CADERNO PEDAGÓGICO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE...
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JanainaSouzaTeixeiraNajaraFerrariPinheiroOrganizadoras
Janaina Souza Teixeira Najara Ferrari Pinheiro
[Organizadoras]
Caderno Pedagógico PIBID do Centro Universitário Franciscano
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Copyright © dos autores Todos os direitos garantidos. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, transmitida ou arquivada desde que levados em conta os direitos dos autores. Janaina Souza Teixeira; Najara Ferrari Pinheiro (Organizadoras)
Caderno Pedagógico PIBID do Centro Universitário Franciscano. São Carlos: Pedro & João Editores, 2014. 104p. ISBN 978‐85‐7993‐184‐0 1. Cadernos Pedagógicos. 2. Formação de Professores. 3. PIBID. 4. Autores. I. Título.
CDD – 370
Capa: Marcos Antonio Bessa‐Oliveira Editores: Pedro Amaro de Moura Brito & João Rodrigo de Moura Brito Conselho Científico da Pedro & João Editores: Augusto Ponzio (Bari/Itália); João Wanderley Geraldi (Unicamp/Brasil); Nair F. Gurgel do Amaral (UNIR/Brasil); Maria Isabel de Moura (UFSCar/Brasil); Maria da Piedade Resende da Costa (UFSCar/Brasil); Rogério Drago (UFES/Brasil). CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO Reitora do Centro Universitário Franciscano – Profa. Dra. Irani Rupolo Pro‐reitora de graduação – Profa. Dra. Vanilde Bisognin Coordenador Institucional PIBID – Prof. Dr. Marcos Alexandre Alves
Pedro & João Editores www.pedroejoaoeditores.com.br
13568‐878 ‐ São Carlos – SP 2014
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Apresentação
Como parte da experiência do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência – PIBID ‐ do Centro Universitário Franciscano, reunem‐se neste caderno, relatos de algumas das atividades didáticas desenvolvidas por oito subprojetos de diferentes cursos de licenciatura em escolas da rede pública de Santa Maria, RS no ano de 2013.
Os autores são bolsistas de iniciação à docência, professores da Educação Básica, atuantes nas escolas parceiras do projeto, na condição de bolsistas supervisores, professores do Centro Universitário Franciscano que atuam como coordenadores de área dos subprojetos e colaboradores que também compõem alguns dos grupos.
Minimizar a distância entre a universidade e a Educação Básica é um dos principais objetivos do PIBID. Neste sentido, a publicação de relatos e sugestões de propostas didáticas já realizadas, cumpre com parte deste objetivo à medida que evidencia a imensa possibilidade de aproximação do saber acadêmico com a realidade escolar e seus saberes e fazeres.
As discussões teóricas que sustentam e norteiam as práticas do PIBID do Centro Universitário Franciscano são marcadas pela diversidade e inovação, próprias das demandas presentes nos diferentes grupos que se constituem nos cursos de licenciatura. Com isso, não se pretendeu uma unidade teórica ou metodológica. A variedade de linguagens e tendências didáticas presentes nesta publicação é fruto da natural diferença entre os subprojetos e da relação com os espaços escolares.
Os textos que compõem este caderno estão distribuídos de acordo com os subprojetos e subdivididos em “para iniciar a conversa”, onde faz‐se uma introdução ao tema abordado; “para situar o diálogo”, momento em que apresenta‐se os referenciais teóricos utilizados e “para compartilhar”, quando são relatadas as experiências didáticas realizadas no espaço escolar.
Certamente o maior mérito deste caderno é evidenciar o espaço de formação que se constituiu a partir da integração de esforços entre os licenciandos, os cursos de licenciaturas e a Educação Básica.
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Sumário
A FELICIDADE EM ARISTÓTELES E AS DROGAS
A FUNÇÃO SOCIAL DA MÚSICA
INTRODUÇÃO À LÓGICA
CONSTRUÇÃO DE MAQUETES COMO FERRAMENTA LÚDICA NA EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA
ESTUDO DEMOGRÁFICO E CONSTRUÇÃO DE PIRÂMIDES ETÁRIAS
A CONSTRUÇÃO DE MUTIMÍDIAS DESTINADOS AO ENSINO DE GEOGRAFIA
A UTILIZAÇÃO DO SENSORIAMENTO REMOTO PARA O ESTUDO DO LUGAR
A ARTE DA RUA DENTRO DA SALA DE AULA
PATRIMÔNIO E VALORIZAÇÃO DO SUJEITO HISTÓRICO
APRENDER INGLÊS ATRAVÉS DE PRÁTICAS ESPORTIVAS: UMA REALIDADE POSSÍVEL NO PROGRAMA PIBID
INGLÊS BRINCANDO: INTERBRINQUE
GEOGEBRA NO ESTUDO DE TRIÂNGULOS NO ENSINO FUNDAMENTAL
A IMPORTÂNCIA DA HABILIDADE DA INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA
CONTEXTUALIZANDO A MATEMÁTICA COM O NÚMERO DE OURO E O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL NO ESTUDO DE RAZÕES E
PROPORÇÕES
O JOGO COMO ESTRATÉGIA NO ENSINO APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA
RECRIAÇÃO DE HISTÓRIAS INFANTIS NA ALFABETIZAÇÃO
NOSSAS HISTÓRIAS, NOSSA CIDADE
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CIRCUITO LÚDICO
DESAFIO ORTOGRÁFICO: aprendendo a língua portuguesa de forma lúdica
A GRAFIA NA SALA DE AULA
GÊNEROS TEXTUAIS/DISCURSIVOS E TIPOLOGIA TEXTUAL: “Quem Sou Eu?”
CINEMA NA SALA DE AULA: “O Invasor”
PROPOSTA METODOLÓGICA ALIANDO ENSINO DE QUÍMICA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
ENSINO E APRENDIZAGEM DE QUÍMICA: OFICINA DE FABRICAÇÃO DE SABÃO A PARTIR DO ÓLEO DE COZINHA USADO E SABONETES
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FILOSOFIA
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Atividade 1
A FELICIDADE EM ARISTÓTELES E AS DROGAS
Gabriela Gabbi Gian Gonçalves
Isis Moraes Zanardi Karina Amiel
Luiz F. A. Neto Jerônimo Lauer1
Quando conquistou tudo o que todos querem cortejar, a pobre recompensa não vale os custos: juventude desperdiçada, alma aviltada, honra perdida, são os teus frutos, ó paixão triunfante!
George Gordon Byron Para iniciar a conversa
Tratar sobre a Felicidade pode se tornar muitas vezes cansativo. Há diversas formas para se concluir algo em torno da mesma. No contexto contemporâneo a felicidade é entendida como momentos, sensações de felicidade: estado mental, melhoria para o corpo físico..., diferente do entendimento de Aristóteles, em que não são as “coisas simples e óbvias, como o prazer, a riqueza ou as honras” (Aristóteles, 1984, p.51) que define a felicidade, mas é um estado de espírito, sensação de paz, virtude. Seguindo essa temática propõe‐se um exercício interdisciplinar entre biologia, química e filosofia, abordando, de modo criativo, o entendimento do conceito de Felicidade (eudaimonia) em Aristóteles, relacionando‐o com a utilização de drogas (lícitas e ilícitas), entendo aqui como toda e qualquer substância, natural ou sintética que, uma vez introduzida no organismo, modifica suas funções.
Há publicações disponíveis na internet que dão conta da diferença entre as diferentes drogas quanto aos efeitos no organismo humano.
Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=LCwcP0r3dw4 e https://www.youtube.com/watch?v=Dnw6JeOxMU8
Antes de se ter em mente sobre o que é felicidade, há a necessidade de entender
que para Aristóteles o que é bom não vem através do que a pessoa em seu particular julga ser, “[...] cada qual julga bem as coisas que conhece, e dessas coisas é ele bom juiz. Assim, o homem que foi instruído a respeito de um assunto é bom juiz nesse assunto, e o homem que recebeu instrução sobre todas as coisas é bom juiz em geral [...]” (Aristóteles, 1984, p.50). Logo, pode‐se concluir que o homem possuidor dos conhecimentos das coisas que o cerca possui capacidade de julgar e tomar decisões precisas para seu bem e o bem comum. A opção em usar ou não drogas, cabe a
1 Bolsista supervisor PIBID Colégio Estadual Pe. Rômulo Zanchi, Santa Maria/ RS
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entender que não só envolve o usuário, mas sim uma questão social, logo o juízo que se adere às drogas lícitas e ilícitas pode levar ao erro, de modo que até o lícito pode se tornar maléfico. Para situar o diálogo
A questão da Felicidade é tratada na Obra Ética a Nicômaco, em que Aristóteles escreve um “guia” voltado à discussão ética e moral, envolvendo a questão do homem ser virtuoso. Em que “A ética em Aristóteles é uma ética do caráter. Formação do caráter, dinâmica dos hábitos ‐ ainda mais, ação em vista dos hábitos, do adestramento, da educação” (Lacan, 1959‐1960/1997, p.20) Pensando com a ligação da questão das drogas, será que o uso excessivo e com a finalidade de uma busca surreal de felicidade, trás essa verdadeira sensação, paz de espírito, virtude?
“Ora, é esse o conceito que preeminente fazemos da felicidade. È ela procurada sempre por si mesma e nunca com vistas em outra coisa, ao passo que à honra, ao prazer, à razão e a todas as virtudes nós de fato escolhemos por si mesmos [...]; mas também os escolhemos no interesse da felicidade, pensando que a posse deles nos tornará felizes. A felicidade, todavia, ninguém a escolhe tendo em vista algum destes, nem, em geral, qualquer coisa que não seja ela própria” (ARISTOTELES, 1973, p.255)
Seguindo a passagem supracitada, notamos que Aristóteles estabelece uma
filosofia prática, em que institui uma relação direta com o bem e a ação por meio das virtudes, ou seja, o bem agir de modo que a felicidade esteja ligada a polis (Estado), pois o homem enquanto animal racional só se relaciona com a felicidade enquanto total desenvolvimento dessa capacidade, em que alia a inteligência com a força.
Neste aspecto teremos de dar ênfase à questão das drogas, em que o uso em que na nossa cultura ganha grande ênfase nos anos 60 com a construção da identidade Hippie, em que o uso de drogas acabou por se tornar um marca, juntamente entre as bandas de rock, em que o período de posse sobre o uso inicia na passagem da adolescência para a fase adulta. [Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qatkbKFPfvc ]
Em que as drogas apareceram na legislação criminal pela primeira vez em 1603 até 1830, entrando em vigor no Código Penal Brasileiro do Império. Neste aspecto, qual a ligação da virtude com as drogas? Antes de tudo tem que se ter em mente que:
A virtude é, então, ações e paixões, e consiste numa mediania, isto é, a mediania relativa a nós, que é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de sabedoria prática. É um meio‐termo entre dois vícios, um por excesso e outro por falta, pois nos vícios ou há falta ou há excesso daquilo que é conveniente no que concerne às ações e às paixões, ao passo que a virtude encontra e escolhe o meio‐termo. Portanto, acerca do que ela é, isto é, qual é a sua definição da sua essência, a virtude é uma mediania, porém com referência ao sumo bem e ao mais justo, ela é um extremo. (ARISTÓTELES, p. 77‐78, 2009).
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Todas as decisões contidas na mente humana estão em uma batalha constante entre vícios e virtudes. A mediania aristotélica busca equilibrar as ações dos indivíduos como um controle aos estímulos dos desejos desvinculados com a razão dando a qualquer atitude humana um posicionamento racional. A problemática das drogas lícitas (remédios, cigarros, bebidas alcoólicas), vincula‐se ao pensamento de mediania aristotélica justamente por pecar por excesso ou pela falta. Um bom exemplo disso são as superdoses de remédios que podem tornar‐se mortais ou a falta que fará com que o tratamento indicado pelo médico não tenha os efeitos esperados. O equilíbrio é a alma da filosofia ética de Aristóteles sendo assim, não aplicável aos usuários de drogas ilícitas que, por estar proibida pela lei deixa de ser ética e moral não possuindo a finalidade ou buscar o bem maior. Para compartilhar Vídeos para auxiliar em sala de aula: https://www.youtube.com/watch?v=4RGq4KAOgkk e https://www.youtube.com/watch?v=qPG6y9blWqA ]
Dica: A questão histórica pode ser trabalhada de forma sucinta envolvendo a questão literária. Considerar também a obra “As Portas da Percepção” de Aldous Huxley. [Texto disponível em:http://pt.wikipedia.org/wiki/As_Portas_da_Percep%C3%A7%C3%A3o REFERÊNCIAS: ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 3 ed. Bauru, SP: Edipro, 2009. LACAN, Jacques. O Seminário: Livro 7: A ética da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1959‐1960/1997.
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Atividade 2
A FUNÇÃO SOCIAL DA MÚSICA
Mara L. S.Hoffmann Paloma L. De Mello Neimir P. Mentges
Maria de L. M. Rosa Rafael S.Vasconcellos
LEISA S. Silva1 Para iniciar a conversa
A Estética “(...) é a ciência de um modo específico de apropriação da realidade,
vinculado a outros modos de apropriação humana do mundo e com as condições históricas, sociais e culturais em que ocorre”. (Vázquez, p.47, 1999). Sendo a Estética um dos conteúdos da Filosofia no Ensino Médio, temos como tema dessa aula a Função Social da Música. Como texto‐base para nossas discussões, usaremos dois recortes, o primeiro da obra A necessidade da Arte de Ernst Fischer, e o segundo da obra, Os Problemas da Estética de Luigi Pareyson, a fim de sustentar de forma compreensível e breve como acontece à percepção artística, qual é a função da arte e como era a relação homem‐música antigamente. Apresentaremos uma proposta de atividade a partir da canção “Perfeição” da Banda Legião Urbana.
A música necessariamente não tem por objetivo abordar assuntos políticos e sociais. Ela pode, por exemplo, simplesmente despertar boas sensações. Nesse momento, buscamos focar nossa atenção aos artistas que tem uma contribuição significativa a partir de suas composições. Com isso, é possível perceber, que determinados artistas procuraram abordar temas políticos que diziam respeito ao governo, ao comportamento humano, composições que muitas vezes eram a única forma de expressão, como por exemplo, Chico Buarque e Caetano Veloso que vivenciaram a época da Ditadura, onde qualquer forma de expressão contrária ao governo e até mesmo a insatisfação em relação ao sistema da época não podiam ser expressas, pois eram vetadas. Assim temos Cálice de Chico Buarque, onde há um uso duplo do sentido da palavra cálice e cale‐se, (Vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=wV4vAtPn5‐Q ); e Alegria, Alegria de Caetano Veloso, que trata do abuso do poder e da violência, (Vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=hmK9GylXRh0] ). Outros artistas que fazem parte do meio musical, de acordo com suas convicções e sua época, também nos deixaram grandes obras contendo denúncias sociais, luta contra o preconceito, análise e crítica ao sistema governamental. Entre eles Renato Russo, compositor e vocalista da Banda Legião Urbana, que em várias das suas canções fez uso do seu senso crítico para apontar e discutir temas polêmicos, com isso marcando sua geração e deixando registrado que a música não serve apenas para evocar boas sensações como era no
1 Bolsista Supervisora PIBID Colégio Estadual Coronel Pilar, Santa Maria/RS.
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início, mas que tem uma função social e política, uma vez que permite através da sonoridade a expressão livre e consciente, dos mais variados sentimentos e situações, desde o amor até a repugnância diante dos acontecimentos desastrosos que estão à nossa volta. Para situar o diálogo Tema: Estética
Procuramos situar brevemente os indivíduos (professores, alunos e demais
interessados) que a música em seu início não tinha uma função social, pois era um meio de despertar boas sensações, pois não havia uma preocupação intelectual na música, isto é, a música não denunciava problemas sociais, não permitia reflexão sobre qualquer assunto.
Foi propósito da música, em seu início, o evocar emoções coletivas, ser estímulo para o trabalho, para o gozo sexual e para guerra. A música era um meio de prender por encantamento, servia para pôr os homens em um estado diferente e não para refletir os fenômenos do mundo exterior. No passado a batida do tambor, o ruído de paus se chocando causavam no homem “associações automáticas” exemplo (marchas militares, hino, ritmos de dança). (Fischer, 1983, p.212).
O objetivo principal desse trabalho é mostrar que a música tem uma função
social, com isso apresentando a música como um recurso educativo, reflexivo e criativo. Para tanto, é nossa pretensão apontar que o conteúdo de determinada música exprime o contexto social ao qual o artista pertence, bem como suas características pessoais.
É da natureza da música, diz Hegel, o “colocar o espírito... em sons dispostos de determinados modos e em determinadas relações, elevando a expressão a um elemento unicamente feito pela arte e para arte”. Esse elemento “elevado” em sons organizados‐ quer dizer, o “conteúdo” da música‐ é a experiência que o compositor quer transmitir: e a experiência de um compositor nunca é puramente musical, mas pessoal e social, isto é, condicionada pelo período histórico em que ele vive e que o afeta de muitas maneiras. (Fischer, 1983, p. 207)
Sabemos que existem artistas que ao compor uma música, não tem nenhuma intenção de proporcionar uma reflexão crítica da sociedade. Como sabemos disso? Para isso usamos de nossa capacidade intelectual para buscar compreender como vivia ou vive tal artista, qual é sua visão de mundo e qual é o público alvo das suas músicas. Essa preocupação com o conteúdo da música é extremamente importante, para que possamos descobrir qual é a intenção do artista a partir de sua música. Talvez essa seja a única maneira, de selecionarmos as canções com função social entre as demais. Nesse momento, procuramos nos deter aos artistas que possuem músicas com uma função social, isto é, aquelas músicas que estimulam a criticidade, o pensamento autônomo e contém uma abordagem profunda da realidade. Uma obra de arte está mergulhada em um contexto social e a uma personalidade (do artista, por exemplo) O significado de uma obra permite várias leituras. Sempre procuramos aquilo de que carecemos, e uma obra de arte nunca é
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uma coisa em si, fora da realidade humana, ela sempre requer uma interação com o espectador. Descobrimos o significado de uma obra de arte, mas também lhe doamos um significado. (Fischer, 1983, p. 161)
O que entendemos por nublar a inteligência? Podemos exemplificar da seguinte forma: acontece dos indivíduos “se deixarem levar” muitas vezes apenas pela melodia, sem a preocupação com o conteúdo da canção, o que seria uma forma de nublar a inteligência, já que nos dias atuais as letras musicais abordam diversos assuntos, desde os mais banais até os mais polêmicos.
“De todas as artes, a música é a que dispõe de maior capacidade de nublar a inteligência, de embriagar, de criar uma obediência cega. Uma discussão sobre os personagens e situações de um romance envolve problemas decisivos da vida social e da filosofia. A função da arte não é a de passar por portas abertas, mas de abrir portas fechadas.”(Fischer, 1983, p.213)
Como já havíamos mencionado anteriormente, existem músicas com função social, ou seja, com objetivo de possibilitar o debate sobre assuntos polêmicos e cotidianos, da mesma forma que existem músicas com outros objetivos, que no momento não nos interessam. Portanto, cabe aos professores a seleção cuidadosa das músicas para uma atividade educativa, a fim de aproximar o conteúdo de sua disciplina (aqui a Filosofia) dos jovens, por meio de um recurso dinâmico e atrativo. “Em virtude de seus significados, a arte pode assumir uma função social e dirigir‐se com determinados objetivos a determinados círculos, restritos como cenáculos de iniciados ou amplos como povos e massa” (Pareyson, 1997, p. 120) REFERÊNCIAS: FISCHER, Ernst. A necessidade da Arte. Tradução Leandro Konder. Rio de Janeiro: Zahar, 1983. Pareyson, Luigi. Os Problemas da Estética. Tradução Maria Helena Nery Garcez. 3. ed. São Paulo, Martins Fontes, 1997. VÁSQUEZ, Adolfo Sánchez. Convite à Estética. Tradução Gilson Baptista Soares. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.
Para compartilhar
Proposta de atividade
Escute com atenção a canção “Perfeição” da Legião Urbana, (Vídeo em: http://www.youtube.com/watch?v=eaU7OsIdjUc] ), e analise a forma como o artista mostra sua indignação diante das barbaridades do mundo.
1. Aponte as denúncias que você encontrar na letra. 2. Escreva você um parágrafo que represente suas convicções ou sua
indignação acerca do seu contexto social. 3. Procure uma música com função social e justifique sua escolha. 4. Discuta em grupo sobre as atividades acima.
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Atividade 3
INTRODUÇÃO À LÓGICA
Leandro da Silva.Roubuste Ademar José Hennecka.
Camila.Ketes Bruno.Agostineto
Rosa Ulicimara de Menezes Balbuena1
Para iniciar a conversa
Para que possamos entender do que se trata a lógica, é necessário partir de um
pressuposto base para iniciarmos alunos de ensino médio nessa matéria. A lógica é um fundamento importantíssimo para o desenvolvimento humano, uma vez que os seres humanos enquanto sujeitos de relações, necessitam adotar um aliado para nossa melhor e mais clara comunicação e para o exercício crítico da cidadania. Analisando criteriosamente o nosso próprio discurso e dos demais indivíduos da sociedade. Podemos notar que isso é relevante, pois segundo Murcho “A lógica permite‐nos fazer o seguinte: 1) Distinguir os argumentos corretos dos incorretos; 2) Compreender por que razão uns são corretos e outros não; e 3) Aprender a argumentar corretamente.” (MURCHO, 2009).
