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CAMILA SOUZA TORELLI

Ocorrência de anticorpos contra o EHV dos tipos1e 4 em animais vacinados e

não vacinados do Estado deSão Paulo

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Epidemiologia Experimental

Aplicada às Zoonoses da Faculdade de Medicina

Veterinária e Zootecnia da Universidade de São

Paulo para obtenção do título de Mestre em

Ciências

Departamento:

Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal

Área de Concentração:

Epidemiologia Experimental Aplicada às

Zoonoses

Orientador:

Prof. Dr. Leonardo José Richtzenhain

São Paulo

2011

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ERRATA

TORELLI, C. S. Ocorrência de anticorpos contra o EHV dos tipos 1 e 4 em animais vacinados e não vacinados do Estado de São Paulo. 2011. 62 f. Dissertação(Mestrado) – Faculdade de Medicina

Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

Página Parágrafo Onde se lê Leia-se

Ficha

catalográfica

3º 65 f. 62 f.

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome: TORELLI, Camila Souza

Título: Ocorrência de anticorpos contra o EHV dos tipos 1 e 4 em animais

vacinados e não vacinados do Estado de São Paulo

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Epidemiologia Experimental

Aplicada às Zoonoses da Faculdade de Medicina

Veterinária e Zootecnia da Universidade de São

Paulo para obtenção do título de Mestre em

Ciências

Data: ______ /______/______

Banca Examinadora

Prof. Dr. ________________________________Instituição: __________________________

Assinatura: _____________________________Julgamento: ___________________________

Prof. Dr. ________________________________Instituição: ___________________________

Assinatura: _____________________________Julgamento: ____________________________

Prof. Dr. ________________________________Instituição: __________________________

Assinatura: _____________________________Julgamento: ____________________________

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Ao Antonio, meu filho querido, que me ensinou uma nova forma de amar e deu um novo

sentido à minha vida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me conceder a graça de viver.

A meus pais, por terem me proporcionado o lar e me apoiado a buscar meus sonhos.

Ao meu companheiro de vida, Marcos, por toda a paciência, apoio e carinho nos momentos

mais difíceis da jornada.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Leonardo José Richtzenhain, por ter aceitado me orientar, pelos

conselhos e pelo exemplo de profissional.

Ao meu primeiro orientador científico, Prof. Dr. Rodrigo Martins Soares, por ter me

proporcionado o contato com o universo dos laboratórios.

Às pesquisadoras do Laboratório de Raiva do Instituto Biológico, Dra. Elenice M. S. Cunha,

Dra. Maria do Carmo C. S. H. Lara, Dra. Eliana M. C. Villalobos, Dra. Alessandra F. C. Nassar,

pelo ambiente de trabalho, por toda a amizade, pelos conselhos e pela companhia.

Ao pesquisador Dr. Enio Mori, por todo suporte, pelos ensinamentos e pela amizade.

Às minhas amigas Laura, Karen, Juliana e Sibele, pela companhia na jornada da pós

graduação.

Aos meus amigos do tempo do colégio, que mesmo sem ter participado ativamente, são

parte muito importante da minha vida.

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RESUMO

TORELLI, C. S.Ocorrência de anticorpos contra o EHV dos tipos 1 e 4 em animais vacinados e não vacinados do Estado de São Paulo. [Occurrence of antibodies against EHV types 1 and 4 in vaccinated and unvaccinated animals of the State of São Paulo].2011. 62 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina

Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

Os herpesvírus equinos do tipo 1 (EHV-1) e do tipo 4 (EHV-4) são considerados os principais

agentes infecciosos para a espécie equina. Dentre as doenças causadas por estes agentes,

destacam-se a rinopneumonite em animais jovens, o abortamento em fêmeas no terço final

da gestação, a mortalidade perinatal em potros e a mieloencefalopatia. Estudos anteriores

relatam ampla disseminação do EHV-1 na população eqüina no Estado de São Paulo,

entretanto a ocorrência de infecção pelo EHV-4 não possui registro. Devido à similaridade

antigênica entre os dois tipos virais, a diferenciação pelos métodos de sorodiagnóstico

tradicionais, como a Soroneutralização e a Reação de Fixação de Complemento, não é

possível. Assim, este trabalho avaliou, pela primeira vez no Estado de São Paulo, através de

um teste de ELISA indireto que emprega uma região da glicoproteína G para diferenciar o

EHV-1 do EHV-4 (iELISAgG),a presença de anticorpos específicos para os dois tipos de

herpesvírus equino em 512 animais de 20 municípios de 8 mesoregiões do Estado de São

Paulo, dentre equinos, muares e asininos, de ambos os sexos, diferentes faixas etárias,

vacinados e não vacinados. As mesmas amostras foram testadas para o EHV através do teste

de soroneutralização, tradicionalmente empregado para a pesquisa de anticorpos contra o

vírus. Os resultados obtidos com a soroneutralização revelam 205/512 (40,03%) animais

soropositivos. Através do teste de ELISA obteve-se 3/512 (0,59%) animais positivos para o

EHV-1, 347/512 (67,77%) animais positivos para o EHV-4 e 108/512 (21,09%) animais

positivos para ambos. O grupo de animais não vacinados apresentou 127/352 (36,07%)

soropositivos pelo teste de soroneutralização; enquanto 4/352 (1,14%) foram positivos para

o EHV-1, 237/352 (67,33%) foram positivos para o EHV-4 e 69/352 (19,6%) foram positivos

para ambos, pelo teste de ELISA. O grupo de animais vacinados apresentou 78/160 (48,75%)

soropositivos pelo teste de soroneutralização; enquanto 1/160 (0,63%) foram positivos para

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o EHV-1, 112/160 (70%) foram positivos para o EHV-4 e 37/160 (23,13%) foram positivos

para ambos, pelo teste de ELISA. Os resultados sugerem baixa circulação de EHV-1 e alta

circulação de EHV-4, de acordo com os resultados encontrados nos animais não vacinados. A

análise de correlação entre os dois testes empregados mostrou baixa concordância.

Palavras-chave:Herpesvírus equino tipo 1, Herpesvírus equino tipo 4, soroneutralização,

iELISAgG

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ABSTRACT

TORELLI, C. S. Occurrence of antibodies against EHV types 1 and 4 in vaccinated

and unvaccinated animals of the State of São Paulo. [Ocorrência de anticorpos

contra o EHV dos tipos 1 e 4 em animais vacinados e não vacinados do Estado de São Paulo].

2011. 62 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e

Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

The equine herpesvirus type 1 (EHV-1) and type 4 (EHV-4) are considered the major

infectious agents for the equine species. Among the diseases caused by these agents, we

highlight the rinopneumonite in young animals, abortion in females in the final third of

pregnancy, perinatal mortality in foals and encefalopathy. Previous studies have reported

wide spread of EHV-1 equine population in the State of São Paulo, however the occurrence

of infection with EHV-4 is not registered. Due to the antigenic similarity between the two

virus types, the differential serodiagnosis by traditional methods such as neutralization and

complement fixation reaction, it is not possible. Thus, this study evaluated the first time in

São Paulo, through an indirect ELISA employing a region of glycoprotein G to differentiate

EHV-1 EHV-4 (iELISAgG), the presence of specific antibodies to the two types of equine

herpesvirus in 512 animals from 20 municipalities in 8 regions the State of São Paulo, among

horses, mules and donkeys of both sexes, different age groups, vaccinated and

unvaccinated. The same samples were tested for EHV through the neutralization test,

traditionally used for the detection of antibodies against the virus. The results obtained with

the neutralization revealed 205/512 (40.03%) seropositive animals. By ELISA we obtained

3/512 (0.59%) animals positive for EHV-1, 347/512 (67.77%) animals positive for EHV-4 and

108/512 (21.09% ) animals positive for both. The group of unvaccinated animals showed

127/352 (36.07%) HIV-positive by serum neutralization test, while 4/352 (1.14%) were

positive for EHV-1, 237/352 (67.33%) were positive for EHV-4 and 69/352 (19.6%) were

positive for both ELISA. The group of vaccinated animals showed 78/160 (48.75%)

seropositive by neutralization test, while 1 / 160 (0.63%) were positive for EHV-1, 112/160

(70%) were positive for EHV-4 and 37/160 (23.13%) were positive for both ELISA. The results

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suggest low circulation of EHV-1 and high circulation of EHV-4 according to the results found

in unvaccinated animals. The correlation analysis between the two tests employed showed

poor agreement.

Keywords: Equid Herpesvirus type 1, Equid Herpesvirus type 4, seroneutralization, iELISA gG

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LISTA DE ABREVIATURAS

AHV – Herpesvírus Asinino

BHV – Herpesvírus Bovino

EAV – Vírus do Aborto Equino

EHV – Herpesvírus Equino

ELISA – Ensaio Imunoenzimático

HSV – Herpes Simplex

PsR – Vírus da Pseudoraiva ou Doença de Aujezky

SN – Soroneutralização

*Devido ao fato de terem sido consagradas, na literatura especializada, algumas

abreviaturas seguem sua grafia no idioma inglês.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Sequência de aminoácidos alinhados contendo epítopos tipo específicos EHV-1 e EHV-4

próximos da região terminal variável C da gG. A linha de consenso (con) demonstra

resíduos idênticos ..................................................................................................... 18

Figura 2 - Ilustração do princípio da técnica de ELISA indireto. O anticorpo primário é a variável do

sistema; em sua presença há ligação do anticorpo secundário e posterior geração de sinal

revelando a positividade no teste............................................................................. 29

Figura 3 - Esquema ilustrativo da reação de soroneutralização viral. A presença de anticorpos

específicos contra o vírus adicionado à reação impede a geração de efeito citopático no

cultivo celular ............................................................................................................ 30

Figura 4 - Ilustração do princípio da técnica de Fixação de Complemento. A presença, no soro

testado, do anticorpo contra o vírus conhecido, consome o complemento adicionado à

reação mantendo as células sanguíneas intactas ..................................................... 31

Figura 5 - Ilustração do kit de ELISA utilizado para detectar simultaneamente EHV-1 e EHV-4,

utilizando em espaços adjacentes regiões que diferenciam os dois tipos virais como

antígenos................................................................................................................... 33

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação dos Herpesvírus de Equídeos 16

