CAP2_Gravimetria
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
NOTAS DE AULA
GEOFÍSICA - GEO 122
GRAVIMETRIA
Maria Sílvia Carvalho Barbosa
Fevereiro /2003
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 3
2. ELEMENTOS DA TEORIA DO POTENCIAL ................................................... 3
2.1. CAMPO GRAVITACIONAL DE MASSAS PUNTIFORMES ............................................ 4
2.2. CONCEITO DE POTENCIAL................................................................................. 4
2.3. O POTENCIAL DE MASSAS PUNTIFORMES E DE CORPOS QUAISQUER...................... 5
2.4. O POTENCIAL DAS FORÇAS INERCIAIS .............................................................. 6
2.5. GRAVITAÇÃO E GRAVIDADE .............................................................................. 7
2.6. SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS.......................................................................... 7
3. MEDIDA DA GRAVIDADE................................................................................ 8
3.1. GRAVÍMETROS................................................................................................. 8
3.1.1. GRAVÍMETROS ABSOLUTOS ............................................................... 9
3.1.2. GRAVÍMETROS DIFERENCIAIS.......................................................... 10
4. DENSIDADE DAS ROCHAS .......................................................................... 10
4.1. OBTENÇÃO DAS DENSIDADES.......................................................................... 11
5. CAMPO GRAVITACIONAL TERRESTRE...................................................... 13
6. MEDIDAS DE CAMPO E CORREÇÕES ........................................................ 15
6.1. CORREÇÃO DE LATITUDE ................................................................................ 16
6.2. CORREÇÃO DE ELEVAÇÃO ............................................................................. 16
6.3. CORREÇÕES DE TERRENO.............................................................................. 17
6.4. EFEITO DE MARÉS .......................................................................................... 17
6.5. EFEITOS DA ISOSTASIA ................................................................................... 18
6.6. CORREÇÕES DO INSTRUMENTO....................................................................... 20
7. ANOMALIAS GRAVIMÉTRICAS.................................................................... 21
7.1. ANOMALIA GRAVIMÉTRICA DE FREE-AIR ........................................................... 21
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NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
7.2. ANOMALIA GRAVIMÉTRICA DE BOUGUER........................................................... 22
8. INTERPRETAÇÂO DAS ANOMALIAS GRAVIMÉTRICAS ........................... 22
8.1. ANOMALIAS GLOBAIS ..................................................................................... 23
8.2. ANOMALIAS REGIONAIS .................................................................................. 24
8.3. ANOMALIA LOCAL - INTERPRETAÇÃO ............................................................... 25
8.3.1. ESFERA ................................................................................................ 26
8.3.2. CILINDRO HORIZONTAL ..................................................................... 33
8.3.3. PLACA SEMI-INFINITA PLANA E FALHA ............................................ 33
9. APLICAÇÕES................................................................................................. 34
9.1. PROSPECÇÃO DE PETRÓLEO .......................................................................... 34
9.2. PROSPECÇÃO DE MINÉRIOS............................................................................ 35
9.3. MAPEAMENTO GEOLÓGICO............................................................................. 37
10. EXERCÍCIOS ............................................................................................... 38
10.1. PROBLEMA 01 ............................................................................................. 38
10.2. PROBLEMA 02 ............................................................................................. 38
10.3. PROBLEMA 03 ............................................................................................. 39
10.4. EXERCÍCIO 01.......................................................................................... 39
10.5. EXERCÍCIO 02.......................................................................................... 39
10.6. EXERCÍCIO 03.......................................................................................... 39
10.7. EXERCÍCIO 04.......................................................................................... 39
10.8. EXERCÍCIO 05.......................................................................................... 39
10.9. EXERCÍCIO 06.......................................................................................... 40
11. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................... 41
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NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
GRAVIMETRIA
1. INTRODUÇÃO
O campo de gravidade da Terra é objeto de estudo da gravimetria. A gravidade terrestre contém informação de relevância geofísica em qualquer escala. Assim a gravimetria pode ser definida, num sentido geral, como o ramo da geofísica que se ocupa da medida, análise e interpretação do campo de gravidade da Terra.
A gravimetria começou a delinear-se como área bem definida da geofísica
somente ao final do século passado, porém as suas origens remontam aos tempos de Galileu
(século XVI) e Newton (século XVIII). Outros cientistas trabalharam ao longo dos séculos
XVIII e XIX em problemas fundamentais da gravimetria.
O nome gravimetria (literalmente medida da gravidade) não qualifica
completamente esta área da geofísica global. Assim são funções dos gravimetristas não
apenas a medida da gravidade, a pesquisa de novos métodos de medida e o
desenvolvimento de novos instrumentos gravimétricos, mas também a solução de diversos
problemas fundamentais da gravimetria tanto teórica quanto aplicada.
Um dos problemas mais importantes da gravimetria contemporânea é o estudo da
forma e das dimensões da Terra (geodésia). A aplicação da gravimetria à prospecção e à
avaliação de concentrações de minerais úteis e matérias primas, tais como minérios, carvão,
petróleo, sal, é de extrema importância econômica.
Assim, a gravimetria relaciona-se à geologia na prospecção e à geodésia no estudo
da forma da Terra.
2. ELEMENTOS DA TEORIA DO POTENCIAL
A gravitação é uma propriedade fundamental da matéria que se manifesta em
qualquer escala, desde atômica, onde é sobrepujada por outras forças (elétricas,
magnéticas,...) até a escala cósmica, onde conjuntos de corpos são mantidos coesos por
efeito gravitacional.
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NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
2.1. Campo Gravitacional de massas puntiformes
Seja uma massa puntiforme M e um ponto P do espaço em sua vizinhança,
definido pelo vetor r de P em relação a M.
v P m
F
r
M
Se colocarmos em P uma massa puntiforme de valor m qualquer, pela lei de
Newton da gravitação universal agirá sobre m uma força F criada pela presença da massa
M, força essa de intensidade proporcional tanto a M quanto a m, e inversamente
proporcional ao quadrado da distância r que separa as massas. A direção de F será a do
segmento de reta que une as duas massas, e a orientação será contrária à do vetor r. A
expressão da lei de Newton, na forma vetorial é portanto:
rr
rmM G -F 2
rr=
ou, , v mF rr=
donde r rM G -v 3
rr=
2.2. Conceito de Potencial
Assim, uma massa puntiforme m, quando imersa em um campo gravitacional v
estará sujeita à ação da força gravitacional mv. O transporte de m de um ponto P para um
ponto Q, sob a ação do campo, será feito às custas de um certo trabalho mecânico. Pela 4
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA natureza do campo gravitacional mostra-se que esse trabalho, o qual indicaremos por
W(P,Q), depende apenas dos pontos P e Q e não da trajetória percorrida pela massa m para
ir de P até Q. Nessas condições, é sempre possível construir uma função escalar de ponto V
associado ao campo v, denominado potencial gravitacional e tal que:
W(P,Q) = m ( V(P) – V(Q) )
Esta equação exprime o significado físico do potencial: a diferença de potencial
gravitacional entre dois pontos P e Q é igual ao trabalho necessário para transportar uma
massa puntiforme unitária de P para Q. A importância maior da função potencial reside no
entanto em outro aspecto: a função potencial apesar de ser uma função escalar, contém toda
a informação e é perfeitamente equivalente às três funções escalares que descrevem as três
componentes do campo gravitacional.
