Cap I_ Administração da Produção e Operações

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1 Capítulo I – ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES 1) CONCEITOS: a) Administração da Produção e Operações: i. Atividades orientadas para a produção de um bem físico ou a prestação de um serviço; ii. É o campo de estudo dos conceitos e técnicas aplicáveis à tomada de decisões na função de produção (Empresas Industriais) e/ou operações (Empresas de Serviços). É o planejamento, organização, direção e controle que envolve os produtos e/ou serviços. b) Produção: Liga-se mais de perto às atividades industriais – Fábrica ou Planta Industrial; c) Produto: Físico, tangível; d) Operações: Refere-se às atividades desenvolvidas em empresas de serviços. Atividades espalhadas, às vezes difícil de reconhecê-las, como hospitais, bancos, aeroportos, escolas etc; e) Serviço: É prestado e a prestação desse serviço implica em uma ação; Característica Industrias Empresas de Serviços Produto Físico Intangível Estoques Comuns Impossível Padronização dos Insumos Comum Difícil FACULDADES INTEGRADAS SANTA CRUZ DE CURITIBA Disciplina...: Administração da Produção Professor:...: Edson Hermenegildo P. Júnior.

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Capítulo I – ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES

1) CONCEITOS:

a) Administração da Produção e Operações:i. Atividades orientadas para a produção de um bem físico ou a prestação de um

serviço;

ii. É o campo de estudo dos conceitos e técnicas aplicáveis à tomada de decisões na função de produção (Empresas Industriais) e/ou operações (Empresas de Serviços). É o planejamento, organização, direção e controle que envolve os produtos e/ou serviços.

b) Produção: Liga-se mais de perto às atividades industriais – Fábrica ou Planta Industrial;

c) Produto: Físico, tangível;

d) Operações: Refere-se às atividades desenvolvidas em empresas de serviços. Atividades espalhadas, às vezes difícil de reconhecê-las, como hospitais, bancos, aeroportos, escolas etc;

e) Serviço: É prestado e a prestação desse serviço implica em uma ação;

Característica Industrias Empresas de ServiçosProduto Físico IntangívelEstoques Comuns ImpossívelPadronização dos Insumos Comum DifícilInfluência da Mão-de-obra Média/Pequena GrandePadronização dos Produtos Comum DifícilQuadro 1 – Diferenças entre Empresas Industriais e de Serviços

As atividades, tanto de serviços como de produtos que são oferecidos ao público, devem ser planejadas, organizadas e controladas. É necessário, por exemplo, determinar o tamanho da fábrica, do hospital, da escola. Decisões sobre capacidade e localização devem ser sempre consideradas.

2) EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES.

FACULDADES INTEGRADAS SANTA CRUZ DE CURITIBA

Disciplina...: Administração da ProduçãoProfessor:...: Edson Hermenegildo P. Júnior.

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A Administração da Produção e Operações percorreu um longo caminho até chegar ao que é hoje. Se quiséssemos ser muito rigorosos com o que representa esse campo de trabalho, encontraríamos traços comuns entre o que se faz hoje, nas modernas organizações, com a coleta de alimentos do homem pré-histórico, passando pela caça, pela agricultura, pastoreio, etc., até a formação das primeiras cidades há cerca de 6.000 anos atrás. E assim por diante. Os precursores das primeiras máquinas usadas em escala quase industrial seriam encontrados na Idade Média, com a sua própria Revolução Industrial que prossegue até pelo menos o século XIV.

Não há dúvida, entretanto, que a Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX transformou a face do mundo. A Revolução marca o início da produção industrial moderna, a utilização intensiva de máquinas, a criação de fábricas, os movimentos de trabalhadores contra as condições desumanas de trabalho, as transformações urbanas e rurais, enfim o começo de uma nova etapa na civilização. A Inglaterra, berço principal dessa Revolução, transformou-se na grande potência econômica do século XIX. Já estava claro que o poderio econômico, e mesmo político, ligava-se a capacidade de produção de produtos manufaturados, trocados por alimentos, minerais e matérias-primas, em geral em condições extremamente vantajosas.

