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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA ANÁLISE GEOAMBIENTAL E DEGRADAÇÃO NO MUNICÍPIO DE CABACEIRAS - PB OTÁVIA KARLA DOS SANTOS APOLINÁRIO JOÃO PESSOA – PB 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

ANÁLISE GEOAMBIENTAL E DEGRADAÇÃO NO MUNICÍPIO DE

CABACEIRAS - PB

OTÁVIA KARLA DOS SANTOS APOLINÁRIO

JOÃO PESSOA – PB

2014

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OTÁVIA KARLA DOS SANTOS APOLINÁRIO

ANÁLISE GEOAMBIENTAL E DEGRADAÇÃO NO MUNICÍPIO DE

CABACEIRAS - PB

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Geografia (Mestrado), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), como parte dos requesitos para obtenção do grau de Mestre. Área de Concentração: Território, Trabalho e Ambiente. Linha de Pesquisa: Gestão do território e análise geoambiental. Orientador: Prof. Dr. Bartolomeu Israel de Souza. Co-orientadora: Profª. Drª. Nadjacleia Vilar Almeida.

JOÃO PESSOA - PB

2014

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A643a Apolinário, Otávia Karla dos Santos. Análise geoambiental e degradação no município de

Cabaceiras-PB / Otávia Karla dos Santos Apolinário.-- João Pessoa, 2014.

109f. : il. Orientador: Bartolomeu Israel de Souza Coorientadora: Nadjacleia Vilar Almeida Dissertação (Mestrado) - UFPB/CCEN 1. Geografia regional. 2. Semiárido nordestino. 3. Gestão

territorial. 4. Dinâmica geoambiental. 4. Processos de degradação.

UFPB/BC CDU: 913(043)

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Dedico esta pesquisa ao meu falecido

(pai) drasto, Eldonor Amorim Coelho, o

qual me ensinou que a única coisa que

levamos deste plano é a sabedoria.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida.

À minha mãe, Sueli, e irmã, Karina, pelo apoio e incentivo aos estudos desde

sempre.

Agradeço aos meus amigos Valderban, Elisabete, Carlange, Joseilson, Maria

do Carmo e Janaína, por toda força que sempre me deram nos momentos mais dicífeis,

de minha vida pessoal e acadêmica.

Aos meus colegas de turma por todos os momentos de preocupações,

distrações e troca de conhecimento durante toda a jornada do mestrado, em especial,

agradeço a Glauciene, Pamela, Ivanildo pelo companheirismo e amizade.

À Thereza Rachel pela atenção e ajuda na construção da dissertação

À Mônia Larissa e Priscila Pereira pelas positivas discussões, reflexões e

companheirismos em todos os momentos, inclusive nas pesquisas de campo, as quais

foram de grande importância na construção da pesquisa.

Agradeço a todos os professores do PPGG e do PRODEMA, pelo

conhecimento transmitido e por ampliar meus conhecimentos para além da visão

acadêmica.

À Universidade Federal da Paraíba e a Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão de bolsa de estudos no período

2013-2014, tornando possível a realização desta pesquisa.

Meu agradecimento todo especial ao meu orientador, Bartololeu Israel de

Souza, por ter sido sempre tão atencioso nas orientações e pesquisas de campo, e por

todo o conhecimento transmitido por ele para que eu pudesse chegar até aqui.

À Nadjacleia Vila Almeida pela co-orientação no trabalho de dissertação e por

estar presente em minha vida em toda minha jornada acadêmica de graduação,

especialização e mestrado. Assim como, pelo companheirismo e cumplicidade em todos

os momentos.

Aos professores Flávio Rodrigues do Nascimento e Eduardo Rodrigues Viana

de Lima, pela disponibilidade, contribuições e sugestões.

E a todos que colaboraram direta e indiretamente com esse trabalho meus sinceros agradecimentos.

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RESUMO

O semiárido brasileiro apresenta um quadro biótico e abiótico ainda pouco conhecido cientificamente, o que acaba favorecendo a ocorrência de degradação ambiental, característica marcante no conjunto de paisagens existentes, particularmente em suas zonas de maior secura climática. Esse trabalho foi realizado no município de Cabaceiras-PB, conhecido como o de menor pluviosidade do Brasil, onde também existem sérios impactos ambientais devido a ocorrência de alguns processos naturais e principalmente através do uso e ocupação da terra por atividades agropecuárias e extrativistas, desde o início do processo de ocupação de seu território. O objetivo geral da pesquisa foi analisar o nível de degradação ambiental existente no município, tendo por objetivos específicos, realizar o diagnóstico físico-geográfico, analisar a vulnerabilidade das unidades de paisagem associadas às atividades socioeconômicas e analisar a relação do processo histórico e socioeconômico de uso e ocupação da terra com a degradação ambiental. A metodologia foi fundamentada nas Teorias Geossistêmica e Ecodinâmica, como também nos conceitos e processos causadores da degradação ambiental. Para os procedimentos metodológicos, foram utilizadas técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto, acompanhadas de trabalhos de campo para validação das respostas obtidas. Como resultados, concluiu-se que o município se encontra, predominantemente, em um nível de estabilidade e vulnerabilidade média, prevalecendo a morfogênese sobre a pedogênese e que 32,36% da área de estudo foi considerada como degradada, tendo em vista a perda de biomassa entre os períodos de 1989 e 2005. Do ponto de vista das ações passíveis de conter a degradação e melhorar a qualidade ambiental encontrada atualmente, buscou-se destacar algumas diretrizes e programas de intervenções públicas existentes, as quais, sendo bem executadas, podem solucionar ou ao menos amenizar a situação existente.

Palavras chave: Semiárido nordestino. Dinâmica Geoambiental. Processos de degradação.

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ABSTRACT

The Brazilian semiarid presents a biotic and abiotic framework still little known scientifically, which ends up favoring the occurrence of environmental degradation, hallmark the set of existing landscapes, particularly in their areas of increased climatic dryness. This work was conducted in the municipality of Cabaceiras-PB, known as the least rainfall in Brazil, where there are also serious environmental impacts due to the occurrence of some natural processes and primarily through the use and occupation of land by agricultural and extractive activities, from beginning of the occupation of their territory. The overall objective of the research was to analyze the existing level of environmental degradation in the city, with the specific objectives, perform the physical-geographic diagnosis, analyze the vulnerability of landscape units associated with socioeconomic activities and analyze the relationship between historical and socioeconomic process use and occupation of land with environmental degradation. The methodology was based on geosystemic and ecodynamic theories, as well as the concepts and processes causing environmental degradation. For methodological procedures, geoprocessing and remote sensing, accompanied by field work to validate the responses were used. As results, it was concluded that the municipality is predominantly in a medium level of stability and vulnerability, prevailing morphogenesis on pedogenesis and 32.36% of the study area was considered degraded, in view of the loss of biomass between the periods of 1989 and 2005. From the standpoint of shares that can contain the degradation and improve environmental quality currently found, we sought to highlight some guidelines and existing public assistance programs, which, being well executed, can solve or at least ameliorate the situation.

Keywords: Northeast Semi-arid. Geo-environmental dynamics. Degradation processes.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização do município de Cabaceiras – PB.............................................. 15

Figura 2 - Esboço de uma definição teórica de geossistema.......................................... 19

Figura 3 - Estabilidade dos Ambientes Naturais............................................................. 22

Figura 4 - Perda do solo em diferentes condições de usos............................................. 28

Figura 5 - Atividades humanas e implicações no processo de degradação das terras... 29

Figura 6 - Relação dos postos pluviométricos e coordenadas geográficas usados para caracterização climática do município de Cabaceiras no período de 1960 a 1990.........

34

Figura 7 - Pontos de coleta de dados em campo no município de Cabaceiras – PB...... 38

Figura 8 - Escala de vulnerabilidade à erosão dos componentes de geoambientais....... 40

Figura 9 - Rochas Gnaisse metamórficas........................................................................ 49

Figura 10 – Afloramento granítico................................................................................. 50

Figuras 11 e 12 – Afloramentos graníticos..................................................................... 50

Figura 13 – Geologia do município Cabaceiras – PB..................................................... 51

Figura 14 - Relevo Sombreado de Cabaceiras, com destaque para o transecto A-B.... 52

Figura 15 - Perfil topográfico transversal A-B, sentido nordeste-noreste de Cabaceiras.......................................................................................................................

53

Figura 16 - Hipsometria do município de Cabaceiras.................................................... 54

Figura 17 - Declividade do município Cabaceiras.......................................................... 55

Figura 18 - Relevo do município de Cabaceiras............................................................. 56

Figura 19 - Neossolo Litólico......................................................................................... 59

Figura 20 - Neossolo Flúvico.......................................................................................... 59

Figura 21 - Vertissolo Hidromórfico com microrelevo Gilgai...................................... 60

Figura 22 - Solos do município do município de Cabaceiras......................................... 61

Figura 23 - Precipitação Anual do município de Cabaceiras no período de 1960 a 1990.................................................................................................................................

63

Figura 24 - Duração Sazonal de chuva no município de Cabaceiras no período de 1960 a 1990.....................................................................................................................

64

Figura 25 - Intensidade Pluviométrica anual no município de Cabaceiras no período

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de 1960 a 1990................................................................................................................ 65

Figura 26 – Cobertura Vegetal arbóreo-arbustiva fechada............................................. 67

Figura 27 - Vegetação Arbustivo-Arbórea Fechada....................................................... 68

Figura 28 - Vegetação Arbustiva Fechada...................................................................... 69

Figura 29 - Vegetação Arbustiva Aberta............................................................................. 69

Figura 30 - Plantação de Palma Forrageira..................................................................... 70

Figura 31 - Pecuária Bovina Extensiva........................................................................... 70

Figura 32 - Capim Panasco e Xique Xique..................................................................... 70

Figura 33 - Espacialização do SAVI no município Cabaceiras...................................... 72

Figura 34 - Classificação da cobertura vegetal do município Cabaceiras-PB do período de 02/08/1989....................................................................................................

73

Figura 35 - Classificação da cobertura vegetal do município Cabaceiras-PB do período de 29/07/2005....................................................................................................

74

Figura 36 – Vulnerabilidade das rochas do município de Cabaceiras-PB....................................................................................................................................

79

Figura 37 - Vulnerabilidade do relevo do município de Cabaceiras-PB........................ 82

Figura 38 – Vulnerabilidade dos solos do município de Cabaceiras – PB....................................................................................................................................

84

Figura 39 – Vulnerabilidade da intensidade pluviométrica do município de Cabaceiras – PB..............................................................................................................

88

Figura 40 - Vulnerabilidade da Cobertura Vegetal do município de Cabaceiras – PB....................................................................................................................................

91

Figura 41 - Carta Síntese da Vulnerabilidade do município de Cabaceiras – PB....................................................................................................................................

93

Figura 42 - Classificação da Cobertura Vegetal em 1989.............................................. 95

Figura 43 - Classificação da Cobertura Vegetal em 2005.............................................. 95

Figura 44 - Mapa da situação da Cobertura Vegetal no período de 1989 a 2005............ 97

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classes de declividade em porcentagem....................................................... 32

Tabela 2– Relação dos postos pluviométricos e série climatológica mensal e anual...... 33

Tabela 3- Identificação dos meses eco-secos a partir do regime pluviométrico............. 34

Tabela 4 - Avaliação da Vulnerabilidade com base nas Categorias Morfodinâmicas.... 39

Tabela 5 - Escala de vulnerabilidade à denudação das rochas mais comuns.................. 40

Tabela 6 – Valores de Vulnerabilidade para a Densidade de Drenagem........................ 42

Tabela 7 – Valores de Vulnerabilidade para Amplitude Altimétrica.............................. 42

Tabela 8 – Classes de declividade com respectivos valores da escala de vulnerabilidade................................................................................................................

42

Tabela 9 - Valores de vulnerabilidade natural à erosão para os solos incluindo a correlação com a nova nomenclatura de solos da Embrapa (1999)................................

44

Tabela 10 - Escala de erosividade da chuva e valores de vulnerabilidade à perda de solo..................................................................................................................................

45

Tabela 11 - Adaptação da nomenclatura da cobertura vegetal para o semiárido............ 45

Tabela 12 - Classes de solo em área................................................................................ 57

Tabela 13 - Distribuição em área e porcentagem da cobertura vegetal e água no município de Cabaceiras – PB em 02/08/1989 e 29/07/2005.........................................

75

Tabela 14 - Pluviosidade mensal (mm) coletado no posto pluviométrico do Município de Cabaceiras- PB em 1989.............................................................................................

75

Tabela 15 - Pluviosidade mensal (mm) coletado no posto pluviométrico do Município de Cabaceiras- PB em 2005.............................................................................................

76

Tabela 16 - Distribuição em área e valores de vulnerabilidade das rochas.................... 78

Tabela 17 - Valores de vulnerabilidade do relevo e categorias morfodinâmicas................................................................................................................

81

Tabela 18 - Valores de Vulnerabilidade dos solos e classes morfodinâmicas................................................................................................................

83

Tabela 19 – Valores de vulnerabilidade da intensidade pluviométrica e classificação morfodinâmica...................................................................................................................

86

Tabela 20 – Valores de vulnerabilidade e categorias morfodinâmicas da cobertura vegetal..............................................................................................................................

89

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Tabela 21: Predominância das classes morfodinâmicas dos elementos de paisagem do município de Cabaceiras-PB............................................................................................

92

Tabela 22 - Distribuição em porcentagem da situação da cobertura vegetal................. 98

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Unidades litoestratigráficas do Terreno Alto Moxotó................................... 49

Quadro 2 - Sincronização entre os seixos temáticos do PAN-BRASIL e do PAE-PB.. 102

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AESA/PB - Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba

APA - Área de Proteção Ambiental

CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

DS - Distribuição Sazonal

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FAO - A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

GPS - Global Positioning System/ Sistema de Posicionamento Global

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDW - Inverse distance weighted / Distância Inversa Ponderada

IICA - Interamericano de Cooperação para a Agricultura

INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

IP - Intensidade Pluviométrica

MDT - Modelo Digital de Terreno

MDT- Modelo Digital de Terreno

MMA - Ministério do Meio Ambiente

MNT - Modelo Numérico do Terreno

ND - Número Digital

NDVI - Normalized Difference Vegetation Index / Índice de Vegetação da Diferença Normalizada

PAE-PB - Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca no Estado da Paraíba

PAN-BRASIL - Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação

PlT - Pluviosidade Total

SAVI - Soil Ajusted Vegetation Index / Índice de Vegetação Ajustado ao Solo

SCIENTEC - Associação para o Desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia

SIG - Sistemas de Informação Geográfica

SIRGAS - Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas

SRTM – Shuttle Radar Topography Mission

SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste

TAM - Terrenos Alto Moxotó

TAP - Terrenos Alto Pajeú

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TM - Thematic Mapper

UNCCD - Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação

WGS – World Geodetic System / Sistema Geodésico Mundial

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SUMÁRIO

INDRODUÇÃO .......................................................................................................... 14

CAPÍTULO I

1 ARCABOUÇO TEÓRICO CONCEITUAL ......................................................... 17

1.1 TEORIA GERAL DOS SISTEMAS E GEOSSISTEMAS ............................... 17

1.2 ANÁLISE INTEGRADA DA PAISAGEM E A TEORIA DA

ECODINÂMICA ..................................................................................................... 23

1.3 DEGRADAÇÃO AMBIENTAL ....................................................................... 26

CAPÍTULO II

2 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS METODOLÓGICOS .................................... 30

2.1 FASE DE PREPARAÇÃO ................................................................................ 30

2.2 FASE DE DIAGNÓSTICO ............................................................................... 31

2.2.1 Diagnóstico Geoambiental ......................................................................... 31

2.2.2 Diagnóstico Ecodinâmico .......................................................................... 39

2.2.3 Mapeamento da situação da Paisagem no período de 1989 a 2005 ........... 46

CAPÍTULO III

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 48

3.1 DIAGNÓSTICO FÍSICO .................................................................................. 48

3.1.1 Características Geológicas ......................................................................... 48

3.1.2 Características do Relevo ........................................................................... 52

3.1.3 Características Pedológicas ........................................................................ 57

3.1.4 Características Pluviométricas ................................................................... 62

3.1.5 Características da Cobertura Vegetal ......................................................... 66

3.2 ANÁLISE DA VULNERABILIDADE À EROSÃO ........................................... 78

3.2.1 Vulnerabilidade das Rochas ....................................................................... 78

3.2.2 Vulnerabilidade do Relevo ......................................................................... 80

3.2.3 Vulnerabilidade dos Solos.......................................................................... 83

3.2.4 Vulnerabilidade Pluviométrica .................................................................. 85

3.2.5 Vulnerabilidade da Cobertura Vegetal ....................................................... 89

3.2.6 Integração das Cartas de Estabilidade e Vulnerabilidade dos Componentes

Geoambientais ..................................................................................................... 92

3.3 DINÂMICA DA COBERTURA VEGETAL.................................................... 94

3.3.1 Dinâmica da Cobertura Vegetal entre os Anos de 1989 e 2005 ................ 94

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CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 104

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 106

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INTRODUÇÃO

A degradação ambiental é entendida na literatura científica como a perda ou

redução da qualidade dos recursos bióticos e abióticos provenientes de processos

naturais e antropogênicos, os quais associados condicionam os componentes

geoambientais a diferentes graus de estabilidade e vulnerabilidade.

As discussões sobre a problemática ambiental em nível mundial têm início a

partir da década de 1970, como resultado de um repensar a sociedade, inclusive em sua

forma de agir com a Natureza. Nesse contexto, surgem diversos fóruns mundiais onde

essas questões foram e continuam a ser exploradas, destacando-se, inicialmente, a

Conferência de Estocolmo (1972), entre outras que lhe seguiram.

Em termos mais específicos, no caso das zonas de clima seco, destaca-se a

Conferência de Nairóbi (1977), cujas discussões giraram em torno particularmente da

questão da desertificação. Essas áreas até hoje chamam atenção da comunidade

científica e política em nível mundial, dada a sua importância no que diz respeito a

abrangência territorial e número de habitantes, associados a um ambiente biótico e

abiótico que, com dinâmica distinta das zonas úmidas, ainda hoje se constitui um

desafio no que diz respeito a um processo de ocupação que possibilite uso econômico e

conservação dos recursos naturais existentes.

Nesse contexto temos a Região Semiárida no Brasil, em que por séculos de

ocupação tem promovido fortes alterações no quadro ambiental, sem que até o momento

muitos dos problemas gerados tenham sido parcial e satisfatoriamente solucionados.

Em se tratando da contribuição das ciências a essas questões, a Geografia possui

papel de destaque, particularmente com o advento da Teoria Geossistêmica

sistematizada por Bertrand (1968), na qual se buscou compreender o potencial

ecológico, a exploração biológica e a ação antrópica, com a finalidade de identificar a

modificação e artificialização na natureza através das atividades humanas.

No contexto acima, pensando a paisagem como uma unidade Geossistêmica,

procurou-se analisar como a dinâmica sociedade/natureza influencia na estabilidade e

vulnerabilidade do ambiente, classificando-o em unidades morfodinâmicas

denominadas como meios Estável, Intergrade e Instável, e como esses meios interferem

na produtividade ecológica, biológica, e antropogênica, utilizando como metodologia a

Teoria Ecodinâmica formulada por Tricart (1977).

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Desta forma, com a integração dessas teorias metodológicas, com o auxílio das

geotecnologias e com pesquisa de campo foi possível identificar o grau morfodinâmico

do ambiente e sua relação com a degradação, considerando que as atividades produtivas

desenvolvidas tenham acelerado esse processo, espacial e temporalmente.

Sendo Assim, é possível ser constatado que a degradação ainda pode ser

reversível se forem tomadas medidas, ações e providências, mediante diretrizes e

políticas públicas, com foco na recuperação, preservação, conservação, no manejo

sustentável dos recursos naturais e na melhoria da qualidade socioeconômica e cultural.

Diante desse contexto, essa dinâmica ambiental se aplica ao município de

Cabaceiras – PB, o qual está localizado na Microrregião do Cariri paraibano, Semiárido

Nordestino, posicionado entre os paralelos de 7°18’00’’ e 7°36’30’’ de latitude sul e

entre os meridianos de 36°09’00’’ e 36°27’00’’ de longitude oeste (Figura 1), possuindo

uma área territorial de 452,922 Km2, população total de 5.035 habitantes e densidade

demográfica de 11,12 hab/Km2 (IBGE, 2010).

Figura 1 - Localização do município de Cabaceiras – PB.

