Cadernos Especial Pecém 23 de maio 2014

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Jornal O Estado (Ceará)

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2 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILSexta-feira, 23 de maio de 2014

O Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) é um indutor do desenvolvimento do Ceará, uma vez que congrega diversas empresas de grande porte, dos mais varia-

dos segmentos, que promoverão - quando estiverem todas implantadas -, um impacto de 100% do nosso Produto Interno Bruto (PIB). Afinal, só os dois princi-pais empreendimentos, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e a Refinaria Premium II da Petrobras, representam investimentos da ordem de R$ 36 bi-lhões, pois na primeira estão sendo aplicados US$ 5 bi e, na segunda, serão outros US$ 11 bi. A refinaria está com o seu cronograma muito atrasado, devido a algumas questões da petrolífera, que está buscando um parceiro para viabilizar o início de suas obras.

E estas duas empresas, que podemos chamar de ‘ân-coras’, atrairão outras de menor porte, fazendo do CIPP um importante polo metalomecânico e petroquímico. Obviamente que os investimentos nestas outras unidades serão menores, entretanto apenas a CSP e a Premium II

representam a oportunidade de trabalho para mais de 100 mil pessoas, no pico das obras e, quando estiverem em operação, serão cerca de 40 mil empregos diretos e indi-retos. Apenas o município de São Gonçalo do Amarante, onde se situa grande parte das empresas que comporão o CIPP, deverá dobrar sua população nos próximos seis anos, chegando a 100 mil habitantes. Fenômeno se-melhante deverá acontecer com Caucaia, que também possui uma parte do CIPP dentro de seu território.

O Governo do Estado do Ceará tem buscado oferecer toda a infraestrutura necessária para que o complexo industrial desenvolva-se cada vez mais, juntamente com o Porto do Pecém, através de obras de duplicação e melhorias nas estradas, fornecimento de água bruta e energia elétrica, saneamento, além de estar concluindo um centro de quali� cação pro� ssional voltado, mais diretamente, para os setores petroquímico e metalome-cânico. Tudo com o objetivo de garantir as condições para que as empresas possam atuar com o máximo de seus desempenhos, e a população residente no entorno

tenha oportunidade de trabalhar em cargos que exigem um nível mais elevado de conhecimento e, por conse-guinte, representem a possibilidade de salários maiores.

O Porto do Pecém, em torno do qual está sendo erguido o CIPP, também tem passado por um grande desenvolvimento nos últimos anos, especialmente com a movimentação de cargas gerais, como equi-pamentos para a CSP. E este crescimento deverá permanecer por muitos anos, uma vez que a side-rúrgica será construída em duas etapas e, logo que for concluída a primeira, inicia-se a exportação de três milhões de toneladas de chapas de aço que ela irá produzir, anualmente, neste primeiro momento. Quando estiver totalmente pronta, serão seis milhões de toneladas de chapas anuais. E quando a refinaria começar a ser montada haverá novos picos de movi-mentação de cargas, representando inúmeras oportu-nidades de desenvolvimento para quem mora naquela área do Litoral Oeste do Ceará, bom como pessoas vindas de outras cidades, estados ou países.

EDITORIAL

CIPP induzirá o desenvolvimento do Estado

Expediente REPÓRTER: Marcelo Cabral • COORDENAÇÃO GERAL: Glauber Luna e Ricardo Dreher • FOTOGRAFIA: Tiago Stille • DIAGRAMAÇÃO E ARTE FINAL: J. Júnior.

O Complexo Industrial e Por-tuário do Pecém (CIPP) mobiliza diversos setores da administra-ção pública - do Estado e dos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, onde está inserido -, por conta da sua grandiosidade, promoção de desenvolvimento e uma série de demandas. Nesta entrevista ao jornal O Estado, o presidente do Conselho Estadual de Desen-volvimento Econômico (Cede), Alexandre Pereira, dá uma ideia da importância que o Complexo tem para a economia do Estado do Ceará e sua população.

O Estado - Quantas empre-sas e qual o valor total de in-vestimento das empresas que já estão instaladas no CIPP?

Alexandre Pereira - Atual-mente, temos 15 empresas ins-taladas no Complexo Industrial e Portuário do Pecém e entorno, com um investimento superior a R$ 1,8 bilhão, já realizado, fora os aportes da CSP, gerando cerca de 20 mil empregos diretos.

