhada escolar e levante os tipos
de avaliação, às quais foi submetido e
quais as lembranças positivas ou
negativas, desse processo, você carrega
em sua prática.
Atividade III - Leia o Projeto Político
Pedagógico e o Regimento Escolar da
escola, no que se refere à avaliação e
confronte teoria e prática, apontando
aspectos do documento que precisam ser
revistos ou colocados em prática.
Atividade IV – Faça um comentário sobre
a citação de Luckesi, apontando
caminhos possíveis para concretizar esta
proposta de escola democrática, partindo
dos meios que existem na prática
Conselho de Classe 1° N H - 2007 Análise do aluno José da Silva
TEXTO 3
Conselho de Classe caminhos e “des”caminhos
Como a avaliação, também o Conselho
de Classe teve um processo histórico que
resultou no modelo, organização e
características cujo reflexo é vivenciado
hoje nas escolas brasileiras. Dalben
(2006)3, pesquisou escassa bibliografia
sobre a origem do Conselho de Classe e
relata que essa instância teve origem na
França, por volta de 1945, em decorrência
da necessidade de um trabalho
3 Ângela Imaculada Loureiro de Freitas Dalben. Conselhos de Classe e Avaliação: perspectivas na gestão pedagógica da escola. 3.ed. Campinas, SP: Papirus, 2004 – Coleção Magistério Formação e Trabalho Pedagógico.
interdisciplinar, com classes
experimentais.
Após a reforma educacional de 1959, que
buscava organizar um sistema escolar
baseado na observação contínua e
sistemática dos alunos, visando oferecer
ensino que correspondesse aos gostos e
aptidões de cada um, foram instituídos
três tipos de conselho: Conselho de
Classe (âmbito da turma), Conselho de
Orientação (âmbito da escola) e Conselho
Departamental de Orientação (esfera
mais ampla).
Nesse período o sistema educacional
francês era dualista: clássico ou técnico,
assim o Conselho de Classe, tinha por
finalidade emitir pareceres, sendo dirigido
É aquele que está sempre
com as meninas.
O que senta
perto da porta?
para a seleção e distribuição dos alunos
numa dessas modalidades, conforme as
aptidões e o caráter observados. Os
pareceres eram encaminhados aos
Conselhos de Orientação, a quem era
caberia informar os resultados, às
famílias.
Nesse período a atuação pedagógica
desses conselhos era centrada na
avaliação classificatória, que determinava
a vida futura do aluno, atuação dirigida
para os objetivos do sistema de ensino
vigente naquele momento.
No Brasil essa experiência teve início no
Colégio de Aplicação da Universidade
Federal do Rio de Janeiro e foi trazida
após ser acompanhada por alguns
brasileiros que conheceram o sistema
francês (1958). E só foi aceita, pois já
havia um processo de desenvolvimento
de um ideário pedagógico, de valorização
das idéias, do atendimento
individualizado, do estudo em grupos e de
reunião dos profissionais para discutir o
atendimento aos alunos (tendência
escolanovista da educação), sugerindo
uma organização que valoriza o trabalho
coletivo, a discussão, a busca e a criação
de novos métodos.
Foi somente com Lei N° 5692/71, com
orientação pragmática e tecnicista, que
define uma nova estrutura para o sistema
educacional brasileiro, que houve uma
expansão formal do Conselho de Classe,
que até então não era ainda instituído na
escola. Essa lei estava atrelada às
necessidades econômicas e às
exigências do mercado de trabalho, que
buscava operacionalizar os valores
sociais de uma sociedade industrial, em
expansão e transformação.
Já nesse período, o Conselho de Classe
apresenta caráter de avaliação do
rendimento escolar, em equipe (professor,
especialista e alunos), onde se buscavam
caminhos para a solução dos problemas,
com liberdade e autonomia de discussões
quanto à forma de ação do coletivo dos
professores. Nesse contexto se propõe
total liberdade aos profissionais do
ensino, quanto à definição de critérios,
formas e instrumentos de avaliação.
