Cantar Para Subir - Estudo Da Música Ritual No Candomblé Paulista

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  • 7/21/2019 Cantar Para Subir - Estudo Da Msica Ritual No Candombl Paulista

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    Cantar para subir - um estudo antropolgico da msica ritual nocandombl paulista

    1. A Estrutura do Rito2. A Estrutura Musical 3. A Msica no Contexto Ritual

    . Conclus!o ". #ibliogra$ia

    O candombl, enquanto culto organizado. no remonta, em So Paulo, h mais de trs ou quatro dcadas.Marcado or um desen!ol!imento articular, a artir dos rocessos migrat"rios ocorridos nesse er#odo, ocandombl aulista surgiu como uma religio de ossesso ao lado daquelas aqui $ e%istentes, como oes iritismo &ardecista e as in'meras !aria()es da umbanda sulista.O rocesso de instala(o e difuso do cultoaos ori%s na regio de So Paulo caracterizou*se elas influncias e em rstimos entre as rticas es #ritasem geral e da umbanda em articular, obser!!el se$a elas semelhan(as entre as estruturas rituais, se$a ela!iso m#tica, formada or di!indades comuns a ambos os cultos. Originou*se, assim, um culto cu$a referncia+s di!indades africanas os ori%s- e +s di!indades nacionais caboclos, #ndios, boiadeiros, retos*!elhos-,tornou*se comum, tanto nas regi)es erifricas, as rimeiras a localizarem os terreiros, como nas regi)es maiscentrais da rea metro olitana. O termo umbandombl com o qual se designa comumente de modo

    e$orati!o- esse ti o de culto, ode ser a licado a um n'mero significati!o de terreiros aulistas atualmente emfuncionamento. / bom lembrar, ainda, que o candombl que aqui se instalou, !indo de localidades comoSal!ador, 0ec1nca!o 2aiano, 0ecife e 0io de 3aneiro, no rima!a or um urismo de rticas rituais talcomo se imagina quando idealmente o di!idimos em na()es como 4 &etu, 5ngola, 3e$e, alm dasdenomina()es locais como 6ang1 em Pernambuco ou 7ambor de Mina no Maranho. 8a !erdade, aindaque todas essas na()es este$am re resentadas em So Paulo, odemos su or que o rocesso de influnciase em rstimos !erificados aqui tambm fen1meno caracter#stico do candombl em seus locais de origem,como bem atesta o candombl de caboclo, rinci almente nos terreiros angola da 2ahia.9stas referncias tornam*se necessrias na medida em que o uni!erso dos cultos afro*brasileiros, em seusm'lti los as ectos, manifesta*se em iricamente de tal forma integrado que uma classifica(o como a queiremos e% or, ri!ilegiando o onto de !ista musical, de!e ser entendida como uma ordena(o anal#tica

    oss#!el, entre tantas outras. :o mesmo modo que ara o deses ero dos esquisadores desacostumados

    com a e%ce(o- no candombl !ale mais o detalhe que, quebrando a regra, insinua um conhecimento quediferencia e ao mesmo tem o testemunha a !italidade e im ort;ncia da norma ara o gru o. Se O%um, adi!indade das guas, sem re !este amarelo, come i et, dan(a de modo lento e dengoso ao som do ritmoi$e% e saudada com a e% resso Ora ieieu< , uma fitinha azul arrematando sua saia dourada, um quituteines erado entre as folhas de mamona do i et e uma certa agressi!idade no $eito de dan(ar sob assauda()es efusi!as de Ora ieieu mi =a fiderioman ode re!elar a e%ce(o que consubstancia a generalidadedo estere"ti o na riqueza de sua !aria(o.

    5ssim, este trabalho, ri!ilegiando a m'sica ritual, ocu ar*se* de uma arcela de um todo integrado, tratando,rinci almente, dos as ectos recorrentes. >aremos contudo, uma bre!e descri(o do culto de forma a

    conte%tualizar re!iamente nossas afirma()es sobre a m'sica.

    A Estrutura do Rito 5 no(o em que se baseia este trabalho a de que o candombl, uma religio inicitica e de ossesso,a resenta dois momentos que, grosso modo, constituem as duas rinci ais modalidades da e% ressoreligiosa4 as cerim1nias ri!adas, +s quais tm acesso a enas os iniciados entre elas os eb"s, boris e or1s- eas cerim1nias 'blicas abertas ao 'blico em geral- comumente denominadas toques . Sem d'!ida, ase ara(o sobretudo anal#tica e sua artificialidade se $ustifica ela tentati!a de tornar a e% osi(o o maisclara oss#!el. :e fato, as cerim1nias ri!adas ou 'blicas odem se articular, constituindo uma unidade,como, or e%em lo, num toque de sa#da de ia1. 5* 5s cerim1nias ri!adas da inicia(o.

