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Dados Internacionais de Catalogado na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Currículo, cultura e sociedade / Antonio "Flávio Moreira. Tomaz Tadeu, (orgs.). — 12. ed. — S0OPaulo : Córtex. 2011. Vários autores. ISIÍN 97R-R5-249-1844-5 1. Currículos 2. Currículos - Aspectos sociais 3. Cultura 4. So- ciologia educacional I. Moreira, Antonin Flávio. II. Tadeu, Toma*. 11-J0434 > CDU-375.0m índices para catálogo sistemático: 1. Currículos : Fducaçío 375.00] /J^ CORT6Z CAPÍTU A política do conhe sentido a ideia de um Introdução A educação está intima cultura. O currículo nunca é de conhecimentos, que de alg e nas salas de aula de uma n uma tradição seletiva, resultad visão de algum grupo acerca legítimo. É produto das ten culturais, políticas e económi ganizam um povo. O que conta como conhec está organizado, quem tem a

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Dad

os I

nter

naci

onai

s de

Cat

alo

gad

o na

Pub

licaç

ão (

CIP)

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a Br

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ira

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ivro

, SP,

Bra

sil)

Curr

ícul

o, c

ultu

ra e

soc

ieda

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Ant

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Mor

eira

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az

Tade

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201

1.

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ISIÍN

97R

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249-

1844

-5

1. C

urrí

culo

s 2.

Cur

rícu

los

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ecto

s so

ciai

s 3.

Cul

tura

4. S

o­ci

olog

ia e

duca

cion

al I.

Mor

eira

, Ant

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Flá

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II. T

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o:

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culo

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375.

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/J^ C

ORT

6Z

71

CA

PÍT

UL

O

3

A po

lític

a do

conh

ecim

ento

ofic

ial:

faz

sent

ido

a id

eia

de um

cu

rríc

ulo

naci

onal

?

Mich

aelW

. App

le

Intr

oduç

ão

A ed

uca

ção

está

in

tim

amen

te l

igad

a à

pol

ític

a d

a

cult

ura

. O

cu

rríc

ulo

nu

nca

é ap

enas

um

con

jun

to n

eutr

o

de

con

hec

imen

tos,

qu

e d

e al

gum

mo

do

apar

ece

nos

text

os

e na

s sa

las

de

aula

de

um

a n

ação

. El

e é

sem

pre

p

arte

de

uma

trad

ição

se

letiv

a,

resu

ltad

o d

a se

leçã

o d

e al

guém

, d

a

visã

o d

e al

gum

gr

up

o ac

erca

do

que

seja

co

nh

ecim

ento

legí

tim

o.

É p

rod

uto

das

te

nsõ

es,

con

flit

os e

co

nce

ssõe

s

cult

ura

is,

pol

ític

as e

eco

nóm

icas

qu

e or

gan

izam

e

des

or­

gan

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um

pov

o.

O qu

e co

nta

com

o co

nh

ecim

ento

, as

for

mas

com

o el

e

está

org

aniz

ado,

qu

em t

em a

uto

rid

ade

para

tr

ansm

iti-

lo,

Zeartur
Typewritten Text
fragmento de "A política do conhecimento oficial: faz sentido a ideia de um currículo nacional?" Michael W. Apple
Zeartur
Typewritten Text
Zeartur
Typewritten Text
in: MOREIRA, A. F.; TADEU, T. (orgs) Currículo, cultura e sociedade.São Paulo:Cortez, 2011.
Zeartur
Typewritten Text
Zeartur
Typewritten Text
Zeartur
Typewritten Text
Zeartur
Typewritten Text
Zeartur
Typewritten Text
Zeartur
Typewritten Text
Zeartur
Typewritten Text
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72

MO

REIR

A-T

AD

EU

o qu

e é

cons

ider

ado

com

o ev

idên

cia

apro

pria

da d

e ap

ren­

diza

gem

e —

não

men

os i

mpo

rtan

te —

que

m p

ode

per­

gunt

ar e

res

pond

er a

tod

as e

ssas

que

stõe

s, t

udo

isso

est

á di

reta

men

te r

elac

iona

do à

man

eira

com

o do

mín

io e

sub

or­

dina

ção

são

repr

oduz

idos

e a

lter

ados

nes

ta

soci

edad

e.1

Sem

pre

exis

te,

pois

, um

a po

lític

a d

o co

nhec

imen

to o

fici

al,

uma

polít

ica

que

expr

ime

o co

nfli

to e

m t

orno

daq

uilo

que

al

guns

vee

m s

impl

esm

ente

com

o de

scri

ções

neu

tras

do

mun

do e

out

ros,

com

o co

ncep

ções

de

elit

e qu

e pr

ivil

egia

m

dete

rmin

ados

gru

pos

e m

argi

nali

zam

out

ros.

Fala

ndo

gene

rica

men

te s

obre

o m

odo

com

o a

cult

ura

, os

háb

itos

e o

s "g

osto

s" d

a el

ite fu

ncio

nam

, Pie

rre B

ourd

ieu

expr

essa

o s

egui

nte:

A n

egaç

ão d

a al

egria

sim

ples

, tos

ca, v

ulga

r, ve

nal,

serv

il —

em

um

a pa

lavr

a, n

atur

al —

que

con

stitu

i o s

agra

do

ambi

ente

da

cultu

ra im

plic

a a a

firm

ação

da

supe

rior

idad

e do

s qu

e co

nseg

uem

sat

isfa

zer-

se c

om a

quel

es p

raze

res

subl

imad

os, r

efin

ados

, des

inte

ress

ados

, gra

tuito

s e d

istin

­to

s qu

e sã

o et

erna

men

te v

etad

os a

os p

rofa

nos.

É po

r iss

o qu

e a

arte

e o

cons

umo

cultu

ral s

ão p

redi

spos

tos,

cons

cien

­te

e de

liber

adam

ente

ou

não,

a d

esem

penh

ar a

funç

ão so

cial

de

legi

timar

as

dife

renç

as s

ocia

is.2

Bour

dieu

pro

sseg

ue d

izen

do

que

essa

s fo

rmas

cul

tu­

rais

, "a

trav

és d

as c

ondi

ções

eco

nóm

icas

e s

ocia

is q

ue

pres

supõ

em,

[...]

estã

o in

tim

amen

te l

igad

as a

os s

iste

mas

de

dis

posi

ções

(ha

bitu

s) c

arac

terí

stic

os d

e di

fere

ntes

cla

sses

e

segm

ento

s so

ciai

s".3

Ass

im, f

orm

a e

cont

eúdo

cul

tura

is

func

iona

m c

omo

indi

cado

res

de c

lass

e.4 A

con

cess

ão d

e le

giti

mid

ade

excl

usiv

a a

tal s

iste

ma

de c

ultu

ra, a

trav

és d

e

CU

RR

ÍCU

LO,

CU

LTU

RA

E S

OCIE

DAD

E

73

sua

inco

rpor

ação

ao

curr

ícul

o ce

ntra

liza

do o

fici

al, c

ria,

por

su

a ve

z, u

ma

situ

ação

em

que

os

indi

cado

res

de "

gost

o"

se t

orna

m in

dica

dore

s de

pes

soas

. A e

scol

a to

rna-

se u

ma

esco

la d

e cl

asse

s so

ciai

s.

