Capítulo 5 Importância nutricional do milho -...

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Capítulo 5 Importância nutricional do milho Gilson lrineu de Oliveira Junior' Vanessa Barbosa de Moraei Neuza Maria Brunoro Costa 3 Maria Cristina Dias Paes 4 A importância nutricional do milho Um número superior a um bilhão de consumidores da África Subsaariana e da América Latina tem o milho como alimento básico. Em algumas situações, ele constit~i a única fonte diária da alimentação, a exemplo das populações do México e Nordeste do Brasil, onde esse cereal é a principal fonte de energia na dieta (DUARTE, 2000). A cultura do milho no Brasil apresenta forte dispersão geográfica, sendo produzido em quase todo o território nacional. Isso demonstra a grande importância social e econômica do produto, fornecendo evidências de que existem grandes variações nas formas I Nutricionista, M.S. e Pesquisador da Embrapa/CNPMS. E-mail: [email protected]. 2 Nutricionista, M.S. E-mail: [email protected]. :1 Nutricionista, M.S., Ph.D. e Professora da Universidade Federal do Espírito Santo. E-mail: [email protected]. 4 Nutrlcionista, M.S., Ph.D. e Pesquisadora da EMBRAPNCNPMS. E-mail: [email protected].

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Capítulo 5

Importância nutricional do milho

Gilson lrineu de Oliveira Junior'Vanessa Barbosa de MoraeiNeuza Maria Brunoro Costa3

Maria Cristina Dias Paes4

A importância nutricional do milhoUm número superior a um bilhão de consumidores da África

Subsaariana e da América Latina tem o milho como alimento básico. Emalgumas situações, ele constit~i a única fonte diária da alimentação, aexemplo das populações do México e Nordeste do Brasil, onde essecereal é a principal fonte de energia na dieta (DUARTE, 2000).

A cultura do milho no Brasil apresenta forte dispersãogeográfica, sendo produzido em quase todo o território nacional. Issodemonstra a grande importância social e econômica do produto,fornecendo evidências de que existem grandes variações nas formas

I Nutricionista, M.S. e Pesquisador da Embrapa/CNPMS. E-mail:[email protected].

2 Nutricionista, M.S. E-mail: [email protected].:1 Nutricionista, M.S., Ph.D. e Professora da Universidade Federal do Espírito Santo.

E-mail: [email protected] Nutrlcionista, M.S., Ph.D. e Pesquisadora da EMBRAPNCNPMS. E-mail:

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de produção, determinadas por condições diferentes de clima, solo ediversidade de sistemas tecnológicos empregados (BIS0110, 2003).

Dados da última Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF2002-2003 (IBGE, 2004) confirmaram esse cereal como uma das maisimportantes fontes alimentares da população brasileira, apresentandoexpressivo consumo na zona rural. A população rural da regiãoSudeste é a grande consumidora de milho e seus derivados, comconsumo per capita de aproximadamente 31 kg ao ano, seguida pelazona rural da região Nordeste, com consumo anual de cerca de 20kg/pessoa.° milho destina-se tanto ao consumo humano quanto àalimentação animal. No Brasil, cerca de 4% do total de milhoproduzido é consumido diretamente como alimento, e em torno de10% desse total é destinado ao processamento nas indústriasali mentícias, que transformam os grãos em di versos produtosconsumidos na dieta humana, como amido, fubá, farinhas, canjica(mungunzá), flocos de milho, farelos, óleo, entre outros(ABIMILHO, 2007). Na Tabela 1 observam-se os diversosprodutos obtidos a partir do milho, seja como planta, espiga ougrão.

Tabela 1 - Formas de utilização do milho (planta, espiga e grão) noBrasil

Destinação Forma/Produto FinalUso animal direto Silagem; rolão; grãos (inteiro/desintegrado) para

aves, suínos e bovinos.Espiga assada ou cozida; pamonha; curau; pipoca;pães; bolos; broas; cuscuz; polenta; angu; sopas;farofa.Rações para aves; suínos; bovinos (corte e leite);outros mamíferos e pequenos animaisAmidos; fubás; farinhas comuns; farinhas pré-cozidas; flocadas; canjicas; óleo; creme; pipocas;glicose; dextrose.Canjicas; sêmola; semolina; moído; granulado; farelode germe.Balas duras e mastigáveis; goma de mascar; docesem pasta; salsichas; salames; hambúrgueres;outras carnes processadas; frutas cristalizadas;compotas; biscoitos; xaropes; sorvetes; parapolimento de arroz.