De fato, o campo gravitacional e o potencial gravitacional a ele associado estão
ligados pela equação:
k z V j
yV i
x V rrr
∂∂
+∂∂
+∂∂
== gradVv
2.3. O potencial de massas puntiformes e de corpos quaisquer
No caso de massa puntiforme, o potencial gravitacional correspondente é:
rGMV =
O que em coordenadas cartesianas significa que:
( )ZyXr 222 21
++=
Considerando agora o problema de calcular o campo e o potencial de um corpo
qualquer não puntiforme. Para tanto, usaremos a propriedade de que o campo e o potencial
de um sistema de corpos são iguais respectivamente à soma dos campos e dos potenciais
das suas partes, ou seja:
( ) ∑=K
K
lmGQV
5
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
onde lk é a distância entre a massa mk.
No caso de um corpo extenso, formado por uma distribuição contínua de massa,
podemos subdividir o corpo em parte suficientemente pequenas de maneira que cada uma
delas possa ser considerada infinitesimal . Assim:
V (Q) = L
d G ∫ΓΓρ
onde: Γ é o volume do corpo;
ρ é a densidade.
Um caso particular muito importante é quando o corpo é uma camada esférica
muito fina composta de material de densidade constante. Neste caso, é possível mostrar que
o campo no interior oco da camada é nulo, ao passo que o campo na região externa à
camada é idêntico ao campo de uma massa puntiforme de mesma massa total colocada no
centro da camada esférica. Usando esse resultado e a propriedade da aditividade dos
campos e potenciais, conclui-se que um corpo esférico composto de material cuja
densidade seja função apenas da distância ao centro do corpo equivale, no que diz respeito
ao campo e ao potencial gravitacional no espaço exterior ao corpo, a uma massa puntiforme
de mesma massa total que o corpo esférico e localizada no centro do corpo esférico.
2.4. O Potencial das Forças Inerciais
Um observador situado em um ponto genérico P de coordenadas (x,y,z) estará
sujeito à aceleração centrífuga, dada por:
h = ω l
onde:
ω é a velocidade angular de rotação terrestre;
l é o vetor perpendicular ao eixo de rotação e vetor que define a posição do ponto
P.
Sendo:
l = x i + y j
6
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
Assim, a expressão do campo de aceleração centrífuga (h) é:
h = ω (x i + y j)
Este campo é de tal natureza que também admite uma função potencial:
Ω (x,y,z) = ½ ω² (x + y )
e
h = grad Ω
2.5. Gravitação e Gravidade
Pelo exposto até o momento, um objeto em repouso em relação à Terra estará
sujeito a duas forças, sendo uma devido à aceleração gravitacional e outra devido à
aceleração centrífuga de rotação. Como é impossível distinguir a força gravitacional da
força inercial por seus efeitos serem idênticos, resulta que todos os tipos de instrumentos
gravimétricos medem a soma (vetorial) das duas forças, a qual é denominada de força de
gravidade. Consequentemente, o que as medidas gravimétricas revelam é a soma vetorial
dos campos gravitacional v e centrífugo h, denominado campo de aceleração da gravidade
g, ou simplesmente campo da gravidade:
g = v + h
Como o campo da gravidade é a soma dos campos gravitacional e centrífugo, ele
também admite uma função potencial W, o potencial da gravidade. Como o operador
gradiente, que relaciona o campo ao potencial, é linear, decorre que o potencial da
gravidade, também chamado de geopotencial, é a soma do potencial gravitacional terrestre
V e do potencial centrífugo Ω:
W = V + Ω
2.6. Superfícies Equipotenciais
Consideremos o potencial da gravidade W, e seja P um ponto nas vizinhanças da
Terra. Simbolizando por W0 = W (P), o valor da gravidade em P, procuramos o conjunto de
pontos de coordenadas (x,y,z) que sejam solução da equação:
7
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
W (x,y,z) = W0
O conjunto de pontos solução é uma superfície, denominada superfície
equipotencial ou isopotencial.
Uma propriedade fundamental das superfícies equipotenciais e que é uma
definição alternativa das mesmas, é a seguinte: “Dado um ponto P nas vizinhanças da
Terra, onde o vetor aceleração da gravidade g é não nulo, existe uma e uma só superfície
equipotencial passando por P e essa superfície é tal que o campo da gravidade é ortogonal
à mesma em todos os seus pontos.”
3. MEDIDA DA GRAVIDADE
O problema fundamental da gravimetria é o de obter informações da estrutura
interna da Terra a partir da análise do campo da gravidade terrestre. O procedimento
adotado para tal fim segue a filosofia geral das ciências experimentais:
Propõe-se um modelo para explicar um dado fenômeno que se quer estudar (no
caso, o campo de gravidade). O modelo é definido por um conjunto (finito) de parâmetros,
os quais são determinados por um processo de ajuste de modo a minimizar as diferenças
entre os valores observados de alguma grandeza e os valores previstos para essa mesma
grandeza com base no modelo. A diferença entre estes valores é chamado resíduo. Quando
não é mais possível diminuir os resíduos pelo ajuste dos parâmetros, verifica-se se os
resíduos mínimos podem ser considerados simplesmente erros de medida ou desvios
sistemáticos entre o modelo e o fenômeno. No caso de desvios sistemáticos, conclui-se que
o modelo não representa bem o fenômeno.
3.1. Gravímetros
A medida da gravidade (intensidade de g) é feita por meio de gravímetros. Devido
à tecnologia de instrumentação, os gravímetros são divididos em duas grandes classes:
gravímetros absolutos e os gravímetros diferenciais. Os primeiros determinam o valor da
gravidade num dado ponto diretamente, como resultado da medida feita no ponto e das 8
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA constantes do instrumento usado. Os gravímetros diferenciais medem pequenas variações
de g entre dois pontos distintos. Assim, conhecendo-se a gravidade de um ponto, pode-se
determinar a gravidade no outro ponto. A diferença essencial entre os dois tipos de
gravímetros é que os gravímetros absolutos são mais estáveis no tocante a suas
características, ou seja, estes uma vez calibrados retém essa calibração por longo tempo.
Esta diferença essencial entre os dois tipos além de diferenças de resolução e sensibilidade
determinam a sua aplicação a problemas gravimétricos específicos:
R Gravímetros absolutos - Geofísica global e
E geodésia física
S (1000 gal – 1 mgal) - Geofísica regional
O
L
U
Ç
à gravímetros diferenciais - Geofísica regional
O (1 gal – 1 µgal) marés e microgravimetria
3.1.1. Gravímetros Absolutos . Gravímetro a pêndulo: isocronismo das pequenas oscilações, ou seja, o período
de oscilação independe da amplitude de oscilação (oscilação < 1°) depende apenas da
gravidade local e de constantes do pêndulo.
L
T (período) = 2π (L/g)1/2
g m (precisão de 0.1 mgal)
9
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
. Gravímetro de queda livre: queda livre de um corpo:
tgtvzz 200
21
++= (precisão de 0.1 mgal)
3.1.2. Gravímetros Diferenciais . Balança dinamométrica: balanças de mola que determinam com precisão o peso
de uma massa de valor constante. As variações de peso indicam variações da gravidade.
. Peso e mola: Peso pendurado em uma mola, o aumento fracional no
comprimento da mola é proporcional à variação na força gravitacional.
. Fibra de torção ou balança de torção: Gravímetro Worden (vide página 153 –
Luiz & 1995)
. Mola de comprimento zero: Gravímetro Lacoste & Romberg (vide página 155
– Luiz & 1995)
Unidade de aceleração : gal = 1 cm/ s²
Aceleração média é de 980 gal.
