CÂNTARO DAS LETRAS DIGITAL (VOLUME I)

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Livro produzido por alunos do Ensino Fundamental do Colégio Marista Pio X.

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CÂNTARO DAS LETRAS

MOSTRA DE PRODUÇÃO LITERÁRIA

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MOSTRA DE PRODUÇÃO LITERÁRIA

ORGANIZADOR: THIAGO BARROS

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Capa

Gilson França

Preparação e revisão

Thiago Barros e Gilson França

Suporte de tecnologia

João Batista Correia Neto

Os personagens e situações desta obra são reais apenas

no universo da ficção; não se referem a pessoas e fatos

concretos e não emitem opinião sobre eles.

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“A arte é uma arma carregada de futuro”.

(do filme Noviembre, 2003)

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Sumário

A menina de rua que não sabia ler........................................................................................................... 9

Cada luta, uma vitória ............................................................................................................................ 12

Rotina...................................................................................................................................................... 14

Alento das Flores .................................................................................................................................... 17

Últimos suspiros ..................................................................................................................................... 19

Um mundo atrás da porta ...................................................................................................................... 22

Noite do medo ........................................................................................................................................ 25

Sombras da noite.................................................................................................................................... 26

Amnésia .................................................................................................................................................. 30

Mais um sonho ....................................................................................................................................... 32

A menina dos olhos de ouro................................................................................................................... 34

A perda de um futuro brilhante ............................................................................................................. 35

Melissa e a árvore da amizade ............................................................................................................... 37

Rock selvagem ........................................................................................................................................ 39

O Joaquim ............................................................................................................................................... 47

As aparências enganam .......................................................................................................................... 49

O menino que procurava pensamentos ................................................................................................. 50

Cidade dos sonhos .................................................................................................................................. 51

A formiga e a maçã ................................................................................................................................. 53

O cacho de uvas e a maçã ...................................................................................................................... 54

A cobra e a lagarta .................................................................................................................................. 55

A cobra e o leão ...................................................................................................................................... 56

A metáfora e a vida ................................................................................................................................ 58

A cobra e o rio ........................................................................................................................................ 64

O Mundo................................................................................................................................................. 65

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A menina de rua que não sabia ler

Mariana Braz Maia

Estou deitada no chão, com os olhos fechados e coberta com um lençol. Amanhã é meu aniversário de sete anos, e eu ainda não

aprendi a ler.

E esse é o meu maior desejo.

Eu moro em uma rua da cidade de São Paulo. Vivemos eu, minha mãe, meu pai, meus tios e meus primos. Pelo que eu sei, meu

pai é o único de nós que trabalha. Como sobrevivemos? Pedindo esmola.

É meu trabalho todo dia de manhã: parar nos semáforos e ir pedindo dinheiro, comida, qualquer coisa. Com sorte, consigo dez

reais em uma manhã.

Desde que tinha cinco anos, venho implorando para minha mãe

para ir àquela casa branca com várias crianças entrando. Mais tarde, descobri que o nome do lugar é escola e as pessoas lá aprendem a ler

e escrever.

Um dia, quando tinha cinco anos, estava no semáforo e fui

pedir esmola a uma mulher, e ela me deu um monte de papéis com um mais grosso envolvendo todos eles. E então perguntei:

– Moça, o que é isso?

– É um livro – disse ela com um sorriso. – E se quiser lê-lo vai ter que ir para escola.

Então o sinal abriu e ela se foi.

Agora que tinha um livro na minha mão, fiquei extremamente

curiosa para lê-lo. Como não sabia ler, fui pedir para minha mãe para ler para mim. A resposta que ela me deu foi:

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– Minha filha, eu não sei ler – falou ela de cabeça baixa.

Inconformada, falei:

– Então me deixa ir para escola para aprender a ler.

De repente, ela se levantou, ficou vermelha e exclamou:

– Maria Clara! Já te falei um milhão de vezes que escola não é lugar de pobre! Primeiro: não temos dinheiro para comprar bolsa,

livro, caderno, agenda, farda e todas as outras mil coisas necessárias para escola. Segundo: de manhã você precisa fazer seu trabalho

pedindo esmola, senão como vamos viver? E terceiro: Você não

precisa ler! Para que isso?! Livros são tão chatos! – gritou.

Depois que ela falou isso, fiquei paralisada. Minha mãe nunca gritava comigo, talvez pelo de fato de sermos moradores de rua e de

ela não querer que eu sofra mais ainda, mas desta vez ela estava

muito brava. Por que minha mãe estaria com tanta raiva pelo simples fato de eu querer ir para escola?

– Mas, mãe...

– Já chega! Eu já falei que não posso pagar! Vá dormir!

Então eu me deitei, entre as lágrimas, pensando no que tinha

naquele livro...

Anos se passaram até eu ficar com sete anos, e a vontade de ir para a escola e ler aquele livro voltou. Vou com toda a calma, falar

com minha mãe, mas, assim que pronuncio a palavra escola, ela

manda–me calar a boca e não falar mais aquilo.

Como eu sei que minha mãe não me mandaria para a escola de jeito nenhum, decido não ir pedir esmola na manhã do meu

aniversário e ir atrás do meu presente.

Não sei como conseguir, mas tentarei.

Vou até a fachada da escola e fico parada observando. E então, sem pensar, pego a mochila de uma menina e saio correndo, a

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menina chora e a mãe grita. Alguns homens correm atrás de mim,

mas eu sou mais rápida e chego em casa com a mochila.

Morta de feliz, abro a mochila e encontro um livro de

português. A menina devia ser de uma série bem baixa, porque o

livro está ensinando a pronunciar as letras. Então pronuncio os sons de todas as letras e agora tento pronunciar duas letras juntas. Depois

de um tempo, todos os exercícios fáceis já se foram, e só conseguirei fazer o restante se souber ler. Então, não adiantou de nada ter

roubado aquela mochila...

Dias se passam e fico cada vez mais triste por não aprender a

ler. Mas quando estou quase entrando em depressão, uma mulher aparece na minha casa, ou melhor, na rua, observa-me com atenção

e depois fala:

– Eu vi você roubando aquela mochila. Eu sou professora

daquela escola. Fiquei intrigada, pois queria saber o que te levou a fazer aquilo. – Quando ela fala isso, fico com os olhos arregalados e

nervosa.

Por fim falo:

– Eu... só queria aprender a ler.

Ela sorri. – Só isso? Não precisava ter roubado a mochila! Eu te ensino a ler. – Ela senta do meu lado e pega livro, começa a me

ensinar sobre português e, no fim, lê pra mim o livro que ganhei

quando tinha cinco anos. Falava de uma princesa que vivia em um castelo e não sabia ler.

Fico tendo aulas com ela durante muitos dias até que ela me

convida para entrar na escola em que trabalha. Fico tão feliz que

choro. Afinal, toda história tem final feliz.

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Cada luta, uma vitória

Pietra de Oliveira Trigueiro

Nunca pensei que fosse passar por um momento desses. Vi minha vida passar diante dos meus olhos...

Em um dia depois do trabalho, voltando para casa, estava passando por uma ruazinha estreita, fedorenta, escura e sombria, de

arrepiar qualquer um... De repente, só escutei uma alta e forte

batida: meu carro acabara de sofrer uma grave colisão. Quando me olho, estou quase desmaiada. Depois não me lembro de mais nada...

Depois do acidente, acordei em um hospital meio desorientada,

tonta, com dores e enjoada. Quando abri os meus olhos – bem

devagarzinho, para não sofrer tanto com a dor insuportável –, vi que estava cercada por médicos. Achei muito estranho. Imagina você

acordar depois de um tempão inconsciente e, assim que abrir os olhos, estar cercada por pessoas que você nunca tinha visto, olhando

e examinando você! Eles me disseram que já fazia um mês depois

do meu acidente, e eu só havia acordado agora. Relataram-me que o acidente havia sido grave, que por pouco não morri. Na realidade,

achei horrível que o meu acidente tenha sido grave. Às vezes fiquei me perguntando: Por que isso aconteceu? Por que tinha que ser logo

comigo?

Porém, descobri que fiquei paraplégica e perdi os movimentos

das pernas. Então, para poder sair de casa e ir para qualquer lugar, teria que usar uma cadeira de rodas. Para mim, seria até melhor

morrer do que passar uma vergonha dessas! Na minha visão, o

mundo morreu. Está triste, sofrendo, escuro e com desespero – não qualquer desespero, o desespero que nunca passará, e a paz nunca

voltará, se um dia ela já existiu.

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Todo dia enfrento uma luta, dependo sempre de alguém para

me ajudar. Mas a cada dia venço mais uma luta da minha vida, que

quase não durou trinta anos.

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Rotina

Kelson César L. Pacífico

Lucas estava quieto como sempre: calado, imerso em pensamentos. Era mais um dia como outro qualquer: acordar, ir para

escola, para casa, fazer tarefa, dormir. Uma rotina pra lá de

monótona, porém o menino já estava acostumado. Ele chega da escola, faz suas tarefas e se vê num imenso tédio. Assim, ele olha

para a janela e vê as outras crianças do bairro jogando futebol no campinho.