Cabaceiras possui, de forma geral, características naturais heterogêneas, com

temperaturas médias anuais elevadas de 27º a 29°C, solos rasos, vegetação de caatinga e

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precipitações irregulares e torrenciais, cujas médias anuais variam entre 400 e 800 mm

(AB´SABER, 1980), sendo considerado um dos municípios mais secos do Brasil.

Diante do exposto, teve-se como objetivo geral analisar o nível de degradação

ambiental no município de Cabaceiras, e como objetivos específicos, realizar

diagnóstico físico-geográfico, analisar a vulnerabilidade das unidades de paisagem

associadas às atividades socioeconômicas e analisar a relação do processo histórico de

uso e ocupação da terra com a degradação ambiental.

A escolha do município mencionado e da temática abordada no trabalho se deu

pelo contexto histórico de uso e ocupação da terra e da intensa degradação dos recursos

naturais em função de modelos de desenvolvimento econômicos que não deram certo e

que acabaram por promover a acentuação da degradação ambiental, contribuindo

também com as desigualdades socioeconômicas.

Sendo assim, viu-se a necessidade de se trazer a temática para o meio acadêmico

a fim de se gerar discussões e de estudar meios, através de metodologias científicas e

políticas publicas, de conter ou amenizar a degradação ambiental no município de

Cabaceiras.

O trabalho está estruturado em três capítulos, de modo que no primeiro capítulo

é apresentado o Arcabouço Teórico Conceitual como base norteadora da pesquisa,

contemplando a Teoria geral dos Sistemas e geossistema, a Análise Integrada da

Paisagem, a Teoria Ecodinâmica e a os conceitos e processos da Degradação

Ambiental; no segundo capítulo são apresentados os Procedimentos Técnicos

Metodológicos, compreendendo a Fase de Preparação, que consiste no levantamento

dos dados e materiais utilizados, e a Fase do Diagnóstico Físico e do Diagnóstico

Ecodinâmico, constando as metodologias e procedimentos utilizados e o terceiro e

último capítulo contendo os Resultados e Discussões, dividido em três tópicos: o

Diagnóstico Físico, o qual apresenta as características físicas intrínsecas da área de

estudo, a Análise da Estabilidade e Vulnerabilidade do Meio Físico e o ultimo tópico a

Dinâmica da Cobertura Vegetal, compreendendo a mudança da paisagem entre o ano de

1989 e o de 2005 e os possíveis caminhos para a atenuação da degradação.

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CAPÍTULO I

1 ARCABOUÇO TEÓRICO CONCEITUAL

1.1 TEORIA GERAL DOS SISTEMAS E GEOSSISTEMAS

A Geografia perpassou por várias correntes geográficas em sua trajetória,

sendo a partir da Geografia Teorética e Quantitativa ou Geografia Neopositivista, em

meados do século XX, que surge a Teoria Geral dos Sistemas. Essa Nova Geografia é

derivada do Positivismo, movimento relacionado com o Empirismo e o Naturalismo,

introduzido em meados do século XIX por Auguste Comte (CHRISTOFOLETTI,

1985).

A Geografia Teorética e Quantitativa ou Geografia Neopositivista surge a

partir da necessidade de buscar novas metodologias no estudo da Geografia, pois a

Geografia Tradicional, empírica e descritiva, não possuía uma base teórico-

metodológica para as novas proposições da Geografia Neopositivista, como um maior

rigor na aplicação da metodologia científica, desenvolvimento de teorias, uso de

técnicas estatísticas e matemáticas, uso de modelos e abordagem sistêmica

(CHRISTOFOLETTI, 1985).

Entre as teorias, metodologias e técnicas, destaca-se a Teoria Geral dos

Sistemas proposta pelo biólogo Ludwig Von Bertalanffy no início do século XX,

permanecendo pouco difundida até meados desse século. Bertalanffy (1973, p.62)

definiu sistemas como “um conjunto de elementos em interação”. Em uma breve

revisão acerca da Teoria dos Sistemas, Heigh (1985, apud CHRISTOFOLETTI, 1999,

p. 46) considera que “sistema é uma totalidade que é criada pela integração de um

conjunto estruturado de partes componentes, cujas inter-relações estruturais e funcionais

criam uma inteireza que não se encontra implicada por aquelas partes componentes

quando desagregadas”, ou seja, só há um sistema quando as partes de um todo estão

inter-relacionadas entre si e seus atributos.

A teoria sistêmica foi utilizada como base para vários ramos da ciência,

destacando-se a Ecologia e a Geografia (RODRIGUES, 2001). Na Ecologia ela derivou

o termo ecossistema, utilizado por muitos estudiosos, sendo com o inglês Tansley, em

1934, que o conceito foi sistematizado (TRICART, 1977). Outro enfoque sistêmico foi

empregado por Carl Troll (1938), quando utilizou o termo “Landschaftsokology”

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(Ecologia da Paisagem) em 1938, reagrupando “os elementos da paisagem de um ponto

de vista ecológico, dividindo-os em ecótopos, unidades comparáveis aos ecossistemas”

(SCHIER, 2003, p.84), introduzindo, dessa forma, um novo entendimento sistêmico das

unidades geográficas abordada na Nova Geografia.

Na Geografia surge outra derivação da Teoria dos Sistemas, o Geossistema,

lançado no inicio da década de 1960 pelo Instituto Geográfico da Sibéria, liderado pelo

geógrafo soviético Viktor Borisovich Sotchava, o qual foi bastante criticado por não

apresentar de maneira clara e precisa os critérios para classificação e subdivisão do

geossistema, sendo considerado como um conceito teórico de difícil aplicação prática

(ALMEIDA, 2012).

Em 1968, Paul Georges Bertrand publicou o artigo “Paisagem e Geografia

Física Global: Esboço metodológico”, otimizando o conceito de Geossistema. Neste

trabalho foi estabelecida uma tipologia em que a paisagem é analisada segundo uma

visão sistêmica e integrada, englobando elementos físicos, biológicos e antrópicos.

Bertrand deu uma nova roupagem à Teoria Geossistêmica, dando-lhe consistência

teórico-metodológica aplicável nos estudos da análise integrada da paisagem,

organizando-a em um sistema taxonômico que permite classificar a paisagem em função

da escala, situando as Unidades de Paisagens no tempo e no espaço (ALMEIDA, 2012).

É importante frisar que apesar da Teoria Geossistêmica ter sido criticada

inicialmente com Sotchava em 1960, por não possuir uma metodologia consistente e

aplicável na prática, ela passou por adaptações que a tornaram sistemática e, portanto,

aplicável cientificamente às pesquisas. Neste sentido, podemos tomar como exemplo

pesquisadores de destaque como Bertrand, o qual contribuiu com a utilização da escala

para classificar a paisagem em níveis taxonômicos diferentes.

Para Bertrand (1972), a escala de classificação da paisagem é dividida em seis

níveis taxonômicos categorizados em unidades superiores e inferiores. Nas unidades

superiores estão os elementos climáticos e estruturais: Zona (caracterizado pelo clima e

biomas, estando na primeira grandeza escalar); Domínio (combinação de relevos

montanhosos e climas oceânicos, estando na segunda grandeza escalar) e Região

Natural (situada entre a terceira e quarta grandeza é constituída pela junção dos

elementos da natureza, relevo, clima, vegetação, geologia, e outros constituintes

naturais). Nas unidades inferiores têm-se o Geossistema (constituído pelos complexos

geográficos e sua dinâmica, situado entre a quarta e a quinta grandeza); o Geofácies

(aspectos fisionômicos homogeneizados em setores espaciais geográficos, situado na

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sexta grandeza escalar) e o Geótopo (situado no último nível da escala espacial,

homogeneizado pontualmente ou localmente, situado na sétima grandeza escalar

têmporo-espacial).

Cada unidade de paisagem deverá ser representada em uma escala cartográfica

que possa representar o real com nível máximo de detalhamento correspondente a cada

escala. Dessa forma, na unidade geossistêmica, a escala para se trabalhar

satisfatoriamente está entre 1/100000 e 1/200000 (BERTRAND & BERTRAND, 2007).

Nesse nível de escala, percebe-se que na paisagem não existe uma

homogeneidade fisionômica, pois ela é formada por diferentes fisionomias que

representam os diversos estágios da evolução do geossistema. Dessa forma, o

geossistema constitui-se de uma unidade de paisagem em que há uma interação entre o

potencial ecológico (geomorfologia+clima+hidrologia), a exploração biológica

(vegetação+solo+fauna) e a ação antrópica, podendo-se entender como se dá a

modificação e artificialização dos elementos bióticos e abióticos através da ação

humana (Figura 2).

Figura 2 – Esboço de uma definição teórica de geossistema. Fonte: Bertrand (2007, p.18)

Quando há um equilíbrio entre o potencial ecológico e a exploração biológica,

diz-se que o geossistema está em estado de clímax. No entanto, esse é um estado

bastante difícil de se chegar e de manter-se estável pela própria dinâmica do potencial

ecológico e da ocupação biológica, os quais variam no tempo e no espaço

(BERTRAND, 1972).

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Dessa forma, a paisagem é uma unidade global dinâmica, que pode ser

classificada em unidades hierarquizadas (táxons) em função da escala têmporo-espacial.

Com base nesses preceitos, o geossistema foi classificado em tipologias dinâmicas em

função de sua evolução, levando em consideração o sistema de evolução, o estágio

atingido em relação ao clímax e o sentido geral da dinâmica (progressiva, regressiva,

estabilidade). Essa tipologia é inspirada na teoria de bioresistasia de H. Erhart. A

subdivisão do geossistema, seguindo essa tipologia, possibilita uma correlação entre o

potencial de uso e a interferência humana no ambiente em relação aos elementos da

paisagem, classificando-as de acordo com a biostasia e a resistasia (BERTRAND &

BERTRAND, 2007; p. 24).

No geossistema em biostasia predominam os agentes e processos bioquímicos-

pedogênese-formação do solo, concorrência entre espécies vegetais etc. Possui atividade

geomorfogenética fraca ou nula e o potencial ecológico é mais ou menos estável. A

intervenção humana pode provocar uma dinâmica regressiva, mas nunca compromete

gravemente o equilíbrio entre o potencial ecológico e a exploração biológica

(BERTRAND, 1972). Dessa forma o geossistema em biostasia, na concepção de

Bertrand & Bertrand (2007), divide-se em:

• geossistemas climáticos, correspondendo à paisagem em que o clímax é

mais ou menos bem conservado;

• geossistemas paraclimáticos, os quais aparecem no decorrer de uma

evolução regressiva, ocorrendo uma paralização relativamente longa

dessa evolução ligada a uma modificação parcial do potencial ecológico

ou da exploração biológica. Geralmente essa paralização ou bloqueio

tem origem ligada às atividades humanas;

• geossistemas degradados com dinâmica progressiva, em que a paisagem

sofre uma tensão continuada provocada pela ação humana, embora em

um determinado momento ocorra um retorno espontâneo ao estado de

clímax, ainda que não mais em sua forma pioneira ou nativa;

• geossistemas degradados com dinâmica regressiva sem modificação

importante do potencial ecológico. Do ponto de vista da exploração

biológica, representa uma paisagem em que a vegetação sofreu uma

grande modificação ou destruição.

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No geossistema em resistasia predomina a geomorfogênese, no qual os

processos morfogenéticos (erosão, escoamento superficial, transporte e acumulação de

detritos), responsáveis pela formação e esculturação do relevo, atuam de forma

agressiva sobre a pedogênese e a colonização vegetal. Essa dinâmica da paisagem pode

ser distinguida em dois níveis de intensidade (BERTRAND & BERTRAND, 2007):

• na resistasia verdadeira, há uma crise geomorfoclimática modificadora do

relevo, em que a destruição da vegetação nativa e do solo pioneiro pode

ser total, acelerada pela ação antrópica, sendo gerado um geossistema

totalmente novo;

• na resistasia limitada à cobertura viva da vertente, há uma erosão da parte

superficial das vertentes (vegetação, húmus, solos, mantos superficiais,

lençóis freáticos epidérmicos), também chamada de erosão epidérmica,

correspondendo a erosão natural.

Analisando o geossistema em biostasia e resistasia é possível verificar que há

uma relação próxima entre esses e os meios morfodinâmicos, em que os geossistemas

em biostasia estão diretamente ligados aos meios estáveis e intermediários e os

geossistemas em resistasia correspondem ao meio instável da ecodinâmica.

Vale salientar que em toda tipologia do geossistema deve-se levar em

consideração a importância do tempo e do espaço, para analisar a época de um

determinado evento ou acontecimento passado na escala geológica e geomorfológica da

Terra, reconstruindo a cadeia histórica dos geossistemas, levando em conta as fases do

equilíbrio biológico e as fases da atividade geomorfológica. Em relação ao espaço, o

estudo da distribuição espacial dos geossistemas dá suporte às pesquisas cartográficas

de áreas ou regiões em equilíbrio biológico ou em atividade geomorfológica

(BERTRAND & BERTRAND, 2007).

Drew (1998) exemplifica bem essa subdivisão dos geossistema, no que ele

chama de Estabilidade dos Ambientes Naturais, dividido em Estado de Equilíbrio

Dinâmico, Estado Intermediário, Limiar e a Realimentação (feedback) Positiva ou

Negativa (Figura 3).

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Figura 3 – Estabilidade dos Ambientes Naturais. Reação de um sistema ambiental perante um esforço ou tensão que lhe é imposto: (a) com a cessação do esforço antes do nível do limiar há condições para sua recuperação e restauração; (b) com a continuação do esforço, até que o sistema ultrapasse o nível do limiar, não há mais condições para se voltar ao estado original. Quando há a eliminação do esforço, a estabilização ocorre em um novo nível de equilíbrio. Fonte: Drew (1998).

Drew (1998) chama de Estado Inicial do Sistema o ambiente virgem, não

alterado, em equilíbrio dinâmico. O Sistema em Modificação é o sistema intermediário,

o qual está passando por um estado de tensão que vai do inicial (vegetação esparsa,

pobre, solo compactado, menos infiltração, plantas rentes ao chão) ao estado

“intermediário” continuado (cobertura parcial da vegetação, menos solo fértil, mais

compactação, erosão do solo superficial). Nesses dois níveis o sistema pode sofrer

recuperação e restauração. No Estado Limiar de Recuperação também há um esforço

continuado, no entanto se essa tensão for eliminada, o sistema sofre resiliência,

passando pela realimentação negativa (reduz-se o efeito da mudança), voltando ao

estado de equilíbrio dinâmico. O Estado Final é aquele em que a tensão ultrapassa a

zona de Limiar (rio efêmero, sem solo superficial e com vegetação sazonal e parcial),

quando o sistema procura um novo nível de equilíbrio dinâmico, passando pela

Realimentação Positiva (reforço da direção de mudança original), quando o ambiente

não mais voltará ao estado original.

Diante do exposto, de acordo com Bertrand (2007) e Drew (1998), percebe-se

que o geossistema através de suas classificações e tipologias, forneceu importante

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suporte para a sistematização na Geografia Física nos estudos ligados à análise

integrada da paisagem e nos estudos da ecodinâmica, desenvolvido posteriormente por

Jean Tricart, como veremos adiante.

1.2 ANÁLISE INTEGRADA DA PAISAGEM E A TEORIA DA

ECODINÂMICA

O conceito de paisagem passou por muitas definições de acordo a evolução do

pensamento geográfico, sendo uma das categorias da Geografia mais discutida por essa

Ciência.

A partir da Teoria Geossistêmica e de seu aprimoramento por Bertrand (1972),

a Geografia tem procurado estudar a paisagem de forma holística, dentro do contexto

das relações entre sociedade e natureza. Sendo assim, Bertrand & Bertrand (2007, p. 7-

8) definem paisagem da seguinte forma:

A paisagem não é a simples adição de elementos geográficos disparatados. É, em uma determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução.

Analisando a paisagem em uma dimensão cultural, Bertrand & Bertrand (2007,

p. 251) dizem que esta é “uma criação humana, a marca de uma sociedade sobre um

território. [...] que ela nem é natural nem artificial, mas híbrida”. Desta forma, para os

autores, “a paisagem é o reflexo e a marca impressa da sociedade dos homens na

natureza. Ela faz parte de nós mesmos. Como um espelho, ela nos reflete, ao mesmo

tempo, ferramenta e cenário” (BERTRAND & BERTRAND, p. 263).

Considerando a paisagem a partir da relação sociedade e natureza, Bolós

(1981, apud GUERRA & MARÇAL, 2006, p. 97) afirma que: “A dinâmica e evolução

da paisagem são determinadas por processos políticos, econômicos e culturais”. Ou

seja, a partir do momento que a sociedade transforma o meio no tempo e no espaço,

através dos processos políticos, econômicos e culturais que são inerentes à sociedade,

ela estará dinamizando ou transformando a paisagem.

Analisar a paisagem de forma integrada é vê-la como um sistema em que todas

as unidades componentes da superfície terrestre e as atividades exercidas pela sociedade

são analisadas como um conjunto, e que suas partes integrantes se inter-relacionam.

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Bertrand & Bertrand (2007, p. 224) ao discutirem a paisagem sob essa perspectiva,

dizem o seguinte:

A mais simples e banal das paisagens é ao mesmo tempo social e natural, subjetiva e objetiva, espacial e temporal, produção material e cultural, real e simbólica etc. A enumeração e a análise separada dos elementos constitutivos e as diferentes características espaciais, psicológicas, econômicas, ecológicas etc. não permitem dominar o conjunto. A complexidade da paisagem é ao mesmo tempo morfológica (forma), constitucional (estrutura), e funcional, e não devemos tentar reduzi-la dividindo-a. (...) Ela é uma interpretação social e da natureza.

Além da teoria geossistêmica, outra base teórico-metodológica que se propõe a

dar sustentação a análise integrada da paisagem é a Teoria da Ecodinâmica, proposta

por Jean Tricart (1977). Essa teoria busca classificar os meios em unidades

morfodinâmicas, considerando diversos aspectos bióticos (solo e vegetação), abióticos

(geologia, geomorfologia e hidroclimatologia) e socioeconômicos.

De acordo com Tricart, as unidades ecodinâmicas “se caracterizam por certa

dinâmica do meio ambiente que têm repercussões mais ou menos imperativas sobre as

biocenoses” (TRICART, 1977, p.32). Integrado ao conceito de ecossistema, as unidades

ecodinâmicas baseiam-se na integração mútua dos componentes ligados por fluxos de

energia e matéria presentes no meio ambiente (TRICART, 1977, p.32).

A Teoria da Ecodinâmica considera como indicador de estabilidade do sistema

a ação dos processos morfogenéticos e pedogenéticos na esculturação do relevo. De

acordo com as relações de pedogênese/morfogênese, essa teoria classifica a paisagem

em diferentes categorias morfodinâmicas: meios estáveis, meios instáveis e meios

intermediários (Intergrades), como segue:

• São considerados meios estáveis “os processos mecânicos que atuam pouco e

sempre de modo lento. (...) Sendo a vegetação capaz de fornecer detritos tem lugar a pedogênese”, prevalecendo os processos formadores do solo (TRICART, 1977, p. 35; 37);

• No caso dos intermediários (Intergrades), considera-se que “É a passagem gradual entre os meios estáveis e os meios instáveis; quando há uma interferência permanente de pedogênese e morfogênese, exercendo-se de maneira concorrente sobre um mesmo espaço” (TRICART, 1977, p.47).

• Nos meios instáveis “a morfogênese é o elemento predominante da dinâmica natural, e o fator predominante do sistema natural, ao qual outros elementos estão subordinados” (TRICART, 1977, p. 51);

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Cada categoria morfodinâmica (meios estáveis, meios intermediários e meios

instáveis) é subdividida em diferentes graus de estabilidade. Essa condição de

estabilidade é quem determina o tempo em que a pedogênese e a morfogênese serão

exercidas, e qual a predominância. É através do tempo que se verifica o grau de

evolução do solo e suas características morfológicas, podendo-se distinguir se os meios

estáveis, intermediários e instáveis estão assim a muito tempo ou se tornaram estáveis,

intermediários e instáveis há pouco tempo (TRICART, 1977).

É importante frisar que a cobertura vegetal é de suma importância no princípio

da conservação para as diversas variedades dos meios estáveis e intermediários, visto

que a estabilidade está em manter a cobertura vegetal. No entanto, nos meios instáveis a

cobertura vegetal também tem sua importância, visto que há uma influência indireta no

clima. Com o efeito dessa influência, a vegetação não se adapta bem às irregularidades

climáticas e as influências da bioestasia são reduzidas ao mínimo. Um bom exemplo

disso é a região semiárida do Nordeste brasileiro, a qual possui irregularidades sazonais

na distribuição das precipitações, influenciando diretamente na vegetação (TRICART,

1977).