OE - Quantas estão em pro-cesso de entendimento com o Governo do Estado para iniciar suas instalações? E quanto devem investir?

AP - Temos outras dez em-presas em implantação no CIPP, nas áreas de industrialização e beneficiamento de produtos alimentícios; beneficiamento de minério de ferro; fabricação de peças e acessórios para veículos automotores; armazenagem e ter-minal retroportuário de cargas; transporte de cargas e aluguel de máquinas e equipamentos. So-mente em 2013 foram aprovados protocolos de intenção no valor de R$ 344 milhões para a região do CIPP.

OE - Qual a importância do CIPP para o desenvolvimen-to econômico do Estado?

AP - O CIPP é a região que terá o maior desenvolvimento do Ceará nos próximos anos. Os empreendimentos no Complexo vão duplicar o PIB do Estado. O Governo trabalha para a conso-lidação do polo metalomecânico e, com a refinaria, devemos ter, também, um polo petroquímico, o que vai gerar um impacto direto no crescimento do PIB, atrair ainda mais empreendimentos e melhorar a realidade do Ceará

como um todo.

OE - Quais as principais demandas que o Conselho Gestor do CIPP identifi cou como mais preocupantes? E já foram apontadas soluções?

AP - Entre os principais desa-fios da região, estão a elaboração de um plano de gestão ambien-tal integrado e participativo, que assegure a sustentabilidade do CIPP e do seu entorno; ade-quação das políticas sociais à dinâmica populacional da área; complementar a infraestrutura básica em toda a área de influên-cia do Complexo e integrar o pla-nejamento dos municípios de São Gonçalo do Amarante, Caucaia e localidades vizinhas. A partir dessa necessidade, vamos imple-mentar uma agenda propositiva, para consolidar o planejamento estratégico na região e fortalecer o desenvolvimento sustentável do Complexo do Pecém e seu entor-no, com benefícios que alcancem todo o Ceará.

OE - Que benefícios diretos

a implantação dessas em-presas estão oferecendo aos dois municípios do entorno do CIPP?

AP - O Governo do Estado tem investido fortemente em infra-estruturas para suprir o Com-plexo Industrial do Pecém, como

também dispõe de diferimento do ICMS em até 75%, pontuação essa que é calculada de acordo com o projeto da empresa a se instalar.

OE - Como está o projeto de instalação da fábrica de heli-cópteros da Citasa (Enstrom) em São Gonçalo?

AP - A área já está definida e a empresa já assinou a escritura. O projeto está agora na fase de licenciamento ambiental da área e, tão logo se conclua, devem começar as obras. A estimativa é que num prazo de até seis meses tenha a licença ambiental e as obras comecem imediatamente. Após o início da construção, a fá-brica deve estar pronta em cerca de 14 meses, num investimento de R$ 450 milhões, valor que in-clui obras, capacitação e compra de tecnologia.

OE - O que o Cede tem feito no sentido de viabilizar a vinda de novas empresas?

AP - O Cede e a nossa agência de desenvolvimento (Adece) têm promovido constantemente a di-vulgação do CIPP, através de ma-terial institucional, participando de feiras e missões empresariais em outros estados e países, e mantendo contato permanente com empresários interessados em se instalar na região, com o intui-to de fortalecer a cadeia produti-va do Complexo.

Complexo Industrial e Portuário do Pecémmobiliza a administração pública

Alexandre Pereira destaca a importância e grandiosidade dos empreendimentos que estão se instalando na região do CIIP

Helicópteros da empresa norte-ameri-cana Enstrom serão fabricados em São Gonçalo do Amarante

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O município de São Gonçalo do Amarante tem passado por uma verdadeira revo-lução no seu desenvolvi-

mento, nos últimos anos, devido aos impactos provocados pelo crescimento da movimentação de cargas no Porto do Pecém, além da instalação de di-versas empresas na região do Com-plexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). Isso porque, até o momento já foram assinados contratos de implan-tação de pelo menos 17 empresas - dos mais variados segmentos de atuação, a maioria delas com suas obras já ini-ciadas e algumas em funcionamento -, representando um total de investi-mentos superior a R$ 20 bilhões, em São Gonçalo, bem como em Caucaia. Ou seja, representa um salto na arre-cadação do município, que deverá ser revertido em uma série de melhorias para as pessoas ali residentes.