Hoje, o Conselho de Classe é um órgão
colegiado, presente na organização das
escolas, onde os vários professores, das
diversas disciplinas, juntamente com a
equipe pedagógica (diretor e pedagogo)
reúnem-se para refletir e avaliar o
desempenho pedagógico dos alunos das
diversas turmas, séries ou ciclos, ou seja
nesse espaço são demonstrados os
rendimentos (entendido aqui como
resultados, sucessos, desenvolvimentos,
avanços, fracassos, necessidades,
dificuldades) do aluno em relação ao
trabalho desenvolvido em sala de aula.
Dessa forma, é um dos poucos espaços,
dentro da escola, que permite a
discussão do ensino e da aprendizagem
de forma integrada.
Enquanto órgão deliberativo, decide sobre
objetivos de ensino a serem alcançados,
sobre o uso de metodologias e estratégias
de ensino, os critérios de seleção dos
conteúdos curriculares (estruturantes),
projetos de ensino e de atividades, sobre
as formas, critérios e instrumentos de
avaliação a serem utilizados, as formas
de acompanhamentos do aluno em sua
trajetória escolar, os critérios para análise
do desempenho do aluno ao final de
determinado período, as formas de
registro do desempenhos e
acompanhamento, bem como de
comunicação desses resultados,
propostas alternativas para alunos com
dificuldades específicas e ainda sobre as
adaptações curriculares para alunos com
necessidades educacionais especiais.
O Conselho de Classe é um importante
instrumento de análise da relação
professor-aluno e da ação pedagógica
propriamente dita, além de se configurar
num importante instrumento de avaliação
que deve priorizar a observação
constante dos alunos e seus
desempenhos, pelos professores e equipe
técnico-pedagógica, de forma a fornecer
subsídios que ajudam na melhoria do
processo de ensino e de aprendizagem. A
função do Conselho de Classe vai muito
além de reprovar ou não, trata-se de
encontrar os pontos de dificuldades do
aluno, os problemas referentes à atuação
do professor, os resultados das
estratégias de ensino e/ou de avaliação
utilizados, a adequação da organização
curricular e a organização escolar como
um todo.
Porém, ao longo da história dos
Conselhos de Classe, o que se observa
na maioria das vezes que estes se
caracterizam como momentos em que os
profissionais constroem uma fotografia da
turma, verbalizando resultados numéricos,
com diálogos vazios de conteúdos
pedagógicos, sem discussão acerca dos
critérios utilizados na definição das notas,
dos conteúdos selecionados, das
metodologias, das atividades ou dos
procedimentos de ensino utilizados, onde
os problemas recaem sobre a falta de
estudos, de disciplina e de interesse por
parte do aluno. Segundo Dalben:
Nesse contexto, o papel político dos Conselhos de Classe era o de reforçar e legitimar os resultados dos alunos, como veredictos finas, acabados, já fornecidos pelos professores e registrados em seus diários. Os próprios professores não trocavam suas ansiedades e dificuldades com o trabalho docente, não discutiam entre si as diferenças de posicionamento, e tudo transcorria numa relação individualizada e de isolamento profissional” (2004, p. 36).
Atividades
Atividade I - Considere a vivência que
tem sobre o Conselho de Classe para
responder as questões: Para você, o que
é o Conselho de Classe e para que
serve? Você considera importante
participar das reuniões de Conselho de
Classe? Dê sugestões para melhorar o
Conselho de Classe realizado na escola.
Atividade II - Estudo de outras fontes
Texto Complementar - Ângela Imaculada
Loureiro de Freitas Dalben. Conselhos de
Classe e Avaliação: perspectivas na
gestão pedagógica da escola. 3. ed.
Campinas, SP: Papirus, 2004 – Coleção
Magistério Formação e Trabalho
Pedagógico. p. 21-39.
