Cantigas

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Pré-projeto Cantigas Artista: Simone Kestelman Curadoria: Fernanda Carlos Borges Como pode o peixe vivo viver fora da água fria

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Pré-projeto

CantigasArtista: Simone Kestelman

Curadoria: Fernanda Carlos Borges

Como pode o peixe vivo viver fora da água fria

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Pré-projeto

CantigasArtista: Simone Kestelman

Curadoria: Fernanda Carlos Borges

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O primeiro foi seu pai, o segundo seu irmão

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1 - Descrição do Projeto:

Instalação composta por conjuntos de escultu-ras na forma de vestidos de menina ocos, em tamanho real, feitos de cer�mica� Cada conjun-�mica� Cada conjun-mica� Cada conjun-to é acompanhado pela incidência local de uma cantiga de roda�

1 – Samba Lelê tá doente: vestido de cer�mica

oca na frente do qual jaz uma boneca quebrada que remete ao abuso de agressão�

2 – Marcha soldado: conjunto de três vestidos de cer�mica ocos, unidos por uma corrente que os prende pelos ombros, remetendo à exploração do trabalho infantil�

3 – O primeiro foi seu pai, o segundo seu irmão:

A canoa virou pois deixaram ela virar...

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vestido de cer�mica oco de frente para uma pa-rede branca onde há o desenho em palito com os lábios caídos, feito em vermelho, remetendo ao abuso sexual�

4 – Como pode o peixe vivo viver fora da água fria: vestido de cer�mica oco colocado atrás de uma grade, remetendo à violência psicológica e tolhimento da liberdade�

5 – Mamãe foi para a roça e papai foi trabalhar: um conjunto de seis vestidos de cer�mica ocos, formando um grupo de três deles e um grupo de dois deles, sendo que um deles está afastado dos demais, manchado de vermelho, remetendo à violência sexual�

Samba lelê está doente...

6 – A canoa virou pois deixaram ela virar: vestido de cer�mica oco sobre o qual pende uma corren-te, remetendo à violência da super proteção e to-lhimento da liberdade�

7 – Escravos de Jó: Conjunto de pás sobre cas-calhos, que remete ao silenciamento das crianças vítimas da violência�

Local para a exposição: Sala Burle Marx� O ta-manho e a forma da sala favorecem a disposição das peças da instalação e a interação da visitação, assim como favorece o projeto acústico, a proje-ção do som eletrônico das cantigas sobre as peças�

2- Justificativa:

O propósito da instalação é sensibilizar o públi-co com relação a violência doméstica contra a criança� Os vestidos remetem ao corpo ausente, roupas inabitadas dos sujeitos específicos e, no entanto, habitáveis por todos capazes de empa-tia� Os vestidos têm o efeito de máscaras, como artifício para tratar da violência como questão de interesse público� Cada composição do conjun-to dos vestidos instalados chama a atenção para um determinado tipo de violência, provocando a sensibilidade e, ao mesmo tempo, expurgando o sofrimento vivido� Este trabalho insere o artista como um agente social e a arte como um instru-mento de sua ação enquanto tal�

3- Desdobramentos1:

1 Com exceção da Oficina de Cer�mica e da Palestra-diálogo, que devem ser realizadas por Simone Kestelman e Fernanda Carlos Bor-ges, os demais desdobramentos dependerão de apoio financeiro para serem realizados.

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Oficina de Cer�mica: Processo criativo em cer�-mica

Oficina coordenada pela artista sobre processo criativo em cer�mica, para jovens artistas� Nesta oficina serão desenvolvidas as técnicas originais criadas pela artista�

Palestra diálogo: A dor e a sublimação no Projeto Cantigas

Palestra-diálogo proferida em parceria da cura-dora com a artista sobre o Projeto Cantigas� Tra-tará da arte como processo de sublimação capaz de transformar a dor em política� Poderá ser re-alizada na abertura da exposição ou ao longo do período�

Mesa de debate – Arte, Comportamento e Socie-dade

Essa exposição favorece a formação de uma mesa

para o desenvolvimento de uma reflexão mais ampla sobre o modo como a arte contempor�nea interage e pode interagir com os par�metros so-ciais sobre o comportamento e suas transforma-ções, nos campos dos hábitos, dos valores e da pressão política� Esta mesa contará com artistas e intelectuais�

Mesa de experiência com artistas: A Arte contra a Violência

Assumindo que a arte é capaz de influir com re-lação aos problemas sociais e, nesse caso, con-tra a violência, pretendemos proporcionar uma mesa onde artistas convidados que desenvolvem trabalhos pertinentes ao tema possam apresen-tar e compartilhar suas experiências�

