Camões, vida e epopeia

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Luís Vaz de Camões Luís Vaz de Camões nasceu por volta de 1524 ou 25, provavelmente em Lisboa ou Alenquer, filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá, que pertenciam à pequena aristocracia falida da época. Entre 1549 e 1551 esteve em Ceuta, em cujo cerco perdeu o olho direito. A paixão pela lírica e a participação nos divertimentos poéticos aproximaram-no das damas da corte, que galanteava, e dos fidalgos da alta nobreza, com quem mantinha relações de amizade. Mas a actividade literária de Luís de Camões não se restringia à poesia, sendo também conhecidos numerosos textos epistolares autobiográficos, que escrevia de Lisboa e da Índia (para onde embarcou em 1553, na armada de Fernão Álvares Cabral) deixam o leitor contactar com o lado mais sarcástico e boémio do escritor. Foi na Índia, mais exactamente em Goa, que colheu muita da inspiração para escrever a quase totalidade d’Os Lusíadas, obra épica que o coloca, em termos de genialidade, ao lado de Virgílio, Cervantes e Shakespeare. Por volta de 1556 partiu para Macau. No naufrágio na foz do rio Mekong, de que se salvou a nado, conservou heroicamente o manuscrito do épico, que estava na altura já bastante avançado. Em 1569, falido e cansado, regressa a Lisboa. Em 1572 publica Os Lusíadas com alguma liberdade (visto a censura ter sido branda), mas continua a viver na pobreza, não obstante a tença anual de 15 000 reis, que lhe foi atribuída. A 10 de Junho de 1580 morreu Camões, “Príncipe dos poetas de seu tempo”. Agrupamento Vertical Vallis Longus Escola EB 2,3 de Valongo - Curso Efa – B3 ( 2008 – 2009)

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Trabalho realizado por dois formandos do Curso EFA - B3 (2008/2009) da Escola E.B. 2,3 de Valongo, no âmbito do Tema de Vida 3 ("Somos Consumidores") e das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

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Luís Vaz de Camões

Luís Vaz de Camões nasceu por volta de 1524 ou 25, provavelmente em Lisboa ou Alenquer, filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá, que pertenciam à pequena aristocracia falida da época. Entre 1549 e 1551 esteve em Ceuta, em cujo cerco perdeu o olho direito. A paixão pela lírica e a participação nos divertimentos poéticos aproximaram-no das damas da corte, que galanteava, e dos fidalgos da alta nobreza, com quem mantinha relações de amizade. Mas a actividade literária de Luís de Camões não se restringia à poesia, sendo também conhecidos numerosos textos epistolares autobiográficos, que escrevia de Lisboa e da Índia (para onde embarcou em 1553, na armada de Fernão Álvares Cabral) deixam o leitor contactar com o lado mais sarcástico e boémio do escritor. Foi na Índia, mais exactamente em Goa, que colheu muita da inspiração para escrever a quase totalidade d’Os Lusíadas, obra épica que o coloca, em termos de genialidade, ao lado de Virgílio, Cervantes e Shakespeare. Por volta de 1556 partiu para Macau. No naufrágio na foz do rio Mekong, de que se salvou a nado, conservou heroicamente o manuscrito do épico, que estava na altura já bastanteavançado. Em 1569, falido e cansado, regressa a Lisboa. Em 1572 publica Os Lusíadas com alguma liberdade (visto a censura ter sido branda), mas continua a viver na pobreza, não obstante a tença anual de 15 000 reis, que lhe foi atribuída. A 10 de Junho de 1580 morreu Camões, “Príncipe dos poetas de seu tempo”.

Agrupamento Vertical Vallis Longus Escola EB 2,3 de Valongo - Curso Efa – B3 ( 2008

– 2009)

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Os Lusíadas

Inclui um dos versos mais conhecidos da literatura portuguesa: "As armas e os barões assinalados...“. Esta é a abertura da maior epopeia literária nacional, a obra-prima de Luís Vaz de Camões, o grande poema do povo português. Publicado em 1572, este livro é constituído por dez cantos, isto é, dez partes que narram os feitos históricos dos portugueses, ao longo da sua história, até à época quinhentista. Na viagem marítima de Vasco da Gama para a Índia e subsequentes aventuras dos marinheiros portugueses nas Descobertas entrelaçam-se os mitos, as figuras e os momentos que definem a História de Portugal: Inês de Castro, D. Afonso Henriques, Nuno Álvares Pereira e tantos outros passeiam pelas estrofes e compõem um quadro de grandiosa exaltação dos descendentes de Luso, os portugueses. Na linha das epopeias clássicas, tais como a Odisseia, Ilíada ou a Eneida, a obra está dividida em quatro partes: Proposição, Invocação, Dedicatória e Narração. As três primeiras condensam-se no Canto I, com o maior excerto a mencionar D. Sebastião, o jovem rei a quem a obra foi dedicada. Polémicas à parte, e se contarmos que o livro foi aprovado pelos censores do Santo Ofício, braço-direito da Inquisição, mesmo com as sensuais descrições do episódio da "Ilha dos Amores", este continua a ser um dos textos mais importantes da literatura portuguesa O Velho do Restelo ou o gigante Adamastor, mais que figuras míticas de um poema, já se tornaram referências desta cultura que é a nossa e que Camões tão sublimemente cantou.