Atividade III – Com base nos textos
estudados, analise o Projeto Político
Pedagógico e o Regimento Escolar da
escola, no que se refere ao Conselho de
Classe, discuta com o grupo e aponte
possíveis soluções, no sentido de fazer
com que o Conselho de Classe atinja o
propósito a que se destina.
imagem dos modelos
TEXTO 4
A prática avaliativa da escola hoje
O que diferencia o ser humano dos
demais seres vivos é a razão, isto é, a
capacidade de antever ou prever suas
ações, ou seja, refletir, planejar, avaliar,
reavaliar, mudar e agir em função dessa
previsão Portanto, podemos dizer que
estamos avaliando, constantemente,
desde o momento em que passamos a ter
o domínio da linguagem e ter interação
com o meio e com o outro, assim,
estamos em permanente processo de
aprendizagem. Conforme Hoffmann:
Se falamos em avaliação dos nossos atos diários, da nossa situação humana, isso significa refletir para mudar, para tentar melhorar nossas vidas. Fazemos isso todo o dia, todo o tempo, sem programações ou registros formais sobre nossos descaminhos até então. Tentamos várias vezes descobrir melhores soluções para um determinado problema e amadurecemos a partir de algumas tentativas frustradas (2003, p. 147)
As mudanças ocorridas na educação
exigem mudanças na prática avaliativa e
que se busque uma educação de
qualidade, isso significa que o sistema
educativo e os educadores devem fazer
com que o aluno aprenda e se desenvolva
individual e coletivamente, garantindo o
acesso, a permanência e o sucesso,
mesmo sabendo que nem sempre essas
práticas condizem com a teoria, É
importante refletir sobre as ações
pedagógicas , em que elas podem
contribuir e quais as conseqüências, na
escola hoje. Para essa autora:
Muitos fatores dificultam a separação da prática tradicional. Já tão criticadas. Mas. dentre muitos, desponta sobremaneira a crença dos educadores de todos os graus de ensino, na manutenção da ação avaliativa classificatória como garantia de um ensino de qualidade. Que resguarde um saber competente dos alunos (ibid, p. 11).
Assim, vemos que a avaliação, na maioria
das vezes, tem sido utilizada muito mais
com o objetivo de quantificar o que aluno
aprendeu, do todo que lhe foi transmitido.
Embora, saibamos que o processo de
avaliação deve levar em conta três
aspectos: conhecer o nível de
desempenho inicial do alunos; analisar o
progresso, comparando esse nível com o
atual, considerando o que é essencial e
importante ser aprendido e desenvolvido
ao longo do processo educativo; realizar a
tomada de decisões, é o que possibilita
atingir os resultados esperados.
Essa crença de que a avaliação está
interligada às notas ou conceitos também
está muito presente na sociedade, que
não realiza o exercício de refletir como o
conhecimento é produzido. Dessa forma,
é pela rotinização e repetição dos
encaminhamentos convencionais que a
escola acaba reproduzindo o processo de
avaliação, assim, mais do que nunca, é
necessário que os educadores tomem
consciência sobre o significado dessa
manutenção e consigam se ver no
processo avaliativo. Ainda, segundo
Hoffmann:
os professores tendem a ser menos exigentes do que tradicionalmente e as escolas não oferecem o ensino competente à semelhança das antigas gerações o que observamos , por exemplo em nossas escolas é a reprodução das práticas avaliativas características de alguns cursos de licenciaturas: práticas avaliadoras permissivas (modelos de cursos de formação que raramente reprovam os estudantes), ora reprovados (a partir de cursos como os de matemática, física, química, que apresentam índices elevados de
reprovação nas licenciaturas)(ibid, p. 108).
Essa realidade é muito preocupante, na
medida em que se confirmam que os
procedimentos de muitos professores, são
simplesmente reproduções das práticas
vivenciadas por eles ao longo de seu
processo de escolarização, ao assimilar
os conteúdos, assimilam também, as
metodologias e as visões de mundo, bem
como o modelo de avaliação.