Para avaliar a estabilidade dos meios morfodinâmicos, é preciso avaliar não só

a vulnerabilidade da vegetação, mas considerando a relação entre os processos de

morfogênese e pedogênese, a partir da análise integrada da geologia, da geomorfologia,

do solo e da vegetação, assim como informações complementares dos efeitos do clima e

do uso da terra (BECKER & EGLER, 1996).

Uma síntese das principais características das categorias morfodinâmicas

propostas por Tricart (1977) é apresentada por Almeida (2012): Meios Estáveis -

cobertura vegetal densa, dissecação do relevo moderada e ausência de manifestações

vulcânicas; Meios Intergrades - balanço entre as interferências morfogenéticas e

pedogenéticas; Meios Fortemente Instáveis - condições bioclimáticas agressivas, com

ocorrências de variações fortes e irregulares de ventos e chuvas, relevo com vigorosa

dissecação, presença de solos rasos, inexistência de cobertura vegetal densa, planícies e

fundos de vales sujeitos à inundações e geodinâmica interna intensa.

No que diz respeito a contribuição do estudo da ecodinâmica e da análise

integrada da paisagem em uma região com fragilidades socioeconômicas, a exemplo da

região semiárida da Paraíba, essa está em avaliar a vulnerabilidade do ambiente,

considerando que a região possui características físicas que potencializam os efeitos da

degradação ambiental gerada pela ação humana. Nesse contexto, as várias atividades

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antropogênicas existentes na região influenciam diretamente no grau de vulnerabilidade

e na fragilidade do meio.

1.3 DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

A questão da degradação deixou de ser um problema estritamente ambiental

para ser um problema ambiental, pois além dos fatores atribuídos aos aspectos físicos e

biológicos, também envolve questões políticas, sociais, culturais e econômicas que

acabam por influenciar direta e indiretamente na qualidade ambiental e social.

No contexto acima descrito e no que se refere às regiões de clima seco no

mundo, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em 1972 na

cidade de Estocolmo, iniciou oficialmente uma discussão mundial acerca dessa

problemática, com base na questão da desertificação. Seguindo essa perspectiva, a

Conferência das Nações Unidas sobre Desertificação reconheceu a desertificação como

um tipo de degradação desencadeadora de severos custos para a sociedade

(NASCIMENTO et al., 2007). Na década de 1970 essa expressão passa a ser

considerada como um conjunto de processos que dão origem a áreas degradadas nas

regiões de clima seco. Na década de 1990, com a Convenção das Nações Unidas de

Combate a Desertificação (1995, p.7) esse conjunto de processos foi definido como

sendo “[...] a degradação da terra nas zonas áridas, semiáridas e sub-úmidas secas,

resultante de vários fatores, incluindo as variações climáticas e as atividades humanas”.

Sendo assim, concebendo a desertificação como a degradação da terra nas

zonas de clima seco, a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação

(UNCCD) (1995, p.14) entende a degradação como:

[...] redução ou perda, nas zonas áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, da produtividade biológica ou econômica e da complexidade das terras agrícolas de sequeiro, das terras agrícolas de regadio, das pastagens naturais, das pastagens semeadas, das florestas ou das arvores com arvoredo disperso, devido aos sistemas de utilização das terras ou a um processo ou combinação de processos incluindo os que resultam da actividade do homem e de suas formas de ocupação do território, tais como: (i) A erosão do solo causada pelo vento/ e ou pela água; (ii) A deterioração das propriedades físicas, químicas e biológicas ou econômicas do solo e, (iii) A destruição da vegetação por períodos prolongados”.

De acordo com Nascimento et al. (2007) existem vários fatores sociais que

podem ocasionar a degradação de um ambiente. Para estes autores, dependendo da

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intensidade e frequência desses fatores, pode ser desencadeada a desertificação. Entre

esses fatores sociais estão:

O sistema de propriedade da terra; racionalidade dos agentes e atores sociais envolvidos; a intensa pressão humana sobre os sistemas naturais; tecnologia inadequada prevalecente; carência de infra-estrutura ambiental e social; insuficiente integração regional (NASCIMENTO et al., 2007; p. 82).

Várias são as formas de degradação, sendo que esta não atinge apenas um

elemento da paisagem (geologia, geomorfologia, solos, vegetação, hidrografia, fauna),

pois todos esses elementos estão interconectados uns com os outros, formando um único

sistema aberto, ligado por fluxos de energia e matéria presentes no meio ambiente.

A degradação ocorre devido a uma combinação de processos naturais agindo

sobre a terra, como o ressecamento do clima atmosférico, processos naturais de erosão,

entre outros, e processos antrópicos de ação direta ou indireta sobre o terreno. A

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) define a

degradação da terra como sendo “a deterioração ou perda total da capacidade dos solos

para o uso presente e futuro” (FAO, 1980 apud ARAUJO et al., 2010). Neste sentido,

Araújo et al. (2010) consideram que terra é:

uma área delineada da superfície da Terra, cujas características incluem todos os atributos da biosfera, verticalmente acima ou abaixo dessa superfície, incluindo aquelas da atmosfera mais baixa (bacia aérea), o solo e a geologia, a hidrologia (inclusive lagos, rios, pântanos e mangues), a população vegetal e animal, o modelo de assentamento humano e os resultados físicos da atividade humana do passado e do presente (terraceamento, armazenamento de água ou estruturas de drenagem, estradas etc.) (ARAUJO et al., 2010, p. 17).

Cada elemento da paisagem tem um grau diferente de resiliência. No caso dos

solos, a degradação se destaca por ser um processo dificilmente reversível, caso a

pressão exercida sobre o meio não seja cessada ou diminuída, e por sua recuperação ou

regeneração ser bastante lenta. Além da erosão, as terras cultiváveis podem sofrer vários

outros tipos de degradação, como a degradação física (compactação do solo) e química

(fertilizantes, pesticidas) decorrentes de práticas agrícolas, que podem diminuir ou

anular as propriedades benéficas do solo, tornando-o improdutivo. Quanto às aspectos

hídricos, se mal geridos, podem causar o encharcamento ou a salinização do solo,

ameaçando a capacidade produtiva biológica e econômica do mesmo (ARAUJO et al.,

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2010). Tanto a degradação do solo quanto a dos recursos hídricos irão causar

degradação à vegetação, que poderá causar mudança, a longo prazo, no clima, como

também poderá causar a diminuição da fauna local. E assim, todos os elementos da

paisagem poderão sofrer diferentes graus de degradação, de uma ou mais ação no meio

ambiente.

Pensando em ter, na maioria das vezes, um aproveitamento econômico a curto

prazo, os atores humanos buscam através dos meios tecnológicos transformar a terra em

espaços produtivos economicamente, sem levar em conta o potencial e as limitações de

uso de uma determinada área ou região. Sendo assim, de acordo com o uso e ocupação

da terra, a intensidade da perda de solo por erosão irá variar, conforme pode ser

observado na Figura 4, a seguir, baseado em Mafra (1999).

Figura 4 - Perda do solo em diferentes condições de usos. Fonte: Lepsch (1977 apud MAFRA, 1999).

Analisando a Figura 4, uma área com mata tem perda de solo de 4kg/ha ao ano

e uma área com pastagem tem perda de solo de 700 kg/ha ao ano. Para esse tipo de uso,

a perda de solo irá variar dependendo do tipo de pecuária que se tenha, fazendo pressão

sobre a terra. Uma área com cafezal terá uma erodibilidade de 1.100 kg/há ao ano e no

uma área com cultura de algodão a perda de solo de aproximadamente 38.000 kg/ha ao

ano e Observa-se que o uso pela agricultura provoca uma maior perda de solo, o que

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ocorre em função da pressão da produção, e do incremento de fertilizantes, pesticidas e

da mecanização, descaracterizando ambientes e modificando a paisagem para outro

nível, forçando o ambiente a buscar outro equilíbrio dinâmico (MAFRA, 1999).

Nessa perspectiva, de acordo com Casanellas et al. (1994, apud MAFRA, 1999,

p. 308):

a “readaptação” do solo às novas condições pode ser pouco favorável à manutenção da estrutura do epípedon1 (o que pode acarretar uma maior vulnerabilidade à erosão) e pode implicar em uma menor disponibilidade de água para o vegetal.

De acordo com o tipo de uso da terra e a atividade humana exercida,

principalmente ligada à produção a curto prazo e em larga escala, a degradação é

progressiva e atinge o ambiente como um todo como pode ser observado através da

figura 5.

Figura 5 – Atividades humanas e implicações no processo de degradação das terras. Fonte: Casanellas et. al (1994 apud MAFRA, 1999).

Diante do exposto, a conservação e uso da terra de forma sustentável é a

melhor alternativa para minimizar os impactos da degradação sobre o ambiente natural.

Neste sentido, as atividades socioeconômicas devem ser exercidas considerando as

potencialidades e fragilidades geoambientais, buscando o equilíbrio geossistêmico entre

sociedade e natureza.

1 Horizonte superficial.

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CAPÍTULO II

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo consiste em informar, mostrar e detalhar todos os passos que

foram trilhados para a construção deste trabalho, informando quais os dados primários e

secundários utilizados, suas procedências, e os materiais utilizados.

2.1 FASE DE PREPARAÇÃO

Inicialmente, buscou-se fazer um levantamento teórico-conceitual,

metodológico, bibliográfico e referencial, para dar embasamento consistente e

direcionamento para a sistematização da pesquisa em questão. Foi feito levantamento de

dados e informações da área de estudo (artigos publicados, relatórios técnicos, bases

cartográficas, imagens de sensores remotos, fotografias) para dar suporte às análises

realizadas no diagnóstico físico-geográfico.

Para a construção da base cartográfica dos componentes geoambientais foram

utilizadas imagens de radar, cena 07S375 na escala de 1:250.000, produzida pela

Missão Topográfica de Radar Transportado (Shuttle Radar Topography Mission -

SRTM) capturadas em fevereiro de 2000, uma com resolução espacial de 90m

disponibilizada no site Geoportal da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado

da Paraíba (AESA/PB) e outra imagem de resolução espacial de 90 metros com

correção para 30 metros, disponibilizada para download no site do Banco de dados

Geomorfológico do Brasil (TOPODATA) da Divisão de Sensoriamento Remoto do

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A partir dessas imagens foram

gerados dados de altimetria, declividade, modelo numérico do terreno (MNT), relevo

sombreado e hidrografia.

Também foram utilizadas imagens do sensor TM/Landsat-5 datadas de

02/08/1989 e 29/07/2005, com resolução de 30x30 metros, disponibilizadas pelo INPE

em 2013.

Essas imagens serviram de base para o cálculo do Índice de Vegetação

Ajustado para os Efeitos do Solo (Soil Adjusted Vegetation Index - SAVI). Para o

processamento das imagens SRTM e TM/Landsat-5 e tratamento dos dados foram

utilizados os softwares ArcGis 9.3 e ERDAS 9.2.

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O sistema geodésico de referência usado para o georreferenciamento dessas

imagens foi o Sistema Geodésico de Referência (WGS84), por ser, segundo o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o sistema compatível com o nível de

poucos centímetros do atual sistema utilizado no Brasil, o Sistema de Referência

Geocêntrico para as Américas (SIRGAS 2000). A opção por este sistema, WGS84, e

não pelo SIRGAS2000, foi por esse não estar disponível em alguns softwares e GPS-

(Global Positioning System).

2.2 FASE DE DIAGNÓSTICO

Esta fase consiste na análise das variáveis físicas que influenciam na

configuração da paisagem e nos processos de degradação da terra no município de

Cabaceiras.

2.2.1 Diagnóstico Geoambiental

No diagnóstico geoambiental são apresentados os procedimentos

metodológicos de tratamento dos dados em informações geográficas a partir de análises

espaciais utilizando softwares específicos de Sistemas de Informação Geográfica (SIG).

Os resultados obtidos a partir desses processamentos são analisados separadamente em

cada componente geoambiental (geologia, geomorfologia, solo, clima/hidrografia e

cobertura vegetal) e posteriormente os resultados cartográficos obtidos de cada

componente geoambiental foram correlacionados com a tabela de vulnerabilidade

ecodinâmica, gerando novas bases cartográficas de vulnerabilidade que foram

integradas numa única carta de vulnerabilidade geoambiental.

a) Geologia

O mapa geológico do município de Cabaceiras foi compilado do mapa de

Geologia e Recursos Minerais do Estado da Paraíba, com escala de 1:500.000,

produzido pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM\Recife)

(SANTOS et al, 2002; WANDERLEY, et al, 2002). Neste mapa, apresentam-se as

subdivisões tectono-estratigráficas e litológicas do município de Cabaceiras.

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b) Relevo

Para o mapeamento das morfoesculturas foram utilizadas as imagens SRTM

com resolução de 30 metros. Foi utilizado o software Arcgis 9.3 para a geração

automática das curvas de nível com equidistâncias de 5, 10, e 20 metros para avaliar a

mais adequada, sendo utilizada a equidistância de 10m por representar melhor as feições

do relevo do Município.

A partir das curvas de nível, foi gerado o Modelo Digital de Terreno (MDT).

Este modelo é definido por Felgueiras (1998, p. 01) como sendo “uma representação

matemática computacional da distribuição de um fenômeno espacial que ocorre dentro

de uma região da superfície terrestre”. O MDT foi utilizado como base para a geração

dos mapas, hipsométrico, de declividade e de relevo.

Com base nas curvas de nível, foi gerado um perfil topográfico de um

transecto, de um ponto A a um ponto B, mostrando as variações altimétricas. Nesse

perfil é possível identificar os compartimentos geomorfológicos do relevo.

O mapa hipsométrico foi gerado utilizando o método de intervalos iguais

(equal interval), dividido em 9 classes altimétricas com cotas que variam entre a

mínima de 360m e a máxima de 700m de altitude. O mapa hipsométrico representa a

elevação de um terreno através de cores, as quais possuem uma equivalência com a

elevação do terreno. Geralmente utiliza-se um sistema de graduação em que as cores

frias representam uma baixa altitude, enquanto as cores quentes representam uma alta

altitude do relevo.

O mapa de declividade foi elaborado seguindo a metodologia de Crepani

(2001), estabelecendo 5 classes de declividade com unidade de medida dada em

porcentagem, com intervalos que variam entre <2 e >50 de acordo com a Tabela 1.

Tabela 1 – Classes de declividade em porcentagem.

Classes Morfométricas

Declividade (%)

Muito Baixa <2 Baixa 2 – 6 Média 6 – 20 Alta 20 – 50

Muito Alta >50 Fonte: Crepani (2001)

Para a obtenção do mapa de relevo, foram cruzadas informações de hipsometria

e declividade com o relevo sombreado para identificar mudanças de sombra, rugosidade

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e topografia nas formas do relevo. Mediante essas associações, foram atribuídas

nomenclaturas aos compartimentos de relevo identificados e classificados em 4 classes.

c) Pluviosidade

As condições pluviométricas do Município foram analisadas com base em uma

série de dados de chuvas mensais e anuais, de 1960 a 1990 (Tabela 2). Essa série

representa médias mensais e anuais de dados pluviométricos de trinta anos, sob

responsabilidade da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE

(Dados Pluviométricos do Nordeste - Série Pluviometria 5, Recife, 1990) e foram

obtidos através de publicação no site da AESA/PB. A não utilização de dados mais

recentes foi devido a não disponibilidade de dados no período de 1991 a 1993 e pelo

fato dos dados dos anos de 1994 a 2013 não comporem uma série de 30 anos. Dessa

forma, ficou impossibilitada a junção dos dados dos referidos anos para uma série maior

e mais recente.

Tabela 2– Relação dos postos pluviométricos e série climatológica mensal e anual, duração do período chuvoso e intensidade pluviométrica usados para caracterização climática do município de Cabaceiras no período de 1960 a 1990. POSTO X Y JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ANUAL DURAÇÃO IP

B. de S. Miguel -36,318 -7,752 32,4 68,3 92,8 98 46,1 44,2 32,4 14,8 10,4 8,6 1,3 12 461,3 3 153,8

Boa Vista -36,238 -7,258 26 35,2 82,3 69,4 58,7 53 45,9 19,2 5,5 6,6 4,3 9,4 415,5 2 207,8

Boqueirão -36,136 -7,491 31 55,4 82,3 106,8 54,1 59,9 55,6 21,5 13,1 6 6,5 16,6 508,8 3 169,6

Cabaceiras -36,287 -7,492 15,6 35,1 46,8 61,2 38,8 36,6 33,8 11,3 3 3 3 6,7 294,9 1 294,9

Gurjão -36,489 -7,248 25,1 66,8 97,6 137,8 46 35,7 34 9,4 3,3 5,9 5,4 10,2 477,2 3 159,1

R. de S. Antônio -36,156 -7,694 33,8 54,7 76,1 114,2 40,7 45,4 34,6 14,9 8 3,7 4 19,9 450 2 225

S. J. do Cariri -36,529 -7,383 25,8 54 90,4 81,2 48,1 31 22,8 6,2 1,8 5,3 6,2 12 384,8 2 192,4 Fonte: AESA-PB (2013).

O regime pluviométrico do Município foi caracterizado de acordo com o

método das estações pluviométricas ou de “Chuvas” desenvolvido por Aubreville (1961

apud ALVES & NASCIMENTO, 2010):

De acordo com esse método, um mês é considerado chuvoso quando recebe de 59,0 mm a 60,0 mm de chuvas. Um mês é eco-Seco, isto é, realmente seco do ponto de vista ecológico, quando apresenta menos de 40,0 mm. Dentro da estação seca pode ocorrer um ou mais meses áridos, quando as precipitações situam-se abaixo de 3,0 mm (ALVES & NASCIMENTO, 2010, p.143).

As médias mensais de precipitação dos postos pluviométricos utilizados para

caracterizar o regime pluviométrico mensal anual de Cabaceiras variam de 3,0 a 137,8

mm. Assim, tomando como princípio a classificação de Aubreville (1961 apud ALVES

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& NASCIMENTO, 2010), foi adotada a classificação apresentada na Tabela 3 para

classificar os meses de chuva, intermediário, semiárido e árido.

Tabela 3 - Identificação dos meses eco-secos a partir do regime pluviométrico. Média da precipitação

mensal (mm) Classificação do regime

pluviométrico P > 59 Chuvoso

40,0 – 59,0 Intermediário 3,0 – 40,0 Semiárido ou eco-seco P < 3,0 Árido

P = Precipitação Fonte: Adaptado de Aubreville (1961 apud ALVES e NASCIMENTO, 2010).

A análise pluviométrica foi realizada com base na variabilidade espacial e

temporal, pois seu conhecimento se torna imprescindível para identificação das estações

de seca e de chuva.

Para obter a distribuição espacial de chuva foram interpoladas as médias anuais

do município de Cabaceiras e dos municípios circunvizinhos (Figura 6). Entre os

municípios circunvizinhos a Cabaceiras, o município de São Domingos do Cariri não

foi incluso, pois na época ainda não existia como município, sendo emancipado apenas

em 1994.

Figura 6 – Relação dos postos pluviométricos e coordenadas geográficas usados para caracterização climática do município de Cabaceiras no período de 1960 a 1990.

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A interpolação dos dados de chuva foi executada no software ArcGis através do

método de interpolação Inverse distance weighted - IDW (Distância Inversa Ponderada).

Foram interpoladas as médias anuais, dados do período chuvoso e a intensidade

pluviométrica dos postos analisados.

De posse das médias anuais e do período chuvoso, que são os meses com

precipitação maior que 59 mm, foi calculada a intensidade pluviométrica do município

de Cabaceiras, através da equação:

d) Pedologia

A pedologia foi analisada com base no mapa de solos do estado da Paraíba

(PARAÍBA, 1997) disponibilizado na escala de 1:200.000, descrita de acordo com a

classificação taxonômica do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (BRASIL,

1972). As nomenclaturas foram adaptadas para a atual classificação desenvolvida pela

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA, 2009).

O mapa pedológico do município de Cabaceiras, foi compilado do mapa

pedológico do Estado da Paraíba. Foi inserido no software ArcGis 9.3 um arquivo no

formato shapefile da delimitação do município sobre o mapa pedológico do Estado da

Paraíba, que foi recortado utilizando como base a delimitação do município. Os dados

em shapefile foram adquiridos através do site Geoportal da Agência Executiva de

Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA/PB).

e) Cobertura Vegetal

Para a confecção do mapa de cobertura vegetal, foi realizada pesquisa de campo

para validação das análises realizadas através das imagens da satélite. As imagens

utilizadas na análise da cobertura vegetal foram as do sensor TM/Landsat-5 TM, de

02/08/1989 e 29/07/2005, tendo o objetivo de identificar os tipos de cobertura vegetal

existentes na área de estudo, fazer uma análise temporal da dinâmica da cobertura

vegetal e identificar o índice de vegetação através do Soil Adjusted Vegetation Index –

SAVI (Índice de Vegetação Ajustado para os Efeitos do Solo).