“Já terminei minhas tarefas mesmo!” pensa Lucas, decidindo sair de casa pela primeira vez desde que se mudou para São Paulo.

O céu está cinza-azulado, faz um frio bastante agradável, e o sol brilha. Lá vai Lucas, ao encontro do campinho. Quando este

morava em João Pessoa, costumava jogar todos os dias, sendo da equipe de futebol do colégio. Mas depois de o pai conseguir um

emprego em São Paulo, tudo mudou: a vida na megalópole era

perigosa, e sua mãe era superprotetora ao ponto de não deixa-lo sair de casa.

O garoto chega ao campinho, conta mais ou menos 15 meninos

jogando, e tenta se enturmar.

“O...Oi” diz Lucas com um sorriso. “Posso jogar com vocês?”

“E ai garoto, quem é você?” Pergunta um menino sardento, um pouco mais alto que ele e bem mais forte.

“Sou o Lucas, moro aqui já faz alguns meses, mas nunca vim

aqui no campinho. Posso jogar?”

“Hehe... Claro. Você é do time do Luiz. LUIZ VEM CÁ, ELE

É DO SEU!” grita o menino sardento chamando o Luiz, que logo

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aparece, este parece bem mais sociável, e cumprimenta Lucas com

um aperto de mão. Luiz é mais baixo que Lucas, e tem um cabelo

castanho de cor um pouco mais escura que o de Lucas.

“E aí, cara! Então você é o que mora na casa da esquina?”

“Sou eu sim!”, responde com um sorriso.

“Então, o time sou eu, você, o Roberto, o Paulo, o Humberto, o

Davi, e o Pedro Henrique.” Diz Luiz, apontando para cada um

conforme dizia os nomes. Lucas sempre foi bom com nomes, e memorizou todos.

Eles começam a jogar. Logo todos percebem a habilidade de Lucas, que dribla e chuta com a maestria de um verdadeiro craque, o

que irrita os meninos do outro time, e o sardento dá um empurrão em Lucas, que sendo mais fraco, cai no chão. Suas pernas estão

todas arranhadas, mas o jogo continua, e Lucas, depois de passar um

pouco de água por cima dos arranhões, volta ao jogo.

É uma partida na qual o primeiro que fizesse dez gols venceria, e está nove a nove. Então a bola é passada para Lucas no meio de

campo, Lucas dribla todos, chuta um pouco antes da linha da área, a

bola vai no ângulo, um golaço! Todos vão cumprimenta-lo, inclusive o menino sardento, que veio se desculpar.

“Me desculpa cara, eu.. eu fiquei com raiva.”

“Não foi nada, é de jogo mesmo. Tá desculpado.” Diz Lucas com um sorriso e cerrando o punho num sinal de “toca aqui”.

Feliz da vida por ter brincado com outras crianças e saído da pacata rotina, Lucas vai andando de volta para casa, com um sorriso

de orelha a orelha, mas que ao chegar vai se desfazendo...

“Lucas! Onde você estava?! Ah, Lucas!” diz sua mãe, quase

aos prantos.

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Meio sem graça, Lucas põe a mão na cabeça e responde:

“Ahm... eu tava no campinho mãe... brincando”.

“Quase me mata de susto! E suas tarefas? Já fez, Lucas? Ou

você acha que vai conseguir ser alguém na vida brincando de

bola?!” Sua mãe agora soa muito irritada.

“Já as fiz mãe, e eu fui brincar porque faz meses que moramos aqui e você nunca me deixou sair. Agora eu vou sair todos os dias

depois da tarefa. Querendo você ou não.” Responde Lucas, ainda

mais irritado que a mãe.

Lucas então sobe e tranca-se no seu quarto.

Mais tarde, sua mãe e seu pai vão conversar com ele, e decidem

deixar Lucas sair para brincar todos os dias, desde que faça as tarefas. O menino torna a abrir o sorriso de orelha a orelha. Em um

dia passou de uma vida chata, monótona, para um garoto com

amigos, e social.

E Lucas vai dormir pensando: “Minha rotina? acordar, escola, casa, tarefa, brincar e dormir!”

E então ele adormece. Um menino feliz.

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Alento das Flores

Lara Fernandes de Carvalho

Ao relento do vento, seus cabelos voavam ainda úmidos, caindo sobre seu rosto. Algo nela me chamava à atenção. Não sei se

pelo fato da mesma parecer tão carente de companhia, mas uma

imensa sensação de melancolia recaiu sobre mim, fazendo com que me aproximasse daquele pequeno ser sem luz.

Eu também não estava exalando alegria, mas aquela garotinha refletia tamanha dor. Por fim, sentei-me ao seu lado, perguntei-lhe

seu nome. A mesma respondeu que se chamava Alice, e assim fui tentando animá-la, apesar das tentativas não terem sido bem

sucedidas. Respirei fundo e fui direto ao ponto, perguntei-lhe por

que parecia tão triste, sua resposta foi interessante, apesar de não ser bem uma resposta e, sim, outro questionamento. Ela olhou

diretamente nos meus olhos e disse:

– Por que as flores murcham?

Olhei para aqueles olhos inchados e azuis sem entender bem

aonde queria chegar, então respondi:

– Bem... Talvez porque já mostraram toda sua beleza ao

mundo, não sei.

– Errado – respondeu a garotinha.

– Então por quê? – Indaguei

– Acho que pelo fato de dar lugar às outras flores. Se nenhuma

nunca murchasse, o mundo estaria monótono.

– Talvez – respondi.

E novamente aquele perpétuo silêncio. Não gostava daquilo, então resolvi puxar assunto mais uma vez.

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– Onde estão seus pais?

– Não sei, nunca soube.

Ela pegou um papel em seu bolso, juntamente com uma caneta,

e começou a escrever algo. Até que sua avó chegou e olhou de uma maneira estranha para mim, ignorei-a e saí. Ao entrar no ônibus,

escutei meu celular tocando. Atendi rapidamente, era minha esposa, ela me avisava que sua bolsa havia estourado e que, em poucas

horas, nasceria nosso primeiro filho. Fiquei tão feliz que esqueci

tudo e corri para o hospital. Esperei apreensivamente, até que vi o médico. Seu rosto não parecia bem. Logo me preocupei, ele me

falou friamente que havia acontecido uma complicação no parto e ambos morreram. Não sabia o que fazer, o que falar, muito menos

como agir naquele momento. Chorei, desesperadamente. Nada mais

me importava, até que me lembrei do comentário daquela garotinha.

Corri o mais rápido possível até a praça. Chegando lá, a vi lisonjeiramente. Então corri cada vez mais em sua direção, mas

possuía um pressentimento de que a distância nunca acabava.

Quando finalmente cheguei mais perto, uma imensa luz surgiu, sucumbindo-a.

Não aguentava tamanha dor, entreguei-me. A morte me

parecia mais razoável. E ela não era dolorosa e amarga como todos

diziam. Era suave, calma e lisonjeira. Só então entendi o que a menininha queria explicar-me, em meio aos espinhos conheci a

suavidade das pétalas existentes na flor. E de repente aquela forte e ofuscante luz reaparecera. Foi quando desejei que tudo aquilo fosse

um sonho, mas não. Era a realidade altamente contagiosa que não

permitia tal devaneio.

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Últimos suspiros

Annah Kehrle de Sá

Olho ao redor, tentando identificar alguma câmara escondida. Após certificar-me de que entrou segura, abaixo a cabeça e logo

começo a soluçar. Lágrimas escorrem por meu rosto e suspiro. Isso

não é algo que pode voltar a acontecer. Vejo uma sombra e logo alguém me apunhala pelas costas. A última visão que tenho é do

sangue escorrendo e manchando minhas vestimentas.

Levantei da cama em um salto e logo corri para a janela, com

medo de que houvesse alguém ali. Obviamente não havia, e, caso houvesse, eu não conseguiria enxergar pelo escuro da noite.

Ninguém se daria o trabalho de espionar a última casa da rua, a casa

das aparições, a casa mal assombrada. Nunca acreditei em fantasmas ou qualquer ser surreal que pudesse me atacar enquanto dormia, mas

ultimamente venho tendo “sonhos” bastante estranhos, lembranças do passado. Sinto meus joelhos fraquejarem e toco minhas costas.

Posso sentir a cicatriz formigar quando minha mão encosta nela.

Consigo senti-la, mesmo através do tecido.

Levanto minha cabeça e caminho até o espelho, encarando durante míseros segundos aquela criatura asquerosa e de aparência

doentia. Meu cabelo negro e meus olhos verdes, marcados por

escuras olheiras, caem por meu rosto, de forma que meu tom de pele aparenta ser espantosamente mais pálido. Jogo–o para o lado e solto

um longo suspiro e sento novamente na cama. Em uma tentativa frustrante de ter uma boa lembrança, recordo-me de meu sonho.

Solto um grito de frustração e ouço seu eco preencher a sala. Tremo perante as lembranças de meu passado e ouço passos

acelerados vindos do corredor.

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– Quem está aí?! – exclamo, com minha voz fina e

extremamente irritante. Corro meus olhos pelo humilde cômodo e

não localizo nenhuma saída possível. Não há nem um único esconderijo. Estremeço. Posso ouvir os passos se aproximando.