Uso humano direto(preparo caseiro)

Indústria de rações

Indústria de alimentos:- produtos finais

- intermediários

- xarope de glicose

Continua ...

Importância nutricional do milho 109

Tabela 1 - Cont.

DestinaçãoCervejas.- xarope de glicose

(com alto teor de mal tose)- corantes caramelo

- maltodextrinas

- amidos alimentícios

Amidos industriais

Dextrinas

Pré-gelatinizadosAdesivos

Ingredientes proteicos

FormaIProduto Final

Refrigerantes; cervejas; bebidas alcoólicas;molhos.Aromas e essências; sopas desidratadas; pós parasorvetes; complexos vitamínicos: achocolatados.Biscoitos: melhoradores de farinhas; pães; póspara pudins e flans; fermento em pó; macarrão;produtos farmacêuticos; balas de goma; filmes ecoberturas alimentícias.Para papel; papelão ondulado; adesivos; fitasgomadas; briquetes de carvão; engomagens detecidos; beneficiamento de minérios; embalagensbiodegradáveis.Adesivos; tubos; barricas de fibra; lixas;abrasivos; sacos de papel; estampagem de tecidos;cartonagem.Fundição de peças de metal.Rotulagem de garrafas e de latas: sacos; tubos;fechamento de caixas de papelão; colagem depapel e madeira.Rações para bovinos; suínos; aves e cães.

Fonte: BRASIL, 2007.

Para o consumo humano, o milho pode sofrer algumastransformações, podendo ser industrializado por meio de processos demoagem úmida e seca (MELO-FILHO; RICHETTI, 1997). Em todasas regiões brasileiras onde o milho é consumido, os principais modosde aquisição domiciliar são na forma do milho em grão e seusderivados obtidos por meio da moagem seca (MELO-FILHO;RICHETTI, 1997), processo de refino em que as partes anatômicas domilho (endosperma, pericarpo ou película/casca e gérmen) sãoseparadas mecanicamente. O processamento industrial do milhorende, em média, 5% do seu peso na forma de óleo (BRASIL, 2007).

Valor nutricionol do milhoO milho é amplamente empregado na alimentação humana

como fonte energética, devido ao seu alto conteúdo em amido

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digerível. Milhares de pessoas na América Latina, África e Ásiadependem do milho para sua alimentação diária. Para muitos, o milhoé também a principal fonte proteica da alimentação, especialmentepara aqueles de baixa renda, que consomem carnes, leite e ovosapenas em ocasiões especiais.

O milho possui cerca de 6 a 10% de proteína. Emboracontribua para o conteúdo proteico da alimentação humana e animal,suas proteínas são deficientes em aminoácidos essenciais, ouindispensáveis, como a lisina e triptofano. Milhos especiais, como omutante opaco-Z e o "Quality Protein Maize" ou simplesmente QPM,apresentam melhor perfil aminoacídico (OLIVEIRA et aI., 2004).