De acordo com o prefeito Cláudio Pinho, a sua gestão tem trabalhado fortemente no sentido de facilitar o ingresso de outras empresas naque-le complexo industrial, bem como expandir este desenvolvimento para outras localidades, fora do distrito do Pecém. Um bom exemplo disso é o caso da sede e do distrito de Croatá - nos quais estão sendo implantados dois distritos industriais -, além de Siupé, na Taíba, onde foi inaugurada, recentemente, a fábrica de sardinha e atum enlatados da Crusoe Foods. “Afi nal, queremos que o crescimen-to econômico que estamos enfren-tando seja disseminado pela maior

parte do município de São Gonçalo do Amarante, e não fi que concentra-do apenas em uma determinada re-gião. Queremos garantir a melhoria de vida da grande maioria de nossos munícipes”, destacou.

Mas tudo está sendo feito de ma-neira pensada, organizada, a fi m de que este crescimento acelerado acabe trazendo transtornos para quem esta-va acostumado com a tranquilidade de morar numa praia que, há pouco mais de seis anos, tinha a sua econo-mia focada na pesca artesanal, agri-cultura de subsistência e turismo. “O que a gente tem feito, primeiramente, nos preocupamos em fazer o Plano Diretor do município. Dentro dele criamos dois Distritos Industriais e de Serviços, um na sede e outro em Croa-tá, porque dentro da fi losofi a do Plano Diretor, as residências têm de estar próximas do emprego, das empresas, porque assim facilita tanto para a co-munidade, quanto para a empresa, que passa a ser do bairro, integran-te da comunidade. Com isso, vamos facilitar a questão da mobilidade ur-

bana, pois imagine se estivéssemos concentrando tudo no Pecém. Todo mundo saindo para trabalhar no iní-cio da manhã, cerca de 20 mil pessoas daqui há alguns anos, e voltando no fi nal da tarde”, disse.

DESCENTRALIZANDOEle afi rmou, ainda, que dentro

da fi losofi a da sua administração, o objetivo principal é fazer com que as pessoas morem próximo de onde irão trabalhar. Por isso, estão sendo montandos dois distritos industriais no município. “Então, na sede temos com 13 empresas com protocolos de intenção assinados e outras seis no distrito de Croatá. E já iniciamos uma empresa no distrito do Siupé, a Crusoe Foods, que vai gerar 400 empregos, sendo que 90% é de mão--de-obra feminina. É uma fábrica de enlatados, onde serão envasados o atum e a sardinha, sendo consumi-dos, diariamente, cinco toneladas do primeiro pescado e 20 toneladas do segundo. Então, o esforço do muni-cípio é para fazer com que a gente

possa deslocar este desenvolvimen-to que está consolidado no Pecém com o maior investimento privado

do Norte/Nordeste, a CSP (Compa-nhia Siderúrgica do Pecém), a Zona de Processamento de Exportação (ZPE), a única em funcionamento em todo o Brasil e o porto a pleno va-por, mas o município é grande e pre-cisamos levar este desenvolvimento aos demais recantos e assim tem sido feito o trabalho da gestão, para que possamos enriquecer os outros dis-tritos de São Gonçalo do Amarante”, asseverou Cláudio Pinho.

Ele destacou que educação e traba-lho mudam a vida das pessoas, então se elas são qualifi cadas, têm educação e a oportunidade de emprego, que é renda, começara a haver uma melhoria na qualidade de vida de todos. “Então, o nosso trabalho tem sido feito dessa forma, realizando esta distribuição de renda, facilitando também a vida do empresário e do trabalhador, porque a gente quer colocar as empresas pró-ximas das residências das famílias de São Gonçalo. Estamos com 494 casas construídas na sede, aguardando sor-teio, para que possamos entregá-las. E estamos com um projeto já aprovado, no bairro Violete, em Croatá, levando 498 residências para próximo das em-presas que ali se instalarão. Queremos entregar estas quase mil casas até o fi nal deste ano e iniciar mais mil, ou seja, duas mil para que a gente possa melhorar a qualidade de vida das pessoas em nosso município”, com-pletou Cláudio Pinho.