A tr

adiç

ão d

e es

tudo

s ac

adém

icos

e a

tivi

smo

pela

qua

l m

e fo

rmei

bas

eou-

se e

xata

men

te n

esse

s in

sigh

ts: a

s co

plex

as r

elaç

ões

entr

e ca

pita

l eco

nóm

ico

e ca

pita

l cu

ltur

al,

o pa

pel

da e

scol

a na

s aç

ões

de r

epro

du

zir e

des

afia

r a

enor

mid

ade

de r

elaç

ões

desi

guai

s de

pod

er (q

ue t

rans

cen­

dem

mui

to a

s cl

asse

s so

ciai

s, o

bvia

men

te)

e as

man

eira

s co

mo

o co

nteú

do e

a o

rgan

izaç

ão d

o cu

rríc

ulo,

a p

edag

ogia

e

a av

alia

ção

do a

pren

diza

do f

unci

onam

em

tud

o is

so.

É pr

ecis

amen

te n

os t

empo

s de

hoj

e qu

e es

sas

ques

tões

d

evem

ser

lev

adas

mai

s a

séri

o. E

stam

os v

iven

do

um

a ép

oca

— q

ue p

odem

os d

enom

inar

res

taur

ação

con

serv

ador

a —

de

grav

íssi

mos

con

flit

os e

m t

orno

da

polít

ica

do c

onhe

­ci

men

to o

fici

al. A

cred

ito

mes

mo

que

este

ja e

m jo

go a

pró

­pr

ia i

deia

de

educ

ação

púb

lica

e a

próp

ria

idei

a de

um

cu

rríc

ulo

que

resp

onda

às

cult

uras

e h

istó

rias

de

ampl

os e

cr

esce

ntes

segm

ento

s da

pop

ulaç

ão a

mer

ican

a. M

esm

o co

m

uma

adm

inis

traç

ão d

emoc

ráti

ca "

mod

erad

a" a

gora

no

pode

r em

Was

hing

ton,

mu

itos

dos

seu

s co

mpr

omis

sos

expr

essa

m a

s te

ndên

cias

sob

re a

s qu

ais

disc

orre

rei a

dian

te.

Na

real

idad

e, é

exa

tam

ente

em

funç

ão d

a a

tua

l exi

stên

cia

de

um g

over

no f

eder

al r

elat

ivam

ente

mai

s "m

oder

ado"

que

pr

ecis

amos

pen

sar c

om e

xtre

mo

cuid

ado

sobr

e o

que

pode

ac

onte

cer

no f

utur

o, à

med

ida

que

ele

for

impe

lido

— p

or

razõ

es p

olíti

cas

— a

rum

os c

ada

vez

mai

s co

nser

vado

res.

Gos

tari

a d

e fu

ndam

enta

r es

ses

argu

men

tos

atra

vés

de u

ma

anál

ise

das

prop

osta

s pa

ra u

m c

urrí

culo

e u

m

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74

MO

REIR

A-T

AD

EU

sist

ema

de a

vali

ação

nac

iona

is.

Mas

, pa

ra e

nten

dê-l

os,

prec

isam

os p

ensa

r re

laci

onal

men

te,

prec

isam

os

vinc

ular

es

sas

prop

osta

s ao

pro

gram

a m

aior

da

rest

aura

ção

cons

er­

vado

ra. M

eu a

rgum

ento

é q

ue,

por

trás

das

just

ific

ativ

as

educ

acio

nais

par

a u

m c

urrí

culo

e u

m s

iste

ma

de a

valia

ção

naci

onai

s, e

stá

uma

peri

gosí

ssim

a in

vest

ida

ideo

lógi

ca.

Seus

efe

itos

ser

ão v

erda

deir

amen

te p

erni

cios

os à

que­

les

que

já t

êm q

uase

tud

o a

perd

er n

esta

soc

ieda

de. A

pre­

sent

arei

pri

mei

ram

ente

alg

umas

adv

ertê

ncia

s de

corr

ente

s de

min

has

inte

rpre

taçõ

es d

os f

atos

. Em

seg

uida

, ana

lisar

ei

o pr

ojet

o ge

ral

da p

auta

dir

eiti

sta.

Em

ter

ceir

o lu

gar,

de­

mon

stra

rei a

s lig

açõe

s en

tre

curr

ícul

os n

acio

nais

e s

iste

mas

de

ava

liaçã

o na

cion

ais,

de

um

lad

o, e

a c

resc

ente

ênf

ase

em p

riva

tiza

ção

e pl

anos

de

"opç

ões"

, de

outr

o. P

or ú

ltim

o,

gost

aria

de

disc

utir

os

padr

ões

de b

enef

ício

s di

fere

ncia

dos

que

prov

avel

men

te r

esul

tarã

o di

sso

tudo

.

A qu

estã

o do

cur

rícu

lo n

acio

nal

Com

o de

veri

am a

quel

es d

e nó

s qu

e se

con

side

ram

pa

rte

da l

onga

tra

diçã

o pr

ogre

ssis

ta n

a ed

ucaç

ão p

osic

io-

nar-

se c

om r

efer

ênci

a ao

cla

mor

por

um

curr

ícul

o na

cion

al?

já d

e in

ício

, que

ro d

eixa

r al

go c

laro

. Não

me

opon

ho,

em p

rinc

ípio

, a u

m c

urrí

culo

nac

iona

l. Ta

mpo

uco

me

opo­

nho,

em

pri

ncíp

io, à

idei

a ou

à a

tivi

dad

e de

ava

liaçã

o. E

m

vez

diss

o, d

esej

o ap

rese

ntar

um

a sé

rie

de a

rgum

ento

s m

ais

conj

untu

rais

, bas

eado

s na

tes

e de

que

, nes

te m

omen

to —

da

do o

equ

ilíbr

io d

as f

orça

s so

ciai

s —

peri

gos

mui

to

reai

s do

s qu

ais

prec

isam

os

esta

r ba

stan

te c

onsc

ient

es.

CU

RR

ÍCU

LO, CU

LTU

RA

E S

OCIE

DAD

E

75

Nes

ta d

iscu

ssão

, pr

ocur

arei

res

trin

gir-

me

aos

aspe

ctos

ne

gati

vos.

Min

ha t

aref

a é

sim

ples

: lev

anta

r um

a qu

anti

da­

de s

ufic

ient

e de

que

stõe

s gr

aves

par

a fa

zer-

nos

para

r e

pens

ar s

obre

as

impl

icaç

ões

de s

egui

r ne

sse

rum

o, e

m

tem

pos

de t

riun

fali

smo

cons

erva

dor.

N

ão s

omos

a ú

nica

naç

ão e

m q

ue u

ma

coal

izão

pre

­do

min

ante

men

te d

e D

irei

ta v

eio

a in

clui

r ta

is p

ropo

stas

na

pau

ta e

duca

cion

al. N

a In

glat

erra

, já

está

pra

tica

men

te

inst

ituí

do, e

m e

ssên

cia,

um

cur

rícu

lo n

acio

nal,

intr

oduz

ido

aind

a no

gov

erno

Tha

tche

r. El

e co

nsis

te d

e "m

atér

ias

bá­

sica

s e

fund

amen

tais

" ta

is c

omo

Mat

emát

ica,

Ciê

ncia

s,

Tecn

olog

ia, H

istó

ria,

Art

e, M

úsic

a, E

duca

ção

Físi

ca e

um

a lín

gua

estr

ange

ira

mod

erna

. Gru

pos d

e tr

abal

ho fo

rmad

os

para

det

erm

inar

as

met

as-p

adrã

o, o

s "o

bjet

ivos

a s

erem

al

canç

ados

" e

resp

ecti

vos

cont

eúdo

s já

apr

esen

tara

m s

uas

conc

lusõ

es.