As variações laterais de densidade causam anomalias que são frações pequenas do
campo gravitacional. As anomalias de corpos geológicos são tão pequenos quanto 0.1mgal,
e devem ser medidas em um campo de 980 000 mgal, é evidente que os gravímetros devem
ser sensíveis ao ponto de medir frações de menos de uma parte por milhão. Atualmente
apresentam acuracidade da ordem de 0.05 mgal ou de até 0.01mgal.
Os gravímetros instalados em navios ou aviões são mais sofisticados pois devem
compensar o movimento em relação à Terra- Efeito Eötvos -> Coriolis
E = 7.49 Vel. cosθ senα + 0.004154 Vel.²
sendo α o azimute, θ a latitude e Vel. a velocidade do navio ou avião.
4. DENSIDADE DAS ROCHAS
A densidade das rochas é controlada por três fatores: densidade dos grãos, a
porosidade e o fluido que preenche os poros. Para a maioria dos minerais comuns
formadores de rochas, a densidade não apresenta grandes variações. Quartzo puro e calcita
têm densidade de 2.65. Os minerais argilosos apresentam maior variação, mas as
10
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA densidades ficam entre 2.5 a 2.8. Portanto, para a maioria das rochas comuns, o fator que
controla a densidade é a porosidade. Para todas as rochas situadas abaixo do nível freático,
o fluido presente nos espaços pode ser considerado como sendo água (ρ ≈ 1, ou superior se
houver presença de sais e outros minerais em solução). A densidade da rocha porosa pode
ser facilmente determinado por:
ρr = ρg (1-φ) + ρH2O φ
sendo φ a porosidade.
Isto é válido para a maioria das rochas sedimentares, exceto para alguns casos
importantes como é o caso de domos de sal, pois não apresenta porosidade. Por outro lado,
existem camadas de magnetita que podem apresentar densidades de até 5, e diatomitas que
podem apresentar densidades em torno de 1.0.
4.1. Obtenção das Densidades
Como as densidades são fundamentais nos levantamentos gravimétricos, quanto
mais informações das densidades da coluna geológica forem obtidas, mais reais serão as
interpretações dos dados gravimétricos. Em muitas áreas estas informações podem ser
obtidas, e as possíveis variações em densidade, muitas vezes, são inferidas a partir da
própria anomalia gravimétrica.
. Testemunhos : podem fornecer boas informações, mas são raros e limitados em
termos de coluna geológica total.
. Amostras de Calha: não são satisfatórias, pois tendem a medir densidade nas
partes mais duras e resistentes, resultando valores geralmente muito altos de densidade.
. Perfis de Raio Gamma: ferramenta de poço que mede a geração de raios gamma
dentro das formações geológicas. A intensidade de radiação secundária é proporcional à
densidade dos elétrons nas rochas.
11
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
. Perfis de Velocidade: relação entre a velocidade das ondas elásticas nas rochas e
a densidade, velocidade maiores ocorrem em rochas com densidade maior.
. Gravímetros de Poço: medidas de densidade feitas diretamente dentro de um
poço, fornecem valores da densidade média da seção entre dois pontos medidos:
ρ = ( 0.094006 ∆h - ∆g ) / 0.0254 ∆h
onde:
∆h – intervalo entre medidas em pés;
∆g – diferença em gravidade medida em mgal.
. Amostras de Superfície (Método de Nettleton): Através de medidas contínuas
ao longo de uma elevação do terreno, obtém-se um Perfil de Fator de Elevação para se
determinar a densidade média dos materiais próximos à superfície. As medidas são
reduzidas com diferentes fatores de elevação para encontrar aquela que melhor minimiza a
correção da gravidade com a topografia.
ρ = 2.1
ρ = 2.4
ρ = 2.7
TOPOGRAFIA DO RELEVO
12
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
IMPORTANTE: método gravimétrico mede pequenas variações no campo
gravitacional terrestre, causada pela distribuição lateral de rocha com diferentes densidade.
Situações geológicas diversas fornecem perfis gravimétricos semelhantes, o que
torna a interpretação gravimétrica ambígua. Há necessidade de informações geológicas ou
mesmo geofísicas adicionais, para uma interpretação mais confiável.
É um método utilizado e bastante efetivo para:
- delimitar bacias, onde a densidade do embasamento seja bem maior que a
densidade das rochas sedimentares.
- mapear domos de sal.
- delimitar grandes altos estruturais.
5. CAMPO GRAVITACIONAL TERRESTRE
A prospecção gravimétrica evoluiu de estudo do campo gravitacional, um assunto
que tem interessado os geodesistas nos últimos 250 anos, preocupados em definir a forma
da Terra.
Atualmente sabe-se que o campo gravitacional da Terra depende de 6 fatores:
- Latitude ( força centrífuga ⇒ ≠ no raio terrestre).
- Elevação ( força gravitacional é inversa à distância).
- Topografia ( influência das massas, presentes ou ausentes).
- Marés ( influência da Lua).
- Variações de densidade em subsuperfície (anomalia de interesse).
- Erros dos instrumentos (deriva do instrumento).
As anomalias são as únicas que interessam na exploração gravimétrica e, em geral,
seu efeito é muito menor do que o efeito dos outros fatores combinados. Por exemplo, a
variação do campo gravitacional com a latitude é da ordem de 5% do valor médio da
atração gravitacional, enquanto que os efeitos de elevações podem atingir 0.01%. Uma
anomalia significativa na prospecção gravimétrica para petróleo é da ordem de 0.001% e na
13
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA prospecção mineral talvez 1/10 disso ( gravímetro sensibilidade suficiente para leituras de 1
parte de milhão).
A forma da Terra, estabelecida através de levantamentos geodésicos, e mais
recentemente através de rastreamento por satélites, é praticamente um esferóide achatado
nos pólos. Teoricamente, é possível calcular matematicamente esta forma, assumindo que a
Terra é uma massa fluida, girando em seu eixo polar, e com densidade crescente em
profundidade ( aproximadamente 3 na superfície e em torno de 12 no centro).
A superfície desta forma geométrica é uma superfície equipotencial do campo
gravimétrico na qual é adicionado a aceleração centrípeta.
O esferóide de referência é definido como sendo a figura geométrica relacionada
com a superfície do mar, removendo-se os excessos de massa das montanhas e
preenchendo-se as profundidades oceânicas, de modo que a tração gravitacional em
qualquer ponto do esferóide é perpendicular à superfície.
Gravidade Normal:
g = g0 (1+ α sen2φ - β sen22φ)
onde:
g0 - atração gravitacional no Equador = 978.049 cm/s²;
α e β - constantes que dependem do achatamento polar e da aceleração centrífuga.
fq −=25α
ff αβ41
81 2 +=
sendo:
q – razão entre a aceleração centrífuga (ω) e a gravidade no Equador;
f – achatamento polar terrestre.
0
2 Reg
wq =
ReRe Rpf −
=
onde Re e Rp são o raio equatorial e o raio polar, respectivamente.
14
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
A fórmula adotada pela União de Geodésia e Geofísica em 1930 (Fórmula
Internacional da Gravidade - IGF-30), fornece o valor de g em qualquer ponto do esferóide:
( )φφ 2sen0000059.0sen0052884.01 220 ⋅−⋅+= ⋅gg
onde:
go = 978,049 gal;
α = 0.0052884;
β = 0.0000059;
φ - latitude.
Os valores calculados por IGF produzem os valores denominados de gravidade
normal (referência).