Torna‐se importante reconhecer que “O conhecimento científico, no âmbito de qualquer ciência, se processa mediante ‘formas de avaliação’, que são impostas pelas categorias da percepção e do entendimento do intelecto humano aos fatos a qual tal conhecimento se refere.” (ANDRADE, 1972, p. 3). Podemos notar que a lógica se ocupa da avaliação do raciocínio e linguagens utilizadas. Com isso se torna essencial tanto para a ciência quanto para um simples fato do dia a dia de uma pessoa, como, por exemplo, assistir um debate político na televisão ou em cartazes nas ruas e analisar se o discurso do candidato “X” é falacioso.
Para desenvolver esse conteúdo, iniciamos com uma breve sensibilização, através de imagens e desafios lógicos, para que pudéssemos introduzir o conteúdo, que nos propomos a desenvolver, a saber, a argumentação.
Para situar o diálogo
Podemos tomar como definição inicial que a lógica trata de argumentos e
inferências. Uma argumentação se sustenta por uma ou mais premissas, as quais nos conduzem necessariamente ou não a uma conclusão. Existem regras para estabelecer
1 Bosista supervisora Escola Básica Estadual Dr. Paula Devanier Lauda, Santa Maria/RS.
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de forma correta as operações do pensamento e identificar as argumentações que não são válidas. Desse modo, a lógica nos ajuda a evitar contradições e outros problemas de linguagem como ambiguidades.
Deve‐se entender que “o estudo da lógica é o estudo dos métodos e princípios usados para distinguir o raciocínio correto do incorreto. Naturalmente, esta definição não pretende afirmar que só é possível argumentar corretamente com uma pessoa que tenha estudado lógica.” (COPI, 1978, p. 19). Conforme o autor coloca, não podemos entender que a lógica nos deixa, por definitivo, livres dos erros. Afirmar que isso seria possível, é um erro, pois sabemos que estamos sujeitos a errar.
Mas o que é falácia? Quando cometemos esses erros de argumentação estamos falando de
argumentos falaciosos. Onde o argumento parece ser verdadeiro, mas na verdade é falso. Tem o sentido de persuadir ou enganar, “a palavra falácia é usada de múltiplas maneiras. Um uso perfeitamente correto da palavra é o que se lhe dá para designar qualquer idéia equivocada ou falsa crença” (COPI, 1978, p. 73). Ou seja, é um raciocínio mal formulado, com intencionalidade ou não. Se tratando de falácias podemos evidenciar vários tipos das mesmas.
Texto disponível em: http://criticanarede.com/falacias.htm Vídeos disponíveis em:
http://www.youtube.com/watch?v=ZORYFq6FzdI; e http://www.youtube.com/watch?v=PjWO0Epsf8c
Para compartilhar
DESAFIO 1:
É meio‐dia e a mãe de Pedro precisa sair de casa, sendo que não sabe a que horas irá voltar. Antes de sair, porém, ela exige de Pedro que prometa que se chover, então ele recolherá a roupa do varal. Pedro concorda. A mãe de Pedro sai. Entretanto, logo em seguida, amigos de Pedro chegam e o convidam para jogar futebol num campinho não muito próximo. Como poderá Pedro, ao mesmo tempo, ir jogar futebol com os amigos e não descumprir o trato que fizera com a mãe, independentemente de que chova ou não?2
Esse tipo de desafio foi escolhido justamente pelo fato de que nele podemos notar a força que a argumentação deixa a desejar. Pois a mãe de Pedro não diz nada a respeito se ele deve recolher a roupa molhada ou seca do varal, o que é mais importante é não deixar a roupa na chuva.
2 Resposta: Na frase “se chover, então ele recolherá a roupa do varal.” tem 2 afirmações, Se a primeira frase é verdadeira (vai chover), então a segunda também é (ele vai recolher a roupa do varal). Então é só ele recolher a roupa do varal independente de já ter começado a chover e ir jogar com os amigos! Porém, no exemplo em questão, é irrelevante se as roupas estão molhadas ou não: sequer algo foi mencionado a respeito! O que vale destacar é que a solução deve ser independente de chover ou não, o que permite garantir que Pedro não estará descumprindo o prometido!
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DESAFIO 2: Um agricultor pretende atravessar um rio com um saco de milho, uma galinha
e um lobo. Porém, só é permitido que o agricultor embarque com somente um objeto de cada vez.
Se o lobo ficar com a galinha ele a devorará. Se a galinha ficar com o milho
ela o comerá. Como o fazendeiro deverá atravessar o rio sem perder qualquer um dos objetos? E quantas idas e vindas ele fará em seu trajeto?
Materiais utilizados
Os materiais utilizados nas atividades sobre o conteúdo de lógica foram:
Datashow, giz e quadro (aula expositiva dialogada), material impresso do conteúdo.
Resultados A introdução do conteúdo a partir dos vídeos e dos desafios lógicos nos
pareceu interessante pelo fato de que os alunos participaram ativamente nas atividades propostas. Isso viabilizou a adequação da teoria com a prática, ou seja, enfatizou a ligação da lógica com o dia a dia, ou seja, nas conversas, no lazer, como, por exemplo, nos programas de televisão, na internet e etc. Nesse sentido, se pode notar que o desempenho dos alunos nas aulas, trabalhos, entre outras formas de avaliação foram de elevado grau de satisfação. REFERÊNCIAS: ANDRADE, Primo Nunes de. Elementos de lógica. Rio de Janeiro: SEDEGRA, 1972. COPI, Irving Marmer. Introdução a lógica. Tradução da 2ª Ed. Álvaro Cabral. São Paulo: Mestre Jou, 1978. MURCHO, Desidério. Lógica e argumentação. 2009. Disponível em: http://criticanarede.com/lds_lugarlogica2.html acessado dia 17/09/2013. montypython. Disponivel em: http://www.youtube.com/watch?v=ZORYFq6FzdI Acessado dia 19/09/2013 A falácia da janela quebrada. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=PjWO0Epsf8c acessado em 19/09/2013.
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Geografia
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Atividade 1
CONSTRUÇÃO DE MAQUETES COMO FERRAMENTA LÚDICA NA EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA
Natália Lampert Batista
AlissaniKonig Daniel Feltrin de Oliveira
Eva Cristiane Cortelini Gabriel Jonathan Júlio Kegler Luciana da Luz Dias1
Gislaine MocelinAuzani2 Para iniciar a conversa
A educação tem um papel fundamental para a construção da cidadania dos
indivíduos; a maquete é um recurso didático útil para fornecer ao aluno uma visão integrada do conhecimento geográfico, bem como é um modelo tridimensional. Por isso, considera‐se tão importante o seu uso na construção de conhecimentos geográficos.
Na linha de raciocínio de Castrogiovanni; Callai; Kaercher (2009, p. 74), a “construção da maquete é um dos primeiros passos para um trabalho mais sistemático das representações geográficas”, pois mistura o real e o imaginário, permitindo tradução do próprio espaço, bem como a interação/ação do sujeito/aluno com o objeto de análise. A partir dessa interação o aluno constroi conhecimentos significativos e palpáveis, aproximando‐se substancialmente da Geografia através de uma linguagem diferenciada e concreta.
Compreender conceitos extremamente abstratos, apenas, através das explicações do professor é muito complexo. Por isso, a construção de maquetes se faz tão necessária. Com essa prática os alunos podem aproximar seu olhar do conhecimento geográfico de modo mais contundente e abrangente entendendo desde os mapas básicos até a real configuração de um terreno e a sua influência na vida natural e socioecônomica do lugar ou do país.
Segundo Castrogiovanni (et al., 2013), é necessário desenvolver atividades lúdicas, práticas e concretas que abrajam diferentes linguagens, pois educar é dar novos sentidos à vida através da compreensão provisória do mundo. Este recurso de ensino pode auxiliar a essa apreensão de saberes geográficos, de maneira mais interessante e positiva frente aos alunos pós‐modernos e inquietos que encontram‐se nas salas de aula atuais.
1 Bolsista supervisora PIBID Colégio Estadual Coronel Pilar, Santa Maria/ RS.
2 Professora Drª do curso de Geografia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) e coordenadora PIBID/CAPES/UNIFRA, Subprojeto Geografia, Santa Maria, RS.
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Portanto, o ensino de Geografia, no século XXI, precisa estar vinculado aos pressupostos teóricos e metodológicos da ciência geográfica, mas ao mesmo tempo deve comportar a inovação e a busca constante por novas formas de ensinar, talvez, não tão inovadoras em outros contextos, mas significativas e extremamente “novas” na sala de aula. O uso das maquetes é, então, uma forma de trabalhar, de modo lúdico, conceitos geográficos, científicos e necessários à compreensão (provisória) do mundo no qual se está inserido. O objetivo da construção das maquetes é fazer uma associação teórico – prática acerca das caracteristicas físicas do Brasil e/ou do Rio Grande do Sul, ou seja, possibilitar a visualização da realidade em um modelo tridimensional. Para situar o diálogo
Os materiais gráficos e cartográficos, entre outras linguagens, a maquete,
possibilitam associar à construção dos conceitos e dos conteúdos que são empregados no ensino‐aprendizagem da Geografia com a realidade, bem como desenvolvem oportunidades diferenciadas de compreensão do espaço geográfico e do meio que os alunos vivenciam diariamente ao seu redor.
Para a confecção de uma maquete é necessário empregar inúmeras habilidades e conceitos desenvolvidos através da alfabetização cartográfica, ou seja, o aluno precisa estar preparado para “ler e escrever” criticamente as representações cartográficas. Para Stefanello (2008, p.93), “o estudo, através das representações espaciais possibilita uma melhor compreensão do ordenamento espacial, fazendo com que o aluno conheça e domine o espaço geográfico”.
Os mapas se adaptam nesse processo como elementos fundamentais, pois permitem um maior entendimento dos fenômenos que atuam no espaço e sobre o próprio espaço, ou seja, através dos produtos cartográficos pode‐se conhecer intuitivamente e provisoriamente o mundo circundante. Assim, É necessário destacar, então, a importância do mapa e de outras representações gráficas (cartas, gráficos, tabelas) no cotidiano das aulas de geografia, para auxiliar as análises, mas também é importante indicar atividades específicas com essas formas de representação com o intuito de observação, manuseio, reprodução, interpretação, correção e construção dessas formas (CAVALCANTE, 2002, p.98).
É de suma importância a construção de maquetes em sala de aula, sendo uma
forma de ensino‐aprendizagem que auxilia o aluno a conhecer mais detalhadamente o conteúdo que o professor está abordando, proporcionando interação, socialização e construção de saberes entre os alunos envolvidos.
Para Luz; Brinski (2009), o ensino dos aspectos geográficos naturais permite a identificação das paisagens e a interpretação delas através de uma relação temporo‐espacial e dialética, entre a sociedade e a natureza. Assim, o uso das maquetes permite investigar as dinâmicas das transformações paisagísticas, para entender e diferenciar um sistema que se encontra em constante transformação. Para ensinar a Geografia partindo do concreto para chegar ao abstrato, é preciso um conceito‐chave, noções sobre fenômenos e explicações elementares sobre a transformação e a evolução do espaço, o que torna as maquetes um instrumento ideal para atingir esse objetivo.
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Portanto, as maquetes são fundamentais à compreensão de conceitos abstratos, pois partindo do concreto facilita‐se a visualização do aluno e faz com que esse se envolva mais com o objeto de estudo. Além disso, elas permitem uma abordagem bastante abrangente e associações entre o relevo e todos os demais elementos constitutivos do espaço, em um modelo simplificado (mas não simplista) e compacto das inter‐relações existentes.
Para compartilhar
Para a construção de maquetes do Brasil ou do Rio Grande do Sul é preciso
realizar um levantamento teórico sobre as temáticas a serem mapeadas. Os materiais necessários à confecção das mesmas são: chapa de isopor (0,5), papel vegetal, EVA, agulha, fita adesiva, lápis, tintas, pote plástico, vela, suporte de madeira (40 cm por 40 cm), lixa, serragem colorida e massa corrida (TRINDADE; BECKER, 2012).
As etapas para a construção das maquetes, primeiramente, faz‐se o desenho das curvas de nível no papel vegetal e construção dos moldes em EVA (Figura 1a; 1b). Esses podem ser baseados em mapas hipsométricos de escala 1:25.000.000 para facilitar o recorte e a visualização do relevo; Depois, realiza‐se transposição das curvas para as placas de isopor (Figura 1c). A seguir, é realizado o recorte das chapas e a colagem no suporte e, faz o revestimento com a massa corrida (Figura 1d). Após secar, realiza‐se o polimento. Por fim, representa‐se o tema escolhido na maquete cromatizando‐a (Figura 1e; 1f) para demonstrar o tema.
Em sala de aula, os alunos podem construir a base das maquetes. Após, farão a pesquisa sobre as temáticas a serem mapeadas. Ressalta‐se que, a realização da confecção da maquete, pode ser intercalada uma aula de construção do recurso com uma teórica, pois, dessa maneira, os alunos conseguem associar a teoria com o modelo tridimensional.
a) b) c)
d) e) f) Figura 1: Construção de maquetes. Fonte: Arquivo pessoal, 2013.
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A proposta foi aplicada aos alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Coronel Pilar, percebeu‐se que os alunos motivaram‐se muito e participaram ativamente em todas as etapas do trabalho (Figura 1). A construção de maquetes possibilitou que eles associassem os conhecimentos teóricos com o que observavam no modelo tridimensional. Por isso, as maquetes são materiais lúdicos importantíssimos para a construção de saberes abstratos como, por exemplo, o relevo terrestre.
Após, a construção das mesmas, os alunos pesquisaram temas vinculados a Geografia Física, isto é, o quadro físico‐natural brasileiro e estadual e apresentaram aos demais colegas em um Seminário Temático. Portanto, as maquetes são um recurso muito interessante para a aprendizagem do aluno, pois permite visualizar, no concreto, conceitos bastante abstratos. REFERÊNCIAS CASTROGIOVANNI, A. C.; CALLAI, H. C.; KAERCHER, N. A. Ensino de Geografia: práticas e textualização no cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2009. CASTROGIOVANNI, A. C. (Org.). Ensinar Geografia e aprender com o ensino – inquietudes. Porto Alegre, UFRGS, 2009. LUZ, R. M. D.; BRINSKI, S. J. Aplicação didática para o ensino da geografia física através da construção e utilização de maquetes interativas. In: Encontro Nacional de Práticas no Ensino de Geografia, 10, 2009, Porto Alegre. Anais do 10º ENPEG. Porto Alegre: Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), Secção Porto Alegre, 2009, p. 1 – 14. SIMIELLI, M. E. R. Cartografia no ensino fundamental e médio. In: CARLOS, A. F. A. (org). A Geografia em sala de aula. São Paulo: Contexto, 2007. STEFANELLO, A. C. Didática e Avaliação da Aprendizagem no Ensino de Geografia. Curitiba, PR: Editora IBPEX, 2008. TRINDADE, F. S.; BECKER, E. L. S. Relevo do Brasil. In: Simpósio de Ensino, Pesquisa e extensão, 16, 2012, Santa Maria, RS. Anais [do] XVI SEPE. Santa Maria, RS: Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), 2012. p. 1‐9.
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Atividade 2
ESTUDO DEMOGRÁFICO E CONSTRUÇÃO DE PIRÂMIDES ETÁRIAS
Alex Oliveira de Sequeira
Deise Caroline Trindade Lorensi Fernanda Santos Trindade
Jorge Marchezan Santhiély Laksmi Silva Gomes
Angelita Tomazetti Sacalamato1 Gislaine MocelinAuzani2
Para iniciar a conversa Atualmente, frente à realidade escolar nota‐se que a dinâmica com que os
conteúdos são apresentados em sala de aula necessita de mudanças, precisando ser frequentemente inovados. Diante disto, o estudo da população brasileira, no Ensino Fundamental, que é integrante da base curricular da disciplina de Geografia deve ser abordado de forma diferenciada, a fim de que o aluno se aproprie do conhecimento. O estudo da composição populacional possibilita compreender a sociedade atual, analisar as mudanças ocorridas com o passar dos anos, bem como identificar as necessidades futuras.
Desta maneira, o presente trabalho pretende relatar a construção de pirâmides etárias, no formato tridimensional (3D), para possibilitar que os educandos compreendam a estrutura etária da população brasileira, dos períodos de 1980, 1991, 2000 e 2010, de maneira concreta. A partir da confecção das pirâmides etárias se pretende, também, realizar de forma colaborativa uma produção textual da temática, comparando a composição da população brasileira em diferentes períodos e como produto final a elaboração de um folder com as produções dos alunos, salientado o envelhecimento da população brasileira e os cuidados, tanto do poder público quanto da sociedade, necessários com a população idosa.
1 Professora Supervisora PIBID Escola Municipal de Ensino Fundamental junto aoCAIC “Luizinho de Grandi”, Santa Maria/RS
2 Orientadora. Professora Drª. do curso de Geografia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) e Coordenadora do Subprojeto PIBID/Geografia/UNIFRA .([email protected]).
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Para situar o diálogo A importância do estudo da população O estudo da população é importante, pois contribui para identificar as principais necessidades básicas da atual sociedade. Desta maneira, para uma efetiva compreensão acerca do estudo da população, é necessário, analisar a evolução demográfica, identificando as mudanças ocorridas ao longo do período de análise, a distribuição espacial, as faixas etárias e as particularidades pertencentes à população. De acordo com Cerqueira; Givisiez (2004),
Uma preocupação fundamental no estudo das populações humanas é como seu tamanho em determinado momento e com os possíveis fenômenos que determinam ou afetam esse tamanho, tais como os nascimentos, os óbitos e fenômenos migratórios. É importante investigar de que modo cada um desses componentes pode ser afetado por mudanças nos demais e como esses fenômenos se relacionam entre si. (p. 3)
O crescimento populacional ocorre a partir do crescimento vegetativo ou
natural e das migrações. Logo, entende‐se que crescimento vegetativo ou natural é a diferença entre a taxa de natalidade e mortalidade; e as migrações referem‐se à entrada e saída de pessoas do país, bem como o deslocamento da população dentro deste. As migrações ocorrem devido à busca por melhorias de vida (emprego, saúde, educação, segurança, etc.).
Além da preocupação com o crescimento populacional é importante analisar a população a partir da sua faixa etária e sexo, ou seja, a partir do estudo da população podem‐se identificar as necessidades futuras do país, dos estados e/ou municípios. Assim, a partir do estudo demográfico, o Estado poderá definir com maior exatidão quais os investimentos necessários para suprir as necessidades básicas da população. Envelhecimento da população brasileira
O estudo demográfico, com base na análise das pirâmides etárias, “permite
afirmar se a população observada possui uma estrutura jovem ou envelhecida” (CERQUEIRA; GIVISIEZ, 2004, p. 31), ou seja, se a pirâmide apresenta base larga e ápice estreito indica uma população jovem.
Analisando as Pirâmides Etárias de 1980 e 2010 (Figura 1), podemos observar
alterações significativas na estrutura populacional, passando de um país jovem para um país de idosos. Ocorrendo com isto, um estreitamento na base das pirâmides em decorrência da queda da taxa de natalidade, tendendo ao formato retangular, característico de uma população envelhecida. Consideramos aqui a classificação do idoso utilizada pela Organização Mundial da Saúde – OMS, que define a população idosa como aquela que tem idade superior a 60 anos.
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Figura 1: Pirâmides Etárias (A ‐ 1980; B – 2010). Fonte: IBGE (2010)
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e vem sendo
observado no Brasil principalmente a partir da década de 1940. De acordo com Batista; Figueiredo (2012) verifica‐se um constante e gradual aumento da esperança de vida da população brasileira, devido às melhores condições de vida, de higiene, avanços na Medicina e produção de novos fármacos, ampliando o número de pessoas idosas, que se manifesta em diferentes escalas, tanto locais, quanto regionais e nacionais.
No Brasil, a legislação específica que ampara os idosos foi sancionada em 2003, após sete anos de tramitação no Congresso Nacional, o Estatuto do Idoso ‐ Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003 ‐ que tem o propósito de assegurar os direitos consagrados pelas políticas públicas voltadas à pessoa idosa (com idade igual ou superior a 60 anos), com uma visão de longo prazo ao estabelecimento de medidas que visam o bem‐estar dos idosos. Assim, no artigo 3º fica definido que
É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 2003).
O Estatuto está regulamentado com princípios éticos, oferecendo o amparo ao
atendimento das necessidades básicas e a manutenção da autonomia, como a conquista dos direitos sociais e morais dos idosos. Para compartilhar
Primeiramente, é necessário construir pirâmides etárias em isopor referente aos
censos de 1980, 1991, 2000 e 2010 (Figura 2), ou seja, cortar no isopor cada faixa etária com 4 cm de largura e para cada 1 milhões de habitantes deverá deixar 3 cm de isopor (em cada faixa etária), como por exemplo: no censo demográfico realizado pelo IBGE em 2010, a população compreendida na faixa etária de 0 a 4 anos, era de 6.779.172 mulheres e 7.016.987 homens, assim, utilizando a regra de três simples pode‐se definir que no lado feminino da pirâmide deve ter 20,3cm e no lado masculino 21,0cm aproximadamente. Após, ter cortado todas as faixas etárias pode‐se pintar, diferenciando o lado feminino do masculino ou conforme a população (jovem, adulta e idosa), bem como fixá‐la utilizando uma base maior de isopor e arame.