Para

lela

men

te,

há u

m s

iste

ma

naci

onal

de

exam

es o

u te

stes

de

apro

veit

amen

to —

que

não

são

disp

endi

osos

, m

as q

ue t

ambé

m c

onso

mem

u

m t

empo

co

nsid

eráv

el p

ara

sere

m a

plic

ados

nas

sal

as d

e au

la —

par

a to

dos

os a

luno

s de

esc

olas

púb

licas

com

idad

es d

e 7,

11,1

4 e

16 a

nos.

5

Supõ

e-se

, em

mui

tas

esfe

ras

de n

ossa

soc

ieda

de, q

ue

prec

isam

os

segu

ir o

s pa

ssos

des

sas

naçõ

es —

com

o a

Grã

-Bre

tanh

a e,

esp

ecia

lmen

te,

o Ja

pão

—, c

aso

cont

rári

o,

fica

rem

os p

ara

trás

. Con

tudo

, é f

unda

men

tal p

erce

berm

os

que

já t

emos

um

curr

ícul

o na

cion

al, c

om a

dif

eren

ça d

e qu

e o

noss

o é

dete

rmin

ado

pela

com

plic

ada

inte

r-re

laçã

o en

tre

as p

olít

icas

de

adoç

ão d

e liv

ros

didá

tico

s do

Est

ado

e o

mer

cado

edi

tori

al q

ue p

ubli

ca e

sses

livr

os.6

Ass

im,

tem

os

de p

ergu

ntar

o q

ue é

mel

hor:

um

cur

rícu

lo n

acio

nal —

que

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76

MO

REIR

A-T

AD

EU

sem

dúv

ida

esta

rá v

incu

lad

o a

um

sis

tem

a de

obj

etiv

os

naci

onai

s e

inst

rum

ento

s de

ava

liaçã

o na

cion

alm

ente

es­

tand

ardi

zado

s (m

uito

pro

vave

lmen

te te

stes

pad

roni

zado

s,

em f

unçã

o d

o te

mpo

e d

os c

usto

s en

volv

idos

) — o

u u

m

curr

ícul

o na

cion

al i

gual

men

te b

em d

ifun

dido

, por

ém u

m

pouc

o m

ais

vela

do,

esta

bele

cid

o pe

la a

doçã

o de

liv

ros

didá

tico

s na

red

e pú

blic

a, e

m E

stad

os c

omo

a C

alif

órni

a e

o Te

xas,

com

um

con

trol

e de

20%

a 3

0% d

o m

erca

do d

e liv

ros

esco

lare

s.7

Exis

tind

o ou

não

tal

cur

rícu

lo n

acio

nal

disf

arça

do, h

á, e

ntre

tant

o, u

m s

enti

men

to c

resc

ente

de

que

um c

onju

nto

padr

oniz

ado

de d

iret

rize

s e m

etas

cur

ricu

la­

res

naci

onai

s é

indi

spen

sáve

l pa

ra "

elev

ar o

nív

el"

e fa

zer

com

que

as

esco

las

seja

m r

espo

nsab

iliza

das

pelo

suc

esso

ou

fra

cass

o de

seu

s al

unos

.

E ce

rto

que

há p

esso

as d

e di

vers

as c

orre

ntes

edu

ca­

cion

ais

e po

lític

as d

efen

dend

o ní

veis

mai

s el

evad

os,

cur­

rícu

los

mai

s ri

goro

sos

em â

mbi

to n

acio

nal

e u

m s

iste

ma

unif

icad

o de

ava

liaçã

o. A

inda

ass

im,

prec

isam

os

sem

pre

faze

r um

a pe

rgun

ta: q

ue g

rupo

lide

ra ta

is e

sfor

ços

"ref

or­

mis

tas"

? Es

sa p

ergu

nta

leva

nat

ural

men

te a

out

ra, d

e m

aior

am

plit

ude:

ten

do e

m c

onta

a re

spos

ta à

pri

mei

ra p

ergu

nta,

qu

em g

anha

rá e

que

m p

erde

rá e

m c

onse

quên

cia

de t

udo

isso

? Su

sten

tare

i qu

e, in

feliz

men

te, q

uem

est

á es

tabe

lece

n­do

de

fato

a p

auta

pol

ític

a na

edu

caçã

o sã

o gr

upos

de

Dir

eita

e q

ue, e

m g

eral

, o m

esm

o pa

d rã

o de

ben

efíc

ios

que

tem

car

acte

riza

do q

uase

tod

as a

s ár

eas

da p

olíti

ca s

ocia

l —

atr

avés

dos

qua

is o

s 20

% m

ais

rico

s da

pop

ulaç

ão f

icam

co

m 8

0% d

os b

enef

ício

ss —

ser

á re

pro

du

zid

o ta

mbé

m

nest

a ár

ea.

Evid

ente

men

te, p

reci

sam

os t

er c

uid

ado

com

a f

alác

ia

da g

énes

e, o

u se

ja, a

pre

ssup

osiç

ão d

e qu

e, p

elo

fato

de

CU

RR

ÍCU

LO, CU

LTU

RA

E S

OCIE

DAD

E

77

uma

polít

ica

ou p

rátic

a se

r or

iund

a de

um

a po

siçã

o re

pul­

siva

, ela

ser

á fu

ndam

enta

lmen

te d

eter

min

ada,

em

tod

os

os s

eus

aspe

ctos

, pe

la o

rige

m n

essa

tra

diçã

o. V

eja-

se o

ex

empl

o de

Tho

rndi

ke. O

fat

o de

sua

s cre

nças

soc

iais

ser

em

não

raro

rep

ugna

ntes

— c

om s

ua p

arti

cipa

ção

no m

ovi­

men

to p

opul

ar p

ela

euge

nia

e su

as n

oçõe

s de

hie

rarq

uia

de r

aça,

sex

o e

clas

se s

ocia

l — n

ão d

esm

erec

e ne

cess

aria

­m

ente

tod

as a

s co

ntri

buiç

ões

de s

ua

pesq

uisa

so

bre

a ap

rend

izag

em. E

mbo

ra e

u nã

o ap

oie

de f

orm

a al

gum

a es

se

para

digm

a de

pes

quis

a —

e s

uas

impl

icaç

ões

epis

tem

oló­

gica

s e

soci

ais c

onti

nuam

a e

xigi

r um

a cr

ítica

à a

ltur

a9 —

ele

re

quer

um

tip

o de

arg

umen

taçã

o di

fere

nte

daqu

ele

base

a­do

na

orig

em. (

De

fato

, pod

e-se

enc

ontr

ar a

lgun

s ed

uca­

dore

s pr

ogre

ssis

tas

que

reco

rrer

am a

Tho

rnd

ike

a fi

m d

e fu

ndam

enta

r al

gum

as d

e su

as a

firm

açõe

s so

bre

o qu

e ne

cess

itav

a se

r m

odif

icad

o em

nos

so c

urrí

culo

e n

ossa

pe

dago

gia.

)

Obv

iam

ente

, nã

o sã

o ap

enas

aqu

eles

ide

ntif

icad

os

com

o p

roje

to d

irei

tist

a qu

e de

fend

em u

m c

urrí

culo

nac

io­

nal.

Out

ros,

que

his

tori

cam

ente

se

iden

tifi

cara

m c

om u

ma

paut

a m

ais

liber

al, t

ambé

m t

enta

ram

jus

tifi

cá-l

o.10

Smit

h, C

Day

e C

ohen

pro

põem

um

a vi

são

posi

tiva

, ai

nda

que

caut

elos

a, p

ara

um

cur

rícu

lo n

acio

nal.