Há uma repetição sem uma reflexão mais
aprofundada sobre a ação de avaliar, isto
significa que para inúmeros professores,
pela sua história de vida e por várias
influências sofridas, a avaliação se
resume à decisão de anunciar dados que
comprovem a promoção ou a retenção
dos alunos, ou seja, uma obrigação do
sistema, com fins meramente
burocráticos.
A aplicação de provas e a atribuição de
notas e/ou conceitos seguem a
metodologia tradicional e existe grande
resistência à mudança dessas
metodologias instaladas há décadas.
Muito se discute sobre como fazer a
avaliação, entretanto existe pouca
compreensão sobre o sentido de avaliar
na escola.
Muitas vezes o professor não percebe a
importância que a avaliação tem dentro
do processo de ensino e de
aprendizagem, nem se dá conta de que
sua postura avaliativa reflete um modelo
de sociedade e de pedagogia, pois na
medida em que formula questões, tanto
oral, como escritas, revela uma intenção e
uma relação com o aluno, revela o
entendimento que tem sobre o assunto,
sobre a sua compreensão e sobre as
possibilidades do aluno.
Essa intencionalidade é observada muitas
vezes nas falas dos professores, quando
fazem afirmativas do tipo: “vocês vão ver
só, esperem a prova”, 'nesse bimestre eu
vou castigar”,”já que não estão prestando
atenção, peguem uma folha e vamos
fazer uma prova surpresa”, na minha
matéria ninguém tira dez”, “se depender
de mim ninguém tira nota”, comigo
ninguém fica com nota alta, caso
contrário, depois de setembro fica difícil
controlar o aluno em sala, quando sabe
que já passou”, entre outras. De acordo
com a mesma autora:
Não há como separar o agir e o pensar. Mas não é assim que se imagina que aconteça na escola? Há o tempo de agir (dar aulas, explicações, fazer exercícios) separado do tempo de refletir, julgar resultados (corrigir, verificar, atribuir notas e conceitos, fazer pareceres). Os professores dizem que gostam de dar aulas, mas não gostam de avaliar (ibid, p. 148).
Atividades
Atividade I - Estudo de outras fontes
Texto Complementar: LUCKESI, Cipriano
Carlos. Avaliação da Aprendizagem
Escolar: apontamentos sobre a pedagogia
do exame In:_____Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e
proposições. 18.ed. São Paulo: Cortez,
2006. p.17-26.
Atividade II – Discuta no grupo os
seguintes questionamentos e registre uma
conclusão:
a) Quem é o nosso aluno?
b) Quem somos nós, os professores, que
fazemos esta escola?
c) Qual nosso papel como profissional da
educação?
d) Qual a razão de ser de nosso trabalho?
e) O que buscamos no ensino de nossas
disciplinas?
f) O que significa formar um cidadão,
hoje?
g) Qual a razão de ser do ensino noturno?
h) Que expectativas temos em relação a
esta escola, nesse ano letivo?
i) Que possibilidades temos de fazer uma
avaliação diferente?
TEXTO 5
Tipos de avaliação... quando e como devem ser utilizadas
A importância do processo avaliativo só é
reconhecida quando se percebe a
importância de que conhecer a realidade
e compreendê-la. Esse é o primeiro
passo, para identificar novos rumos
pretendidos por qualquer processo
educacional.
Assim, a prática avaliativa exige um
processo de constante reflexão crítica
acerca daquilo que realiza, para
reconstruir o processo com base em
fundamentação teórica e também a
apreensão de novos saberes e fazeres
(ação – reflexão - ação). Redimensionar o
trabalho, repensar as ações efetivas e
fundamentar-se, é a forma mais concreta
e comprometida com o contexto escolar.
Embora o processo avaliativo seja
complexo e existam muitas dificuldades
para torná-lo prático, deve ser
caracterizado como um desafio a ser
superado e para isso, torna-se
necessário, seu estudo e reflexão, além
de organizar atividades coletivas, no
espaço pedagógico, que levem ao
domínio de conceitos ou de processos
que possibilitem adaptar as condições de
aprendizagem às dificuldades próprias do
aluno.