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Figura 2: Pirâmides etárias (1980, 2000 e 2010).
Após, em sala de aula, fazer a apresentação das pirâmides etárias, realizando
explicações sobre as faixas etárias e esclarecendo dúvidas sobre a composição da população brasileira, bem como ir montando, com auxilio dos alunos, as pirâmides. Em seguida, organizar a turma em quatro grupos, onde cada grupo irá interpretar a pirâmide etária que recebeu e fazer uma elaboração textual colaborativa. Segundo Soares (2009) a atividade colaborativa leva os alunos a refletir sobre o próprio trabalho, descrevendo um texto não linear e recursivo, correspondendo a três fases: a pré‐escrita, onde o aluno organiza suas ideias; escrita, a produção textual; e pós‐escrita, onde o texto é revisado e avaliado pelo grupo. Também, realizar a construção das pirâmides etárias em papel milimetrado.
A partir da socialização dos textos produzidos fazer com que os alunos percebam o envelhecimento populacional brasileiro. No momento seguinte, levar aos alunos ao laboratório de informática, para pesquisar sobre a situação dos idosos nos dias atuais e realizar uma breve análise do estatuto do idoso, disponíveis nos sites oficiais. [www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm e www.estatutodoidoso.org].
Como produto final, elaborar um folder com produções textuais e artísticas dos alunos, evidenciando a situação dos idosos nos dias atuais e os direitos adquiridos pelo Estatuto do Idoso.
REFERÊNCIAS: BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Constituição da República Federativado Brasil. Brasilia, 1988. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituicao.htm. Acessado em: 15 de julho de 2013. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei 10.741: Estatuto do Idoso. Brasilia, 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/ l10.741.htm. Acessado em: 16 de julho de 2013. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeção da população. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_ populacao/piramide/piramide.shtm. Acessado em 29 de julho de 2013.
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CERQUEIRA, C. A; GIVISIEZ, G. H. N. Conceitos básicos em demografia e dinâmica demográfica brasileira. In: RIOS‐NETO, E. L.G; RIANE, J. De L. R. (Orgs.).Introdução à demografia da educação. Campinas, SP: Associação Brasileira de Estudos Populacionais ‐ ABEP, 2004. Disponível em: http://www.abep.org.br/?q=publicacoes/introdu%C3%A7%C3%A3o‐%C3%A0‐demografia‐da‐educa%C3%A7%C3%A3o ; acessado em 04 de agosto de 2013. BATISTA, N. L.; FIGUEIREDO, V. D. M. As políticas públicas e o envelhecimento populacional na microrregião de Santa Maria, RS.; Santa Maria, RS; Anais [do] XVI Simpósio de Ensino Pesquisa e Extensão (SEPE)/UNIFRA, 2012. SOARES, D. de A. Produção e revisão textual: um guia para professores de português e de linguas estrangeiras. Petrópolis: Vozes, 2009.
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Atividade 3
A CONSTRUÇÃO DE MUTIMÍDIAS DESTINADOS AO ENSINO DE GEOGRAFIA
Natália Lampert Batista Jonathan Júlio Kegler Luciana da Luz Dias1
Gislaine MocelinAuzani2
Para iniciar a conversa O Ensino de Geografia, no atual contexto, deve buscar explicações de
fenômenos geográficos de forma contextualizada e dinâmica. A abordagem dos conceitos geográficos com o auxilio das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) pode se tornar muito interessante no ambiente escolar, pois dinamiza as aulas tornando‐as mais atrativas aos educandos. Segundo Moreira e Ulhôa (2009), as TICs se apresentam como novas possibilidades de organização das atividades educativas formais ou informais, uma vez que professores e alunos podem se apoiar em diferentes linguagens de comunicação e expressão para subsidiar a construção de conhecimentos.
Neste contexto, os multimídias podem contribuir muito para o ensino de Geografia, pois são uma ferramenta para a construção de conhecimentos de forma mais contextualizada com a realidade. Não se pode ensinar Geografia como uma mera classificação; deve‐se pensar a ciência geográfica com metodologias de ensino diferenciadas e articulada com os pressupotos teóricos e metodologicos desta ciência.
Segundo Castrogiovanni (et al, 2011, p. 62/3),
O ensino da Geografia deve acreditar que a construção do conhecimento se faz pela compreensão dos processos e não na enfadonha e acrítica forma classificatória em hierarquias espaciais emarcadores temporais. A forma classificatória é conservadora, poisnão busca a compreensão dos processos. (...) Assim, o processo de construção de habilidades e conhecimentos que vai do fenômeno à essência e da essência menos profunda à mais profunda é infinito – já que o conhecimento é sempre aproximativo, pois as verdades são provisórias e as dúvidas são múltiplas.
Assim, a Geografia Escolar deve estar pautada em analises críticas e totalizantes
dos conceitos a serem abordados. O uso de multimídias, neste contexto, pode auxiliar
1 Professora supervisora Colégio Estadual Coronel Pilar, Santa Maria/ RS. 2 Professora Drª do curso de Geografia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) e coordenadora PIBID/CAPES/UNIFRA, Subprojeto Geografia, Santa Maria, RS.
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a contemplação dessa nova abordagem geográfica, pois através dos recursos virtuais de aprendizagem, o aluno pode percorrer distintos caminhos para a construção dos conceitos e, assim, pode atuar como protagonista de sua própria apreensão do saber.
Além disso, o multimídia pode envolver inúmeras linguagens, como o texto, a imagem e a música. Isso, o torna inovador na medida em que trabalha com as diferentes habilidades encontradas em sala de aula. Portanto, o uso de multimídias pode ser (e é) muito instigador frente ao alunado. O objetivo desta atividade é estudar de modo diferenciado e dinâmico os temas relacionados à Geografia.
Para situar o diálogo
Com o avanço das novas tecnologias, torna‐se indispensável à utilização de
recursos de ensino diferenciados em sala de aula para que o conteúdo trabalhado se torne interessante e atrativo aos alunos. Assim, a televisão, o computador, o celular, os multimídias, entre outros, passam a serem indispensáveis como recursos didáticos, desde que empregados da forma correta pelo educador (BATISTA; VIERO, 2011).
Assim, as novas tecnologias tornam‐se um diferencial na atuação do educador, mobilizando os alunos em prol da aprendizagem, pois tornam as aulas dinâmicas e interativas. Os multimídias, neste contexto, tornam‐se muito interessantes ao ensino de Geografia.
Um dos aspectos relevantes de um recurso de ensino, no formato multimídia, é a riqueza das diferentes linguagens que pode apresentar como também das formas que o professor pode usá‐lo (VIERO, 2012). O uso de ferramentas digitais diferenciadas possibilita novas abordagens e aulas diferenciadas, bem como servem como motivação e estímulo para a participação dos educandos e a construírem saberes geográficos, repercutindo na busca por mais informações sobre o conteúdo, as quais devem ser transformadas em conhecimento.
Segundo Castellar; Sacramento; Munhoz (2011, p 117),
À medida que as aulas se tornem mais significativas e dinâmicas, utilizando‐se destes recursos interativos como os jogos, simulações e situações‐problema que podem ser elaborados pelo professor ou em conjunto com os alunos, haverá uma gama maior de oportunidades que alunos entendam o mundo, o cotidiano, já que poderão ser alfabetizados cientificamente e aprenderão a pesquisar de maneira mais criteriosa, ler uma informação criticamente, selecioná‐la, comparar fontes de informação e analisar dados da realidade.
Acredita‐se que os recursos digitais, no formato multimídia podem se tornar
uma importante ferramenta para a construção do conhecimento e saberes geográficos; porém, é importante destacar que as novas tecnologias devem ser utilizadas como meio para produção do conhecimento e não como fim, visto que a tecnologia por si só não contribui para a construção da cidadania e aprendizagem do alunado (BATISTA; VIERO, 2012). Desse modo, é fundamental o professor auxiliá‐lo na compreensão do tema abordado, tendo o material virtual como ferramenta de complemento e de ilustração em sua aula.
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Para compartilhar
Para a construção do recurso digital pode‐se utilizar o programa Microsoft Office
Power Point (2003, 2007 e/ou 2010). Primeiramente, seleciona‐se o tema a ser abordado e faz‐se o inventário sobre ele, ou seja, produz‐se um texto fundamentado, escolhem‐se imagens que remetam a ele ou questões de vestibular, por exemplo.
Após, elabora‐se uma apresentação de Power Point com o material. Depois disso, inserem‐se os hiperlinks (atalhos) que conduzirão os alunos por diferentes caminhos até o conceito final a ser trabalhado. O interessante desta proposta é que auxilia a autonomia do indivíduo, que pode escolher o caminho para chegar ao objeto de estudo.
Para inserir o hiperlink, seleciona‐se o objeto que comporta o atalho, depois se acessa “inserir”, “hiperlink”, “colocar neste documento” e “slide x”. Repete‐se o processo para fazer as “teclas de retorno” ou “teclas de avançar/continuar”. Após a elaboração do produto é necessário fazer todos os caminhos possíveis, ou seja, testar os atalhos inseridos para evitar desformatação.
Ao “clicar” no ícone onde foi inserido o “hiperlink” o indivíduo será conduzido a uma nova tela, transitando livremente pelo espaço do jogo digital. Como pode ser visualizado na Figura 1, tem‐se um modelo de recurso digital (jogo), com questões de vestibular, cujo objetivo é trabalhar conhecimentos sobre os biomas aproximando os alunos das provas seletivas que realizarão ao concluírem o Ensino Médio; nele o educando escolhe a questão e a responde, no caso de acertá‐la o atalho o levará a uma tela de comemoração e ele pode escolher uma nova pergunta. Já em caso de erro, a tela apresentada é de negação e ele poderá retornar a questão para debatê‐la com os colegas.
Como pode ser visualizado na Figura 1, mostra uma tela do jogo feito sobre: “Características Físicas do Brasil”, onde se projetava as questões e os alunos às respondiam em grupo. Ao final do tempo estipulado, eles mostravam a “placa” com a alternativa e se fazia a conferencia das respostas de todos os grupos. Este recurso de multimídia foi aplicado para alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Coronel Pilar. Mas, pode adequá‐lo tanto para alunos do Ensino Médio como para do Ensino Fundamental, de acordo com a complexidade do conteúdo abordado pelo professor. Ele é interativo e dinâmico que pode contribuir substancialmente para a construção do conhecimento.
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Figura 1: Jogo elaborado sobre: Características Físicas do Brasil.
Fonte: DIAS, L. da L.; BATISTA, N. L.; KEGLER, J. J.; KONIG, A.; GABRIEL, E. C.C.; OLIVEIRA, D. F. de; AUZANI, G. M.
Portanto, a elaboração dessa proposta é muito interessante, porque leva os
alunos a interpretar a temática, tornando a aprendizagem significativa e atraente. Contudo, deve‐se deixar claro que o uso de Tecnologias de Informação e de Comunicação no ambiente escolar deve se dar de modo consciente.
REFERÊNCIAS BATISTA, N. L.; VIERO, L. M. D.. Um recurso multimídia para o ensino da regionalização brasileira. In: Simpósio de Ensino, Pesquisa e extensão, 15, 2011, Santa Maria, RS. Anais [do] XV SEPE. Santa Maria, RS: Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), 2011. p. 1‐2. BATISTA, N. L.; VIERO, L. M. D. Um multimídia destinado ao estudo do meio ambiente. In: XI Congresso Nacional de Educação – EDUCERE, IV Seminário Internacional sobre Profissionalização Docente – SIPD ‐ Cátedra UNESCO e II Seminário Internacional de Representações Sociais, Subjetividade e Educação – SIRSSE. Curitiba: Anais..., 2013. CASTROGIOVANNI, A. C.; KLASSMANN, A. C.; FERREIRA, D. S.; SOARES, L. P.. Práticas para o ensino da Geografia. In: CASTROGIOVANNI, A. C.; MEINERZ, C. B.; MORITZ, M. L. R. de F.; HICKMANN, R. I. (Orgs.). Iniciação à Docência em Ciências Sociais, Geografia e História – (Re)inventando saberes e fazeres. São Leopoldo: Oikos, 2011.
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CASTELLAR, S. M. V.; SACRAMENTO, A. C. R.; MUNHOZ, G. B.. Recursos multimídia na educação geográfica: Perspectivas e possibilidades. In: Ciência Geográfica ‐ Bauru ‐ XV ‐ Vol. XV ‐ (1): Janeiro/Dezembro – 2011. MOREIRA, S. A. G.; ULHÔA, L. M.. Ensino em Geografia: Desafios à prática docente na atualidade. Revista da Católica, Uberlândia, v. 1, n. 2. 2009. p. 69 ‐ 80. VIERO, L. M. D.. Multimídias para o ensino de geografia. . In: Simpósio de Ensino, Pesquisa e extensão, 16, 2012, Santa Maria, RS. Anais [do] XVI SEPE. Santa Maria, RS: Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), 2012. p. 1‐2.
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Atividade 4
A UTILIZAÇÃO DO SENSORIAMENTO REMOTO PARA O ESTUDO DO LUGAR
Deise Caroline Trindade Lorensi
Natália Lampert Batista Angelita Tomazetti Sacalamato1
Gislaine Mocelin Auzani2
Para iniciar a conversa As geotecnologias, atualmente, estão cada vez mais inseridas na análise
geográfica e no cotidiano, como por exemplo, o uso do GPS. Assim, as técnicas do sensoriamento remoto possibilitam um novo olhar do educando frente à Geografia, como uma ciência mais dinâmica possibilitando um maior envolvimento dos alunos.
O presente trabalho objetiva descrever uma proposta de aula diferenciada utilizando técnicas de Sensoriamento Remoto para a análise ambiental e o estudo do local. A utilização do Sensoriamento Remoto no ensino de Geografia possibilita aulas mais interessantes, bem como contribui para tornar o processo de ensino‐aprendizagem relevante. Para situar o diálogo As técnicas de Sensoriamento Remoto no Ensino de Geografia
As novas tecnologias estão cada vez mais presentes no dia a dia da sociedade e a escola, como espaço de formação humana, deve acompanhar estas transformações, utilizando meios digitais, tecnológicos e inovadores como ferramenta para o ensino aprendizagem.
Com o rápido desenvolvimento tecnológico, em especial na última década, surgiram técnicas e abordagens sofisticadas para o estudo do espaço geográfico e do meio ambiente. Segundo Stürmer (2011), a utilização das geotecnologias em sala de aula, possibilitam minimizar a carência de dados estatísticos atualizados, bem como de produtos cartográficos (mapas e globos) e de Sensoriamento Remoto (fotografias aéreas e imagens de satélites), permitindo um melhor aproveitamento desses recursos no processo de ensino aprendizagem, inovando o ensino de Geografia com a inserção das tecnologias.
A partir disso, o sensoriamento remoto pode ser uma interessante ferramenta para auxiliar o professor de Geografia, pois através de fotografias aéreas, das imagens
1 Bolsista Supervisora PIBID EMEF junto ao CAIC Luizinho de Grandi
2 Coordenadora de Área do Subprojeto Geografia
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de satélite, do Google Maps, do Google Earth, entre outros, é possivel construir noções espaciais que contribuem para o estudo do espaço geográfico.
As novas tecnologias tornam‐se indispensáveis à sala de aula, pois, através delas, pode‐se desenvolver os conteúdos de forma mais interessante e atrativa frentes aos educandos, fazendo‐os aprender com maior facilidade, entretanto sem perder de vista os pressupostos teóricos e metodológicos da Geografia.
O sensoriamento remoto em sala de aula pode, então, tornar‐se um recurso muito adequado ao ensino de Geografia e ao estudo do Meio Ambiente, desde que utilizados corretamente, auxiliando a aprendizagem significativa e a construção de conhecimentos geográficos.
Assim, as tecnologias podem (e devem) estar presentes em sala de aula, porém sua utilização deve ser pensada e vinculada com o conteúdo geográfico a ser desenvolvido para que ela cumpra seu papel que é auxiliar a aprendizagem de forma mais interessante e ampla. Conceitos vinculados ao Sensoriamento Remoto
É necessário, para uma efetiva compreensão acerca do Sensoriamento Remoto,
descrever os principais conceitos que serão utilizados. Entre eles, destacaram‐se o Geoprocessamento, Sistema de Informações Geográficas (SIG), satélite, Banco de Dados Geográficos (BDG); e recursos tecnológicos utilizados foram: Sistema de Posicionamento Global (GPS), cartas topográficas, fotografias aéreas e o software Google Earth.
O Geoprocessamento é a “disciplina que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica” (FLORENZANO, 2002, p. 36), e SIG (Sistema de Informações Geográficas), que de acordo com Florenzano (2002), é uma ferramenta computacional do Geoprocessamento que permite armazenar e integrar as informações geográficas que apresentam diferentes fontes e escalas. O SIG é utilizado no monitoramento e estudo de áreas ambientais, no planejamento de cidades e de países, entre outros.
O satélite é “um objeto que se desloca em círculos, em torno de outro objeto” (FLORENZANO, 2002, p. 23). Existem dois tipos de satélites: os naturais e os artificiais. O primeiro, por exemplo, a lua gira em torno do planeta, o segundo são aqueles construídos pelo homem, e também giram em torno da Terra, como, por exemplo: LANDSAT, CBERS, NOAA, entre outros. Os satélites artificiais são utilizados para várias finalidades, ou seja, existem satélites de comunicação, de televisão, militares, meteorológicos, científicos e de sensoriamento remoto de recursos terrestres.
Os sensores que estão a bordo dos satélites irão coletar dados da superfície terrestre. Esses dados serão armazenados em um Banco de Dados Geográficos (BDG) que é “um conjunto estruturado de dados espacial geocodificados e de atributos, manipulados em ambiente SIG e por um Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD)” (MARTINS, 2013, p.252). No Brasil o BDG localiza‐se em Cuiabá, Mato Grosso do Sul.
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Para compartilhar Para o desenvolvimento da proposta, inicialmente, deve‐se realizar uma
investigação sobre conhecimentos prévios do alunado acerca das novas tecnologias e dos principais conceitos relacionados ao sensoriamento remoto. Entre eles: satélites, imagens de satélite, geoprocessamento, SIGs, entre outros. Após, fazer uma discussão sobre alguns conceitos‐chave, para o entendimento do Sensoriamento Remoto como ferramenta para o estudo do meio ambiente, através de um produto em Prezi(disponível em <http://prezi.com/rk_bh9ycnm7g/sensoriamento‐remoto/>). Depois trabalhar com cartas topográficas, fotografias aéreas e imagens de satélite, afim de que os alunos identifiquem alvos como vegetação, rios, áreas urbanas, etc.
No laboratório de informática, os alunos localizarão a área de estudo pré‐definida pelo professor (sugere‐se que identifiquem o estado, a cidade, o bairro onde se localiza a escola e se possível a residência dos alunos) utilizando o software Google Earth, bem como interpretarão as imagens visualizadas, das proximidades da escola, identificando problemas ambientais e depois verificá‐los in loco. A verificação dos problemas ambientais deverá ser registrada (fotografias) e também discutida, com os alunos, as possíveis soluções para o mesmo.
Para a sistematização dos conhecimentos construídos, dividir a turma em 5 grupos, a fim de construir materiais de apoio, referente às temáticas: degradação ambiental, cuidados com o meio ambiente e sustentabilidade. Entre os materiais elaborados sugere‐se a gravação de vídeos, teatros, obras de arte com materiais recicláveis, paródia, panfleto e programa para a rádio escolar. Por fim, as atividades serão apresentadas pelos grupos e socializadas entre as turmas envolvidas.
A proposta descrita acima foi aplicada em duas turmas de 7° anos da E. M. E. F CAIC – “Luizinho de Grandi”, Santa Maria (RS). A turma azul que possui 27 alunos e a verde que têm 23 alunos, totalizando 50 educandos. Ela permitiu perceber o quão relevante pode se tornar a análise ambiental pautada em técnicas de Sensoriamento Remoto (Figura 1) e na observação in loco (Figura 2) frente ao ensino de Geografia.
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Figura 1: a e b) Análise das fotografias aéreas;
c e d) Identificação de alvos nas imagens de satélite. Fonte: LORENSI, 2013.
Figura 2: a) Alunos analisando imagens no Google Earth; b) Problemas ambientais verificados in loco.
Fonte: LORENSI, 2013.
Neste contexto, houve muito interesse dos alunos na realização de todas as propostas solicitadas com empenho, entusiasmo e curiosidade. Ressalta‐se que o PIBID/Geografia teve grande parcela no êxito da metodologia de ensino, pois instigou os alunos a participarem e produzirem materiais diferenciados, virtuais e lúdicos. Portanto, essa proposta possibilitou a construção de conhecimentos extremamente relevantes e socialmente úteis, pois além de trabalhar com ferramentas modernas, abordam questões ambientais e a sustentabilidade, temáticas imprescindíveis no atual contexto.