Os materiais opaco-2 foram desenvolvidos na década de 1960e, embora apresentassem alto teor de lisina e de triptofano, resultandoem valor proteico equivalente a 90% da proteína do leite, osproblemas decorrentes da sua menor produtividade e aceitabilidade,comparadas às do milho convencional, levaram ao declínio pelo seuinteresse por parte dos produtores e consumidores nas várias partes domundo onde esses materiais eram utilizados. Considerando osproblemas do opaco-2, na década de 1970, um grupo de pesquisadoresdo Centro Internacional de Mejoramiento de Maíz y Trigo(CIMMYT), no México, aperfeiçoaram o melhoramento do milhoopaco-2 e desenvolveram o milho quality protein maize (QPM) oumilho de qualidade proteica melhorada, com menores valores de lisinae triptofano quando comparado ao opaco-2, porém maiores do queaqueles encontrados no milho normal, além de melhores qualidadestecnológicas e sensoriais em relação ao opaco-2 (NRC, 1988). Avariedade do milho QPM BR 473, disponibilizada comercialmente noBrasil na década de 1980, possuía 0,9 g de triptofano e 4 g de lisina/kgde grão contra 0,6 g e 2,6 g/kg de grão do milho normal comercial,respectivamente. Além do maior valor proteico, esta variedade, aocontrário do milho normal, possibilitou a modificação de parâmetroscorporais e bioquímicos do sangue de camundongos, que,aparentemente, contribuíram para redução do consumo alimentar emanutenção dos níveis de triglicerídeos e glicose em animaisalimentados com dietas tendo como principal componente o milho(SILV A et aI., 2007). O milho QPM é uma fonte proteica de altaqualidade, com valor proteico superior a 80%, comparado à caseína doleite (NAVES et al., 2004).

Importância nurricional do milho 111

Além do seu alto conteúdo em proteínas e carboidratoscomplexos, o milho é fonte de lipídios insaturados, especialmente deácidos graxos poli-insaturados da série ômega-6 e de ácidos graxosmonoinsaturados (USDA, 2010). O consumo desses lipídios estárelacionado à redução do risco de doenças cardiovasculares (SALESet al., 2003). A Figura 1 ilustra o perfil lipídico do milho, comparadocom outras fontes alimentares; nas Tabelas Ia e lb encontra-se acomposição nutricional do milho e derivados.

O milho contribui ainda com o fornecimento para a dieta defibra alimentar, ferro, magnésio, zinco, selênio, vitaminas docomplexo B (tiamina - vitarnina BI, riboflavina - vitamina B2 eniacina) e carotenoides (B-caroteno, luteína e zeaxantina). Assim, omilho apresenta, além do seu valor nutricional, um potencial funcionalpela presença de antioxidantes e outros compostos bioativos na suacomposição, como os supracitados.

Composição Lipídica de Óleos

Manteiga ...~, ....• 111

I I I IBanha a, .~ - .- -.1

I I I I IAmendoim j

I I I I o SaturadoSaia o rvbnoinsaturadoI CI I I IOliva •. ':'1 Cw-6

! I I I Dw-3Milho I

I I I I I

Girassol 1

I I I I ICanola

I I I I ILinhaça I .' .'.

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Figura 1- Composição lipídica de óleos comestíveis.

A figura foi produzidatomando como base a composição dosdiferentes óleos, de acordo com a USDA Food Composition Data(2010).

Tabela Ia - Composição nutricional do milho e derivados*

Milho Energia Proteina Lipidios CHO Fibra Ca Fe Mg Zn Se vu n, Vit Niacin Folato VitA Vit E(100 g) (kcal) (g) totais totais total Vng) (mg) (mg) (mg) (ug) (mg) B, a Ü'g) (RE) n-tocoferol

(g) (g) (g) (mg) (mg) (flg) (rng)Farelo de milho 224 8,36 0,92 85,64 79,0 42 2,79 64 1,56 16,5 0,01 0,10 2,73 4 4 0,42

Farinha de milho361 6,93 3,86 76,85 7,3 7 2,38 93 1,73 15,4 0,25 0,08 1,90 25 11 0,42amarelo integral

Milho amarelo 365 9,42 4,74 74,26 7,3 7 2,71 127 2,21 15,5 0,38 0,20 3,63 19 11 0,49

Milho branco 365 9,42 4.74 74,26 7,3 7 2,71 127 2,21 15,5 0,38 0,20 3,63 ND O NDIDR •• 13 19 500 7,0 80 3,0 20 0,5 0,5 6,0 150 300 6

* Composição elo milho de acordo com a USDA Fooel Composition Data (20 IO),** IDR para criança ele 1-3 anos/elia (10M, 1997, 2000, 2001 e 2002),

•......••......•IV

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Luteína + SFA MUFA PUFA w-6 w-3 Trp Tre lIe Leu Lys Met Phe +zea~:~;lIla (g) (g) (g),.. (g) (g) (g) (g) (g) (g) (g) +(~is ~~~