Quadro 2 - Histórico de Pesquisa de Anticorpos contra Herpesvírus no Brasil 36

Quadro 3- Relação dos Animais Estudados, Classificados de Acordo com os Municípios 38

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resultados Gerais ....................................................................................................... 43

Tabela 2 - Resultados de acordo com o status vacinal ............................................................... 43

Tabela 3 - Resultados de acordo com faixa etária, sexo e status vacinal ................................... 44

Tabela 4 - Resultados de acordo com a localização geográfica e status vacinal ........................ 45

Tabela 5 - Comparação entre SN e ELISA para EHV-1 ................................................................. 46

Tabela 6 - Comparação entre SN e ELISA para EHV-4 ................................................................. 46

Tabela 7 - Comparação entre SN e ELISA para EHV-1 e EHV-4 ................................................... 46

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 16

1.1 HERPESVÍRUS DE EQUÍDEOS .......................................................................................... 16

1.2 SORODIAGNÓSTICO DOS HERPESVÍRUS......................................................................... 29

1.3 HERPESVÍRUS EQUINO NO BRASIL .................................................................................... 34

2 OBJETIVOS........................................................................................................................... 37

3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................................... 38

Animais Estudados .................................................................................................................. 38

Obtenção dos Soros ................................................................................................................ 39

Pesquisa de Anticorpos Séricos para o EHV pela Técnica de Soroneutralização.................... 39

Pesquisa de Anticorpos Séricos para o EHV pela Técnica de iELISA gG .................................. 40

Análise dos Resultados............................................................................................................ 41

4 RESULTADOS ....................................................................................................................... 43

5 DISCUSSÃO.......................................................................................................................... 48

6 CONCLUSÕES....................................................................................................................... 52

REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 54

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1 INTRODUÇÃO

1.1 HERPESVÍRUS DE EQUÍDEOS

Os herpesvírus de equídeos (EHVs) são patógenos altamente bem sucedidos em

todos os membros da família Equidae ao redor do mundo. Sabe-se que cinco herpesvírus

infectam o cavalo, conforme disposto no quadro1. Os EHVs estão presentes nas populações

equinas domésticas e selvagens, e provavelmente o sucesso do EHV como um patógeno está

relacionado à sua capacidade de indução de latência, assegurando assim uma disseminação

eficiente dentro da população equídea (SLATER, 2007; WOOD et al., 2008).

Família Sub-Família Gênero Espécie

Herpesvirus Equino tipo 1 – Vírus do Abortamento

Equino

Herpesvírus Equino tipo 3 – Vírus do Exantema Coital

Equino

Herpesvírus Equino tipo 4 – Vírus da

rinopneumoniteeqüina

Herpesvírus Equino tipo 8 – Herpesvírus Asinino tipo 3

Alphaherpesvirinae Varicellovirus

Herpesvírus Equino tipo 9 – Herpesvírus de Gazela

Herpesvírus Equino tipo 2

Herpesvírus Equino tipo 5

Herpesviridae

Gammaherpesvirinae Rhadinovirus

Herpesvírus Equino tipo 7

Fonte: ICVT (www.ictvdb.org)

Quadro 1 - Classificação dos Herpesvírus de Equídeos

O herpesvírus equino do tipo 1 (EHV-1), um DNA-vírus dupla fita (MURPHI, 1995), é o

agente causador da rinopneumoniteeqüina, podendo também causar abortamento e

mieloencefalopatia. A primeira descrição da doença em equinos foi feita por Dimock e

Edwards em 1936, nos Estados Unidos, em éguas que abortaram em seguida a alterações do

sistema respiratório com sintomas semelhantes aos da gripe.

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EHV-1 e EHV-4 são Alphaherpesvírus relacionados, os quais são os principais

causadores de aborto e doença respiratória, respectivamente, e são de importância

econômica considerável ao redor do mundo (CAMPBELL; STUDDERT, 1983; ALLEN;BRYANS,

1986; ALLEN, 1997).

Os herpesvírus podem sobreviver de uma geração para a próxima através do

estabelecimento de infecções latentes. Latência, isto é, persistência do vírus por toda a vida,

é uma característica de todos os herpesvírus. A reativação é geralmente intermitente e pode

estar associada com estresse bem como uma doença intercorrente, transporte, frio ou

aglomeração. A eliminação do vírus é nasal, oral ou através de secreções genitais, inclusive

podendo transmitir da égua para o potro. Muitos Alphaherpesvirus persistem em neurônios,

provavelmente como uma forma circular epissomal do genoma. Alphaherpesvirus mostram

crescimento rápido e produzem infecções líticas agudas (SLATER, 2007; WOOD et al., 2008).

Dentre os herpesvírus isolados de cavalos, pelo menos 4 são distinguíveis

antigenicamente. Eles causam uma variedade de infecções variando de doenças subclínicas a

fatais e podem ser assim classificados:

1. Herpesvírus Equino tipo 1 (EHV-1), também conhecido como vírus do aborto

equino (EAV), anteriormente conhecido como subtipo 1 do EHV-1 (PLUMMER et

al., 1969);

2. EHV-2, o citomegalovírus equino (ECM) (PLUMMER; WATSON, 1963);

3. EHV-3, conhecido como o vírus do exantema coital dos equinos (ECE) (PETZOLDT,

1970; LUDWIG et al., 1971) e

4. EHV-4, o vírus da rinopneumonite, anteriormente o subtipo 2 do EHV-1. Este vírus

foi recentemente reclassificado como um novo tipo, o vírus tipo 4 (STUDDERT et

al., 1981; ALLEN; TURTINEN, 1982; CHOWDHURY et al., 1986).

Foi então aceito que dois tipos de herpesvírus, EHV-1 e -4 são agrupados

separadamente com base nas diferenças em seus genomas (ALLEN; TURTINEN, 1982). Estes

dois tipos foram anteriormente classificados como subtipos 1 e 2 do complexo vírus do

aborto/rinopneumonite equinos (EHV-1) (DOLL et al., 1957). Deste modo, as estirpes

agrupadas como EHV-4 são em sua maioria associadas a doenças respiratórias e aquelas

definidas como EHV-1, por suas propriedades biológicas e seus meios moleculares

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(PLUMMER et al., 1973; BORGEN; LUDWIG, 1974; STUDDERT et al., 1981; ALLEN; TURTINEN,

1982; STUDDERT, 1983; PATEL; EDINGTON, 1983) são causas de infecções respiratórias,

abortos, natimortos, mortes neonatais e encefalites ocasionais em cavalos (THEIN, 1981;

ALLEN et al., 1983; CHOWDHURY et al., 1986). Assumiu-se que o EHV-1 causava doença

respiratória, estabelecia uma infecção latente e subsequentemente causava aborto por

reativação do vírus latente. Uma série similar de eventos estava implícita para a ocorrência

da encefalite por EHV-1. Através de enzimas de restrição foi possível separar e visualizar em

padrões eletroforéticos os dois tipos de vírus (SABINE et al., 1981; STUDDERT et al., 1981;

TURTINEN et al., 1981). Em 1988 os vírus foram designados EHV-1 e EHV-4 (ROIZMAN et al.,

1992).A propriedade abortiva do EHV-1 aparentemente está restrita ao cavalo. Entretanto,

relatos de isolamento de estirpes de EHV-1 de bezerros abortados (SMITH, 1976; CRANDELL

et al., 1979) levantaram a questão do cruzamento da barreira natural de espécies agindo

como patógeno em outros animais. Em 2011, Wohlseinet al. relataram a ocorrência de

infecção por EHV-1 em quatro ursos e duas gazelas de um zoológico e em 18 cobaias de um

outro. Os ursos morreram ou foram eutanasiados, todos com doença neurológica causada

pelo herpesvírus, semelhante à que ocorre em equinos. As gazelas também tiveram doença

neurológica fatal.Até 1981, EHV-1 e EHV-4 eram considerados o mesmo vírus e nomeados

EHV-1.

Apesar da dissimilaridade genética entre EHV-1 e EHV-4 (ALLEN; TURTINEN, 1982)

estes dois vírus mostraram significante reatividade sorológica cruzada intertipos. Relatos

preliminares revelaram que ambos possuem glicoproteínas com reatividade cruzada (ALLEN;

BRYANS, 1986).Na comparação entre as seqüências de bases dos genes das regiões

homólogas que codificam as glicoproteínas G (gG) e B (gB) do HVE-4, HVE-8, HVE-9 e do HVE-

1 demonstrou que, na análise filogenética, o HVE-9 é o mais próximo (FUKUSHI et al., 1997)

(Figura 1).

Fonte: (TELFORD et al., 1998)

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Figura 1- Sequência de aminoácidos alinhados contendo epítopos tipo específicos EHV-1 e EHV-4 próximos da região terminal variável C da gG. A linha de consenso (con) demonstra resíduos idênticos

O herpesvírus equino tipo 1 é similar a outros herpesvírus em características

morfológicas e bioquímicas. Sua estrutura genômica é composta de quatro segmentos: UL,

IR, US e TR, arranjados em duas formas isoméricas as quais exemplificam os herpesvírus de

classe D-tipo (ROIZMAN, 1982) similar ao genoma do vírus PsR (STEVELY, 1977; BEN-PORAT

et al., 1979), VZV (DUMAS et al., 1981; STRAUS et al., 1982) e BHV-1 (MAYFIELD et al., 1983).

No genoma de HSV, entretanto, tanto a sequência UL quanto a US são limitados por

repetições invertidas (tipo E), consequentemente, tanto o componente UL quanto o US se

invertem relativamente ao outro, dando origem a quatro formas isoméricas do genoma

(HAYWARD et al., 1975; SKARE; SUMMERS, 1977).

O genoma do EHV-1 se mostrou uma molécula de DNA dupla fita com peso molecular

de 92 Md (O’CALLAGHAN et al., 1983; SOEHNER et al., 1965), densidade flutuante de 1,716

g/cm3 em CsCl2– densidade flutuante é diferente de coeficiente de sedimentação –

(SOEHNER et al., 1965; O’CALLAGHAN et al., 1968), conteúdo de G + C de 56% (SOEHNER et

al., 1965; O’CALLAGHAN etl al., 1983) e temperatura de fusão de 93°C (SOEHNER et al.,

1965). Topograficamente, o DNA viral consiste em quatro segmentos: uma região longa

única (UL; 71,6 md), repetições internas (IR; 6,4 md), uma região curta única (US; 6,5 md) e

repetições terminais (TR; 6,4 md) (HENRY et al., 1981; WHALLEY et al., 1981; RUYECHAN et

al., 1982). Este arranjo permite que a molécula de DNA do EHV-1 exista em duas formas

isoméricas uma vez que a região US pode inverter em relação à orientação da região UL

(HENRY et al., 1981; RUYECHAN et al., 1982).