Para o mapeamento do uso e cobertura da terra do município, utilizou-se como

base a metodologia desenvolvida por Souza (2008), a qual se fundamenta na análise de

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imagens do período de Julho e Agosto, por ser o período de transição entre a estação

chuvosa e a seca, no qual é possível uma melhor identificação das áreas degradadas.

A escolha dos anos das imagens (1989 e 2005) ocorreu em função da

disponibilidade de acesso grátis no site do INPE e por possuírem pouca cobertura de

nuvens, propiciando resultados mais precisos.

Para o pré-processamento das imagens foi utilizado o software Erdas. De

início, realizou-se o empilhamento de todas as bandas na composição RGB 234 de

modo que se obtivesse a imagem na cor verdadeira e em seguida fez-se a correção

geométrica com base numa imagem ortorretificada referente à área de estudo, a qual foi

adquirida no site da Global Land Cover (2010), datada de 12/11/2000. Posteriormente

foi realizado o recorte da imagem a partir dos limites do município.

Com a ferramenta Model Maker do Erdas foram executados os cálculos de

radiância, reflectância e do Índice de Vegetação SAVI.

Posteriormente foi realizada a calibração radiométrica, que consiste no

processo de conversão do número digital (ND) de cada pixel da imagem em radiância

espectral monocromática Lλi. Para as bandas reflectivas do sensor TM/Landsat-5, quais

sejam: canais 1, 2, 3, 4, 5 e 7, essas radiâncias monocromáticas representam a energia

solar refletida por cada pixel por unidade de área, de tempo, de ângulo sólido e por

unidade de comprimento de onda, porém medida ao nível da órbita do Landsat, que é da

ordem de 705 km de altura (SILVA, 2009). Ressaltamos que a calibração radiométrica é

importante, pois a “quantidade e a distribuição espectral do fluxo radiante refletido pelo

dossel vegetal é influenciado pelo tipo de vegetação presente” (JENSEN, 2009 apud

ALMEIDA, 2012, p.368)

Em seguida, estimou-se a refletância espectral planetária em cada banda que

refere-se à razão entre fluxo emergente da atmosfera e o fluxo incidente no seu topo, na

região e banda espectral analisada (JENSEN, 2009, apud ALMEIDA, 2012).

O uso do SAVI fundamentou-se na ideia de que este índice de vegetação

responde de forma bastante adequada no que diz respeito a correção da influência do

brilho do solo, aspecto importante quando se trata de áreas com complexidade

pedológica, e com problemas de degradação de cobertura vegetal. Neste sentido, o

SAVI possui estrutura similar ao de outros índices de vegetação, a exemplo do

Normalized Difference Vegetation Index - NDVI (Índice de Vegetação da Diferença

Normalizada), mas com a adição de um fator de ajuste para o substrato do dossel,

expresso a partir da equação abaixo (JENSEN, 2009):

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No qual ρnir é o valor de reflectância da banda do infravermelho próximo, ρred é

refletância da banda vermelha e L é o fator de correção do brilho do solo. A constante L

pode apresentar valores de 0 a 1, variando segundo a biomassa.

Segundo Huete (1988 apud PONZONI & SHIMABUKURO, 2010), os valores

ótimos de L são:

L = 1 (para baixas densidades de vegetação)

L = 0,5 (para médias densidades de vegetação)

L = 0,25 (para altas densidades de vegetação)

O fator L = 0,5 é mais comumente utilizado, uma vez que engloba uma maior

variação de condições de vegetação. O valor usado para a constante L do SAVI foi 0,5

por representar densidades médias de vegetação (PONZONI & SHIMABUKURO,

2010), como é o caso da área de estudo. A imagem gerada que representa o SAVI

possui valores que variam de -1 a 1. Quanto menor o valor, menor a quantidade de

cobertura de vegetação verde.

De posse da nova imagem gerada, foi realizada a segmentação pelo Método de

Regiões. Este processo de segmentação rotula cada "pixel" como uma região distinta

para uma posterior classificação. A classificação é o processo de extração de

informação em imagens para reconhecer padrões e objetos homogêneos. Para a

classificação digital das imagens foram divididos os usos em classes diferentes,

identificados a partir das interpretações destas.

O tipo de classificação utilizada foi a não supervisionada, na qual o operador

não determina as amostras para as classes temáticas que serão representadas no processo

de classificação. A classificação não supervisionada é um método fundamentado na

análise de agrupamento (Cluster Analysis), usando critérios estatísticos de dados de

amostragem, em que cada amostra ou pixel terá um valor dentro da faixa de níveis de

cinza e posteriormente, é definido o número de classes de acordo com os valores dos

pixels que variam entre o mínimo e o máximo (LIU, 2006; p. 762).

Após a classificação, foi feita a validação das classes com as informações

coletadas no campo, as quais foram realizadas em dois períodos, o primeiro nos dias 06,

07 e 08 de agosto de 2013 e o segundo em 29 de março de 2014 (Figura 7). Nos dois

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campos foram utilizados GPS e câmera fotográfica para se ter maior precisão e

detalhamento na coleta dos dados e informações.

Figura 7 – Pontos de coleta de dados em campo no município de Cabaceiras.

Quanto às nomenclaturas das classes de cobertura vegetal, foi seguida a

metodologia utilizada por Souza (2008), o qual, sob a perspectiva qualitativa,

considerou algumas características bioindicadoras de degradação como: diversidade,

densidade e estratos da vegetação observada em campo. Sendo assim, defini-se como

classes de cobertura vegetal, Vegetação Arbóreo-Arbustiva Fechada, Vegetação

Arbustiva-Arbórea Fechada, Vegetação Arbustiva Fechada, Vegetação Arbustiva

Aberta e Semi-Aberta, sendo esta última agrupada numa única classe, pois com a

imagem de resolução 30x30 não há como detalhar o que é Aberto ou Semi-Aberto. Por

fim, foi realizada a edição final dos mapas de cobertura vegetal dos anos de 1989 e

2005.

2.2.2 Diagnóstico Ecodinâmico

Para caracterizar a vulnerabilidade à erosão dos componentes geoambientais do

município de Cabaceiras, foi realizado um estudo sistêmico e integrado dos

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componentes geoambientais: os fatores abióticos (geologia, relevo, pluviosidade) e

bióticos (solo, vegetação). A base metodológica para estimar a vulnerabilidade à

degradação foi dada pela Teoria da Ecodinâmica proposta por Tricart (1977) e adaptada

por Crepani et al. (2001) ao calcular o Índice de Vulnerabilidade a Perda dos Solos

(erosão). A metodologia se estabelece por meio de uma escala de valores relativos e

empíricos de acordo com a relação ou o balanço entre os processos morfogêneticos e

pedogenéticos. Essa escala de valores foi aplicada individualmente para cada

componente geoambiental.

De posse dessas análises individuais, foi feita uma análise integrada fruto da

síntese de todas que a antecederam, dando origem à carta síntese de vulnerabilidade

geoambiental do município de Cabaceiras. A vulnerabilidade foi expressa pela

atribuição de valores de 1 a 3 (Tabela 4), num total de 21 valores (Figura 8) para cada

componente geoambiental.

Tabela 4 - Avaliação da Vulnerabilidade com base nas Categorias Morfodinâmicas

Categoria Ecodinâmica

Relação Pedogênese/ Morfogênese

Valores de Vulnerabilidade

Estável Prevalece a Pedogênese

1,0 – 1,3 Baixa Estabilidade 1,4 - 1,7 Média Estabilidade Equilíbrio

Pedogênese/Morfogênese 1,8 - 2,2

Moderada Instabilidade 2,3 – 2,6 Instável Prevalece a Morfogênese 2,7 - 3,0

Fonte: Freitas et al (2005 apud ALMEIDA, 2012).

Seguindo essa metodologia, as classes de cada componente geoambiental

foram associadas a valores que indicam o seu grau de vulnerabilidade. A atribuição dos

valores foi feita através de operações de transformação (ponderações) via sobreposição

de mapas, aplicadas sobre os mapas temáticos.

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Figura 8 – Escala de vulnerabilidade à erosão dos componentes geoambientais. Fonte: Crepani et al. (2001).

Mediante a escala de vulnerabilidade, as unidades que apresentaram maior

estabilidade foram representadas por valores mais próximos de 1,0; as unidades de

estabilidade média representadas por valores ao redor de 2,0 e as unidades mais

vulneráveis representadas por valores mais próximos de 3,0 (CREPANI et al., 2001).

Para cada componente geoambiental foi aplicada a equação de vulnerabilidade,

ficando o seu valor final representado de acordo com a escala de estabilidade e

vulnerabilidade.

Sendo assim, para a Geologia, o grau de coesão das rochas é a principal

informação a ser analisada a partir da Ecodinâmica, uma vez que em rochas pouco

coesas irão prevalecer os processos erosivos, predominando assim a morfogênese,

enquanto que nas rochas bastante coesas (de dureza maior) prevalecem os processos de

intemperismo e formação de solos, predominando a pedogênese (ALMEIDA, 2012).

Para o grau de coesão das rochas ígneas, metamórficas e sedimentares, Crepani et al.

(2001) propuseram uma escala de vulnerabilidade à denudação, conforme pode ser visto

a seguir (Tabela 5).

Tabela 5 - Escala de vulnerabilidade à denudação das rochas mais comuns.

Litologia VV Litologia VV Litologia VV

Quartzitos ou metaquartzitos

1,0

Milonitos, Quartzo muscovita, Biotita,

Clorita xisto

1,7

Arenitos quartzosos ou ortoquartzitos

2,4

Riólito, 1,1 Piroxenito, Anfibolito 1,8 Conglomerados, 2,5

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Granito, Dacito

Kimberlito, Dunito Subgrauvacas

Granodiorito, Quartzo Diorito,

Granulitos

1,2 Hornblenda, Tremolita,

Actinolita xisto 1,9

Grauvacas, Arcózios

2,6

Migmatitos, Gnaisses

1,3 Estaurolita xisto, Xistos

granatíferos 2,0

Siltitos, Argilitos

2,7

Fonólito, Nefelina Sienito, Traquito, Sienito

1,4

Filito, Metassiltito

2,1

Folhelhos

2,8

Andesito, Diorito, Basalto

1,5 Ardósia, Metargilito 2,2 Calcários, Dolomitos, Margas, Evaporitos

2,9

Anortosito, Gabro,

Peridotito 1,6 Mármores 2,3

Sedimentos Inconsolidados:

Aluviões, Colúvios etc. 3,0

VV = Valores de Vulnerabilidade Fonte: Crepani et al. (2001).

Para a determinação da vulnerabilidade referente à Geomorfologia, foram

analisados os seguintes índices morfométricos: dissecação do relevo pela drenagem,

amplitude altimétrica e declividade.

A dissecação do relevo pela drenagem está diretamente ligada à porosidade e à

permeabilidade do solo e da rocha. Este índice morfométrico pode ser obtido através da

amplitude dos interflúvios (distância entre canais de drenagem) ou da densidade de

drenagem . Neste trabalho, optou-se por utilizar como

parâmetro a densidade de drenagem. Assim, quanto maior a quantidade de água em

superfície, maior o número de canais de drenagem e maior a disponibilidade de energia

potencial para o escoamento superficial, gerando maior capacidade de erosão e de

promover a morfogênese (CREPANI et al., 2001). Para a densidade de drenagem é

estabelecida uma escala com 17 classes de vulnerabilidade (Tabela 6).

A amplitude altimétrica, que está relacionada com o aprofundamento da

dissecação, é um indicador da energia potencial disponível para o escoamento

superficial (runoff). É um índice cujo cálculo se dá a partir da diferença entre as cotas

máxima e mínima contidas na unidade de paisagem natural. Esse cálculo foi feito a

partir das cotas altimétricas extraídas da imagem SRTM. Para a amplitude altimétrica

foram estabelecidas 21 classes de acordo com a escala de vulnerabilidade e estabilidade

(Tabela 7). Nesse caso, quanto maior a amplitude maior é a energia potencial,

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recebendo dessa forma valores próximos a 3,0 (valores próximos à instabilidade)

(CREPANI et al., 2001).

Tabela 6 – Valores de Vulnerabilidade para a Densidade de Drenagem

Densidade de Drenagem (Km/Km²)

Valores de

Vulner.

Densidade de Drenagem (Km/Km²)

Valores de

Vulner.

Densidade de Drenagem (Km/Km²)

Valores de

Vulner. <0,5 1,0 3 - 3,90 1,6 10 – 12,5 2,2

0,5 – 1,00 1,1 3,9 – 4,80 1,7 12,5 - 15 2,3 1 - 1,50 1,2 4,8 – 5,70 1,8 15 – 17,5 2,4 1,5 - 2,00 1,3 5,7 – 6,60 1,9 17,5 - 20 2,5 2 - 2,50 1,4 6,60 – 7,50 2,0 >20 3,0 2,5 - 3,00 1,5 7,5 - 10 2,1

Fonte: Adaptado de Florenzano. (2008, p. 119).

Tabela 7– Valores de Vulnerabilidade para Amplitude Altimétrica. Amplitude Altimétrica

(m)

Vulner./ Estabilid.

Amplitude Altimétrica

(m)

Vulner./ Estabilid.

Amplitude Altimétrica

(m)

Vulner./ Estabilid.

<20 1,0 77-84,5 1,7 141,5-151 2,4 20-29,5 1,1 84,5-94 1,8 151-160,5 2,5 29,5-39 1,2 94-103,5 1,9 160,5-170 2,6 39-48,5 1,3 103,5-113 2,0 170-179,5 2,7 48,5-58 1,4 113-122,5 2,1 179,5-189 2,8 58-67,5 1,5 122,5-132 2,2 189-200 2,9 67,5-77 1,6 132-141,5 2,3 >200 3,0

Fonte: Crepani et al. (2001).

Os valores de vulnerabilidade para as classes de declividade foram definidos de

acordo com 21 classes de declividade que variam de < 3,5 % a > 50 % na escala de

vulnerabilidade de 1,0 a 3,0. A escolha desse parâmetro se deu em virtude da escala

trabalhada. De acordo com Santos et al. (2006) uma imagem SRTM de resolução 90 x

90 metros e escala de 1:250.000 equivale a uma carta topográfica com escala de

1:100.000. Dessa forma, seguindo a proposição de Crepani et al. (2001), quando existe

a disponibilidade de carta topográfica em escala igual ou maior que 1:100.000 para os

cálculos de índices morfométricos, pode ser utilizada a matriz dos índices de dissecação

apresentada na Tabela 8.

Tabela 8 – Classes de declividade com respectivos valores da escala de vulnerabilidade. Declividade

(%) Valores de Vulner.

Declividade (%)

Valores de Vulner.

Declividade (%)

Valores de Vulner.

<3,5 1,0 17,4-19,8 1,7 34,6-37,2 2,4 3,5 - 5,8 1,1 19,8-22,2 1,8 37,2-39,8 2,5 5,8 - 8,2 1,2 22,2-24,5 1,9 39,8-42,4 2,6 8,2 - 10,3 1,3 24,5-27,2 2,0 42,4-45,3 2,7 10,3 - 12,9 1,4 27,2-29,6 2,1 45,3-48,1 2,8 12,9 - 15,1 1,5 29,6-32,1 2,2 48,1-50 2,9

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15,1 - 17,4 1,6 32,1-34,6 2,3 >50 3,0 Fonte: Crepani et al. (2008).

Mediante as informações das vulnerabilidades da Densidade de Drenagem, da

Amplitude Altimétrica e da Declividade, foi calculada, a partir da média aritmética, a

vulnerabilidade da Geomorfologia, conforme citado por Crepani et al. (2001) e

adaptado por Almeida (2012):

em que:

VGem = Vulnerabilidade Geomorfológica

DD = Densidade de Drenagem

AA = Amplitude Altimétrica

D = Declividade

Para a variável Solo, a probabilidade de se ter um quadro em que domine a

morfogênese, depende de vários fatores intrínsecos a esse elemento, como: estrutura do

solo, tipo e quantidade de argilas, permeabilidade, profundidade e presença de camadas

impermeáveis (CREPANI et al., 2001). Analisadas todas essas características referentes

à composição e estrutura do solo, foram atribuídos valores de vulnerabilidade para cada

unidade ou associação de solos existente no município, conforme demonstrado na

Tabela 9.

Para a determinação da vulnerabilidade referente ao Clima, é preciso distinguir

a influência de três características físicas da pluviosidade envolvidas nos processos

erosivos, as quais se denominam como: a Pluviosidade Total (PlT), a intensidade

pluviométrica (IP) e a Distribuição Sazonal (DS). Essas três características são de suma

importância para a compreensão da dinâmica do clima no município, destacando-se a

intensidade pluviométrica, por representar uma relação direta com a PlT e a DS. Sendo

assim, foram analisados os valores da IP do município de Cabaceiras e atribuídos

valores de vulnerabilidade de acordo com a tabela 10.

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Tabela 9 - Valores de vulnerabilidade natural à erosão para os solos incluindo a correlação com a nova nomenclatura de solos da Embrapa (1999).

Classificação de solos (CAMARGO et al, 1987)

Classificação de solos (EMBRAPA, 1999)

Vulnerabilidade

Latossolos Amarelos Latossolos Amarelos

1,0

Latossolos Vermelho-Amarelo Latossolos Vermelho-Amarelo Latossolos Vermelho-Escuros Latossolos Vermelho

Latossolos Roxos Latossolos Vermelho LatossolosBrunos Latossolos Brunos Latossolos Húmicos Latossolos (...) Húmicos

Latossolos Húmicos Brunos Latossolos Brunos (...) Húmicos Podzólicos Amarelos Argilosos

2,0

Podzólicos Vermelho-Amarelos Argilosos Luvissolos Alissolos

Nitossolos

Podzólicos Vermelho-Escuro Argilosos Luvissolos Alissolos

Nitossolos Terras Roxas Estruturadas Argilosos Nitossolos

Brunos Não Cálcicos Luvissolos Brunizéns Chernossolos

Brunizéns Avermelhados Chernossolos Rendizinas Chernossolos Planossolos Planossolos

Solos Hidromórficos (abrúpticos)

Planossolos

Podzóis Espodossolos Cambissolos Cambissolos 2,5 Solos Litólicos Neossolos Litólicos

3,0

Solos Aluviais Neossolos Flúvicos Regossolos Neossolos Regolíticos

Areias Quartzosas Neossolos Quartzarênicos Vertissilos Vertissolos

Solos Orgânicos Organossolos Solos Hidromórficos

(não abúpticos) Gleissolos

Glei Húmico Gleissolos Plintossolos Glei Pouco Húmico Gleissolos Plintossolos

Plintossolo Plintossolos Laterita Hidromórfica Plintossolos Solos Concrecionários

Lateríticos Plintossolos

Afloramento Rochoso Afloramento Rochoso Fonte: Crepani et al. (2001).

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Tabela 10 - Escala de erosividade da chuva e valores de vulnerabilidade à perda de solo. Intensidade

Pluviométrica (mm/mês)

Vulnera- bilidade

Intensidade Pluviométrica (mm/mês)

Vulnera- bilidade

Intensidade Pluviométrica (mm/mês)

Vulnera- bilidade

< 50 1,0 200 – 225 1,7 375 – 400 2,4 50 – 75 1,1 225 – 250 1,8 400 – 425 2,5 75 – 100 1,2 250 – 275 1,9 425 – 450 2,6 100 – 125 1,3 275 – 300 2,0 450 – 475 2,7 125 – 150 1,4 300 – 325 2,1 475 – 500 2,8 150 – 175 1,5 325 – 350 2,2 500 – 525 2,9 175 – 200 1,6 350 – 375 2,3 > 525 3,0

Fonte: Crepani et al. (2001).

Para caracterizar a vulnerabilidade considerando a cobertura vegetal, foram

avaliadas as densidades dos diferentes tipos de cobertura vegetal identificados na

classificação supervisionada. A cobertura vegetal exerce papel fundamental na proteção

das unidades geoambientais frente aos processos morfogenéticos (erosão do solo).

Dessa forma, para cada tipo cobertura vegetal foram atribuídos valores de

vulnerabilidade de acordo com a capacidade de proteção dessa cobertura aos processos

de erosão do solo. Quanto mais densa a cobertura, os valores atribuídos na escala de

vulnerabilidade se aproximam da estabilidade (1,0); para as densidades intermediárias,

atribuem-se valores intermediários (2,0); finalmente, para baixas densidades de

cobertura vegetal, valores próximos da vulnerabilidade (3,0) (CREPANI et al., 2001).