Embora esta equação continue sendo usada como padrão desde 1930, dados
recentes, obtidos por medidas precisas feitas por satélites tendem a modificar o valor das
constantes.
Em 1967, chegou-se ao Sistema de Referência Geodésia (GRS-67):
( )φφ sen000023462.0sen005278895.01 420 ⋅+⋅+⋅= gg
onde:
go = 978,031846;
α = 0.005278895;
β = 0.000023462;
φ - latitude.
6. MEDIDAS DE CAMPO E CORREÇÕES
As operações de campo nos levantamentos gravimétricos são muito parecidas com
as operações dos levantamentos topográficos. As diferenças de medidas são determinadas a
partir de pontos conhecidos, ou inferidos e os erros de fechamento são distribuídos ao longo
dos perfis levantados. As leituras de campo devem ser posteriormente corrigidos dos efeitos
adiante mencionados.
15
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA 6.1. Correção de latitude
Esta correção é feita para remover o efeito de aumento da atração gravitacional em
direção aos pólos, devido à rotação da Terra e devido ao fato de que o raio da Terra é 21km
maior do que o raio polar. O aumento total de gravidade é de 5172mgal. O gradiente é de
1.307 sen 2θ mgal/milha, θ é a latitude. Este efeito é calculado para cada estação de leitura,
normalmente através de tabelas que fornecem a atração gravitacional ao nível do mar, em
função da latitude.
6.2. Correção de Elevação
As correções de elevação devem ser consideradas porque uma estação em um
ponto mais elevado estará mais afastado do centro da Terra e sofrerá a influência dos
materiais situados abaixo da estação. Consequentemente, a correção da elevação apresenta
duas componentes: uma corrige a leitura da estação em uma determinada altitude, para uma
leitura que seria obtida se a estação estivesse ao nível do mar (ou qualquer outra superfície
de referência) e a outra corrige a atração gravitacional dos materiais situados entre os dois
pontos.
A primeira, também denominada de “free-air”, é devido ao gradiente vertical do
campo gravitacional e a sua magnitude é dada por:
F = 0.09406 h mgal
onde h – elevação em ft ( pé).
A segunda, também denominada de correção Bouguer, vale:
B = 0.01276 ρ h mgal
onde ρ é a densidade média do material.
A correção total de elevação combina os efeitos de “free-air” e Bouguer, e é dada
por:
E = ( 0.09406 - 0.01276 ρ ) h mgal
OBS.: altura da elevação em ft, para passar para metros divide-se por 0.33.
Soma-se F pois leva-se à referência (datum);
16
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
Subtrai-se B para tirar a influência da massa.
Assim,
Leitura corrigida = Leitura + Elevação
6.3. Correções de Terreno
As correções de terreno são necessária quando a topografia próximo a uma estação
for muito acidentada. A correção de Bouguer considera que a camada de materiais
existentes entre a superfície de referência e a superfície que passa na altitude da estação
plana e horizontalmente infinita. Caso a topografia na vizinhança da estação for muito
acentuada, a correção de Bouguer fica incompleta.
Neste caso, é necessário descontar os efeitos de atração gravitacional das
elevações e a falta de materiais das depressões próximas à estação. Essas correções, quando
aplicáveis, são calculadas com o auxílio de mapas topográficos digitalizados e
computadores.
Nos levantamentos gravimétricos marítimos, a camada de água é substituída por
rocha e, evidentemente, é necessário um mapa batimétrico com o relevo do fundo do mar.
A mesma consideração aplica-se para levantamentos aéreos.
São as principais responsáveis pela má qualidade dos mapas gravimétricos.
6.4. Efeito de marés
Os gravímetros modernos são suficientemente sensíveis ao ponto de medir
variações no campo gravitacional devido à influência da lua e do sol. Estas variações
podem atingir valores até 0.3mgal. da mesma maneira como as marés, o efeito depende da
latitude e do tempo.
(Teoria do Japonês: a Terra é um grande oscilador de alta freqüência, por
conseqüência causa um padrão de fraturamento NE nas rochas da crosta, onde este padrão
não se observa, significa em uma anomalia na constituição da Terra).
17
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA 6.5. Efeitos da Isostasia
A partir de medidas de atração gravitacional efetuadas em vários pontos do
mundo, observa-se que as medidas efetuadas em terra próximo ao nível do mar são iguais à
zero (iguais ao valor de referência). Nas áreas oceânicas são geralmente positivas e em
regiões montanhosas são geralmente negativas. Estes efeitos são ocasionados por variações
na densidade da crosta terrestre, e para levantamentos gravimétricos de larga escala, devem
ser eventualmente considerados (densidade da crosta oceânica = 2.8, da crosta continental
=2.4).
Exemplo:
O perfil de anomalia de Bouguer para os Alpes é semelhante em forma ao relevo
topográfico, apenas invertido. Um valor negativo dessas anomalias pode significar que a
densidade do material que forma os Alpes é menor que o valor médio da crosta (2.67
g/cm³). Supondo-se ser esta a causa da anomalia, pode-se calcular a densidade média do
material dos Alpes, obtendo-se um valor de densidade = 0.82 g/cm³, ou seja, a densidade
menor que a da água. Isso força-nos a abandonar a hipótese de que a densidade média dos
Alpes é menor que a densidade média da crosta. É mais razoável supor que a crosta
terrestre que forma os Alpes difere do normal, mas que de alguma forma existe uma falta
de massa abaixo dos Alpes, de modo que a massa do relevo visível é compensada
parcialmente por essa falta de massa profunda.
O comportamento peculiar da anomalia de Bouguer já era conhecido e diversas
teorias foram propostas para explicá-lo. Em 1850, o inglês Airy apresentou a Teoria da
Isostasia para explicar o fenômeno.
A teoria de Airy postula uma crosta terrestre fina e sólida, porém pouco
resistente, apoiada sobre um substrato (que hoje nós sabemos ser o manto) de densidade
maior que a crosta e de consistência plástica. Se tentarmos colocar uma cadeia de montanha
extensa sobre essa crosta, a crosta romper-se-á sob o esforço, por ser pouco resistente, e a
cadeia montanhosa afundará no substrato plástico até que seu peso seja equilibrado pelo
empuxo de Arquimedes (isto é, cadeia montanhosa passa a flutuar sobre o substrato mais
denso). Dessa forma, a compensação de massa do relevo visível se dá à custa da falta de
18
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA massa criada pelo deslocamento de parte do material do substrato e sua substituição pela
crosta menos densa.
Ressalta-se que esta teoria não foi a única a explicar o comportamento da
anomalia (Teoria de Pratt), baseadas em outros princípios, não sendo possível decidir-se
pela validade de qualquer uma delas baseando-se apenas nas observações gravimétricas.
Porém, com o desenvolvimento da Sismologia moderna, um dos primeiros resultados
obtidos foi um perfil preciso da interface crosta-manto (descontinuidade de Mohorovicic),
mostrando que a crosta continental típica (±30km de espessura) apresenta “raízes”
profundas sob as cadeias montanhosas de grande porte atingindo profundidades de até
100km, validando assim a hipótese de Airy.