    5 sustenta(o social e religiosa do candombl de ende do flu%o reno!ado de iniciados quein!estem arte de seu tem o e seu trabalho ara garantir a continuidade do gru o do terreiro edo con$unto de rticas que, somadas, constituem o arcabou(o religioso do culto. 5 inicia(o ,

    ainda, um forte elemento de coeso do gru o, $ que todos os que assaram elos rituaisiniciticos sabem das dificuldades, de todos os gneros, que de!em ser enfrentadas4financeiras, emocionais, sicol"gicas e sociais? da necessria for(a de !ontade e humildadeim rescind#!eis ara come(ar a no!a !ida, na qual uma no!a ersonalidade ser constru#da.8o!o nome, no!os hbitos, no!as referncias. Postura que se refletir na !ida cotidiana em

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    casa, na rua, no trabalho ou mesmo no lazer. O iniciado assume um com romisso eterno comseu ori% e, ao mesmo tem o, com seu ai ou me de santo. @ uma no!a fam#lia que sefor$a? no!os !#nculos de arentesco, que se retendem mais significati!os que os la(ossangu#neos. Aomo dizem no candombl um irmo de folha mais irmo que um irmo desangue . @ uma no!a estrutura(o do mundo que de!er ser a rendida or eta as e quecome(a no ato de bolar , quando o indi!#duo morre ara a !ida rofana, iniciando o er#ododo recolhimento, ara renascer no dia de sua sa#da 'blica.Bolar 2olar , ou cair no santo , ind#cio da necessidade da futura inicia(o. Beralmente acontecequando a essoa artici a de um toque e o ori% a incor ora, ainda no estado que osade tos denominam de bruto ainda no assentado ou feito -. 2olar, a arentemente, comodesmaiar. Mas o ori% est ali. 7omou a cabe(a de seu filho, mesmo contra a !ontade deste,cobrando sua inicia(o. 5 bola(o geralmente acontece enquanto as essoas cantam edan(am ara os ori%s, sendo significati!a, ara a identifica(o do ori% ao qual a essoa

    ertence, a di!indade ara a qual se canta!a quando a essoa bolou.Cma !ez bolada a essoa le!ada ara o ronc" ou ara o quarto de santo, onde ser

    acordada . Se de ois de bolar uma ou mais !ezes, a essoa decidir se iniciar, o ai*de*santoconsultar o orculo $ogo de b'zios- ara determinar que ori% ser feito e como com quefolhas, de que modo, com que quantidades, que animais sero sacrificados etc.-. O ai*de*santo re ara o ronc" com a esteira sob a qual sero de ositadas as de!idas folhas, asre resenta()es materiais do ori% como quartilh)es, alguidares, ferramentas, ratos etc.- etudo o mais que ser necessrio durante o tem o do recolhimento. S" ento feito o toque debolar , quando o abi iniciando- ser le!ado ara o barraco onde, ao som dos atabaques,dan(ar ara o seu ori% at que este incor ore. 2olado, o abi ser recolhido, ara s"rea arecer em 'blico no dia da festa da sa#da.:urante este er#odo, o abi !ai sendo inserido no gru o atra!s do a rendizado das rticasrituais. 5 rende a hierarquia da casa, os tabus, os receitos, ora()es ara o seu e ara todosos outros ori%s, a rende cantigas, a rende a dan(ar ara o ori%, a rende os mitos, oscum rimentos, suas obriga()es, enfia contas ara com or seus colares iniciticos, reza, comee dorme. So !inte e um dias, em geral, em que ele ermanecer dia e noite na casa de santo,confinado ao ronc", dele saindo a enas ara os banhos rituais ou outras cerim1niasnecessrias ara sua urifica(o, como os eb"s, que !isam desligar o abi de suas liga()escom o mundo e%terior, com as doen(as, os mortos, a se%ualidade, enfim, da !ida anterior.Purificado o cor o, inicia*se o rocesso de assentamento do ori%, ro riamente dito.O Bori O bori consiste, segundo os ade tos, em dar comida + cabe(a , ao ori que , em si, umaentidade-, com o ob$eti!o de fortific*la e ao mesmo tem o re!erenci*la, ois o ori% s" tomouaquela cabe(a aquele ori- orque esta assim o ermitiu. 8esta cerim1nia so oferecidosalimentos secos e sangue de um ombo + cabe(a do abi, iniciando a alian(a definiti!a destecom seu ori e com seu ori%. :o mesmo modo o bori, ainda quando feito fora do rocesso deinicia(o, cria um !#nculo do indi!#duo com a casa de santo e o obriga a determinadoscom ortamentos rituais.O Or Ahega finalmente o dia do or1, a cerim1nia de assentamento do ori%, na qual o abi ter sua