O administrador de empresas e diretor industrial da Matrix, Sa-muel Fiúza, que fabrica portas de segurança blindadas, corta-fogo, dentre outros produtos, é um en-tusiasta pelos distritos industriais que estão sendo instalados em São Gonçalo do Amarante. Ele também trabalha com a Mecanidráulica, do empresário português Joaquim Gomes, que produz vasos de pres-são, torres para aerogeradores de energia eólica, pontes, viadutos

e outras estruturas metálicas de grande porte, como a Estátua do Cristo de Palmas (TO) e a cruz do Santuário de Fátima, em Portu-gal, cujos projetos estão prontos e aguardando as licenças ambien-tais para iniciar o trabalho de ter-raplanagem, de uma área total de oito hectares (sendo dois da Matrix e seis da Mecanidráulica).

Desta última serão 4.000 me-tros quadrados (m²) de área cons-truída para a instalação das par-

tes de escritório e operacionais, formando o primeiro módulo, que posteriormente será ampliado para até 12.000 m². Localizada no distrito de Croatá, às margens da BR-222, próximo à entrada para Paracuru, os empresários já estão recebendo a posse do terre-no, para dar início à montagem das estruturas da empresa. No mesmo distrito industrial também serão instaladas outras duas fá-bricas: a Euro Esquadrias Brasil

e a Alltex. “A Matrix e a Mecani-dráulica fabricarão as estrutu-ras de novas empresas que serão instaladas na região do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). Queremos dar treinamen-tos para as pessoas residentes na região, para evitar o transporte de funcionários de um lado para o outro”, disse.

Ele ressaltou, ainda, que as empresas desejam fidelizar estes funcionários, para que eles per-

maneçam em seus quadros, inclu-sive com a oferta de uma série de benefícios, pois é muito ruim dar um treinamento especializado e, quando ele está qualificado, aca-ba indo para outra fábrica. “Tam-bém é importante que a Prefeitura de São Gonçalo realize a constru-ção de conjuntos habitacionais para atender a estas pessoas que trabalharão nos distritos indus-triais que estão sendo implanta-dos”, completou Samuel Fiuza.

EFEITO DIRETOSão Gonçalo do Amarante passa por uma revolução no desenvolvimento

Empresas recebem áreas nos distritos industriais

Empresas dos mais variados segmentos estão se instalando naquela região, mas a CSP representa o maior investimento privado do Norte/Nordeste, num total de R$ 11 bilhões

OBJETIVO É LEVAR A RIQUEZA PARA O SERTÃOComo existem os dois distritos

industriais de São Gonçalo, que es-tão iniciando suas obras sem falar na Crusoe Foods, em Siupé, e a Regaf, na localidade de Parada, que fez a correia transportadora do Porto do Pecém -, tem gerado a presença empresarial e industrial em quase todo o município. Mas o grande desa� o é fazer com que a riqueza também chegue ao sertão. “Somos banhos em quase 20 quilô-metros pelo rio Curu, mas estamos com di� culdade de água para levar também a agroindústria para São Gonçalo. E isso fazendo com que seja levada tecnologia e o pequeno agricul-tor possa produzir e vender para os empresários, e eles possam exportar. E a gente vai incentivar o atendimento da

população local”, ressaltou o prefeito Cláudio Pinho.

Isso porque existe a previsão que a população daquele município do Litoral Oeste do Ceará chegue, a 100 mil habitantes em 2020, ou seja, em seis anos sairá de 45 mil pessoas, para mais que o dobro, necessitando de habitação, alimento e água, daí a preocupação da administração em melhorar a infraestrutura da região. “Com isso, aumento a demanda por postos de saúde, hospital, já temos uma UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) funcionando, também vai demandar transporte, vias, um desafio enorme ser gestor de uma cidade em pleno crescimento, onde a iniciativa privada anda muito mais

rápido que o serviço público. O Gov-erno do Estado tem dado um apoio na questão das rodovias da região, inclusive com duplicações; a água já chegou no Pecém, mas na cidade te-mos problemas e está sendo feito um projeto para captar direto do Eixão das Águas para chegar às casas das pessoas; temos aprovados R$ 21 mil-hões para o saneamento do Croatá, com uma pequena contrapartida do município”, lembrou.

A alta tecnologia também está chegando à região de São Gonçalo do Amarante, com a instalação da Citasa, montadora dos helicópteros da norte-americana Enstrom, que dará um forte impulso no sentido de mudar a economia do município.