Perfil Bouguer dos Alpes
anomalia
topografia
Teoria de Pratt
ρ1 ρ2 ρ3 ρ2 ρ1
nível isostático
sendo: ρ1 > ρ2 > ρ3
19
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
Teoria de Airy
ρ = 2.4
crosta continental
ρ = 3.4 manto
Uma das principais aplicações da interpretação de anomalias gravimétricas
regionais é o estudo das condições de equilíbrio isostático da crosta. Tal estudo mostra que
grande parte da crosta está em equilíbrio isostático e as únicas exceções são:
- relevo de pequeno porte, pois o mesmo não é suficientemente pesado para
romper a crosta e afundar o manto;
- áreas de glaciação terrestre, tais áreas estão em desequilíbrio desde que o gelo
desapareceu, porém esse desequilíbrio é transitório e o estudo da evolução dessas áreas traz
muita informação das propriedades reológicas do manto inferior;
- regiões tectonicamente ativas, a interpretação de anomalias gravimétricas
regionais associadas a essas áreas permite não só elucidar detalhes da estrutura crustal, mas
também obter informações sobre a dinâmica do manto superior (possíveis correntes
convectivas) e de sua interação com a crosta, com implicações diretas na teoria da tectônica
de placas.
6.6. Correções do Instrumento Todos os gravímetros apresentam alterações de leitura com o tempo, mesmo
quando permanecem fixo em uma estação. Estas oscilações são denominadas “drift”
(deriva) do instrumento e devem ser compensadas através de leituras repetidas em uma
mesma estação, em intervalos regulares de tempo.
20
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
IMPORTANTE: As maiores fontes de erros nos mapas gravimétricos são as
correções de topografia (terreno). Mapas elaborados a partir de trabalhos de campo de
excelente qualidade em área com pouco relevo apresentam-se suaves e com gradientes
regulares. Mapas em área com topografia acentuada raramente são suaves, mesmo com
correções de elevação corretas, devido às imperfeições nas correções de topografia.
7. ANOMALIAS GRAVIMÉTRICAS
Em um ponto qualquer da superfície terrestre é quase certo que o valor de
gravidade previsto pela fórmula internacional e o valor de gravidade medido no ponto serão
distintos e a diferença entre ambos os valores é chamado de anomalia gravimétrica no
ponto. Simbolicamente, tem-se:
∆g = (gobs + Σ correções ) - g0
onde:
∆g - anomalia gravimétrica;
gobs - valor medido da gravidade;
g0 - valor previsto da gravidade.
7.1. Anomalia gravimétrica de Free-Air
As anomalias de free-air (ar livre) será dada pela diferença entre a variação de
aceleração de gravidade observada e calculada:
∆gfa = (gobs ± correção de free-air - latitude ) - g0
onde:
∆gfa - anomalia gravimétrica de Free-air;
gobs - valor medido da gravidade;
g0 - valor previsto da gravidade.
Se a correção for positiva – estação acima do geóide de referência
Se a correção for negativa – abaixo do geóide de referência
21
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
OBS: A anomalia gravimétrica numa da região é usualmente representada por um
mapa de iso-anômalas no qual são mapeadas as curvas de igual valor de anomalia.
7.2. Anomalia gravimétrica de Bouguer
É a anomalia obtida após a aplicação das correções de latitude , free-air, Bouguer e
de terreno. O mapa obtido dessas iso–anômalas (isogálicas) é denominado mapa Bouguer.
Este mapa apresenta os primeiros resultados da atração gravitacional observada durante o
levantamento. A aparência do mapa Bouguer depende muito do número e distância entre as
estações, da qualidade do levantamento de campo, da qualidade das correções e da geologia
de subsuperfície. Geralmente, gradientes abruptos nos mapas estão associados a
perturbações de densidade próximas da superfície como dissoluções, concreções, etc.
8. INTERPRETAÇÂO DAS ANOMALIAS GRAVIMÉTRICAS
As anomalias gravimétricas são amplamente utilizadas para a obtenção de
informação a cerca da estrutura terrestre abaixo da superfície. Os diferentes tipos de rochas
que ocorrem tanto na crosta como abaixo dela possuem densidades diferentes, o que nos
leva a concluir que a densidade terrestre próxima à superfície é altamente heterogênea. Em
regiões nas quais está presente um excesso de massa sob a superfície, o valor medido da
gravidade (e corrigido) é maior que o normal, e existe uma tendência a se observar
anomalias gravimétricas positivas.
Um dos problemas fundamentais da gravimetria é a dedução da forma, localização
e densidade de massas anômalas, a partir da configuração da anomalia gravimétrica
observada. Usualmente essa configuração é representada por meio de perfis de anomalia ou
por meio de mapas de iso-anômalas.
Existem duas características do campo da gravidade terrestre que tornam
impossível uma interpretação exata e única de anomalias. A primeira delas, é que a
gravidade em qualquer ponto da superfície terrestre é determinada pela massa de toda a
Terra. As variações de gravidade causadas por corpos de pequenas dimensões
22
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA freqüentemente se apresentam como pequenas distorções na variação de g causada por
corpos maiores as quais finalmente estão contidas na variação global de g, devido ao
achatamento e à rotação terrestre. Os efeitos do achatamento e da rotação são levados em
conta no processo de cálculo das anomalias gravimétricas, pois os mesmos estão contidos
no modelo do qual resulta a fórmula internacional da gravidade. No entanto, a separação da
superposição dos efeitos gravimétricos de corpos distintos nunca é completa, qualquer que
seja o método empregado para fazê-lo, e esse fato assume grande importância no caso de
prospecção gravimétrica, onde o interesse é focalizado em estruturas extremamente
localizados e que produzem anomalias geralmente fracas.
A segunda das característica não é exclusiva da gravidade terrestre, mas sim
uma propriedade intrínseca do campo gravitacional. Consiste no fato que é impossível
determinar univocamente a distribuição interna de massa de um corpo se for conhecido o
potencial gravitacional exterior do mesmo. Em outras palavras, existem distribuições de
massa distintas (na verdade um número infinito delas ) que produzem um mesmo potencial
gravitacional externo ao corpo. Assim todas as distribuições radialmente simétrica de
massa, desde que possuam mesma massa total M, são gravimetricamente indistinguíveis de
uma massa puntiforme de mesmo valor M, e portanto são também indistinguíveis entre si.
Esse fato, que parece inicialmente impossibilitar o uso da gravidade como
ferramenta para a investigação da distribuição de massa no interior da Terra, implica apenas
que o problema é indeterminado se nos restringirmos apenas aos dados gravimétricos. Pela
combinação criteriosa de dados gravimétricos com informações de natureza não
gravimétrica ( sísmico, magnetotelúrico, etc.) freqüentemente é possível restringir a classe
de soluções a umas poucas possibilidades, sendo a escolha final feita em geral por
considerações de natureza geológica. De fato, pode-se afirmar que a grande maioria dos
métodos de interpretação de dados gravimétricos dependem de uma estreita colaboração
com outras áreas da geofísica.
8.1. Anomalias Globais
A obtenção de anomalias gravimétricas por meio de medidas terrestres está
atualmente restrita às anomalias locais e regionais. Diversos fatores, tais como custo
23
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA elevado, a dificuldade de se fazer medidas nos oceanos, etc., impedem que se obtenha
anomalias de extensão global por métodos terrestres.
Apenas após o advento dos satélites artificiais possibilitando a determinação do
potencial gravitacional terrestre, é que se tornou viável a determinação dos desvios do
campo da gravidade terrestre em relação ao campo teórico, em escala global.