    cabe(a de ilada e sero sacrificados os animais corres ondentes ao ori% que est sendoassentado. Beralmente os ori%s recebem como sacrif#cio um animal de quatro atas deacordo com suas referncias caracter#sticas4 ara Ogun, or e%em lo, sacrifica*se um bodeescuro? ara O%um, uma cabra amarelada-. Para cada ata do animal, de!e*se sacrificar umagalinha. Outras a!es, como galinhas dDangola, ombos e atos, tambm odem ser sacrificados. 5lm da cabe(a, os assentamentos que foram re arados recebem tambm artedos sacrif#cios dos animais, ondo o cor o do iniciado em rela(o com os s#mbolos do deus,unindo as !rias formas de um mesmo conte'do4 o ori%.Sendo a cabe(a considerada o onto ri!ilegiado da manifesta(o di!ina, nela que se faroos cortes rituais abers- ro iciat"rios + incor ora(o, bem como as inturas feitas com astintas sagradas obtidas a artir da dilui(o de "s como o wa$i, o ossum e o efum azul,!ermelho e branco res ecti!amente-. 7ambm o &el colar de contas usado rente ao esco(o,sublinhando a im ort;ncia da cabe(a que foi sacralizada- amarrado nesse momento e assimde!er ermanecer or um er#odo de trs meses, durante os quais um con$unto reciso deinterdi()es de!er ser obser!ado elo ia1. >inda a cerim1nia, o agora ia1, ainda no ronc",aguarda o dia de sua sa#da numa festa 'blica.2 * 5s cerim1nias 'blicas * o toque

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    %o&ue o nome que se d, genericamente, + cerim1nia 'blica de candombl. Aomo or" rio nome re!ela, toque , esta uma cerim1nia essencialmente musical. Seu ob$eti!orinci al a resen(a dos ori%s entre os mortais. Sendo a m'sica uma linguagem ri!ilegiada

    no dilogo dos ori%s, o toque ode ser entendido como um chamado, ou uma rece, edindoaos deuses que !enham estar $unto a seus filhos, se$a or moti!o de alegria ou de necessidadedestes.Os terreiros seguem um calendrio lit'rgico que esti ula a eriodicidade dos toques ao longo

    do ano. Moti!os es ec#ficos odem transformar o toque numa festa. 5ssim, or e%em lo, osterreiros que fecham or ocasio da Euaresma realizam o Forogun, uma festa deencerramento das ati!idades do terreiro. 9m $unho, so comuns as >ogueiras de 6ang1 . ParaObalua, feita a festa do Oluba$, em agosto? em setembro realizam*se as Gguas de O%al, oque tambm ode acontecer em dezembro. 9m outubro, a >ei$oada de Ogun. 5s >estas dasHabs, como o H et de O%um, acontecem em dezembro.7oques semanais e quinzenais tambm so comuns, rinci almente quando tm a fun(o deatender o 'blico, como o caso dos candombls que cultuam as outras di!indades que

    restam ser!i(os mgico*religiosos atra!s de asses , conselhos e receitas de trabalhosara a solu(o dos roblemas que lhes so a resentados. 5 esar de ser comum que um

    mesmo terreiro con$ugue toques de comemora(o festas- e de atendimento, isso geralmenteno acontece simultaneamente. 3 as festas de sa#da de ia1 de inicia(o-, ocorrem sem umcalendrio re!is#!el, embora ossam ser sobre ostas +s demais. 7odos os toques acontecemno es a(o do terreiro denominado barraco , onde se encontram os atabaques, + frente dosquais canta e dan(a o o!o*de*santo, se arado ainda que dentro de um mesmo ambiente- daassistncia, + qual tambm reser!ada uma rea.Cm toque comum come(a, geralmente, elo ritmo dos atabaques chamando a roda*de*santo

    os filhos de santo organizados circularmente-, tendo + frente o ai*de*santo que entra tocandoo ad$ sineta-, seguido elos seus subordinados na hierarquia4 me* equena, e$igan,a%ogun, ogs. e=edes, outros ebomis, ia1s or ordem de inicia(o ou organizados or barcose, no fim da roda, os abis. 9sta forma(o ode, ainda, di!idir*se em duas rodasconcntricas4 a de dentro reser!ada aos ebomis iniciados h elo menos I anos- e a de foraformada elos demais. 5 me ou ai equenos e as e=edes tambm costumam tocar o ad$.8os toques festi!os as rou as costumam ser de grande beleza, geralmente fazendo aluso,mesmo que no sim les desenho do tecido, ao ori% indi!idual do ade to. 8este dia so usadasas contas dos ori%s, os bra$s colares de contas truncados-, as fai%as na cintura, os s#mbolosde ebomis e tudo o que identifique o status religioso do indi!#duo.

    5 roda entra dan(ando e, algumas !ezes, cantando alguma cantiga r" ria deste momento.9stando todos no barraco, os atabaques aram, o ai*de*santo sa'da 9%u e tem in#cio o

    ad, cerim1nia que tem or finalidade des achar 9%u atra!s da oferenda de farinha comdend e aguardente-, se$a orque se acredite que ele ossa causar erturba()es ao toque,se$a orque se acredite que ele o rinci al mensageiro e que abrir os caminhos ara a !indaos ori%s. >indo o ad, o %ir rossegue. 6ir uma estrutura seqJencial de cantigas aratodos os ori%s cultuados na casa ou mesmo ela na(o , indo de 9%u a O%al. :urante o%ir, um a um, todos os ori%s so saudados e lou!ados com cantigas r" rias, +s quaiscorres ondem coreografias que articularizam as caracter#sticas de cada deus. / nessesmomentos, de grande efer!escncia ritual, que as di!indades bai%am .