Olho para a janela. “Você está completamente louca!” falo para mim mesma. Mesmo assim, pulo.

O pavor toma conta de mim. O que eu tinha feito? Sinto um impacto ao bater meu braço do chão. A dor queima pelo meu corpo,

mas eu começo a correr. Estou perto das árvores quando tropeço,

caindo em cima do chão frio. Lágrimas brotam em meus olhos e olho para o ferimento em minha perna. A temperatura parece estar

mais amena e há vagalumes iluminando a floresta. O sangue jorra fortemente do resultado do galho que se crava em minha perna.

Afundo minha cabeça em meu colo e ponho–me a chorar. Meus soluços altos quebram o silêncio daquela monótona noite. Ouço

então, para meu desespero, o inconfundível barulho de galhos quebrando. As passadas são ágeis, apesar de pesadas. Meu sangue

gela e tento me levantar, o que apenas resulta em um arranhão em

meu braço. Não há para onde fugir desse modo. Retiro cuidadosamente – e bastante enojada – o galho que pendia em

minha perna. Sento como se houvesse uma bola de pelos em minha garganta. Levanto-me cuidadosamente e, na medida do possível,

corro.

Sinto uma mão em volta de meu pescoço, apertando-o, e

desmaio. Meu corpo permanece imóvel assim durante várias horas. Eu consigo ouvir o barulho de terra sendo jogada, e eu quero correr,

mas não tenho condições.

Sinto alguém me segurando e sou arremessada dentro do que

identifico como um buraco. Sinto minha cabeça bater contra algo e o tempo começa a passar mais devagar. A dor vai se espalhando e me

sinto sufocada. Quando dou por mim, noto o que está acontecendo.

Eu estou morrendo. Tento forçar a mim mesma a respirar, mas não

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consigo. “Tudo uma tentativa falha” penso, sentindo uma grande

quantidade de terra batendo contra meu rosto. Fecho meus olhos e

só me resta sentir a vida esvaindo-se de mim.

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Um mundo atrás da porta

Rhafaela Castelo Branco C. Carvalho

– Eu ouço sussurros no final do corredor, tento abrir a porta, mas ela sempre se encontra fechada. Acredito que talvez, no outro

lado da porta, tenha outro mundo, porem costumam dizer que eu sou

louco – disse pela terceira vez ao meu psicólogo.

– Você pode me descrever o que elas falam? – disse ele com a

mesma expressão séria de sempre.

– Não acho certo. Afinal, elas falam só para que eu ouça – tentei não demonstrar o nervosismo na minha voz, o que era uma

tarefa difícil. Imagine ficar três dias sem dormir com a mesma voz

lhe sussurrando a mesma coisa. As luzes piscam, a humidade do ar fica menor, as janelas batem na parede violentamente.

“Estamos te aguardando” era apenas o que diziam. Decidi por

fim não falar-lhe isso.

– Entendo. Seu horário acabou. – Bufou ele, mostrando o

quanto não acreditava em mim, mas já estava acostumado com isso.

E ele continuou – quero que você me conte sobre o que lhe falam na próxima consulta. Espero que até lá esteja preparado.

Fui para casa sem falar mais nada. As pessoas que passavam na

rua me olhavam e desviavam o olhar logo em seguida,

provavelmente pensando “O maluco da casa 333”.

Cheguei em casa e coloquei a mão na maçaneta. Em seguida, um vento frio, senti uma onda elétrica percorrer meu corpo. Por um

segundo pensei em sair para algum lugar com alguém para me

distrair e ficar por uma boa temporada lá, só que me lembrei de que não tinha amigos ou parentes, ou um alguém para me acompanhar.

Suspirei pesadamente e entrei em minha casa.

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As luzes piscaram. Alguém vinha se aproximando. A pessoa

sumiu. Um vaso quebrou-se a minha direita e a pessoa que tinha

aparecido ao seu lado novamente sumiu. Demoraram uns dois minutos quando me dei por convencido e decidi ir ao meu quarto. A

pessoa apareceu na minha frente e passou por mim com uma facilidade, deixando-me uma dor descomunal.

Corri para o meu quarto e me tranquei lá, tentando dormir e acordar, esquecendo-me de tudo, mas mal sabia eu que a noite tinha

apenas começado. Abri meus olhos e vi pessoas me cercando.

Fechei-os novamente rezando para que elas já tivessem saído. Não estava tão certo disso, então elas começaram a sussurrar, desta vez

algo diferente. Tentei não prestar atenção às palavras, mas cada vez que fazia isso, elas pareciam dançar ao meu redor se chocando

contra o meu cérebro.

“Está chegando sua hora. Está chegando sua hora. Está

chegando sua hora!” – sussurravam cada vez mais rápido.

Não posso mentir: isso estava me irritando e me aterrorizando

fielmente. Gritava descontroladamente enquanto colocava minhas mãos em meus ouvidos. Tentei pensar em flores, chocolate, filmes

de comédia...

“Está chegando sua hora!”

– Pensamentos felizes, pensamentos felizes – repetia a mim

mesmo, um tanto desesperado.

As vozes pararam. Tudo pareceu silêncio. Soltei um murmúrio

agradecendo.

Minha paz durou sete minutos dessa vez. Sim, eu contei.

Depois disso, fui violentamente puxado para fora da cama e arrastado para frente da porta. Puxava-me para sair daquele local,

mas uma força me puxava novamente para o sentido contrário. Por fim levantei-me. Iria dar um basta nisso hoje. Forcei a porta e a

mesma encontrava-se trancada. Como sempre, não desisti. Forcei-a

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novamente. Nem uma diferença aparente. Mesmo assim continuei:

peguei um clipe e tentei abri-la. O mesmo foi cuspido na hora!

Tentei mais algumas vezes e decidi ficar como derrotado. Sentei-me ao chão dando-me por vencido. Porém algo me pós de pé de novo.

Estranhei, mas me aproximei da porta, forçando-a pela 29ª vez naquela hora e, por sua vez, ela cedeu. Uma luz iluminou, um brilho

estonteante atingiu-me os olhos

– Estávamos esperando por você – dizem, e acaba soando como

um coral.

Perco-me em um mundo e vejo meu corpo caído. Os sussurros

param. A imagem na minha frente é, de todas, a melhor que já vi na minha vida.

Minutos depois, sirenes, pessoas afora e vários boatos:

“Vieram três quadrilhas para pega-lo, mas ele resistiu e lutou

bravamente. Porém acabou por não vencer a luta.”

Alguém no canto dizia:

“Isso é história para boi dormir! Ele era doido e se matou.”

Ao seu lado:

“Não. Eu vi quando pegaram uma arma e atiraram nele!”

A verdadeira história? Nem eu sei direito...

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Noite do medo

Maria Clara Morsch Schmid

Em uma tarde escura de inverno, comecei a escutar ruídos. As luzes se apagaram e velas se acenderam onde não havia sol. Estava

preso em um universo paralelo.

Naquele lugar que parecia uma sala de hospício, onde a

escuridão predominava, a morte era algo comum que fazia parte do

dia-a-dia das coisas que lá viviam.

Ao andar por lá, avistei algumas almas, esqueletos, corvos e restos de pessoas que por lá perambulavam, assombrando o lugar.

Nas paredes havia pessoas acorrentadas em estado aterrorizante.

Encontrei uma linda moça, com a qual tentei conversar, porém

ela não permitia nenhum tipo de contato.

Ouvia-se no fundo barulho de trovões e raios no céu, também

vozes ecoando dentro da sala.

De repente o telefone tocou e eu acordei do meu pesadelo,

agora estava em um lugar onde o sol brilhava, era um novo dia e eu e as pessoas que estavam ao meu redor estávamos vivas.

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Sombras da noite

Kelson Cesar Lacerda Pacífico

A lua emitia uma luz fraca. O ar gélido das noites de Londres se misturava à neblina incessável. Uma coruja emitia sons

periodicamente, e Jack estava inquieto em sua cama, envolto em

pensamentos, completamente sem sono.

Era dia vinte de setembro, véspera da data em que ele

finalmente completaria 20 anos. Data também em que ele faria a iniciação na polícia inglesa, a Scotland Yard. Jack é de uma família

histórica de policiais, os Bradbury de Londres, que chefiavam a Scotland Yard desde 1906, quando Thomas Bradbury assumiu.

Jack acordou com um salto, ao som de tiros, provavelmente desferidos nas proximidades da Mansão Bradbury. Ele desceu com

uma arma em mãos, que ele, com o tempo passado com o seu pai, aprendera a utilizar com maestria. A cena era aterrorizante: Owen, o

mordomo da família, estava morto. Era visível um vulto correndo ao

longe. O assassino se escondia nas sombras da noite.

Pobre homem. Owen servira muito bem à família. Jack não conseguia se lembrar de algum momento em que estivesse em casa

sem a presença dele. Agora ele estava morto. O garoto sentia uma

facada em seu coração, ele sentia a perda do leal serviçal e do amigo.