Um

cur

­rí

culo

nac

iona

l en

volv

eria

a c

riaç

ão d

e no

vos

exam

es, t

a­re

fa e

ssa

técn

ica,

con

ceit

uai e

pol

itic

amen

te d

ifíc

il. R

eque

­re

ria

o en

sino

de

um

con

teúd

o m

ais

rigo

roso

e, p

orta

nto,

de

man

dari

a o

enga

jam

ento

dos

pro

fess

ores

em

um

tra

ba­

lho

mai

s ex

igen

te e

mai

s es

tim

ulan

te. N

osso

s pr

ofes

sore

s e

adm

inis

trad

ores

de

ensi

no,

port

anto

, ser

iam

obr

igad

os

a "a

prof

und

ar se

us c

onhe

cim

ento

s da

s m

atér

ias

acad

êmi-

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78

MO

REIR

A-T

AD

EU

cas

e m

ud

ar s

uas

conc

epçõ

es s

obre

o p

rópr

io c

onhe

cim

en­

to".

Os

a tos

de

ensi

nar

e ap

rend

er t

eria

m d

e se

r vi

stos

com

o "m

ais

ativ

os e

inve

ntiv

os".

Prof

esso

res,

adm

inis

trad

ores

e

alun

os t

eria

m d

e "t

orna

r-se

mai

s at

enci

osos

, coo

pera

tivo

s e

part

icip

ativ

os".

11

Nas

pal

avra

s de

Sm

ith,

0'D

ay e

Coh

en:

A co

nver

são

para

um

cur

rícu

lo n

acio

nal s

ó te

ria su

cess

o se

o

trab

alho

de

mud

ança

fos

se c

once

bido

e e

mpr

eend

ido

com

o um

a gr

andi

osa

aven

tura

de a

pren

diza

do co

oper

ativ

o.

O e

mpr

eend

imen

to se

ria u

m re

tum

bant

e fr

acas

so se

foss

e co

nceb

ido

e org

aniz

ado

prim

ordi

alm

ente

com

o um

pro

ces­

so té

cnic

o de

des

envo

lvim

ento

de

novo

s exa

mes

e m

ater

iais

es

ua p

oste

rior

"di

ssem

inaç

ão"

ou im

plem

enta

ção.

12

Pros

segu

em e

les:

Um

cur

rícu

lo n

acio

nal,

para

ter

valid

ade e

efic

ácia

, req

ue­

reria

tam

bém

a c

riaçã

o de

um

teci

do a

rtic

ulad

or so

cial

e

inte

lect

ual

inte

iram

ente

nov

o. P

or e

xem

plo,

o c

onte

údo

e a

peda

gogi

a da

for

maç

ão d

o pr

ofes

sor

teri

am d

e se

r in

ti­m

amen

te v

incu

lado

s ao

cont

eúdo

e à

ped

agog

ia d

o cu

rrí­

culo

das

esc

olas

. O c

onte

údo

e a

peda

gogi

a do

s ex

ames

te

riam

de

ser

intim

amen

te v

incu

lado

s aos

con

teúd

os e

às

peda

gogi

as t

anto

do

curr

ícul

o da

s es

cola

s com

o da

form

a­çã

o de

pro

fess

ores

. Ess

es v

íncu

los a

tual

men

te n

ão ex

iste

m.13

Os

auto

res

conc

luem

que

um

sis

tem

a as

sim

rev

ital

i­za

do, e

m q

ue s

e es

tabe

leça

tal

coo

rden

ação

, "nã

o se

rá f

ácil,

pido

nem

bar

ato"

, esp

ecia

lmen

te s

e se

qui

ser

pres

erva

r a

dive

rsid

ade

e a

inic

iati

va. "

Se o

s am

eric

anos

con

tinu

arem

a

dese

jar

uma

refo

rma

educ

acio

nal

a ba

ixo

cust

o, s

erá

um

CU

RR

ÍCU

LO,

CU

LTU

RA

E S

OCIE

DAD

E

79

erro

ins

titu

ir u

m c

urrí

culo

nac

iona

l".14

Con

cord

o in

teir

a­m

ente

com

ess

a úl

tima

opin

ião.

No

enta

nto,

o q

ue e

les

não

cheg

am p

ropr

iam

ente

a

reco

nhec

er é

que

mui

to d

aqui

lo q

ue t

emem

já e

stá

acon

­te

cend

o na

pró

pria

art

icul

ação

que

pro

põem

com

o ne

ces­

sári

a. E

, fat

o ai

nda

mai

s gr

ave,

é a

quil

o a

que

eles

não

est

ão

diri

gind

o su

fici

ente

ate

nção

— a

s lig

açõe

s en

tre

um

cur

rí­

culo

e u

m s

iste

ma

de a

valia

ção

naci

onai

s e

a pa

uta

mai

or

da D

irei

ta —

que

con

stit

ui u

m p

erig

o ai

nda

mai

or. E

nes

te

pont

o qu

e de

sejo

me

conc

entr

ar.

Entr

e o

neoc

onse

rvad

oris

mo

e o

neol

iber

alis

mo

O c

onse

rvad

oris

mo

suge

re, p

or se

u pr

ópri

o no

me,

um

ti

po d

e in

terp

reta

ção

de s

ua p

ropo

sta.

Ele

con

serv

a. O

utra

s in

terp

reta

ções

são

pos

síve

is,

natu

ralm

ente

. Po

der-

se-i

a di

zer,

desv

irtu

ando

um

pou

co o

sen

tido

, que

o c

onse

rva­

dori

smo

acre

dita

que

nad

a de

veri

a se

r fe

ito

pela

pri

mei

ra

vez.

15 E

ntre

tant

o, e

m m

uito

s as

pect

os,

isso

é i

lusó

rio

na

atua

l sit

uaçã

o. P

ois,

com

a D

irei

ta e

m a

scen

são

em m

uito

s pa

íses

, es

tam

os t

este

mun

hand

o u

m p

roje

to m

uito

mai

s at

ivis

ta.

A p

olíti

ca c

onse

rvad

ora

é ho

je e

m l

arga

med

ida

uma

polít

ica

de m

udan

ça —

em

bora

nem

sem

pre,

mas

fic

a cl

aro

que

a id

eia

do

"não

faç

a na

da p

ela

prim

eira

vez

" nã

o é

a ex

plic

ação

ade

quad

a pa

ra o

que

est

á oc

orre

ndo

na

educ

ação

ou

em o

utro

s se

tore

s.16

O c

onse

rvad

oris

mo

de fa

to te

m d

ifer

ente

s si

gnif

icad

os

em d

ifer

ente

s ép

ocas

e l

ugar

es.