1355 0,40 0,02 NO

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Tabela Ib - Composição nutricional do milho e derivados

Milho ~-caroteno(100 g) (ug)

Farelo de 32milho----Farinha demilho 97amarelointegral

Milho 97amarelo---Milho NObrancoEAR***

0,13 0,24 0,42 NO NO NO NO NO NO

1355 1,02 1,71 0,05 0,049 0,261 0,248 0,850 0,195 0,270 0,622 0,351 0.2110,54 1,76

1355 1,25 2,10 0,06 0,067. 0,354 0,337 0,155 0,265 0,367 0.846 0,477 0,2870,67 2,16

NO 0,67 2.10 0,06 0,067 0,354 0,337 0,155 0,265 0,367 0,846 0,477 0,2871,25 2,16

0,104 0,351 0,325 0,715 0,663 0,325 0,611 0,416 0,234

*** EAR para crianças de 1-3 anos de idade/dia (10M, 2002).SFA = ácidos graxos saturados; MUFA = ácidos graxos monoinsaturados; PUFA = ácidos graxos poli-insaturados; Cú-6 = ácidos graxosda série Cú-6; Cú-3 = ácidos graxos da série Cú-3. Trp = triptofano; Tre = treonina; Ile = isoleucina; Leu = leucina; Lys = lisina; Met + Cys= metionina + cistina; Phe + Tyr = fenilalanina + tirosina; VaI = valina; Hys = histidina.

•....•....w

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Biodisponibilidade e fatoresa ntinutriciona is

Por definição, biodisponibilidade refere-se à fração donutriente ingerido que tem o potencial de suprir as demandasfisiológicas em tecidos-alvo (YOUNG, 1998), não correspondendo, namaioria das vezes, à quantidade ingerida (MOURÃO et aI., 2005). Nadinâmica fisiológica, fatores antinutricionais interferem diretamentena biodisponibilidade de nutrientes, diminuindo-a.

Alimentos ou dietas ricos em fibra alimentar podem interferirna biodisponibilidade de nutrientes, em especial dos minerais, como oferro, especialmente na presença de fitato, pela possível formação decompostos insolúveis (10M, 2002). A deficiência deste mineraldurante a infância e adolescência prejudica o crescimento físico, odesenvolvimento psicomotor e mental, a capacidade de aprendizageme a regulação da temperatura corporal. Em adultos, reduz a resistênciaa infecções e a capacidade para executar trabalho físico; é uma dasprincipais causas de morte durante o parto, elevando tanto amorbidade quanto a mortalidade de mãe e bebê no período pós-natal(BOUIS, 2000; BOCCIO; IYENGAR, 2003).

Às hemiceluloses é atribuída a capacidade de captar íonsmetálicos, devido à formação de ligações com os grupos carboxílicosdos ácidos urônicos e/ou grupos hidroxila (CLA YE et aI., 1998).Alguns estudos relatam influência negativa da fibra alimentar nabiodisponibilidade de minerais (BOSSCHER et aI., 2001, 2003;LESTIENNE et aI., 2005). Brune et aI. (1992), no entanto, reportaramque a fibra alimentar, por si só, não influencia de forma significativa aabsorção do ferro, sendo o efeito inibitório dos farelos de cereaisatribufdo quase que totalmente ao seu alto conteúdo em fitato.

Apenas as frações pentafosfato (IP5) e hexafosfato de inositol(IP6) têm efeito negativo na, biodisponibilidade de minerais(SANDBERG et aI., 1986; SILVA et aI., 1999). Os demais compostosformados têm baixa capacidade de ligar-se a minerais ou oscomplexos formados são mais solúveis (LONNERDAL, 2000).Oliveira Junior (2009) encontrou, em resíduo de milho proveniente dopericarpo do grão, menores teores de IP5 + IP6 (1,97 umol.g')quando comparado a leguminosas como o feijão (20,96 a 26,73