Estudos sobre a homologia genética entre o vírus da pseudo raiva (PsR) e o

herpesvírus simples (HSV) relevaram cerca de 10% de homologia DNA-DNA (LUDWIG et al.,

1972) e uma colinearidade parcial indicando que ambos evoluíram de um ancestral comum

(BEN-PORAT et al., 1983; DAVISON; WILKIE, 1983). Esta afirmação tem base nos relatos de

reações antigênicas cruzadas entre diferentes herpesvírus (HONESS; WATSON, 1977). Os

herpesvírus equinos EHV-1, -2, -3 e -4 são morfologicamente indistinguíveis entre si e

similares aos herpesvírus de outras espécies. Seu tamanho varia de 150 a 190 nm, mas entre

150-170 nm é o mais frequentemente registrado (O’CALLAGHAN et al., 1978).

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A composição protéica do EHV-1 compreende seis polipeptídeos arranjados para

formar uma subunidade 162, estrutura icosaédrica, formam o nucleocapsídeo completo do

vírus, de 100 nm de diâmetro, que envolve o conteúdo de DNA no centro do vírus

(O’CALLAGHAN et al., 1983). A proteína mais abundante do nucleocapsídeo, a fosfoproteína

(VP9) de 140 Kd, está presente em 800 cópias por virion e participa de mais de 65% da

massa total de proteína do capsídeo viral (O’CALLAGHAN; RANDALL, 1976).

O capsídeo destes vírus possui diâmetro de 100 nm e consiste de 162 capsômeros

elongados, poligonais, côncavos arranjados para formar um icosaedro que exibe simetria

dupla, tripla ou quíntupla (DARLINGTON; RANDALL, 1963; DARLINGTON; JAMES, 1966;

ABODEELY et al., 1970; LUDWIG et al., 1971; O’CALLAGHAN et al., 1978; WHARTON et al.,

1981). O centro dos vírions de EHV mostraram conter genoma viral de forma

significativamente resistente a DNAse (PERDUE et al., 1976) e que exibe as características

morfológicas de uma estrutura toroide (FURLONG et al., 1972; ROIZMAN & FURLONG, 1974;

NAZERIAN, 1974). Esta estrutura toroide elétron-densa no EHV tem um diâmetro interno de

16 nm e o diâmetro externo de 64 nm e contém um cilindro central menos elétron-denso de

estrutura de barra (aproximadamente 13 nm de diâmentro) ao redor do qual a molécula

linear de DNA viral está disposta em vertentes com espaçamento regular (PERDUE et al.,

1975, 1976; O’CALLAGHAN; RANDALL, 1976). A área entre o capsídeo e o envelope dos

vírions EHV aparece como camadas de material amorfo (tegumento) (ROIZMAN; FURLONG,

1974) e se mostrou de tamanho variável de acordo com a família de herpesvírus bem como

entre os vírions de EHV do mesmo tipo ou de tipos diferentes (ROIZMAN; FURLONG, 1974;

O’CALLAGHAN; RANDALL, 1976; SPEAR; ROIZMAN, 1980). O envelope é a membrana

exterior, de camada tripla que envolve o nucleocapsídeo e é composto de uma camada

dupla lipídica e proteínas associadas (SPEAR; ROIZMAN, 1980). Contém lipídeos,

glicoproteínas virais e fosfoproteínas e é derivado da membrana intranuclear da célula

infectada através do processo de brotamento dos nucleocapsídeos maduros (DARLINGTON;

JAMES, 1966; ABODEELY et al., 1970; O’CALLAGHAN; RANDALL, 1976; O’CALLAGHAN et al.,

1978; WHARTON et al., 1981).

As glicoproteínas G (gG) das regiões C-terminais do EHV-1 e do EHV-4 são

especificamente reconhecidas pelo soro de cavalos infectados com os respectivos vírus

(CRABB; STUDDERT, 1993), e ensaios ELISA com regiões tipo-específicas como antígenos

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podem distinguir sorologicamente infecções por estes vírus (CRABB et al., 1995). Uma

modificação de um ELISA tipo-específico para isolados do Japão foi útil para estudos

soroepizoóticos e para o sorodiagnóstico de infecções com ambos os tipos de EHV

(YASUNAGA et al., 1998). Este método não detectou nenhum anticorpo induzido por vacina

inativada contra o EHV-1 mas pode distinguir entre EHV-1 e EHV-4 cavalos vacinados e não

vacinados (YASUNAGA et al., 2000).

Desde seu isolamento a partir de seus hospedeiros naturais (membros da família

Equidae), os herpesvírus equinos tem sido inoculados em uma variedade de animais

experimentais. O cultivo de EHV-1 em cultura de tecidos foi primariamente relatada em

tecidos fetais de cavalo, gato e hamster por RANDALL et al. (1953, 1954). Resultados

variáveis foram obtidos das tentativas de propagar o EHV-1 em cultura de tecidos. Não

houve proliferação em tecido renal bovino (HENSEL; DONATH, 1964). Woychiechowska

(1962) notou efeito citopático (ECP) parcial em rim de macaco e nenhum efeito em rim de

coelho ou células da linhagem L (fibroblasto de camundongo). Em contraste, Plummer e

Waterson(1963) e Girardet al. (1963) registraram pronta proliferação em células renais de

coelho, enquanto Randall e Lawson (1962) adaptaram EHV-1 passado em HeLa para crescer

em células da linhagem L. Burrows e Goodridge (1973) encontraram que a maioria das

linhagens de referência e fetais do vírus produziam placas em rim de bezerro, testículo de

bezerro, rim de cordeiro, rim embrionário de cobaia e células RK-13, enquanto a maioria das

linhagens isoladas do trato respiratório não induziam placas em tais células. Variações na

morfologia da placa e características de crescimento são marcadores úteis para distinguir

entre as linhagens virais. Borgen (1970, 1972) diferenciou linhagens com base na produção

de placas na linha L de células murinas. Em um importante estudo, células equinas e suínas

se mostraram o sistema mais adaptado para isolamento, proliferação e passagem de

linhagens do EHV-1 (KOCH, 1967).

Os ciclos replicativos dos herpesvírus equinos exibem diferenças em relação à

quantidade de vírions infecciosos produzidos, à duração do período de eclipse, e à

quantidade de vírus liberada da célula. O EHV-1 se replica rapidamente a altos títulos virais

de 107 UFP/mL a 109 UFP/mL. A quantidade de vírus liberado varia de acordo com o tipo

celular (DARLINGTON; JAMES, 1966; O’CALLAGHAN et al., 1968; LAWRENCE, 1971; ALLEN;

BRYANS, 1974, 1976).

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Infecções com o herpesvírus equino (tipos 1-4) são caracterizadas pela formação de

corpúsculos de inclusão eosinofílicos típicos, intranucleares (Cowdry tipo A) (McKERCHER,

1973; STTUDERT, 1974). Em infecções por EHV-1 os efeitos citopáticos se desenvolvem

rapidamente e são concomitantes com a aparição de corpúsculos de inclusão, as células

cultivadas em monocamada perdem sua morfologia característica, se tornando

arredondadas, agregadas e destacadas. Ambos os tipos formam sincício bem como placas

sob a camada embora o tamanho das placas e o tempo necessário para sua formação variem

(PASCOE et al., 1969).

O EHV-1 se replica em uma etapa cinética (?) de crescimento in vivo no Hamster Sírio

(RANDALL; BRACKEN, 1957; O’CALLAGHAN et al., 1972) e in vitro na linhagem celular L-M

(DARLINGTON; JAMES, 1966; O’CALLAGHAN et al., 1968). Shimizu et al. (1957, 1963)

relataram para cultivos em monocamada um período latente de 7 horas para o EHV-1. O

mesmo grupo (ISHIZAKI et al, 1962; ISHIZAKI; SHIMIZU, 1964) demonstrou por técnica de

imunofluorescência que durante o período latente do EHV-1 somente o antígeno solúvel “S”

se desenvolveu no interior do núcleo e provavelmente seja codificado pelo DNA viral. Um

antígeno “V” associado à partícula infecciosa viral poderia ser demonstrado no citoplasma à

hora 7 coincidindo com o primeiro aparecimento de vírus associados à células; após a

propagação através do citoplasma, pouca fluorescência ou infectividade permaneceu à hora

24 pós-infecção.

Partículas defeituosas que interferem com a replicação de vírus não-defeituosos

(padrão) relacionados foram detectadas na maior parte dos sistemas virais animais (HUANG,

1973). A produção de partículas defeituosas interferentes (DI) foi demonstrada durante

passagens de rotina de diversos herpesvírus incluindo o vírus herpes simplex (BRONSON et

al., 1973; FRENKEL et al., 1975), vírus da pseudoraiva (BEN-PORAT et al., 1974, 1975;

RUBINSTEIN; KAPLAN, 1975), herpesvírussaimiri (FLECKENSTEIN et al., 1975) e herpesvírus

equino tipo 1 (CAMBELL et al., 1976). EHV-1 é o único herpesvírus que demonstrou produzir

partículas DI in vivo (CAMBELL et al., 1976).