As técnicas de Administração que se tornam populares durante a maior parte do século XX, entretanto, nasceram ou se desenvolveram nos Estados Unidos. Se a Inglaterra foi hegemônica no século XIX, século XX marcou a predominância industrial, política e econômica dos Estados Unidos, que eram até algum tempo atrás responsáveis por 25% do comércio mundial de produtos manufaturados. Embora essa posição de destaque venha sendo ameaçada há cerca de 30 anos, pelo Japão, Alemanha, França e outros países em menor grau, a maior parte do século marca a era norte-americana. De lá, as técnicas e instrumentos de gestão da produção se difundiram por inúmeros países.

A chamada produção em massa, que foi e continua sendo a marca registrada dos Estados Unidos, o símbolo do seu poderio industrial, pode ser encontrada já em 1913, quando começou a linha de montagem dos automóveis Ford. Já em fins do século XIX e início século XX havia sido introduzida a noção de “Administração Científica” da produção, quando Frederick Taylor, um esforçado engenheiro a serviço da máquina produtiva americana, advogava a aplicação de racionalidade e métodos científicos a administração do trabalho nas fábricas.

Os avanços que se seguiram, em particular após a Segunda Grande Guerra, onde a nação americana firmou-se definitivamente como grande potencia, fizeram com que muitos observadores e estudiosos acreditassem que as técnicas produtivas e a posição norte-americana eram virtualmente definitivas. A Administração da Produção adquiriu um caráter de gerência industrial dentro de uma situação absolutamente sob controle. Aliado a um ambiente concorrencial interno e externo, isso fez com que as atenções se voltassem mais para outras áreas como Marketing e Finanças, que adquiriram um caráter de “nobreza” não mais reservado a área industrial. Esse movimento, de relativo esquecimento da importância da área industrial, fez com que durante a década de 60 as atenções se voltassem para a área de serviços na economia americana,que havia adquirido uma importância econômica antes não imaginada. Essa foi uma tentativa, relativamente bem-sucedida, de transplantar técnicas e conceitos desenvolvidos no ambiente industrial para outras atividades, as vezes radicalmente diferentes. Introduziu-se o termo ‘Operações”para designar essas aplicações. Ao lado de exemplos e aplicações envolvendo tipicamente as fábricas, começou-se a falar em hospitais, escolas, agências governamentais, aeroportos, restaurantes, bancos, etc. A Administração da Produção evolui então da prática tradicional de gerência industrial para uma ampla disciplina com aplicações tanto na área industrial como na de serviços. Com a prova de que esse movimento chegou tardiamente ao Brasil, ainda hoje os currículos universitários relutam em usar os termos Administração de Operações ou mesmo Administração da Produção e Operações, que indicam uma maior abrangência do campo de estudo.

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3Posteriormente, durante a década de 70, a Administração da Produção readquiriu, nos Estados

Unidos e a nível mundial, uma posição de destaque na moderna empresa industrial. Os fatos históricos que levaram a esse estado de coisas foram, em particular, o declínio norte-americano em termos de produtividade industrial e no comércio mundial de manufaturas, e o crescimento de algumas potências nesses aspectos, notadamente o Japão. Há mais de 30 anos o Japão vem encarando a produção industrial e a geração de novos produtos como os elementos-chave no mercado interno e a nível internacional. Durante a década de 80, o desequilíbrio comercial entre Estados Unidos e Japão acentuou-se cada vez mais, com vantagem enorme para o Japão, que vem inclusive instalando empresas subsidiárias de companhias japonesas nos Estados Unidos, geralmente com apreciável sucesso. Esses fatos têm motivado intensas negociações entre os dois países, na tentativa norte-americana de pelo menos amenizar a situação.

Em termos mais específicos, alguns analistas argumentam que a principal causa do declínio americano tem sido a ênfase exagerada nos aspectos mercadológicos e financeiros das decisões estratégicas. A produção tem sido caracterizada por longas rodadas, típicas de produção em massa clássica, produtos estáveis, operações repetitivas e custos diretos de mão-de-obra elevados. Essa tendência vem mudando rapidamente nos países centrais: a ênfase atual em Estratégia de Manufatura tem levado a área de produção a se tornar mais envolvida no planejamento a longo prazo. Há pressões para se reduzir significativamente os investimentos em estoques e subcontratar componentes ao invés da empresa tentar se tornar especialista em uma grande variedade de tarefas de manufatura.