O assassino já estava longe quando Jack finalmente se

recuperou. Alguns minutos depois, seu pai, Ravi, chegou em casa.

“O... Owen?” a voz do velho homem falhou. “O que

aconteceu?!”

“Ele... ele foi atacado, eu... eu estava dormindo, não consegui

chegar, pai...”, falou o jovem em meio a soluços.

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“Eu não... não consegui salvá-lo!”

“Não foi sua culpa, Jackie, mas nós encontraremos o maldito assassino”.

“Você é um membro efetivo da Scotland Yard, Jack.”

Um ano se passara. O verão londrino podia até ser pior que o inverno: o sol é escaldante, o calor penetrante reina, e Jack chega ao

escritório.

“Knock, Knock, Knock”. Alguém batia à porta.

“Sr. Bradbury?”

“Entre.”

Era o oficial Mallory. Ele vinha informar Jack de que ele

havia sido transferido para um novo caso. Era o caso de Owen. Foi descoberto que o assassino roubou o relógio de ouro do mordomo, o

que indicaria que a intenção principal do crime foi o roubo, mas

ainda havia questões no caso, e a missão de Jack era acabar com toda e qualquer dúvida.

O jovem tenta se lembrar do caminho percorrido pelo

assassino, e solicita todas as câmeras de segurança da redondeza.

Cerca de uma semana depois do começo da investigação, apareceu a primeira resposta: uma câmera gravou a carteira dele, que continha

as inscrições:

“Propriedade de Joshua Oswald Gibbs”.

Após pesquisas feitas no sistema da cidade, foi encontrado o

endereço do assassino. Joshua residia no subúrbio sul de Londres, na Gollocks Road,153. E, sem perder tempo, Jack foi atrás dele. A

ruela era sombria, as casas eram amontoadas e cinzentas, não havia

ninguém na rua, e com a mão no bolso onde estava a arma, Jack bateu na porta da casa 153.

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“Knock Knock Knock.” O som ecoou por toda a rua. Jack

ouviu um passo, mas, depois, o silêncio voltou. Havia uma janela

aberta ao lado esquerdo da casa. Jack pulou silenciosamente e vasculhou a casa com a arma em mãos. Ele achou documentos com

o nome “Joshua Oswald Gibbs”. Estava no lugar certo. Enfim, ele chega ao quarto e derruba a porta com um chute. O assassino estava

à sua frente. Tomado pelo ódio, viu-se com o dedo prestes a puxar o

gatilho, mas o treinamento o fez recuperar a linha.

“Foi você, maldito assassino! O que o levou a matar o pobre

mordomo?!”

“Bradbury... você é um Bradbury rapaz?”

“S... Sim! sou o filho do Sir Ravi Bradbury!”

“Ravi Bradbury... sim eu me lembro. O filho de Sir Arthur

Bradbury. Arthur contratou Owen quando seu pai tinha mais ou

menos sua idade. Sua família me fez mata-lo. Pensava ter atirado em seu pai. Vocês destruíram a minha vida! Bradburys imundos! Vão se

danar!”

Jack abaixou a arma por um segundo, e o assassino sacou um

pequeno revólver e atirou na perna de Jack.

“Aaaaah!” gritou o jovem em dor, e disparou contra o tórax do assassino, este desmaiou. Jack chamou ambulâncias e Joshua

sobreviveu, mas foi condenado a prisão perpétua. Caso encerrado.

Mas Jack ainda não sabia de uma coisa: o que Joshua quis dizer quando disse que destruímos a vida dele? Ele perguntou ao seu pai.

“Joshua Gibbs? Ele era o líder da máfia inglesa, riquíssimo

com dinheiro do narcotráfico. Seu avô, Arthur, prendeu toda sua

família e apreendeu seu dinheiro. O patife devia querer vingança”.

E dia após dia Jack ascendia na polícia até que ele sucedeu o

pai como General. E cinco anos depois ele recebeu uma misteriosa carta que dizia:

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“Ainda não acabou. Joshua Oswald Gibbs”

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Amnésia

Tatiana Oliveira Alexandria

Ele não entendia o porquê. O porquê que estava naquele local. Pedro pensava que estava alucinado, não podia estar

acontecendo aquilo justo com ele. O menino se encontrava em uma

clinica de reabilitação, mas não se lembrava de como tinha chegado a tal lugar. O garoto de apenas dezessete anos se drogava com mais

dois amigos no banheiro da escola quando foram encontrados pelo diretor e, desde então, não se lembrava de mais nada. Seus amigos

não se encontravam ali naquele quarto branco sem nada a não ser a

cama em que estava e duas portas.

O garoto não só se esquecera do que havia acontecido logo

após serem encontrados, como não se lembrava de quanto tempo estivera naquele lugar. Ele se sentia pesado, como se ainda sentisse

o efeito das drogas em seu organismo, mas sabia que era algo diferente, parecido com calmantes fortes. E então o barulho da porta

ecoou pelo quarto.

“Senhor, está na hora de sair desse quarto, não acha?” Disse

uma enfermeira, logo depois ajudando-o a se levantar e sair do quarto.

O corredor parecia nunca se acabar para Pedro, mas assim que virou à esquerda do mesmo, pôde ver um grande jardim a

sua espera. Muitas pessoas vagavam pelo local. Parecia bem cedo para uma movimentação daquelas. O sol não estava tão forte como o

de costume. Muitos dali se olhavam de uma forma estranha, como

se perguntassem a mesma coisa umas às outras.

“Como cheguei aqui?” Pedro perguntou, sem se dar o trabalho de olhar para a mulher ao seu lado. Já ela, por sua vez, o olhava

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incrédula. Não era comum as pessoas perguntarem algo do tipo a

ela. Então, ela o respondeu:

“Da mesma forma que os outros. Fomos chamados, então lhe

trazemos à força para a clinica.”

“E há quanto tempo foi isso?”

“Há mais ou menos quatro meses”.

O menino a olhou, pasmo. “Como isso era possível?” Ele se perguntava. Para Pedro era impossível ter ficado tanto tempo em um

local e não se lembrar de nada. A enfermeira continuou a falar,

interrompendo seus pensamentos.

“Normalmente dopamos pessoas como você com remédios e calmantes até termos certeza de que podemos liberar do quarto.

Bom, eu já falei mais do que devia, então, por favor, fique quieto e

colabore como os outros!” Disse a mulher, já se virando, mas Pedro a segurou pelo ombro.

“Espere! Eu não posso ficar aqui. Como assim pessoas como

eu? Me tira daqui. Eu não posso ficar aqui! Não posso!” Ele gritava

para a mulher, enquanto a sacodia ainda pelos ombros.

Algo tampou sua boca e sentiu dois homens o segurando e botando uma camisa de força. Atordoado, o garoto se sacodia,

tentando se soltar. Pedro já não aguentava mais um dia naquela

clínica de reabilitação, mesmo sem se lembrar de nada durante o tempo em que passou ali.

Os homens o tiraram do corredor, levando-o para um quarto diferente, porém ainda todo branco. Esse, dessa vez, era todo

estofado, como se fosse para ele não se machucar com nada. Tudo que Pedro pensava era como não se lembrar da parte mais dolorosa

de sua vida.

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Mais um sonho

Letícia Araújo Coelho Teixeira Meira

Sábado, fim de tarde. Eu tinha numa faixa de 3 a 4 anos. Naquela fase que tudo era um encanto, um conto de fadas, estava

caminhando com meus pais no shopping. Quando olhei para uma

loja de brinquedos, parei de andar, meus olhos grudados naquela imensidão de brinquedos, tudo colorido, não podia esperar: tinha

que entrar lá!

Por impulso, soltei as mãos deles, corri em direção à loja.

Porém, quando cheguei lá, devia estar tendo uma promoção, ou algo assim, porque a loja estava lotada. Devido a minha pouca idade, era

muito pequena, então só podia ver pernas, pernas e mais pernas. Na

falta de meus pais, comecei a chorar. Até que, de repente, surgiu um homem alto, de roupa preta, óculos escuros; olhou para mim e, em

seguida, em sua volta, sussurou em meus ouvidos:

– Você vem comigo! E quieta, senão você será morta!

Então ele me carregou e me jogou dentro de um carro, com

mais três crianças dentro que, provavelmente por ordem do homem, também tinham que ficar caladas.

Uma hora depois, chegamos numa casa, com uma aparência não muito convidativa em relação às outras casas da rua. Ele nos

tirou do carro e nos mandou entrar. Logo em seguida, nos trancou num quarto, até que meia hora depois chamou um dos meninos.

Cerca de quarenta minutos depois, ele voltou sem suas córneas,

aconteceu o mesmo com mais duas. Até que, quando chegou a minha vez, escutei uma porta sendo arrombada e, de repente, surge

um homenzarrão com roupa de policial e nos pega no braço e disse que ia ficar tudo bem. Quando acordei, estava sendo levada de novo

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no colo, mas desta vez me deparei com rostos muito familiares,

eram meus pais! O policial contou para eles tudo o que tinha

acontecido, e depois me entregou a eles. Fiquei tão feliz em voltar ao regaço da minha e do meu pai novamente, mas teve uma hora em

que eles só começavam a repetir meu nome:

– Amanda!Amanda!Amanda!