Alg

um

as v

ezes

, en

volv

e aç

ões

defe

nsiv

as;

outr

as v

ezes

, env

olve

ofe

nsiv

as c

ontr

a o

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80

MO

REI

RA

• T

ADEU

stat

us q

uo.]7

Atu

alm

ente

, est

amos

tes

tem

unha

ndo

as d

uas

cois

as. Em

fun

ção

diss

o, é

im

port

ante

que

eu

apre

sent

e o

cont

exto

soc

ial

mai

s am

plo

em q

ue a

atu

al p

olíti

ca d

o co

­nh

ecim

ento

ofi

cial

est

á op

eran

do. H

ouve

um

a ru

ptur

a do

ac

ordo

que

vin

ha o

rien

tand

o bo

a pa

rte

da p

olít

ica

educ

a­ci

onal

des

de a

Seg

unda

Gue

rra

Mun

dial

. Pod

eros

os g

rupo

s de

ntro

do

gove

rno,

da

econ

omia

e d

os m

ovim

ento

s soc

iais

"p

opul

ista

s-au

tori

tári

os"ls

con

segu

iram

red

efin

ir —

não

ra

ro c

om g

rand

e re

troc

esso

— o

s te

rmos

do

deba

te n

as

área

s da

edu

caçã

o, d

a pr

evid

ênci

a so

cial

e e

m o

utra

s ár

eas

do b

em c

omu

m. O

pro

pósit

o da

edu

caçã

o es

tá s

endo

mu

­da

do. J

á se

foi

o t

empo

em

que

a e

duca

ção

era

vist

a co

mo

part

e de

um

a al

ianç

a so

cial

que

reu

nia

mui

tas

"min

oria

s",'9

mul

here

s, p

rofe

ssor

es,

a ti v

ista

s co

mun

itár

ios,

leg

isla

dore

s pr

ogre

ssis

tas,

fun

cion

ário

s de

gov

erno

e o

utro

s, q

ue a

giam

em

con

junt

o pa

ra p

rop

or p

olít

icas

so

ciai

s-de

moc

ráti

cas

(ain

da q

ue l

imit

adas

) pa

ra a

s es

cola

s (p

or e

xem

plo,

am

­pl

iaçã

o da

s op

ortu

nida

des

educ

acio

nais

, esf

orço

s lim

itad

os

dee

qual

izaç

ãod

e re

sult

ados

, des

envo

lvim

ento

de p

rogr

a­m

as e

spec

iais

em

edu

caçã

o bi

língu

e e

mul

ticu

ltur

al, e

ass

im

por

dian

te).

Um

a no

va a

lianç

a fo

i con

stit

uída

, e v

em t

endo

su

a in

fluê

ncia

nas

pol

ític

as e

duca

cion

ais

e so

ciai

s au

men

­ta

da. E

sse

bloc

o de

pod

er a

ssoc

ia o

mu

nd

o do

s ne

góci

os,

a N

ova

Dir

eita

e o

s in

tele

ctua

is n

eoco

nser

vado

res.

Se

us

inte

ress

es c

once

ntra

m-s

e m

uito

pou

co n

a m

elho

ria

das

opor

tuni

dade

s de

vid

a da

s m

ulhe

res,

das

pes

soas

de

cor

ou d

a cl

asse

tra

balh

ador

a. E

m v

ez d

isso

, est

á em

penh

ado

em p

rove

r as

cond

içõe

s ed

ucac

iona

is t

idas

com

o ne

cess

á­ri

as p

ara

não

só a

umen

tar

a co

mpe

titi

vida

de in

tern

acio

nal,

CU

RR

ÍCU

LO, CU

LTU

RA

E S

OCIE

DAD

E

81

o lu

cro

e a

disc

ipli

na, m

as t

ambé

m p

ara

resg

atar

um

pas

­sa

do r

oman

tiza

do d

e la

r, fa

míli

a e

esco

la "

idea

is".

20

O p

oder

des

sa a

lianç

a po

de s

er c

onst

atad

o em

um

a sé

rie

de p

olít

icas

e p

ropo

stas

edu

caci

onai

s: 1

) pr

ogra

mas

de

"op

ções

", c

omo,

por

exe

mpl

o, p

lano

s de

val

e-ed

ucaç

ão

e cr

édit

os f

isca

is p

ara

torn

ar a

s es

cola

s pa

reci

das

com

a

idea

lizad

íssi

ma

econ

omia

de

livr

e m

erca

do; 2

) o m

ovim

en­

to g

ener

aliz

ado,

em

âm

bito

nac

iona

l e e

stad

ual,

para

"el

e­va

r o

níve

l" e

par

a re

gula

men

tar,

tan

to p

ara

prof

esso

res

quan

to p

ara

alun

os,

"com

petê

ncia

s",

met

as e

con

teúd

os

curr

icul

ares

bás

icos

, so

bret

udo

agor

a, a

trav

és d

a im

ple­

men

taçã

o do

s si

stem

as d

e av

alia

ção

esta

duai

s e

naci

onai

s;

3) o

s at

aque

s, c

ada

vez

mai

s ef

icaz

es, a

o cu

rríc

ulo

esco

lar

por

suas

"te

ndên

cias

" an

tifa

míli

a e

anti

livr

e-em

pres

a, se

u hu

man

ism

o se

cula

r, su

a fa

lta d

e pa

trio

tism

o e

seu

supo

sto

desc

aso

em r

elaç

ão a

o co

nhec

imen

to e

aos

val

ores

da

"tra

­di

ção

ocid

enta

l" e

ao

"ver

dade

iro

conh

ecim

ento

"; e

4) a

cr

esce

nte

pres

são

para

que

as

nece

ssid

ades

obs

erva

das

nas

empr

esas

e n

as i

ndús

tria

s pa

ssem

a s

er a

s m

etas

pri

mor

­di

ais

da e

scol

a.21

Em e

ssên

cia,

a n

ova

alia

nça

a fa

vor

da r

esta

uraç

ão

cons

erva

dora

in

seri

u a

educ

ação

em

um

con

junt

o m

ais

ampl

o de

com

prom

isso

s id

eoló

gico

s. O

s se

us o

bjet

ivos

pa

ra a

edu

caçã

o sã

o os

mes

mos

que

ori

enta

m a

s su

as m

e­ta

s pa

ra a

eco

nom

ia e

o b

em-e

star

soc

ial.

Entr

e el

es e

stão

a

expa

nsão

do

"liv

re m

erca

do";

a dr

ásti

ca r

eduç

ão d

a re

s­po

nsab

ilid

ade

gove

rnam

enta

l em

rel

ação

às

nece

ssid

ades

so

ciai

s; o

ref

orço

de

estr

utur

as d

e m

obil

idad

e al

tam

ente

co

mpe

titi

vas;

o r

ebai

xam

ento

das

exp

ecta

tiva

s d

o po

vo

quan

to à

seg

uran

ça e

conó

mic

a; e

a p

opul

ariz

ação

do

que

Page 7: CAPÍTUL O - zeadistancia.webnode.com

82

MO

REIR

A-T

AD

EU

clar

amen

te s

e m

ostr

a co

mo

uma

form

a de

pe

nsam

ento

so

cial

dar

win

ista

.22

Con

form

e já

arg

umen

tei l

onga

men

te e

m o

utra

pub

li­

caçã

o, a

Dir

eita

pol

ítica

dos

Est

ados

Uni

dos

tem

tid

o m

ui­

to s

uces

so n

a m

obili

zaçã

o de

man

ifes

taçõ

es c

ontr

ária

s ao

si

stem

a ed

ucac

iona

l e

a se

us e

mpr

egad

os,

freq

uent

emen

te

expo

rtan

do a

cri

se d

a ec

onom

ia p

ara

as e

scol

as. A

ssim

, um

a de

sua

s pr

inci

pais

con

quis

tas

foi

tran

sfer

ir, p

ara

a es

cola

e o

utro

s ór

gãos

púb

lico

s, a

cul

pa p

elo

dese

mpr

ego

e su

bem

preg

o, p

ela

perd

a de

com

peti

tivi

dad

e ec

onóm

ica

e pe

la s

upos

ta r

uptu

ra d

os v

alor

es e

pad

rões

"tra

dic

iona

is"

da f

amíli

a, d

a ed

ucaç

ão e

dos

loc

ais

de t

raba

lho

rem

une­

rado

e n

ão r

emun

erad

o, c

ulpa

ess

a qu

e ca

be à

s po

lític

as

econ

ómic

as,

cult

urai

s e

soci

ais

dos

grup

os d

omin

ante

s e

às s

uas

cons

equê

ncia

s. O

"p

úbl

ico"

ago

ra

torn

ou-s

e o

cent

ro d

e tu

do o

que

é r

uim

; o "

priv

ado"

, o c

entr

o de

tud

o o

que

é bo

m.23

Fund

amen

talm

ente

, en

tão,

qu

atro

ten

dênc

ias

têm

ca

ract

eriz

ado

a re

stau

raçã

o co

nser

vado

ra n

ão s

ó no

s Es

ta­

dos

Uni

dos,

mas

tam

bém

na

Grã

-Bre

tanh

a —

pri

vati

zaçã

o,

cent

rali

zaçã

o, v

ocac

iona

liza

ção

e di

fere

ncia

ção.