3) SISTEMA DE PRODUÇÃO

Conjunto de atividades e operações inter-relacionadas envolvidas na produção de bens ou serviços.Elementos fundamentais:

a) Insumos: Recursos a serem transformados diretamente em produtos e os que movem o sistema, como: matérias-primas, mão-de-obra, capital, máquinas e equipamentos, instalações, conhecimento técnico, etc.

b) Processo de conversão: Em manufatura, muda o formato e a composição dos recursos;Em serviços, há a criação, baseado em conhecimento (know how).

c) Produtos ou serviços: O resultado do Sistema.

d) Sistema de controle: Conjunto de atividades que monitoram os outros três elementos do Sistema de Produção e visam assegurar que:

Programações sejam cumpridas; Padrões sejam obedecidos; Recursos estejam sendo usados de forma eficaz; A qualidade desejada seja obtida;

e) Fatores que exercem influência sobre o sistema de produção:

O Sistema de Produção não funciona isoladamente, sofre influências de um: Ambiente interno: Outras áreas funcionais da organização – Marketing, Finanças, RH, etc.Ambiente externo:

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4As Condições Econômicas Gerais do País (Fatores Econômicos) – Taxa de Juros, Inflação, Disponibilidade de Crédito, etc.

As Políticas e Regulamentações Governamentais (Políticas do Governo) – Política Fiscal, Política Monetária, Política Cambial e Leis Antipoluicao.

A Competição – Fatia de Mercado da Organização, Estratégias Competitivas dos Concorrentes.

A Tecnologia – Introdução de novas tecnologias em Processos de Manufatura, Equipamentos, Materiais.

3.1) TIPOS DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO.

3.1.1) Classificação Tradicional

a) Sistema Produção Contínua (fluxo em linha)

Apresentar uma seqüência linear para se fazer o produto ou serviço; Os produtos bastante padronizados; Produtos fluem de um posto de trabalho a outro numa seqüência prevista. Etapas balanceadas; Alta eficiência; Acentuada inflexibilidade; Substituição maciça do trabalho humano por máquinas; Tarefas altamente repetitivas; Grandes volumes de produção; Layout por produto; Risco de obsolescência do produto; Risco de mudança tecnológica no processo;

Tipos:Produção em Massa

o Para linhas de montagem de produtos os mais variados possíveis;o Fabricação em larga escala;o Poucos produtos;o Pequeno grau de diferenciação;Exemplo: fogões, geladeiras, aparelhos de ar condicionado, etc.

Produção Contínuao Indústrias de processo;o Tendem a ser altamente automatizado;o Produtos com elevado grau de padronização;o Grandes volumes de produção;o Equipamentos especializados;o Padrão de produtos estabilizados;Exemplo: Química, papel, aço, etc.

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5b) Sistema de Produção Intermitente

Produção feita em lotes de um produto, ao término deste lote outro produto toma lugar nas linhas de produção;

Mão de obra e os equipamentos são organizados em centros de trabalho por tipos de habilidades, operação ou equipamentos;

Produtos fluem de um centro de trabalho a outro de forma irregular; Mão de obra especializada; Flexibilidade no uso de equipamentos; Dificuldade de controle de estoques; Dificuldade na programação da produção; Dificuldade de controle da qualidade; Médio volume de produção; Arranjo físico funcional ou por processo; Perda de tempo de produção com preparação de máquinas e equipamentos

(setup); Para empresas que trabalham com encomenda ou atuam em mercados de

reduzidas dimensões;

c) Sistema de Produção para Grandes Projetos

Cada projeto é um produto único; Tarefas de longa duração; Tarefa com pouca ou nenhuma repetitividade; Não há um fluxo do produto; Característica marcante é o alto custo; Dificuldade gerencial no planejamento e controle;Exemplo: Produção de navios, aviões, grandes estruturas, etc.

3.1.2) Classificação cruzada de Schroeder (1981)

A Tipologia clássica leva em consideração apenas uma dimensão - tipo de fluxo do produto.Suficiente para sistemas industriais, mas incompleta se aplicada a serviços.