A nomenclatura utilizada não foi a do projeto RADAMBRASIL (1973-1987),

como sugere Crepani et al. (2001), havendo assim uma adaptação para os tipos de

cobertura vegetal utilizando terminologias frequentemente usadas para a região do

semiárido brasileiro, baseando-se no trabalho de Souza (2008), conforme descrevemos

em outro momento. Dessa forma as adaptações estão descritas na Tabela 11.

Tabela 11 – Adaptação da nomenclatura da cobertura vegetal para o semiárido.

COBERTURA VEGERAL

RADAMBRASIL ADAPTAÇÃO ESTABILIDADE/

VULNERABILIDADE Savana Florestada / Savana

Estépica Florestada Arbóreo Arbustiva Fechada

Moderadamente Estável (entre 1,4 a 1,7)

Estepe Arborizada Arbustiva Arbórea Fechada Medianamente Estável (entre 1,8

a 2,2) Savana Parque / Savana Estépica

Parque Arbustiva Fechada

Moderadamente Instável (entre 2,3 a 2,6)

Savana Gramíneo-Lenhosa, Savana Estépica Gramínio-Lenhosa e Estépe Gramíneo-

Lenhosa

Arbustiva Semi-Aberta e Aberta Instável (entre 2,7 a 3,0)

Fonte: Adaptado de Crepani et al. (2001).

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Para a geração da carta de vulnerabilidade da cobertura vegetal foi utilizada a

imagem do SAVI de 29/07/2005 por ser a mais recente entre as duas imagens

trabalhadas.

Através de operações de reclassificação (ponderações) aplicadas sobre os

mapas temáticos dos componentes geoambientais (geologia, geomorfologia, pedologia,

intensidade pluviométrica e cobertura vegetal) foram associados a cada classe dos

respectivos componentes geoambientais valores que indicam seu grau de

vulnerabilidade à degradação. Mediante esses valores, as cartas geradas de

vulnerabilidade foram integradas em ambiente SIG, recebendo um valor final, resultante

da média aritmética dos valores individuais segundo uma equação matemática, a qual

busca representar a posição desta unidade dentro da escala de vulnerabilidade, conforme

segue abaixo:

em que:

V = representa a Vulnerabilidade à perda de solo

G = Geologia

Gm = Geomorfologia

P = Pedologia

IP = Intensidade Pluviométrica

CV = Cobertura Vegetal

Depois de integrados todos os valores de vulnerabilidade de cada componente

geoambiental, novos valores foram gerados e reclassificados de acordo com a escala de

Vulnerabilidade à Degradação Ambiental.

2.2.3 Mapeamento da situação da Paisagem no período de 1989 a 2005

Para a geração do mapa de situação da paisagem foram utilizadas as imagens

da classificação da cobertura vegetal dos anos de 1989 e 2005. Essas imagens foram

transformadas de produtos raster para vetores e sobrepostas em um ambiente SIG,

utilizando a operação de análise espacial Identity do ArcGis 9.3, o qual premitiu o

cruzamento das imagens vetoriais gerando uma nova feição, agregando todos os

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atributos alfanuméricos das geometrias de origem, ou seja, integrando todas as

informações contidas nos produtos de origem em um outro produto.

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CAPÍTULO III

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 DIAGNÓSTICO FÍSICO

3.1.1 Características Geológicas

A Geologia do Estado da Paraíba é formada em sua maior parte por rochas Pré-

cambrianas. Esse substrato está incluído na Província Borborema, o qual possui idade

geológica do mesoproterozóico ao neoproterozóico. No município de Cabaceiras, a

Província Borborema está representada quase que em sua totalidade pelo domínio

geotectônico da Subprovíncia Transversal Alto Moxotó (TAM), constituído de terrenos

organizados em forma de dominó, cujos limites representam zonas de cisalhamento

nucleadas no Brasiliano ou geradas através do retrabalhamento de zonas de

cisalhamento contracionais dos Cariris Velhos. O TAM é um terreno de alto grau,

formado por rochas metassedimentares supracrustais, complexos

metaplutônicos/vulcânicos paleo/mesoproterozóicos e maciços arqueano/

paleoproterozóicos.

O domínio TAM difere dos outros domínios em razão de dois fatores

relevantes: freqüência de rochas antigas, arqueanas e paleoproterozóicas, e pouca

ocorrência de rochas neoproterozóicas, inclusive de granitos neoproterozóicos, que são

abundantes em toda a Província Borborema. Esse último fato indica uma menor

influência da deformação por cisalhamento transcorrente que caracteriza bem a

orogênese Brasiliana (SANTOS et al., 2002). No município de Cabaceiras as principais

características litológicas das unidades litoestratigráficas do Terreno Alto Moxotó são as

expressas no Quadro 1.

Nas pesquisas de campo foi possível identificar rochas gnáissicas em uma área

entre as unidades litoestratigráficas do Complexo Sumé, a qual predomina em grande

parte do município, e Ortognaisse Granodiorítico Granítico, contidas no Terreno Alto

Moxotó (Figura 9).

Ao norte do município de Cabaceiras, divisa com o município de Boa Vista, é

possível observar uma grande área de afloramento rochoso composta por várias suítes

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graníticas, presente na Super Suíte Intrusiva Calcialcalina, como pode ser visualizado

através das Figuras 10, 11 e 12.

Quadro 1- Unidades litoestratigráficas do Terreno Alto Moxotó.

UNIDADE LITOESTRATIGRÁFICA

LITOLOGIA

Suíte Granítica Camalaú

Ortognaisse tonalítico trondhjemítico; augen ortognaisse granítico, quartzo-sienítico e sienítico; anfibólio-biotita ortognaisse quartzo monzonítico a granítico e muscovita ortognaisse com sillimanita.

Complexo Sumé Leucognaisse com freqüentes intercalações de metabasitos rocha calcissilicática, formações ferríferas, mármore, metapiroxenito e metagabro.

Metagranitóides e Migmatitos Serra de

Jabitacá

Ortognaisse tonalítico-granodiorítico com anfibolito e migmatito com leucossoma granítico e mesossoma de biotita gnaisse.

Complexo Sertânia Biotita gnaisse com granada e/ou sillimanita, biotita gnaisse, calcário cristalino, rocha calcissilicática, quartzito e raro anfibolito

Ortognaisse Granodiorítico-granítico

Ortognaisse de composição tonalítica, - (trondhjemítica)- granodiorítica com intercalações de rochas metamórficas.

Fonte: Santos et al. (2002).

Figura 9 - Rochas Gnáisseicas. Fonte: Apolinário. Data: 08/08/2013.

Em toda essa área da Suíte Intrusiva Calcialcalina, há presença de grandes

áreas de matacões e lajedos, com declives bastantes acentuados.

Nos limites do município é possível encontrar fragmentos de rochas do

domínio Transversal Alto Pajeú (TAP), composto por sequências metassedimentares e

metavulcano-sedimentares mesoproterozóicas, granitóides mesoproterozóicos e por

estreitas faixas neoproterozóicas. Seu limite com o TAM, segundo Santos (1995 apud

SANTOS et al., 2002), é caracterizado pela nappe Serra de Jabitacá, que controla a

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colocação de uma vasta área de migmatitos e ortognaisses mesoproterozóicos com

protólitos arqueano/paleoproterozóicos, assim como relictos de supracrustais, rochas

máficoultramáficas de fácies granulito e retroeclogitos, os quais foram penetrados por

imensos plútons graníticos neoproterozóicos (SANTOS et al., 2002).

Figura 10 – Afloramento granítico. Fonte: Google Earth (2013).

Figuras 11 e 12 – Afloramento granítico. Fonte: Apolinário. Data: 08/08/2013.

No município também encontramos uma pequena área de aproximadamente 14

km2, correspondendo ao Complexo São Caetano, o qual faz parte do domínio TAP.

Nesse Complexo se destacam as seguintes litologias: Muscovita-biotita, gnaisse às

vezes granatífero, biotita, gnaisse, muscovita, xisto, quartzito, calcário cristalino,

ortoanfibolito, metatufo ácido e metavulcanoclástica (SANTOS et al. 2002).

Para uma visualização das Unidades Litoestatigráficas presentes no município

de Cabaceiras, pode ser observada a Figura 13.

LEGENDA

Delim. do município de Cabaceiras.

Delim. do afloramento granítico.

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Figura 13 – Geologia de Cabaceiras – PB. No lugar de ‘?’ leia-se Gamma. Fonte: SANTOS et al. (2002). Elaboração: Apolinário (2013).

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3.1.2 Características do Relevo

O município de Cabaceiras está sobre a Superfície Elevada Aplainada da Borborema,

que se interrompe ao norte no vale tectônico do Curimataú e se prolonga ao sul, até a fronteira

com Pernambuco. Esse conjunto morfológico é formado por dois níveis altimétricos e feições

distintas, correspondendo a uma grande área planáltica, a Superfície da Borborema (o mais

alto – entre 600 e 750 metros) e a Superfície dos Cariris (o mais baixo – entre 400 e 500

metros) (CARVALHO, 1982).

Dentre os níveis altimétricos, Cabaceiras está sobre o segundo nível, o da Superfície

dos Cariris, entre as cotas altimétricas de 360 e 700 metros. Predominam no município

altitudes entre 360 e 511 metros, sendo que os níveis acima desta última cota encontram-se

nos Inselbergues ou Morros Testemunhos (afloramentos rochosos), sob forma de Cristas

Alinhadas (Figuras 14, 15 e 16). Considera-se que os Inselbergues são morros já totalmente

isolados que pontilham as baixadas pediplanadas, enquanto Cristas Alinhadas são os

alinhamentos de maciços residuais, como também de Inselbergues ou Morros Testemunhos,

os quais encontram-se separados pela ação da erosão, mas que há alguns milhões de anos

atrás constituía-se de uma só formação rochosa, as Serras (CARVALHO, 1982).

Figura 14 – Relevo Sombreado de Cabaceiras, com destaque para o transecto A-B. Fonte: Imagem SRTM. Elaboração: Apolinário (2013).

A

B

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Figura 15 – Perfil topográfico transversal A-B, sentido nordeste-noreste de Cabaceiras. Fonte: Elaboração: Apolinário (2013).

A partir da análise do relevo sombreado e da hipsometria, observa-se que em

praticamente todo o município há um dissercamento do relevo, com áreas denudacionais com

declives muito baixos <2%, nos quais sebencontram os leitos do rios e as áreas de várzea;

baixos, predominando entre 2% e 6%; médios, entre 6% e 20%; altos, correspondendo aos

intervalos entre 20% e 50%, compondo os Inselbergues e Alinhamentos de Cristas; e muito

altos >50 % (Figura 17).

Tomando como base as análises dos produtos gerados a partir da imagem SRTM

(Relevo Sombreado, Perfil Topográfico, Hipsometria e Declividade) e a caracterização

geomorfológica da Paraíba feita por Carvalho (1982), pôde-se classificar as seguintes

unidades geomorfológicas do município de Cabaceiras: Alinhamentos de Cristas e Inselbergs

(relevos residuais); Planalto de Cabaceiras; Depressão de Cabaceiras e Planície Fluvial do Rio

Taperoá (Figura 18).

Os Alinhamentos de Cristas correspondem ao relevo mais alto do município,

correspondendo ao afloramento dos Maciços Residuais (blocos individualizados, separados

do corpo principal da Superfície Aplainada da Borborema), com altitude que varia entre 500 e

700 metros; o Planalto de Cabaceiras corresponde a um relevo alto, semi-colinoso a plano,

com altitudes que variam entre 460 e 500 metros; a Depressão de Cabaceiras constitui o

relevo formado pela depressão tectônica ou pediplanada, variando entre 410 e 460 metros,

correspondendo a maior área do município; a Planície Fluvial do Rio Taperoá corresponde ao

relevo formado pelos leitos do rio de mesmo nome e seus afluentes, com talvegues rasos e

abertos quase se confundindo com as áreas de várzea, apresentando uma altitude que varia

entre 360 e 410 metros.

A B

Vale do rio Taperoá

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Figura 16 – Hipsometria do município de Cabaceiras. Fonte – Imagem SRTM (TOPODATA). Elaboração: Apolinário.

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Figura 17 – Declividade do município de Cabaceiras. Fonte - Imagem SRTM (TOPODATA). Elaboração: Apolinário.

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Figura 18 – Relevo do município de ...................................................... Cabaceiras. Imagem SRTM (TOPODATA). Elaboração: Apolinário.

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3.1.3 Características Pedológicas

No município foram identificados três tipos de solos predominantes, de acordo com o

mapa de solos do Estado da Paraíba (GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA, 2006)

classificados como: Bruno Não Cálcico, Litólico Distrófico e Vertissolo, os quais, de acordo

com a nova nomenclatura do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos da EMBRAPA

(2009) passaram a se chamar, respectivamente, Luvissolo Crômico, Neossolo Litólico e

Vertissolo Hidromórfico. É importante destacar que esses solos ocorrem em associações,

prevalecendo na classificação o tipo dominante.

O Luvissolo Crômico ocupa 45,14% de área do Município, em seguida o Vertissolo

Hidromórfico com 33,30% e por último o Neossolo Litólico com 21,56% da área (Tabela 12).

Tabela 12 – Classes de solo em área.

CLASSES DE SOLO ÁREA (Km2) (%)

Luvissolo Crômico 204,57 45,14

Neossolo Litólico 97,70 21,56

Vertissolo Hidromófico 150,89 33,30

Total 453,15 100

Fonte: Elaboração: Apolinário (2013).

A definição e classificação dos tipos de solos presentes no município de Cabaceiras

foi descrita com base na classificação de solos da EMBRAPA (2009), em Souza et. al. (2004);

Souza (2008) e em Almeida (2012), como pode ser visto a seguir:

1) Luvissolos: Essa classe de solos é constituída por material mineral, apresentando horizonte

B textural com argila de atividade alta, alta saturação por bases, em sequência a horizonte A e

E. São moderadamente ácidos a ligeiramente alcalinos. Entre as diversas variações existentes

nessa classe apenas uma predomina no município, o Luvissolo Crômico. Este se caracteriza

pelo caráter crômico na maior parte do horizonte B (inclusive BA). Ocorre em relevo suave

ondulado e raramente ondulado, sendo pouco profundo ou raso, com PH de baixa acidez e,

em alguns casos, básico. Na superfície é comum a ocorrência de cascalhos e calhaus de

quartzo (Pavimento Desértico). A vegetação original é composta por um tipo de mata seca de

alto porte. Possui baixa capacidade de armazenamento de água e baixo potencial agrícola.

2) Neossolos: Compreendem solos constituídos por material mineral ou por material orgânico

pouco espesso, que não apresentam alterações expressivas em relação ao material originário

devido à baixa intensidade de atuação dos processos pedogenéticos, seja em razão de

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características inerentes ao próprio material de origem, como maior resistência ao

intemperismo ou composição química, ou dos demais fatores de formação (clima, relevo ou

tempo), que podem impedir ou limitar a evolução dos solos. A variação predominante desse

tipo de solo no município é o Neossolo Litólico, porém, em algumas áreas há variações,

encontrando-se também o Neossolo Flúvico. Dessa forma, seguem abaixo as características

dessas variações de Neossolos.

2.1- Neossolo Litólico: Esta unidade é constituída por solos pouco desenvolvidos, com

horizonte A fraco, textura média, muito rasos ou rasos, apresentando um horizonte A

assentado diretamente sobre a rocha - R-, ou mesmo com um horizonte C de pequena

espessura, entre o A e a rocha. Admite-se até um horizonte B em início de formação nesta

classe de solos. São solos moderadamente ácidos, com saturação de bases altas e saturação

com alumínio inexistente ou muito baixa, drenagem moderada a acentuada com erosão

laminar variando de moderada a severa e em sulcos repetidos com freqüência. O material de

origem deste tipo de solo é proveniente da desagregação de rochas cristalinas, referidas ao

Pré-Cambriano, tais como filitos e biotita-xistos. Ocorrem em áreas de relevo suave ondulado

a montanhoso. Apresentam rica cobertura vegetal quando isentos de uso. É importante

destacar que esse tipo de solo é altamente susceptível à erosão devido à sua pequena espessura

(Figura 19).

2.2- Neossolo Flúvico: Apesar de não aparecer na classificação do mapa de solos, em função

da escala, este solo ocorre em áreas de solos derivados de sedimentos aluviais com caráter

flúvico. Apresenta horizonte glei, ou horizontes de coloração pálida, diversificada ou com

mosqueados abundantes. Esse tipo de solo apresenta fertilidade natural alta, são pouco

profundos ou profundos, moderadamente ácidos e alcalinos nas camadas inferiores, sem

problemas de erosão, apresentando drenagem moderada ou imperfeita. Originalmente eram

ocupados por matas ciliares, com elevada presença de espécies de porte arbóreo. Possui alta

capacidade de armazenamento de água, porém, como ocorre em grande parte associado ao

Planossolo Nátrico, apresenta problema de drenagem e de acumulação de sais em muitas

áreas, inibindo a capacidade agrícola e desfavorecendo a diversidade, a densidade e o porte

das plantas que colonizam esse tipo de solo. Ocorre em áreas de relevo plano ou com

ondulações muito suaves, correspondentes às estreitas faixas ao longo dos cursos d’água,

sendo comum a agricultura de vazante, aproveitando a umidade do solo decorrente da

proximidade com o lençol freático (Figura 20).

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Figura 19 - Neossolo Litólico. Fonte - Apolinário. Data: 08/08/2013.

Figura 20 - Neossolo Flúvico. Rio Taperoá – Cabaceiras-PB. Fonte - Apolinário. Data: 08/08/2013.

3) Vertissolos: Compreendem solos constituídos por material mineral apresentando horizonte

vértico e pequena variação textural ao longo do perfil, nunca suficiente para caracterizar um

horizonte B textural. Apresentam pronunciadas mudanças de volume com o aumento do teor

de umidade no solo, fendas profundas na época seca, e evidências de movimentação da massa

do solo, sob a forma de superfície de fricção (slickensides). Estas características resultam da

grande movimentação da massa do solo que se contrai e fendilha quando seco e se expande

quando úmido. São de consistência muito plástica e muito pegajosa, devido à presença de

argilas expansíveis ou mistura destas com outros tipos de argilominerais. O Vertissolo

Hidromórfico é um solo com horizonte glei dentro dos primeiros 50 cm, ou entre 50 e 100

cm, desde que precedido por horizontes de cores acinzentadas. Ocorre em áreas de relevo

suave ondulado a ondulado, em depressões com problemas de drenagem e elevada presença

de argilas de alta atividade química (montmoriloníticas), favorecendo a movimentação da

massa do solo, conforme destacamos anteriormente, o que torna difícil ou mesmo

impraticável o uso de máquinas agrícolas nos mesmos.

A partir desse processo de expansão e contração, resulta um movimento de massa do

solo produzindo, muitas vezes, uma pressão ascendente que provoca o aparecimento do

“gilgai”, ou seja, microrelevo constituído por sucessão de sulcos de erosão e pequenas partes

salientes (Figura 21). As pressões decorrentes da expansão produzem também “slickensides”,

ou seja, superfícies de fricção, que são lustrosas, alisadas, apresentando estriamento são

inclinadas em relação ao prumo dos perfis dos solos. Nas fendas que se abrem na época seca,

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muitas vezes, caem materiais da parte superficial que atingem as partes profundas dos perfis.

Em contraposição, durante o período de expansão (início das chuvas) materiais das partes

baixas dos perfis são pressionados e podem ser expelidos. Verifica-se, então, um verdadeiro

auto-revolvimento, daí dizer que são solos “auto-retácteis”, o que lhes confere elevada

fragilidade à erosão. Dessa forma, apesar de, em princípio, abrigarem cobertura vegetal

relativamente densa e variada em caso de desmatamento, ocorrem dificuldades para a

recolonização de diversas plantas, uma vez que as sementes, junto com algumas partículas

desse tipo de solo, são arrastadas horizontalmente nesse processo sazonal de

expansão/retração. Além dessa característica, em virtude da maior deficiência de drenagem

presente em algumas áreas, podem, ocasionalmente, ocorrer problemas em relação ao

desenvolvimento das plantas devido ao acúmulo de sais.

Figura 21 - Vertissolo Hidromórfico com microrelevo Gilgai. Fonte - Apolinário. Data: 08/08/2013.

Considerando as três associações de solos, foi destacada na Figura 22, a seguir, sua

espacialização no município de Cabaceiras.

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Figura 22 – Solos do município de Cabaceiras. Fonte – BRASIL, (2006). Elaboração: Apolinário.