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Os Dez Cantos d‘Os Lusíadas  

Canto I O poeta indica o assunto global da obra, pede inspiração às ninfas do Tejo e dedica o poema ao Rei D. Sebastião. Na estrofe 19 inicia a narração de viagem de Vasco da Gama, referindo brevemente que a Armada já se encontra no Oceano Índico, no momento em que os deuses do Olimpo se reúnem em Consílio convocado por Júpiter, para decidirem se os Portugueses deverão chegar à Índia. Com o apoio de Vénus e Marte, apesar da oposição de Baco, a decisão é favorável aos Portugueses que, entretanto, chegam à Ilha de Moçambique. Aí Baco prepara-lhes várias ciladas, que culminam com o fornecimento de um piloto, por ele instruído, para os conduzir ao perigoso porto de Quíloa. Vénus intervém, afastando a armada do perigo e fazendo-a retomar o caminho certo até Mombaça. No final do Canto, o poeta reflecte acerca dos perigos que em toda a parte espreitam o Homem.

 

Canto II O rei de Mombaça, influenciado por Baco, convida os Portugueses a entrar no porto para os destruir. Vasco da Gama, ignorando as intenções, aceita o convite, pois os dois enviados, que mandara a terra colher informações, tinham regressado com a notícia de que aquela era uma terra de cristãos. Na verdade, tinham sido enganados por Baco, disfarçado de sacerdote. Vénus, ajudada pelas Nereidas, afasta, novamente, a Armada dos perigos e os emissários do Rei de Mombaça e o falso piloto põem-se em fuga. Vasco da Gama, apercebendo-se do perigo, reza. Vénus comove-se e vai pedir a Júpiter que proteja os Portugueses, ao que ele acede e, para a consolar, profetiza futuras glórias aos Lusitanos. Na sequência do pedido, Mercúrio é enviado a terra e, em sonhos, indica a Vasco da Gama o caminho até Melinde onde, entretanto, lhe prepara uma calorosa recepção. A chegada dos Portugueses a Melinde é saudada com festejos e o Rei desta cidade visita a Armada, pedindo a Vasco da Gama que lhe conte a história do seu país.

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Canto III Após uma invocação do poeta a Calíope, Vasco da Gama inicia a narrativa da História de Portugal. Começa por referir a situação de Portugal na Europa e a história lendária de Luso a Viriato. Segue-se a formação da nacionalidade e depois a narração dos feitos guerreiros dos Reis da 1.ª Dinastia, de D. Afonso Henriques a D. Fernando. Destaca-se os episódios de Egas Moniz, da Batalha de Ourique, no reinado de D. Afonso Henriques, e o da Formosíssima Maria, da Batalha do Salado e de Inês de Castro, no reinado de D. Afonso IV.

 Canto IV

Vasco da Gama prossegue a narrativa da História de Portugal. Conta agora a história da 2.ª Dinastia, desde a revolução de 1383-85 (D. João I, Nuno Álvares Pereira e a Batalha de Aljubarrota), acontecimentos dos reinados de D. João II (sobretudo a expansão para África), até ao reinado de D. Manuel, em que a Armada de Vasco da Gama parte para a Índia. D. Manuel, a quem os rios Indo e Ganges apareceram em sonhos, profetizando as futuras glórias do Oriente viverá a maior glória. Este canto termina com a partida da Armada, cujos navegantes ouvem assombrados as palavras profeticamente pessimistas de um velho entre a multidão que se despedia deles na praia (episódio do Velho do Restelo).

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Canto V Vasco da Gama prossegue a sua narrativa ao Rei de Melinde, contando agora a viagem da Armada, desde Lisboa a Melinde - é a narrativa da grande aventura marítima portuguesa, em que os marinheiros, maravilhados ou inquietos, observaram o Cruzeiro do Sul, o Fogo de Santelmo ou a Tromba Marítima, enfrentaram perigos e obstáculos enormes, como a hostilidade dos nativos, a fúria de um monstro, a doença e a morte. O canto termina com a censura do poeta aos seus contemporâneos que desprezam a poesia.