A classificação cruzada dá –se ao longo de duas dimensões:Tipo de fluxo de produto;Tipo de atendimento ao consumidor – Sistemas Orientados para Estoques;

– Sistemas Orientados por Encomenda.Na classificação cruzada, os exemplos devem, ao mesmo tempo, atender aos requisitos das duas dimensões citadas acima.

a) Sistemas Orientados para Estoques

A produção é feita para colocar no estoque. O foco está na reposição dos estoques, sendo difícil identificar o cliente no processo de produção: os pedidos atuais são atendidos pelo estoque e a produção atual vai atender a demanda futura. O grande objetivo é de atender ao cliente ao mínimo custo.

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6Características:

Serviço rápido; Baixo custo; Baixa flexibilidade na escolha do produto; Previsão da demanda; Gerência de estoques; Planejamento da capacidade de produção; Produtos padronizados; Reposição de estoques;

Medidas de desempenho: Presteza no atendimento ao cliente; Giro de estoques; Grau de utilização da capacidade; Uso de horas extras para atender as necessidades;

b) Sistemas Orientados por Encomenda

As operações são ligadas a um cliente em particular, com o qual se discute preço e prazo de entrega da mercadoria.

Medidas de desempenho: Prazo de entrega; Porcentagem de pedidos entregue no prazo; Preço;

Orientados para Estoque Orientados para EncomendaFluxo em Linha

Refinaria de Petróleo; Indústrias Químicas de

Grande Volumes; Fábrica de Papel;

Companhia Telefônica; Eletricidade; Gás;

Fluxo Intermitente

Móveis; Metalúrgicas; Restaurante Fast Food;

Móveis sob Medida; Peças Especiais; Restaurante;

Projeto Arte para Exposição; Casas pré-fabricadas; Fotografia Artística;

Edifícios; Navios; Aviões;

Quadro 2 – Classificação Cruzada de Schroeder: Exemplos

A vantagem da classificação cruzada é exatamente a de mostrar que, embora um sistema seja mais característico de produção para estoque ou para encomenda, ele pode se adaptar a casos especiais.

4) O PRODUTO

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4.1) PROJETO DO PRODUTO

O sucesso da organização estará diretamente relacionado a sua capacidade de satisfazer e até mesmo suplantar as expectativas de seus clientes.

O projeto de seu produto seja um bem tangível ou um serviço, adquire alta relevância no mundo atual, passa a ser um elemento básico de vantagem competitiva, podendo ser diferenciado quanto à:

Custo; Menor número de peças; Mais padronização Modularidade; Qualidade; Robustez; Inexistência de falhas;

O desenvolvimento de novos produtos é um campo específico de trabalho, extremamente dinâmico, que conta com especialistas nos mais variados campos do saber humano.

Desenvolver novos produtos é um desafio constante. No mundo em transformação, a empresa que não se antecipar às necessidades de seus clientes, com produtos e serviços inovadores, estará condenada ao desaparecimento.

Todo produto deve ser:

4.1.1) Funcional. O produto deve ser funcional, de fácil utilização, considerar os aspectos ergonômicos envolvidos, ter estética, comandos auto-explicativos – ser compatível com as preocupações de preservação do meio ambiente etc.

4.1.2) Manufaturável. O produto deve apoiar-se em tecnologia conhecida e ter contado com a colaboração de equipes interfuncionais, no sentido de ser facilmente fabricado. Muito cuidado deve ser tomado com a utilização de tecnologia futurísticas ainda não comprovada.

4.1.3) Vendável. O produto deve agradar os clientes e ser vendável. Se essa condição não for atendida, de nada adiantarão as anteriores.

5) PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS.

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O desenvolvimento de um novo produto é uma arte e uma ciência, estando presente com maior ou menor intensidade, dependendo do produto em particular.

Figura 2: Etapas do Processo Criativo do Produto

a) Geração da Idéia - Nessa fase uma idéia inicial é lançada, seja a partir da tecnologia disponível (product-out) ou de estudos e pesquisas de mercado (market-in). São considerados os aspectos internos da empresa, suas áreas de competência, seus recursos humanos e materiais, suas tecnologias específicas, as disponibilidades de recursos financeiros etc. No que tange aos aspectos externos, são considerados os nichos de mercado, as tendências de desenvolvimento da tecnologia e a concorrência.

Engenharia Reversa: desmonta-se um produto do concorrente, através de análise minuciosa de seus componentes, desenvolve-se um “novo” produto, incorporando-se novos materiais – análise de valor -, novos processos etc.

b) Especificações Funcionais - Determinam-se os objetivos do produto, isto é, qual será sua função, suas características básicas, como será fabricado, fontes de suprimento de matérias-primas e demais insumos, que mercados específicos deverá atender, quanto deverá custar, vantagens e desvantagens em relação a seus concorrentes.