Tanto o EHV-1 quanto o EHV-4 mostram um padrão complexo e variável de produção

de doença no cavalo. Em quase todas as tentativas, feitas para estabelecer uma correlação

entre EHV-1 e EHV-4 (anteriormente classificados como tipos 1 e 2 do EHV-1) e uma

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entidade patológica específica no cavalo, foram encontradas inconsistências. A primeira

observação relatada que indicava que poderiam haver maiores diferenças antigênicas entre

isolados clínicos de EHV-1 e EHV-4 foi feita em 1959 (SHIMIZU et al., 1959). Estes

investigadores registraram que um isolado de material fetal proveniente do Japão (estirpe

45) diferia significativamente da estirpe Americana Ky-D através de testes de neutralização

cruzada. Mais tarde, Burrows e Goodridge (1972) demonstraram alta correlação entre o tipo

antigênico e a origem anatômica dos isolados virais. Na maioria das instâncias, vírus isolados

de fetos abortados pertenciam a um tipo antigênico, EHV-1, (anteriormente subtipo 1),

enquanto isolados recuperados de infecções do trato respiratório se encaixavam num tipo

diferente, EHV-4, (anteriormente subtipo 2). Comparações posteriores de isolados fetais e

neonatais com isolados de trato respiratório (EHV-4) por pesquisadores na Austrália

(STUDDERT; BLACKNEY, 1979) e no Reino Unido (BURROWS; GOODRIDGE, 1975) revelaram

diferenças adicionais entre os dois grupos antigênicos do vírus na sua gama de hospedeiros

de cultura de tecidos, medida de multiplicação e eliminação nasofaríngea do cavalo,

capacidade de causar viremia e abortigenicidade. Embora as consistentes, mas leves,

diferenças entre os isolados de EHV-1 e EHV-4 (aproximadamente 4-8 vezes de diferença nos

títulos de neutralização cruzada) permitiram que fossem separados em dois tipos distintos

(anteriormente subtipos do EHV-1) em 1959, a magnitude das diferenças entre os dois tipos

não foi plenamente reconhecida e gerou confusões como isolados fetais eventualmente

classificados como subtipo 2 através de sorologia e ensaios de gama de hospedeiros, e

isolados caracterizados como subtipo 1 eram ocasionalmente recuperados da nasofaringe de

cavalos com infecções do trato respiratório. Devido a tais incertezas, a identificação

definitiva não foi possível até 1981, quando seus DNAsgenômicos foram comparados por

análise de endonucleases de restrição (SABIN et al., 1981; STUDDERT et al., 1981; TURTINEN

et al., 1981). A análise de DNA viral com enzimas de restrição foi recentemente estabelecida

como uma poderosa ferramenta para investigar diversidade genética entre isolados de

espécies particulares de herpesvírus e para estudos epidemiológicos (BUCHMAN et al., 1978;

LONSDALE et al., 1979; ALLEN et al., 1983; CHOWDRHURY et al., 1986). A aplicação desta

nova e altamente sensível técnica de fingerprinting para isolados de EHV-1 representativos

dos dois subtipos do vírus previamente revelaram um achado inesperado: a variedade das

diferenças genéticas entre os dois subtipos de EHV-1 era muito maior do que podia ser

previsto a partir de testes extensos de reatividade cruzada entre os dois grupos de vírus. A

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falha em demonstrar qualquer padrão de clivagem da endonuclease de restrição comum aos

dois subtipos de EHV-1 imediatamente levaram à sugestão feita por Studdertet al. (1981) de

que dois grupos de herpesvírus equinos classificados por muitos anos como subtipos do

EHV-1 deveriam agora ser tratados como agentes biológica, genética e taxonomicamente

distintos (EHV-1 & EHV-4) que retiveram um grande grau de relação imunológica durante

sua evolução divergente a partir de um herpesvírus ancestral comum.

O aborto do feto equino devido a uma possível infecção viral específica foi

primeiramente descrito como uma entidade clínica por Dimock e Edwards (1932) e no

mesmo ano foi produzido em éguas através da inoculação de material proveniente de fetos

abortados. Estudos subsequentes estabeleceram a etiologia viral e definiram a manifestação

clínica e as lesões patológicas definidas no potro abortado (DIMOCK; EDWARDS, 1933;

DIMOCK, 1940). Desde sua origem nos EUA a doença tem sido relatada em diversos países

em várias partes do mundo. Os vírus isolados em muitas partes do mundo são

antigenicamente muito similares ao vírus originalmente isolado cerca de quatro décadas

antes a partir de fetos abortados no Kentucky (STUDDERT, 1974).

A infecção respiratória associada ao vírus do aborto equino (EAV) foi pela primeira

vez estudado experimentalmente por Dollet al. (1954). As evidências deste estudo

mostraram que o EAV era o agente etiológico de uma doença respiratória epizoótica de

cavalos jovens. Dollet al. (1957) sugeriram que o agente primordialmente conhecido como

EAV deveria ser considerado como um vírus respiratório devido às lesões histológicas como

necrose epitelial e formação de trombos e petéquias no trato respiratório de cavalos jovens

e potros abortados. Portanto, o agente foi nomeado vírus da rinopneumonite.

A epidemiologia da infecção por EHV-1 se tornou mais complexa com o aparecimento

de síndromes diferentes da doença respiratória e do aborto. O EHV-1 foi isolado a partir do

material proveniente de 22 de 27 potros que morreram em uma fazenda durante um surto

de natimortos e morte perinatal (HARTLEY; DIXON, 1979). Além disso, houve um número de

relatos de infecções por EHV-1 associadas a síndromes paralíticas. A última doença é

geralmente esporádica, mas foram registrados surtos (SAXEGAARD, 1966; GREENWOOD;

SIMSON, 1980; CROWHURST et al., 1981; THEIN, 1981). Em ocorrências naturais e

experimentais a prenhez se mostrou como um pré-requisito para a doença neurológica

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(JACKSON; KENDRICK, 1971; LITTLEE; THORSON, 1976; JACKSON et al., 1977), mas diversos

trabalhos (DINTER; KLINGEBORN, 1976; THOMSON et al., 1979; PLATT et al., 1980;

CROWHURST et al., 1981; THEIN, 1981) demonstraram que a doença também ocorre em

fêmeas improdutivas, garanhões, castrados e potros.Nugentet al. (2006) encontraram uma

associação significativa da mutação na ORF30 com surtos de doenças neurológicas.

Como ocorre com todos os herpesvírus, assume-se que tanto o EHV-1 quanto o EHV-

4 estabelecem infecções latentes persistentes e vitalícias. Experimentalmente, ambos os

vírus podem ser reativados com altas e prolongadas doses de corticosteróides e leve trauma

nasal (EDINGTON et al., 1985; BROWNING et al., 1988). A reativação do EHV-4 latente

provavelmente causa doença recorrente acompanhada de dispersão viral e a oportunidade

de transmissão para outros animais, direta ou indiretamente. Usualmente, cada geração de

potros nascida em uma fazenda é acompanhada de uma rodada de doença respiratória

causada por EHV-4 (rinopneumonite). A reativação do EHV-1 latente no cavalo pode causar

doença respiratória branda e transmissão para os outros animais contactantes. Se o vírus é

reativado em uma fêmea prenhe sem histórico de aborto, ela pode vir a abortar em

decorrência desta reativação. O abortamento de um feto (feto, membranas e fluidos fetais)

infectado por EHV-1 proporciona um alto risco de infecção para fêmeas contactantes. É

assim que se forma o cenário para um surto de abortamentos onde até 80% de fêmeas

infectadas desta forma podem abortar em 3 semanas a partir do primeiro caso. Onde há

ocorrência de abortamento, o caso pioneiropode ter pelo menos três origens: 1) uma fêmea

portadora que dissemina o vírus após reativação a partir somente do trato respiratório; 2)

uma fêmea que aborta um feto; ou 3)uma fêmea que inicialmente dissemina o EHV-1 pelo

trato respiratório e em seguida aborta. Aparentemente as fêmeas abortam por EHV-1

apenas uma vez. Seguindo o primeiro caso de abortamento, o vírus é transmitido

eficientemente de forma horizontal para outras fêmeas contactantes (CAMPBELL;

STUDDERT, 1983; ALLEN; BRYANS, 1986; STUDDERT et al., 1992).

A doença nervosa associada à infecção por EHV-1 foi relatada com aumento da

frequência em 20 anos (SAXEGAARD, 1966; BITSCH; DAM, 1971; CHARLTON et al., 1976;

DINTER; KINGEBORN, 1976; LITTLE; THORSON, 1976; THEIN, 1979; GREENWOOD; SIMSON,

1980; CROWHURST et al., 1981; THEIN, 1981). Surtos naturais de doença nervosa por EHV-1

são geralmente associados a abortos e/ou doença respiratória, mas este não é o caso

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invariavelmente; houve relatos de doença nervosa por EHV-1 sem aborto concorrente ou

doença respiratória (DINTER; KLINGEBORN, 1976; THEIN, 1981). Estudos epizootiológicos

moleculares feitos por análise de endonuclease de restrição revelaram que estirpes de EHV-

4 raramente são causa de abortos equinos e nunca foram associadas a surto de múltiplo

caso de aborto, mortalidade perinatal ou casos de doença do sistema nervoso central

relacionada ao EHV-1. Reciprocamente, epizootias evidentes de doença do trato respiratório

por EHV-1 em cavalos jovens, embora geralmente resultado de infecção por EHV-4

(anteriormente subtipo 2 do EHV-1), podem ocasionalmente ser causadas por EHV-1

(anteriormente subtipo 1 do EHV-1), também.

Embora o hospedeiro natural de infecções por EHV-1 seja o cavalo, há relatos de

jumentos susceptíveis ao EHV-1 (HENNING, 1946; MATUMOTO et al., 1965). Bovinos, ovinos

e suínos são improváveis de serem portadores (SHIMIZU et al., 1963). Entretanto, Crandellet

al. (1978) caracterizaram com base em sorologia e infecção experimental em pôneis um

isolado de EHV-1 proveniente de feto bovino.

Os mapas de clivagem da enzima de restrição foram construídos para os genomas de

duas estirpes de EHV-1, a estirpe de célula de camundongo adaptada L-M de alta passagem

(HENRY et al., 1981), e a estirpe HVS-25, isolado de campo de baixa passagem em cultura de

tecido (WHALLEY et al., 1981). Diferenças significativas entre as duas estirpes de EHV-1 são

evidentes na distribuição dos sítios de clivagem da enzima de restrição dentro do DNA viral.

Tais diferenças levantaram a questão sobre o efeito da passagem múltipla serial do EHV-1

em cultura de células ou animais de laboratório na estabilidade do genoma viral.

Passagens múltiplas de EHV-1 em linhagens celulares derivadas de diversas espécies

não equinas (p. e. camundongo, macaco, coelho, hamster) ou em hamster sírio rapidamente

deu origem à perda ou ao ganho de sítios de clivagem de restrição. As alterações nos

padrões de restrição do DNA de diversas estirpes de EHV-1 vacinais atenuadas são sem

dúvida o resultado do alto número de passagens laboratoriais em linhagens celulares não

equinas (ALLEN et al., 1983).