Para cada elemento envolvido no
processo avaliativo o ato de avaliar
assume um aspecto bastante distinto,
baseado bos dados levantados na
Proposta Pedagógica.4
Para o aluno é um componente do
processo de escolarização, porque define
o seu desenvolvimento cognitivo, bem
como sua permanência e continuidade
4 Projeto Político Pedagógico . Colégio }Estadual Profª Olympia Morais /Tormenta. Londrina: 2006. p. 288.
das atividades escolares.
Para o professor é a constatação de
avanços e dificuldades dos alunos, o que
permite a ele, rever e redefinir a prática
pedagógica, tanto para definir novas
intenções, como para propor atividades e
metodologias mais adequadas ao
desenvolvimento cognitivo dos alunos.
Para os pais significa um importante
instrumento de compreensão dos
processos de aprendizagem vividos por
seus filhos, no âmbito escolar, cuja
finalidade é informá-lo do porque e como
ajudá-lo dentro e fora da escola.
Conforme a determinação da LDB, Lei nº
9294/96, na seção I, das Disposições
Gerais, Art.24, item V, a verificação do
rendimento escolar do aluno observará os
seguintes critérios:
a) Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalências dos aspectos qualitativos, sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;b) Possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;c) Aproveitamento de estudos concluídos com êxito:d) Obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência, paralelos ao período letivo, para casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino, em seus regimentos;A atividade de sala de aula deve
caracterizar-se basicamente pela articulação entre sujeitos e contextos diversos, confrontando os múltiplos conhecimentos que perpassam o saber, o fazer e o pensar dos alunos e professores de forma contínua.
A referência aos termos avaliação
diagnóstica, formativa e somativa,
segundo Haydt5, foram diferenciados e
utilizados por Michael Scriven, mas se
difundiram a partir de Bloom, Hastings e
Madaus.
A avaliação diagnóstica é realizada no
início de um curso, período letivo ou
unidade de ensino, com a finalidade de
verificar se o aluno tem ou não domínio
dos pré-requisitos necessários, ou seja,
se possuem os conhecimentos e as
habilidades mínimas para as novas
aprendizagens.
É também utilizada para detectar
problemas de aprendizagem e possíveis
causas. Essa investigação possibilita ao
professor determinar quais os
conhecimentos e habilidades devem ser
retomadas, antes de iniciar os conteúdos
programados para o período em questão,
pode ainda fornecer subsídios para a
formação ou remanejamento de turmas
ou de alunos.
A avaliação formativa, tem a função de
controle, é realizada durante todo o
decorrer do período letivo, com a
finalidade de verificar se o aluno atingiu
5 Regina Cazaux Haydt. Avaliação do Processo Ensino-aprendizagem. Ática, São Paulo:1997.
os objetivos propostos, ou seja, visa
determinar se o aluno pode avançar nas
etapas propostas, gradativamente.
Está muito associada ao mecanismo de
feedback, na medida em que permite ao
professor detectar e identificar
deficiências na forma de ensinar,
possibilidades de aperfeiçoamento e
reformulação do trabalho didático, bem
como possibilita ao aluno conhecer seus
erros e acertos e possibilidades de
melhoria, inclusive propondo um trabalho
de recuperação paralela, com base
nesses resultados.
A avaliação somativa, tem a função
classificatória, é realizada ao final de um
curso, período letivo ou unidade de
ensino, com a finalidade de classificar o
aluno de acordo com seu nível de
aprendizagem ou aproveitamento, com
vistas à promoção para outra série, etapa
ou grau de ensino.
Essas formas de avaliar estão
intrinsecamente ligadas, e para que o
processo de ensino e de aprendizagem
seja eficaz, o professor deve fazer uso de
todas, de acordo com o fim a que se
destinam.