A Prefeitura doou um terreno de 30 hectares, na sede do município, no qual a empresa investirá R$ 450 milhões e deverá gerar 900 empregos especializados. “A gente vem com uma montadora de helicópteros e o Governo do Estado nos dá total apoio, na questão dos incentivos fiscais, para que as empresas fiquem aqui no Ceará. A escritura do terreno já foi feita e acredito que dentro de 60 dias devem iniciar as obras, pois es-tão solicitando o licenciamento ambi-ental. Será de fundamental importân-cia pois eles terão, dentro da fábrica, uma escola para preparar pilotos e mecânicos para realizar a manuten-ção de aeronaves, e o interesse é trabalhar com mão-de-obra local.

Fábrica da Crusoe Foods vai gerar quase 400 empregos para mulheres

Loteamentos e distritos industriais foram lançados em São Gonçalo, diz o prefeito Cláudio Pinho (detalhe)

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Considerada o maior investi-mento privado em execução na região Nordeste e o maior empreendimento estrutu-

rante, em construção, no Comple-xo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), atingiu, este mês, 55% de execução – incluindo compra de material, engenharia e obras propria-mente ditas. Resultado de uma joint

venture formada pela brasileira Vale (50%) e pelas sul-coreanas Dongkuk (30%) e Posco (20%), dos quase US$ 5 bilhões que serão aportados no pro-jeto, US$ 1,7 bilhão já foi investido entre os anos de 2012 e 2013 e outros US$ 2 bi estão programados para este ano. No fi m do mês passado foi iniciada a construção da bateria, que contou com a presença dos presiden-tes da Posco E&C Brasil e do CEO da CSP, Kyu Young Ahn e Sérgio Leite, respectivamente.

A obra, de responsabilidade da Posco Engenharia e Construção do Brasil (PEC), fruto do contra-to Engineering, Procurement and Construction (EPC), emprega atual-mente, no seu canteiro, 8.189 traba-lhadores - sendo 7.416 brasileiros, 746 coreanos e 27 de outras nacio-nalidades. Nesta fase de construção estão previstos 23 mil empregos diretos e indiretos no pico da obra, posteriormente chegando a 4 mil contratações diretas e outros 10 mil postos de trabalho indiretos durante a operação, prevista para o fi nal do ano que vem. Toda a produção da siderúrgica nesta primeira fase de instalação - 3 milhões de toneladas de placas de aço/ano -, será rateada

entre os sócios por um período de 15 anos. E, num segundo momento, a planta será ampliada, dobrando sua capacidade produtiva.

Instalada dentro da Zona de Pro-cessamento de Exportação do Ceará (ZPE Ceará), a CSP já recebeu um volume de 678.47m3 de cargas sol-tas (equipamentos de grande porte) e 4.757 contêineres (contendo ma-quinários e outros itens, como para-fusos para fi xação/ancoragem, entre outros). Neste ano de 2014 chegam, também via ZPE Ceará, parte da unidade funcional do lingotamento contínuo, do alto-forno, da coqueria, da preparação do carvão e da purifi -cação do gás do forne coke, além de componentes metálicos em aço. O material virá da Coreia, China, Ale-manha, Itália, França, Estados Uni-dos, Bélgica, Tailândia e Malásia.

Paralelamente à construção da siderúrgica, a CSP vem realizan-do ações e desenvolvendo projetos que demonstram o compromisso da empresa com as questões ambien-tais. Entre os meses de dezembro de 2009 e abril 2010 elas foram volta-das para o resgate da fauna e da fl o-ra no terreno de 980 hectares, dos quais 498 hectares destinados para

a construção do empreendimento. A partir de 2012, a CSP iniciou diag-nósticos no entorno do Pecém para conhecer as necessidades do territó-rio e, assim, poder desenvolver pro-jetos na região.

Durante o processo de supressão vegetal, foram selecionadas árvores matrizes para a coleta de semen-tes, priorizando as espécies raras, endêmicas, ameaçadas de extinção e de elevado interesse ecológico. As sementes coletadas na primeira eta-pa levaram à produção de 150.000 mudas no viveiro fl orestal da CSP, sendo utilizadas na recuperação de uma área degradada da Estação Eco-lógica do Pecém (EEP), equivalente a 206 hectares (há). Já as sementes recolhidas na segunda fase de traba-lho foram enviadas para a reposição fl orestal da área interna da CSP, com um plantio de 148.000 mudas, ob-jetivando a recomposição de 183 ha de áreas degradadas e 15 ha de Área de Proteção Permanente (APP) da Lagoa do Bolso, através de um plan-tio de 22.000 mudas nativas. O ex-cedente das sementes coletadas foi enviado para o banco de sementes de espécies nativas, fi nanciado pela CSP, que fi ca no Parque Botânico do