Acordei! Era a minha mãe me acordando para mais um dia de

escola. Que bom, pois era só um sonho. Quer dizer, pelo menos para

mim, porque o meu sonho infelizmente está acontecendo agora com crianças, jovens e adultos de todo o mundo!

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A menina dos olhos de ouro

Natália Matias Abrantes

Existia uma menina, no sul do Brasil, que gostava tanto de ler e de escrever que era tão triste por causa de sua madrasta que a

obrigava a ir todo dia ao poço e trazer água no balde em cima da

cabeça. Essa menina, um dia, furou seu dedo no espinho que teria grudado na corda do poço. Não chorou muito, pois ali vinha uma

senhora e essa garota não queria chamar a atenção de ninguém.

A senhora que estava vindo por ali viu a menina enxugando

as lágrimas e perguntou–lhe o que estava acontecendo. A menina respondeu:

– Eu espetei meu dedo nesta corda, mas, por incrível que pareça, não vejo nenhuma rosa com espinhos por aqui.

– Você pode não acreditar, mas foi sua madrasta que deixou

isto aí. –Disse a senhora, já tirando a fantasia e amostrando que

era ela sua fada madrinha.

– Minha fada madrinha! O que a senhora está fazendo por

aqui?

– Eu vim te dar isto, minha filha.

A fada madrinha entregou à menina uma caixa que ela só

poderia abrir quando estivesse triste. Ela se despediu e as duas foram embora.

Quando a garota ficou triste e abriu aquela caixa, ficou com

os olhos cor de ouro e, toda vez que a abria, realçava a cor dos

olhos da menina e a deixava mais feliz. A menina nunca mais se entristeceu e resolveu as coisas com a sua madrasta, que nunca

mais discutiu com a enteada.

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A perda de um futuro brilhante

Maria Júlia Albuquerque Fernandes

Emily era uma garota de 14 anos, tinha cabelos lisos, loiros e olhos azuis. Era linda. Mas a sua rebeldia fazia com que ela fosse

amarga, feia.

Em certo dia, chegava da escola e sua mãe fez a seguinte

pergunta, mesmo sabendo como seria a resposta.

– Como foi na escola, filha?

– Ah, mãe... O mesmo de sempre... Fui para direção, arrumei

briga com outras séries...

Emily achava que sua vida se resumia a contos de fada. Suas

recuperações, reprovações e notas baixas a levariam a viajar quase

todo mês, poder comprar muitas joias e ter uma profissão decente. Por mais que todos dissessem que deveria estudar, ela não ligava.

– Filha, desde criança...

– Eu sempre quis ser uma médica – disse Emily, interrompendo a mãe.

– E você ainda quer ser?

Ela paralisou. Ficou pensativa. Era a profissão dos seus sonhos, mas ela logo desanimou, pois sabia que não daria mais tempo de

correr atrás. Sem dizer nenhuma palavra, foi em direção ao seu

quarto, onde passara a tarde inteira. Apenas chorando, arrependida. E, do outro lado, podia–se ouvir sua mãe choramingando, sem saber

mais o que fazer.

À noite, já não tinha mais lágrimas para derramar. Já não tinha

arrependimentos. Saiu de seu quarto e fez uma pergunta a sua mãe: – Minhas amigas me chamaram para ir a uma balada. Posso

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ir?

– Mas é claro que não! Você vai passar a noite no seu quarto

pensando, repensando tudo que você fez! – falou sua mãe. Todos diziam que essa amizades eram uma influência para

Emily, mas, como sempre, ela nunca ouvia essas pessoas. Nunca acreditou em nenhuma.

Com raiva, saiu para o seu quarto, onde descontava todo o seu ódio nas suas coisas. Quebrando. Amassando. Rasgando. No final

das contas, não resolveu nada, decidiu assim mesmo ir para a

balada, sua mãe querendo ou não.

Anos se passaram e logo descobriu que estava grávida. Todos ficaram chocados com a notícia. Como uma garota de 18 anos iria

ter amadurecimento para ser mãe?! 9 meses depois, nasceu Mylene,

uma garota linda, assim como a mãe, e muito forte. Aos 24 anos, Emily faleceu, deixando, de herança, apenas suas

mais belas e últimas palavras:

– Filha, eu só te peço uma coisa: estude para ter um futuro

brilhante. Infelizmente não tive essa oportunidade, e gostaria que você tivesse. Te amo.

Atualmente, Mylene é graduada em medicina; é uma grande

pediatra. Ela tem a maior certeza do mundo: sua mãe está tendo

muito orgulho!

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Melissa e a árvore da amizade

Victória Kallyne de Arruda Feliciano Silva

Já tinha virado mania.

Melissa, uma garotinha de seis anos, olhos azuis, cabelos

loirinhos bem cacheados, morava no interior com seus avós numa humilde casa.

Todas as tardes, Melissa ia para debaixo de uma grande e frutífera árvore, brincar com o seu cãozinho, o Rax.

Melissa tinha muitas amigas. Mas, depois que ganhou o

cãozinho, não ligava muito para as amigas, que já tinham a ajudado

em seus momentos mais difíceis.

O que melissa pensava ser só uma árvore era, na verdade, uma

planta mágica que tinha o poder de fortalecer a amizade entre amigos. Dessa vez, Melissa tinha sido a escolhida para passar por

alguns obstáculos com o objetivo de fortalecer sua amizade com as suas amigas.

Numa bela tarde, como todas as outras, Melissa sai com seu cãozinho para brincar. Mas, desta vez, diferentemente das outras,

seu cãozinho não saiu. Ela corre desesperada atrás de sua avó para contar o acontecido. Sua avó, secretamente, já sabia o porquê deste

desaparecimento e explica à Melissa como desfazer essa maldição.

– Melissa, essa maldição só será quebrada se você consertar o

que está errado – explica sua avó.

Melissa faz uma cara de pensativa e sai andando em direção ao

seu quarto.

Após passar dias pensando, ela descobre o porquê daquela

maldição. Rapidamente Melissa veste a primeira roupa que vê e sai

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em direção à casa de suas amigas. Chega lá mais rápido que uma

bala – bate na porta – ouve o barulho da chave girando.

– Oi, Melissa! Que saudade – falam suas amigas.

– Oi, gente! Desculpe-me por não ter ficado com vocês direito, é que eu estava tão empolgada com o meu cãozinho que, sem

querer, esqueci-me de vocês.

– Tudo bem! A gente te perdoa.

Melissa passa o resto da tarde na casa de suas amigas e acaba

dormindo por lá.

No dia seguinte, Melissa é levada por suas amigas a sua casa.

No caminho, Melissa avista de longe uma figura parecida perto da árvore do quintal de sua avó. Era ele, o Rax. Melissa sai correndo

para dar um abraço. De repente, vem uma voz da árvore:

– Não troque somente uma coisa por outra. Adicione as duas à

sua rotina, dando sempre a mesma importância.

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Rock selvagem

Sérgio Gabriel Lopes

João Moisés Pontes

Pedro Sólon

Victor G.

1

Um dia, um menino chamado Pedro Guitar foi fazer um teste

para entrar na banda Rock Selvagem. A banda estava sem baterista, e Pedro era um dos melhores.

Mas não foi fácil entrar na banda. Ele teve que se tornar

amigo de Moisés e Sérgio, para passar por algumas audições.

Mesmo a banda ainda não sendo tão famosa, havia rigor na escolha dos seus membros.

Marcos, o novo empresário da banda, conseguiu torná-la

famosa. Eles começaram a ganhar muito dinheiro. Mesmo assim,

Marcos foi substituído por Garibaldi, empresário de uma grande banda de rock. Marcos ficou com muita raiva e jurou destruir a

banda. Pedro, que apresentou Marcos ao grupo, foi o único que defendeu o amigo, mas em vão.

Sérgio e Moisés foram alvos da vingança de Marcos. Eles tiveram seus instrumentos sabotados e, na hora do show, houve uma

explosão.

Os amigos do Rock, Pedro, Marcos, Moisés, Sérgio e

Garibaldi acabaram inimigos.

2

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40

Depois do grande sucesso da banda Rock Selvagem, Sérgio, o

líder da banda, expulsou todos os seus integrantes, em rede nacional,

porque o ex-empresário, Marcos, depois de demitido, sabotou os instrumentos e ocorreu uma grande explosão. Sérgio, achando mais

seguro para os integrantes, decidiu acabar com a banda. Moisés, um dos integrantes da banda, decidiu seguir sua carreira com DJ.

Com o passar do tempo, um homem misterioso, sabendo da estória, decidiu ser empresário de Moisés. Alysson, que também era

integrante da banda, soube de Moisés e quis com ele fazer uma

dupla de DJs. Moisés, sem pensar muito, concordou em formar a dupla. Não demorou muito e a dupla já começou a ficar famosa,

porque os dois já tinham bastantes fãs. Depois de Moisés perceber que não sabia o nome do empresário, então decidiu perguntá-lo:

– Como você se chama?

– Me chamo Zumo.

– Zumo?

– É.

– Bem exótico o seu nome.