    Aomo a finalidade manifesta de um toque no altera a estrutura do %ir, $ulgamos encontrar a#uma estrutura na qual se intercalam as cerim1nias que lhe atribuem um carter es ec#fico,como o caso das festas de sa#da de ia1, entre outras.

    As sadas de Ia 5 festa de Sa#da de Ha1 sem re muito concorrida e tida como uma das festas de maior a%,

    ois um ori% est nascendo.O ia1 normalmente costuma fazer quatro a ari()es em 'blico no dia da festa, conhecidascomo sa#da de O%al ou de branco , sa#da de na(o ou estam ada , sa#da do e=odidou do nome e sa#da do rum ou rica . 8a rimeira sa#da o ia1 em transe- entra sob o al

    ano branco-, totalmente !estido de branco, re!erenciando O%al. Aum rimenta a orta, oaria%K onto central do barraco-, os atabaques, o ai*de*santo e, e!entualmente, a me*

    equena, com dobale e a" cum rimentos rituais-, sem re sobre a esteira. : uma !oltadan(ando de modo contido elo barraco e se retira. Prossegue o %ir.8a segunda sa#da o ia1 entra !estido e intado com as cores da na(o . @ quem diga, noentanto, que esta sa#da es ecifica a qualidade a!atar- do ori% que est saindo. 9le segueno!amente a ordem dos cum rimentos, agora somente com seu $ic sauda(o que os ori%s

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    fazem com o cor o-, uma !ez que seu il grito com que o ori% se anuncia- s" ser conhecidoa "s a queda do &el.

    5 terceira sa#da, muito es erada, a sa#da do oru=" nome-, tambm chamada sa#da doe=odid ena !ermelha de a agaio, relacionada com a fala-, momento em que o ori%re!elar ublicamente seu nome secreto, que arte de si mesmo. / um momento de grandeemo(o, acom anhado de um certo sus ense, estimulado elos outros filhos de santo, quegeralmente !iram entram em transe- ao ou!ir o nome. :ito o oru=", os atabaques

    imediatamente come(am o adarrum ritmo muito acelerado- e o ori% le!ado ara !estir suasrou as de rum dan(a-, ou se$a, suas !estes t# icas e suas ferramentas ara !oltar e dan(ar,ela rimeira !ez, em 'blico.

    9sta a quarta sa#da4 a sa#da do rum ou rica , quando o ori% entra, sa'da os ontosrinci ais com seu $ic e dan(a suas cantigas. Beralmente, nessa sa#da, o ori% dan(a a enas

    as m'sicas que lhe so atribu#das e nenhuma outra, mas h casos em que o no!o ori% dan(atambm ara o ori% do ai*de*santo. 8o con!m, entretanto, fazer dan(ar demais o ori%muito no!o. >indo o rum, toca*se ara retirar o ia1 em transe da sala cantar ara subir ,dizem os alabs- e o %ir rossegue at as cantigas ara O%al, encerrando o toque.7oca*se ento ara a entrada do a$eum, que ode conter as mais di!ersas comidas e bebidas,de acordo com o ori% feito e com as osses do iniciado.

    II- A Estrutura Musical 5 m'sica, no candombl, tem um a el mais significati!o que o mero fornecimento de est#mulos sonoros aosdi!ersos rituais. 9la ode ser entendida como elemento constituti!o do culto, dando forma a conte'dosine% rim#!eis em outras linguagens, termo aqui entendido como articula(o de signos e s#mbolos. 7odos osrituais do culto esto a oiados tambm na m'sica, que mostra um carter estruturante das di!ersase% erincias religiosas !i!idas or seus membros. :o a" seqJncia r#tmica de almas usada arare!erncia- ao toque %ir-, a m'sica continua sendo arte de cada cerim1nia, constituindo*a, delimitandositua()es e ordenando o con$unto das rticas e%tremamente detalhadas.

    7ocar candombl um termo comum entre o o!o*de*santo , indicando que o candombl e a m'sica seconfundem. Por isso, o conhecimento das cantigas e dos ritmos denota rest#gio e acesso +s inst;ncias de

    oder da religio. Sendo a m'sica um elemento sagrado e sacralizante, tanto instrumentos quantoinstrumentistas se re!estem desta aura, que se re!ela no tratamento que estes recebem or arte dos

    membros da comunidade do terreiro .Hnstrumentos e Hnstrumentistas8o candombl, os atabaques ou couros tambores- com os quais se in!ocam as di!indadesso tidos como seres !i!os e sua utiliza(o reser!ada a enas aos ogs alabs instrumentistasiniciados-. Aabe a eles a e%ecu(o do re ert"rio a ro riado a cada di!indade, que com reendeum con$unto de cantigas diferenciadas, com ritmos r" rios. 5 orquestra do candombl formada or trs tambores de tamanhos diferentes4 o de tamanho maior, denominado 0um, omdio, 0um i chamado, em muitas casas, a enas de Pi- e o equeno, F. 8o candombl derito &etu os atabaques so ercutidos com aguida!is !arinhas-, enquanto no rito 5ngola elesso tocados com as mos. Sendo instrumentos sacralizados, os atabaques recebem sacrif#cios