Um segundo tipo de passagem induziu variação genônica do EHV-1 consistindo em

alterações menores de tamanho, e, portanto, de mobilidade eletroforética dos fragmentos

selecionados da enzima de restrição. Este tipo de variação aparentemente foi o resultado de

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alterações nas freqüênciasde cópias de sequencias repetitivas de DNA curto ocorrendo em

regiões restritas do genoma do herpesvírus (UMENE et al., 1983; HAMMERSCHMIDT et al.,

1986). Entretanto, a uniformidade das impressões de DNA do EHV-1 durante múltiplas

passagens em linhagens celulares equinas fazem a análise de endonuclease de restrição uma

ferramenta valiosa para diferenciação destas estirpes virais.

Isolados de EHV-1 foram subdivididos em 16 estirpes genéticas através das

impressões de DNA. Dois dos tipos eletroforéticos isolados de fetos abortados foram

identificados como estirpe vacinal de EHV-1 vivo modificado. Somente 14% do número total

de sítios de clivagem reconhecidos por cinco enzimas de restrição foram variáveis entre 235

isolados de campo de EHV-1 de origem não-vacinal. Este fato juntamente com a observação

de que 67% das epizootias de aborto por EHV-1 são causadas por isolados de EHV-1 que não

podem ser diferenciados por análise de restrição (ALLEN et al., 1983) indicam que as estirpes

de EHV-1 não exibem a variabilidade extensa observada entre os isolados de herpesvírus

humanos (ROIZMAN; BUCHMAN, 1979). Uma diversidade mais extensa nos padrões de

impressão de DNA foi observada entre os isolados de EHV-4 nos quais 13 distintos padrões

de DNA se revelaram entre 21 isolados epizootiológicos não relacionados (ALLEN et al.,

1983).

Allen e Turtinen(1982) investigaram a relação entre os genomas dos EHV-1, -2 e -4.

Os resultados mostraram que o DNA do EHV-2 não compartilha homologiacom os EHV-1 e -4

e vice-versa.

A análise da distribuição de sequências relacionadas no genoma de diferentes

herpesvívurs pela técnica de hibridização Southern blot indica que embora a história

evolucionária separada estes vírus evoluíram a partir de um ancestral comum (BEN-PORAT

et al., 1983; DAVISON; WILKIE, 1983).

Os genomas dos HSV-1 e -2 são colineares e compartilham homologia extensiva em

aproximadamende 50% de suas sequencias (LUDWIG et al., 1972; DAVISON; WILKIE, 1983).

Os genomas do EHV-1 e do VZV são colineares com certos arranjos genômicos isoméricos do

HSV (DAVISON; WILKIE, 1983). Aproximadamente 7-8% das sequências do vírus PsR são

compartilhadas com o DNA dos HSV-1 e -2 (LUDWIG, 1972) e as regiões homólogas são

distribuídas por todo o genoma do vírus PsR (RAND; BEN-PORAT, 1980). O genoma do vírus

PsR é essencialmente colinear com arranjos específicos do genoma do HSV exceto a região

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das unidades 0,1 a 0,4 do genoma fracional, aparentemente invertidas (DAVISON; WILKIE,

1983). A comparação entre o tipo D de herpesvírus animais revelaram 8% de sequencias

homólogas no DNA do vírus PsR e BHV-1 (BUSH; PRITCHELL, 1985). Entretanto, o EHV-1 não

foi comparado com outros herpesvírus animais tipo D em respeito à homologia de DNA.

Do ponto de vista da infecção em início, variante viral, tropismo tecidual e imunidade

provocada do animal, os polipeptídeos presentes no envelope viral são as proteínas mais

importantes do EHV-1. Estes são também os antígenos que imunizam o cavalo contra a

infecção viral e servem como antígenos-alvo contra os quais a resposta imune do hospedeiro

é direcionada (PAPP-VID; DERBYSHIRE, 1978, 1979). Uma análise compreensiva das

proteínas do envelope do EHV-1 e -4 (TURTINEN; ALLEN, 1982; TURTINEN, 1983) revelaram

que cerca de 12polipeptídeos diferentes (6 maiores e 6 menores) estão localizados dentro

do envelope para os dois grupos virais.

Os polipeptídeos estruturais de isolados não relacionados epizootiologicamente ou

geneticamente distintos de EHV-1 exibem uma notável homogeneidade em seus perfis

eletroforéticos em gel de acrilamida. Entretanto quando proteínas de EHV-1 e -4 são

comparadas, são detectadas diferenças maiores (TURTINEN; ALLEN, 1982; TURTINEN, 1983).

Tais diferenças não foram relacionadas à variação na mobilidade eletroforética de

grlicoproteínas de envelope e proteínas não-glicosiladas estruturais.

Os antígenos individuais do EHV-1 que provocam a formação do anticorpo específico

para o vírus tanto no cavalo quando no coelho de laboratório, foram identificados e

caracterizados (TURTINEN, 1983; TURTINEN et al., 1985). O soro convalescente de animais

recuperados de infecções respiratórias por EHV-1 continham anticorpos reativos com 5 das 6

glicoproteínas maiores do vírus (VGP1, 10, 13, 14 e 22a) além da proteína de capsídeo maior

(VP9). Foi demonstrada também uma imunorreatividade similar no soro produzido contra o

EHV-1 para as proteínas VGP2, 10, 13 e 14 do EHV-4. A reação de imunoblotting com soro

hiperimune de coelho com nove isolados de EHV-1 não relacionadosentre si mostrou quatro

glicoproteínas que geram reação cruzada sorologicamente entre EHV-1 e -4 (VGP2, 10, 13 e

14). As glicoproteínas VGP2, 10, 13 e 14 parecem ser os antígenos mais imunogênicos em

cavalos e coelhos, enquanto VGP2 e 14 foram os antígenos que geraram mais reação

cruzada nestes dois grupos de herpesvírus equino.

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1.2 SORODIAGNÓSTICO DOS HERPESVÍRUS

Para diagnosticar a presença de anticorpos contra os herpesvírus, pode-se lançar

mão de testes imunológicos, como o ELISA (teste de ligação primária), a soroneutralização e

a fixação de complemento (testes de ligação secundária).

O teste de ELISA indireto consiste em revestir o fundo de placas de poliestireno com

o antígeno (a partícula viral à qual o anticorpo se liga preferencialmente). Adiciona-se aos

poços o soro a ser testado: se houver anticorpos, haverá ligação. Segue-se a este passo a

adição de anticorpos marcados com enzima contra partículas conhecidas do anticorpo que

deve estar presente no soro testado e então a reação é revelada, como indica a figura 2.

Fonte: www.abcam.com

Figura 2- Ilustração do princípio da técnica de ELISA indireto. O anticorpo primário é a variável do sistema; em sua presença há ligação do anticorpo secundário e posterior geração de sinal revelando a positividade no teste

O teste de soroneutralização consiste em adicionar ao soro testado, vírus com título

conhecido. Adiciona-se então células de cultivo em concentração conhecida e o resultado da

reação advém da presença ou não de efeito citopático. Se houver ligação anticorpos-vírus, as

células nada sofrerão. Se o soro testado não contiver os anticorpos procurados, os vírus

ficam livres e atacam as células, gerando o efeito citopático, como indica a figura 3.

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YY

YY

YY

YY

YY

YY

ECP neutralizado

ECP não neutralizado

Legenda:= vírus= anticorpo

= anticorpo ausente

= cultivo celular

YY

Figura 3 - Esquema ilustrativo da reação de soroneutralização viral. A presença de anticorpos específicos contra o vírus adicionado à reação impede a geração de efeito citopático no cultivo celular

O teste de fixação de complemento utiliza um sistema hemolítico como revelador da

reação de ligação antígeno-anticorpo, de acordo com a figura 3.

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Fonte: Texas Department of State Health.

Figura 4 - Ilustração do princípio da técnica de Fixação de Complemento. A presença, no soro testado, do anticorpo contra o vírus conhecido, consome o complemento adicionado à reação mantendo as células sanguíneas intactas

O conhecimento da extensa reatividade cruzada entre os dois subtipos de EHV-1 e o

fato de que repetidas infecções respiratórias pelo EHV-4 em cavalos podem resultar no

desenvolvimento de um nível significativo de imunidade a infecções com o vírus EHV-1

abortigênico é compatível com uma observação epizootiológica precoce de abortos por EHV-

1 de que os surtos mais sérios de abortamento ocorreram em fazendas que estiveram livres

de doenças do trato respiratório em animais jovens por diversos anos (DOLL; BRYANS, 1963).

Testes sorológicos realizados para evidenciar a presença de anticorpos contra o EHV-

1 e o EHV-4 têm demonstrado que esses vírus estão disseminados em todos os países do

mundo (MATUMOTO et al., 1965) incluindo Austrália (BAGUST; PASCOE, 1968; DUXBURY;

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32

OXER, 1968; STUDDERT et al., 1970; GILKERSON et al., 1994, 1999b; CRABB et al., 1995),

Japão (KAWAKAMI et al., 1962), Reino Unido (POWELL et al., 1976), Nova Zelândia (JOLLY et

al., 1986), Canadá (CARMAN et al., 1997), EUA (DOLL; BRYANS, 1963; MUMFORD et al.,

1998) e China (MASON et al., 1989). A categoria da população eqüina mais susceptível à

doença respiratória causada pelo EHV-1 e pelo EHV-4 é a de potros, mais notadamente ao

desmame (BRYANS, 1981). Entretanto, estudos epidemiológicos focados em animais com

mais de 12 meses de idade (DOLL; BRYANS, 1963; TURNER et al., 1970; BAGUST et al., 1972)

e em diversos casos a exposição ao EHV-1 e ao EHV-4 não era diferenciada pelos testes

sorológicos tradicionais, como por exemplo, a fixação de complemento e a soroneutralização

devido a reações cruzadas de antigenicidade.

Ambos os virus possuem ampla distribuição e possuem importância econômica

considerável para a indústria da eqüinocultura. Uma vez que os anticorpos policlonais ao

EHV-1 e ao EHV-4 possuem altas taxas de reação cruzada, determinações sorológicas da

infecção causada por qualquer um dos dois tipos virais tem sido difícil. A maioria dos animais

recuperados clinicamente se mantém infectados para o resto da vida. Os animais podem se

tornar portadores crônicos da doença, disseminando o vírus. As vacinas disponíveis

atualmente proporcionam um meio de restringir a disseminação do vírus. Entretanto, não

proporcionam proteção total, portanto pode se valer de métodos diagnósticos para

identificar e isolar animais infectados.