8.2. Anomalias Regionais
Em cada levantamento gravimétrico determina-se, para cada estação local, a soma
de todos os efeitos de variação em subsuperfície. Um mapa gravimétrico nunca é uma
figura simples isolada, mas uma combinação de várias anomalias que tem como origem
diferentes variações em subsuperfície. A interpretação gravimétrica começa em separar as
anomalias de interesse do distúrbio superficial geralmente suave, presumivelmente
profundo denominado regional. Esta separação da anomalia consiste de remover a curva
suave através de dois métodos, pelo método gráfico intuitivo ou pelo método analítico que
envolve um procedimento numérico aplicado ao conjunto de valores numa malha regular.
O processo analítico é basicamente um processo de filtração com o intuito de enfatizar ou
amenizar certas componentes do campo gravimétrico.
As propostas destes dois sistemas têm sido denominadas suavização e gridagem. A
suavização ameniza os perfis ou os contornos de um mapa. Estas curvas representam a
componente do campo gravitacional que é para ser removido. Este “regional” é removido
do mapa gravimétrico observado e resulta no mapa “residual” que contém as componentes
do campo que são causados pelas massas irregulares que representam geologicamente
perturbações de interesse.
A gridagem tem desenvolvido uma grande variedade de processos, todos
realizados por computadores digitais e são portanto muito mais rápido que o processo de
suavização. Também, podem ser rapidamente contornado mecanicamente, resultando em
pouco tempo de processamento.
24
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
Residual
Anomalia Anomalia
Regional Local
8.3. Anomalia Local - Interpretação
Os dados gravimétricos podem fornecer informações sobre diversos tipos de
estruturas geológicas (falhas, dobras, lineações e domos), bem como de corpos
mineralizados. Em certos casos, é possível estimar com precisão a profundidade, as
dimensões e o mergulho das fontes da anomalia.
As anomalias são provocadas por contrastes laterais de densidade. Por isso, se uma
camada de densidade elevada estiver entre duas camadas de menor densidade, todas
horizontais, não provocará anomalias; as três camadas mostrarão o efeito produzido por
uma única camada de densidade média. Porém, contrastes de 0.1 a 0.2 g/cm³ são suficientes
para produzir anomalias detectáveis.
De um modo geral, as anomalias delimitadas por contornos alongados crescentes e
com variações do gradiente horizontal estão relacionadas a falhas. As anomalias
caracterizadas por contornos fechados aproximadamente simétricos podem ser devido a
maciços rochosos intrusivos, enquanto os contornos fechados alongados podem estar
relacionados a eixos de dobramentos ou a intrusões discordante do tipo dique.
Durante a interpretação deve-se ter em mente que os valores medidos
correspondem a um somatório dos efeitos produzidos por diversas fontes. Embora seja
possível separar-se parcialmente o efeito de algumas fontes através de filtragem (separação
do regional) existem efeitos que são impossíveis de serem parcial ou totalmente separados.
Além da superposição de efeitos, existe o problema da ambigüidade (ou não
unicidade entre anomalia e sua fonte). A ambigüidade não é característica específica do
Método Gravimétrico, mas ocorre em todos os métodos geofísicos. Teoricamente, a
ambigüidade desaparece em cada um dos seguintes casos: 25
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
a variação de densidade é limitada a um plano de profundidade conhecida
(estruturas planares);
contraste de densidade é constante e a forma que limita o contraste é conhecida;
contraste de densidade é constante e ocorre ao longo de uma superfície (relevo do
embasamento).
Na prática ainda existe ambigüidade produzida por: ruído, suposição de modelo
errado, intervalo inadequado entre as medidas e comprimento insuficiente dos perfis de
medida. A ambigüidade é minimizada usando-se informações adicionais fornecidas pelos
dados geológicos e de outros métodos geofísicos.
Observando-se os mapas de contorno de isovalores (isogálicas) é possível
determinar-se a dimensionalidade do modelo (2D e 3D): os contornos arredondados são
característicos de fontes 3D (intrusões, domos, corpos mineralizados), enquanto os
contornos alongados em uma direção indicam fontes 2D (falhas, diques, corpos tabulares
mineralizados).
A interpretação quantitativa dos dados gravimétricos comumente envolve as
seguintes etapas:
- estabelecimento de um modelo para a fonte;
- cálculo da resposta do modelo;
- comparação entre a resposta do modelo e os dados medidos no campo. Havendo
ajuste (conforme a precisão) entre os valores calculados e medidos, considera-se que o
modelo representa uma distribuição possível dentre tantas; no caso de discrepância, o
modelo é modificado e novos cálculos e comparações são feitas.
Vamos analisar casos particulares da anomalia Bouguer: massa esférica de
densidade homogênea, rejeito de falhas, profundidade de embasamento, ...
8.3.1. Esfera No caso da massa esférica é possível calcular precisamente a anomalia
gravimétrica através de expressões simples e, o que é importante, a análise relativamente
fácil desse caso resulta em conclusões que continuam válidas, ao menos qualitativamente,
para o caso de anomalias causadas por outras distribuições de massa.
26
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
Seja uma esfera de raio R formada de massa com densidade uniforme ρ, situada a
uma profundidade h ≥ R abaixo da superfície da crosta terrestre a qual é formada de
material de densidade ρ0 uniforme.
No ponto P na superfície, g é o vetor gravidade na ausência da esfera, ou seja,
supondo a crosta homogênea de densidade ρ0. O vetor ∆g é o campo gravitacional criado
pela esfera em P, e é dado por:
( )l
lVGg3
0 ⋅−⋅⋅−=∆
ρρ
onde:
l - vetor posição de P em relação ao centro da esfera C;
V - volume da esfera.
Note que a intensidade do campo perturbador é determinada não pela densidade ρ
da esfera , mas sim pelo contrate de densidade (ρ - ρ0) (é fácil justificar este fato,
observando que se ∆ρ = 0, então ρ = ρ0 e não há campo perturbador, pois a crosta agora é
homogênea). A quantidade ∆M = V(ρ - ρ0) é chamada de massa aparente da esfera. Essa
propriedade é geral e pode ser enunciada como: “ o campo perturbador de qualquer corpo é
proporcional ao contrate de densidade entre o mesmo e o meio circundante”.
x
P
∆g
h
c
O vetor ∆g pode ser decomposto em duas componentes sendo uma, simbolizada
por ∆g, na direção de g e a outra perpendicular a g. Como ∆g é pequeno comparando–se a
g , a variação do módulo de g é determinada apenas pela componente vertical ∆g, a qual é
exatamente o valor da anomalia gravimétrica produzida pela esfera no ponto P. Esta é a
27
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA outra propriedade geral: “ a anomalia gravimétrica de uma massa qualquer é a componente
vertical do campo perturbador da massa”.
Tem-se que:
∆g = | ∆g | cos ψ
onde:
lh
=ψcos
Logo:
( )
( )hx
hVGxg22 2
3
0)(+
−⋅⋅=∆
ρρ
onde, o volume da esfera é:
RV 3
34π=
e a massa aparente é:
( )03
34 ρρπ −⋅=∆ RM
e
l = (x² + h² ) 1/2 ⇒ l³ = (x² + h²)3/2
A equação acima exprime a anomalia gravimétrica causada pela esfera no ponto P
distante de x da vertical que passa pelo centro da esfera C, e corresponde ao seguinte perfil
de anomalia gravimétrica:
28
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
X0
Nota-se que o valor máximo da anomalia ocorre para x=0, ou seja, na vertical da
esfera. Isso é razoável, pois para x=0 estamos à distância mínima da esfera. Assim para x=0
tem-se que:
hMGgmáx
2
∆⋅=∆
que é precisamente a intensidade de campo de uma massa puntiforme M a uma
distância h da mesma. Assim, pode-se escrever que:
29
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
( )
+
∆=∆
hx
gxg máx
22
1 23
Quer-se saber, agora qual a distância da vertical da massa a anomalia reduz-se à
metade de seu valor máximo:
( )máxg
xg∆⋅
=∆2
1
Resulta que x = (2 2/3 – 1) ½ . h ou x = 0.7664 h.