    eriodicamente reno!ados. So instrumentos consagrados +s entidades adroeiras dosterreiros, sendo o 0um, na maioria das casas, dedicado a 9%u. Os la(os com que soadornados os atabaques indicam, em suas cores, os ori%s aos quais foram consagrados.Os atabaques so usados rinci almente nas cerim1nias 'blicas, quando so tocados elosalabs. Aada um e%ecuta uma frase r#tmica indi!idualmente, erfazendo, no con$unto, um

    olirritmo, cu$a marca(o dada elo 0um, res ons!el, ao mesmo tem o, elo re ique oudobrado floreio-, que do + m'sica um carter diferencial acentuado conforme os ritmos de

    cada ori%. 9ssa fun(o articular do 0um estabelece sua maior im ort;ncia em rela(o aosoutros dois atabaques. 5 e% resso dar o rum no ori% indicati!a da osi(o desseinstrumento no con$unto da orquestra . 9ssa mesma im ort;ncia obser!!el or ocasio dare!erncia obrigat"ria aos atabaques, quando o 0um o rimeiro a ser saudado elos fiis,tambm cabendo a ele noticiar e saudar a chegada de !isitantes ilustres ao terreiro receber o

    dobrar dos couros sinal de grande rest#gio-. Portanto, cabe ao chefe dos alabs ares onsabilidade elo 0um articularmente e tambm elos outros atabaques? no s" duranteo toque, mas or sua manuten(o ermanente. Euando no esto em uso, os atabaques

    de!em ser cobertos or um ano branco e, uma !ez que so considerados como ortadores dea%, eles no odem ser remo!idos do terreiro. Pelo mesmo moti!o, so tratados com es ecialre!erncia quando, or algum acidente, caem ao cho.

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    5lm do 0um, a marca(o do ritmo dos atabaques ode ser feita or um instrumento de ferro,em forma de sino sim les denominado g , ou du lo, agog1 , ercutido or uma haste demetal. 5 esar do carter sagrado, seu uso no restrito aos alabs.

    5inda nas cerim1nias 'blicas so utilizados outros instrumentos que, no fazendo arte daorquestra, tm fun()es es ec#ficas. / o caso do ad$, um sino de uma a sete bocas

    cam ;nulas- cu$a rinci al atribui(o ro!ocar o transe quando agitado sobre a cabe(a doiniciado. Seu uso reser!ado aos ebomis, normalmente ao ai ou + me de santo e +s

    e=edes, no sendo necessrio, ara isso, o dom#nio de qualquer tcnica es ec#fica. 5intensidade com que agitado o que denota a fun(o de seu som4 induzir ao transe, nasfestas 'blicas, ou ainda in!ocar os deuses ara que atendam os edidos de seus filhos,durante as cerim1nias ri!adas, nas quais o uso de outros instrumentos que no o ad$- no freqJente. Cm instrumento com fun()es semelhantes o %ere, um chocalho de metal, comhaste, geralmente confeccionado em cobre e consagrado a 6ang1.Se a m'sica, dentro do conte%to religioso assume tal im ort;ncia, a onto de estar nas mosdos ebomis, !emos que eles $ nasceram com ela, ou se$a, significati!o que um dos

    rinci ais s#mbolos da inicia(o se$a o %aor1, fieira de guizos que se amarram com alha dacosta aos tornozelos do ia1 e que roduzem som ao menor mo!imento deste. 5com anhandoo rocesso de inicia(o, o %aor1 ode assumir !rias fun()es. :iz*se que afugenta os mauses #ritos e sacraliza os rimeiros assos do iniciado. Possibilita, ainda, garantir oacom anhamento constante, elo ai*de*santo, dos mo!imentos do er es #rito infantil

    resente na inicia(o-. 5 rodu(o da m'sica delimita ainda os a is masculinos e femininos. 5 maior arte dosinstrumentos tocada or homens, cabendo +s mulheres o ad$ e, e!entualmente, o agog1. Ocanto, or outro lado, no ri!ilgio de nenhum dos se%os.8o sem moti!o que os alabs so e%tremamente restigiados e adulados nos meios docandombl, ortanto. Sem alab no tem candombl , dizem os ade tos. :essa forma, cadacasa rocurar constituir o seu r" rio trio de alabs, que de!ero assar elo rocesso deinicia(o, elo a rendizado musical e ela aquisi(o de re ert"rio. Aomo este rocessodemanda um certo tem o e so necessrios trs alabs que or ele de!ero assar, e%iste, emSo Paulo, com o crescimento do n'mero de terreiros em funcionamento, uma certadificuldade em encontrar estes es ecialistas da m'sica ritual. 9ssa dificuldade su erada

    elo interc;mbio entre ais*de*santo mais !elhos que em restam seus ogs a outras casas.Cma outra solu(o, freqJente, tem sido a contrata(o de alabs e% erientes e que asseguramo bom andamento dos toques. Hsso oss#!el dada a relati!a autonomia com que os alabs serelacionam com suas casas de origem. O costume de se agar elo ser!i(o dos ogs no ,contudo, um fato no!o. 8o conte%to do rito a cerim1nia do feleb dinheiro-, na qual os ade tose !isitantes atiram dinheiro num ano branco diante dos atabaques, ao som de uma cantigaa ro riada, e%em lo disso. O dinheiro arrecadado ser de ois re artido entre os alabs.