Foi desenvolvido um teste ELISA capaz de distinguir animais infectados por EHV-1,

EHV-4 e ambos (CRABB et al., 1995), conforme a figura 5. Utilizando este teste em uma

ampla pesquisa soroepidemiológica, Crabbe Studdert (1993) mostraram que apenas 9% dos

soros testados foram positivos para o EHV-1, enquanto todos os soros testados foram

positivos para o EHV-4. Os soros eram provenientes de animais Autralianos Puros escolhidos

randomicamente obtidos entre 1967 e 1974, anterior ao primeiro caso de abortamento

confirmado na Austrália em 1977. Mais recentemente, a prevalência do anticorpo específico

ao EHV-1 em uma amostragem randômica de 97 cavalos Australianos Puros foi de 30%

(CRABB et al., 1994) enquanto a prevalência de anticorpos específicos ao EHV-4 nestes

cavalos foi de 100%.

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33

YYYYYYYY YYY YYYY Y

YYYYYYYY YYY YYYY YYYYYYYYYYYYYYYYY

Legenda= antígeno EHV-1= antígeno EHV-4= anticorpo pesquisado= anticorpo marcado

Y

Y

Figura 5 - Ilustração do kit de ELISA utilizado para detectar simultaneamente EHV-1 e EHV-4, utilizando em espaços adjacentes regiões que diferenciam os dois tipos virais como antígenos

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1.3 HERPESVÍRUS EQUINO NO BRASIL

Uma vez que o agronegócio ligado a cavalos emprega mais de 1 milhão de pessoas no

Brasil, distribuídas em mais de 120 atividades que variam desde a confecção de selas até o

turismo eqüestre, reconhece-se a importância de estudar doenças que possam de alguma

forma afetar este panorama.

No Brasil, o primeiro relato de doença relacionada ao EHV foi feito por Corrêa e

Nilsson(1964), com a identificação de inclusões de partículas virais em hepatócitos de fetos

equinos abortados, provenientes da região de Campinas – SP, em propriedades com

histórico prévio de sintomatologia respiratória.

As vacinas disponíveis no Brasil são compostas de vírus morto, contendo tanto EHV-1

quanto EHV-4. O esquema de vacinação proposto é de dose dupla inicial em intervalo de 1

mês, sendo repetida anual ou semestralmente, para animais adultos. Para potros, o

esquema vacinal sugerido é de 1 dose aos 4 meses e reforço 30 dias depois, seguindo o

esquema vacinal para adultos a partir de então. Para fêmeas adultas vacinadas, propõe-se

que seja feita aplicação no quinto, sétimo e nono meses de gestação, de acordo com as

informações fornecidas pelos fabricantes.

Atualmente, o diagnóstico laboratorial dos EHVs em nosso país é feito por meio do

isolamento e identificação viral e por testes sorológicos com anticorpos policlonais (KOTAIT

et al., 1989; MODOLO et al., 1989; WEIBLEN et al., 1994). No entanto, as provas de

sorodiagnóstico empregadas rotineiramente, como a fixação de complemento e a

soroneutralização viral, são ineficientes na diferenciação dos tipos 1 e 4 do EHV devido às

reações cruzadas, fato que compromete a interpretação dos resultados de levantamentos

epidemiológicos (ALLEN; BRYANS, 1986; CRABB; STUDDERT, 1993).

No Brasil, foi relatado isolamento de EHV-1 de caso de doença neurológica (LARA et

al., 2008) e de abortamento ou mortalidade perinatal (REINER et al., 1972; CUNHA et al.,

1993; WEIBLEN et al., 1994; CARVALHO et al., 2000; CARVALHO et al., 2004).

Através de PCR e sequenciamento, a detecção do EHV-1 de caso de doença

neurológica no Brasil foi realizada por Costaet al., 2006.

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Levantamentos sorológicos realizados no Brasil empregando o EHV-1 como antígeno,

revelam diferentes porcentagens de animais sororreatores (Quadro 2). Vale ressaltar que a

maioria destes trabalhos foi realizada com bancos de conveniência, excetuando os estudos

de Heinemann (2002) e Cunha (2009), os quais empregaram amostragem a fim de estimar a

prevalência da infecção.

Autores Amostras Teste sorológico

Antígeno % de positivos

N Localidade

FERNANDES (1988) BC FC EHV-1 67,2 586 SP

MODOLO et al. (1989)

BC FC EHV-1 17,6 250 SP (Noroeste)

KOTAIT et al. (1989a)

– SN EHV-1 13,5 1.178 SP

KOTAIT et al. (1989b)

– SN SN SN SN

EHV-1 24,3 (1986) 50,0 (1987) 70,0 (1988) 40,0 (1989)

− − − −

SP (Ribeirão Preto) SP (Ribeirão Preto) SP (Ribeirão Preto) SP (Ribeirão Preto)

VASCONCELLOS (1992)

BC FC FC

EHV-1

88,14 67,3

59* 52**

SP SP

GAMA (1992) BC FC IP IFI SN

EHV-1 55,0 92,0 92,0 92,3

300 300 300 300

SP SP SP SP

DIAS (2000) BC EHV-1 EHV-4

PA

CUNHA et al. (2002)

– SN EHV-1 27,2 1.341 SP (noroeste)

HEINEMANN et al. (2002)

DE SN EHV-1 17,71 96 PA (Uruará)

LARA, et al. (2003a)

BC SN EHV-1 14,3 70 PR

LARA, et al. (2003b)

BC SN EHV-1 33,4 659 SP

CUNHA et al. (2005)

BC SN EHV-1 22,7 174 RO

LARA, et al. (2006)

BC SN EHV-1 4,1 97 PR

DIEL et al. (2006) BC SN EHV-1 4,5 1506 RS

CUNHA et al. (2009)

DE SN EHV-1 26,0 163 SP (sul)

BC = Banco de Conveniência; DE = Delineamento Experimental; FC = Fixação de

Complemento; SN = Soroneutralização.

*histórico de abortamento

**sem histórico de abortamento

Quadro 2 - Histórico de Pesquisa de Anticorpos contraHerpesvírus no Brasil

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Até o presente somente um estudo relata a pesquisa de anticorpos específicos contra

o EHV-4, realizado no Pará (DIAS, 2000).

Vale ressaltar que todos os demais levantamentos sorológicos realizados no Brasil

empregaram as técnicas de fixação de complemento ou de soroneutralização, as quais não

permitem diferenciar os dois tipos de EHV.

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2 OBJETIVOS

Face à inexistência, na literatura consultada, de informações sobre a ocorrência de

anticorpos contra o EHV-1 e o EHV-4 em equinos do Estado de São Paulo, foi delineado o

presente estudo, visando:

� Pesquisar, através da técnica de iELISAgG, a ocorrência de anticorpos contra o EHV-1

e o EHV-4 em equinos,vacinados e não vacinados, assintomáticos,de propriedades do

Estado de São Paulo assintomáticos;

� Comparar os resultados obtidos pela técnica de iELISAgG com aqueles obtidos pela

técnica convencional de soroneutralização em cultivo celular.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

Animais Estudados

Foram estudados os soros de 512equídeos de propriedades do Estado de São Paulo,

provenientes de banco de soros, de acordo com o quadro 3.

Mesorregião Município Nº de Animais Status Vacinal

Araçatuba Lavínia 54 NV

Bauru Agudos 25 NV

Águas de Lindóia 25 NV

Amparo 42 V

Campinas 20 V Campinas

Pirassununga 59 NV

Apiaí 22 NV

Capão Bonito 59 NV

Cesário Lange 13 NV Itapetininga

Iporanga 25 NV

Barra do Turvo 27 NV

Eldorado 6 NV

Miracatú 1 NV

Pariquera-Açu 8 NV

Pedro de Toledo 4 NV

Litoral Sul

Sete Barras 10 NV

Ibiúna 5 V Macro Metropolitana Paulista

Itu 25 V

Cotia 16 V Metropolitana de São Paulo

Mairiporã 8 NV

Colina 31 NV Ribeirão Preto

Orlândia 27 V

Total 512 V=160 / NV=352

NV = Não Vacinados; V = Vacinados

Quadro 3-Relação dos Animais Estudados, Classificados de Acordo com os Municípios

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Destes animais, foram colhidas informações como: espécie, idade e sexo.

Obtenção dos Soros

Dos animais estudados foram obtidas, por punção em sistema de colheita a vácuo

(BD) da veia jugular externa, amostras de 10,0 mL de sangue sem anticoagulante. Em

seguida, as amostras de soro foram separadas pela centrifugação a 260 g por 15 minutos em

centrífuga Eppendorf e armazenadas em tubos de polipropileno de 1,5 mL a -20°C até a

realização das provas de soroneutralização viral ou iELISAgG.

Pesquisa de Anticorpos Séricos para o EHV pela Técnica de Soroneutralização

A detecção de anticorpos contra o EHV foi realizada utilizando a microtécnica de

soroneutralização, segundo metodologia publicada por Kotaitet al. (1989) e descrita a seguir:

� Depositar 25 µL de meio MEM em cada um dos 96 poços de uma placa 8 X 12 de

poliestireno de fundo plano;

� Depositar 10 µL de soro não reagente no poço A6;

� Depositar 10 µL de soro reagente no poço A7;

� Depositar 10 µL de cada soro a ser testado nos poços A8, A9, A10, A11 e A12;

� Diluir os soros, passando 25 µL da solução formada para os poços da linha B, desta

para a C e assim sucessivamente, retirando 25 µL da linha G e descartando;

� Diluir o vírus de acordo com a titulação:

� A solução que contém 100 doses de vírus é colocada na coluna 2 e em todas as

outras colunas de soros a serem testados;

� A solução que contém 10 doses é colocada em toda a coluna 3;

� A solução que contém 1 dose é colocada em toda a coluna 4;

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� A solução que contém 0,1 dose é colocada em toda a coluna 5;

� Incubar em estufa a 37°C por 1 hora;

� Adicionar, em cada orifício, 200 µL de suspensão de células VERO, contendo

aproximadamente 100.000 – 200.000 células;

� Incubar em estufa a 37°C por 72 horas;

� Proceder a leitura em microscópio óptico;

� A presença de efeito citopático indica soro não reagente e a ausência do efeito indica

soro reagente (os anticorpos presentes foram capazes de neutralizar a ação do vírus

sobre as células).

