Capabilidade & Desempenho de Processo
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Índices de Capabilidade e Desempenho de Processo
by Fernando Barros
O resultado de um processo de manufatura estatisticamente estável pode ser descrito por
sua distribuição, ou seja, características da distribuição podem ser utilizadas para avaliar o
processo. Por exemplo, uma característica de interesse freqüente é o centro da distribuição.
Se a distribuição não estiver localizada apropriadamente, o processo em questão pode
produzir produto que não estejam perto o suficiente do valor alvo desejado. Em tais casos,
é possível que algumas unidades do produto estejam fora da especificação. Um processo
com tal característica pode, então, ser avaliado como incapaz em atender a uma
determinada especificação. Podem também ocorrer problemas se a distribuição tiver muita
dispersão, independentemente de onde a distribuição esteja localizada.
Como as características de distribuição de uma população não são exatamente conhecidas,
dados podem ser coletados para estimá-las. Para tanto podem ser utilizadas técnicas para
estimar como certas características da distribuição relacionam-se com os limites de
especificação.
Para se fazer um estudo de capabilidade ou desempenho do processo, geralmente é
assumido que as leitura individuais dos processos em questão possuem uma distribuição
que é aproximadamente normal. Adicionalmente, é importante que o processo esteja
estável, ou seja , livre de causas especiais de forma que as futuras distribuições do processo
sejam razoavelmente previsíveis.
Este trabalho fará uma abordagem para alguns índices de variação do processo relativos à
variáveis:
Cp e Pp : índices de variação do processo relativos à especificação;
Ppk e Cpk: índices combinados de variação e centralização do processo, relativos às
especificações.
Para entendimento dos termos utilizados seguem algumas definições (Adaptado de: IQA,
Fundamentos do Controle Estatístico do Processo, 1997):
Variação inerente do processo: aquela porção de variação do processo devido apenas
às causas comuns. Esta variação pode ser estimada através de cartas de controle e pelo
desvio padrão estimado (se), onde:
onde:d2 = constante - tabela 2.3
Variação total do processo: variação devido às causas comuns e especiais. Pode ser
estimada pelo desvio padrão da amostra, s , usando todas as leituras individuais
obtidas em uma amostra ou de um estudo de processo, onde:
si
n
x xi
n
2
1
1
( )
onde: n = tamanho da amostra
Capabilidade do processo: A amplitude 6 da variação inerente de um processo,
apenas para processos estatisticamente estáveis, onde é o desvio padrão o qual é
geralmente estimado (se).
Desempenho do processo: A amplitude 6 da variação total de um processo onde é
geralmente estimado pelo s, ou seja, o desvio padrão da amostra.
Os principais índices de medidas de capabilidade e desempenho do processo estão
definidos na tabela 2.2, a seguir:
Índice Definição Expressão
Cp Índice de capabilidade, definido como o intervalo da
tolerância dividida pela capabilidade do processo,
independentemente da centralização do mesmo.
Pp Índice de desempenho, definido como o intervalo da
tolerância dividida pela capabilidade do processo,
independentemente da centralização do mesmo.
Cpk Índice de capabilidade que leva em consideração a
centralização do processo. Ele relaciona a distância
entre a média do processo e o limite de especificação
mais próximo, com a metade da dispersão total do
processo. Utiliza-se o menor valor obtido de uma das
expressões demonstradas ao lado.
e
Cpk = mínimo [ LSE, LIE ]
Ppk Índice de desempenho que leva em conta a
centralização do processo e é definido como o valor
mínimo obtido de uma das expressões ao lado.
e
Ppk = mínimo [ LSE, LIE ]
Tabela 2.2 - Índices de Medidas de Processo (Adaptado de: IQA, 1997:80 e Hradesky, 1989)
Onde: LSE = Limite Superior de Especificação/Engenharia
LIE = Limite Inferior de Especificação/Engenharia
= Média
Tamanho de subgrupo ou amostra
Constanted2
2 1,1283 1,6934 2,0595 2,2366 2,5347 2,7048 2,8479 2,97010 3,078
Tabela 2.3 - Tabela de divisores para estimativa de desvio padrão(fonte: Hradesky, 1989:146)
A capabilidade ou desempenho do processo podem ser verificados durante a produção
normal, durante a aprovação de processos ou equipamentos novos ou alterados, etc. Os
índices de desempenho do processo normalmente deveriam se usados apenas para
comparar com Cp ou Cpk ou para medir e priorizar melhorias no decorrer do tempo.
Procedimentos para medir índice de capabilidade Cp e Cpk para variáveis são apresentados
a seguir:
a) Análise de Capabilidade para Processos Controlados/Monitorados (CEP, por exemplo):
1. Utilizar os valores de média e amplitude (R) de no mínimo 25 grupos do
gráfico de controle.
2. Determinar Média do Processo e Média das Amplitudes.
3. Determinar o desvio padrão estimado (se).
4. Calcular os valores de Cpk.
b) Analise de Capabilidade/Desempenho para Processos Novos, Alterados ou que não
sejam controlados
Para grupo de amostras (Capacidade Cpk):
1. Retirar 25 a 30 grupos de amostras de 4 ou 5 unidades.
2. Obter os valores de média e amplitude (R) para cada grupo de amostras e
plotar esses valores num gráfico e R.
3. Verificar se o processo é estável. Se estiver estável, determinar os valores de
variabilidade e nível (linha central), ou seja, o desvio padrão (s) e a média das
médias , de forma semelhante ao processo controlado.
4. Se o processo não estiver estável procurar identificar as prováveis causas e
eliminá-las. Após a estabilização repetir operação para determinar desvio padrão
(s) e média das médias .
5. Determinar o Cpk , verificando se é maior ou igual a 1,33.
Para amostras individuais(Desempenho):
1. Retirar um mínimo de 100 amostras individuais (ou 300 conforme IQA);
2. Proceder as medições ou contagem dos valores conforme especificado;
3. Determinar o desvio padrão (s) e média ;
4. Calcular o valor de Ppk, verificando se é maior ou igual ao desejado, por exemplo
1,33;
5. Caso o índice de Ppk seja maior ou igual a 1,33 , repetir o processo para o mesmo
tamanho de amostras.
6. Determinar o valor de Ppk para esta segunda amostragem, verificando se o
resultado é consistente com o primeiro, ou seja, se é maior ou igual a 1,33. Para
este caso o processo é considerado capaz.
7. Caso os valores de Ppk não sejam consistentes ou menores que 1,33, a princípio, o
processo não é considerado capaz.
Observando as equações da tabela 2.2, podemos facilmente verificar que se a distribuição
do processo está centrada, os valores de Cpk ou Ppk são iguais aos de Cp ou Cpk.
A tabela 2.4 demonstra a relação entre a capacidade de processo com os níveis de sigma,
porcentagem e ppm, para uma distribuição centrada.
Tabela 2.4 - Níveis de Sigma e Capabilidade de Processo(fonte: Qualitas Engenharia, Apostila: 6 Sigma, 2000)
Segundo Montegomery os índices Pp/Ppk não tem muito significado estatístico para
representar a capacidade de um processo, sendo apenas uma idéia do desempenho do
mesmo, já que o intervalo de coleta de amostra não é representativo. Ou seja, não se pode
afirmar que o processo está sob controle estatístico, e, portanto, não pode-se predizer o
desempenho do processo através desses índices, e muito menos utilizá-los para controle
estatístico do processo.
Para Montgomery os índices Cp/Cpk são mais significativos estatisticamente para analisar
a capacidade de processo, pois podem predizer com um nível de confiança a capacidade do
processo.