    >elebK,felebKfelebK do og .

    rito angola-O rocesso de a rendizado musical e aquisi(o de re ert"rio ode acontecer no ;mbito do

    r" rio terreiro, atra!s da sus enso indica(o 'blica feita elo ori%- de algum quetenha demonstrado ou no- interesse ou habilidades musicais. 8este caso, o no!o alab

    submete*se ao a rendizado com os ogs mais !elhos. Euando isso no oss#!el, orque acasa no ossui seus r" rios alabs ainda, ser reciso que o ai*de*santo ro!idencie deoutro modo estas aulas, freqJentemente agas, com alabs que se dis onham a ensinar, oumesmo em institui()es que romo!em cursos de ercusso em atabaques. Os alabs,entretanto, di!ergem quanto ao carter tico do agamento or ser!i(os como toques oumesmo de aulas4

    Eu acho que og que faz isso toca pra viver. Eu acho umacoisa errada. Acho que o candombl no foi feito pra ningumganhar dinheiro.

    3orge, LI anos, alab do 5% Hl Ob-De repente, como cobrar ogo de b!zios ou no.

    Paran, anos, alab do Hl 5% Omo Ogun$-Paga ou no, a socializa(o na m'sica ritual segue rocessos semelhantes. :iferentemente daeduca(o musical formal, a m'sica, no candombl, a rendida sem necessidade da escritamusical, sem o a rendizado dos conceitos uni!ersais, caracterizando um rocesso onde aintui(o musical, o ou!ido e%ato , o ritmo inato adquirem maior im ort;ncia. 8esse sentido, asocializa(o musical acom anha a socializa(o religiosa.

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    Era um ensinamento muito r"gido. #ingum tava ali prabrincadeira nem nada. Ento ele outro alab-cantava duas,trs vezes, e$plicava pra qu cantava, tudo. Eu decorava%seno muitas vezes eu escrevia. &enho at ho e o caderno,tudo, com as cantigas que ele me ensinou. Eu acho que uma coisa dif"cil mas vale a pena ...-#o come'o eu aprendi atocar g sozinho.De ouvir. Eu gostava de ver todo mundo

    tocando. (icava grudado. Era louco pra aprender, mas notem eito de se falar. Se voc no passar por um, voc noaprende. )oc tem que passar por um pra aprender o outro.Seno voc se atrapalha. ...-*assei pro +. Depois do +, o*i -umpi uma coisa parecida. / quase autom0tico voc

    passar ... Eu dobro o -um h0 uns dois anos e meio. ...->iquei muito tempo s1 tocando *i e +. *i e +, 2...cansava

    ...- Agora eu s1 dobro. 3orge-Cma !ez a rendidas as no()es bsicas de ritmo e re ert"rio, o conhecimento musical seenriquecer atra!s da maior artici a(o dos alabs na !ida da comunidade, se$a no seuterreiro ou nos terreiros que !isitam.

    )oc aprende o b0sico. 3 resto e$perincia4 ...- 5alha deeu ir numa casa de santo, numa festa, eu aprendo. Seno eucompro disco, com cantigas que eu no conhe'o eaprendo...s1 ouvindo, conversando com os ogs... 3orge- .

    9sse tr;nsito elos !rios terreiros ermite aos alabs o contato com as diferentesmodalidades de rito &etu, 5ngola, 3e$e...- ossibilitando, or !ezes, que os r" rios ais*de*santo usufruam deste conhecimento genrico. 9m algumas ocasi)es so os r" rios ogsalabs, ao lado do ai*de*santo, que realizam cerim1nias de re ert"rio es ec#fico como oa%e% rito funerrio-.7ambm o crescente n'mero de gra!a()es, em discos e fitas, de m'sicas rituais, temres ondido + demanda or esse ti o de artigo como fonte de com lementa(o de re ert"rio.9!identemente essa demanda no se restringe aos alabs, mas so eles seus rinci aisconsumidores e, geralmente, rodutores.8esse conte%to, conhecer a seqJncia e%ata das cantigas a ro riadas a cada momento, como

    aquela que se canta ro Ogun dan(ar com o mari1 folha de dendezeiro desfiada-, sinal derest#gio e oder. :a# as cantigas se con!erterem em !erdadeira moeda , com a qual se

    realiza a troca de conhecimento entre os membros do culto.Ritmos e Repertrios

    5 m'sica ritual do candombl costuma ser chamada de toada ou cantiga , sendo este otermo mais usado em So Paulo, atualmente.