De repente o celular toca e então Moisés atende:

– Alô! – fala a pessoa misteriosa. Porém, pela voz, Moisés

reconheceu a pessoa.

– Sou eu, Sérgio.

– E aí, como vai?

– Tô bem, mas eu não liguei para isso. Liguei para falar sobre Marcos.

– O que é que tem ele?

– Ele está foragido da polícia.

– Como é?

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– Você já deve ter conhecido Zumo; ele irá te treinar para que

você seja o Ninja das Sombras.

– O que é o Ninja das Sombras?

– É o Ninja que serve para espionar e pegar informações.

– Ah, tá! E Zigurate, como tá?

– Ele tá trabalhando na banda ACDC.

– E tu tá trabalhando em quê?

– Como policial. Por que você mandou Zumo?

– Porque Marcos está junto com uma quadrilha e, se eles te

pegarem, você já está pronto para se defender.

– Pedro já tá sabendo?

– Não, mas o cara já tá a caminho.

– Tá bom, depois eu ligo para dar mais notícias.

– Espera – diz Sérgio rapidamente.

– O que é? – pergunta Moisés.

– Quebra o telefone.

– Entendo.

Quando Moisés desligou, ele jogou rapidamente o celular na parede, depois chamou Zumo. Zumo chegou e perguntou:

– O que aconteceu?

– Vamos começar.

Zumo começou a rir e falou: “vamos”.

Zumo levou Moisés até o banheiro e os dois entraram na suíte e

Zumo fechou a porta.

Moisés, estranhando a atitude, falou:

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– É o fresco, é?

– Então Zumo começou a rir e apertou um botão que aparece dentro da suíte. Moisés começou a não entender o porquê de

aparecer um botão. A suíte desceu com força e chegou a um quarto

secreto abaixo do solo. Então Zumo fala:

– Começou bem o treinamento.

– Já estou assustado, disse Moisés.

Depois deles entrarem em uma sala, Zumo falou:

– Vamos começar o seu treinamento, primeiro pelos reflexos.

Então eles entraram em uma sala que lançava bola de tênis. Começando o treino, Zumo percebeu que Moisés era péssimo em

reflexo e concluiu que ia ter um grande trabalho.

Foi passando o tempo e Zumo decidiu passar para uma fase

mais difícil, que era treinar de olhos vendados. Depois de meses, ele

aperfeiçoou.

Depois Zumo ensinou a ser discreto quando pediu para dar um tempo nos treinamentos para seguir sua vida social. Então Moisés,

fazendo show como DJ, ficou cada vez mais famoso. Até que um

dia Moisés pensou e chegou à conclusão de que era tudo culpa de Pedro, porque, se não fosse ele que tivesse apresentado Marcos,

nada disso teria acontecido. Moisés, chegando a essa conclusão, ficou com muita raiva de Pedro e jurou vingança.

Voltando ao treino, ele aperfeiçoou os golpes e as técnicas mais rápidos do que outras vezes. Ele já se tornou o Ninja das Sombras.

Moisés falou a Alysson que irá viajar durante seis meses ou

mais, mas na verdade Moisés irá atrás de Pedro para vingar o seu

amigo Sérgio.

3

Page 43: CÂNTARO DAS LETRAS DIGITAL (VOLUME I)

43

Moisés pesquisou na Internet se havia alguma informação

sobre Pedro. Havia uma página só dele, pois era dono de uma

grande empresa de jogos. Dizia que dia 25/10 haveria uma apresentação do jogo God of War 4, e que ele estaria lá. Então

Moisés não pensou duas vezes, pegou as malas e foi.

Chegando lá ao local do evento, Moisés reparou que havia uma

multidão de repórteres. Chegaram e fizeram perguntas. Um repórter perguntou:

– Por que acabaram com a banda Rock Selvagem?

Moisés ficou paralisado e se lembrou do sucesso que fazia. Até que ele lembrou que não podia aparecer na TV porque Marcos e

Pedro iriam ficar sabendo. Então ele distraiu os repórteres e fugiu.

Moisés alugou um hotel para que, quando chegasse o dia da

inauguração, ele fosse para o local. Passou o dia e alugou um carro

velho para ninguém desconfiar que era ele. Chegando ao local, teve uma surpresa: Marcos estava lá! Moisés, com muita raiva, queria ir

até lá, mas se segurou. Então o presidente da SONY começou a fazer seu discurso:

– Todos vocês vieram aqui para presenciar o lançamento do jogo God of War 4, mas eu não estou aqui só pra falar disso; estou

aqui pra falar da parceria que fizemos com Pedro Guitar, o famoso ex-integrante da banda Rock Selvagem, que infelizmente acabou. Ele

decidiu não baixar a cabeça e continuou sua vida.

Todos aplaudiram. Então Pedro subiu ao palco e começou a

falar:

– Muito obrigado! Com imenso prazer estou junto com sucesso

e agora, com essa parceria, eu vou ficar mais rico, mas não é para isso que eu a fiz. Esse dinheiro que “rolou” entre mim e ele será

usado para lançar o Guitar Hero Master. Então comece a contagem regressiva de 168 horas.

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Good of War 4 só vai ser lançado daqui a 180 horas. Após ter

acabado o discurso, ele se reuniu com Marcos, quando Moisés

percebeu que ele foi escutado discretamente.

– Daqui a 168 horas ele já era – disse Pedro.

– Você não mudou nada – falou Moisés.

– Obrigado – concluiu Pedro.

– Agora aquele carrasco de Sérgio não larga do meu pé.

– Quer que eu cuide dele?

– Não, ele já é meu.

Moisés sai da conversa e liga para Sérgio.

– Alô, falou Sérgio.

– Sérgio você precisa se muda em menos de uma semana.

– Ok, tchau.

Moisés preocupado falou a si mesmo

– O que eu faço?

Moisés vai seguindo Pedro e Marcos. Quando chegou ao local,

havia vários homens. Moisés seguiu Marcos até uma casa gigante, porém havia muitas câmeras. Moisés foi visto e, imediatamente,

capturado. Quando Marcos soube que Moisés foi capturado, mandou seus homens pegarem Pedro Guitar. Quando os homens o acharam,

Pedro foi a Marcos. Quando chegou, Pedro começou a resmungar

para Marcos:

– Nós tínhamos um acordo. Por que está fazendo isso?

– Porque quero roubar todo o seu dinheiro, senão você morre.

– Ok – diz Pedro.

Em seguida, Marcos liga para Sérgio:

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– Sérgio, se renda! Estou com seus amigos, nos encontramos

no Abismo do Fim à 1h30min da manhã.

Sérgio ficou calado e não pensou duas vezes; foi até o

local. Quando Marcos chegou com os prisioneiros (Moisés e Pedro),

fez a troca por Sérgio. Sérgio tirou as algemas de Moisés e Pedro. Moisés falou:

– Vamos, Sérgio.

– Eu não vou. Não dá para nós três fugirmos. Vão vocês.

– Eu não vou sem você – Moisés falou.

– Fujam agora, senão ninguém vai sair.

– Eu vou, mas juro que volto para te salvar.

Após Pedro e Moisés terem fugido, Sérgio foi capturado. Moisés e Pedro já iam bem longe quando Moisés começou a brigar

com Pedro.

– A culpa é toda sua!

– Por quê?

– Porque foi você que apresentou Marcos. Agora não é tempo de discutir, tenho um plano.

– Qual?

– Você chega lá e diz que vai entregar o dinheiro da parceria e despista, aí eu vou dar um jeito de abrir a cela de Sérgio. Eu saio

com Sérgio e você segue sua vida de merda!

– Ok!

Pedro seguiu com o plano, estava dando tudo certo. Sérgio já estava solto e Marcos já estava na cela. Porém, Moisés, com ódio de

Pedro, empurrou-o e o trancou com Marcos. Sérgio tentou impedir Moisés, porém estava fraco.

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Moisés pegou Sérgio e levou para casa dele. Quando Sérgio

acordou, estava em sua cama. Quando foi olhar a paisagem, viu

Moisés treinando e foi perguntar:

– Por que você está treinando?

– Desde que fui capturado, estou treinando, pois fui capturado

facilmente e não quero que isso aconteça novamente – responde Moisés.

– Eu quero que você me treine, pois agora vou investigar muito esse caso. Agora seremos a Dupla das Sombras.

Continua...

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O Joaquim

Daniel Madruga Bezerra Cavalcanti Lopes

Certo dia, um estudante universitário chamado Joaquim voltava

para casa quando viu uma senhora sendo assaltada, mas ele impediu o assalto ligando para polícia. Quando polícia chegou, prendeu o

bandido. No outro dia, Joaquim viu um bilhete dizendo que toda a

gangue estava tentando acha-lo para mata-lo.

No mesmo instante, pegou suas coisas mais importantes e fugiu para um cidadezinha do interior chamada Taipu, e se escondeu

numa fazendinha. E lá passou o resto do dia, mas de noite a dona da

pequena fazenda chegou e perguntou:

– O que você está fazendo aqui?

– Estou me escondendo de uma gangue que está tentando me

matar

– Certo. Pode passar aqui uns dias.