REFERÊNCIAS:
FLORENZANO, T.G. Imagens de satélites para estudos ambientais. São Paulo: Oficina de Textos, 2002. MARTINS, E. M.A necessidade de integrar as geografias física e humana: a alternativa viável pela perspectiva da ciência da geoinformação. In: Anais [do] XXXII
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Encontro Estadual de Geografia. Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seção Porto Alegre. Porto Alegre: AGB, 2013. STÜRMER, A. B. As TIC’s nas escolas e os desafios no ensino de geografia na Educação Básica. Geosaberes. Fortaleza, v. 2, n. 4, p. 3‐12, ago. / dez. 2011. Disponível em: http://www.geosaberes.ufc.br/seer/index.php/geosaberes/article/viewPDF Interstitial/92/pdf100. Acessado em: 06 de junho de 2013.
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História
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Atividade 1
A ARTE DA RUA DENTRO DA SALA DE AULA
Elocir Guedes Soares Felipe Matheus Pereira
Guilherme Trevisan Carlos Alexandre Carrier Janaina Souza Teixeira1
Adriana do Amaral2
Do ponto de vista do Patrimônio, a escola é, de fato, a extensão da família. É ali que a maior parte das gerações recebe o legado cultural herdado do passado. Cumpre aos mestres despertar nos alunos sentimentos de respeito e amor, mostrando a eles o valor de nossos bens culturais [...]. (ROCHA, 1989.)
Para iniciar a conversa
O grafite por muitos anos foi visto e, ainda o é, por algumas pessoas, de uma
maneira negativa, como sendo uma atividade que denigre o patrimônio público e/ou privado ou então sendo visto como sujeira, algo que não embelezaria a paisagem urbana e, que serviria apenas como forma de causar desordem e transtornos.
Mas, o que não se percebe por essas pessoas que comentam desta maneira sobre o grafite é toda a questão que está por trás dele. O grafite é uma experiência de reflexão. Mais do que rabiscos ou desenhos, ele é uma forma de expressão, e uma
1 Coordenadora de Área do Subprojeto História do Centro Universitário Franciscano 2 Bolsista Supervisora Escola Municipal de Ensino Fundamental junto ao CAIC Luizinho de Grandi, Santa Maria/RS
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forma de expressão que vem diretamente das ruas, ou seja, que está repleta dos anseios, desejos ou simplesmente dos gostos que pessoas comuns têm da sua vida, do seu bairro, da sua cidade, enfim, do ambiente em que vivem e se relacionam.
Para entender a diferença entre grafite e pichação, constitui‐se de grande valia a reflexão publicada pela Revista de História no mês de maio de 2011 e assinada por Nataraj Trinta e Júlia Moreira. [texto disponível em http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos‐1/grafite‐x‐pichacao‐dois‐lados‐da‐mesma‐moeda] Para situar o diálogo
Desde os primórdios, o ser humano fez seus desenhos nas paredes.
Encontramos exemplos disso em diversas cavernas que são datadas do período comumente chamado de pré‐histórico, as conhecidas pinturas rupestres, as quais representam cenas do cotidiano das pessoas que as fizeram, como a caça, seus rituais, danças e alimentação.
Durante o período antigo e clássico, principalmente no Egito, Roma e Grécia, nota‐se também uma grande quantidade de pinturas feitas nas paredes com técnicas variadas, da mesma forma retratando o dia‐a‐dia, os deuses, e cenários e atitudes que eram observadas pelos habitantes de tais locais. Na cidade de Pompéia, por exemplo, que foi destruida pela erupção do vulcão Vesúvio, as cinzas destes fizeram com que fossem preservados os frescos que através de estudos chegam até nós e, mostram as pinturas tanto nos ambientes privados como nos que eram frequentados por todos da população.
Atualmente a pintura de parede, conhecida como grafite, conquistou as pessoas e, ganhou status de arte, uma arte atual, contemporânea. O que era visto como algo marginal e feito apenas pela e para a classe mais humilde da população, cada vez ganha mais espaço nas galerias de arte do mundo inteiro e, mais pessoas dispostas a entender e apreciar sem preconceito o que está sendo exposto.
Dessa forma, trabalhar o grafite, essa verdadeira arte de rua e, por que não dizer histórica, dentro da sala de aula é tarefa que despertará tanto consciência local, mas que pode servir para abarcar outros assuntos, como os já citados, ou além destes, a questão da memoria, a questão da degradação ambiental, pois se deve sempre ter em mente e diferenciar o que é o grafite e o que é pichação e, que essa arte é diferente de vandalismo.
Existem publicações a respeito de experiências já realizadas com o grafite em sala de aula. [texto disponível em: http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2006/03/27/445464/rafite‐uma‐arte‐na‐sala‐aula.html] Para compartilhar...
Uma atividade feita em sala de aula e concluída de forma positiva foi a de
atrelar o grafite ao aniversário da cidade. O que foi feito e pedido aos alunos: Primeiramente solicitou‐se aos alunos para que cada um trouxesse de casa,
fragmentos de papelão, dos mais variados tamanhos e tipos. Estes foram utilizados como moldes para a feitura de estêncis (do inglês stencil). Foi funtamental que os
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próprios alunos fizessem os moldes, dessa forma, perceberam‐se fazendo parte do processo de criação.
Após os moldes prontos, necessitou‐se de um pedaço de tecido (na ocasião foi utilizado uma faixa de tecido branco) e de quatro tintas spray, de cores: preta, rosa, dourada e verde.
A atividade ocorreu no pátio, em um dia de sol o que é muito importante, para que o processo de pintura seja finalizado. E, assim os alunos foram convidados a grafitar no tecido o molde que eles próprios haviam feito. A excitação e, ao mesmo tempo hesitação de alguns dos estudantes é bastante normal. O receio de errar e manchar o tecido e não conseguir fazer o contorno corretamente, estiveram presentes. É fundamental desconstruir estes mitos enfatizando‐se que não há perfeição neste tipo de atividade.
A discussão inicial e a atividade final proporcionaram tanto a reflexão acerca da preservação do patrimônio, quanto auxiliaram a construir a ideia de trabalho coletivo. Enfatizou‐se a diferença entre grafite e pichação , utilizou‐se imagens do patrimônio material da cidade como inspiração para os moldes. E consegue‐se ter uma unidade dentro da turma, todos ficam na expectativa de ver o colega grafitar e esperando ansiosos à sua vez.
Como sugestão, seria interessante que a escola cedesse alguma parede, ou espaço, em que os alunos pudessem grafitar e, assim, garantir uma relativa permanência do trabalho no ambiente escolar. Pretende‐se, na sequência, promover condições para isso.
REFERÊNCIAS: BESSEGATO, Mauri Luiz. O Patrimônio em Sala de Aula: fragmentos de ações Educativas. Santa Maria: Evangraf, 2004. MACHADO, João Luís Almeida. Grafite, uma arte na sala de aula. Disponível em:http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2006/03/27/445464/rafite‐uma‐arte‐na‐sala‐aula.html OSINSKI, Dulce Regina Baggio. Arte, história e ensino: uma trajetória. São Paulo: Cortez, 2002. TRINTA, Nataraj e MOREIRA, Júlia. Grafite X Pichação: dois lados da mesma moeda. Disponível em: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos‐1/grafite‐x‐pichacao‐dois‐lados‐da‐mesma‐moeda ROCHA, Guido. Cartilha do Patrimônio Histórico e artístico de Minas Gerais. Belo Horizonte: Secretaria do estado da Cultura, 1989. 1v. (sem paginação)
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Atividade 2
PATRIMÔNIO E VALORIZAÇÃO DO SUJEITO HISTÓRICO
Andressa Rodrigues Flores Antônia da Costa Teixeira
Marjana Feltrin Chaves Pâmela Pozzer Centeno Nunes
Tatiane de Andrade Machado Brikalski Janaina Souza Teixeira1
É através das novas gerações de alunos que estão presentes em nossas escolas que poderemos mostrar como o patrimônio encontra‐se em todos os conteúdos escolares e que a preservação destas “memórias” é bem melhor que o esquecimento. (HAIGERT, in MILDER, 2005, p.110).
Para iniciar a conversa
As práticas educativas relacionadas à preservação do patrimônio cultural,
material e imaterial deve ter cada vez mais espaço nas escolas.
Preservar é manter vivas as memórias, as histórias, as coisas que representam aspectos da identidade da nossa cidade ou de nossas famílias. Preservar é necessário para que tenhamos referências de quem somos, como chegamos onde estamos e o que podemos fazer com nosso potenciais.” (HAIGERT in MILDER, 2005, p. 107)
A importância deste assunto está diretamente ligada ao ensino de História à
medida que a valorização das memórias e a história do local em que vivem, fortalece sua percepção enquanto sujeito histórico. Além disso, entender a memória é entender a História enquanto contrução coletiva e plural. A preservação da memória de um povo é um meio de preservar seu patrimônio material e imaterial.
1 Coordenadora de Área do subprojeto História, Centro Universitário Franciscano.
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Para situar o diálogo
A história oral é outra forma de manter viva a memória das pessoas que nos cercam e de nossos antepassados. É possível também através da história
oral realizar na comunidade um trabalho baseado em entrevistas com a comunidade, afim de preservar a memória local.
Para registrar a história oral de um individuo utiliza‐se um um gravador ou filmadora para entrevistas, onde o indivíduo tem toda a liberdade de expressar o que quiser, lembrando sempre de respeitar a linguagem. Depois a entrevista é transcrita e revisada pelo entrevistado e só então autorizar atraves de um termo de doação e uso pelo entrevistador.
Dica: Para esta atividade, o entrevistador pode ser um aluno, e o entrevistado um mmbro mais antigo da família. O rumo da entrevista pode ser definido através de um questionário elaborado em conjunto em sala de aula.
Para Compartilhar
A atividade teve início em sala de aula, com um período destinado aos aspectos teóricos. Foram trabalhados com os alunos os diferentes tipos de patrimônio (cultural, material e imaterial),consecutivamente, os alunos do sexto ano foram convidados pela professora a dar um passeio pela comunidade. O objetivo deste passeio foi fazer com que os alunos olhassem a comunidade de forma diferente do que eles estavam habituados a ver no dia‐a‐dia.
Durante o passeio foi lançado aos alunos, o desafio de identificarem o que é patrimônio. Tomou‐se o cuidado de valorizar‐se os argumentos de cada aluno referente ao que foi trabalhado na sala de aula. Foi destacada também a importância de preservar o ambiente, considerando que o que viam no trajeto do passeio evidenciava um descaso com o mesmo, pois o lixo nas ruas, as pichações nos estabelecimentos comerciais, no patrimônio privado e público da comunidade estavam presentes.
Os lugares destacados pelos alunos como patrimônio foram Igrejas, campos de futebol, escolas, monumentos, estabelecimentos privados fixos há bastante tempo no mesmo local. Destacou‐se também um Centro de Umbanda e oferendas pelo caminho.
Esta atividade didática constituiu‐se no primeiro momento de uma proposta que visa incluir entrevistas com moradores da comunidade, na qual buscar‐se‐á a valorização da memória oral.
O principal resultado obtido nesta atividade foi a percepção da conscientização dos alunos quanto à preservação e respeito tanto do patrimônio público quanto do privado. A afirmação de que alguns bens privados, por estarem há muito tempo no local, já estavam entre os apontados como patrimônio fez perceber que houve uma relação entre o tempo e a história no que entendem como patrimonial.
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O exercício do olhar sobre o que os rodeia no sentido de pensar a sua própria história foi considerado válido para a qualificação do saber histórico.
Sem dúvida, o maior êxito foi promover no educando uma concepção de história que vai além do espaço da sala de aula, uma História que ocorre na sua rua, no seu bairro, tanto quanto nos livros impressos. REFERÊNCIAS BESSEGATO, Mauri Luiz O patrimônio em sala de aula: Fragmentos de ações educativas. Porto Alegre: Evangraf, 2004. MILDER, Saul Seiguer. Educação Patrimonial: Perspectivas. Santa Maria, 2005.
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Inglês
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Atividade 1 APRENDER INGLÊS ATRAVÉS DE PRÁTICAS ESPORTIVAS:
UMA REALIDADE POSSÍVEL NO PROGRAMA PIBID
Andréa Ortiz Carenina Nunes Daniela Vinques
HuannaSperb Marilu Fialho
Mariane FrigoDenardin1 Para iniciar a conversa...
Brincar e jogar são atividades presentes no cotidiano de muitos alunos do ensino básico, principalmente o fundamental, e são indispensáveis para o desenvolvimento físico e cognitivo dos mesmos. É jogando videogame ou um simples futebol com os amigos, que a criança, estudante do Ensino Fundamental neste caso, irá não apenas interagir com os demais, de modo lúdico, mas adquirir um conhecimento que vai muito além do uso de um quadro e giz. Bem como cita PIAGET (1971), “o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”, ou seja, é inovando no ensino que o aprendizado será mais instigante e motivador para o aprendiz.
Essa visão de ludicidade também pode ser posta em prática quando o assunto é o ensino de uma língua estrangeira, como o Inglês. É possível ligar a atividade física ao ensino da língua estrangeira, uma vez que a busca da interdisciplinaridade é uma meta do ensino hoje. Com esse intuito, nós, como bolsistas do programa PIBID na Escola Básica Estadual Érico Veríssimo, participantes do subprojeto Inglês, desenvolvemos uma atividade que engloba o brincar e o jogar com o aprender.
A atividade que realizamos tem por objetivos melhorar a atenção e a concentração dos alunos e a fixação do vocabulário sobre os alimentos saudáveis, trabalhado anteriormente pela professora em sala de aula, através de um jogo simples, porém divertido. Para situar o diálogo
Se pensarmos nos estudos em aquisição de segunda língua (L2), muito tem sido discutido a respeito das características internas e externas do aprendiz que, se trabalhadas de maneira conjunta, incitam o sucesso na aquisição. Ortega (2009) fala a respeito das variáveis que interferem na aquisição, dentre elas, podemos destacar os
1 Bolsista supervisora PIBID da rede municipal de ensino de Santa Maria, RS.
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fatores: idade, motivação, input lançado, etc. Logo, a imersão acaba sendo um ponto determinante em relação à análise das melhores condições de sucesso na aquisição, por englobar os pontos que traçamos acima.
Esses fatores, somados ao contexto no qual se instaura o programa PIBID, acaba nos obrigando, como bolsistas PIBID, a propor tarefas que vão ao encontro dos pontos que foram anteriormente expostos. Ao buscarmos o que Ellis (1997) defende em relação ao sucesso na aprendizagem ‐ cooperação e interação através de ações que tornem o ambiente como um todo propício a essa aquisição ‐ acabamos justificando nossa escolha pela presente atividade, que incorpora a aprendizagem de uma língua estrangeira e a prática esportiva.
Vygotsky (1998, p. 119 a 126) enfatiza a importância dos jogos na aprendizagem dos alunos e a forma como eles veem esses desafios como metodologia de ensino, por exemplo. O autor salienta que, através do contato com o brinquedo, o jogo e as brincadeiras, o aluno aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não dos incentivos.
Para compartilhar:
A atividade que elaboramos deve ser realizada na quadra esportiva da escola, com o objetivo de alinhar a prática esportiva ao ensino de Inglês. Um aluno será escolhido para ser o goleiro, os demais alunos devem colocar‐se em uma fila linear em frente à goleira. Para o primeiro da fila, o professor responsável fará uma pergunta em inglês, com o foco em alimentação, o que engloba a interdisciplinaridade antes citada, ou qualquer outro tema escolhido, e se o aluno responder corretamente, terá a oportunidade de chutar a bola a gol.
O aluno que chutar a bola e o goleiro defender, passará a vez para o próximo colega da fila. Todavia, se acertar a trave, o aluno receberá um ponto e se marcar gol, receberá três pontos.
As perguntas continham uma estrutura gramatical voltada aos substantivos contáveis e incontáveis da língua inglesa (ex: howmany, howmuch), e foi utilizado, conforme as indicações da professora supervisora, o vocabulário de vegetais e frutas, a qualidade dos alimentos saudáveis e sua importância, tema transversais (proposto pelos PCN). As habilidades e competências utilizadas para a realização desta prática foram: compreensão, oralidade, pronúncia, expressão corporal e linguística do discente.
Para a realização da atividade, foram necessários os seguintes recursos: Espaço físico Uma bola de futebol Uma goleira
Sugerimos que esta atividade possa ser realizada para tratar de temas que envolvam atividades físicas, como o próprio esporte (tiro em gol), para que o aluno desenvolva não só o vocabulário associado, mas também as estruturas linguísticas próprias.
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REFERÊNCIAS OʹMALLEY, J.M. CHAMOT, A. Learning strategies in second language. Austrália: Cambridge University Press: 1990. PIAGET, J. A formação do símbolo na criança. Tradução de A. Cabral e C. M. Oiticica. Rio de Janeiro: Zahar: 1971. VYGOTSKY, Lev Semenovick. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
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Atividade 2
INGLÊS BRINCANDO: INTERBRINQUE
Andréa Ortiz Carenina Nunes Daniela Vinques
HuannaSperb Marilu Fialho
Mariane FrigoDenardin1 Para iniciar a conversa...
Atuarmos em educação e na educação brasileira implica vivermos em um contexto de buscas, de incertezas, de dúvidas, de questionamentos, mas principalmente do que chamamos de sensibilização ao meio em que estamos atuando. Não basta termos um diploma, seguirmos o melhor livro didático, lermos alguns teóricos de relevância na área de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras. Importa levarmos em conta a comunidade em que estamos inseridos, os alunos e sua realidade político‐social‐cultural.
A partir dessa perspectiva, enquanto bolsistas PIBID, estamos inseridos na Escola Municipal de Ensino Fundamental Adelmo Simas Genro, situada na zona leste da cidade, primeiro assentamento urbano da América Latina. Região onde se encontram nossos alunos, filhos, em sua grande maioria, de pessoas com renda inferior a um salário mínimo. Nesse contexto, buscamos proporcionar momentos de aprendizagem de língua inglesa de uma maneira não tão distante da cultura de nossos alunos. Proporcionamos a eles um momento que chamamos de INTERBRINQUE.
Um momento para brincadeiras, aprendizagem, interação e recreação entre os alunos do 5º ao 9° ano. O INTERBRINQUE aconteceu durante um recreio da Escola, porém mais longo. Essa idéia foi criada pela supervisora do PIBID – subprojeto Inglês‐ professora Mariane FrigoDenardin. Em sua primeira versão, o INTERBRINQUE foi realizado apenas com objetivo de interação e recreação. Esse ano, porém, com a chegada do PIBID – subprojeto Inglês na Escola, ele foi remodelado para a inserção da língua inglesa durante as brincadeiras.
Logo, em uma tarde de quinta‐feira, nós bolsistas do PIBID‐subprojeto Inglês, Andrea Ortiz, Carenina Nunes, Daniela Vinques, HuannaSperb, Marilu Fialho e a supervisora professora Mariane F. Denardin realizamos, na quadra da escola, o INTERBRINQUE, a fim de utilizar a língua inglesa durante as brincadeiras, desenvolver a motricidade, aumentar a autoestima dos alunos e estabelecer laços de parceria e competição entre os participantes. Correr dentro de um saco com uma nova nacionalidade. Que tal? Falaremos um pouco mais sobre esse momento ao longo do caderno.
1 Bolsista supervisora PIBID da rede municipal de ensino de Santa Maria, RS.
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Para situar o diálogo
O processo ensino‐aprendizagem de uma língua estrangeira tem se construído e reconstruído nas últimas décadas com base em técnicas, abordagens e métodos diferenciados. Basta recordarmos a maneira como aprendemos a língua inglesa na Escola. Copiávamos regras, fazíamos exercícios gramaticais e de tradução. Hoje? Ainda observamos essa prática tanto discente quanto docente. Errado? Pergunta difícil de ser respondida. No momento atual não há o melhor método, a melhor abordagem, a melhor técnica, mas sim a melhor escolha para os alunos e a escola onde atuamos.
Logo, ao planejarmos uma inserção em sala de aula, procuramos considerar a realidade do aluno – onde vive, como vive e com quem vive – e da Escola – sua função dentro da comunidade, sua estrutura pedagógica e física. Essas considerações fazem parte do chamado pós‐método. Pós‐método, duas palavras que resumem o que talvez já esteja acontecendo nas salas de aula do nosso município, estado e país mesmo sem definições teóricas. Baseado em Prabhu (1990), Leffa nos diz que
O ensino de línguas não deve acontecer em um mundo abstrato, meramente teórico e construído por autoridades, seja no sentido autoritário, com base no poder, seja no sentido autorizado, com base no saber, mas deve estar situado em um determinado contexto, com base na realidade, garantindo ao professor a opção de agir dentro daquilo que é plausível em seu contexto (2012, p.399).
Além disso, ser um ensinante demanda focarmos no que é significativo para o
aluno. Segundo Moran “A escola precisa partir de onde o aluno está, das suas preocupações, necessidades, curiosidades e construir um currículo que dialogue continuamente com a vida, com o cotidiano. Uma escola centrada efetivamente no aluno e não no conteúdo, que desperte curiosidade e interesse(...)” (2008, p.10). Portanto, buscamos no lúdico um caminho para motivar os alunos a interagirem com uma língua estrangeira de forma desejável e menos dolorosa. Esse caminho já foi objeto de estudo da dissertação da professora Coordenadora Professora Mariane Denardin (2007).