Assim pode-se concluir que:
considerando um valor de ∆gmax fixo, quanto mais profunda a esfera, maior deve
ser sua massa para causar uma dada anomalia máxima. De fato, ∆M cresce com o quadrado
de h, para uma mesma intensidade de anomalia máxima.
O valor da anomalia cai à metade do máximo ∆gmax a uma distância x da vertical
da massa proporcional à profundidade h da mesma. Graficamente:
30
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
É importante ressaltar que o perfil B é mais suave e afeta uma maior área da
superfície terrestre que o perfil A, pois a esfera B está mais a profunda que a esfera A e não
porque a esfera B é maior que a esfera A.
A equação de ∆g é determinada pela massa aparente da esfera e não por seu raio.
Desde que o produto ρπ ∆⋅R3
34 seja constante, para uma dada profundidade h fixa, o
perfil de anomalia é o mesmo qualquer que seja o valor do raio R. Isso quer dizer que é
impossível determinar univocamente o raio R da esfera a partir do seu perfil de anomalia
∆M da esfera e a profundidade h a que se encontra o seu centro C. De fato, conhecido o 31
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA valor de x da distância à qual a anomalia cai à metade de seu valor máximo e o valor
máximo de ∆gmax , através da equação:
x = 0.7664 h
obtém-se o valor da profundidade h, a qual substituída na equação:
hMGgmáx
2
∆⋅=∆
obtém-se o valor da massa aparente ∆M. Esta é toda a informação que a
gravimetria pode extrair do perfil de anomalia. Se no entanto, dispusermos de informação
adicional de origem não gravimétrica, por exemplo, o contraste de densidade ρ e ρ0 (que
podem ser determinados por métodos sismológicos), então podemos calcular a massa real
da esfera e o seu raio R. As conclusões acima, que são evidentes para o caso da esfera
continuam válidas para anomalias de corpos quaisquer e são expressas pelos princípios:
“ É sempre possível determinar a amassa aparente de um corpo e a localização de
seu centro de gravidade com base apenas no mapa de anomalia gravimétrica do corpo”.
“A forma do corpo e a sua distribuição interna de densidade são determinados pela
análise da anomalia apenas, e exigem informação adicional não gravimétrica para a sua
determinação”.
Além disso, a situação ilustrada anteriormente (esferas A e B) vale
qualitativamente para anomalias de corpos quaisquer, na forma de mais dois princípios
gerais:
“ Qualquer que seja o corpo causador de anomalia gravimétrica, quanto mais
profundo estiver o corpo, maior será a área da superfície terrestre afetada por sua
anomalia”.
“Para produzir uma anomalia gravimétrica perceptível, um dado corpo deve
possuir massa aparente tanto maior quanto mais profundo estiver”.
Assim , através destes princípios, pode-se inferir que as anomalias se classificam
pela extensão da superfície terrestre que afetam e são causadas por corpos de densidade
anômala localizados a diferentes profundidade, Assim temos:
Local ⇒ Crosta superior
32
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
Regional ⇒ Crosta inf. e manto superior
Global ⇒ Manto e núcleo.
8.3.2. CILINDRO HORIZONTAL O efeito gravimétrico de um cilindro horizontal é análogo de uma esfera. Ressalta-
se que a sua curva gravimétrica difere da esfera sendo apenas mais suave e a massa agora é
por unidade de comprimento. A profundidade h = x .
8.3.3. PLACA SEMI-INFINITA PLANA E FALHA Esta forma geométrica é muito útil como uma aproximação do efeito da gravidade
em uma falha ou degrau.
go ∆G
A
T
H
go = 0.020954 ∆ρ H
onde H é o rejeito da falha e 2
0Gg ∆
= .
Sendo G e A valores tirados graficamente do perfil:
3AT =
onde T é a profundidade da falha.
33
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
9. APLICAÇÕES
9.1. Prospecção de Petróleo
Na prospecção de petróleo, o Método Gravimétrico é empregado para localizar e
delimitar estruturas capazes de proporcionar armazenamento de óleo e gás. Essas estruturas
são caracterizadas, como regra geral, por produzirem anomalias da ordem de grandeza de
dezenas de miligals, podendo ser identificadas até mesmo com levantamentos de baixa
precisão, como os realizados com aviões.
Uma das primeiras aplicações das medidas de gravidade foi na localização de
domos salinos. Esses corpos penetram nas camadas sobrejacentes, perfurando-as e
arrastando-as parcialmente para cima. A acumulação de petróleo e gás normalmente se dá
nos flancos do domo.
Por ser a densidade do domo salino menor do que a densidade das rochas por ele
penetrado, há uma redução local da gravidade, havendo, portanto, sobre a rocha salina, o
desenvolvimento de uma anomalia caracterizada por um mínimo gravimétrico, algumas
vezes superior a 20 mgal. A presença da capa compactada de anidrita e gipsita (cap rock),
que é mais densa do que o material do domo, produz localmente um alto gravimétrico, no
centro do mínimo. Esta feição adicional torna ainda mais característica a anomalia do domo
salino.
As acumulações de óleo e gás podem ainda se localizar nas dobras do tipo
anticlinal. Essas estruturas produzem quase sempre anomalias de gravidade caracterizadas
por máximos. Em alguns casos, quando existem rochas mais densas sobrejacentes às rochas
de menor densidade, podem–se desenvolver mínimos gravimétricos sobre os anticlinais.
Nesses casos, a informação geológica pode eliminar a ambigüidade.
As falhas são outro tipo de estrutura que podem contribuir para que existam
condições de armazenamento de petróleo. Sobre a linha de falha, os valores de gravidade
apresentam forte gradiente horizontal, que é caracterizado nos mapas por uma maior
densidade de contornos.
O método gravimétrico pode também ser usado na determinação da espessura dos
sedimentos de uma bacia, com a finalidade de detectar ondulações no embasamento. Essas
34
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA ondulações podem ter produzido o arqueamento dos sedimentos sobrejacentes, criando,
assim, condições para o aprisionamento de petróleo.
Muitas concentrações de óleo e gás têm sido encontradas em zonas de bacias
sedimentares com variações de litofácies e recifes. Esses tipos de estruturas de acumulação
podem produzir pequenas anomalias, que somente serão reconhecidas se as medidas forem
muito precisas. A complexidade geológica desses tipos de ambientes sedimentares em geral
requer um controle adicional através de perfurações e da aplicação de Métodos Sísmicos.
9.2. Prospecção de Minérios
Uma grande parte dos minerais de importância econômica, principalmente os
metálicos, têm densidade superior a 4 g/cm³ e ocorrem em rochas com densidade que varia
entre 2.6 e 3 g/cm³. Esses minerais são, portanto, capazes de produzir anomalias
gravimétricas identificáveis em levantamentos gravimétricos de precisão.
As anomalias gravimétricas obtidas na prospecção de minérios têm amplitudes
raramente superiores a 2mgal, sendo muito comum valores inferiores a 1mgal. Por este
motivo, são requeridas medidas muito precisas, tanto da gravidade como dos valores plani-
altimétricos usados na correção.