    Em candombl a gente no chama 4m!sica4. 6!sica umnome vulgar, todo mundo fala. / um...como se fosse um or7

    reza-...uma cantiga pro santo . 3orge- 5qui, entenderemos cantiga como um oema musicado, ou se$a, a sobre osi(o de letra amelodia. :esse modo odemos classificar as cantigas em dois gru os rinci ais4 aquelasdestinadas +s cerim1nias ri!adas de ronc"-, cu$a letra em ortugus ou fragmentos de

    l#nguas africanas- alude +s eta as do rito e aquelas das cerim1nias 'blicas de barraco-,cu$a distin(o em rela(o +s rimeiras se d ela referncia aos mitos e ela resen(a doritmo, e%ecutado elos atabaques. 9ntretanto, as mesmas cantigas cantadas no barraco

    odem, or !ezes, serem ou!idas no ronc" , sem o ritmo caracter#stico. 8os candombls aotem o de 5rthur 0amos LN 4L -, contudo, o ritmo acom anha!a as cerim1nias ri!adas.

    5 resen(a do ritmo no barraco arece estar associada + dan(a, que rememora os atributosm#ticos das di!indades. :esse modo, um deus guerreiro, como Ogun, estabelece umacoreografia na qual os mo!imentos sero geis, r idos e !igorosos, adequando*se ao ritmoe%ecutado, diferentemente dos assos lentos, fluidos e ondulantes de O%um, uma deusa dasguas.

    Eu ve o a m!sica como a...representa'o de e$pressar adan'a do ori$0, o preceito, o que ele faz, como elevive...5omo se fosse eu falando da minha vida ou cantandoalguma coisa para ele. 3orge-.

    5ssim, com seus ritmos caracter#sticos, cada ori% e% ressa, na linguagem musical e gestual,suas articularidades, criando uma atmosfera na qual estas se tornam intelig#!eis e lenas de

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    :esse modo, !emos como os re ert"rios musicais referendam as sobre osi()es dos modelosangola e =etu, sendo um dos elementos rinci ais ara sua afirma(o e identifica(o. 8o casodo candombl angola, ineg!el que um re ert"rio cu$a letra ermite associa()es com

    ala!ras em ortugus, estabele(a uma comunica(o muito mais direta e fcil, inclusi!e entrea di!indade e o interlocutor, tornando*se mais intelig#!el e mais facilmente memoriz!el. 9isum e%em lo4

    >ala mameto caiang1

    &icongo quando comeFemba di l R.cantiga de Obalua * rito 5ngola-5 seu =afun

    Omulu que belo o$ 5 a seu &afun

    idem-O mesmo acontece com as toadas ou sal!as de caboclo cantiga com que o caboclo sea resenta-, cu$as letras costumam ser em ortugus e relatam acontecimentos relacionados asua !ida m#tica, entre outras coisas. Aomo esta4

    9u !inha elo rio de contasAaminhando or aquela ruaOlha que belezaala maiongombilhas de O%um odem ter seus nomes iniciados ela ala!ra Samba Samba :iamongo,Samba Eueuamzi, Samba :elec-, ins irados na cantiga4

    Samba, Samba monameta&e zina &e c&i samba ;Samba monameta&e sina =e c&i samba

    rito angola 5lm do re ert"rio essoal, o indi!#duo artici a, ainda, do re ert"rio do gru o, que consistenas cantigas do ori% do ai*de*santo, dos ebomis da casa como ogs, e=edes, me*criadeira,

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    irmos de barco, enfim aquelas que, ao determinar a ordem das re!erncias quem ede equem d a bn(o- estabelecem a hierarquia do terreiro e localizam o indi!#duo numadeterminada osi(o. 9%istem, inclusi!e, cantigas r" rias dos cargos da casa4

    V, , e=ede zingue=ede zingV, e=ede =issang

    rito angola-

    Ou, do status religioso46ique %ique nu ato 9bomi nu caiang1

    rito angola-

    5lm disso, a chegada de ebomis na casa tambm obriga a uma ligeira interru (o da m'sica,ara que os couros atabaques- dobrem em homenagem ao recm*chegado.

    9stando a m'sica intimamente relacionada + condi(o hierrquica, at mesmo as ausas entreuma cantiga e outra re!elam isto4 a roda dos ia1s de!e agachar*se enquanto a roda dosebomis ermanece em . 5inda o a" almas ritmadas-, com o qual se lou!am os ori%s e sere!erenciam os ebomis, indica, musicalmente, a alta osi(o de quem o recebe. 9 mais, seconsiderarmos terreiros de ritos diferentes, oderemos !er que esta identidade contrasti!a

    localiza os gru os or na()es construindo*se, musicalmente conforme $ !imos, atra!s dosritmos, do modo de tocar, das letras, das melodias, enfim do re ert"rio que contem la cada

    anteo, associado, e!identemente, aos demais elementos do culto.