Ao possibilitar que seus alunos de um 5º ano da nossa escola apontassem caminhos para a sua aprendizagem, eles buscaram o que lhes era significativo, usar a língua inglesa em atividades lúdicas comuns à sua idade e à sua cultura: brincadeiras, teatro e músicas. As atividades lúdicas (músicas, dramatizações, jogos e brincadeiras) têm sido vistas como significativas para a promoção do ensino‐aprendizagem e do desenvolvimento afetivo, motor e cognitivo dos alunos do ensino infantil e fundamental por muitos professores e pesquisadores de diversas áreas (BROUGÉRE, 1998; VYGOTSKY, 1998; WASHOP, 2001). Essa caminhada pela busca de respostas, de algumas certezas continua a cada planejamento e inserção em sala de aula. Certeza? O aluno existe, a/o professor/a existe, a escola existe, o sistema existe e o ensino‐ aprendizagem se constrói.
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1.3 Para compartilhar CHUTE A GOL Os alunos devem formar uma fila com no máximo 10 participantes. Antes de chutar a gol, cada aluno deve contar os números em inglês. Se o aluno for do 5° ou 6° ano, ele deve contar de um até dez. Se o aluno for do 7° ao 9° ano, ele deve contar de um até vinte. Os alunos que estiverem observando podem ajudar. O QUE PRECISAMOS? Uma goleira ou duas marcas que delimitem área de gol e uma bola. ARREMESSO NA CESTA Os alunos devem formar uma fila para arremessar a bola na cesta de basquetebol. Antes de arremessar, cada aluno deve pegar um objeto escolar que há dentro de uma sacola. O aluno deve descrever o objeto, dizendo o nome e a cor do objeto em inglês. Exemplo: Thisis a blue pen (Esta é uma caneta azul). O aluno que arremessa pode contar com a ajuda de um colega que esteja observando e do monitor. O QUE PRECISAMOS? Tabela com uma cesta ou até mesmo uma lata suficientemente grande para uma bola. Objetos escolares como caneta, lápis, borracha, canetinha, tinta guache, giz de cera, régua, estojo, caderno, livro, etc. Uma sacola CORRIDA DO SACO Cada dupla de alunos participantes da corrida do saco recebe um desenho de uma bandeira. Antes de começar a corrida do saco, o aluno apresentará qual a sua nacionalidade em inglês. Exemplo: bandeira da Austrália. I’mAustralian (Eu sou australiano). O aluno pode contar com a ajuda dos colegas que estão observando e com o monitor. O QUE PRECISAMOS? Sacos de estopa ou de plástico grande. Desenhos de bandeiras
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PULAR CORDA Toda vez que um aluno for pular corda, ele deve dizer o ABC em inglês enquanto estiver pulando. O aluno pode contar com a ajuda dos que estão observando. No momento, o monitor ou professor pode entregar a letra de outras canções populares na língua inglesa como “JumpRope”. O QUE PRECISAMOS? Corda. Letras de canções “JumpRope” impressas ou escritas. (www.buyjumpropes.net/Jump_Rope_Rhymes) CORRIDA DA LARANJA O monitor terá uma sacola com palavras em inglês relacionadas à food (comida). Cada participante da corrida deve retirar da sacola uma palavra. A palavra que for retirada deve ser traduzida para o português. Exemplo: Egg‐ovo. O QUE PRECISAMOS? Uma laranja, limão ou uma bolinha de massinha do tamanho de uma colher de sopa. Uma colher de sopa E SE O INTERBRINQUE VIRAR COMPETIÇÃO?
Toda brincadeira pode ser transformada em competição. Sugerimos que haja a perda de pontos se o aluno não souber participar positivamente da brincadeira, se bater, se xingar, se trapacear, se ameaçar colegas. Pode haver premiações do tipo um lanche especial, um bombom, um objeto escolar, um CD de música em inglês, dependendo dos objetivos e extensão da atividade.
REFERÊNCIAS BROUGERÉ, G. A criança e a cultura lúdica. In: KISHIMOTO, T.M. (Org.). O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, 1998 DENARDIN, Mariane F. Encontro com uma língua estrangeira: ”Se eu fosse mágico eu queria passar tudo de novo”. 2007, 125 f. Dissertação (Linguística Aplicada). Universidade Católica de Pelotas, Pelotas. 2007. MORAN, José Manuel. Disponível em <.http://www.eca.usp.br/prof/moran/ significativa.htm>Acesso em 14/09/2013. LEFFA, Vilson. Ensino de línguas: passado, presente e futuro. Rev.Est. Ling., Belo Horizonte, v. 20, n.2, p.389‐411, jul/dez.2012.
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VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. Traduzido por José Cipolla Neto, Luis Silveira Menna Barreto e Solange Castro Afeche. 6ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. WASHOP, G. O brincar na educação infantil. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n.92, p. 62‐69, fev. 1995.
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MATEMÁTICA
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Atividade 1
GEOGEBRA NO ESTUDO DE TRIÂNGULOS NO ENSINO FUNDAMENTAL
Sonia Regina Prado de Medeiros1;
Karla Souza Tatsch2; Lozicler Maria Moro dos; Santos 3
Para iniciar a conversa
O presente trabalho apresenta uma atividade para o estudo de triângulos,
utilizando‐se o software Geogebra como potencializador do interesse e da aprendizagem no ensino fundamental da educação básica.
Considerando a utilidade da tecnologia no mundo atual, vislumbra‐se a necessidade desta integrar‐se ao cotidiano da escola, como meio para auxiliar na melhoria do processo de aprendizagem da matemática.
No estudo da geometria, em específico, sua utilização é justificada por inúmeros aspectos tais como, oportunidade de construção e manuseio pelos próprios alunos; melhoria na visualização e compreensão dos conteúdos abordados; utilização de diferentes recursos visuais para o ensino; aspectos esses que, inegavelmente, despertam a participação e o interesse dos alunos.
Trata‐se de um recurso cada vez mais acessível e, além disso,
o fantástico desenvolvimento de tecnologias pessoais, móveis, mais baratas e cada vez mais interativas está propiciando mudanças significativas nas formas de trabalho, de lazer, de comunicação com pessoas próximas e distantes. Modificam‐se as concepções de espaço e de tempo, do que é real e virtual, do que é tradicional e inovador (MORAN, 2010, p.1).
O avanço da tecnologia tem provocado mudanças na relação dos indivíduos
com o mundo e tem exigido mudanças nas práticas pedagógicas, influenciando nos papéis ocupados por alunos e professores na sala de aula (MORAN, 2010). O recurso às tecnologias de informação e comunicação, em suas diferentes formas e uso, constitui um dos principais agentes de transformação da sociedade, dadas as implicações que essas exercem no cotidiano das pessoas (BRASIL, 1997).
Nesse contexto, o uso do computador configura como uma ferramenta que pode ser tutorada pelo aluno. Trata‐se de um meio para buscar informações, atendendo o estilo cognitivo e o interesse do aluno (ALMEIDA, 2000).
1 Bolsista supervisora PIBID Sistema Municipal de Ensino de Santa Maria/RS. 2 Coordenadora de Área de Gestão de Processos Pedagógicos 3 Coordenadora de Área do subprojeto Matemática Centro Universitário Franciscano
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Em específico no estudo de geometria, o computador, com seus softwares e aplicativos, é um recurso indispensável para a melhoria das condições de aprendizagem, e
se pensarmos em geometria como processo de interiorização e apreensão intelectual de experiências espaciais, o aprendizado passa por domínio das bases de construção deste ramo de conhecimento, e aqui a abstração desempenha papel fundamental (GRAVINA,1996, p.2).
Nessa perspectiva, a utilização de uma geometria dinâmica, desenvolvida em
ambientes virtuais, pode oportunizar representações geométricas de forma clara aos alunos. Gravina (1996) destaca que, partir de manipulação concreta, o desenho em movimento possibilita a passagem para a manipulação abstrata, na qual o aluno atinge níveis mentais superiores da dedução e rigor, compreendendo a natureza do raciocínio matemático. Para compartilhar: Estudo de triângulos com o Geogebra
Para introduzir essa unidade de ensino e aprendizagem, propõe‐se a realização
de uma pesquisa sobre triângulos na rede mundial de computadores, como forma de incentivar os alunos ao estudo e, ao mesmo tempo, orientá‐los na condução dessa importante prática.
Nessa pesquisa, pede‐se que os alunos atentem para a seleção de diferentes aspectos tais como conceito, elementos, classificação quantos aos lados e quanto aos ângulos, e algumas propriedades desses polígonos.
Como forma de compartilhamento de informações entre os colegas, sugere‐se a oferta de um encontro entre todos para que possam explanar as informações encontradas, momento em que o professor pode salientar os importantes aspectos estudados.
Como continuidade da unidade de ensino e aprendizagem, propõe‐se a utilização de dois vídeos para que se possa alcançar a sensibilização dos alunos sobre o tema em estudo. Selecionaram‐se dois vídeos: O Barato de Pitágoras (2013) e O Teorema de Pitágoras (2013).
Propõe‐se, então, a aplicação de um questionário sobre os aspectos estudados até o momento, como forma de verificar se os conhecimentos básicos estão compreendidos por todos.
Como continuação, os alunos são levados a conhecer e explorar os recursos básicos do software Geogebra. Nesse momento, então, os alunos passam a construir e manusear triângulos.
Para a construção dos triângulos, conforme Figura 1, sugerem‐se os seguintes passos: 1. Traçar um segmento de reta AB; (janela 3); 2. Construir um círculo com centro no ponto A e passando pelo ponto B (janela 6); 3. Com centro no ponto B e passando pelo ponto A, construir outro círculo; 4. Determinar o ponto C, intersecção dos dois círculos (janela2);
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5. Clicar na janela 5, em polígono e determinar o triângulo ABC (esconder todas as construções auxiliares); 6. Medir os lados e os ângulos internos do triângulo (janela 8 – distância e ângulo); 7. Em “entrada” no canto inferior da tela e somar os ângulos internos do triângulo; 8. Classificar o triângulo quanto à medida dos lados e quanto à medida dos ângulos; 9. Construir um triângulo DEF ( janela 5); 10. Na opção mover (janela 1), movimentar os vértices dos triângulos. Registrar as medidas obtidas após cada movimento.
Figura 1: Tela do Geogebracom a construção de triângulos.
Ao construir e manusear o triângulo ABC, conforme a representação da figura
1, é possível levar os alunos a perceberem as características de um triangulo equilátero. Também ao movimentar o triângulo EFG (Figura 1) podem identificá‐lo como escaleno, isósceles ou equilátero, dependendo da forma como o colocam, já que seus lados são variáveis livres.
Uma das ferramentas do Geogebra mais utilizadas para essa unidade é “arrastar”, que permite construção de conjecturas sobre o conteúdo estudado, podendo ser explorados diferentes níveis de entendimento geométrico, desde o visual até os níveis de descrição, análise e abstração. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os recursos tecnológicos existem e precisam ser explorados no ambiente
escolar como forma de potencializar o interesse e a participação dos alunos, além de servir como instrumento para a melhoria da qualidade da aprendizagem.
As atividades didáticas inovadoras no processo, que valorizam o uso de computadores, permitem o desenvolvimento dos conteúdos e a melhoria das aprendizagens, além de contribuir para a formação docente inicial e permanente.
Para isso, faz‐se necessário um planejamento criterioso e uma prática comprometida, de alunos e professores, para contemplar o desenvolvimento dos conteúdos propostos.
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REFERÊNCIAS ALMEIDA, M.E. Informática e formação de professores. Volumes 1 e 2. Série de Estudos Educação a Distância. Brasília: MEC/OEA, 2000. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível em: <www.portal.mec.gov.br/seb/arquivos/ pdf/livro01>. Acesso em 11 jun. 2011. GRAVINA, Maria Alice. Geometria Dinâmica: uma nova abordagem para o aprendizado da geometria. Anais. VII Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, p.1‐13, Belo Horizonte, Brasil, nov. 1996. MORAN, José Manuel. Tecnologias de comunicação e interação. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educaçãoe‐Proinfo. Ambiente Colaborativo de aprendizagem. Ministério da Educação. Disponível em:<http://www.neaad.ufes.br/subsite/midiaseducacao/pdf/etapa2_Tec_com_e_interacao.pdf>. Acesso em 22 ago. 2010. O BARATO DE PITÁGORAS. Mão na Forma. TV Escola. O canal da educação. Ministério da Educação ‐ MEC. Disponível em: <http:// tvescola.mec.gov.br/index.php?item_id=4818&option=com_zoo&view=item>. Acesso em 24 fev. 2013. O TEOREMA DE PITÁGORAS. Novo telecurso. Ensino fundamental. Aula 54. Realização: FIESP, SESI, SENAI, IRS. Fundação Roberto Marinho. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=Pxs0pnWLJu8>.Acesso em 4 mar. 2013.
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Atividade 2
A IMPORTÂNCIA DA HABILIDADE DA INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA *
Janaína da Silva Côrrea; Lozicler Maria Moro dos Santos1;
Karla Souza Tatsch2.
Para iniciar a conversa
O trabalho apresenta uma unidade de ensino e aprendizagem proposta por bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, PIBID. Tratam‐se atividades realizadas no apoio pedagógico com alunos do ensino fundamental de uma escola pública de Santa Maria.
As atividades foram planejadas a partir das dificuldades de aprendizagem em matemática que foram identificadas entre os alunos na interpretação e na resolução de situações‐problema, nas aulas observadas pelos bolsistas.
Segundo Geary (1993), as dificuldades de aprendizagem e leitura interferem em diversas atividades, destacando a falta de habilidade perceptiva que dificulta o reconhecimento de sinais aritméticos, leitura de símbolos, o agrupamento de objetos em conjunto e na habilidade de atenção.
Buscou‐se, então, por atividades que ajudassem na superação das dificuldades, com o intuito de contribuir com os alunos para introdução e aumento do hábito de leitura, fazendo‐os perceber a importância disso para a matemática.
Levou‐se em consideração a importância de abordar textos envolvendo o cotidiano dos alunos e percebe‐se que a metodologia da resolução de problemas possibilitaria isso. Segundo Smole e Diniz (2001) por meio de situações de resolução de situações‐problema, incorporam‐se os contextos do cotidiano em sala de aula, bem como as experiências e a linguagem natural da criança no desenvolvimento das noções matemáticas. Além disso, a leitura “é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo na construção do significado do texto”(BRASIL, 1998, p.97).
O hábito de ler auxilia, não somente na escrita, mas também, na construção dos significados das palavras, ampliando assim o vocabulário e proporcionado à interpretação e o entendimento de diferentes textos. Desta forma, a proximidade com o mundo da escrita facilita a alfabetização e ajuda em todas as disciplinas.
1 Coordenadora de área do subprojeto Matemática Centro Universitário Franciscano. 2 Coordenadora de área de gestão de processos pedagógicos Centro Universitário Franciscano.
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Para compartilhar Para iniciar a sequência de atividades, a bolsista incentivou a todos para a
prática da leitura, em função da grande dificuldade que eles apresentavam na interpretação de resolução de situações‐problema.
Como apresentavam resistência à leitura durante as atividades do PIBID, foi proposto que cada aluno trouxesse de casa um texto, que poderia ser reportagem de jornal ou revista, relacionado a algum assunto de seu interesse e que abordasse algo relacionado à matemática.
Foi exposto a todos sobre as diversas maneiras que a matemática está envolvida no cotidiano e como ela se apresenta, seja por meio de fórmulas, equações, gráficos ou linguagem textual.
Os alunos trouxeram os mais variados assuntos, dentre eles destacam‐se alguns que foram objeto de estudo pela turma no decorrer das aulas seguintes. Os assuntos versaram sobre festas, carros, maquiagens e preços de doces. Com esses temas em mãos, a bolsista pesquisou e apresentou aos alunos questões simples e variadas, aumentando gradativamente o grau de dificuldade sobre esses assuntos.
Para a resolução das questões propostas, os alunos foram divididos em grupos e trabalharam com ajuda de três bolsistas, na interpretação e resolução de problemas matemáticos, todos relacionados aos assuntos sobre os quais os alunos demonstraram interesse.
Durante as atividades subsequentes do PIBID, os alunos foram incentivados a trazer alguns textos que despertassem o interesse do grupo, ler e discutir sobre as questões matemáticas envolvidas, procurando‐se, desta forma, praticar a leitura em todos os encontros da matemática.
Essas atividades aconteciam no turno inverso das aulas regulares dos alunos, como forma de apoio pedagógico.
Os alunos envolvidos nas atividades apresentaram maior interesse pela matemática e pela leitura em geral, demonstrando significativa melhora na interpretação de textos matemáticos e diminuição das dificuldades na resolução de problemas, segundo relatos das professoras regentes.
Com a responsabilidade de trazer textos que agradassem aos colegas notou‐se também uma significativa melhora no comportamento de alguns alunos, que antes da atividade, eram agitados e apresentavam pouco envolvimento nos trabalhos propostos em aula. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acredita‐se que com essa experiência pôde‐se interferir positivamente em
outras áreas do conhecimento na escola e estimular o processo de busca pelo conhecimento e pensamento crítico dos alunos. Percebeu‐se a prática da leitura como fonte de informação e construção de conceitos, não apenas matemáticos, mas também éticos e socioeconômicos.
A experiência reforçou aos bolsistas de iniciação à docência, envolvidos na atividade, que é preciso valorizar e explorar a leitura e a interpretação em aulas de matemática, como forma de viabilizar a melhoria da qualidade da aprendizagem e potencializar a formação geral do aluno.
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REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática /Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC /SEF, 1998. GEARY, D. C. (1993): <Mathematical Disabilities: Cognitive, neuropsychological, and genetic components> Psychological Bulletin.114, 345 – 362. US National Library of Medicine National Institutes of Health. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2821095/.>.Acesso 24 abr.2013. SMOLE, Kátia Stocco; DINIZ, Maria I. Ler, escrever e resolver problemas: Habilidades básicas para aprender matemática. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
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Atividade 3
CONTEXTUALIZANDO A MATEMÁTICA COM O NÚMERO DE OURO E O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL
NO ESTUDO DE RAZÕES E PROPORÇÕES
Andressa de Oliveira Martins Caren Kruse1
Lozicler Maria Moro dos Santos2 Karla Souza Tatsch3
Para iniciar a conversa
O presente trabalho relata uma experiência com alunos da sétima série, que apresenta a contextualização da matemática no processo de ensino e aprendizagem de razões e proporções.
Pavanello (2004) afirma que contextualizar é apresentar o conteúdo por meio de uma situação problematizadora. Com relação ao ensino, trata‐se de apresentar, em sala de aula, situações que deem sentido ao conhecimento dos quais se procura que sejam compreendidos, por meio da problematização.
Nesse contexto, apresenta‐se a contextualização como uma alternativa na construção do significado e na melhoria da aprendizagem de conteúdos matemáticos pelos alunos.
Para situar o diálogo
Uma pesquisa realizada por Calliari (2001), cuja finalidade foi comparar o
desempenho dos alunos em atividades descontextualizadas e, em seguida, em atividades contextualizadas, mostrou que os estudantes obtiveram resultados satisfatórios na segunda etapa e mostraram aumento significativo do interesse pelos conteúdos da disciplina.
O recurso à contextualização pode atuar de forma positiva na sala de aula de duas maneiras: como ação motivadora da aprendizagem uma vez que, ao trazer um conteúdo do interesse dos alunos e que faz parte do contexto cultural deles, pode‐se destacar a importância do estudo e suas aplicações. Outra maneira diz respeito à possibilidade de dar significado a um conceito no universo da própria matemática.
Para Brasil (1998), a contextualização é um meio para motivar o aluno e dar significado ao que é ensinado em sala de aula. E, desta forma, foram propostas atividades contextualizadas com o uso da resolução de problemas, vislumbrando‐se a
1 Bolsista supervisora, professora da rede estadual de ensino, Santa Maria/RS. 2 Coordenadora de área do subprojeto Matemática do Centro Universitário Franciscano. 3 Coordenadora de área de gestão de processos pedagógicos, professora do curso de Matemática do Centro Universitário Franciscano.
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oportunidade de criar um ambiente na sala de aula que propiciasse momentos como leitura, discussões e interações, com vistas a tornar o aprendizado mais significativo. Para compartilhar
A atividade desenvolvida fez referência ao Número de Ouro, fundamentada
em aulas anteriores no período regular da turma, que estava estudando razão e proporção, conteúdo elencado do plano de estudos da escola.
Com a resolução de problemas trabalhou‐se com o número de ouro e, com o cálculo do Índice de massa corporal – IMC. Pôde‐se trabalhar com esses dois elementos porque ambos trabalham com medidas e comprimento do corpo humano. Para buscar a atenção dos alunos foi mostrado um exemplo de sua aplicação em razões referentes às medidas corpóreas de uma celebridade do momento a “cantora Britney Spears”, mostrando tanto o número de ouro quanto sua aplicação na beleza matemática, que expõe a perfeição da forma.