Itiner�ncia: Pretendemos levar esse projeto para Museus relevantes do Brasil�

Escravos de Jó

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4- Peças Promocionais:

Para o desenvolvimento e penetração social desse projeto, será necessário: desenvolvimento de catálogo; convites para serem enviados para aristas, formadores e pessoas com atuação po-lítica; assessoria de imprensa para a divulgação nos meio de comunicação de massa e nas redes sociais�

5- Síntese do currículo da artista:

A pesquisa artística de Simone Kestelman se ini-ciou com cer�mica e com pintura em cer�mica, sendo criadora de mais de 500 técnicas diferen-tes de pintura química sobre cer�mica� Desde 2004 desenvolve projetos e pesquisa sobre ma-nipulação do vidro, desenvolvendo técnicas pró-prias para manipulação e criação� Em 2011 apre-sentou na Casa Cor a exposição As maravilhas brasileiras, dando acesso à 190 crianças surdas e cegas que podiam pegar as peças com as mãos e tocá-las� Trata-se de uma série de releituras de pontos turísticos em miniaturas de vidro� Peças

arquitetônicas como o MASP, a Oca, o Copan, o Palácio da Alvorada; e naturais como o Pão de açúcar, Lençóis Maranhense, Morro do Urubu�

Em 2011 apresentou a série Caminhos no Mu-seu no CMOG (Corning Museum of Glass ) em Nova York, inspirada em imagens de caminhos por onde passou em vários lugares do mundo, como metáforas do dia a dia, das decisões que não têm volta e das “curvas” que fazemos ao lon-go dos nossos caminhos� Ao voltar para o Bra-sil, esse trabalho ganhou novas peças com uma técnica com a qual, juntando camadas do vidro para formar um bloco, cria uma imagem interna cujo efeito lembra uma imagem holográfica� Em abril de 2012, a coleção Caminhos foi exposta na Hebraica, em SP� No projeto Sonho de Vênus, retoma a pesquisa de criação artística com a inti-midade do processo manual� O projeto é consti-tuído por sete peças de vidro e cer�mica, que pro-põem uma reflexão sobre as relações amorosas e seus conflitos. O tom de cada peça da coleção é

Mamãe foi para a roça e papai foi trabalhar...

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um olhar irônico, com a qual trata de situações sexuais e amorosas como retratos psicológicos e sociais. Enquanto a mídia realça a sexualidade para tirar o foco dos problemas existenciais, este trabalho usa a sexualidade para colocar o foco nas questões existenciais. Nessas peças, o vidro e a cerâmica têm o efeito de símbolos de fragili-dade e vida. Desde 2011 vem pesquisando o uso artístico de roupas transformadas em esculturas ocas, como meio de evocar memórias sociais e coletivas. Durante a pesquisa com roupas, sur-giu a ideia de Ciranda, uma instalação com sete vestidos de menina formando uma roda com correntes que substituem as mãos, evocando a violência contra a criança. Ciranda se desdobrou no Projeto Cantigas, cuja relação entre sublima-ção e violência adquire mais complexidade. O interesse poético pela roupa a levou ao Proje-to da Burca, que trata da opressão invisível ou

Marcha soldado

liberdade condicional sobre as mulheres desde meninas, assim como na construção social dos processos de sedução e controle�� Trata-se de uma variedade de modelagem da burca em ce-r�mica e vidro, que contrasta a dureza da super-fície com o vazio do interior da peça oca� Esta pesquisa vem se desenvolvendo com o apoio de fotografias realizadas em viagens de pesquisa ao Oriente Médio, Europa e Estados Unidos� Em fevereiro de 2013 o trabalho Undesired-Indese-jadas recebeu a Medalha de Outro como melhor instalação contempor�nea na ArtSlant, NY� Esta instalação consiste de um monte de sapatinhos de menina feitos em cer�mica crua, com 60cm x 80 cm de di�metro, sobre o qual se instala um sapatinho vitrificado em vermelho, representan-

Nota: nesta proposta de exposição os vestidos estarão suspensos, e não diretamente sobre o chão como nestas fotos.

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do o descarte de meninas na Índia e na China� Esse trabalho foi selecionado para ser exposto na SCOPE ART em NY, em março de 2013, onde a artista foi convidada para participar de uma palestra sobre Gendercidio na ONU, no dia 8 de Março� Marcha soldado, uma as peças da insta-lação do Projeto Cantigas, também foi premiado na ArtSlant em 2012� Ultimamente Simone está pesquisando sobre gendercidio, mutilação femi-nina, transtornos psicológicos infantis, violência de guerra