 Canto VI

Finda a narrativa de Vasco da Gama, a Armada sai de Melinde, guiada por um piloto que deverá ensinar-lhe o caminho até Calecut. Baco, vendo os portugueses estão prestes a chegar à Índia, resolve pedir ajuda a Neptuno, que convoca um Consílio dos Deuses Marinhos, cuja decisão reforça a posição de Baco e, então, soltam-se os ventos para fazer afundar a Armada. Surge uma violenta tempestade e Vasco da Gama, vendo as suas caravelas quase perdidas, reza a Deus e, mais uma vez, Vénus ajuda os Portugueses, conseguindo que as Ninfas seduzissem os ventos, acalmando-os. Dissipada a tempestade, a Armada avista Calecut e Vasco da Gama agradece a Deus. O canto termina com considerações do Poeta, sobre o valor da fama e da glória, se conseguidas com grandes feitos.

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Canto VII A Armada chega a Calecut. O poeta elogia a expansão portuguesa, verdadeira cruzada, e critica as nações europeias que não seguem o exemplo português. Após a descrição da Índia, relata os primeiros contactos entre os portugueses e os indianos, pela voz de um mensageiro, enviado por Vasco da Gama a anunciar a sua chegada. O mouro Monçaíde visita a nau de Vasco da Gama e descreve Malabar. Depois, o Capitão e outros nobres portugueses desembarcam, são recebidos pelo Catual e posteriormente pelo Samorim. O Catual também visita a Armada e pede explicações a Paulo da Gama sobre o significado das figuras das bandeiras portuguesas. O poeta invoca as Ninfas do Tejo e do Mondego, ao mesmo tempo que critica duramente quem explora e oprime o povo.

 Canto VIII

Paulo da Gama explica ao Catual o significado dos símbolos das bandeiras portuguesas, contando-lhe os episódios da História de Portugal nelas representados. Baco intervém de novo contra os portugueses, aparecendo em sonhos a um sacerdote brâmane, fazendo-o acreditar que os Portugueses vêm com a intenção de pilhar. O Samorim interroga Vasco da Gama, que acaba por regressar à nau, mas é retido pelo caminho, pelo Catual subornado, que apenas deixa partir os portugueses depois de conseguir as fazendas que eles traziam. O poeta tece considerações sobre o vil poder do ouro.

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Canto IX Após algumas dificuldades, os portugueses saem de Calecut, para regressarem, finalmente, à Pátria. Vénus decide preparar-lhes uma recompensa, fazendo-os chegar à Ilha dos Amores. O seu filho Cupido dispara setas sobre as Ninfas que, feridas de Amor e instruídas pela Deusa, recebem apaixonadas os Portugueses. A Armada avista a Ilha dos Amores, os marinheiros desembarcam para caçar, vêem as ninfas e estas deixam-se seduzir. Tétis explica a Vasco da Gama a razão daquele encontro como prémio merecido pelos “longos trabalhos” e narra as glórias futuras destinadas aos portugueses. Dá também uma explicação sobre a simbologia da Ilha. O poeta termina, tecendo considerações sobre a forma de alcançar a Fama. 

Canto X As Ninfas oferecem um banquete aos portugueses e uma ninfa faz profecias sobre as futuras vitórias dos portugueses no Oriente. Tétis conduz Vasco da Gama ao cume de um monte para lhe mostrar a Máquina do Mundo e nela indica os lugares onde chegará o império português. Os portugueses despedem-se e regressam a Portugal. Invocação do poeta a Calíope. O poeta termina, lamentando o seu destino infeliz de poeta incompreendido, por aqueles a quem canta, e encorajando D. Sebastião a continuar a dar glória aos Portugueses.

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EPISÓDIOS MITOLÓGICOS:     Consílio dos Deuses no Olimpo     Consílio dos Deuses Marinhos

EPISÓDIO CAVALHEIRESCO:     Os Doze de Inglaterra

EPISÓDIOS BÉLICOS:     Batalha de Ourique     Batalha do Salado     Batalha de Aljubarrota

Episódios Presentes n'Os Lusíadas

EPISÓDIOS LÍRICOS:     A Formosíssima Maria     Morte de Inês de Castro     Despedida do Restelo

EPISÓDIOS NATURALISTAS:     Fogo de Santelmo e Tromba Marítima     Escorbuto     Tempestade

EPISÓDIOS SIMBÓLICOS:     Velho do Restelo     Adamastor     Ilha dos Amores

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1524/1525 – 10 de Junho de 1580

Ricardo Pinto e João Fernandes

Curso EFA-B3

(2008/2009 – Escola E.B. 2,3 de Valongo)