Os títulos dos soros sanguíneos (expressos em log10) foram considerados positivos a

partir da menor diluição (maior ou igual a 4) capaz de inibir 100% do efeito citopático.

Pesquisa de Anticorpos Séricos para o EHV pela Técnica de iELISAgG

Para a detecção e diferenciação dos anticorpos contra o EHV-1 e o EHV-4 foi utilizado

o kit comercial SVANOVIR EHV ¼ Ab (SvanovaBiotech AB), com antígeno recombinante

da região variável C terminal da glicoproteína G (gG) do EHV-1 e do EHV-4, de acordo

com os passos descritos a seguir:

� Todos os reagentes devem estar à temperatura ambiente antes do uso. Dar à

cada faixa da placa um número;

� Pré-diluir as amostras de soro a 1/100 com tampão de diluição de amostra;

� Adicionar 100 de Solução Controle Positivo e 100 µL de Solução Controle

Negativo aos orifícios selecionados. Para fins de confirmação, recomenda-se que

as soluções-controle sejam utilizadas em duplicata;

� Adicionar 100 µL da amostra de soro pré-diluída a cada orifício;

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� Selar as faixas e incubar por 2 horas à temperatura ambiente sob agitação;

� Lavar as placas 4 vezes com Tampão PBS-Tween: a cada ciclo de lavagem,

preencher os orifícios, esvaziar a placa e bater contra a bancada para eliminar

todos os resquícios de fluido;

� Adicionar 100 µL de conjugado HRP diluído a cada orifício;

� Incubar a placa por 1 hora à temperatura ambiente sob agitação;

� Lavar as placas 4 vezes com Tampão PBS-Tween: a cada ciclo de lavagem,

preencher os orifícios, esvaziar a placa e bater contra a bancada para eliminar

todos os resquícios de fluido;

� Adicionar 100 µL de Solução Substrato a cada orifício. Incubar por 10 minutos à

temperatura ambiente. Iniciar a contagem do tempo ao preencher o primeiro

orifício;

� Interromper a reação ao adicionar 50 µL de Solução Stop a cada orifício. Adicionar

a Solução Stop na mesma ordem que a Solução Substrato;

Medir a Densidade Óptica (OD) dos controles e das amostras a 450 nm em

espectrofotômetro Multiskan, Titertek (utilizar ar como branco). Medir a OD em 15 minutos

após a adição da Solução Stop para prevenir a variação dos valores de OD.

Análise dos Resultados

Infecções pelo EHV-1 e EHV-4

As infecções por EHV-1 e EHV-4, diagnosticadas pelas técnicas de iELISA gG e

Soroneutralização foram analisadas em relação a localização da propriedade e raça, sexo,

idade e uso dos animais.

Comparação das técnicas de iELISAgG e Soroneutralização na Pesquisa de Anticorpos

Séricos para o EHV

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As reações de iELISA gG e Soroneutralização na pesquisa de anticorpos séricos para o

EHV foram comparadas pela sua concordância, co-positividade e co-negatividade

(THRUSFIELD, 1990).

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43

4 RESULTADOS

Foram estudados os soros de 512 equídeos, vacinados e não vacinados, assintomáticos,

de acordo com o listado no quadro 3.

Os resultados gerais obtidos na avaliação sorológica estão dispostos na tabela 1.

Tabela 1 - Resultados Gerais

ELISA SN

EHV-1 EHV-4 EHV-1 + EHV-4

40,03%

(205/512)

0,59%

(3/512)

67,77%

(347/512)

21,09%

(108/512)

Os resultados obtidos da avaliação sorológica, separando os animais por status

vacinal, estão dispostos na tabela 2.

Tabela 2 - Resultados de acordo com o status vacinal

ELISA Status Vacinal SN

EHV-1 EHV-4 EHV-1 +EHV-4

Vacinados 48,75% (78/160) 0,63%

(1/160)

70%

(112/160) 23,13% (37/160)

Não vacinados 36,07%(127/352) 1,14% (4/352) 67,33% (237/352) 19,6%

(69/352)

Os resultados obtidos na avaliação sorológica, agrupados segundo a faixa etária e o

sexo, estão dispostos na tabela 3.

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Tabela 3 - Resultados de acordo com faixa etária, sexo e status vacinal

ELISA

Grupo Status Vacinal SN

EHV-1 EHV-4 EHV-1 + EHV-4

V 10,52% (2/19) 0(0/19) 89,47% (17/19) 0(0/19)

Potros Desmamados

NV 5%(1/20) 0(0/20) 50%(10/20) 10%(2/20)

V 20%(4/20) 0(0/20) 65% (13/20) 0(0/20)

Potros Lactentes

NV 28,57% (4/14) 7,14% (1/14) 71,43% (10/14) 14,28% (2/14)

V 80,95% (17/21) 4,76% (1/21) 76,19% (16/21) 14,28% (3/21)

Potro de Sobreano

NV 0(0/9) 0(0/9) 66,67%(6/9) 22,22% (2/9)

V 53,33% (32/60) 0(0/60) 66,67% (40/60) 33,33% (20/60)

Égua Adulta

NV 46,23% (43/93) 0 (0/93) 76,34% (71/93) 23,65% (22/93)

V 73,07% (19/26) 0(0/26) 53,85% (14/26) 42,3% (11/26)

Cavalo Adulto

NV 32,71% (35/107)

0

(0/107)

73,83% (79/107) 24,29% (26/107)

V 28,57% (4/14) 0(0/14) 78,57% (11/14) 21,42% (3/14)

Cavalo Jovem

NV 34,38% (10/29) 0(0/29) 65,52% (19/29) 31,03% (9/29)

Muares NV 24%

(6/25) 4%(1/25)

64%

(16/25)

24%

(6/25)

Asininos NV 50,9% (28/55) 1,82% (1/55) 45,45% (25/55) 1,82% (1/55)

Os resultados provenientes da avaliação sorológica, de acordo com a cidade e o status

vacinal, estão dispostos na tabela 4.

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Tabela 4 - Resultados de acordo com a localização geográfica e status vacinal

ELISA Mesorregião Cidade

Status

Vacinal SN EHV-1 EHV-4

EHV-1 + EHV-4

Araçatuba Lavínia NV 25,92% (14/54)

0 (0/54)

68,52% (37/54)

31,48% (17/54)

Bauru Agudos NV 28% (7/25)

0 (0/25)

60% (15/25)

32% (8/25)

Águas de

Lindóia NV 40%

(10/25) 0

(0/25) 56%

(14/25) 44%

(11/25)

Amparo V 21,42% (9/42)

0 (0/42)

71,43% (30/42)

14,28% (6/42)

Campinas V 90%

(18/20) 0

(0/20) 50%

(10/20) 50%

(10/20)

Campinas

Pirassununga NV 46,76% (27/59)

1,69% (1/59)

52,54% (31/59)

6,78% (4/59)

Apiaí NV 0 (0/22)

0 (0/22)

81,82% (18/22)

18,18% (4/22)

Capão Bonito NV 35,59% (21/59)

0 (0/59)

81,36% (48/59)

15,25% (9/59)

Cesário Lange NV 38,46% (5/13)

0 (0/13)

84,62% (11/13)

15,38% (2/13)

Itapetininga

Iporanga NV 32% (8/25) 4% (1/25) 64%

(16/25) 20% (5/25)

Barra do Turvo NV 22,22% (6/27)

7,41% (2/27)

70,37% (19/27)

14,81% (4/27)

Eldorado NV 50% (3/6) 0

(0/6) 83,33%

(5/6) 16,66%

(1/6)

Miracatú NV 100% (1/1) 0

(0/1) 100% (1/1)

0 (0/1)

Pariquera-Açu NV 62,5% (5/8) 0

(0/8) 87,5% (7/8) 12,5% (1/8)

Pedro de Toledo

NV 25% (1/4)

0 (0/4)

50% (2/4)

50% (2/4)

Litoral Sul

Sete Barras NV 50% (4/10) 0

(0/10) 60% (6/10) 10% (1/10)

Ibiúna V 20% (1/5)

0 (0/5)

100% (5/5) 0 (0/5) Macro Metropolitana

Paulista Itu V 32% (8/25)

0 (0/25)

84% (21/25)

16% (4/25)

Cotia V 81,25% (13/16)

0 (0/16)

75% (12/16)

25% (4/16) Metropolitana de São

Paulo Mairiporã NV 75% (6/8)

0 (0/8)

12,5% (1/8) 87,5% (7/8)

Colina NV 51,61% (16/31)

0 (0/31)

64,52% (20/31)

3,22% (1/31) Ribeirão Preto

Orlândia V 81,48% (22/27)

3,7% (1/27)

70,37% (19/27)

18,51% (5/27)

Os resultados comparativos entre os testes estão dispostos a seguir. Na tabela 5,

observa-se a comparação entre os resultados obtidos na soroneutralização com aqueles

obtidos no iELISA gG para o EHV-1.

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46

Tabela 5 - Comparação entre SN e ELISA para EHV-1

SN

+ - Total

+ 0,59%

(3/512) 0,39%

(2/512) 0,98%

(5/512) EHV-1

- 39,45%

(202/512) 59,57%

(305/512) 99,02%

(507/512)

Total 40,04%

(205/512) 59,96%

(307/512) 512

Na tabela 6, observa-se a comparação entre os resultados obtidos na soroneutralização com

aqueles obtidos no iELISA gG para o EHV-4.

Tabela 6- Comparação entre SN e ELISA para EHV-4

SN

+ - Total

+ 26,76%

(137/512) 41,41%

(212/512) 68,16%

(349/512) EHV-4

- 13,28%

(68/512) 18,55%

(95/512) 31,84%

(163/512)

Total 40,04%

(205/512) 59,96%

(307/512) 512

Na tabela 7, observa-se a comparação entre os resultados obtidos na soroneutralização com

aqueles obtidos no iELISA gG para os dois tipos de EHV.