Na prática, muitos professores, ainda não
conseguem, sequer, diferenciar um tipo
de avaliação da outra, não têm clareza
das definições e do momento adequado
de utilizá-las, portanto, se não existe a
familiaridade com os termos é porque não
estão sendo vivenciados e ainda
continuam como meras definições.
Atividades
Atividade I - Estudo de outras fontes
Texto Complementar: LUCKESI, Cipriano
Carlos. Verificação ou avaliação: o que a
escola pratica? In:_____Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e
proposições. 18.ed. São Paulo: Cortez,
2006. p. 85-101.
Atividade II – Analise a formação
profissional que recebeu , quantas e quais
disciplinas lhe deram conhecimento e
sustentação para avaliar seus alunos, de
maneira eficiente.
Atividade III - Com base nos textos
estudados, analise o Projeto Político
Pedagógico e o Regimento Escolar da
escola, no que se refere à Avaliação,
discuta com o grupo e aponte possíveis
encaminhamentos no sentido de fazer
com o processo de avaliação esteja a
serviço da democratização da escola
pública.
TEXTO 6
Critérios e instrumentos de avaliação – por que avaliar e como fazê-lo
No sistema seriado, que ainda predomina
nos diversos níveis de ensino, na maioria
das escolas brasileiras, ocorre a
promoção de acordo com o
aproveitamento, com base nesse
propósito é que a avaliação somativa é
utilizada, tradicionalmente na escola, com
a função classificatória, para atribuir uma
nota ou conceito, com ênfase no aspecto
comparativo. sendo ainda mais
administrativa, que pedagógica.
Atualmente, a avaliação tem se voltado
mais para o aprender, isto significa que
vai muito além da memorização de
informações, para tanto deve ser
realizada em função de objetivos
previstos, para definir o que e como
avaliar.
Dessa forma o processo de avaliação se
inicia com a definição de objetivos e não
com a aplicação de provas, ou
comunicação dos resultados, ou ainda
durante a realização do conselho de
Classe , ao final do ano letivo.
Dentro dessa perspectiva, o professor
deve escolher atividades e experiências
de ensino-aprendizagem que sejam
adequadas e relvantes, deve selecionar e
elaborar nos instrumentos de avaliação
coerentes com estes objetivos
estabelecidos, deve estabelecer padrões
de desempenho para avaliar o progresso
do aluno, deve fixar padrões e critérios
para avaliar, deve comunicar claramente a
intenção aos alunos.
Se o objetivo for bem elaborado, torna-se
o critério de avaliação. Portanto, a
formulação de objetivos é muito
importante para o processo de avaliação,
porque avaliar é fazer um julgamento
sobre resultados, comparando o que foi
obtido com o que se pretendia alcançar.
Avaliar consiste, basicamente em
determinar em que medida os objetivos
previstos foram realmente alcançados,
portanto o processo de ensino e
aprendizagem parte do planejamento.
Para Luckesi:
Enquanto o planejamento é o ato pelo qual decidimos o que construir, a avaliação é o ato crítico que nos subsidia na avaliação de como estamos construindo o nosso projeto [...] A avaliação atravessa o ato de planejar e de executar, por isso contribui em todo o percurso da ação planificada [...] a avaliação é uma ferramenta necessária ao ser humano no processo de construção dos resultados que planificou produzir, assim como o é no redimensionamento da direção da ação (2006, p. 118).
A função da avaliação é compreender o
nível de aproveitamento, em que o aluno
se encontra, tendo por objetivo trabalhar
com ele o aspecto em que tem
defasagem, fazendo com que avance nos
conhecimentos necessários.
Porém, muita vezes, o professor tem
dificuldade de planejar e de estabelecer
os conteúdos essenciais ou estruturantes,
dentro da disciplina em que atua. Da
mesma forma em que há dificuldade em
planejar, também há dificuldade em
construir instrumentos de avaliação e de
critérios a serem adotados, tanto para o
instrumento, quanto para a correção.