Embora a densidade dos minérios seja importante para a produção das anomalias
gravimétricas, o volume deles dentro da rocha encaixante tem papel fundamental na sua
detecção direta. O ouro, por exemplo, um mineral de densidade superior a 15 g/cm³, ocorre
tão disseminado nas rochas que a sua contribuição para as medidas da gravidade é
desprezível e o seu efeito não pode ser detectado diretamente. Nem por isto, no entanto, a
Gravimetria deixa de ser empregada na prospecção de ouro. Na África do Sul, as medidas
de gravidade contribuíram para a localização e o delineamento dos conglomerados
auríferos do Sistema Witwatersrand. O Sistema, como um todo produz regionalmente um
alto gravimétrico, enquanto os conglomerados são responsáveis por baixos gravimétricos,
localizados no alto gravimétrico regional.
Os depósitos de sulfetos metálicos representam um bom alvo para os
levantamentos gravimétricos, desde que a mineralização seja do tipo maciça (contenha no
35
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
Prospecção de sulfetos na região de Suçuarana (Bahia)
36
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
mínimo 50% de sulfetos). À medida que o volume de sulfetos diminui e a
mineralização torna-se disseminada, as medidas de gravidade tornam-se menos importantes
e podem ser descartadas como ferramenta de detecção direta.
Os depósitos de cromita representam outro alvo que tem sido prospectado com
sucesso pela gravimetria. Estes depósitos ocorrem normalmente associados a rochas
ultrabásicas, que, em geral produzem fortes anomalias positivas nas medidas de gravidade.
Diversos exemplos de aplicação do Método Gravimétrico na identificação de
depósitos de minério de ferro são apresentados por Hinze (1966) que enumera uma série de
vantagens da Gravimetria sobre a Magnetometria na localização desses depósitos.
Os depósitos de carvão podem também ser prospectados através da Gravimetria.
Embora o contraste de densidade entre as camadas de carvão e as rochas envoltórias seja
elevada (densidade do carvão 0.8 a 1.7 g/cm³), sua detecção direta é quase impossível por
causa da pequena espessura das camadas e do seu jazimento estratiforme, concordante com
as demais rochas, em geral horizontalizadas. A aplicação da Gravimetria à prospecção de
carvão é indireta, fornecendo indicações sobre os limites da bacia carbonífera e a espessura
das camadas , através do mapeamento da topografia do embasamento da bacia.
Em certas situações, é possível usar a Gravimetria na prospecção de diamante em
chaminés kimberlíticas. Os diamantes não são detectados diretamente: as medidas da
gravidade fornecem indicações somente sobre a ocorrência da chaminé. A densidade dos
kimberlitos depende muito do seu grau de serpentinização e intemperismo. As zonas da
chaminé kimberlítica mais próxima da superfície apresentam os valores mais baixos de
densidade (valores inferiores a 2.5g/cm³ a 5.5m de profundidade), enquanto densidades
superiores a 3 g/cm³ podem ser encontrados abaixo da zona de intemperismo. Os resultados
obtidos sobre diversas chaminés kimberlíticas indicam que as anomalias podem ser tanto
positivas como negativas, com maior tendência a anomalias negativas.
9.3. Mapeamento Geológico
A utilização dos dados gravimétricos com o objetivo de auxiliar no mapeamento
geológico depende largamente da escala do levantamento. Durante o processo de
37
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA interpretação desses dados, deve-se sempre ter em mente que as informações gravimétricas
provêm de zonas cujas profundidades vão desde a proximidade da superfície até além da
base da crosta.
Nos levantamentos realizados em escala reduzidas, em que a amostragem
gravimétrica é feita em pontos bastante distanciados uns dos outros (5 a 10 km, por
exemplo), somente os efeitos das grandes estruturas localizadas nas zonas profundas
poderão ser observados. Como regra geral tem-se que quanto maior for o intervalo de
amostragem, mais evidente serão os efeitos das estruturas profundas.
10. EXERCÍCIOS
10.1. Problema 01 Para um ponto sobre a superfície da Lua, determinar a razão entre a aceleração da
gravidade devido à massa da Terra e da aceleração de gravidade devido à massa da Lua.
DADOS:
R – raio médio da Terra = 6 367 x106 m;
M – massa da Terra = 5 973 x 1024 kg;
r - raio médio da Lua = 1 738 x 106 m;
m – massa da Lua = 73,5 x 1021 kg;
oO - distância do centro da Terra ao centro da Lua = 384 x 106 m;
P - ponto sobre a superfície da Lua;
OP – distância do centro da Terra ao ponto P.
10.2. Problema 02 Determinar a razão da aceleração centrífuga para a aceleração gravitacional para
um ponto sobre o equador da Terra.
DADOS:
φ - latitude do ponto P = 0°;
G – Constante Gravitacional = 6.67 x 10-11 m³kg-¹ s-²;
38
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
M – massa da Terra = 5 973 x 1024 kg.
10.3. Problema 03 Suponha uma grande anomalia com vários quilômetros na escala horizontal, com
localização fixa e origem mantélica. Através de um a deriva continental, a margem passiva
de um continente atravessa a suposta anomalia. É significante a mudança no nível do mar
em função desta situação?
10.4. EXERCÍCIO 01 Determinar as curvas de “drift” do equipamento – (Vide Telford et al. 1986, pág.
93.)
10.5. EXERCÍCIO 02 Uma estação gravimétrica está situada na latitude de 30°, na cota de 100m e
apresenta uma leitura de 981,687 gal. Faça as correções necessárias considerando uma
densidade média de 2.6 para as rochas subjacentes.
10.6. EXERCÍCIO 03 Remover graficamente a anomalia regional – (Vide Telford et al. 1986, pág. 97.)
10.7. EXERCÍCIO 04 Calcular a profundidade do embasamento próximo à cidade de Ouricana –
10.8. EXERCÍCIO 05 Calcular a massa aparente do corpo em subsuperfície que causa a anomalia
gravimétrica –
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NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA 10.9. EXERCÍCIO 06
Descrever a prospecção gravimétrica de um maciço de sulfeto de forma
estratiforme (Pyramid, localizado na área de Pine Point, Canadá). A porcentagem de
sulfetos atinge 100%, dos quais 11.7% são de blenda e 2.9 são de galena. O corpo de
minério tem densidade entre 3.65 e 3.95 g/cm³, enquanto a encaixante, composta de
dolomitos, apresenta densidade média de 2.65g/cm³.
Dados do corpo:
- profundidade do topo = 15m;
- espessura do corpo = 25m;
- extensão (x) = 300m;
- comprimento (y) = 500m.
perfil
geológico
50
300m 100
40
NOTAS DE AULA - GRAVIMETRIA
11. BIBLIOGRAFIA DOBRIN, M.B. – 1981 – Introduction to Geophysical Prospecting. 3. Ed. International
Student Edition. 630p.
FERNANDES, C.E.M. – 1981 – Fundamentos de Prospecção geofísica. Rio de Janeiro:
Interciência, 190p.
LUIZ, J.G. & SILVA, L.M.C – 1995 – Geofísica de Prospecção. Belém: Cejup, 311p.
PARASNIS, D.S. – 1971 – Geofísica Minera. Madrid: Elsevier Publishing Co. Ltda, 376p.
TELFORD, W.M.; GELDART, L.P.; SHERIFF, R.E. & KEYS, D.A. – 1990 – 2. Ed.
Cambridge: Cambridge University,: 770p.
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