Ceará, no município de Caucaia.O trabalho de manejo e resgate de

fauna visa à execução de ações de resgate, manejo e monitoramento das espécies ali existentes, incluindo a proteção e soltura de animais feri-dos e recuperados na área da EEP. O salvamento da fauna teve início an-tes da operação de supressão, logo ao iniciar o processo de abertura das estradas e/ou picadas que cor-tam os talhões, sendo acompanhado durante todo o processo de remoção da cobertura vegetal e encerrando--se somente depois de concluída a limpeza total da área da CSP.

Identifi cou-se um total de 5.092 animais, dentre estes cinco espécies de artrópodes, 19 anfíbios, 14 aves, 40 répteis e 11 mamíferos, totalizando 89 espécies capturadas, desde o sagui, o tatu peba, o gato-do-mato (ou mara-cajá), o cassaco (também chamado de sarigué ou saruê), a raposa e o preá. Os lagartos foram a principal espécie encontrada na área de supressão ve-getal: camaleões, iguanas, tejus, tiju-binas e calangos mostraram as suas cores. As serpentes, como a cobra ver-de, a cobra cipó, a caninana, a jiboia e a coral verdadeira, também ocorre-ram em grande quantidade.

Mas não são apenas empresas, de todos os portes, que estão ga-nhando com o desenvolvimento que o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), tem levado para aquela região do Ceará. Outros ne-gócios, dos mais variados segmen-tos já se instalaram no distrito do Pecém, movimentando a economia como um todo. Um deles diz respei-to à questão da gastronomia, pois milhares de operários que traba-lham nos canteiros de obras, no Porto do Pecém, ou nas empresas que já estão funcionando, preci-sam de uma alimentação adequada para exercer as suas funções.

Um bom exemplo disso é o res-taurante e self-service Bom de Garfo, instalado há um ano na ex--casa de veraneio de uma família que tinha restaurante em Itapa-jé. O imóvel foi reformado e ade-quado para atender a milhares de clientes, todos os dias. Isto porque são fornecidos mil cafés da manhã, mil almoços e 400 jantares, prin-cipalmente aos funcionários da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), que chegam em ônibus fre-tados para fazer as suas refeições. “Tão logo abrimos o restaurante, o

pessoal da CSP nos procurou e fe-chamos um contrato para fornecer a alimentação de grande parte dos operários que ali trabalham. E já estamos ampliando para a casa ao lado, pois nosso espaço está peque-no para atender à demanda”, disse Samara Brasil, uma das proprie-tárias do estabelecimento.

Ela afi rmou que esta ampliação foi necessária, porque a demanda é crescente. Hoje, são 40 mesas no local e, com a abertura do imóvel ao lado, será mais 80. E o núme-ro de funcionários, atualmente 19, deverá ser ampliado em 50%, para dar conta do serviço. “Graças a Deus, com estas obras que estão ocorrendo aqui na região do Pe-cém, melhorou muito para a maio-ria dos comerciantes, e ainda tem muito o que crescer. Hoje temos UPA 24 horas, hospitais do Ha-pVida e Unimed, uma grande far-mácia Pague Menos, entre muitos outros comércios. E o nosso restau-rante, apesar do pouco tempo aqui no Pecém, já é bastante conhecido pela qualidade das refeições, tanto que já recusei novos contratos com empresas que estão se instalando aqui”, completou Samara.

DESENVOLVIMENTOCSP é o maior investimento privado do NE

Restaurante fornece 2,4 mil refeições diárias

Neste momento da obra, 8.189 trabalhadores estão participan-do da construção da siderúrgica. Desse total, 91% da mão-de-obra são formados por operários, técni-cos e engenhei-ros brasileiros

PROJETOS VOLTADOS AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Com a instalação de grandes

empresas no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), a região de Caucaia e São Gonçalo do Ama-rante sentirá um rápido crescimento econômico. Isto representa a criação de diversas novas oportunidades, em especial, para micro e pequenos

produtores. Neste contexto, o Projeto Território Empreendedor objetiva fo-mentar junto aos jovens uma cultura de organização de novos negócios na região, com sensibilização para uma perspectiva profissional. Os cursos iniciaram em abril e espera-se que, ao longo do projeto, sejam

criados 120 novos negócios rurais e 300 jovens capacitados em educação financeira, com apoio técnico para elaboração de planos de negócios e concessão de microcrédito para iniciar um empreendimento.