A falta de critérios pré definidos também
se reflete nos registros das avaliações e
na ação desenvolvida pelos professores
que já perceberam que esses registros
pouco dizem do trabalho pedagógico,
efetivamente, desenvolvido por eles na
sala de aula.
Muitas vezes, o resultado da nota
registrado no livro de chamada é
questionável, se for analisado seu real
significado pedagógico. A média é
resultante de atividades diversas, que
pouco tem a ver com a essência do
conteúdo, propriamente dito. Exemplo:
participação em gincanas, em atividades
extra-classe, campanhas solidárias,
cadernos organizados, cópias realizadas,
entre outras.
Alterar a forma de realizar os registros,
exige do professor uma reflexão sobre
sua prática, sobre a necessidade de
prestar atenção no aluno e em seus
avanços e dificuldades, reflexão teórica
sobre o ensino e sobre a aprendizagem e,
principalmente, sobre a adoção de novos
encaminhamentos metodológicos.
Quanto mais instrumentos forem
utilizados, maiores recursos para a
obtenção de dados sobre o resultado da
aprendizagem. Verificações periódicas,
fornecem maior rede de amostras e
funcionam como motivo para que o aluno
estude de forma mais sistemática e não
apenas para as provas.
Esta verificações podem ser informais:
trabalhos, exercícios, participação em
debates, solução de problemas, aplicação
dos conhecimentos ou formais: provas. É
importante informar ao aluno seus erros e
acertos, isto tende a influenciar
positivamente na aprendizagem.
Como já foi afirmado anteriormente, as
técnicas e instrumentos de avaliação
devem estar de acordo com os objetivos e
com o planejamento.
A seguir veja algumas possibilidades de
avaliação, porém não se pode
desconsiderar que todas as técnicas ou
instrumentos utilizados no processo da
avaliação apresentam características
positivas ou negativas, de acordo com
Haydt6
Testagem - Os testes permitem avaliar
vários objetivos ao mesmo tempo,
fornecendo uma ampla amostra do
conhecimento do aluno; possibilitam um
julgamento objetivo e rápido, com
correção simples, limitam-se ao conteúdo
da disciplina ou matéria, eliminam o
6 Regina Cazaux Haydt. Avaliação do Processo Ensino-aprendizagem. 6.ed. São Paulo: Ática, 1997. p. 54-75
aspecto subjetivo da avaliação e o
julgamento dos aspectos pessoais
Porém, sua elaboração é demorada e
difícil, exigem que sejam digitadas e não
avaliam habilidades de expressão.
Questões dissertativas – São facilmente
organizadas, possibilitando verificar a
capacidade reflexiva do aluno, a
organização das idéias e a expressão
escrita.
Contudo, não podem ser extensas, o que
limita a amostra do conhecimento do
aluno e apresenta uma abertura nas
respostas, o que favorece a subjetividade.
A correção exige tempo para análise das
respostas apresentadas.
Inquirição, entrevista e questionamento –
Possibilitam verificar as mudanças
ocorridas durante o processo e a
capacidade reflexiva e crítica do aluno.
Todavia, limitam a amostra do
conhecimento e podem sofrer influência
de atributos pessoais do aluno, além de
ser subjetiva e ser influenciada pelas
condições ambientais.
Observação – Verifica o ajustamento do
aluno em situações que envolvem
relações sociais ou em grupo, mas
envolve a subjetividade.
Atividades
Atividade I – Selecionar e trazer para o
grupo instrumentos de avaliação que
considere bem elaborado.
Atividade II - Estudo de outras fontes
Texto Complementar: LUCKESI, Cipriano
Carlos. A avaliação do aluno: a favor ou
contra a democratização do ensino.
In:_____Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 18.ed.
São Paulo: Cortez, 2006. p.60-84.
Atividade III – Analisar os instrumentos
trazidos pelo grupo, considerando o
aspecto estético, o cabeçalho, a
distribuição do espaço, a clareza dos
enunciados, a diversificação do tipo de
questão, entre outros requisitos
necessários a um bom instrumento.