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3.1.4 Características Pluviométricas

O município de Cabaceiras está localizado em uma região de clima semiárido

apresentando, segundo a classificação de Köppen, adaptada para região por Varejão-Silva et

al (1984), um clima seco do tipo BWwh’ que indica um clima seco de tipo desértico, com

estação seca no inverno e temperatura média mensal superior a 18°C.

De acordo com a classificação bioclimática do Estado da Paraíba, segundo Gaussen

(1968 in: BRASIL, 1972), o município apresenta dois bioclimas: o bioclima 2b - Subdesértico

quente de tendência tropical com 9 a 11 meses secos, e o bioclima 3ath - Mediterrâneo quente

ou nordestino de seca acentuada com 7 a 8 meses secos.

Considerando a série histórica do período de 1960 a 1990, o município de Cabaceiras

registrou pluviosidade média anual de 363,71 mm/ano, com mínima de 294,90 mm/ano e

máxima de 445,39 mm/ano (Figura 23). De acordo com a classificação do regime

pluviométrico adotada neste trabalho (AUBREVILLE, 1961, adaptado por ALVES &

NASCIMENTO, 2010), o mês tipicamente chuvoso é abril, quando a precipitação da série

histórica analisada ultrapassa 59 mm, chegando a 61,2 mm/mês; os meses de fevereiro, abril,

maio e junho são classificados como meses intermediários, apresentando pluviosidade entre

40 e 59 mm/mês; os meses de julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro são

classificados como semiáridos, quando a precipitação média registrada está entre 3 e 40

mm/mês.

A Pluviosidade Anual (PA), do referido período, no município de Cabaceiras indica

uma menor quantidade de chuva na área central e uma maior precipitação nas extremidades -

a noroeste, norte e nordeste. No entanto, a Intensidade Pluviométrica (IP) indica o contrário.

No centro do município há uma maior IP, com média de 247,02 mm/ano, tendo como máxima

294,89 mm/ano e mínima 200,58mm/ano (Figura 24).

Em relação a Distribuição Sazonal (DS), verifica-se (Figura 25) que na área central

de Cabaceiras a duração do período chuvoso é entre 1 e 2,38mm/mês, em média 1,65

mm/mês. A análise espacial da chuva no município deixa evidente que a DS e a IP se

concentram na região central, onde predominam chuvas intensas em um curto período,

enquanto que nas porções sudoeste e nordeste as chuvas são menos intensas e mais

prolongadas.

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Figura 23 – Precipitação Anual de Cabaceiras no período de 1960 a 1990. Fonte – AESA – PB (2013). Elaboração: Apolinário.

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Figura 24 – Duração Sazonal de chuva em Cabaceiras no período de 1960 a 1990. Fonte – AESA – PB (2013). Elaboração: Apolinário.

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Figura 25 – Intensidade Pluviométrica anual em Cabaceiras no período de 1960 a 1990. Fonte: AESA – PB (2013). Elaboração: Apolinário.

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Os resultados obtidos da PA, DS e IP indicam a complexidade das chuvas no

município, apresentando uma influência direta na cobertura vegetal em Cabaceiras, assim

como em sua dinâmica, onde, desconsiderando as ações antropogênicas, verificamos, de

forma geral, nas áreas centrais do município o domínio de vegetação esparsa, de médio a

baixo porte, enquanto nas demais áreas a cobertura vegetal se apresenta mais adensada,

conforme veremos de forma mais detalhada a seguir.

3.1.5 Características da Cobertura Vegetal

Dentre os elementos que compõem as Unidades de Paisagem, a vegetação possui

grande destaque por sofrer influência direta da geologia, do relevo, dos solos, do clima e da

hidrografia, constituindo-se em importante indicador geoambiental. Neste sentido, exerce

influência direta na estabilidade do solo, facilitando a infiltração e acúmulo da água,

influenciando nas condições climáticas do ambiente, além de várias outras funções que podem

resultar em degradação ambiental (ALMEIDA, 2012), caso haja rarefação ou ausência deste

elemento.

É importante observar a influência que cada variável pode exercer sobre a vegetação

e como ela responde a essas influências, conforme veremos a seguir.

Para classificar a cobertura vegetal de acordo com porte e densidade, foram

efetuados trabalhos de campo e identificados os seguintes tipos de classes de cobertura

vegetal: Arbóreo-Arbustiva Fechada, Arbustivo-Arbórea Fechada, Arbustiva Fechada,

Arbustiva Semi-Aberta e Aberta, Solo Exposto e Água. Optou-se por não colocar as classes

Arbóreo-Arbustiva Aberta, Arbustivo-Arbórea Aberta e Arbustiva aberta por causa da

resolução espacial das imagens 30x30m, que confunde consideravelmente na classificação.

Pelo mesmo motivo, optou-se por juntar as classes Arbustiva Semi-Aberta e Aberta. As

nuvens e sombras de nuvens não entraram na classificação por apresentarem pouca expressão

espacial, não comprometendo as análises das classes escolhidas.

Dessa forma, seguindo a metodologia de classificação da cobertura vegetal utilizada

por Souza (2008), vê-se a importância de conhecimento dos tipos de caatinga presentes na

área estudada, podendo-se classificá-la como:

1. Caatinga com baixo nível de antropismo e degradação: Encontrada onde temos a

predominância de cobertura vegetal arbóreo-arbustiva fechada e arbustivo-arbórea fechada,

principalmente nas áreas de difícil acesso, de declividade média a alta, como também em

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algumas áreas das margens dos rios, onde há solos mais úmidos e férteis. Dessa forma, esse

tipo de caatinga foi subdividido em duas classes:

a) Cobertura vegetal arbóreo-arbustiva fechada: as áreas desse tipo de cobertura

(Figura 26), como já mencionado antes, são áreas protegidas naturalmente pela declividade

acentuada, que dificulta sua utilização tanto para o pasto como para a agricultura, conferindo

a mesma aparência de uma cobertura vegetal mais próxima de uma mata ciliar de altitude ou

de brejo, com a predominância de espécies arbóreas como o angico (Anadenanthera

Colubrina), a aroeira (Myracroduon urundeuva), a baraúna (Schinopsis brasiliensis), a

imburana-de-cheiro (Amburana claudii), a catingueira (Caesalpinia pyramidalis), o

umbuzeiro (Spondias tuberosa), o pereiro (Aspidosperma pyrifolium), o facheiro

(Pilosocereus pachycladus) e o mandacaru (Cereus jamacaru), enquanto nos vales dos rios,

destacam-se o pau-ferro (Caesalpinia férrea), o mulungu (Erythrina velutina), o juazeiro

(Zizyphus joazeiro), a craibeira (Tabebuia caraíba), o tamboril (Enterolobium

contortisiliquum) e a oiticica (Licania rigida).

Figura 26 – Cobertura vegetal arbóreo-arbustiva fechada

b) Cobertura vegetal arbustivo-arbórea fechada: possui uma predominância das

espécies arbustivas sobre as arbóreas (Figura 27). Esta característica reflete não apenas a

presença de solos rasos, mas um relevo suavemente ondulado, de declividade baixa a média,

conferindo a esta área boas condições para uso pecuário extensivo, como também para a

extração vegetal. Este tipo de caatinga apesar, de estar em um processo de sucessão ecológica,

levando em consideração o processo histórico e econômico do ciclo do algodão em todo o

Cariri paraibano, vem sofrendo perdas significatíveis de biomassa e principalmente de

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espécies nativas, as quais muitas são endêmicas, não existindo em nenhum outro bioma do

planeta, o que justifica a preocupação com a preservação das mesmas. As espécies arbustivas

dominantes são o pinhão-bravo (Jatropha molissima), o marmeleiro (Croton sonderianus), a

jurema-preta (Mimosa tenuiflora), a maniçoba (Manihot glaziovii), o xique-xique (Cereus

gounellei) e a palmatória-de-espinho (Opuntia palmadora).

Figura 27 – Vegetação Arbustivo-Arbórea Fechada. Fonte – Apolinário. Data: 08/08/2013

2. Caatinga com alto nível de antropismo e degradação: Esse tipo de caatinga

corresponde a áreas de constantes atividades humanas, tanto do presente quanto do passado,

principalmente de cultivo do algodão, com o auge dessa atividade tendo ocorrido entre a

segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX (ARRUDA MELO, 2002

apud SOUZA, 2008, p. 63). Após sua decadência na década de 1980, grandes áreas foram

utilizadas para a pecuária e agricultura e outras áreas permaneceram impróprias, inclusive

para a pecuária, até os dias de hoje. As fisionomias de vegetação encontradas nessas áreas de

Caatinga são do tipo arbustiva e herbácea.

a) Cobertura vegetal arbustiva fechada: esta é composta por uma densa cobertura

vegetal No entanto, muitas das áreas com esse tipo de cobertura sofreram no passado uma

degradação intensa, provocando o desenvolvimento predominante de algumas espécies de

plantas, como por exemplo a Mimosa tenuiflora (jurema preta) (Figura 28). Em geral essas

áreas não apresentam nenhum tipo de uso específico, no entanto pode ser encontrada a

presença de caprinos e áreas com indícios de extração vegetal. Além da jurema preta, as

espécies de maior dominância são as arbustivas pioneiras, como o pinhão-bravo (Jatropha

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molissima), o marmeleiro (Croton sonderianus), o mofumbo (Combretum leprosum) e o

xique-xique (Cereus gounellei).

Figura 28 – Vegetação Arbustiva Fechada. Fonte – Apolinário. Data: 08/08/2013

b) Cobertura vegetal arbustiva semi-aberta e aberta: estes dois tipos de cobertura

vegetal possuem características bastante semelhantes, sendo diferenciados basicamente pela

densidade. Ambas possuem uso agropecuário, destacando-se a cultura da palma forrageira

para complementação alimentar do bovino e a criação extensiva de caprino (Figuras 29 a 31).

Figura 29 – Vegetação Arbustiva Aberta. Fonte - Apolinário. Data: 08/08/2013

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Figura 30 - Plantação de Palma Forrageira. Figura 31 - Pecuária Bovina Extensiva. Fonte - Apolinário. Data: 08/08/2013.

Essas áreas com cobertura vegetal arbustiva semi-aberta e aberta são próximas aos

rios, riachos e açudes e possuem relevo suave ondulado e de fácil acesso. Apresentam estágio

de degradação bastante avançado, com extensas áreas de solo exposto e vegetação rala

formada por estratos arbustivos e herbáceos e pequenas ilhas de vegetação. Entre os estratos

arbustivos predominates se destacam o pereiro (Aspidosperma pyrifolium) a catingueira

(Caesalpinia pyramidalis), o pinhão-bravo (Jatropha molissima) e o xique-xique (Cereus

gounellei), espécies pioneiras e de elevada resistência ao clima semiárido e a elevado grau de

degradação. Quanto ao estrato herbáceo, predominam duas espécies também altamente

competidoras e indicadoras de degradação, a malva-branca (Sida sp.) e o velame (Croton

campestris), existindo casos em que a elevada presença das mesmas indica um retrocesso dos

processos de sucessão ecológica nesses ambientes (ARAÚJO FILHO & CARVALHO, 1997

apud SOUZA, 2008). Outra espécie presente nessas áreas é o capim panasco (Aristida

adscensionis) (Figura 32).

Figura 32 - Capim Panasco e Xique Xique. Fonte - Apolinário. Data: 08/08/2013

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Conforme já destacamos anteriormente, a vegetação é um importante indicador de

degradação ambiental, tendo em vista que é o componente da paisagem de mais fácil

identificação visual em escala temporal humana. Sendo assim, é possível identificar quando

há alterações no aumento ou diminuição da biomassa, seja essa alteração provocada por um

processo natural ou antrópico.

De posse da classificação e caracterização da cobertura vegetal, conforme seu porte e

densidade, buscou-se gerar o Índice de Vegetação Ajustado para o Efeito do Solo – SAVI,

com o qual foi possível ter uma ideia da distribuição espacial da biomassa existente no

município de Cabaceiras em dois períodos: 02/08/1989 e 29/07/2005. Sendo assim, os valores

de SAVI da imagem do ano de 1989 variaram entre -0,134488 e 0,684018 e da imagem do

ano de 2005 a variação ficou entre -0,2731 e 0,654206. Os valores mais baixos, com

tonalidade do lilás escuro ao claro indicam, respectivamente, presença de água e nuvem e solo

exposto, incluindo neste último uma vegetação possivelmente rasteira ou de solo exposto,

afloramento rochoso e sombra de nuvem (a nuvem e sombra estão presentes apenas para a

imagem de 2005); os valores próximos do amarelo ao verde escuro correspondem,

respectivamente, a vegetação de baixa a alta densidade (Figura 33).

A partir da densidade de biomassa inferida a partir do SAVI e da classificação e

caracterização da cobertura vegetal, foram gerados os mapas de cobertura vegetal (Figuras 34

e 35).

Para a imagem do ano de 1989 algumas áreas de solo exposto foram identificadas em

campo como sendo vegetação arbustiva semi-aberta e aberta. Também houve uma ligeira

confusão entre cobertura vegetal arbóreo arbustiva fechada, com a vegetação arbustivo

arbórea fechada.

Na imagem do ano de 2005 também foi verificada uma confusão entre as tipologias,

porém em menor proporção. Nesse caso, as classes que mais se confundiram foram solo

exposto com nuvem e água com sombra de nuvem.

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Figura 33 – Espacialização do SAVI no município Cabaceiras. Fonte: Imagem do Ladsat 5TM de 02/08/1989 e 29/07/2005 (INPE).

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Figura 34 – Classificação da cobertura vegetal do município Cabaceiras-PB do período de 02/08/1989. Fonte: Ladsat 5 TM de 02/08/1989 (INPE)

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Figura 35 – Classificação da cobertura vegetal do município Cabaceiras-PB do período de 29/07/2005. Fonte: Ladsat 5 TM de 29/07/2005 (INPE)

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Observa-se, nas imagens, que as classes de vegetação do tipo arbóreo-arbustiva

fechada, arbustivo-arbórea fechada e arbustiva semi-aberta e aberta são um pouco mais

evidentes na Figura 34 (imagem de1989) que na Figura 35 (imagem de 2005), no

entanto, a imagem de 2005 evidencia uma maior área de vegetação arbustiva fechada e

solo exposto (Tabela 13).

Tabela 13 - Distribuição em área e porcentagem da cobertura vegetal e água no município de Cabaceiras – PB em 02/08/1989 e 29/07/2005.

Cob. Vegetal 1989 2005

Área (Km²) Porc. (%) Área (Km²) Porc. (%)

Veg arbóreo arbustiva fechada 53,6 11,8% 41,71 9,2%

Veg arbustivo arbórea fechada 109,42 24,1% 104,9 23,1%

Veg arbustiva fechada 134,51 29,7% 145,91 32,2%

Veg arbustiva semi-aberta e aberta

115,13 25,4% 113,65 25,1%

Solo exposto 26,43 5,8% 35,45 7,8%

Água 14,39 3,2% 11,85 2,6%

Total 453,48 100% 453,47 100%

Fonte: Apolinário (2013).

Alguns fatores como a pluviosidade e o uso do solo podem explicar o porquê

dessa distribuição da cobertura vegetal nos referidos anos de 1989 e 2005.

No ano de 1989 choveu 556,1 mm/ano (Tabela 14), sendo que do mês de março

ao mês de julho choveu 467,9 mm, refletindo na vegetação do período de 02 de agosto

do referido ano uma maior densidade, como também uma maior captação de água pelos

solos, açudes, barragens, lagos e cacimbas.

Tabela 14 - Pluviosidade mensal (mm) coletado no posto pluviométrico do Município de Cabaceiras- PB em 1989. M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9 M10 M11 M12 TOTAL

0,0 0,0 58,6 227,6 50,5 59,6 71,6 40,2 0,0 2,0 5,6 40,4 556,1

Total do M3 a M7 = 467,9

Fonte: AESA/PB (2014).

Até o início da década de 1980, a atividade de maior impacto negativo para o

ambiente nessa área foi o cultivo do algodão, com produção de 28 toneladas obtido em

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uma área de 30 ha (IBGE, 1985), a pecuária bovina com 8.408 cabeças (IBGE, 1985) e

caprina principalmente, com 12.822 cabeças (IBGE, 1985). Para o desenvolvimento da

agropecuária, como é tradicional no espaço semiárido brasileiro, faz-se o desmatamento

da área seguido da queima da biomassa retirada, deixando o solo totalmente descoberto

para a posterior ocupação com o algodão, enquanto nas áreas destinadas para a

pastagem se espera o crescimento espontâneo de herbáceas e arbustos nativos, ficando

expostas por longos períodos de tempo, além do que o ambiente alterado não consegue

restabelecer a cobertura vegetal em toda a sua extensão original.

No caso de 2005, a pluviosidade foi menor que no ano de 1989, perfazendo um

total de 433 mm/ano. Nesse contexto, do mês de março ao mês de julho choveu 314,2

mm (Tabela 15), com uma diferença de 153,7 mm quando comparado ao ano 1989.

Tabela 15 - Pluviosidade mensal (mm) registrada no posto pluviométrico do Município de Cabaceiras- PB em 2005. M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9 M10 M11 M12 TOTAL 4,2 14,0 114,3 31,6 50,9 101,8 15,6 34,8 0,0 0,0 0,0 65,7 433

Total do M3 a M7 = 314,2

Fonte: AESA/PB (2014).

Essa diferença nas precipitações é visível quando comparada a área ocupada por

água em parte do Açude Epitácio Pessoa nas duas imagens. Na imagem de 2005 a área

ocupada apresentava 2,6% do total da área do município, enquanto que no ano de 1989

aumentou para 3,2%, portanto uma diferença de 0,6%. Essa diferença percentualmente

não é elevada, mas em se tratando do semiárido, onde naturalmente domina uma

distribuição de chuva temporo-espacial irregular, com temperaturas médias mensais

superiores a 18°C e uma evapotranspiração bastante acentuada, torna-se bastante

significativa, principalmente para a rebrota e desenvolvimento da cobertura vegetal.

As áreas com solo exposto e com vegetação arbustiva fechada aumentaram nesse

período, com uma diferença de 2% e 2,5% respectivamente. Com a diminuição da área

com vegetação arbóreo-arbustiva fechada e arbustivo-arbórea fechada,

consequentemente aumenta a área da cobertura vegetal arbustiva fechada, enquanto com

a diminuição da área com vegetação semi-aberta e aberta aumenta a área de solo

exposto. É possível que isso tenha ocorrido por vários fatores, tanto por processos

naturais como não naturais, no entanto, consideramos como mais importantes as

atividades antropogênicas intensamente desenvolvidas sem preocupação com a

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conservação e preservação do meio ambiente que causam e acentuam a degradação.

Dessa forma, segue a baixo alguns fatores que possivelmente favoreceram a diminuição

da densidade de biomassa e aumento da área de solo exposto no município:

a) distribuição irregular da chuva;

b) temperaturas elevadas do solo, devido a sua maior exposição com o desmatamento,

gerando a ampliação dos limites à germinação das sementes de algumas espécies

vegetais;

c) aumento da pecuária caprina, que passou de 12.822 cabeças para 14.000 cabeças

(IBGE, 2005), e a consequente intensificação da pressão sobre a vegetação nativa, visto

que esses animais se alimentam basicamente das espécies arbustivas e herbáceas

nativas, enquanto em períodos de secas extensas se alimentam inclusive do caule de

algumas espécies;

d) aumento da extração vegetal, tanto para produção de carvão vegetal, passando de 305

kg (IBGE, 1985) para 3 toneladas (IBGE, 2005), quanto para o corte de lenha, o qual

teve a área aumentada consideravelmente, de 9m³ (IBGE, 1985) para 4000m³ (IBGE,

2005).

Conforme exposto, vários são os fatores que podem em conjunto causar perda na

qualidade ambiental. Essa perda pode ser acarretada tanto por uma fragilidade potencial

ou natural do ambiente, ao longo do tempo, em uma escala geológica, quanto por uma

fragilidade emergente, onde as atividades humanas intensas alteram a estabilidade

natural do ambiente, como também podem ocorrer concomitantemente (ROSS, 1994).

Essa alteração na estabilidade natural do ambiente poderá ser classificada, de acordo

com Tricart (1977), em um ambiente estável, intermediário (intergrade) ou instável,

correlativa a uma proporção de vulnerabilidade (CREPANI et al 2001) menor ou maior,

dependendo das características originais do ambiente e do tipo de uso e cobertura do

solo. Sendo assim, no capítulo posterior será enfatizada a análise da relação estabilidade

e vulnerabilidade dos componentes da paisagem com o processo de degradação que vem

sendo acentuado no município de Cabaceiras ao longo dos tempos.