Importância nutricional do milho 115

urnol.g") (RAMÍREZ-CÁRDENAS et aI., 2008) e ao somatório de IPna soja (20,15 umol.g") (MARTINO et aI., 2007), Em relação acereais como flocos de aveia (13,2 umol.g'), milheto ou painço (7,91umol.g") e farinha de trigo (6,36 umol.g'), os valores também foraminferiores (MA et aI., 2005),

No grão de milho como um todo, Lorenz et aI. (2007)verificaram que variedades consideradas de baixo conteúdo em fitatoapresentam média de 4,01 /Lmol.g", e as consideradas de altoconteúdo, de 5,75 /Lmol.g", Ma et aI. (2005) encontraram teor de 4,55umol.g de fitato em milho fresco, o que está dentro desse intervalo,Conforme relatado por O'Dell et aI., desde 1972, Domínguez et aL(2002) e Mjoun et aI. (2008), a maior parte do fitato encontra-seconcentrada preponderantemente no gérmen.

De acordo com House (1999), interações com elementosminerais com propriedades físico-químicas similares ou que possamcompetir por vias comuns de absorção também podem deprimir aabsorção do ferro não heme em humanos ou em animais deexperimentação.

No entanto, no estudo de Oliveira Junior (2009), osparâmetros hemoglobina final, hematócrito final e ganho dehemoglobina diferiram apenas quanto ao nível de Fe na dieta (6, 12 ou24 ppm), não havendo diferença significativa (p > 0,05) quanto à fonte(celulose ou resíduo de milho). O baixo teor de fitato neste último(1,97 umol.g") pode ter contribuído para a alta biodisponibilidade deFe no produto em teste, já que é consolidada na literatura ainterferência do fitato na biodisponibilidade desse mineral(GUSTAFSSON; SANDBERG, 1995; SANDBERG, 2002;LESTIENNE et aI., 2005; MOURA; CANNIA TTI-BRAZACA,2006).

Corroborando esses achados, Fly e Czamecki-Maulden (1996)estudaram em pintos a biodisponibilidade de ferro de biscoitos ecereais ricos em fibra. Esses autores verificaram que a fibra alimentardo milho, em quantidades moderadas (2-4%), não alterou abiodisponibilidade de ferro em aves anêmicas. De acordo com Fantini(2008), as fibras não interferem no aproveitamento de minerais comoo ferro, e os cereais integrais só possuem efeito inibitório porconterem fitato em sua composição.

Já Hernández et aI. (2003) relatam que ratos Sprague-Dawleyalimentados com farinha de milho submetida à cocção alcalina

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apresentaram menor absorção de ferro e nível de hemoglobina que ostratados com farinha de trigo. Para esses autores, esse fato deve terocorrido porque a farinha de milho continha quase quatro vezes maisfibra e fitato; ainda, o meio alcalino pode ter contribuído para reduzira absorção de Fe, pois nesse meio predomina a forma férrica, que émenos absorvida que a ferrosa. Segundo Fageer et aI. (2004) e Lin(2005), o conteúdo de fitato varia de forma considerável entre osdiferentes genótipos de milho. Assim, farinhas originadas decultivares distintos podem apresentar razões molares tambémdiferentes, influenciando a biodisponibilidade de minerais, podendoser essa uma das causas das diferenças encontradas no estudo citado.

Para o resíduo de milho analisado por Oliveira Junior (2009),o valor relativo de biodisponibilidade (VRB) para o ferro foi de 104%,ou seja, a eficiência de recuperação dos níveis de hemoglobina com adieta à base de milho foi equiparável à da dieta-padrão com celulosecomo fonte de fibra alimentar. Em relação à biodisponibilidade deferro, não se observou efeito negativo nos parâmetros analisados, umavez que a eficiência de recuperação de hemoglobina foi de 104% emrelação ao grupo controle.

Outro mineral afetado pela presença de fibra e fitato é o zinco(Zn) (MARTINEZ-VALVERDE et aI., 2000; SANDBERG, 2002). Ocorpo humano contém cerca de 2 a 2,5 g desse mineral, dos quais 55%estão localizados nos músculos e 30% nos ossos, que, junto com apele e fígado, são os maiores pools (HOUSE, 1999).