Tabela 7- Comparação entre SN e ELISA para EHV-1 e EHV-4

SN

+ - Total

+ 9,96%

(51/512) 10,74%

(55/512) 20,7%

(106/512) EHV-1 + EHV-4

- 30,08%

(154/512) 49,22%

(252/512) 79,30%

(406/512)

Total 40,04%

(205/512) 59,96%

(307/512) 512

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Comparando-se a SN com o ELISA para o EHV-1, obteve-se ao teste de concordância

κ=0,01, ou seja, concordância ruim.

Ao comparar a SN com o ELISA para o EHV-4, obteve-se ao teste de concordância κ=-

0,02, ou seja, não houve concordância.

Quando se compara a SN com o ELISA para os dois vírus simultaneamente, obteve-se

ao teste de concordância κ=0,08, ou seja, concordância ruim.

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5 DISCUSSÃO

Em relação à pesquisa de anticorpos contra o EHV, o presente estudo é o pioneiro na

tipificação de anticorpos contra o EHV-1 e o EHV-4 pelo iELISAgG na população de eqüídeos

do Estado de São Paulo. Levantamentos sorológicos realizados anteriormente limitaram-se

as técnicas de soroneutralização viral e de fixação de complemento, incapazes de diferenciar

os anticorpos contra esses dois agentes devido a reações cruzadas antigênicas entre eles

(CRABB; STUDDERT, 1990).

De todos os animais, 40,03% (205/512) foram positivos através do teste de

Soroneutralização. Destes, 36,07% (127/352) dos não vacinados e 48,74% (78/160) dos

vacinados. A presença de anticorpos na população não vacinada indica a circulação do vírus.

Ainda assim, proporcionalmente, a ocorrência de anticorpos na população de vacinados é

maior. É importante ressaltar que este estudo não pretende inferir sobre a prevalência de

anticorpos no Estado de São Paulo, uma vez que a amostra utilizada foi obtida para outro

estudo realizado no mesmo laboratório, gerando um banco de conveniência de número

expressivo (512 animais), com amostras provenientes de várias regiões.

Do total de animais pesquisados, 68,16% (349/512) foram sororreatores

exclusivamente para o EHV-4, fato que sugere a disseminação deste agente na população

analisada, corroborando assim com os resultados epidemiológicos de estudos realizados em

outras localidades, como no Estado do Pará, onde foram encontrados 95,7% positivos para o

EHV-4 (DIAS, 2000), na Colômbia, onde, em duas regiões, 98,7% e 96,6% dos animais foram

positivos para o EHV-4 (RUÍZ SÁENZ et al., 2007, 2008), na Turquia, onde 81,7% dos 290

animais foram positivos para o EHV-4 (ATASEVEN et al., 2009) e na Austrália, onde mais de

99% dos animais testados foram positivos para o EHV-4 (GILKERSON et al., 1999).Dos não

vacinados, 67,32% (237/352) foram positivos para o EHV-4,enquanto 70% (112/160) dos

vacinados foram positivos para o mesmo vírus.Por outro lado, os resultados do iELISA gG

mostraram 0,59% (5/512) do total de eqüídeos sororreatores exclusivamente para o EHV-1,

sendo que 4 destes animais não eram vacinados. Esta proporção surpreende ao revelar a

baixa circulação do EHV-1 na população equídea do Estado de São Paulo. Estes dados

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diferem do descrito por outros autores em diferentes regiões geográficas, como no Pará,

onde 18,3% dos animais foram sororreatores para o EHV-1 (DIAS, 2000), na Colômbia, onde

18,8% e 33,3% dos animais de duas regiões foram sororreatores para o EHV-1 (RUÍZ SÁENZ

et al., 2008), na Austrália, onde 26,2% das éguas e 11,4% dos potros foram sororreatores

para o EHV-1 (GILKERSON et al., 1999), e na Turquia, onde foram encontrados 14,5% dos

cavalos, 37,2% dos muares e 24,2% dos asininos como soropositivos para o EHV-1

(ATASEVEN et al., 2009).De acordo com Dias (2000), esta diferença entre as ocorrências de

anticorpos contra os dois tipos virais pode ter explicação nas formas de transmissão de cada

um. O EHV-1 é transmitido principalmente pela ingestão ou inalação do vírus proveniente de

fetos abortados, membranas e descargas uterinas. O EHV-4, por sua vez, é transmitido

principalmente por descargas nasais, oculares e por aerossóis do trato respiratório,

atingindo assim rapidamente grande número de animais susceptíveis. Nota-se a semelhança

entre as proporções de soropositivos para os dois tipos virais para os grupos de animais

vacinados e não vacinados, fato este que levanta a hipótese de os anticorpos provenientes

da infecção natural sejam mais duradouros do que aqueles formados pela ação da vacina, a

qual é produzida com vírus mortos.

Tanto na prova de ELISA quanto na SN, a maior proporção de soropositivos para o

EHV-1 e para o EHV-4 foi observada na categoria de animais adultos, sobretudo entre as

fêmeas, grupo este em que 66,67% (40/60) dos vacinados e 76,34% (71/93) dos não

vacinados foi soropositivo para o EHV-4. Verificou-se também que entre os potros lactentes,

65% (13/20) dos vacinados e 71,42% (10/14) dos não vacinados apresentavam anticorpos

contra o EHV-4 enquanto nenhum dos vacinados e 7,14% (1/14) dos não vacinados

apresentavam anticorpos contra o EHV-1. Apesar dos potros em lactação serem susceptíveis

à infecção por tais agentes, estes resultados também podem ser decorrentes da presença de

resíduos de anticorpos maternais provenientes do colostro (FOOTE et al., 2004), podendo

ser mais um indicador da circulação destes vírus entre as fêmeas adultas. Segundo os

autores, a detecção dos EHV-1 e EHV-4 por PCR de swab nasal de potros lactentes é um

indício mais seguro de infecção nesta fase.

É interessante observar que no grupo de potros de sobreano nenhum animal não

vacinado foi positivo à SN enquanto 80,95% (17/21) dos vacinados foram positivos neste

teste. O teste iELISAgG revelou que 4,76% (1/21) dos animais vacinados foram positivos

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para o EHV-1 e que nenhum dos animais não vacinados foi positivo para este vírus. Para o

EHV-4, 76,19% (16/21) dos vacinados e 66,67% (6/9) dos não vacinados foram positivos no

teste iELISAgG. Sobre estas proporções, pouco pode ser inferido uma vez que o número de

animais em cada grupo não é expressivo.

No teste de soroneutralização, entre os muares e asininos (animais não vacinados),

24% (6/25) e 50,9% (28/55), respectivamente, foram sororreatores. Ao analisar os resultados

do iELISA gG nos grupos de muares e asininos, constatou-se que 4% (1/25) dos muares e

1,82% (1/55) dos asininos foram positivos para o EHV-1, enquanto 64% (16/25) dos muares e

45,45% (25/55) dos asininos foram positivos para o EHV-4. É importante ressaltar que o

teste de iELISA gG foi padronizado para detecção de anticorpos de equinos (conjugado

marcado com peroxidaseanti-IgG equina) e neste estudo o teste foi empregado em muares e

asininos, podendo este fato interferir com os resultados obtidos. Outro fato que deve ser

destacado é a similaridade entre o EHV-8 e o AHV-3, vírus este que pode ser detectado como

EHV-1 no iELISAgG, uma vez que EHV-8 e EHV-1 não possuem diferença na região da

glicoproteína G empregada como antígeno no teste.

Tanto no total quanto nas diferentes categorias, observou-se maior número de

soropositivos pela prova de SN quando comparada à técnica de iELISA gG para o EHV-1. Em

todos os grupos foi detectada a ocorrência simultânea de anticorpos contra o EHV-1 e o

EHV-4.

Admitindo-se que as vacinas disponíveis no mercado brasileiro possuem antígenos

dos herpesvírus tipos 1 e 4, não é possível inferir sobre a infecção por EHV-4 nos animais

vacinados. A população de animais vacinados utilizada no estudo foi incluída somente para

aprimorar a comparação entre as técnicas de soroneutralização e iELISA gG, uma vez que

nesta população a inferência sobre a infecção viral fica prejudicada.

A falta de correlação entre os testes de soroneutralização e de iELISAgG poderia ser

explicada pelo fato da primeira prova detectar anticorpos neutralizantes dirigidos para

diferentes glicoproteínas do EHV, ao passo que a segunda prova detecta anticorpos contra

uma região específica da glicoproteína G do EHV, diferente entre o EHV-1 e o EHV-4.

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No presente estudo, ao detectar anticorpos específicos contra os diferentes tipos do

EHV, ficou evidente a baixa ocorrência de anticorpos contra o EHV-1 em todas as categorias

animais estudadas. Estes dados sugerem que os levantamentos sorológicos anteriormente

realizados no Brasil, os quais empregaram como antígeno o EHV-1 em provas de

soroneutralização e fixação do complemento (técnicas que não possibilitam diferenciar

anticorpos contra o EHV-1 daqueles contra o EHV-4), devem ser analisados com cautela.

A presença de anticorpos na população de jumentos chama a atenção para a presença

de mais uma fonte de transmissão do vírus nas populações, uma vez que em muitas

propriedades existe o manejo conjunto destas duas espécies, além do interesse comercial na

formação de híbridos – os quais também apresentaram anticorpos contra o EHV nos dois

testes e para os dois tipos.

A presença de anticorpos contra o EHVna população de asininos e muares,

demonstrada tanto na soroneutralização quanto no iELISAgG em nosso meio é inédita e

desperta a atenção para que outros estudos sejam realizados para avaliar a circulação de

herpesvírus nesses animais, procurando esclarecer qual herpesvírus estaria envolvido.

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6 CONCLUSÕES

• O presente estudo sugere que tanto o herpesvírus equino do tipo 1 quanto o do tipo

4 circulam na população equina do Estado de São Paulo, uma vez que foram

encontrados anticorpos contra ambos os vírus em animais não vacinados de todas as

mesorregiões estudadas.

• A frequência acentuadamente maior de anticorpos contra o EHV-4 em relação aos

contra o EHV-1, sugere uma maior circulação de EHV-4 na população equídea do

Estado de São Paulo, fazendo com que levantamentos sorológicos anteriormente

realizados no Brasil empregando como antígeno o EHV-1 sejam cuidadosamente

interpretados.

• A comparação dos resultados obtidos com as duas técnicas empregadas,

soroneutralização e iELISA, mostrou baixa concordância no teste kappa.

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