Figura 1: Cantora Britney Spears e o número de ouro
Fonte: http://infinitum2.blogspot.com.br/2010/08/britney‐spears‐e‐o‐numero‐de‐ouro.h
Mostrou‐se, também, a história do número de ouro, seu surgimento e como é calculado. Foi proposto a cada um deles o cálculo do IMC, e posteriormente foi pedido que pesquisassem onde seu índice de massa corpórea se encaixava. A seguir, um dos resultados dessa pesquisa.
Figura 2: Índice de massa corporal.
Fonte: http://julianaces.wordpress.com/ Os alunos foram alertados a fazerem pesquisas em sites seguros, sob a
orientação dos bolsistas, tais como a página da Sociedade Brasileira de Endocrinologia
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e Metabologia. A pesquisa deu‐se no laboratório de informática da escola, viabilizando a compreensão sobre o índice de massa corporal.
Abaixo algumas fotos referentes às atividades realizadas:
Figura 3: Bolsistas explicando aos alunos sobre a medição da altura.
Figura 4: Alunos medindo a massa corporal. Todos demonstraram interesse durante as pesquisa e as atividades propostas
como situações‐problema, aplicando conhecimentos de razão e proporção, além de aprender a calcular seu próprio IMC e conscientizarem‐se sobre a importância do controle da massa corporal para manter uma boa saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades proporcionaram aulas diferenciadas, em que os alunos assistiram a vídeos, realizaram pesquisas na internet e fizeram a medição de suas alturas e massas.
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Os alunos envolveram‐se de maneira ativa e interessada a cada atividade proposta. As situações‐problema solicitaram o índice de massa corpórea e algumas razões entre as medidas de algumas partes de seus corpos, como forma de verificar a presença do número nesses valores.
A partir das atividades acima descritas foi possível trabalhar razões e proporções, bem como formar opiniões sobre os cuidados com a alimentação e hábitos diários como forma de preservar a saúde.
A contextualização provocou a motivação dos alunos em realizar as atividades, reconhecendo a aplicabilidade dos conteúdos em estudo. REFERÊNCIAS BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998. CALLIARI, Luiz Roberto. A Contextualização na Matemática – uma alternativa para o ensino. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001. PAVANELLO, Regina Maria. Contextualizar: O que é isso? In: NOGUEIRA, Clélia; BARROS, Rui (org.). Conversas com quem gosta de ensinar matemática. Paraná:Manoni, 2004.
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Atividade 4
O JOGO COMO ESTRATÉGIA NO ENSINO APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA
Soslange Margareth dos Santos da Silva;
Sonia Regina Prado de Medeiros Karla Souza Tatschr
Lozicler Maria Moro dos Santos INTRODUÇÃO
O trabalho apresenta uma experiência do Estágio Curricular Supervisionado I, conjuntamente, ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/Centro Universitário Franciscano ‐ subprojeto matemática, o qual relata a atividade desenvolvida em uma turma de sexto ano (6º ano), de uma escola municipal de Santa Maria, na qual se trabalharam de maneira lúdica, a adição e a subtração, valorizando os jogos didáticos, para melhor assimilação dos conteúdos trabalhados.
A escola referida situa‐se na periferia da cidade, sendo muitos dos alunos oriundos de famílias com muitas necessidades, percebendo‐se a falta de incentivos para os estudos. Desta forma, compreende‐se o desinteresse de grande parte das famílias com relação aos assuntos escolares e, consequentemente acarretando um desestímulo aos educandos, principalmente com relação a uma educação tradicional.
Com isso, pretende‐se trabalhar de uma maneira diferenciada, levando até eles, maneiras interessantes de ensinar matemática. O trabalho será por meio do Jogo: “Subindo a Montanha com a Matemática”.
O jogo faz com que os alunos, sem ter a percepção de estudo, realizarem aprendizagens necessárias e importantes para a suas vidas.
O Jogo “Subindo a Montanha com a Matemática” tem por finalidade estimular a aprendizagem e o interesse dos alunos em relação a matemática, proporcionar oportunidades para o desenvolvimento do pensamento, aprimorar o raciocínio lógicomatemático, treinar o poder de argumentação, estimular a elaboração de estratégias e a participação em classe. Desenvolver a autonomia do aluno, de maneira que ele seja o autor de seu próprio aprendizado, bem como levar o aluno a cumprir regras e observar limites. O JOGO NO ENSINO APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA
A matemática desempenha papel decisivo, permitindo resolver problemas da vida cotidiana e aplicações no mundo do trabalho, que são essenciais para conhecimentos em outras áreas curriculares, interferindo na formação de capacidades intelectuais e na estruturação do pensamento.
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Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (1997), o professor e o aluno, ao estudar matemática, sentem percepções opostas, mediante a constatação de que é um conhecimento importante, em relação a sua aprendizagem.
A primeira parte do documento dos PCNs trata das relações entre o saber, o aluno e o professor, aponta alguns caminhos para “fazer matemática em sala de aula”, e uma dessas alternativas é o jogo. Precisa‐se de inovações, o educador precisa auxiliar o aluno a descobrir seu potencial.
O jogo ao ser proposto no ensino aprendizagem faz com que o conteúdo a ser estudado torne‐se interessante e desafiador para as crianças, permitindo que elas possam se auto avaliar quanto ao seu desempenho. E permitir que todos os jogadores possam participar ativamente do começo ao fim do jogo. Segundo Diniz, Milani e Smole, (2007, p. 10) ao fazer relação ao jogo colocam que:
Por sua dimensão lúdica, o jogar pode ser visto como uma das bases sobre a qual se desenvolve o espírito construtivo, a imaginação, a capacidade de sistematizar e abstrair e a capacidade de interagir socialmente de fazer de novo, de querer superar os obstáculos iniciais e o incômodo por não controlar todos os resultados.
Em estudos já realizados percebe‐se, que há grandes retornos no ensino aprendizagem, onde há uma combinação entre o professor, o aluno e o lúdico. É necessário que o educador possua metodologia pedagógica adequada para estar gerenciando o uso do jogo e o aprendizado do aluno, pois segundo Bandiera (2005, p.77),
Acreditar no potencial e ser dos alunos; Respeitar a criança no saber (conhecimento) que trazem consigo; Colocar‐se no lugar do aluno; Ser encorajador; Tratar os alunos com humanidade; Cabe ao professor acompanhar e orientar o aluno na trajetória do conhecimento. Propiciar um clima amigável em sala de aula; Construir o caminho para a aprendizagem, a partir do erro deles desafiá‐los a não desistirem de buscar o novo.
Observa‐se que, alunos que são incentivados e elogiados por seus educadores,
conseguem vencer seus obstáculos e chegar ao saber. O professor que acredita que todo o aluno tem um potencial e o orienta na trajetória do conhecimento, dando liberdade para aprender com seus erros, possui uma grandiosa ferramenta para auxiliar seus alunos em busca do saber.
Com o empenho do educador em sala de aula no uso de jogos, especialmente o jogo em questão: “Subindo a Montanha com a Matemática”, pretende‐se alcançar a relação e correspondência entre o método de ensino e a aprendizagem.
Verifica‐se que o jogo relacionado com o lúdico e a vida cotidiana dos alunos pode ser uma aliada na construção do saber matemático. Eles sentem mais prazer, tornando‐se críticos e participativos.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (1997, 48‐49) um aspecto relevante nos jogos é o “desafio genuíno que eles provocam no aluno, que gera interesse e prazer. Por isso é importante que os jogos façam parte da cultura escolar”.
Outro indicativo para introdução de jogos nas aulas de matemáticas, segundo Borin (1996, p. 9) é a “possibilidade de diminuir bloqueios apresentados por muitos
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de nossos alunos que temem a matemática e sentem‐se incapacitados para aprendê‐la”.
Percebe‐se que o jogo pode ser considerado um recurso pedagógico que por meio dele o aluno aprende, repetindo no jogo as impressões de vivência do cotidiano. Jogo Subindo a Montanha: Ferramenta para o Saber Matemático
A utilização dos jogos matemáticos em sala de aula tem uma grande importância, pois permite trabalhar a matemática com ludicidade, é um meio de socializar os alunos, favorecendo a cooperação mútua, participação da equipe na busca incessante de elucidar o problema proposto pelo professor. O educador precisa de um planejamento e um jogo que provoque o aluno a buscar resultados, ele precisa ser interessante e desafiador.
É necessário traçar objetivos, metas e regras gerais que deverão ser cumpridas. O aluno precisa encarar o jogo como uma aula, deve prestar atenção no professor, pois aquele momento é importante para o seu crescimento e ele usará de seus conhecimentos, suas habilidades para participare propor soluções. O jogo pode possuir várias respostas, deve‐se aceitá‐las, desde que não fujam do propósito.
No “Jogo Subindo a Montanha” trabalha‐se a Adição e Subtração. Os recursos necessários são um dado e três objetos para marcar as “casas”. Três caixas contendo problemas de adição e subtração, de nível fácil, médio e difícil; Material para rascunho.
Figura 1: Jogo Subindo a Montanha
Primeiro deve‐se jogar o dado para decidir quem iniciará o jogo, após jogar o
dado novamente, para verificar qual a “casa” irá parar.Na 1ª jogada retira um problema da caixa 01; na 2ª vez retira um problema da caixa 02; na 3ª vez retira um problema da caixa 03. O tempo para resolver os problemas das caixas: 01,02 e 03 são, respectivamente, 5min, 7min e 10min.
Caso o aluno responder corretamente as questões da caixa 01, avança uma casa, se errar o problema, retrocederá uma casa. Respondendo corretamente a questão da caixa 02, avançará duas casas, caso errar o problema, deverá voltar duas casas. Se acertar a questão da caixa 03, deverá avançar três casas, se a casa for marrom, deve
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seguir o que está indicado no próprio jogo. Em caso de errar o problema fica a próxima rodada sem jogar, porém retira um problema da caixa 01. Na “Casa 27”‐ Troque de posição com quem está atrás de você. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Realmente ficou comprovado que o espírito construtivo pode ser desenvolvido
e trabalhado no aluno. Observou‐se que os alunos sentiram prazer e interesse pelas atividades realizadas.
Com a finalidade de educar por meio do lúdico, constatou‐se que os alunos sentiram liberdade para errar e recomeçar as atividades com muita responsabilidade.
Observou‐se, também, uma sujeição às regras do jogo, possibilitando, desta forma, trabalhar valores e limites com os alunos.
Os alunos empenharam‐se para concluir as atividades propostas, e isto, ocasionou para eles uma auto avaliação, quanto ao seu desempenho, bem como, passaram a ser elemento ativo do seu processo de aprendizagem.
Ao valorizar o aluno, trabalhando o lúdico com a matemática, pode‐se perceber que os educandos desenvolvem o seu potencial, tornando‐se mais dedicados, tendo como resultados melhor autoestima, entusiasmo, concentração e participação.
REFERÊNCIAS BANDIERA, Mário. Avaliação: sua influência no processo ensino aprendizagem. 2ª edição Florianópolis: CEITEC, 2005. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Ministério da educação. Secretaria da educação fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. BORIN, J. Jogos e resoluções de problemas: uma estratégia para as aulas de matemática. São Paulo: IME‐ USP; 1996. DINIZ Maria Ignes; MILANI, Stela; SMOLE, Kátia Stocco. Cadernos de matemática: jogos de matemática de 6º a 9º ano. Porto Alegre: Artmed 2007.
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PEDAGOGIA
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Atividade 1
RECRIAÇÃO DE HISTÓRIAS INFANTIS NA ALFABETIZAÇÃO
Andréia Moro Chiapinoto; Andressa Cardoso Machado;
Débora Araujo Pranke; Fernanda B. Strickler Gunsch;
Jocelaine Kasten Juliane Ribeiro Fleck;
Lúcia Flávia Oliveira Rodrigues Rosicler de Fátima Pinheiro Cantarell
Para iniciar a conversa:
Apesar da literatura abrir horizontes para um universo fascinante de novos conhecimentos, curiosidades, modos diversos de ver o mundo, muitas crianças e jovens não se sentem motivadas a ler. Pergunta‐se: Por que muitas vezes as crianças não se sentem motivadas a ler?
Este questionamento moveu a proposição de uma oficina intitulada: Recriação de histórias infantis na alfabetização coordenada pelo subprojeto da Pedagogia envolvendo e com a participação dos demais subprojetos e dos professores das escolas parceiras. Para início da conversa, as discussões se voltaram a contextualização sobre a importância de contar histórias desde muito cedo na vida de crianças. Os depoimentos dos participantes reafirmaram ideias no sentido de que as crianças que ouvem histórias aprendem mais depressa e com maior facilidade não só a ler e a escrever, mas a contar e a realizar operações matemáticas, desenvolvem a capacidade de comunicação, ampliam o vocabulário e se tornam mais criativas, pois, evolui a imaginação e a cognição, além de contribuir com a probabilidade dessa criança vir a ser uma boa leitora.
O grupo concluiu que é preciso propiciar situações de leitura prazerosas, em contraposição a uma pseudo‐literatura que pretende “treinar” o aluno a responder um questionário a respeito da obra lida. Esse tipo de prática não desperta o gosto pela leitura, mas sim uma espécie de aversão a livros e literatura. Para situar o diálogo
Nesse momento, passamos a discutir mais especificamente sobre as práticas pedagógicas. Questões foram lançadas: Que tipo de histórias o professor costuma contar em aula e que objetivo pedagógico se tem ao contá‐las?
A partir deste questionamento lançou‐se o seguinte desafio ao grupo: Considerando as diversas áreas de conhecimento, bem como, o contexto social e cultural
dos alunos, em grupos realize uma releitura crítica de um conto de fadas com o objetivo de adequá‐lo ao seu contexto.
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• Sobre a dinâmica da oficina
A partir da problematização, disponibilizamos aos grupos materias variados e os livros de contos de fada. Cada grupo escolheu uma história realizaram uma releitura da mesma para trabalhar um determinado conteúdo. Isto posto, os grupos começaram a discutir e oportunizou um rico espaço de compartilhamento de experiências, uma vez que nestes grupos havia professores e bolsistas pibidianos das áreas de letras, pedagogia, geografia, história, inglês e matemática.
O 1º grupo foi composto com bolsistas e professores dos subprojetos de matemática, pedagogia e geografia, que escolheram a história dos Três Porquinhos. Reescreveram a história adaptando para trabalhar a matemática, usaram massinha de modelar para fazer os personagens, e o cenário em desenho. Contaram a história utilizando os mesmos. Ao contar a história foram questionando. – Quantos tijolos os porquinhos uzaram para fazer a casa? Quantas casas foram construidas? Qual era o local em que se passou a história? Quantos porquinhos tinham na história? Quanto tempo os porquinhos levaram para construir sua casa de tijolos? O grupo foi socializando a sua nova história trazendo as hipóteses a serem trabalhadas nas diversas áreas do conhecimento.
O 2º grupo participaram bolsistas e professores da história, das letras, da matemática e do inglês. Este grupo escolheu a história do Aladim e criarem uma nova versão para a história. Criaram uma história que falava de uma menina que gostava de imaginar, morando junto de sua vó; ela precisava ajudar. Enquanto ela lavava a louça observava as bolhas de sabão e imaginava muitos lugares, assim, ela viajava para a praia e muitos outros lugares. O grupo utilizou para contar esta história palitoches com desenhos dos personagens. No decorrer da história foram contextualizando com falas sobre lugares, meio ambiente, espaço temporal e o cuidado com a água.
As apresentações foram filmadas e compartilhadas no grupo de estudos do PIBID pedagogia, para assim colher ideias e sugestões para o trabalho pedagógico realizado nas escolas nas quais as bolsistas atuam. Para compartilhar
Destaca‐se a importância de possibilitar espaços formativos que desafiem os
participantes a pensar em novas possibilidades metodológicas que possam revigorar a motivação do educador de utilizar recursos variados para a promoção de uma prática educativa interdisciplinar e atenta ao processo global de construção do conhecimento de si e de seus educandos.
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Referências FERREIRO, Emília. O processo de ensino e o desenvolvimento integral do educando. São Paulo: Cortez, 1993. SOARES, Magda. TV Escola. N° 24. Agosto/setembro. 2001. SANTOS, S.M.P.; CRUZ, D.R.M. O lúdico na formação do educador. In. SANTOS, Santa Marli Pires (Org.). O lúdico na formação do educador. 3.ed. Petrópolis: Vozes, 1999. BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos Contos de fadas. Tradução de Arlene Caetano. 16a Edição ‐ Paz e terra – 2002.
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Atividade 2
NOSSAS HISTÓRIAS, NOSSA CIDADE
Adriana Rodrigues Martins Hivi de Jesus Souto Koppe
Jéssica Machado Pereira Joseane da Silva Miller Rodrigues
Sheila MenezesSchossler Vanessa Pires Marranquiel
Claudia Pinto de Lima Cavalheiro1 Eliane Aparecida Galvão Santos2 Fernanda Figueira Marquezan3
Para iniciar a conversa:
A atividade “Nossas histórias, nossa cidade” foi desenvolvida pelas professoras
dos segundos anos de uma escola Municipal de Ensino Fundamental, conjuntamente com as bolsistas do PIBID/PEDAGOGIA/ UNIFRA em uma das atividades que envolvem nossa ação pedagógica no que diz respeito à monitoria nas classes de alfabetização. Investiu‐se nessa proposta por compreendermos que os alunos ao buscarem informações e conhecerem a sua realidade próxima (bairro) poderão compreender a atuar positivamente na realidade maior (município).
As Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental do Conselho Nacional de Educação de 2010 em seu artigo 30 destaca que os três anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar: I – a alfabetização e o letramento; II – o desenvolvimento das diversas formas de expressão, incluindo o aprendizado da Língua Portuguesa, a Literatura, a Música e demais artes, a Educação Física, assim como o aprendizado da Matemática, da Ciência, da História e da Geografia. É nessa direção que propomos a atividade com o intuito de trabalhar de forma interdisciplinar dando ênfase ao desenvolvimento das diversas formas de expressão.
Para situar o diálogo:
Desenvolvemos este trabalho em várias etapas. Primeiramente, para explicar como se deu o surgimento da nossa cidade falamos sobre o aniversário da cidade de Santa Maria, fizemos alguns questionamentos como: O que é comemorar um aniversário?Quantos anos nossa cidade está comemorando?Vocês conhecem alguém com mais de cem anos?Quais os lugares que vocês conhecem de Santa Maria?
1 Bolsista Supervisora PIBID/ rede estadual de ensino de Santa Maria, RS. 2 Coordenada de Área do subprojeto Pedagogia do Centro Universitário Franciscano. 3 Docente colaboradora do curso de Pedagogia do Centro Universitário Franciscano.
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Após estes questionamentos mostramos algumas fotos de Santa Maria – fotos antigas e atuais – no Laboratório de informática, sendo que através dessa observação os alunos puderam constatar que a cidade cresceu muito.
As crianças observaram alguns pontos turísticos de Santa Maria através das
fotos e fizemos um passeio pelo google maps com nossos alunos, partindo do centro da cidade até o bairro, sendo que ao chegar em pontos conhecidos como suas próprias casas e a escola, as crianças demonstraram interesse e alegria, bem como curiosidade para continuar percorrendo as ruas da sua localidade. Levantamos alguns questionamentos a respeito da formação do bairro, fazendo um paralelo com a criação e desenvolvimento da cidade. Ao trabalharmos sobre o bairro realizamos passeios de campo pela comunidade o que possibilitou mobilizar os alunos a relacionarem o que estavam presenciando virtualmente com as aulas‐passeio realizadas anteriormente e observar como estava os cuidados com o meio ambiente em sua comunidade.
Propomos a atividade com o intuito de trabalhar de forma interdisciplinar dando ênfase ao desenvolvimento das diversas formas de expressão. Uma das estratégias utilizadas para atingir este fim foi buscar na literatura motivos para o aluno expressar‐se por meio da linguagem escrita e oral através do trabalho com a Lenda de Imembuí. Para compartilhar
Os alunos ouviram a Lenda da Imembui, recontaram a história da lenda e, a
partir do que tinham compreendido, elaboraram um livro. Seus livros foram digitalizados e veiculados no computador para as turmas onde cada um apresentou o seu trabalho no Datashow.
A partir desta atividade que trabalhou como surgiu a cidade, questionou‐se as crianças a respeito de como foi criado o bairro no qual elas moram, se sempre ele foi assim, se o bairro foi criado juntamente com a cidade ... e também foi mostrado às mesmas fotos da formação do bairro e dos movimentos que ocuparam a Fazenda Nova Santa Marta.
Da mesma forma, a partir da história que narrou os fatos mais importantes do surgimento do bairro, os alunos fizeram as ilustrações. Este livro ilustrado pelos alunos também foi digitalizado e veiculado no computador no Laboratório de Informática.
Finalmente realizamos uma atividade interdisciplinar envolvendo a temática meio ambiente, a fim de sensibilizar os alunos quanto ao cuidado e preservação começando com o lugar onde vivem.
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Realizamos passeios de campo pela comunidade o que possibilitou mobilizar os alunos a relacionarem o que estavam presenciando virtualmente com a realidade vivida no bairro.
Tal atividade foi desenvolvida em dois momentos: no primeiro momento os alunos dos três segundos anos, realizaram uma caminhada pelo bairro no entorno da escola, para observar de que forma a comunidade se relaciona com o meio em que vive e se a mesma contribui ou não para a preservação do mesmo.