A biodisponibilidade de cálcio também pode ser afetada.Segundo Ma et aI. (2005), uma razão fitato: Ca maior que 0,24 podereduzir a biodisponibilidade desse mineral. Vizeu et aI. (2005) relatamque um Jlmol de ácido fítico pode quelar de 3 a 6 Jlmoles de cálcio,formando complexos insolúveis no pH intestinal.

Em análise da influência de resíduo fibroso nabiodisponibilidade de cálcio, observou-se que, apesar da menor ofertadietética do mineral nos grupos que ingeriram 50%, não foi observadaalteração na concentração de Ca no fêrnur relativa ao nível ingerido,considerando-se o fêmur como tecido-alvo no qual se avaliou a efetivautilização e incorporação do mineral, refletindo suabiodisponibilidade. Isso foi devido ao baixo teor de fitato encontradono produto testado. Essa seria uma provável explicação para o maiorconteúdo ósseo de Ca nos animais dos grupos que receberam resíduode milho (OLIVEIRA JUNIOR, 2009).

Importância nutricional do milho 117

Evidencia-se também que, diferentemente do que afirmamalguns estudos (BOSSCHER etaI., 2001, 2003; RAUPP et aI., 2002;LESTIENNE et aI., 2005; RODRÍGUEZ et aI., 2008), a presença defibra alimentar em alta concentração, como no resíduo de milho

. testado (73,4%), parece não exercer efeito negati vo no aproveitamentodesse mineral, já que não foi relevante (p>0,05) a origem da fibraalimentar (celulose ou milho) para concentração de Ca na urina ebalanço de Ca. Em concordância com esses resultados, Behall et aI.(1987), avaliando durante quatro semanas 11 homens que receberamacréscimo diário de 7,5 g de fibra provenientes de quatro diferentesfontes, não detectaram efeito (p>0,05) no balanço aparente de cálcio,zinco, ferro, magnésio e cobre.

O resíduo fibroso de milho não interferiu no crescimento deanimais no estudo de Oliveira Junior (2009), no qual não foiobservado efeito da interação fonte de fibra x nível de zinco nem dafonte de fibra para ganho de peso, ingestão alimentar, coeficiente deeficiência 'alimentar e relação hepatossomática (p>0,05). Apenasquanto ao nível de Zn ingerido os autores observaram efeito para astrês primeiras variáveis. Também não houve efeito da interação(p>0,05) sobre a concentração de zinco no osso, peso, comprimento,espessura do fêmur e concentração de zinco eritrocitário.

Um fator importante na redução da biodisponibilidade de Znseria também o teor de fitato no produto (LESTIENNE et aI., 2005;MOURA; CANNIATTI-BRAZACA, 2006), que, em dietasamericanas, é proveniente principalmente de cereais (ELLIS et aI.,1987). Segundo Ellis et aI. (1987), essa interferência deve ser avaliadaem termos das razões milimolares fitato: Zn e fitato x Ca: Zn, queparecem reduzir a biodisponibilidade de Zn quando maiores que 10 e200, respectivamente. Entretanto, Hansen et aI. (1996), estudando emratos o efeito da proteína do leite na absorção de zinco e cálcio empreparações contendo fitato, não encontraram correlação entre a razãomolar fitato/mineral e a absorção de mineral.

Hambidge et aI. (2004) não encontraram diferença naabsorção fracional de Zn em estudo com homens saudáveis, utilizandoisótopos estáveis, quando a razão fitato: zinco foi igual a 7.

Finalmente, deve-se ressaltar que, apesar de os ratos nãoserem o modelo quantitativo ideal para avaliação da biodisponi-bilidade de zinco em humanos, podem ser usados para obterestimativas qualitativas de sua biodisponibilidade (HOUSE et aI.,

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2002), ja que questões éticas e financeiras dificultam aexperimentação com seres humanos.

Diferenças nas enzimas intestinais e atividade microbiana,anatomia intestinal e fisiologia são provavelmente as limitações paraextrapolar a biodisponibilidade avaliada em modelos animais. Assim,a quantidade total absorvida nos ratos é geralmente mais elevada queem humanos, o que poderia indicar que os mecanismos de absorçãodiferem (SANDSTROM, 1997).