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3.2 ANÁLISE DA VULNERABILIDADE À EROSÃO

3.2.1 Vulnerabilidade das Rochas

Para a avaliação e análise da estabilidade geológica foram atribuídos valores de

vulnerabilidades (Tabela 16) correspondentes aos tipos de rochas e ao grau de coesão

das mesmas, onde quanto maior o grau de coesão, menor o grau de vulnerabilidade

(prevalecendo a pedogênese) e quanto menor o grau de coesão, maior o grau de

vulnerabilidade (prevalecendo a morfogênese).

Tabela 16 – Distribuição em área e classificação dos valores de vulnerabilidade das rochas. Unidade

Litoestatigráfica Tipo De Rocha Área

(%) Grau de Vulner.

Categoria Ecodinâmica

Ortognaisses Granodioríticos Graníticos

Metamórfica 12,03 1,2

Estável Suíte intrusiva

calcialcalina de médio a alto K Itaporanga

Ígnea 4,91 1,2

Suíte Camalaú· Metamórfica 7,37 1,3

Serra do Jabitacá Metamórfica 2,12 1,4

Moderadamente Estável

Complexo São Caetano Metamórfica 0,09 1,7

Sertânia Metamórfica 14,43 1,7

Sumé Sedimentar (ou Sedimentos), Metamórfica

59,04 1,8 Medianamente

Estável

Fonte: Wanderley et al (2002); Crepani et al (2001)

A vulnerabilidade das rochas varia entre estável, compreendendo as Unidades

Litoestatigráficas Ortognaisses Granodioríticos Graníticos, Suíte Camalaú e Suíte

Intrusiva Calcialcalina de Médio a Alto K Itaporanga, com 24,32% da área; moderada

estabilidade, com 16,64% da área, compreendendo as unidades de Sertânia, Complexo

São Caetano e Serra do Jabitacá; e média estabilidade com 59,04%, da área

compreendendo a Unidade Litoestatigráfica Sumé (Figura 36).

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Figura 36 – Vulnerabilidade das rochas do município de Cabaceiras-PB.

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Dentre os tipos de rochas que compreende a litoestatigrafia do município de

Cabaceiras, as Ígneas são as que possuem maior grau de coesão, visto que a composição

química predominante desse tipo de rocha na área de estudo são o granito e o

granodiorito, possuindo alto grau de resistência ao intemperismo (CREPANI et al.;

2001), estando portanto, na categoria morfodinâmica estável. Esse tipo de rocha

encontra-se na porção norte e sul do município, onde está presente, respectivamente, um

grande afloramento rochoso (batólito), como pode ser visto no capítulo anterior, na

figura 10 da página 50, e alinhamentos de cristas, figura 14 da página 52.

As rochas Metamórficas estão presentes em quase todas as Unidades

Litoestatigráficas que compreendem o Município. Esse tipo de rocha é formado por uma

intrusão magmática em uma rocha Ígnea ou Sedimentar. Nesse caso, esse processo de

metamorfose modifica as características originais da rocha, alterando seus minerais para

um maior ou menor grau de resistência ao intemperismo. Na área de estudo, esse tipo de

rocha compreende duas categorias morfodinâmicas, estável e moderadamente estável,

dependendo do tipo de rocha e seu grau de coesão, portanto tendo vulnerabilidade muito

baixa a baixa.

Na Unidade Litoestatigráfica Sumé há dois tipos de rochas, a Metamórfica e a

Sedimentar. Essa última é constituída de materiais derivados do intemperismo e erosão

de rochas preexistentes. Essas partículas que resistiram ao intemperismo das rochas

primárias agregam-se à outras partículas de diferentes tipos de rochas e minerais. Essa

composição sedimentar possui uma frágil consistência, de agregados friáveis (passíveis

de sofrer fragmentação, esfacelamento) e físseis (passível de se fender), os quais tornam

esse tipo de rocha instável e vulnerável à erosão (CREPANI et al., 2001).

Diante do exposto, dentre todas as Unidade Litoestátigráficas presentes na área

de estudo, a Unidade Sumé apresenta uma estabilidade mediana, com valor de

vulnerabilidade 1,8. Vale salientar que apesar da maioria das rochas dessa Unidade

serem metamórficas, o que a diferencia das outras unidades é justamente a associação

com a rocha sedimentar, fazendo com que essa Unidade ultrapasse os limites da

estabilidade moderada para a estabilidade mediana, prevalecendo a relação entre

pedogênese e morfogênese.

3.2.2 Vulnerabilidade do Relevo

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Para definir a escala de Vulnerabilidade Geomorfológica, foram analisados três

índices morfométricos: Densidade de Drenagem (DD), Amplitude Altimétrica (AA) e

Declividade (D) (Tabela 17).

Mediante o cruzamento desses valores de vulnerabilidade através da

sobreposição de mapas, foi gerada a Carta de Vulnerabilidade do Relevo, a qual

encontra-se estável em 99,45% de sua área total (Figura 37). Essa estabilidade se dá

pelo baixíssimo valor de vulnerabilidade da Densidade de Drenagem, provavelmente

pela baixa porosidade e permeabilidade do solo e das rochas, e pela Amplitude

Altimétrica, com baixo aprofundamento de dissecação, diminuindo a energia potencial

para o runoff, ambas classificadas com estáveis, e também por possuir Declividade

predominantemente baixa, entre 2% e 6%, diminuindo a possibilidade de transformação

da energia potencial em energia cinética responsável pelo runoff, encontrando-se nas

categorias estável e moderadamente estável, apesar de possuir valores de

vulnerabilidade que vão do estável ao instável, ainda que em menores proporções. Em

algumas áreas onde a declividade se apresenta mais acentuada, em função dos

inselbergs e dos grandes batólitos, a estabilidade encontra-se moderada, correspondendo

a 0,55% de toda a área.

Tabela 17 - Valores de vulnerabilidade do relevo e categorias morfodinâmicas.

DD (Km/Km²) AA (m) D (%) Valor de

Vulnerabilidade Categoria

Morfodinâmica 4,12 a 20 <3,5 1,0

0,61 a 0,98 20 a 26,07 3,5 - 5,8 1,1 5,8 - 8,2 1,2 Estável 8,2 - 10,3 1,3 10,3 - 12,9 1,4 12,9 - 15,1 1,5 Baixa 15,1 - 17,4 1,6 Estabilidade 17,4-19,8 1,7 19,8-22,2 1,8 22,2-24,5 1,9 24,5-27,2 2,0 Média 27,2-29,6 2,1 Estabilidade 29,6-32,1 2,2 32,1-34,6 2,3 34,6-37,2 2,4 Moderada 37,2-39,8 2,5 Estabilidade 39,8-42,4 2,6 42,4-45,3 2,7 45,3-48,1 2,8 48,1-50,0 2,9 Instável 50,0-53,6 3,0

Fonte – Crepani et. al; (2008)

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Figura 37 - Vulnerabilidade do revelo do município de Cabaceiras-PB

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3.2.3 Vulnerabilidade dos Solos

Como visto no capítulo anterior, há uma predominância de três tipos de solos

no município, o Luvissolo Crômico, Neossolo Litólico e Vertissolo Hidromórfico.

Mediante a escala de vulnerabilidade e a classificação morfodinâmica, o município tem

54,86% da área total com valor 3 de vulnerabilidade, classificado como instável, numa

relação de equilíbrio entre a pedogênese e a morfogênese, compreendendo dois tipos de

solos, o Neossolo Litólico e Vertissolo Hidromórfico; e 45,14 % da área corresponde ao

valor 2 de vulnerabilidade, classificado como medianamente estável, prevalecendo a

morfogênese, compreendendo a predominância do Luvissolo Crômico (Tabela 18 e

Figura 38).

Tabela 18 – Valores de Vulnerabilidade dos solos e classes morfodinâmicas. CLASSE DE SOLO VALOR DE

VULNERABILIDADE CLASSIFICAÇÃO MORFODINÂMICA

Luvissolo Crômico 2,0 Medianamente Estável Neossolo Litólico 3,0 Instável

Vertissolo Hidromórfico 3,0 Instável Fonte – EMBRAPA (2009); Crepani et. al; (2001)

Apesar das características pedológicas da área de estudo apresentarem solos

com estabilidade mediana, é importante que se leve em consideração os vários tipos de

manejo da terra (técnicas de agricultura, tipos de culturas, métodos de preparo do solo,

etc.) e os diferentes tipos de uso (silviculturais, pastagens, culturas, etc). Nesse caso,

ainda que Crepani et al. (2001) destaquem que a maior ou menor susceptibilidade de um

solo sofrer processos erosivos depende principalmente das condições intrínsecas do

mesmo, no entanto, vale salientar que, enquanto um centímetro de solo é formado em

uma escala de tempo geológica, ou seja, centenas e milhares de anos, a perda da mesma

quantidade pode ser sofrida em um curto período tempo com o manejo inadequado do

solo e uso exaustivo do mesmo.

As atividades antropogênicas desenvolvidas no município, principalmente nas

áreas de estabilidade mediana, que são áreas de maior utilização para a pecuária e para o

extrativismo vegetal, acabam por sofrer uma degradação acelerada, deixando todo o

município de Cabaceiras susceptível à erosão (morfogênese), seja ela natural ou

induzida, diminuindo consideravelmente o processo de formação e desenvolvimento do

solo (pedogênese).

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Figura 38 - Vulnerabilidade dos solos do município de Cabaceiras – PB.

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As áreas classificadas como instáveis são bastante heterogêneas, tanto no que

diz respeito ao tipo de solo e suas características, como descrito no capítulo anterior,

quanto os aspectos físicos do relevo e os tipos de uso da terra, visto que nas áreas onde

predominam o Neossolo Litólico o relevo possui rugosidade acentuada, alinhamentos de

cristas bem definidos, afloramentos graníticos e declividade variando

predominantemente entre 6% e 50%, dificultando consideravelmente o

desenvolvimento da agropecuária. Como o próprio nome indica, o Neossolo Litólico é

um solo novo, pouco desenvolvido, raso, assentado sobre as rochas, altamente

vulnerável à erosão e a degradação.

Já nas áreas onde predominam o Neossolo Flúvico, o solo é mais propício para

o desenvolvimento das atividades agrícolas, visto que o relevo é mais plano, com

poucas ondulações, possui maior capacidade de armazenamento de água e é mais fértil,

favorecendo também o desenvolvimento de espécies arbóreas principalmente às

margens dos rios.

As áreas com predomínio do Vertissolo Hidromórfico são altamente

vulneráveis à erosão, principalmente por causa dos minerais que o constitui, sobretudo a

argila. Em áreas desmatadas há uma grande dificuldade de recolonização das plantas

por causa da argila, que se contrai na seca e se expande com a umidade, ocasionando

também uma deficiência de drenagem. Existem também várias áreas pontuais onde foi

verificada uma degradação mais acentuada pela retirada da vegetação, deixando o solo

nu e portanto susceptível aos processos erosivos.

3.2.4 Vulnerabilidade Pluviométrica

A variável precipitação (chuva) é determinante no desenvolvimento dos

processos erosivos, embora outras variáveis contribuam diretamente para o aumento ou

diminuição desse processo, como vimos no Diagnóstico Físico.

De acordo com Crepani et al. (2001), as principais características físicas da

chuva diretamente relacionadas com os processos erosivos são: a pluviosidade total, a

intensidade pluviométrica e a distribuição sazonal. Entre elas, a mais representativa é a

intensidade pluviométrica, por representar uma relação entre os outros dois índices

(quanto chove/quando chove), determinando dessa forma a quantidade de energia

potencial disponível para a geração de energia cinética responsável pela erosividade da

chuva. Sendo assim, quanto maior for o valor da intensidade pluviométrica maior é a

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erosividade da chuva. A partir desses resultados é possível analisar a influência da

chuva nos processos morfodinâmicos por meio da escala de vulnerabilidade (Tabela

19).

Tabela 19 – Valores de vulnerabilidade da intensidade pluviométrica e classificação morfodinâmica.

Intensidade Pluviométrica

Valor de Vulnerabilidade

Classificação Morfodinâmica

Área (%)

200,58 - 225,00 1,7 Moderadamente Estável

21,05

225,00 - 250,00 1,8 Medianamente Estável 78,95 250,00 - 275,00 1,9

275,00 - 294,89 2,0 Fonte – Crepani et al (2001)

Apenas 21,05% de toda extensão do município tem intensidade pluviométrica

baixa, proporcionando uma condição de moderada estabilidade. Em contrapartida, em

78,95% da área prevalece uma intensidade pluviométrica mais alta, proporcionando

uma estabilidade mediana (Figura 39). Essa área possui uma maior pressão da chuva

ocasionada pela característica mais torrencial, resultando na erosividade de um solo já

bastante alterado pelas atividades humanas.

Apesar da intensidade pluviométrica corresponder às categorias

morfodinâmicas moderadamente estável e medianamente estável, o que não seria ruim

para uma região onde os solos fossem mais férteis e a vegetação tivesse um maior poder

de regeneração, este não é o caso do Cariri paraibano, onde encontra-se a área de

estudo, visto ser alvo de elevada degradação ambiental.

Um ambiente onde o solo é raso, pedregoso e em alguns locais argiloso, com

vegetação predominantemente arbustiva a rala, irá sofrer uma maior aceleração dos

processos erosivos, pois sem cobertura vegetal suficiente no solo a erosão por salpico da

água da chuva irá compactá-lo ao ponto de reduzir sua capacidade de infiltração,

aumentando o escoamento superficial (energia cinética), que irá acentuar a lixiviação,

retirando os nutrientes e diminuindo sua fertilidade, possibilitando a formação de fluxos

lineares que podem evoluir para microrravinas.

Vele destacar, conforme ressaltado em outro momento, que apesar da erosão

ser um processo natural, houve a influência direta das atividades humanas para que se

intensificasse, visto que a área de estudo foi muito desmatada até o final da década de

1980 para o desenvolvimento da cultura do algodão e também com a retirada da

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vegetação para produção de carvão, influenciando decisivamente para uma

desestabilização do solo e principalmente da vegetação.

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Figura 39 - Vulnerabilidade da intensidade pluviométrica do município de Cabaceiras – PB

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3.2.5 Vulnerabilidade da Cobertura Vegetal

A classificação da vulnerabilidade será realizada com base na densidade da

cobertura vegetal, também levando em consideração todos os componentes físicos da

paisagem, assim como as atividades humanas existentes na área de estudo.

A densidade da vegetação se apresenta de forma bem diversificada em todo o

município, formando um verdadeiro mosaico, podendo-se distinguir, tanto em campo

quanto na imagem de satélite, núcleos de vegetação densa, arbóreo-arbustiva, arbustivo-

arbórea e arbustiva, assim como núcleos de vegetação esparça semiaberta, aberta e solo

exposto, como pôde ser verificado na análise da classificação da cobertura vegetal, no

capítulo anterior. A partir dessa classificação foi possível mensurar a vulnerabilidade da

cobertura vegetal (Tabela 20).

Tabela 20 – Valores de vulnerabilidade e categorias morfodinâmicas da cobertura vegetal.

Cobertura Vegeral Valor de

Vulnerabilidade. Classificação

Morfodinâmica Área (Km²)

Área (%)

Água - - 11,85 2,61

Arbóreo Arbustiva Fechada

1,6 Moderadamente

Estável 41,71 9,20

Arbustiva Arbórea Fechada

2,1 Medianamente

Estável 104,90 23,12

Arbustiva Fechada 2,4 Moderadamente

Instável 145,91 32,18

Arbustiva Semi-Aberta, Aberta e Solo Exposto

2,8 e 3,0 Instável 149,10 32,88

Fonte: Adaptada de Crepani et al. (2001).

Diante da tabela acima, é compreensível a preocupação sobre a área de estudo,

visto que 65% da mesma está com estabilidade entre moderadamente instável e instável,

com vulnerabilidade entre 2,4 e 3,0. Essas áreas são as que possuem maior impacto da

agropecuária e do extrativismo vegetal, que causam uma desestabilização na cobertura

vegetal, no solo e no microclima da região, pois tanto aumenta a temperatura do solo,

diminuindo a possibilidade de germinação de muitas plantas, quanto aumenta a

sensação térmica do meio. As áreas classificadas como moderadamente e medianamente

estáveis são as que apresentam vegetação mais densa de porte médio à alto que se

encontram em relevos de declives mais acentuados de difícil circulação (Figura 40).

É importante deixar claro que os estudos vegetacionais como critério para

classificação ecodinâmica irá considerar a densidade da vegetação, sem a preocupação

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com o tipo de vegetação ali presente. Ou seja, mesmo que em algumas áreas a cobertura

vegetal se apresente com estabilidade moderada ou média, isso não significa que nessas

áreas não possam existir núcleos de degradação, mesmo que esses tenham algum tipo de

cobertura vegetal.

Para a análise da degradação é preciso considerar também que a predominância

de determinadas espécies vegetais como o marmeleiro, o pinhão bravo e principalmente

a jurema preta, que se sobressaem sobre as outras na área de estudo, são espécies

pioneiras de alta competitividade. A predominância dessas espécies indica que a área foi

desmatada há muito tempo atrás e que está tentando se recuperar.

Diante disso, vê-se que um ambiente, mesmo estando em equilíbrio

morfodinâmico, pode caracterizar um estado de degradação, visto que esta se processa

de forma rápida, principalmente mediante uso contínuo da terra, ao passo que a

recuperação do ambiente de forma natural, sem a intervenção humana, se dá lentamente

durante. Não se retoma ao estado original, mas há a busca por uma nova estabilidade

dentro dos limites que lhe é imposto pela fragilidade potencial do ambiente e pela

degradação ocasionada pelas atividades humanas predatórias.

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Figura 40 – Vulnerabilidade da Cobertura Vegetal do município de Cabaceiras – PB.

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3.2.6 Integração das Cartas de Vulnerabilidade dos Componentes

Geoambientais

De posse das cinco cartas de vulnerabilidade, pôde-se gerar a carta de

integração das unidades de paisagem do município de Cabaceiras. Os dados da carta

mostram que 89,99% da área do município apresenta estabilidade mediana e valor de

1,7 a 2,2 na escala de vulnerabilidade, e apenas 10,01% do território apresenta

estabilidade moderada com vulnerabilidade entre 1,4 e 1,7 (Figura 41).

De acordo com Tricart (1977), a categoria morfodinâmica Intergrade, onde se

encontra a média estabilidade, seria a passagem gradual entre o meio estável e o meio

instável, havendo a interferência permanente e concorrente entre ambos, onde

permanece o equilíbrio entre a pedogênese e a morfogênese, não por uma estagnação,

mas por uma oscilação que muda de sentido em função das condições oferecidas pelo

meio.

Analisando a carta de Vulnerabilidade do município de Cabaceiras foi

observado que há uma predominância entre das classes estável e média estabilidade.

Isso faz com que, na integração dos mapas, essa predominância tenha maior peso sobre

as outras classes (Tabela 21). Além disso, a carta de Vulnerabilidade Geológica obteve

valores subestimados por causa dos valores muito baixos da Densidade de Drenagem e

da Amplitude Altimétrica, fazendo com que a estabilidade se apresente com quase

100% de Estabilidade.

Tabela 21: Predominância das classes morfodinâmicas dos elementos da paisagem do município de Cabaceiras-PB.

Elementos da Paisagem Classificação

Morfodinâmica Área em (%)

Geológica Média estabilidade 59,04% Geomorfológica Estável 99,45

Pedológica Instável 54,86% Climatológica Média estabilidade 78,95 Cobert. Vegetal Moder. instável e instável 65,06

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Figura 41 – Carta Síntese da Vulnerabilidade do município de Cabaceiras – PB.

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Sendo assim, os dados mostram que o município de Cabaceiras são mostrados

em uma situação dominante de média estabilidade, o que equivale a classificação

intergrade de Tricart (1977). Destacamos entretanto, que somente na análise da

geomorfologia ocorreu o predomínio da pedogênese sobre a morfogênese, o que nos

leva a afirmar que a situação atual reflete um quadro em que dominam as ações

morfogenéticas sobre as pedogenéticas, caracterizando assim um ambiente que tem

evoluído negativamente no que diz respeito a recuperação espontânea dessas terras,

sendo esta uma resposta da intensidade das atividades humanas que vem se

desenvolvendo ao longo do tempo, as quais não vem sendo acompanhadas por formas

de uso do solo menos agressivas ou programas de intervenção para minimizar ou

resolver a problemática encontrada.

3.3 DINÂMICA DA COBERTURA VEGETAL

Conforme foi ressaltado em outro momento deste trabalho, a vegetação

apresenta um papel fundamental na Ecodinâmica, entendida como elemento base

sobre o qual são estabelecidas condições de maior ou menor estabilidade do meio.