24 E

ssas

te

ndên

cias

são

, na

verd

ade,

em

gra

nde

part

e, o

s re

sult

ados

de

dif

eren

ças

dent

ro d

as a

las

mai

s po

dero

sas

dess

a al

ian­

ça —

o n

eoli

bera

lism

o e

o ne

ocon

serv

ador

ism

o.

O n

eolib

eral

ism

o de

fend

e u

m E

stad

o fr

aco.

Um

a so

­ci

edad

e qu

e de

ixa

a "m

ão i

nvis

ível

" do

livre

mer

cado

gui

ar

todo

s os

asp

ecto

s de

sua

s in

tera

ções

soc

iais

é v

ista

não

com

o ef

icie

nte,

mas

tam

bém

com

o de

moc

ráti

ca. P

or o

utro

la

do, o

neo

cons

erva

dori

smo

orie

nta-

se p

ela

visã

o de

um

Es

tado

for

te e

m c

erta

s ár

eas,

sob

retu

do n

o qu

e se

ref

ere

à

* 1

CU

RR

ÍCU

LO,

CU

LTU

RA

E S

OCIE

DAD

E

83

polít

ica

das

rela

ções

de

corp

o, g

éner

o e

raça

, a

padr

ões,

va

lore

s e

cond

utas

e a

o ti

po d

e co

nhec

imen

to q

ue d

eve

ser

tran

smit

ido

a fu

tura

s ge

raçõ

es.25

Ess

as d

uas

posi

ções

não

se

aco

mod

am b

em ju

ntas

, den

tro

da c

oaliz

ão c

onse

rvad

ora.

Not

a-se

, po

rtan

to, q

ue o

mov

imen

to d

irei

tist

a é

con­

trad

itór

io.

Não

exi

ste

algo

par

adox

al e

m j

unta

r to

dos

os

sent

imen

tos

de p

erda

e n

osta

lgia

com

a i

mpr

evis

ibil

idad

e do

mer

cado

, "em

sub

stit

uir a

per

da p

or u

ma

torr

ente

, um

fl

uxo

abso

luto

"?26

A c

ontr

adiç

ão e

ntre

ele

men

tos

neoc

onse

rvad

ores

e

neol

iber

a is

da

coal

izão

dir

eiti

sta

é "r

esol

vid

a" a

trav

és d

e um

a po

lític

a qu

e R

oger

Dal

e ch

amou

de

mod

erni

zaçã

o co

n­se

rvad

ora.

27 T

al p

olíti

ca t

rata

de:

"lib

erta

r" o

s in

diví

duos

par

a pr

opós

itos

econ

ómic

os e

si­

mul

tane

amen

te co

ntro

lá-lo

s pa

ra p

ropó

sito

s soc

iais

; de f

ato,

à

med

ida

que

a "l

iber

dade

" eco

nóm

ica

aum

enta

as

desi

-gu

alda

des,

é pr

ováv

el q

ue a

umen

te ta

mbé

m a

nec

essi

dade

de

con

trol

e so

cial

. Um

"Es

tado

peq

ueno

e f

orte

" lim

ita o

âm

bito

de

suas

pró

pria

s at

ivid

ades

tra

nsfe

rind

o pa

ra o

m

erca

do, q

ue e

le d

efen

de e

legi

tima,

o m

áxim

o po

ssív

el d

e re

spon

sabi

lidad

es s

obre

o b

em-e

star

soci

al [e

out

ras á

reas

]. N

a ed

ucaç

ão, a

nov

a cr

ença

na

com

petiç

ão e

na

esco

lha

não

é in

teir

amen

te d

ifund

ida;

em

vez

dis

so, "

o qu

e se

pre

tend

e é

um s

iste

ma

dupl

o, p

olar

izad

o en

tre

[...]

esco

las

para

o

mer

cado

e e

scol

as m

ínim

as"

(Dal

e, 1

989)

.28

Ou

seja

, hav

erá

um

set

or r

elat

ivam

ente

men

os r

egu­

lam

enta

do e

cad

a ve

z m

ais

priv

atiz

ado

para

os

filh

os d

os

priv

ileg

iado

s. P

ara

o re

sto

— e

o st

atus

eco

nóm

ico

e a

com

­po

siçã

o ra

cial

das

pes

soas

que

fre

quen

tarã

o as

tai

s es

cola

s

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84

MO

REI

RA

•TADEU

mín

imas

em

nos

sas

área

s ur

bana

s, p

or e

xem

plo,

são

tot

al­

men

te p

revi

síve

is —

as

esco

las

serã

o ri

gida

men

te c

ontr

o­la

das

e pa

trul

hada

s, c

onti

nuar

ão a

rec

eber

pou

cas

verb

as

e pe

rman

ecer

ão s

em v

incu

laçã

o co

m e

mpr

egos

de

rem

u­ne

raçã

o de

cent

e.

Um

do

s m

ais

perv

erso

s ef

eito

s da

com

bina

ção

de

mer

cadi

zaçã

o (m

erca

diza

tion

) e

Esta

do f

orte

é "

a ex

clus

ão

das

polít

icas

edu

caci

onai

s do

deb

ate

públ

ico"

. O

u se

ja, a

es

colh

a é

deix

ada

a ca

rgo

de p

ais

ou m

ães

e "o

res

to f

ica

por

cont

a da

s co

nseq

uênc

ias

não

prem

edit

adas

". N

esse

pr

oces

so,

a pr

ópri

a id

eia

da e

duca

ção

com

o pa

rte

inte

gran

­te

de

uma

esfe

ra p

olíti

ca p

úblic

a, e

m q

ue s

eus

mei

os e

fins

se

jam

pub

lica

men

te d

ebat

idos

, aca

ba a

trof

iand

o.29

uma

enor

me

dife

renç

a en

tre

o es

forç

o de

moc

ráti

­co

de

ampl

iar o

s di

reit

os d

o p

ovo

às p

olít

icas

e p

ráti

cas

da

esco

lari

zaçã

o e

a ên

fase

neo

liber

al e

m t

orno

da

mer

cadi

­za

ção

e da

pri

vati

zaçã

o. O

pri

mei

ro v

isa

a am

plia

r a p

olíti

ca,

"res

taur

ar a

prá

tica

dem

ocrá

tica

cri

ando

form

as d

e am

plia

r a

disc

ussã

o pú

blic

a, o

deb

ate

e a

nego

ciaç

ão".

Est

á in

trin

­se

cam

ente

bas

eado

em

um

a vi

são

de d

emoc

raci

a co

mo

prát

ica

educ

ativ

a. A

seg

unda

, po

r su

a ve

z, b

usca

con

ter

a po

lític

a.

O q

ue e

la q

uer

é re

duzi

r to

da p

olíti

ca à

eco

nom

ia, a

um

a ét

ica

de "

esco

lha"

e d

e "c

onsu

mo"

.30 O

mu

ndo

tor-

na-s

e, e

m e

ssên

cia,

um

im

enso

sup

erm

erca

do.