E lá ficou treinando para se defender quando os acharem. Mas

no outro dia ele viu uma mulher linda e logo a chamou para sair.

Ele a levou para o melhor restaurante da cidade grande. Enquanto saiam, viu a gangue atrás dele. Ele abaixou a cabeça, saiu pelo

fundo do restaurante, correu para deixa-la em casa e depois para ir à pequena fazenda em que ficava. No dia seguinte, o acharam, mas o

seu treinamento valeu apena, pois conseguiu se defender e fugiu. Parou perto da cidade grande e correu para a delegacia dizendo o

que aconteceu.

A polícia foi atrás deles, mas não conseguiram acha-los,

mas, por precaução, o deu um alarme para quando tentassem ataca-

lo. A polícia seria acionada e entraria em ação.

Page 48: CÂNTARO DAS LETRAS DIGITAL (VOLUME I)

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Passaram-se três dias quando a gangue tentou ataca-lo e ele

acionou o botão, mas polícia demorou e eles conseguiram fugir. Ele

se machucou gravemente e ficou dois meses no hospital. Pouco tempo depois, a polícia os deteve.

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As aparências enganam

Rafaela Gomes Barbosa

Era uma vez uma menina que tinha vários amigos animais. Um deles era o coelho. Havia também lagarta, elefante e, o ultimo e

mais perigoso, o macaco. Ele sempre contava mentiras sobre a

menina para os animais da floresta. Só que a menina não sabia que o macaco tinha inveja. Então apareceu uma fada que estava tentando

avisar a ela que o macaco estava sempre fofocando.

Então um dia o macaco espalhou que a floresta mágica ia se

acabar porque a menina ia embora, só que eles não sabiam que a tal menina que eles tanto amavam era uma fada. Via tudo o que estava

acontecendo. E, do nada, ela apareceu e disse:

– Macaco, eu vi tudo. Saia da floresta agora!

E então toda a floresta ficou aliviada com tudo isso e descobriu

que tudo o que o macaco falava era mentira.

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O menino que procurava pensamentos

Pedro Bandeira dos Santos Neto

Era uma vez um menino que não sabia para onde ir nem onde ficar. Mas ele tinha uma coisa incomum em relação aos outros

garotos: ele conseguia ouvir os pensamentos dos outros, e os

pensamentos que fugiam de seus locais apropriados, ele começava a procura-los. Mas o que o menino não sabia era que ele poderia achar

um lugar que tinha pessoas iguais a ele, e até mais poderosos como bruxos, magos, feiticeiros, e muitos outros.

Um dia, o menino escutou uma voz chamando. Então ele a seguiu e foi para onde tinha um pensamento perdido. Pegou o

pensamento e o levou para onde quer que ele fosse. Então, assim

que ele viu o sonho, viu que era um sonho diferente, pois ele não tinha só um sentimento, mas vários de uma só vez. Então o menino

foi levado pelo sonho a um lugar que tinha mais sonhos assim, então quando chegou lá, também achou várias pessoas que tinham o

mesmo dom que ele.

Depois que ele achou todas as pessoas, eles conversaram e

decidiram procurar todos os sonhos perdidos, para que eles voltassem para suas verdadeiras casas e famílias.

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Cidade dos sonhos

Maria Eduarda da Costa Lira

Em uma manhã de sábado, uma menina chamada Larissa fez a seguinte pergunta à sua mãe:

– Será que ainda podemos viver em um mundo ou cidade sem corrupção, violência, tráficos, poluição, desigualdade social,

racismos ou preconceito?

A mãe falou:

– Um dia eu sonhei que estávamos morando em uma vila que

se chamava Vila da Felicidade. Lá eu conheci uma cozinheira que

me mostrou toda a vila, ela se chamava Bruna, uma pessoa muito alegre e gentil. Ela falou que nunca escutou alguém falar em

violência. Falou também que as pessoas alimentavam-se de frutas, verduras, cereais e raízes. Sempre respeitou todas as pessoas deste

lugar, todas levam uma vida saudável vivendo mais de cento e

cinquenta anos.

Ela me levou até seu amigo Juca, dono da padaria onde

comentou sobre o comércio naquela vila. Eles podem comprar com dinheiro, porém o que mais utilizavam eram moedas de troca.

A última pessoa que conheci antes acordar foi o Léo, um

policial muito carismático. Ele me contou que seu trabalho era

ajudar as pessoas e que nunca precisou prender alguém. Aí eu acordei!

Larissa admirou–se com a história e fez uma pergunta:

– Mãe, será que podemos construir uma vila assim?

A mãe respondeu:

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– Claro. Precisamos fazer nossa parte; ser honestos, amar o

próximo e nos colocar sempre no lugar do outro. Com isto, o mundo

e as pessoas aos poucos se transformarão. Filha, os teus filhos e netos precisam conhecer um mundo melhor. Vamos fazer esta

transformação agora. Não podemos mais esperar pelo outros!

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A formiga e a maçã

Natália Matias Abrantes

Caiu de uma árvore uma maçã bem vermelha que aparentava ser

deliciosa. Uma formiga perguntou-lhe:

– Senhorita Maçã, posso te levar para o meu formigueiro?

– Agora eu vou te fazer uma pergunta: por que todas as formigas

querem me comer? – Respondeu a maçã.

– É por que nossa vida é assim. Praticamente igual à sua. Se

você ficar aí parada, vai apodrecer e morrer. Nós, se ficarmos

paradas, vamos morrer de qualquer maneira.

– Você tem toda a razão! É assim a nossa vida. Pode me levar e

me aproveitar. Estou muito doce. Prefiro matar a fome da sua

família do que morrer sozinha aqui.

– Muito obrigada pela compreensão.

A formiga levou a maçã para o formigueiro e passou um mês

sem passar fome.

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O cacho de uvas e a maçã

Luís Henrique Alves Soares

Em um supermercado, havia uma maçã e um cacho de uvas. A

maioria dos clientes que chegavam, escolhiam a maçã. O cacho de

uvas sentia ciúmes da maçã todas as vezes que alguém a escolhia

para comprar. O cacho de uvas se afastava e ia fofocar com o

pêssego sobre a maçã:

– Olha como ela é grande, gorda e chama muita atenção! Não

sei como essas pessoas só compram-na!

Quando mais um cliente chegou, ela falou:

– Agora esse não escapa!

E voltou para perto da maçã. Quando o cliente estendeu a mão

para colocar a maçã no carrinho, ela se jogou para a frente em

direção à mão. Mas ele retirou a mão e foi em busca da outra fruta.

Assim, a uva jogou-se novamente e acabou caindo. Foi uva para

todos os lados. Todos acabaram pisando nas uvas e ficou a maior

sujeira .

Moral: Cada um tem que se aceitar como é, e não precisa querer ser

igual ao outro.

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A cobra e a lagarta

Maria Eduarda Costa Lira

Em um dia muito lindo, cheio de flores, uma lagarta estava

procurando comida, quando uma cobra apareceu e disse:

– Que lagarta feia, cheia de rugas e pálida!

A lagarta pensou em falar muitas coisas para a cobra, mas não

falou e saiu.

Depois de quase três meses, a cobra reencontrou a lagarta. Mas

a lagarta não era mais lagarta; era uma borboleta linda e cheia de

vida. A cobra viu as asas da borboleta e também queria voar, então

subiu em uma ponte e pulou. Mas como cobras não voam, ela caiu e

não pôde mais rasteja por um longo tempo.

Moral da história: Jamais devemos ter inveja de outra pessoa, pois

somos bonitos como somos e não devemos mudar.

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A cobra e o leão

Sabrina Segabinazi Meiste

Certo dia, na selva, estava muito calor. Poucos animais

sobreviveram a isso e a comida se tornou escassa.

Quando uma cobra e um leão avistaram um rio, os dois se

apresaram para chegar e beber a água, mas o leão foi mais rápido e a

cobra não aceitou muito bem:

– Leão, o que você esta fazendo em meu rio?

Sem demora o leão respondeu:

– E quem disse que esse rio é seu?

– Eu! E com certeza sou mais apta a cuidar dele.

– A senhora deve estar engana! Eu sou forte e alto, então,

melhor que você.

– Você pode ser alto e forte, mas eu sou rápida e esperta.

– Do que adianta isso, se você é pequena?

A cobra nem respondeu e foi embora. O leão, muito contente,

pulou no rio, mas percebeu que o rio era profundo e que não sabia

nadar. Ele gritava por ajuda, mas ninguém aparecia. Até que a cobra

apareceu e o leão implorou por ajuda. Ela ajudou e, depois disso, a

cobra falou:

– É para isso que serve a inteligência. Percebi que o rio estava

se enchendo e que logo me afogaria, caso mergulhasse.

Em outro dia quente, a selva ficou em chamas e a cobra não

conseguia fugir por conta dos troncos em sua frente. Ela começou a

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aclamar por ajuda. Então o leão chegou, pegou a cobra e correu,

derrubando os troncos em sua frente. Passado o perigo, o leão parou

e falou:

– É para isso que serve a força. Derrubei todas as árvores que

estavam me dificultando sair de lá.