Em função disso, destacaremos a seguir a dinâmica espacial e temporal da vegetação

na área de estudo, para que melhor sejam compreendidas as modificações e os efeitos

disso na paisagem, seguido de caminhos possíveis para atenuar a degradação

constatada.

3.3.1 Dinâmica da Cobertura Vegetal entre os Anos de 1989 e 2005

A cobertura vegetal entre as décadas de 1989 e 2005 refletiu na paisagem uma

mudança cuja análise é fundamental, entre outras razões, sob a perspectiva da sucessão

ecológica, pois com o significativo desmatamento para a intensificação da agricultura e

principalmente da pecuária caprina, em muitas áreas a vegetação se apresenta em um

novo geossistema em resistasia, onde o ambiente vem sofrendo uma crise

geomorfoclimática e uma intensa pressão antropogênica, fazendo com que o mesmo

busque um novo equilíbrio ecodinâmico.

Diante do exposto, será mostrado o comportamento da cobertura vegetal no

período em destaque, apresentado anteriormente no diagnóstico físico. No presente

caso, para fins de maior detalhamento, ao invés de mostrar essa situação para todo o

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município de Cabaceiras, procuramos destacar algumas áreas, conforme pode ser

observado nas Figuras 42 e 43.

Figura 42 - Classificação da Cobertura Vegetal em 1989.

Figura 43 - Classificação da Cobertura Vegetal em 2005.

Com base na análise dos dois mapas, é possível identificar que na imagem de

satélite de 1989, em comparação com a de 2005, temos uma cobertura vegetal com

maior densidade nas classes arbóreo-arbustiva fechada, arbustivo-arbórea fechada e

arbustiva semi-aberta e aberta. Consequentemente, nesta última categoria, temos um

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aumento na densidade vegetal arbustiva fechada como também de solo exposto. No

entanto, essas oscilações de densidade vegetal se dão de forma bastante irregular no

espaço, pois em algumas áreas houve perda da massa vegetal, enquanto em outras

houve ganho, como é o caso da presença de áreas de vegetação arbustiva semiaberta em

1989 que passaram para classe arbustiva fechada em 2005, assim como, o que era

arbustiva fechada passou a ser arbustivo-arbórea fechada e o que era solo exposto

passou a ser vegetação arbustiva fechada. Assim, há uma intensa dinâmica em termos

de avanço e retrocesso de algumas categorias de vegetação.

Através dessas observações, pode-se dizer que a vegetação, mesmo em um

ambiente com tantas pressões naturais e socioeconômicas, tenta se manter em uma

situação de equilíbrio com as características que estão presentes nessas áreas,

perfazendo ambientes bastante distintos daqueles em melhor estado de conservação.

Nesse último caso, levando em consideração as espécies vegetais existentes e a sua

organização no espaço, existem algumas áreas em que alguns indivíduos se destacam

pelo porte, apresentando-se em uma quantidade e densidade que nos faria pensar em

uma situação pretérita de menor degradação.

Sendo assim, com base nos mapas de 1989 e 2005, através da sobreposição de

mapas, foi gerado um mapa da situação da cobertura vegetal, sendo estas classificadas

em estado de conservação, recuperação e degradação, de acordo com a dinâmica

observada ao longo do período destacado (Figura 44).

Os critérios para nomear cada uma dessas áreas foram os seguintes: para as

áreas consideradas como conservadas, a densidade da vegetação não foi alterada entre

1989 a 2005, permanecendo em um estado de caatinga arbóreo-arbustiva ou arbustivo-

arbórea; para as áreas consideradas em estado de recuperação, foi considerada a

alteração em algumas áreas do solo exposto para vegetação semi-aberta e aberta e desta

para vegetação arbustiva fechada; para as áreas consideradas degradadas considerou-se

a diminuição da densidade da vegetação de uma tipologia com maiores densidades para

uma outra tipologia com menor densidade ou para solo exposto.

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Figura 44 - Situação da Cobertura Vegetal no período de 1989 a 2005.

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Traduzindo as observações qualitativas acima destacadas em termos

quantitativos, as classes do mapa de situação da cobertura vegetal apresentaram as

seguintes porcentagens sobre a área total do município (Tabela 22):

Tabela 22 – Distribuição em porcentagem da situação da cobertura vegetal.

CLASSES ÁREA (Km²) ÁREA (%)

Conservada 174,76 38,54% Degradada 146,76 32,36% Recuperada 116,77 25,75%

Água 15,18 3,35%

Total 453,47 100% Vale salientar, como já explicado em outros momentos que, nuvens, sombra de

nuvens, afloramentos rochosos e partes de leitos dos rios foram associados pelo

programa de geoprocessamento como sendo áreas degradadas, isso ocorrendo devido a

aproximação dos valores dos pixels dos mesmos. Com exceção dos leitos dos rios, as

áreas onde se concentram as nuvens e os afloramentos rochosos estão ao extremo norte

e nordeste do município, sendo que em alguns setores é possível identificar esses

elementos pela forma geométrica arredondada, principalmente das nuvens. Sendo assim,

a área associada à degradação tem uma porcentagem de aproximadamente 10% a menos

que o apresentado na Tabela 22.

Mesmo com os resultados percentuais das áreas de cobertura vegetal degradada

estando um pouco superestimadas, a situação encontrada não é de elevada relevância,

pois a maior parte das mesmas se encontra próximo as margens dos rios, onde o uso é

mais intenso por possui uma maior disponibilidade de água e solos mais apropriados à

agricultura.

Nas áreas destacadas anteriormente, com a degradação intensa desses

ambientes poderá em um futuro próximo ocorrer um processo bastante temido para

aqueles que da terra tiram seu sustento, que é o processo de desertificação, o qual

ocorrendo, tornará de difícil execução a continuidade do manejo de culturas de qualquer

tipo, caso não sejam aplicadas medidas de melhor uso dessas terras, muitas delas já

previstas em Leis, Projetos e Programas. Da mesma forma, temos as áreas consideradas

em recuperação, merecendo atenção por terem sido em sua maioria terras que passaram

por bastante estresse ambiental no passado e que por muitos anos não tiveram uso para

qualquer atividade, sendo consideradas atualmente improdutivas ou pouco produtivas

economicamente, e portanto marginais ao desenvolvimento de muitas atividades.

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Diante do exposto, é compreensível que a degradação ambiental denota uma

preocupação não apenas ambiental, como também socioeconômica e cultural, visto que

as potencialidades e limitações do meio físico natural influenciam diretamente no

desenvolvimento da região e vise versa.

Desta forma, a vulnerabilidade física ambiental associada a vulnerabilidade

econômica dificulta o desenvolvimento sustentável de ambos, visto que não existe

desenvolvimento sustentável se não houver um equilíbrio mútuo entre o potencial

ecológico, a exploração biológica e as atividades socioeconômicas (NASCIMENTO,

2013).

Em Cabaceiras o Setor Primário é muito frágil no que se refere a quantidade de

produção, limitado praticamente as lavouras temporárias e a períodos de chuva, tendo

pequena representatividade na base econômica do Município. Neste sentido, a sua

economia vem cada vez mais girando em torno, principalmente, dos programas

assistenciais, como, por exemplo, Bolsa Família, Bolsa Safra e das aposentadorias

previdenciárias. Sendo esses, os principais meios de propulsão da economia local como

também de melhoria da qualidade de vida da população, a terra não é mais o principal

meio de sustento como em décadas passadas. Nesse caso, a melhoria do padrão de vida

observada nos últimos anos neste município não reflete o que vem ocorrendo em termos

econômicos produtivos e no que diz respeito a qualidade do meio ambiente nessas

terras.

Apesar de existir produção agrícola na área de estudo, esta é muito limitada,

seguindo o padrão do semiárido nordestino. De acordo com Nascimento (2013; p. 212),

o meio de produção utilizando a terra para todo o Nordeste seco “é restrito aos pequenos

agricultores, que subsistem do criatório e da agricultura de sequeiro e/ou vazantes, com

técnicas rudimentares. (...) com rendimentos e rentabilidades ínfimos”. O meio de

subsistência da população local, assim como de todo ou quase todo semiárido

nordestino, atualmente, se dá através de uma nova realidade política, partindo de um

modelo assistencialista em detrimento do desenvolvimento de atividades produtivas em

um meio ambiente que sofreu fortes alterações negativas. Foi criada assim uma situação

preocupante na medida em que, se o modelo vigente atual ruir, a população do Nordeste

seco irá sofrer drásticas consequências socioeconômicas, já que cada vez mais se torna

difícil produzir em terras degradadas onde as ações do poder público ou são inexistentes

ou tem tido pouca efetividade.

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Ainda discorrendo sobre desenvolvimento socioeconômico, vê-se a

importância de tentar explicar esse descompasso numa escala regional, também levando

em consideração o tempo de atuação da construção das paisagens e da situação

ambiental, econômica, social e política onde, de acordo com Nascimento (2013; p. 211),

“o cenário de injustiça social, degradação ambiental e economia excludente propagou-se

mediante o ciclo econômico desenvolvido em cada época ao longo do tempo no

território semiárido”, considerando principalmente o binômio gado-algodão e a estrutura

fundiária caracterizada, predominantemente, pelo latifúndio, para pecuária extensiva e

reserva de mercado.

Associado ao exposto, os modelos de desenvolvimento criados para suprir a

necessidade socioeconômica do Semiárido Nordestino, como meios de intervenções de

Políticas Públicas, não obtiveram sucesso por vários motivos, principalmente, pela

inobservância dos limites naturais do semiárido e suas especificidades. Seguindo esse

raciocínio, Souza (2008) aponta algumas medidas que não resolveram os problemas,

principalmente da seca e das desigualdades socioeconômicas e ainda acentuaram a

degradação ambiental, onde tivemos/temos: o incentivo a agricultura irrigada,

aumentando a salinização do solo em alguns pontos da região; o incentivo a pecuária

caprina, por uma influência mercadológica onde este se fundamenta no fato de que as

terras são apropriadas a esse tipo de pecuária, sem que se planejassem meios de oferta

de alimento suficiente para o crescente rebanho, deixando-os soltos no pasto,

dependentes apenas da vegetação nativa, ocasionando um desequilíbrio na sucessão

ecológica da caatinga; o uso da algaroba para fins de reflorestamento e alimento do

gado caprino e bovino, espécie vegetal exótica que se tornou uma das mais abundantes

da região semiárida, por sua facilidade de desenvolvimento em diversos ambientes,

inibindo a presença de diversas espécies nativas da caatinga, tornando-se um dos

principais indicadores de degradação ambiental na região.

Desta forma, pode-se dizer que muitas das intervenções públicas realizadas

desde o período colonial até o início do século XXI, principalmente a partir de meados

desse século, com a crise das secas e com o atraso econômico do Nordeste em relação à

região Centro-Sul do país, consolidaram-se como políticas de modernização econômica,

de política hídrica e de ações emergenciais de assistencialismo no período das estiagens

(SILVA, 2010). Essas medidas foram tomadas, em grande parte, com interesses

meramente políticos, sem as devidas preocupações com o meio ambiente ou com um

planejamento ambiental que beneficiasse tanto a sociedade quanto o meio físico.

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Diante de tantas negligências com a região do semiárido nordestino, o

Ministério do Meio Ambiente e a Secretaria de Recursos Hídricos, lançou em 2004 um

dos documentos mais importante para a criação de novos planos de políticas públicas de

combate à desertificação, o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação -

PAN-BRASIL, tomando como base os preceitos da Convenção das Nações Unidas de

Combate a Desertificação - UNCCD. O PAN-BRASIL esclarece o que é degradação e

desertificação, como se dá esse tipo de degradação e quais as medidas, ações e

providências devem ser tomadas para combatê-la na região semiárida do Brasil. O foco

desse programa é a recuperação, preservação e conservação dos recursos naturais e o

combate a pobreza e assim promover mudanças no modelo de desenvolvimento na

região do semiárido brasileiro. O objetivo geral do programa é:

estabelecer diretrizes e instrumentos legais e institucionais que permitam otimizar a formulação e execução de políticas públicas e investimentos privados no Semi-árido Brasileiro-SAB, no contexto da política de combate à desertificação e mitigação dos efeitos da seca e de promoção do desenvolvimento sustentável (PAN-BRASIL, 2004; p 100).

Com a elaboração do PAN-BRASIL, como um plano nacional de política

pública, percebeu-se a necessidade de se elaborar planos Estaduais com diretrizes

relacionadas ao combate da degradação da terra, com a conservação e o reflorestamento

para reabilitação dos recursos naturais. Esses planos devem seguir, dentre outros planos

e programas, preferencialmente os preceitos da Agenda 21 e do PAN-BRASIL, por

serem programas nacionais que buscam estabelecer estratégias para o combate à

degradação das terras, à desertificação, a erradicação da pobreza e desigualdade social,

além de recomendar a sustentabilidade na convivência com os sertões em toda a sua

amplitude e de dar atenção renovada às políticas específicas de proteção do meio

ambiente (NASCIMENTO, 2013; PAN-BRASIL, 2004).

Desta forma, em consonância com o CCD e com o PAN-BRASIL, surge o

Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da

Seca no Estado da Paraíba - PAE-PB, de nível Estadual, publicado em 2011. Este

documento foi elaborado pela Associação para o Desenvolvimento da Ciência e da

Tecnologia - SCIENTEC, no âmbito do Projeto BRA/IICA/05/004, e executado pelo

Ministério do Meio Ambiente - MMA em cooperação técnica com o Instituto

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Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA, tendo como propósito os

seguintes objetivos (PAE-PB, 2011; p. 83):

1) Diagnosticar as ações e iniciativas postas em prática na área de combate à desertificação no Estado da Paraíba; 2) Realizar diagnóstico, cartografando, caracterizando os processos de degradação das terras nas áreas susceptíveis à desertificação no Estado da Paraíba, indicando os agentes responsáveis naturais e antrópicos e os níveis de degradação detectados; 3) Identificar e formular propostas de ação de combate à desertificação conforme os eixos temáticos do Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca – PAN-Brasil, que são: (i) redução da pobreza e da desigualdade; (ii) ampliação sustentável da capacidade produtiva; (iii) preservação, conservação e manejo sustentável dos recursos naturais e (iv) gestão democrática e fortalecimento institucional; 4) Estabelecer as estratégias do Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca; 5) Formular estrutura específica de gestão do Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca; 6) Indicar as ações para implementação do Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca nos âmbitos: (i) jurídico-legais; (ii) de mobilização popular; (iii) das políticas e (iv) administrativos e operacionais.

O referido documento foi formulado a partir dos preceitos e estratégias

adotadas pelo PAN-BRASIL, porém buscando direcionar suas medidas e estratégias

para a realidade do semiárido paraibano e às condições intrínsecas do seu ambiente.

Desta forma, seu eixos temáticos foram construídos em sincronia com os eixos

temáticos do PAN-BRASIL, como pode ser verificado a segui no Quadro 2.

Quadro 2 - Sincronização entre os eixos temáticos do PAN-BRASIL e do PAE-PB. Fonte: PAE-PB (2011)

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Cada tema de concentração estratégica do PAE-PB tem várias ações e

propostas a serem seguidas por todos os atores envolvidos direta e indiretamente na

formulação desse documento, como por exemplo, autoridades de órgãos estaduais

federais, entidades representativas do setor produtivo, da comunidade científica,

associações estaduais e representantes da sociedade civil organizada, entre outros (PAE-

PB, 2011). A efetiva participação dos atores dos vários seguimentos é de suma

importância para a reafirmação e execução das ações para a mitigação da degradação

ambiental, da desertificação e dos efeitos da seca no semiárido paraibano.

Entre essas e outras diretrizes que podem ser seguidas pelo Município de

Cabaceiras, estão o Código Florestal Brasileiro (Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012),

o Código Florestal do Estado da Paraíba (Lei nº 6.002, de 29 de dezembro de 1994), o

Decreto nº. 24.414/2003 de 27 de setembro de 2003 que dispõe sobre a Exploração

Florestal no Estado da Paraíba, e o Decreto nº. 24.417/2003 de 27 de setembro de 2003,

que dispõe sobre o Uso Alternativo do Solo, uma em especial poderá dar força à efetiva

execução das ações propostas por muitas dessas diretrizes, já que foi elaborada para ser

implementada em uma porção deste Município, além de Boa Vista e São João do Cariri.

Trata-se do Decreto N° 25.083 de junho de 2004, que dispõe sobre a Área de Proteção

Ambiental do Cariri – APA do Cariri – a qual considera as potencialidades naturais e

culturais para a criação de uma Unidade de Conservação com objetivo de “proteger a

diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade

do uso dos recursos naturais”.

Portanto, a partir da observância desses documentos e dos resultados

apresentados na presente pesquisa, pode-se implementar ações que visem a conservação

das áreas com relevante potencial biológico e ecológico e a recuperação de áreas

degradadas. Além disso, destaca-se a necessidade de criar novas Unidades de

Conservação e ampliar ou redefinir a APA do Cariri já existente, no intuito de atenuar a

degradação das terras e consequentemente a degradação ambiental como um todo no

município de Cabaceiras, uma vez que o aspecto basilar da criação de uma Unidade de

Conservação do tipo APA é a exploração dos recursos naturais em condições de

sustentabilidade econômica, social e ambiental, o que pode servir como modelo para

outras áreas do semiárido nordestino.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para a realização da presente pesquisa foi de suma importância a construção e

entendimento do referencial teórico-conceitual fundamentado na Teoria Geossistêmica,

na Teoria da Ecodinâmica, na análise integrada da paisagem e nas definições sobre

degradação ambiental e suas consequências na dinâmica sociedade-natureza,

concatenando o conhecimento teórico ao conhecimento prático e integrando-os sob uma

perspectiva geográfica e sistêmica.

Na construção do capítulo metodológico, percebeu-se que como todo método

utilizado para a sistematização de um trabalho científico, os métodos utilizados neste

trabalho possuem suas limitações, no sentido de não poder ir além daquilo que nos

possibilita fazer. Desta forma, como os Métodos Neo-Positivistas não compartilham das

mesmas bases teórico-metodológicas que o Método Materialismo Histórico Dialético,

foi utilizado como alternativa para analisar os resultados obtidos, o que Suertegaray

(2005) chama de análise do tempo histórico como visão de mundo, não como um

método, mas como uma análise valorativa do tempo geológico e histórico da paisagem,

visto que a apropriação da paisagem pela ação humana nos permite analisá-la não

apenas como um conjunto de elementos naturais, mas como um conjunto híbrido,

resultado da combinação de elementos físicos, biológicos e humanos e sua dinâmica.

Em relação aos resultados da pesquisa constatou-se que os componentes

geoambientais (geologia, geomorfologia, pedologia, clima e cobertura vegetal) possuem

vulnerabilidades variadas de acordo com suas características intrínsecas, porém

apresentando na carta síntese de Vulnerabilidade do município de Cabaceiras uma

estabilidade média, constatando-se que há uma predominância da morfogênese sobre a

pedogênese e que essa predominância se dá pela média vulnerabilidade do ambiente,

ocasionada tanto pelos processos naturais de intemperismo quanto pela acentuada

degradação provocada pelas atividades humanas.

Na análise da degradação da cobertura vegetal, apesar de 32,36% da área do

município ter sido classificada como degradada, de acordo com o mapa de situação da

vegetação entre 1989 e 2005, onde foi percebido perda de massa vegetal, é possível que

em áreas tidas como recuperadas a degradação esteja presente, pois em muitas dessas

áreas há uma predominância de determinadas espécies vegetais que são consideradas

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indicadoras de degradação, já que são classificadas como pioneiras para o Bioma

Caatinga, a exemplo da jurema-preta e do marmeleiro.

Mediante a complexidade acerca da degradação ambiental, reafirma-se a

necessidade e importância da criação e execução de políticas públicas voltadas às

questões ambientais, enfatizando que, para a região semiárida e em específico o

município de Cabaceiras, haja um olhar mais direcionado aos processos de degradação e

desertificação, no intuito de conter esses processos e melhorar a qualidade ambiental,

fundamentando-se nas potencialidades naturais do ambiente, nas suas fragilidades e no

desenvolvimento sustentável dos meios de produção social.

Por fim, é preciso disseminar para toda a sociedade, em escala local, regional e

global que, desenvolver atividades que promovam a degradação ambiental também é

promover a degradação do próprio ser humano, sob os aspectos sociais, culturais e

econômicos, de forma que estamos degradando a nós mesmos, capazes de destruir o que

nos é dado de graça pela natureza com a mesma velocidade com que somos capazes de

criar naturezas artificiais que nos custam caro e que não são igualmente proporcionadas

a todos.

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