Am

plia

r o

seto

r pr

ivad

o de

tal

for

ma

que

o co

mpr

ar

e ve

nder

— e

m r

esum

o, a

com

peti

ção

— s

e to

rne

a ét

ica

dom

inan

te d

a so

cied

ade

envo

lve

um

con

junt

o de

pro

po­

siçõ

es i

ntim

amen

te r

elac

iona

das.

Pre

ssup

õe q

ue m

ais

in­

diví

duos

est

ejam

mot

ivad

os a

tra

balh

ar m

ais

ardu

amen

te

sob

essa

con

diçã

o. A

fina

l, "j

á.sa

bem

os"

que

os s

ervi

dore

s

CU

RR

ÍCU

LO, CU

LTU

RA

E S

OCIE

DAD

E

85

públ

icos

são

ine

fici

ente

s e

indo

lent

es,

ao p

asso

que

as

empr

esas

pri

vada

s sã

o ef

icie

ntes

e v

igor

osas

. Pr

essu

põe

que

a cr

iati

vid

ade

seja

mov

ida

a in

tere

sses

pes

soai

s e

a co

mpe

titi

vida

de.

Cri

am-s

e en

tão

mai

s co

nhec

imen

tos

e fa

zem

-se

mai

s ex

peri

men

taçõ

es p

ara

alte

rar

a si

tuaç

ão

atua

l. D

esse

pro

cess

o re

sulta

men

os d

espe

rdíc

io. O

fert

a e

proc

ura

perm

anec

em e

m u

ma

espé

cie

de e

quilí

brio

. A

ssim

, é

cria

da u

ma

máq

uina

mai

s ef

icie

nte,

que

m

inim

iza

cust

os a

dm

inis

trat

ivos

e,

em ú

ltim

a an

ális

e,

dist

ribu

i re

curs

os d

e fo

rma

mai

s am

pla.

31

Cla

ro q

ue a

int

ençã

o nã

o é

sim

ples

men

te p

rivi

legi

ar

algu

ns p

ouco

s. E

ntre

tant

o, e

quiv

ale

a di

zer

que

todo

s os

in

diví

duos

, sem

exc

eção

, têm

o d

irei

to d

e es

cala

r o

Mon

te

Eige

r ou

o M

onte

Eve

rest

, des

de q

ue, e

vide

ntem

ente

, se

jam

ét

imos

alp

inis

tas

e di

spon

ham

dos

rec

urso

s in

stit

ucio

nais

e

fina

ncei

ros

para

faz

ê-lo

. 32

Ass

im, e

m u

ma

soci

edad

e co

nser

vado

ra, o

ace

sso

aos

recu

rsos

pri

vad

os d

e um

a so

cied

ade

(e,

lem

brem

o-no

s, a

te

ntat

iva

é to

rnar

qua

se t

odos

os

recu

rsos

da

soci

edad

e pr

ivad

os)

depe

nde

em l

arga

med

ida

da c

apac

idad

e de

pa

gam

ento

de

cada

um

. E i

sso,

por

sua

vez

, dep

ende

de

a pe

ssoa

per

tenc

er a

um

a cl

asse

em

pres

aria

l ou

a um

a cl

asse

co

m p

oder

aqu

isitiv

o.

Por

outr

o la

do, o

s re

curs

os p

úbli

cos

da s

ocie

dade

(se

gmen

to r

apid

amen

te d

ecli

nant

e) d

epen

­d

em d

a ne

cess

idad

e.33 E

m u

ma

soci

edad

e co

nser

vado

ra,

os p

rim

eiro

s d

evem

ser

max

imiz

ados

, e

os

segu

ndos

, m

inim

izad

os.

Entr

etan

to,

o co

nser

vado

rism

o da

Nov

a D

irei

ta,

no

que

se r

efer

e a

boa

parc

ela

de s

eus

argu

men

tos

e po

lític

as,

não

fico

u si

mpl

esm

ente

bas

eado

em

um

a de

term

inad

a

Page 9: CAPÍTUL O - zeadistancia.webnode.com

86

MO

REIR

A-T

AD

EU

visã

o da

nat

urez

a hu

man

a —

a v

isão

de

que

ela

é es

sen­

cial

men

te m

ovid

a a

inte

ress

es p

rópr

ios.

Foi

mui

to a

lém

: co

meç

ou a

deg

rada

r ess

a na

ture

za h

uman

a, a

forç

ar t

odas

as

pes

soas

a s

egui

rem

o q

ue n

o in

ício

par

ecia

ape

nas

uma

poss

ível

ver

dade

. In

feli

zmen

te, j

á te

ve b

asta

nte

suce

sso.

Ta

lvez

ofu

scad

os p

or su

a pr

ópri

a vi

são

abso

luti

sta

e re

du-

cion

ista

do

que

sign

ific

a se

r hu

man

o, m

uit

os d

e no

ssos

"l

íder

es"

polít

icos

par

ecem

inc

apaz

es d

e re

conh

ecer

o q

ue

fize

ram

. Par

tira

m a

gres

siva

men

te p

ara

avil

tar o

car

áter

de

um p

ovo,

34 a

o m

esm

o te

mpo

ata

cand

o os

pob

res

e os

mar

­gi

nali

zado

s po

r su

a su

post

a fa

lta

de v

alor

es e

de

cará

ter.

Mas

aqu

i já

com

eço

a fa

zer

digr

essõ

es, n

ão c

onse

guin

­d

o di

sfar

çar

min

ha r

aiva

. Esp

ero

que

me

perd

oem

, m

as,

se n

ão p

uder

mos

nos

per

mit

ir f

icar

enr

aive

cido

s qu

and

o se

tra

ta d

as v

idas

de

noss

as c

rian

ças,

que

ou

tro

mot

ivo

seri

a ju

stif

icáv

el?

Curr

ícul

o, a

vali

ação

e c

ultu

ra c

omum

Con

form

e no

s ap

onta

Whi

tty,

o q

ue é

im

pres

sion

ante

na

s po

lític

as d

a co

aliz

ão d

irei

tist

a é

a su

a ca

paci

dade

de

junt

ar a

ênf

ase

nos

conh

ecim

ento

s, v

alor

es,

auto

rida

de e

pa

drõe

s tr

adic

iona

is e

na

iden

tida

de n

acio

nal

defe

ndid

a pe

los

neoc

onse

rvad

ores

co

m a

ênf

ase

na e

xten

são

dos

prin

cípi

os d

eriv

ados

do

mer

cado

a to

das

as á

reas

de

noss

a so

cied

ade,

def

endi

da p

elos

neo

libe

rais

.35 É

ass

im q

ue u

m

curr

ícul

o na

cion

al —

ali

ado

a ri

goro

sos

padr

ões

naci

onai

s e

a u

m si

stem

a de

ava

liaç

ão o

rien

tado

par

a o

dese

mpe

nho

— s

e to

rna

capa

z de

, a u

m s

ó te

mpo

, obj

etiv

ar u

ma

"mo­

der

niza

ção"

cu

rric

ula

r e

um

a ef

icie

nte

"pro

du

ção"

de

CU

RR

ÍCU

LO, CU

LTU

RA

E S

OCIE

DAD

E

87

mel

hor

"cap

ital

hu

man

o" e

de r

epre

sent

ar u

m a

nsei

o no

s­tá

lgic

o po

r u

m p

assa

do r

oman

tiza

do.