Como culminância da atividade, os alunos fizeram desenhos do passeio relacionando com o meio que queremos para viver e confeccionaram cartazes para sinalizar atitudes positivas e negativas em relação ao meio ambiente, logo foram divididos em duplas para que pudessem aprender mais sobre a temática em questão, por meio de jogos construídos com material reciclado e reutilizado.
Aproveitando assim para reforçar que o lixo pode virar um jogo, um brinquedo e com isso estamos colaborando com a preservação do ambiente em que moramos.
Dessa forma, os jogos foram construídos com o objetivo de qualificar o conhecimento prévio dos alunos de forma lúdica e interdisciplinar.
Considerações Finais
Dessa forma, acreditamos que desde os anos iniciais da escolarização é preciso
desenvolver nos educandos a capacidade de observar interpretar e agir criticamente na realidade vivida, superando uma metodologia de trabalho fragmentada, como a que enfoca atividades relacionadas a datas comemorativas.
Nossos alunos puderam através dessas atividades fazer reflexões históricas importantes para compreender a realidade na qual estão inseridos, desenvolvendo‐se enquanto cidadãos conscientes de que fazem parte de uma realidade social que por eles pode ser modificada.
A compreensão da realidade vivida pela criança deve ser construída a partir de entendimento da coletividade, considerando que o espaço não é neutro e sim fruto de uma ação social (FREIRE, 2001). REFERÊNCIAS CALLAI, Helena C. e ZARTH, Paulo A. O estudo do município e o ensino de História e Geografia. Ijuí: UNIJUI Editora, 1988. BEZERRA, F. T. C.; ARAÚJO, L. M.; BORGES, P. de F. Monitoria para o ensino e contextualização da matemática para os cursos de Agronomia, Ciências Biológicas e Zootecnia do Cca‐Ufpb. Centro de Ciências Agrárias/Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais/MONITORIA, 2008. Projeto Político Pedagógico da EMEF Adelmo Simas Genro, 2013. FREIRE, Paulo. Aprendendo com a própria história. Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 1987.
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Atividade 3
CIRCUITO LÚDICO
Claudia Pinto de Lima Cavalheiro1 Adriana Rodrigues Martins Hivi de Jesus Souto Koppe
Jéssica Machado Pereira Joseane da Silva Miller Rodrigues
Sheila Menezes Schossler Vanessa Pires Marranquiel
Eliane Aparecida Galvão Santo2 Fernanda Figueira Marquezan3
Para iniciar a conversa:
A ação de recrear‐se é inerente ao desenvolvimento humano. Uma excelente estratégia de recreação é o Circuito Lúdico, por meio de brincadeiras e jogos lúdicos é possível potencializar a formação motora, bem como simular, nas crianças situações do dia‐a‐dia alternadas pela aprendizagem e socialização, permitindo a promoção da confiança em si e do desenvolvimento integral.
Para situar o diálogo:
Uma infância permeada de brincadeiras e jogos lúdicos apropriados a cada etapa do desenvolvimento infantil contribui para a formação de uma personalidade íntegra, saudável e completa. Um ambiente adequado e motivador poderá delinear a qualidade de experiências que serão vivenciadas pela criança.
A criança, de acordo com Neto (2001) tem como característica a necessidade de se movimentar, sendo intrinsecamente ligada ao seu processo de desenvolvimento, principalmente nos primeiros anos de vida, que se baseiam nas aquisições nos diversos domínios do comportamento, como afetivo, psicomotor, cultural e cognitivo.
Situações lúdicas, além de contribuir para a aquisição de comportamentos, auxiliam também a criança a lidar com sentimentos, colaborando para as decisões que tomará posteriormente na vida adulta. Assim, a atividade lúdica tem importância fundamental na educação escolar, na formação do ser humano, bem como no planejamento de estratégias pedagógicas, atividades essas que motivam o aluno à aprendizagem significativa, uma vez que concordamos com Goulart (2000) ao afirma que: “uma aprendizagem deve ser significativa, isto é, deve ser algo significante, pleno de sentido, experiencial, para a pessoa que aprende.” (p. 35).
1 Professora da rede pública estadual de ensino de Santa Maria/RS, bolsista supervisora. 2 Coordenadora de área do subprojeto Pedagogia, docente do Centro Universitário Franciscano. 3 Docente do Centro Universitário Franciscano, colaboradora.
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Por meio da brincadeira a criança envolve‐se na atividade e sente a necessidade de partilhar com o outro. Esta relação expõe as potencialidades dos participantes, afeta as emoções e põe à prova as aptidões testando limites. Ao brincar e jogar a criança terá oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis, tais como atenção, afetividade, concentração e outras habilidades perceptuais psicomotoras.
A recreação também contribui na formação motora e possibilita expressar sentimentos além de desenvolver também o lado cognitivo. Através da recreação pode‐se haver divertimento e aprendizagem permitindo que essa prática seja utilizada no ambiente escolar. Nos primeiros anos de escolarização, segundo Pellegrini e Barela (1998), principalmente na educação infantil e nos iniciais do ensino fundamental, a atividade física é muito importante no estabelecimento de relações entre o ser humano em desenvolvimento e o ambiente que o cerca. É muito importante à aquisição de habilidades, de tomada de consciência do corpo e de suas relações com o meio, a integração do indivíduo no meio social, o conhecimento mútuo e participação em grupo. Por isso, como educador temos que permitir as crianças o brincar e o interagir para que se tornem adultos capazes de traçar seus próprios caminhos com autonomia. Para compartilhar
As atividades do CIRCUITO LÚDICO foram desenvolvidas no mês de outubro de 2012, culminando na Semana da Criança. As bolsistas confeccionaram brinquedos, como:
Twister:
Pé‐de‐lata:
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Vai‐e‐vem:
Boliche:
Bilboquê:
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Acerte o alvo:
Participaram das atividades as turmas de 1° ao 5° ano, do ensino fundamental,
totalizando 100 crianças, de 06 a 12 anos de idade. Na chegada, as bolsistas encontravam‐se no saguão para recepcionar os
alunos, enfeitadas com fantasias para criar um clima de alegria e de acolhimento. Explicaram as intenções do Circuito Lúdico, as regras de cada um dos jogos e dos brinquedos. As crianças exploraram os materiais dispostos no pátio da escola.
As crianças escolheram livremente os jogos e os brinquedos de acordo com sua curiosidade ou preferência. As professoras e bolsistas auxiliavam as crianças nas atividades. Para encerrar o Circuito foi proposta uma música, cantada em roda celebrando o “ser criança”.
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Referências GOULART, I. B. Psicologia da Educação: Fundamentos teóricos. Aplicações à prática pedagógica. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. NETO, C.A.F. Motricidade e jogo na infância. 3. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2001. PELLEGRINI, A. M., BARELA, J. A. O que o professor deve saber sobre o desenvolvimento motor de seus alunos. In: Alfabetização: assunto para pais e mestres. Rio Claro: IB/UNESP, 1998.
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Português
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Atividade 1
DESAFIO ORTOGRÁFICO: aprendendo a língua portuguesa de forma lúdica
Heloísa Scherer Correa1
Para iniciar a conversa
As atividades lúdicas são de suma importância na aplicação dos parâmetros
curriculares nacionais (PCN). Os parâmetros conduzem o seu foco fundamental para a cidadania e a formação do indivíduo de maneira globalizada, isto é, o aluno não deve somente aspirar conteúdos, mas precisa desenvolver aptidões, habilidades, atitudes, formas de agir e de se expressar.
Nesse sentido, com o jogo Desafio Ortográfico: aprendendo a língua portuguesa de forma lúdica pretendemos incentivar os alunos a superarem suas dificuldades ortográficas, e também reforçarem o novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa.
A atividade lúdica pode ser, portanto, um eficiente recurso aliado do educador, interessado no desenvolvimento da inteligência de seus alunos, quando mobiliza sua ação intelectual. (RIZZO, 2001) Para situar o diálogo:
[...]os jogos podem ser empregados em uma variedade de propósitos dentro do contexto de aprendizado. um método eficaz que possibilita uma prática significativa daquilo que está sendo aprendido. Até mesmo o mais simplório dos jogos pode ser empregado para proporcionar informações factuais e praticar habilidades, conferindo destreza e competência (SILVEIRA, 1998, p.02).
Para compartilhar
CAÇA‐ORTOGRÁFICO 1º: O Professor irá escolher 40 palavras que foram alteradas no novo acordo ortográfico, escritas de forma correta, e espalhará pelo pátio da escola;
2º: A turma deverá ser dividida em 5 grupos e a cada grupo será entregue um material contendo 8 palavras escritas em desacordo com as novas regras ortográficas;
1 Bolsista supervisora, professora da Escola Estadual Érico Veríssimo, Santa Maria/RS.
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3º: Cada grupo terá que descobrir onde está escondida cada uma das palavras que fazem parte de seu material; 4º: Após essa etapa, cada grupo terá que explicar o significado das palavras utilizando o dicionário, caso necessário; 5º: Para finalizar a atividade, cada grupo fará uma sentença que conste as 8 palavras de cada material. 6º: Cada etapa da atividade terá uma pontuação pré‐estabelecida, a equipe que terminar a atividade primeiro, ou que obtiver maior pontuação vencerá o jogo. Para compreender as modificações na ortografia, vale uma pesquisa em sites da internet que tratam do assunto. [textos disponíveis em www.abril.com.br/arquivo/acordo_ortografico.pdf; http://educacao.uol.com.br/album/tiras_reforma_album.htm] Referências HOUAISS, Antônio. Dicionário de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, RJ: Objetiva, 2009. SILVEIRA, R. S; BARONE, D. A. C. Jogos Educativos computadorizados utilizando a abordagem de algoritmos genéticos. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Informática. Curso de Pós‐Graduação em Ciências da Computação. 1998. RIZZO, Gilda. Jogos inteligentes: a construção do raciocínio na escola. – 3ª ed. Rio de Janeiro, RJ: Bertrand Brasil, 2001. LEIF, J.; BRUNELLE, L. O Jogo pelo jogo: A atividade lúdica na educação de crianças e adolescentes. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.
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Atividade 2
A GRAFIA NA SALA DE AULA
Amanda Araújo Pias Amanda RampelottoLöbler, Caroline Meirelles dos Anjos,
Leandro Gunsch, Luziana Figueiredo Oliveira Tânia Regina Pires Neves1
Para iniciar a conversa A presença de jogos na escola torna essa instituição um espaço privilegiado para a promoção do desenvolvimento e da aprendizagem. Nessa perspectiva, o trabalho com o lúdico oferece inúmeras possibilidades educacionais, pois favorece o desenvolvimento corporal, estimula a vida psíquica e a inteligência, contribui para a adaptação ao grupo, preparando o educando para viver em sociedade, participando e questionando as relações sociais (RAU, 2007).
Para situar o diálogo
Com o lúdico o aluno, além de se divertir, aprende a ortografia, as regras do
jogo e, ainda, desenvolve as relações interpessoais. Com a dinâmica lúdica A grafia em sala de aula trabalhamos as dificuldades
ortográficas para reforçar o conteúdo desenvolvido pelo professor na disciplina de Língua Portuguesa.
1 Bolsista supervisora, professora da Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Walter Jobim, Santa Maria/RS
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Para compartilhar
Atividade seguinte serve para o professor trabalhar com vocábulos, que causam dúvidas quanto à escrita, mas de forma contextualizada. Antes de realizar a dinâmica, o professor escolherá um texto que contemple essas palavras.
A atividade lúdica A grafia em sala de aula foi realizada na Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Walter Jobim, com as turmas 101, 102 e 201, pelos bolsistas PIBID/ Letras ‐ Português do Centro Universitário Franciscano em Santa Maria – RS.
Passos: 1º ‐ Ler a crônica de Mário Prata: Quem tem medo de mortadela? ‐ Discussão da crônica;
2º ‐ Dividir a turma em dois grupos e formar duas filas;
3º ‐ Colocar uma mesa na frente dos grupos com uma folha e uma caneta para que cada componente do grupo escreva a palavra ditada pelo professor;
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4º ‐ Ditar uma palavra da crônica com alguma dificuldade ortográfica. O primeiro aluno de cada grupo escreve e passa para o final da fila. E assim, sucessivamente, com os demais membros do grupo;
5º‐ Recolher as folhas de cada grupo com as palavras escritas;
6º‐ Escrever as palavras na lousa, conforme foram escritas pelos alunos;
7º‐ Fazer a correção junto com eles e, quando necessário, consultar o dicionário;
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8º ‐ Vence o grupo que tiver o maior número de acertos. Sugestões: Crônica: Quem tem medo de mortadela? [disponível em htt:bobeirasemgeral.blogspot.com.br/2009/04/quem‐tem‐medo‐de‐mortadela‐marioprata.html?utm_surce=feedburner&utm_medium=feed&utm_campingn=Feed:+bobeirasEmGeral+(bobeiras+em+geral)] Blog com fotos da atividade disponível em:http://walterjobim.blogspot.com.br/2013/09/aula‐do‐dia‐2008‐atividade‐ludica.html Vídeo disponível em https://www.youtube.com/watch?v=SPlVaD7pSLk Dicionário disponível em: http://www.dicio.com.br/ REFERÊNCIAS BROUGÉRE, Gilles. Brinquedo e cultura. São Paulo, SP: Cortez, 1997. FRITZEN, Silvino José. Jogos dirigidos para grupo, recreação e aulas de Educação Física. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. HOUAISS, Antônio. Dicionário de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, RJ: Objetiva, 2009. LOPES, Maria da Glória. Jogos na educação: criar, fazer, jogar. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2005 RAU, Maria Cristina Trois Dorneles. A ludicidade na educação: uma atividade pedagógica. Curitiba: Ibpex, 2007. Disponível: http://www.dicio.com.br/. acessado em: 08 ago. 2013 Disponível : http://walterjobim.blogspot.com.br/2013_09_01_archive.html. acessado e m : 08 de ago. de 2013.
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Atividade 3
GÊNEROS TEXTUAIS/DISCURSIVOS E TIPOLOGIA TEXTUAL: “Quem Sou Eu?”
Andréia Pires
Daniela de Fátima Oliveira Bianca Pinto Baracchini
Eduardo Bertagnolli Helen Caroline Borges Prestes
Vanderson Silva dos Santos Márcia Montagner1
Najara Ferrari Pinheiro2
Introdução
O PIBID do Centro Universitário Franciscano do subprojeto Letras‐Português tem como tema a “Formação de leitores: ações formativas para o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita”. Para iniciar a conversa 1. O Gênero Textual na sala de aula: “Quem Sou Eu?”
Os bolsistas que atuam na Escola Estadual de Educação Básica Irmão José Otão,
do município de Santa Maria ‐ RS realizam atividades pedagógicas levando em consideração a proposta do subprojeto Letras‐Português. Para isso, proporcionam aos alunos do ensino médio o contato com os diferentes tipos e gêneros textuais /discursivos. 1.1. O texto na sala de aula
Os textos nos seus mais variados tipos textuais e os gêneros textuais/ discursivos
representam um papel fundamental para o desenvolvimento da produção elaborada pelos alunos, pois é através dos gêneros textuais/discursivos que são desenvolvidas as suas competências linguísticas, tanto na oralidade quanto na escrita.
Em Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006), o texto passa a ser visto como uma totalidade que só alcança esse status por um trabalho conjunto de construção de sentidos no qual se engajam produtor e receptor. Ressalte‐se, aliás, que
1 Bolsista supervisora, professora da Escola Estadual de Educação Básica Ir. José Otão, Santa Maria/RS. 2 Coordenadora de área o subprojeto Letras‐Português, Centro Universitário Franciscano.
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essa nova perspectiva passa a ser essencial para o amplo desenvolvimento dos estudos dos gêneros discursivos no momento atual. Para situar o diálogo
Conforme Bakhtin (1988), toda ação linguística faz‐se presente em algum gênero
textual, pois todas as comunicações verbais só são possíveis através deles. 1.2 Por que do jogo?!
Para Freire (1996), o jogo não representa apenas o vivido, também prepara o devir, uma vez que é no espaço livre de pressões que as habilidades (no caso, para se viver em sociedade) são exercitadas. Você sabia que…
Para propor a leitura de qualquer texto aos alunos é de extrema importância que o professor seja um leitor familiarizado com os gêneros textuais/ discursivos, tipos textuais e suportes. Um aspecto que merece atenção, na construção dessa atividade, reside na forma de sua apresentação. Conectando
Para saber mais sobre a disciplina da Língua portuguesa: perspectiva no contexto do ensino médio: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_01_internet.pdf 2. Para compartilhar
O aluno, ao longo de sua formação deve conviver, de forma não só crítica mas também lúdica, com situações de produção e leitura de textos, atualizados em diferentes suportes e sistemas de linguagem – escrito, oral, imagético, digital, etc. , para que conheça – use e compreenda – a multiplicidade de linguagens que circulam em nossa sociedade. A atividade ...
A atividade lúdica elaborada pelos bolsistas do PIBID do subprojeto Letras‐Português, que atuam na Escola Estadual de Educação Básica Irmão José Otão, no município de Santa Maria ‐ RS chama‐se “Quem Sou Eu?”.
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A prática... 1º Os alunos poderão formar um círculo ou dividir a turma em equipes.
2º O mediador colocará nas costas de cada aluno uma tira de E.V.A com nome do tipo textual ou do gênero textual / discursivo.
3º O aluno escolhido pela equipe ficará de costas para os demais participantes e receberá três pistas dos integrantes da sua equipe (a 1ª deverá dizer se é tipo e em quais gêneros textual / discursivo podemos encontrar ou, se for gênero, quais os tipos textuais presentes).
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4º O aluno, ao receber as três dicas, da sua equipe terá três oportunidades para responder.
5º O aluno, ao responder corretamente, pontuará sua equipe, mas, caso responda de forma equivocada, o ponto irá para a outra equipe. 6º Vence a equipe que tiver maior pontuação. Não esqueça! Retome junto aos alunos os conceitos de gêneros textuais / discursivos e tipos textuais e socialize.
GLOSSÁRIO
Pode atuar como um gênero discursivo e é a forma publicitária mais comum na Internet, muito usado em propagandas para divulgação de sites que pagam por sua inclusão ou impressos.
. É um gênero textual composto por partes de tipos textuais descritivos e narrativos. Publicação sucinta, geralmente periódica, em que se dá notícia ou informação sobre assuntos de interesse público, ou do interesse de determinada comunidade, agremiação.
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É um tipo textual que é encontrado em alguns gêneros e que leva o leitor a mais que uma simples informação. Instrui o leitor! Não é o texto que argumenta, que narra, que debate, mas que leva o leitor à determinada orientação transformadora.
Abarca alguns tipos e gêneros textuais e sua função é informar, com valor da linguagem simples e objetiva, assim como a clareza de ideias e de proposta, destaca‐se em detrimento dos brios do profissional por trás da notícia.
Trata‐se de um suporte não de um gênero. Ele veicula gêneros bastante especializados, sendo uma propaganda colocada ao ar livre, como painel, cartaz, letreiro, placa etc., que se caracteriza por forte apelo visual.
Pode ser abordado como um gênero, o SLIDE, em fotografia, diapositivo ou transparência é uma imagem estática, positiva, geralmente em cores, criada sobre uma base transparente usando meios fotoquímicos, e montado numa moldura para possibilitar sua projeção numa tela. Por analogia, o termo também é utilizado para designar outros tipos de apresentação de imagens estáticas, como aquelas desenvolvidas no Microsoft PowerPoint e outros programas de autoria.
É um gênero textual escrito, de caráter informativo, destinado a explicar um conceito segundo padrões descritivos sistemáticos, determinados pela obra de referência da qual faz parte: mais comumente, um dicionário ou uma enciclopédia. Referências BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 6ª edição. São Paulo, Hucitec, 1988. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e Quarto Ciclos: Apresentação dos temas transversais. Brasília – DF: MEC/SEF, 1998. BRASIL. Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Linguagens, Códigos e suas tecnologias. Vol 1, Brasília, DF, 2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/ pdf/book_volume_01_internet.pdf. Acesso em: 13 / 09 / 2013. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 28ª ed. São Paulo – SP: Paz e Terra, 1996.
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MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In:_______. DIONISIO, Angela Paiva; MACHADO, Anna Rachel Machado; BEZERRA, Maria Auxiliadora. Gêneros textuais e ensino. São Paulo: Parábola Editorial, 2010. Disponível em: http://www.letraviva.net/arquivos/ Generos_textuias_definicoes_funcionalidade.pdf. Acesso em 13 /09 /2013.
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Atividade 4
CINEMA NA SALA DE AULA: “O Invasor”
Anderson Proença de Andrade Leila Pereira Cordeiro Josiele da Silva Pires
Vera de Oliveira Soares Ana Maria Berleze1
Para iniciar a conversa:
Além de entreter, o cinema representa um aprendizado para um público variado. Revela caminhos para transformar a exibição de filmes na sala de aula em um recurso pedagógico e lúdico.