    Concluso 5 m'sica ritual do candombl, tanto em cerim1nias 'blicas quanto ri!adas, ultra assa o !alor meramenteesttico, ou mesmo de elemento ro iciador + atmosfera religiosa, ara e%ercer a fun(o de elementoconstituti!o em todas as inst;ncias do culto. 5lm disso, ela tem fun()es de ordena(o bastante claras, sendotambm um dos elementos atra!s dos quais as identidades dos ade tos e dos terreiros e na()es soconstru#das e se e% ressam.8o sem moti!o, como registra 8ina 0odrigues em LN Z, que os $ornais do final do sculo assado ediam

    ro!idncias contra a atua(o dos terreiros, chamando a aten(o ara os estrondosos ru#dos dos atabaques edos chocalhos e + !ozearia dos de!otos que erturba!am o sossego e o silncio 'blico com!ergonhosos es etculos . O que demonstra a im ort;ncia da erce (o sonora elos de fora na constru(o

    da imagem do candombl. Perce (o desagrad!el ou no conforme o conte%to social e cultural mais am loonde ela se d. 5ssim, aos tem os de ersegui(o religiosa, quando a m'sica do candombl era tida como

    estrondosos ru#dos , seguiu*se um tem o de toler;ncia e um de !aloriza(o da musicalidade de origemafricana em geral $azz. blues, reggae, samba, gos ell, s irituals- que, num rocesso dialtico, contribuiu ara amelhor com reenso tanto do candombl quanto de sua esttica musical.Para os de dentro , a m'sica do candombl no se rende tanto a um $ulgamento esttico, na medida que uma linguagem, onde o que im orta o sentido que o som adquire enquanto emana(o do sagrado. 5ssim, atmesmo o ru#do dos b'zios, chocalhando entre as mos do ai*de*santo, ode ser entendido como a fala dodeus da adi!inha(o que escre!er na eneira, com os b'zios, as res ostas +s d'!idas do homem. Oumesmo os ro$)es das >ogueiras de 6ang1 que refazem no cu o som do deus*tro!o./ claro que as religi)es em geral tm a m'sica como im ortante elemento de contato com o sagrado, se$a nocaso em que ela ro orciona o contato mais #ntimo com o eu, como o caso dos mantras das religi)esorientais, se$a no caso em que sua fun(o a de integrar os indi!#duos numa 'nica !oz , como o caso dasreligi)es entecostais, entre outras, em que os fiis cantam em un#ssono os hinos de lou!a(o. O candombl,entretanto, arece reunir estas duas dimens)es4 a do contato com o eu, atra!s das di!indades essoais, e ado contato com o outro, estabelecidas musicalmente. Mas, ao contrrio de outras religi)es, no candombl am'sica no um momento entre os demais. 7odos os momentos rituais so, em essncia, musicais. 5ssim,

    ara que os deuses este$am entre os homens ou ara que estes ascendam aos deuses reciso cantar? cantar ara subir.

    9ste trabalho foi a resentado ela rimeira !ez em LNTT, nos Seminrios de 9tnomusicologia, coordenadosor 7iago Oli!eira Pinto e Ma% 2, no PPB5S[CSP e ublicado em LNNZ na re!ista 09FHBHYO \ SOAH9:5:9

    n.L [Z, HS90, 0io de 3aneiro.

    'otas L * Os as ectos do intenso interc;mbio das rticas rituais afro*brasileiras e do rocesso transformati!o eloqual assam em So Paulo, tm sido o ob$eto das esquisas que os autores deste trabalho !emdesen!ol!endo $unto ao :e artamento de 5ntro ologia da >aculdade de >ilosofia, Fetras e Aincias @umanasda Cni!ersidade de So Paulo.

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    Z Pessoa iniciada elo mesmo ai*de*santo, ortanto atra!s de rituais onde a folha um dos rinci aiselementos.

    * Ogs e e=edes tambm assam elo toque de bolar , mas neste caso a inten(o contrria4 ro!ar queno !iram no santo em nenhuma hi "tese.

    * Bru o de essoas iniciadas $untas e ortanto com mesma idade de santo .U * Sobre a rela(o do agog1 com a marca(o do ritmo !er o que diz 9dison Aarneiro sobre a origem dotermo, deri!ado de a=o=1, rel"gio. A5089H0O, LNTL4I -.

    * Sobre a rela(o entre o %aor1 e os abi=u, !er o que diz Pierre ]erger a res eito do %aor1 como elemento derote(o. ]90B90,LNT 4L T-.I * 8os candombls de So Paulo costume os alabs cantarem o %ir dos ori%s.T * 9sta no K, e!identemente, caracter#stica e%clusi!a do 5ngola.N * Euebrar muzenza outra e% resso usada elo o!o de santo que significa dan(ar muzenza .L^ * 9dison Aarneiro $ registra!a essa cantiga em candombls bantu em LN N A5089H0O,LNTL4LTN-.

    Bibliografa 5F]5098B5. Oneida. (ang).Registros sonoros de *olclore Musical #rasileiro + . So Paulo. :iscotecaP'blica Munici al. LN T

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    Fetras Aubanas.LNTU.PH87O, 7iago de Oli!eira *:reves anota';es sobre as m!sicas de culto afro