Atividade IV – Discuta com o grupo como
são elaborados os critérios de correção
das avaliações aplicadas em sala.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os educadores não podem perder de
vista, que o papel da escola é, além de
transmitir os conhecimentos acumulados
historicamente pela humanidade, facilitar
o processo de elaboração destes
conteúdos pelo aluno.
Vygotsky afirma que a intencionalidade da
escola no que se refere à aquisição e à
apropriação dos conceitos, faz da ação
pedagógica um espaço privilegiado para a
observação das operações, habilidades e
estratégias de apreensão e internalização
dos conhecimentos, mas sem perder de
vista o aluno.
Complementando esta idéia do papel da
escola frente às mudanças sociais,
Hoffmann, afirma que:
A discussão mais urgente então, dos
educadores é sobre o compromisso de
manter na escola esse aluno ingressante,
mas lhe favorecendo de fato o acesso ao
saber e, por conseguinte (não
simplesmente por promovê-lo), o acesso
a outros gêneros de ensino, acesso como
permanência e continuidade dos estudos
(2003, p. 148).
Dentro desta mesma visão,
Luckesi,afirma que:
O mínimo que se poderia pensar da democratização do ensino seria garantir a todos a possibilidade de ingressar no processo de escolarização, tendo em vista a aquisição de um instrumental mínimo que fosse para auxiliá-lo na movimentação dentro dos bens que esta sociedade criou, como úteis e necessários ao bem-viver (2006, p.62).
De acordo com Coll, para que a
aprendizagem seja realmente significativa
para o aluno, deve atingir alguns itens,
para isso deve partir de conhecimentos
prévios trazidos de experiências
anteriores; selecionar e elaborar
atividades, além da reflexão de forma que
seus conhecimentos prévios sejam elo
para novas aprendizagens; fazer com que
os alunos evoluam dos conceitos
espontâneos para o desenvolvimento de
concepções científicas e preocupar-se
com a progressão gradual de uma
estrutura para outra mais avançada.
No entanto, para que essa mudança
realmente se efetive, é necessário romper
com as posturas resistentes e
conservadoras que impedem o diálogo e
a possibilidade de reflexão, que leve à
ação coletiva e de aprofundamento
necessário na busca de soluções.
O que se percebe na escola, é
justamente, a ausência dessa relação
dialógica que possibilita o processo de
construção do conhecimento. De acordo
com Hoffmann
O resgate do cotidiano, em avaliação exige, portanto, um tempo de 1deixar falar', tempo de relatar situações, contar histórias sem a delimitação de objetivos previamente estabelecidos, temos 'a priori' determinados, análises críticas imediatamente feitas [...] Posturas de abertura dos grupos de discussões pressupõe fundamentalmente o respeito aos professores na condução dos trabalhos. Compreendê-los em suas formas de perceber a
avaliação através das situações vividas de sua formação pessoal e profissional (2003, p. 143).
O primeiro passo para reverter o processo
de avaliação, é justamente um amplo
processo de discussão e reflexão
coletiva, dentro do espaço escolar,
baseado em subsídios teóricos e
metodológicos. Isto significa repensar as
atuais práticas avaliativas, inclusive do
Conselho de Classe, os interesses que
dão sustentação a essa prática e sobre a
função do processo de ensino e de
aprendizagem e as possibilidades de
construção de um processo avaliativo que
ajude na democratização do ensino.
Essa não é uma tarefa fácil, pois ao
discutir avaliação entram em jogo
emoções, crenças, valores, concepções
individuais e coletivas, que marcaram a
vida dos profissionais envolvidos com a
educação.
Este estudo é apenas o início de um
amplo processo de debates em torno da
avaliação e do Conselho de /classe, que
não tem a pretensão de esgotar-se em si
mesmo, mas de ser gerador de novos
estudos e novas práticas, que sejam,
capazes de contribuir com o processo e
com a escola de qualidade para todos.
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