Já o Projeto de Formação de Lider-anças tem o objetivo de desenvolver

habilidades em pessoas chave, re-conhecidas como lideranças em suas comunidades para atuarem com mais rigor técnico nos fóruns populares e conselhos municipais. Serão capac-itadas em política e cidadania cerca de 60 pessoas das comunidades de Caucaia e São Gonçalo do Amarante.

FOTO: TIAGO STILLE

Restaurantes e outros estabelecimentos comerciais são favorecidos com a alta demanda de serviços

Vista aérea da planta da CSP onde já estão sendo construídoso Alto Forno (1) e a Coqueria (2) com toneladas de equipamentosque chegaram através do Porto do Pecém

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O Porto do Pecém se mos-tra como a grande mola propulsora do desenvol-vimento da região onde

está situado, bom como do Estado do Ceará, e, também foi o pontapé inicial do CIPP, afi nal este último só existe, devido à infraestrutura por-tuária que está nas proximidades. Isso porque mais de 90% do comér-cio internacional, acontece através dos portos espalhados pelo mundo todo. Então, uma unidade portuá-ria como é a do Pecém, que possui uma profundidade média acima de 17 metros, com fundo de rocha (o

que dispensa a necessidade de cons-tantes operações de dragagem, que encarecem o custo operacional), além da proximidade com os dois maiores mercados consumidores do mundo - Estados Unidos e União Europeia -, fazem daquele terminal um grande portão de entrada e saída das mais variadas mercadorias.

Hoje, ele já é considerado o maior exportador de frutas frescas do Bra-sil, com apenas 12 anos de inaugura-ção, superando portos com mais de 100 anos de história, como é o caso do de Santos, em São Paulo, ou o de Paranaguá, no Paraná. Já na re-messa para o exterior de calçados, polainas, artefatos semelhantes e suas partes, aparece na terceira colocação, logo atrás do de Santos e o de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. E pela sua posição estraté-gica, atualmente vem liderando as importações de ferro fundido, ferro e aço, além de cimentos não pul-verizados (clinkers) e escória, de-monstrando toda a pujança que a sua atuação alcança, mesmo tendo iniciado suas operações há pouco mais de uma década.

De acordo com Francisco Gomes Oliveira, diretor de Desenvolvimen-to Comercial da CearáPortos, que administra o Porto do Pecém, a ele-vação no movimento de cargas di-versas mostra um potencial daquela unidade. “Atualmente, o porto vem

experimentando um crescimento muito signifi cativo. A relação entre 2012 e 2013 foi de 40% e esta ten-dência deve permanecer neste nível, este ano também. Isto porque temos recebido muitas cargas de carvão para abastecer a termelétrica; mui-ta importação de produtos para a fabricação de cimento; tem cresci-do também a importação de ferro e aço para as indústrias cearenses e do Piauí, enfi m, o porto recebe os mais diversos tipos de cargas. Ulti-mamente, temos verifi cado também uma maior movimentação de cargas em contêineres, que tinha dado uma arrefecida, mas já voltou a crescer.

Só neste primeiro quadrimestre ti-vemos uma alta de 32% nas cargas conteneirizadas e estamos muito otimistas para os resultados deste ano”, disse.

OPERACIONALIZAÇÃOEle lembrou que toda a fábrica da

CSP está sendo trazida da Coreia do Sul, a princípio, em 160 navios, inclusive as 35.500 estacas das fun-dações. Este material vem chegando regularmente, abarrotando o porto com suas cargas, pois ele funciona 24 horas por dia e a siderúrgica no horário comercial, sendo que a reti-rada não acompanha o ritmo de des-

carregamento dos navios. “Então, estamos com nosso pátio bastante ocupado com cargas da siderúrgica, cerca de um terço de nossa área de armazenagem, ou 130 mil metros quadrados (m²). Isso nos fez até atrasar um pouco a atracação de na-vios com cargas da CSP. Houve ca-sos de dois navios que aguardaram três meses, mas o tempo médio é de um mês. A operação de descarga leva, em média, uma semana, pois são cargas muito pesadas e volumo-sas”, advertiu o diretor.