Propriedades funcionais do milhoo crescente uso dos subprodutos derivados da moagem do

milho nos países desenvolvidos tem sido atribuído à comprovação dosefeitos benéficos do seu consumo na saúde do intestino grosso e nainfluência sobre os fatores de risco das doenças cardiovasculares.Sugawara et aI. (1991) demonstraram que o consumo médio de 5 g/diado resíduo fibroso de milho por 10 dias, por humanos saudáveis,resultou na redução da atividade de enzimas produzidas pelasbactérias intestinais, diminuindo o risco de desenvolvimento de câncerde cólon. Apesar de não ser considerada alteração metabólica, aconstipação intestinal é um fator importante a ser considerado, e aelevada concentração de fibra alimentar insolúvel no resíduo de milhopode apresentar efeitos benéficos nessa patologia.

Em estudo de 21 dias com ratos, Ebihara e Nakamoto (2001)observaram que a ingestão de farelo de milho em uma concentraçãode 50 g.kg' de dieta resultou em maior peso úmido de fezes e deconteúdo cecal (p<0,05), com redução de lipídios hepáticos totais econcentração de colesterol plasmático. Zhang e Wang (2005)relataram redução (p<0,05) de colesterol sérico total e triacilgliceróistotais e aumento de HDL-colesterol em camundongoshiperlipidêmicos ao ingerirem dieta com adição de 8% de resíduofibroso de milho. Como perspectiva para redução dos níveis decolesterol sanguíneo, Hu et al. (2008) confirmaram, em recente estudoin vitro, que esse produto apresenta habilidade para se ligar a saisbiliares, levando à sua excreção fecal, com consequente arraste decolesterol.

Importância nutricional do milho 119

Estudos evidenciaram a influência positiva do consumo doresíduo fibroso de milho (26 g.dia') sobre a resposta pós-prandial deglicose sérica de indivíduos normais (MUNOZ et aI., 1979) e tambémna curva de tolerância à glicose em diabéticos (10 g resíduo.dia")(HANAI et aI., 1997). O efeito da adição do resíduo fibroso de milhosobre fatores de risco para doenças cardiovasculares foi tambémavaliado, tendo sido observado decréscimo significativo do colesteroltotal, LDL-colesterol e triacilgliceróis em indivíduos normais ehipercolesterolêmicos a partir da adição de 18 g do resíduo na dietadiária (MAHALKO et aI., 1984; EARLL et a!., 1988; SHANE et aI.,1995; VITAL-QUINTANAR et aI., 1999).

Em estudo de 35 dias com ratos Wistar, Moraes (2009)constatou que a adição de lOO% de resíduo fibroso de milho,comparado com a adição de 50% à dieta de cafeteria, foi maiseficiente em modular o ganho de peso, reduzir o acúmulo de lipídiosno fígado e minimizar o acúmulo de gordura visceral.. O peso úmidodas fezes foi maior nos grupos que receberam resíduo fibroso demilho, sugerindo que um adequado consumo de fibra alimentar naforma desse resíduo pode auxiliar na maciez das fezes e reduzir aconstipação intestinal. Concluiu-se, nesse estudo, que o resíduo damoagem a seco de milho micropulverizado pode constituir-se numafonte alternativa para modular os efeitos da ingestão de dietashiperlipídicas e auxiliar no bom funcionamento do trato digestórioquando acrescentado à dietâ em quantidades adequadas. Os efeitos dafibra alimentar do resíduo de milho podem ser potencializados seassociados a uma alimentação saudável, com níveis adequados delipídios e demais macro e micronutrientes (MORAES, 2009).

Considerações finaisConsiderando a ampla participação do milho na dieta

brasileira, é válido estimular o desenvolvimento de pesquisas relativasao seu enriquecimento com vitaminas e minerais e aos seus efeitosfisiológicos, visando agregar-lhe valor nutricíonal e funcional, alémdo seu papel energético.

120 Oliveira Junior, Mames, Costa e Paes

ReferênciasABIMILHO. Milho - Brasil: estimativa de consumo por segmento. Disponível em:

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