Aspectos Internos Aspectos Externos

Geração de Idéias

Especificações Funcionais

Seleção do Produto

Projeto Preliminar

Construção do Protótipo

Testes

Projeto Final

Introdução

Avaliação

Aspectos Internos Aspectos Externos

Geração de Idéias

Especificações Funcionais

Seleção do Produto

Projeto Preliminar

Construção do Protótipo

Testes

Projeto Final

Introdução

Avaliação

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9c) Seleção do Produto - Define-se um produto que atenda os dois requisitos

anteriores. Nessa fase pode-se iniciar a aplicação do desdobramento da função qualidade (QFD – Qualit Function Deployment).

d) Projeto Preliminar - Elabora-se um projeto preliminar do produto. É o momento de utilizar os conhecimentos de todos os departamentos da empresa, como também de eventuais futuros fornecedores, numa espécie de parceria. É feita uma análise minuciosa da manufaturabilidade do produto, incorporando-se a seu projeto as alterações decorrentes.

e) Construção do Protótipo - Dependendo do produto, nessa fase pode-se construir um modelo reduzido para ser previamente testado. Em seguida constrói-se um protótipo para ser testado.

f) Testes - O protótipo é submetido a testes nas mais variadas condições, fazendo-se análise de sua robustez, do grau de sua aceitação pelo mercado (a cidade de Curitiba é comumente utilizada para os testes), de seu impacto junto aos concorrentes etc. Muitas vezes é feito também um delineamento de experimentos para verificar a resposta do produto quando submetido a situações previamente estabelecidas.

g) Projeto Final - Detalha-se o produto, com suas folhas de processos, lista de materiais, especificações técnicas, fluxogramas de processos etc.

h) Introdução - Coloca-se o produto no mercado, começando a primeira fase de seu ciclo de vida.

i) Avaliação - Periodicamente faz-se uma avaliação do desempenho do produto, então são introduzidas as alterações necessárias ou, tendo o produto já passado pela fase de maturidade e estando em declínio, é retirado do mercado.

5.1) ENGENHARIA SIMULTÂNEA

Também chamada de Engenharia Concorrente. O termo Concorrente significa aquilo que ocorre ao mesmo tempo.

Exemplo: Projeto novo ônibus, desenvolvido por uma empresa, pesquisando entre os passageiros nos terminais de embarque e rodoviárias, entre os motoristas, pessoal de manutenção e também junto aos proprietários de empresas de transporte de passageiros.

Vantagens: Redução do período gasto para o lançamento do produto (Time- to- market); A qualidade é melhorada, pois todos os envolvidos contribuíram para o projeto; As chances de sucesso, no mercado são maiores, pois os possíveis clientes foram

previamente consultados;

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Figura 3: Esquema Típico de Engenharia Simultânea.

5.2) ENGENHARIA ROBUSTA

A robustez do produto é mais uma função de um bom projeto do que de controles na linha de produção. Para o consumidor, a prova da qualidade do produto é seu desempenho quando submetido a golpes, sobrecargas e quedas. O produto deve suportar, não apenas variações no processo produtivo, mas também as mais difíceis situações de uso sem apresentar defeitos. A natureza muitas vezes se encarrega de criar tais situações adversas para um grande número de produtos, através de chuvas, sol, vento, terremotos etc. Além disso, os próprios componentes do produto podem criar situações extremamente adversas. Um produto de qualidade robusta ou projeto robusto suporta todas as adversidades de funcionamento e da própria natureza. O conjunto de técnicas – entre as quais o delineamento de experimentos – que permite dar ao projeto do produto tais características é denominado engenharia robusta.

Geração de Idéias

Especificações Funcionais

Seleção do Produto

Projeto Preliminar

Construção do Protótipo

Testes

Projeto Final

Geração de Idéias

Especificações Funcionais

Seleção do Produto

Projeto Preliminar

Construção do Protótipo

Testes

Projeto Final

Tempo

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115.3) ENGENHARIA DE VALOR

Pessoal de compras das empresas, se deparando com novas tecnologias, novos materiais e novos processos produtivos, questionou na hora de comprar matérias-primas e /ou componentes para seus produtos, seu valor no conjunto do produto. Por exemplo, a substituição do processo produtivo, a simplificação do produto etc. Dada a importância do projeto, os engenheiros passaram a ser envolvidos em sua análise. A essa análise sistemática devidamente documentada, dá-se o nome de Engenharia de valor ou Análise de Valor.