O Porto do Pecém está funcio-nando com défi cit na relação entre importações e exportações, mas isso tem ocorrido, principalmente, por causa da montagem de diversas empresas, em especial a CSP. “Hoje a relação é de 26% de exportação e 74% de importação, mas é exata-mente por isso. No fi nal do ano que vem a siderúrgica começa a operar, porque a exportação vai ser de três milhões de toneladas de placas de aço e aí tende a um equilíbrio. Te-mos a Silat, que venderá chapas de aço para a linha branca e indústria automotiva. No ano passado o Porto do Pecém movimentou - chegando e saindo -, 6,3 milhões de toneladas de cargas e este ano, somente no primeiro quadrimestre, movimen-tamos 2,6 milhões de toneladas, ou um aumento de 88% em relação a igual período de 2013”, explicou.

Hoje, o Pecém já é consideradoo maior exportador de frutas frescas do Brasil, com apenas 12 anos de inauguração, superando portos com mais de 100 anos de história

MOVIMENTAÇÃOPorto do Pecém dá início ao

crescimento da região

“A tendência é que o Pecém se torne um hub port, ou seja, um porto com cen-trador de cargas, pois passaremos a receber aqui grandes navios, por conta das nossas excelen-tes condições de profundidade.”

Sobre a ampliação do porto, já está aprovada a licitação para a construção de uma nova pon-te entre o continente e o Termi-nal de Múltiplo Uso (Tmut) e as obras já iniciaram. “Ela atende-rá às necessidades da CSP e ain-da teremos três novos berços de atracação, sendo que o primeiro deve estar concluído no final des-te ano, e os outros dois no ano que vem, somando-se aos seis que

já possuímos, visando atender, principalmente, à siderúrgica. E teremos, até o fim deste ano, dois guindastes do tipo porteinerer, que irá duplicar a nossa capaci-dade de carga e descarga de um navio”, destacou Oliveira.

E com o alargamento do Ca-nal do Panamá, o Porto do Pe-cém ocupará posição de estaque, pois devido à sua localização estratégica, representará uma

das principais portas de entrada para o País de mercadorias pro-cedentes da região asiática. “A tendência é que o Pecém se torne um hub port, ou seja, um por-to concentrador de cargas, pois passaremos a receber aqui gran-des navios, por conta das nossas excelentes condições de profun-didade e aproximação de navios, pois estamos em mar aberto, fa-cilitando a atracação e, a partir

daqui, são distribuídas estas car-gas para navios menores, que se-guirão para os diversos estados do Brasil. E com a construção da refinaria, devido à sua produção estimada de 300 mil barris por dia está prevista a construção de mais oito berços de atracação e, até o final de 2018 deveremos ter 17 berços, para atender à refina-ria e à Transnordestina”, finali-zou Francisco Oliveira.

De acordo com o corretor de imó-veis Evaristo Neto, que trabalha na região do Pecém há vários anos, desde 2010 houve um aumento nos valores de imóveis - tanto para venda, como para locação. Mas a partir de 2012, ocorreu um verda-deiro salto, superior a 1.300%, no caso de imóveis comerciais situa-dos na avenida principal do distri-to. “Só para você ter uma ideia, o metro quadrado custava em tor-no de R$ 70,00 em 2009 e, hoje, chega a R$ 1.000,00 para venda. Ou seja, foi uma valorização muito grande. E os percentuais também subiram, mas em menor escala, no caso de imóveis industriais e resi-denciais”, afirmou.

É a velha questão de oferta e pro-cura, pois com a chegada de muitas empresas naquela área do Litoral Oeste cearense, as pessoas passa-ram a vislumbrar um rendimento maior nos imóveis que possuem. E, até mesmo, chegaram a transfor-mar casas de veraneio em estabele-cimentos comerciais, como restau-rantes, lanchonetes e até mesmo pousadas. “E a tendência e que os preços mantenham-se elevados, pois ainda existe muita procura por imóveis e terrenos, tanto para com-pra, quanto para locação, aqui na região do distrito do Pecém”, com-pletou Evaristo Neto.

Ampliação terá nova ponte e três berços Valorizaçãodos imóveischega a superar 1.300%

FOTOS: TIAGO STILLE