E depois desses acontecimentos, os dois animais começaram a

respeitar as habilidades de outros.

Moral: Uma mão lava a outra e as duas lavam o rosto.

Page 58: CÂNTARO DAS LETRAS DIGITAL (VOLUME I)

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A metáfora e a vida

Maria Fernanda Melo de Oliveira

Sabe-tudo era o apelido pelo qual todos os habitantes da vila

conheciam a Metáfora. Quem tivesse algum problema a resolver ou

dúvida para esclarecer, era só ir à casa da Sabe-tudo, para ver seu

caso resolvido. Todos gostavam do jeito como ela resolvia as coisas:

ela fazia com que a coisa que te mata em algum sentindo não

pudesse completar sua missão, ou seja, não dava a ela o poder de

destruição. Mas não era só isso. A Metáfora era alguém muito

inteligente.

Certo dia, a Metáfora se pegou pensando se algum dia iria

aparecer alguém para substituí-la. Ela não ficou nada contente com

esse seu pensamento e resolveu esquecê-lo.

Já era tarde quando a Metáfora resolveu ir para casa quando

apareceu Absalom, que era outra pessoa muito sábia. Ele começou a

olhar para ela e disse:

– Olá! Você deve saber quem eu sou!

– Ora! Como não iria saber quem é? A segunda pessoa mais

sábia deste mundo!

– Segunda? Quem seria a primeira?

– Claro que sou eu!

– Acho que você está errada!

– Errada eu? Eu nunca erro.

– Errou novamente, e todo mundo erra.

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– Não tem ninguém que seja mais sábio do que eu!

– Errou pela terceira vez.

– Pare de enrolar e fale quem é essa pessoa.

– A vida!

– Sério? Você está brincando comigo, né? A vida?

– Estou com cara de quem está brincando?

– Me diga logo por que a vida seria mais sábia do que a minha

pessoa.

– A Vida não é como você que faz com que tudo que te magoa,

tudo o que te machuca, tudo aquilo que “mata” não possa completar

a sua missão. Você não dá o poder a ela de acabar com você. Já a

vida te deixa viver profundamente sem medos e riscos. Na verdade,

sempre existirão riscos, mas você pode reduzi-los através da

coragem. Ela te ensina a enfrentar os problemas com muita

coragem; te dá experiência para não provar daquilo novamente.

Porém, afinal, o que seria da Vida sem aventuras? Seria chato e sem

graça. Vocês podem ser muito diferentes, mas possuem algo em

comum!

– Isso é sério? Você acabou de me detonar e me diz que eu e a

vida temos algo em comum! Você está de brincadeira comigo, né?

– Eu ainda estou com cara de estar brincando?

– Certamente sim, mas me fale logo o que eu e ela temos em

comum.

– É simples! Vocês duas são amantes da natureza e a protegem

de todos os perigos.

– Sério? Eu achei que era a única que importava com o meio

ambiente!

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– A vida assim como você protege a natureza. A partir dessa

igualdade, não gostaria de conhecê-la?

– Assim... Por um ponto de vista, não seria tão ruim conhecer

alguém que, por uma parte, pensa igual a mim.

– Vamos! O que custa conhecer novas cabeças geniais?

– Ah, Tudo bem! Para falar a verdade, estou curiosa para

conhecê-la! Quando nos encontraremos?

– Calma, falarei com ela para se encontrarem no bosque.

– Não vejo a hora de nos encontrarmos!

A Metáfora, no caminho para casa, não conseguia parar de

pensar nas palavras ditas por Absalom. A menina realmente

enxergava que não era somente ela que era importante. Já estava

percebendo que cada um possui uma função a cumprir.

Passadas quatro noites, a Metáfora estava agoniada para o

encontro com a Vida. Cada dia que passava ela sonhava mais e mais

com o que Absalom havia lhe dito. Chegado o grande dia, a

Metáfora se arrumava para o seu encontro com a Vida. Todos da

vila viram a reação agoniada da Metáfora e achavam que ela iria

enlouquecer. Terminando de ser aprontar, seguiu em direção ao

bosque esperando por Absalom e a Vida. Cada minuto de demora de

Absalom era um século para Metáfora. Com mais de vinte minutos

de atraso, a Metáfora os via de longe. Chegando lá, Absalom

apresentou as duas e teve uma ideia:

– Por que vocês duas não mostram o que sabem por meio da

natureza?

– Tudo bem! Gostei da ideia!

– Ah! Gostei muito também!

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– E então vamos seguir nosso caminho, Metáfora?

– Sim!

Então as duas saíram caminhando pelo bosque. Riam,

brincavam, conversavam, discutiam, se acertavam e, novamente,

brincavam. Elas pareciam gostar do passeio.

Passados uns dez a vinte minutos, elas continuavam se

divertindo quando, de repente, a Metáfora tirou um isqueiro do

bolso e se aproximou de uma árvore. A vida reagiu rapidamente e

disse:

– Não! Você não pode fazer isso! Por favor, não destrua mais

uma árvore, a natureza precisa dela e nós também!

Olhando a reação da Vida, a Metáfora começou a rir. Irritada

com seus risos, a Vida falou de uma maneira grosseira:

– Você está de brincadeira comigo? Faz uma coisa dessas e

ainda tem coragem de rir?

– Essa sou eu, a Metáfora. Você pega aquilo que te destrói nas

mãos, mas não dá o poder a ele de te destruir. Não sou como você,

que deixa as pessoas sofrerem e adquirir uma lição, poupando-as do

sofrimento. “A metáfora é uma das mais poderosas formas de

comunicação, pelo seu poder de quebrar resistências, com histórias

que levam as mensagens que você quer comunicar”.

– Nossa! Estava errada sobre você, percebi o quanto és sábia.

Acho isso um gesto bonito, mas precisamos deixar as pessoas

aprenderem a enfrentar situações e saberem tomar decisões por si

próprias, já que cada um tem um caminho a seguir.

– Sabe, vou ser sincera com você. Já faz muito tempo que não

deixo alguém sofrer, isso é difícil pra mim, mas irei tentar.

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– Muito bem, Metáfora! Aprendendo com os erros!

Então, as duas seguiram caminho novamente, riram novamente.

Foi quando elas viram um leão tentando comer um macaco.

Rapidamente, Vida pegou o macaco que tentava fugir e o colocou de

frente para o leão. Assustada com aquilo, Metáfora gritou:

– Não! Você não pode fazer isso com ele, vai acabar morrendo.

Por favor, não faça isso!

Olhando para a reação da Metáfora, a Vida começou a rir.

Nada agradada com a situação, Metáfora se estressou e falou com

raiva:

– É desse jeito que mostras que és amante da natureza?

– Essa sou eu! A vida! Coloco coragem na vida das pessoas,

não as deixo viver com medo, deixo as pessoas se arriscarem,

viverem com aventuras. Qual é a graça que tem viver sendo

protegido do mundo? Pois é! Não tem graça! “Precisamos enfrentar

dias nebulosos para conhecer dias ensolarados, desafiar a morte para

ganhar a vida, sentir o frio para entorpecer no calor, e plantar a dor

para colher o amor”.

– Sabe, eu esperava muito pouco de você. Achava que você

machucava as pessoas, mas percebi o quanto eu estava errada!

A partir desse momento de reconhecimento das duas, elas

perceberam outra igualdade:

– Nós somos quem nem quebra-cabeças...

– Nós nos encaixamos perfeitamente, mas também somos

difíceis de entender...

– Nós nos completamos perfeitamente! Eu preciso de você e...

– Você de mim!

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A partir daí, cada uma percebeu que elas só funcionavam a

partir da outra. Viram que cada uma exerce uma função diferente,

mas são que nem quebra-cabeças, que se encaixam perfeitamente.

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A cobra e o rio

Pedro Bandeira dos Santos Neto

Um dia a cobra estava na beira de um rio, então ela viu o rio grande, fundo e bonito, então perguntou:

– Como você faz para ser tão bonito, grande e fundo

– Eu não sei nasci assim – disse o rio.

– Eu quero ser como você: grande e bonita. Como eu faço para

ser igual a você? – quis saber a cobra.

– Não sei como posso te ajudar – disse o rio.

Então a cobra começou a ficar com ciúmes do rio, e começou a

reclamar. Mas, com o passar dos anos, o rio foi secando e ficando poluído, e então a cobra disse:

– Eu até queria se você, mas agora não quero mais – disse a cobra.

Então o rio calmamente mais muito triste disse:

– Não foi minha culpa ter ficado desse jeito.

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O Mundo

Maria Clara Morsch Schmid

Num planeta bem distante

Longe da nossa realidade

Seres extravagantes

Nos observam sem piedade

É o excesso de lixo

Desrespeito um com outro

Aqui também chove pouco

E agora, o que a gente faz?

Tá todo mundo lascado

Estamos todos enroscados

Já fiquei acostumado

Nesse mundo amargurado

Cada um fazendo sua parte

Já tá tudo encaminhado

Pra fazermos com vontade

E nossa vida melhorar

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Agora esse bicho estranho não pode mais incomodar

Já tá tudo organizado

Não tem mais o que julgar

Estamos todos admirados

Com esse lindo lugar.