A metodologia segue o processo científico de análise:

Selecionar o produto. Escolher um produto que esteja em condições de ser melhorado. As empresas procuram constantemente por melhorias no processo.

Obter informações. Levantar fluxograma de processos, desenhos, especificações, roteiros de fabricação, levantamento de custos etc.

Definir funções. Definir de forma objetiva em poucas palavras, a função do componente no produto como um todo. Existem vários exemplos de componentes que, após análise, demonstraram não ter função alguma e foram simplesmente eliminados.

Gerar alternativa. É a fase criativa. Utilizar o brainstorming para gerar o máximo possível de alternativas.

Avaliar alternativas. Efetuar análise crítica das alternativas procurando identificar as que mais benefícios podem trazer.

Selecionar alternativa. Selecionar uma alternativa, devidamente justificada, e obter a aprovação da alteração junto a engenharia de produto.

Implantar. Implantar a alternativa escolhida e efetuar as atualizações dos projetos, lista de material, especificações etc. através de uma ordem de alteração de produto (ECO _ enginneering change order).

A engenharia de valor tem por diretrizes básicas:a) Reduzir o número de componentes;b) Usar materiais mais baratos;c) Simplificar processos.

5.4) PROJETO MODULAR

Uma forma de obter redução de custos com melhorias na qualidade, redução dos prazos de entrega e aumento da funcionalidade é através de produtos modulados. A partir de módulos projetam-se vários produtos finais diferentes, com várias aplicações.

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126) DOCUMENTAÇÃO DO PRODUTO

Uma vez definido o produto ou a alteração, este deve ser documentado. As formas mais usuais de documentação são:

Diagrama de Montagem: Define-se a seqüência de montagem do produto, como visto na figura abaixo.

Figura 4: Diagrama de Montagem.

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13 Explosão: Faz-se um desenho do produto “explodido”.

Figura 5: Desenho do produto explodido.

Estrutura Analítica: Define-se a estrutura do produto em seus níveis hierárquicos.

Figura 6: Desenho do produto explodido.

Peça XYZ

Etiqueta

Cantoneira R207

Parafuso Suporte Retentor

PorcaCantoneira R209 Parafuso

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14 Lista de materiais (BOM – Bill Of Material): Listam-se todos os materiais que

compõem o produto, como visto a seguir.

Nome Código Nível Quantidade FornecedoresInternos Externos

Peça XYZ 1 1 XSuporte SA 2 2 X

Cantoneira R209 3 2 X Cantoneira R207 3 2 X

Parafuso com Porca PR3 2 1 XRolamento R204 2 2 XRetentor R796 2 1 XEtiqueta E604 2 1 X

EXERCÍCIOS

1) Explicar as principais diferenças entre produtos e serviços.

2) O que se entende por Administração da Produção e Operações? Explique com suas próprias palavras.

3) Conceitue sistema de produção e faça um diagrama mostrando seus elementos básicos.

4) Quais são as principais influências internas e externas sobre o sistema de produção?

5) Em sua opinião, Qual (is) a (s) vantagem (ns) da classificação cruzada de Schroeder sobre a classificação tradicional dos sistemas de produção?

6) O que significa manufaturabilidade de um produto? Esse conceito só se aplica a bens tangíveis ou pode ser aplicado a serviços?

7) A funcionalidade de um produto implica, necessariamente, que ele seja ergonômico?

8) O que significa robustez de um produto? E Engenharia Robusta?

9) Quais os objetivos da Análise de Valor? Como se identifica a necessidade de sua aplicação em um determinado produto?

10) O que é Projeto Modular? Os móveis que abrigam os caixas de um grande número de agências bancárias podem ser considerados como um produto modular?

BIBLIOGRAFIA

MARTINS, Petrônio Garcia; LAUGENI, Fernando P.. Administração da Produção. Saraiva, 2003.MOREIRA, Daniel A. Administração da produção e operações. Pioneira, 2004.