Professor! Convide seus alunos para assistir ao filme “O
Invasor”, de Beto Brant e Marçal Aquino. Esse é um dos escritores contemporâneos, herdeiro do brutalismo de Rubem Fonseca, publicou, entre outros livros, os volumes dos contos “As fomes de setembro” (1991) e “Miss Danúbio” (1994). Roteirista na adaptação de quatro textos de sua autoria para o cinema: “Os Matadores”, “Ação entre amigos”, “O Invasor” e “O amor e outros objetos pontiagudos” (baseado no conto “Sete Epitáfios para uma Dama Branca”).
A prosa de Marçal Aquino caracteriza‐se pela intensa relação com a realidade, cujos traços imediatos o autor procura transpor para a literatura. Ele busca retratar, por meio de linguagem bastante objetiva e realista, os modos de vida nas grandes cidades do país, sobretudo do ʺsubmundoʺ. A articulação de literatura e cinema na obra de Aquino é tamanha que “O Invasor” nasceu primeiramente filme. Só depois da realização do filme é que Marçal Aquino lançou a narrativa, • Sobre os textos
Rubem Fonseca estreou desafiando os poderes censórios ao trazer para a prosa de ficção um modo violenta de narrar, alietário, talvez (no sentido de gauche em face de certas normas que a tradição literária consagrou), que fixa e recupera temas como as sexualidades tidas por legítimas, o recurso à luta armada como forma mais à mão para a resolução dos conflitos e, sobretudo, os problemas sociais e psicológicos gerados em nossas grandes concentrações urbanas.
Para saber mais sobre análise dos elementos da narrativa, vale uma leitura do texto disponível em http://www.infoescola.com/redacao/narracao/.
1 Bolsista supervisora, professora da rede pública estadual de ensino de Santa Maria, RS.
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Como já foi apresentado aos alunos a estrutura do roteiro técnico, como forma de pontuar as diferenças entre e roteiro técnico e os gêneros textuais literários. Os alunos, assim, compreenderam as diferenças entre os tipos de roteiro e suas contribuições para o processo de construção do curta‐metragem. Você sabe o que é um curta‐metragem?
O curta‐metragem apresenta diferenciais educacionais importantes, representa nossa sociedade e a nossa cultura;
A qualidade da produção brasileira de filmes neste formato é reconhecida em todo o mundo por sua excelência;
Sua curta duração, geralmente próxima a 15 minutos, faz do curta‐metragem o formato ideal para utilização em sala de aula, permitindo que os filmes sejam aplicados como “porta de entrada” de um
assunto, fonte adicional de informação, motivação para debater um tema ou para “coroar” o final de um projeto. Para compartilhar: Produção de um curta
Depois de conhecer alguns aspectos da produção cinematográfica, você deve organizar um grupo para produzir um curta‐metragem na aula de Língua Portuguesa, Literatura ou Redação. •Atividade de linguagem Os alunos produzirão roteiros a partir da escolha de um dos contos selecionados. Clique no nome desejado para ler o texto na íntegra. 1. “Coração”, de Fernando Bonassi texto disponível em http://fragmentar‐
se.blogspot.com.br/2012/04/coracao‐marcelino‐freire.html 2. “Duelo antes da noite”, de João Gilberto Noll. Texto disponível em
http://contosemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/04/blog‐post.html 3. “Uma história confusa”, de Caio Fernando Abreu. Texto disponível em
http://semamorsoaloucura.blogspot.com.br/2006/10/uma‐histria‐confusa.html 4. “Dois corpos que caem”, de João Silvério Trevisan. Texto disponível em
http://mscamp.wordpress.com/2008/11/27/dois‐corpos‐que‐caem‐joao‐silverio‐trevisan/
5. “Você tem que ser feliz”, de André Sant’anna. Texto disponível em http://www.literaturaemfoco.com/?p=2695
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A fase de produção abordará atividades que possuíam um caráter mais técnico do trabalho com o curta‐metragem, uma vez que estavam voltadas para aspectos relacionados ao procedimento de filmagem do roteiros elaborados pelos alunos. O caráter interdisciplinar desta sequência de atividades é caracterizado pelo conjunto de práticas de produção de texto cinematográfico, já que trabalha não só com conteúdos de língua portuguesa, mas também de Arte e Mídia com o objetivo de envolver os alunos em situações de aprendizagem cada vez mais fecundas. Montagem do Curta Agora é com você!!!
Os alunos vão elaborar um curta com base no filme e nos contos propostos. O curta‐metragem apresenta diferenciais educacionais importantes, representa
nossa sociedade e a nossa cultura; A qualidade da produção brasileira de filmes neste formato é reconhecida em
todo o mundo por sua excelência; Sua curta duração, geralmente próxima a 15 minutos, faz do curta‐metragem o
formato ideal para utilização em sala de aula, permitindo que os filmes sejam aplicados como “porta de entrada” de um assunto, fonte adicional de informação, motivação para debater um tema ou para “coroar” o final de um projeto. Após a seleção do conto, e do roteiro que foi produzido e será filmado pelos alunos, será possível observar à retextualização do roteiro literário para o roteiro técnico. Resultados: O que vamos aprender com a produção de um curta‐metragem? Após a seleção do conto, produção do roteiro montagem do curta é possível observar à retextualização do roteiro literário para o roteiro cinematográfico e a produção de um curta‐metragem. Criar com a comunidade escolar um Cine Clube. Incentivar os alunos a elaborar convites para esse evento.
Glossário
leatório: Que depende de acontecimento incerto, sujeito as incertezas do acaso.
rutalismo: Tendência arquitetônica que emprega largamente o concreto aparente, volumes puros e maciços, e deixa visível a função de estruturas e serviços.
ontemporâneo: Que é da mesma época, atual.
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eologismo: Palavra nova, ou nova acepção de uma palavra já existente na língua
etextualização: é uma forma de tradução, a tradução de uma modalidade para outra permanecendo‐se na mesma língua. Pode ser entendida como refacção ou reescrita. Referências FILME: “O Invasor” http://www.youtube.com/watch?v=‐M4Sgx3mT5khttp://www.youtube.com/watch?v=‐M4Sgx3mT5k FONSECA, Rubem. Suspeita. In: Axilas e outras histórias indecorosas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011, p.179‐180. JORNAL DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ. Paraná. Secretária da Cultura, 2010. http://www.candido.bpp.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=216# Acesso em 13/09/2013. http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=biografias_texto&cd_verbete=5745 Acesso em 13/09/2013. MARCUSCHI, L.A. Da fala Para a Escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001. SILVA, Deonésio da, Rubem Fonseca: proibido e consagrado. Rio de Janeiro:Relume‐ Dumará: Prefeitura, 1996. SCHOLLHAMMER, Karl Erick. Ficção brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p. 27.
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QUÍMICA
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Atividade 1
PROPOSTA METODOLÓGICA ALIANDO ENSINO DE QUÍMICA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Caroline Rufino Pedrolo
Ana Paula Athayde Greff1 Aline Marques da Silva2
Márcio Marques Martins3
Para iniciar a conversa
Ensinar Educação Ambiental não é mais uma opção, é uma obrigação. Pois
conforme cita a Organização das Nações Unidas para Educação a Ciência e a Cultura‐UNESCO (1997, p.4): “O mantra ‘cresça hoje, limpe amanhã’ não é mais válido, tanto para países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. O tempo em que podíamos protelar as decisões difíceis acabou. Não há mais atalhos.”.
Em 1975 o Brasil iniciou alguns programas de Educação Ambiental juntamente com as secretarias de Educação, o que não surtiu muito efeito sem implantar essa disciplina nos níveis básicos e superiores de ensino. Depois da obrigatoriedade da disciplina de Educação Ambiental em todos os níveis, questiona‐se: Qual o motivo de esse assunto não estar sendo trabalhado muitas vezes nas escolas? Por outro lado sabe‐se que deve haver todo um planejamento pedagógico para que projetos desse âmbito realmente funcionem. Para situar o diálogo
A proposta surgiu pelos bolsistas do Projeto Institucional de Bolsa de Iniciação Docência‐PIBID Química/ Centro Universitário Franciscano de levar aos educandos uma prática interdisciplinar, aliando conhecimento químico à Educação.
Neste trabalho mostrar‐se‐á uma estratégia de ensino de Química, aliando Educação Ambiental ao conteúdo de Eletroquímica referente a segunda série do Ensino Médio, usando como instrumentos didáticos recursos audiovisuais, tendo como mediador o Projeto Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência: PIBID‐Química.
1 Bolsista supervisora, professora da rede pública Estadual de Santa Maria, RS. 2 Coordenadora de área do subprojeto Química do Centro Universiantário Franciscano. 3 Professor colaborador, ex‐coordenador de área do subprojeto Química.
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Para compartilhar O trabalho foi desenvolvido em forma de mini‐palestra, sendo aplicado em
uma turma de segunda série do Ensino Médio em uma escola situada na cidade de Santa Maria, RS.
Primeiramente foi pensada uma forma de aplicar o projeto na turma, e então a ideia foi de uma mini‐palestra interativa sobre Pilhas, fazendo relação com o conteúdo de Eletroquímica e aos danos ambientais que as mesmas podem causar se não descartadas corretamente.
A turma foi levada para um salão na escola onde foram questionados sobre o uso das Pilhas tanto comuns quanto recarregáveis, e sobre o descarte correto. Poucos foram os alunos que sabiam o que fazer com as pilhas não recarregáveis depois de usadas, mas felizmente muitos faziam uso das pilhas recarregáveis.
Depois desses questionamentos introdutórios foi passado para o recurso audiovisual, que continha uma tela inicial (Figura 1) e então os alunos poderiam escolher através dos números e das imagens, o tópico que seria abordado.
A figura 1 mostra o ícone de número um fazia referência às pilhas de Volta e o funcionamento da mesma, trazendo então um fator histórico para complementar o conteúdo. O ícone de número dois se referia ao funcionamento de uma pilha e aos principais componentes dela, demonstrando então que precisam acontecer reações químicas para que as pilhas funcionem. O ícone de número três trazia a questão ambiental, falando sobre os danos ao meio ambiente (poluição de solos, rios, etc.) gerados por um descarte incorreto das pilhas, devido a estas conterem em sua composição metais pesados.
O ícone de número quatro trazia como proposta uma atividade de confecção de cartazes conscientizadores sobre o descarte correto das pilhas. Essa atividade foi muito bem recebida por parte dos alunos, que demonstraram criatividade durante o processo. O ícone de número cinco trazia um vídeo mostrando as catástrofes ambientais provocadas pelo lixo eletrônico, e algumas formas de agir ecologicamente. Já o último ícone, mostrava as pilhas de Daniell e o funcionamento das mesmas.
Figura 1: Ícones
100
Tendo em vista que a escola deve além de ensinar conteúdos específicos de cada matéria a seu aluno, formar um cidadão consciente, e que seja instrumentalizado a pensar de forma ecologicamente correta, e assim preservar o meio em que vive, achou‐se muito pertinente desenvolver um trabalho diferenciado por meio do projeto PIBID abordando o tema pilhas, e então dar o enfoque ambiental relacionado ao conteúdo.
Com o desenvolvimento desse trabalho ficou evidente que a Educação Ambiental precisa ser muito trabalhada em sala de aula, pois são conteúdos de fácil contextualização, e aliando‐a a um específico da disciplina poderá trazer bons resultados. O trabalho também se mostrou bastante proveitoso tendo em vista que a maioria dos alunos da turma em questão não tinha conhecimento sobre o descarte correto das pilhas, além de ter contribuído, mesmo que de forma pequena, para a formação social desses educandos.
REFERÊNCIAS
CHASSOT, A. Educação consciência. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2010. LOUREIRO, C.F.B. Educar, participar e transformar em educação ambiental. Revista Brasileira de Educação Ambiental. Brasília. 2004. Número zero. SEGURA, D. S. B. Educação ambiental na escola publica. São Paulo: Annablume 2001. 214p ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA (UNESCO) From Green economiesto Green societies. Rio de Janeiro, 2012. STÜRMER, A. B. As TIC’s nas escolas e os desafios no ensino de geografia na Educação Básica. Geosaberes. Fortaleza, v. 2, n. 4, p. 3‐12, ago. / dez. 2011. Disponível em: http://www.geosaberes.ufc.br/seer/index.php/geosaberes/article/view PDFInterstitial/92/pdf100. Acessado em: 06 de junho de 2013.
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Atividade 2
ENSINO E APRENDIZAGEM DE QUÍMICA: OFICINA DE FABRICAÇÃO DE SABÃO A PARTIR DO ÓLEO DE
COZINHA USADO E SABONETES
Régis Dala Lana1 Roberta Medianeira dos Santos 1
Maria Elena dos Santos1 Robledo de Moraes Brasil2 Aline Marques da Silva3
Para iniciar a conversa
A sociedade atual exige dos indivíduos um conjunto de habilidades e competências diferente das enfatizadas no início do século XX. As instituições de ensino sentem necessidade de modificações, não só no paradigma educacional como na introdução de novas estratégias de ensino no seu cotidiano escolar (MORAN, 2000).
Essas mudanças têm sido impulsionadas pela inserção das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) na sociedade, principalmente as advindas da internet, que têm influenciado os jovens a cada vez mais estarem envolvidos no mundo virtual, conectando‐se, jogando on‐line, enfim, comunicando e criando comunidades muito diferentes daquelas de seus pais. Consideravelmente, além do aspecto lúdico, não podemos desprezar que a Web, quando usada para fins educacionais, pode proporcionar grandes benefícios ao processo ensino‐aprendizagem. (MORAN, 2000) Para situar o diálogo
Atualmente observa‐se um crescimento na preocupação das pessoas com as
questões ambientais, haja vista os prejuízos causados pela ação danosa do homem na natureza, acarretando consequências desastrosas para o meio ambiente como mudanças climáticas, extinção de espécies e comprometimento dos recursos hídricos.
Segundo Cascino (1999) as questões ambientais, atualmente, são alvos de debates e preocupações das comunidades, já que, há a consciência de que a fragilidade da natureza coloca em risco a sobrevivência humana.
Utilizando essa consciência adquirida, sabe‐se que o desenvolvimento sustentável abrange a reciclagem dos resíduos, representando à possibilidade de mudanças sócio‐políticas, que não se limita a problemática ecológica, mas também a viabilidade econômica e social (JACOBI, 2003).
Com isso, a reciclagem do óleo de cozinha usado para a fabricação de sabão é uma alternativa viável no sentido de minimizar o impacto do descarte inadequado desse tipo de resíduo no meio ambiente.
Utilizou‐se da webquest um recurso digital onde todas as etapas do desenvolvimento deste trabalho foram introduzidas aos alunos na web.
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Para compartilhar Devido à relevância do tema em questão e a possibilidade de se abordar vários
conteúdos de química seguindo esse tema, esse trabalho foi proposto, inicialmente aos alunos do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Walter Jobim, na forma de Webquest, postado no seguinte link https://sites.google.com/site/quipibid/home para ser apresentado como oficina em um evento produzido pela escola para a comunidade escolar intitulado “Dia da Solidariedade”.
O óleo de cozinha usado e alguns materiais utilizados nas fórmulas foram trazidos pelos próprios alunos, orientados pelos bolsistas PIBID/Química.
Na parte prática, os alunos foram divididos em duas equipes, uma equipe ficou responsável pela fabricação de sabão a partir do óleo de cozinha usado e a outra equipe pela confecção de sabonetes artesanais, onde cada equipe recebeu um protocolo com os procedimentos a serem seguidos, conforme descritos abaixo: Equipe 1: Fórmula de Sabão Artesanal Materiais: 2 litros de óleo de fritura usado (coado) 1 Kg de sebo. ½ Kg de Soda Cáustica 2 litros de álcool 1 litro de água quente Procedimento: 1. Em um balde de plástico, colocar a água quente e despejar a soda e mexer com um pedaço de pau ou espátula de plástico até a total dissolução (cuidar para a soda não entrar em contato com a pele e evitar aspirar seus vapores). 2. Aquecer o sebo até que o mesmo derreta, em uma bacia plástica grande despejar a mistura óleo mais sebo e adicionar o álcool. 3. Juntar as duas misturas acima e mexer até começar a endurecer. 4. Despejar em fôrmas ou bacias plásticas retangulares e deixar esfriar. 5. Quando estiver quase duro, cortar com uma faca e retirar os pedaços de sabão, deixar os mesmos em uma caixa de papelão revestida com saco plástico ou filme PVC por 15 dias antes de usar. ATENÇÃO! Nunca usar utensílios de alumínio, pois a soda reage com o metal, usar sempre utensílios de plástico grosso e ter muito cuidado! Equipe 2: Fabricação de Sabonetes Artesanais Fórmula Básica (Sabonete Glicerinado Transparente) Substâncias: 1 kg de base de glicerina para sabonetes (branca ou transparente)
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Essência para sabonetes – 30 ml (Para cada 300 g de base acrescentar aproximadamente 10 ml de essência). Corante alimentício a gosto, sem excesso. Álcool de cereais Materiais: Formas de silicone, plástico ou de qualquer material maleável Colheres plásticas descartáveis, de pau ou bastão de vidro Panela esmaltada ou de ágata (se for derreter em banho‐maria) Borrifador para o álcool de cereais Procedimento: 1. Pique a glicerina em pedaços pequenos 2. Coloque em uma panela de ágata em banho‐maria até derreter, não deixe a glicerina ferver. 3. Retire do fogo, espere esfriar um pouco, até formar uma nata fina em cima da glicerina. Coloque o corante aos poucos até atingir a cor desejada. 4. Adicione a essência e mexa com o bastão de vidro ou pá de madeira. Evite mexer muito para não formar espuma. Borrife com álcool de cereais para retirá‐la (se necessário). 5. Segure com o bastão ou colher a película que se forma (assim o sabonete ficará mais liso) e despeje o líquido na forma escolhida e borrife mais um pouco de álcool de cereais para retirar a espuma que se formou e evitar a formação de bolhas. 6. Espere secar de 6 a 8 horas (depende da quantidade utilizada) e desenforme. 7. Coloque‐os em cestinhos, caixas ou embrulhá‐los em papel‐filme ou sacos de celofane. Se quiser coloque Etiquetas Artesanais. Após a realização das atividades foram realizadas discussões sobre os conteúdos abordados e a importância da reciclagem do óleo de cozinha usado na preservação do meio ambiente.
Figura 1–Exposição dos Sabões e Sabonetes com folhetos informativos.
Dessa maneira, pretende‐se manter esse tipo de trabalho no decorrer do ano,
também com outras turmas do ensino médio da escola. Assim, pôde‐se observar que a
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dificuldade que os alunos têm em compreender conteúdos de química pode ser minimizada.
Além disso, quando o educador desenvolve algum tipo de prática que fuja do convencional desperta ainda mais a curiosidade dos alunos, com isso os mesmos consequentemente realizarão mais questionamentos com o propósito de sanar suas dúvidas, buscando assim informações orientadas pelo professor, através da Internet. Essa metodologia torna a aprendizagem mais significativa e, portanto, duradoura. Enfim, além de facilitador da aprendizagem dos alunos, esta atividade despertou também uma conscientização na comunidade escolar quanto às questões ambientais envolvidas no descarte inadequado do óleo de cozinha usado no meio ambiente.
REFERÊNCIAS:
CASCINO, F. Educação Ambiental: Princípios, História e Formação de Professores. São Paulo: Senac, 1999. COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO – SABESP. 2008. Programa de uso racional da água ‐ http://www.sabesp.com.br/ Acessado em 30/05/2012. CORREIA, Nuno; CHAMBEL, Teresa. Integração Multimídia em Meios e Ambientes Aumentados nos Contextos Educativos e Culturais. Arte e Ciência n. 2. Maio de 2004. HUMBERTO 2007. Projeto transforma resíduos em oportunidades de negócios. Portal fator Brasil. Disponível em<http://www.revistafator.com.br/ver_noticia.php?not=11650>. Acesso em: 16 mai. 2012. JACOBI, P. Educação Ambiental, Cidadania e Sustentabilidade. Caderno de Pesquisa, São Paulo, n.118, p. 189‐205, março/2003. LEFF, H. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade e poder. Petrópolis: Vozes, 2001. LOUREIRO, C.F.B.; LAYRARGUES, P.P. Educação ambiental nos anos noventa. Mudou, mas nem tanto. Políticas Ambientais, ano 9, nº25, dez. 2000. MORAN, J. M. Ensino aprendizagem inovadores com tecnologia. Revista Informática na Educação: Teoria e Pratica. Porto Alegre, UFRGS, n.1, p. 137‐144, 2000. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/textos.htm>. Acesso em: 25/06/2012. REVISTA PLANETA CIDADE. Meio ambiente, inclusão social e consumo consciente. Nº 16 Maio/Junho de 2007.
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MinimizaradistânciaentreauniversidadeeaEducaçãoBásicaéumdosprincipais
objetivos do PIBID. Neste sentido, a publicação de relatos e sugestões de propostas
didáticasjárealizadas,cumprecompartedesteobjetivoàmedidaqueevidenciaaimensa
possibilidadedeaproximaçãodosaberacadêmicocomarealidadeescolareseussaberes
efazeres.
Asdiscussões teóricasquesustentamenorteiamaspráticasdoPIBIDdoCentro
Universitário Franciscano são marcadas pela diversidade e inovação, próprias das
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Com isso, não se pretendeu uma unidade teórica ou metodológica. A variedade de
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