36 Q

uand

o as

soci

ado

a u

m p

rogr

ama

de p

olít

icas

vol

tada

s pa

ra o

mer

cado

, ta

is

com

o os

pla

nos

de v

ale-

educ

ação

e d

e "o

pçõe

s", e

sse

sis­

tem

a na

cion

al d

e pa

drõe

s, a

valia

ções

e c

urrí

culo

s —

ain

da

que

intr

inse

cam

ente

inc

onsi

sten

te —

é u

ma

conc

iliaç

ão

idea

l den

tro

da c

oali

zão

dire

itis

ta.

Mas

, ain

da s

e po

deri

a pe

rgun

tar:

um

cur

rícu

lo n

acio

­na

l, al

iado

a u

m s

iste

ma

unif

icad

o de

ava

liaç

ão d

e ap

ro­

veit

amen

to,

não

cont

rad

iria

na

prát

ica

a co

ncom

itan

te

ênfa

se n

a pr

ivat

izaç

ão e

na

esco

lha

da e

scol

a? S

erá

mes

mo

poss

ível

col

ocar

am

bos

em p

rátic

a si

mul

tane

amen

te?

Pois

af

irm

o aq

ui q

ue e

ssa

apar

ente

con

trad

ição

tal

vez

não

seja

as

sim

tão

sub

stan

cial

qua

nto

se p

oder

ia e

sper

ar. U

m d

os

obje

tivo

s de

lon

go p

razo

de

pode

rosa

s fo

rças

den

tro

da

coal

izão

con

serv

ador

a nã

o é

nece

ssar

iam

ente

tra

nsfe

rir

pode

r d

o âm

bito

loc

al p

ara

o ce

ntro

, em

bora

, par

a al

guns

ne

ocon

serv

ador

es q

ue d

efen

dem

um

Est

ado

fort

e qu

ando

se

tra

ta d

e m

oral

idad

e, v

alor

es e

nor

mas

, iss

o po

ssa

de f

ato

se a

plic

ar. A

o co

ntrá

rio,

tai

s fo

rças

pre

feri

riam

des

cent

ra­

lizar

tot

alm

ente

ess

e po

der

e re

dist

ribu

í-lo

de

acor

do c

om

as f

orça

s de

mer

cado

, as

sim

tac

itam

ente

mar

gina

liza

ndo

aque

les

que

já d

etêm

men

os p

oder

, enq

uant

o ap

elam

par

a a

retó

rica

de

priv

ileg

iar

o "c

onsu

mid

or".

Em

par

te, t

anto

um

cur

rícu

lo n

acio

nal

quan

to u

m s

iste

ma

de a

vali

ação

na

cion

al p

odem

ser

vis

tos

com

o "c

once

ssõe

s ne

cess

ária

s na

per

secu

ção

dess

e ob

jeti

vo d

e lo

ngo

pra

zo".

37

Em t

empo

s de

per

da d

e le

giti

mid

ade

gove

rnam

enta

l e

de c

rise

nas

rel

açõe

s de

aut

orid

ade

educ

acio

nais

, é

pre­

ciso

que

se

veja

o g

over

no f

azen

do a

lgum

a co

isa

para

Page 10: CAPÍTUL O - zeadistancia.webnode.com

88

MO

REIR

A •

TADEU

elev

ar o

s pa

drõe

s ed

ucac

iona

is.

Afi

nal,

é ex

atam

ente

iss

o o

que

ele

prom

ete

ofer

ecer

aos

"co

nsum

idor

es"

de e

duca

­çã

o. U

m c

urrí

culo

nac

iona

l é

impo

rtan

tíss

imo

ness

e co

n­te

xto.

Seu

pri

ncip

al v

alor

est

á nã

o no

sup

osto

est

ímul

o à

padr

oniz

ação

de

met

as e

con

teúd

o e

de n

ívei

s de

apr

ovei

­ta

men

to n

aque

las

mat

éria

s cu

rric

ular

es c

onsi

dera

das

as

mai

s im

port

ante

s. É

cla

ro q

ue i

sso

não

deve

ria

ser

tota

l­m

ente

des

cons

ider

ado,

mas

seu

pri

ncip

al p

apel

est

á si

m

em p

rove

r a es

trut

ura

que

perm

itirá

o fu

ncio

nam

ento

cio

sist

ema

naci

onal

de

aval

iaçã

o. O

cur

rícu

lo n

acio

nal

poss

ibili

ta a

cri

a­çã

o de

um

pro

cedi

men

to q

ue p

ode

supo

stam

ente

dar

aos

co

nsum

idor

es e

scol

as c

om "

selo

s de

qua

lid

ade"

par

a qu

e as

"fo

rças

de

livre

mer

cado

" po

ssam

ope

rar

em s

ua m

áxi­

ma

abra

ngên

cia.

Se

for

para

ter

mos

um

mer

cado

liv

re n

a ed

ucaç

ão,

ofer

ecen

do a

o co

nsum

idor

um

atr

aent

e le

que

de "

opçõ

es",

ent

ão o

cur

rícu

lo n

acio

nal e

sob

retu

do o

sis

­te

ma

de a

vali

ação

nac

iona

l at

uarã

o, e

m e

ssên

cia,

com

o um

a "c

omis

são

de v

igilâ

ncia

do

Esta

do"

para

con

trol

ar o

s "e

xces

sos"

do

mer

cado

.38

Con

tudo

, sej

amos

aqu

i ho

nest

os c

om r

elaç

ão à

nos

sa

próp

ria

hist

ória

. Mes

mo

com

a s

upos

ta ê

nfas

e em

ava

lia­

ções

abr

ange

ntes

e o

utra

s fo

rmas

mai

s fl

exív

eis

de a

vali

a­çã

o de

fend

ida

por a

lgum

as p

esso

as, n

ada

há q

ue ju

stif

ique

a

espe

ranç

a de

que

o q

ue s

erá

fina

lmen

te e

per

man

ente

­m

ente

ins

tala

do —

mes

mo

que

som

ente

em

raz

ão d

o te

mpo

e d

os c

usto

s —

ser

á al

go d

ifer

ente

de

um

sis

tem

a m

assi

fica

do e

pad

roni

zad

o de

pro

vas

de lá

pis

e pa

pel.

Por

outr

o la

do,

tam

bém

pre

cisa

mos

ent

ende

r be

m a

fu

nção

soc

ial

de t

al p

ropo

sta.

Um

cur

rícu

lo n

acio

nal

pode

se

r vi

sto

com

o u

m i

nstr

um

ento

par

a pr

esta

ção

de c

onta

s,

CU

RR

ÍCU

LO,

CU

LTU

RA

E S

OCIE

DAD

E

89

para

aju

dar-

nos

a es

tabe

lece

r pa

râm

etro

s a

fim

de

que

os

pais

pos

sam

ava

liar

as

esco

las.

Por

ém, e

le t

ambé

m a

cion

a um

sis

tem

a em

que

as

próp

rias

cri

ança

s se

rão

clas

sific

adas

e

cate

gori

zada

s co

mo

nunc

a fo

ram

ant

es.

Um

a de

su

as

funç

ões

bási

cas

será

atu

ar c

omo

"mec

anis

mo

para

dif

e­re

ncia

ção

mai

s ri

goro

sa d

as c

rian

ças

segu

ndo

norm

as

fixa

s, fu

nção

es

sa c

ujos

sig

nific

ados

e o

rige

m s

ocia

l nã

o sã

o ex

plic

itado

s"}9

Ass

im, m

uito

em

bora

os

prop

onen

tes

de u

m c

urrí

cu­

lo n

acio

nal p

ossa

m v

ê-lo

com

o m

eio

de c

riar

coe

são

soci

al

e de

nos

pos

sibi

lita

r mel

hora

r no

ssas

esc

olas

ava

liand

o-as

se

gund

o cr

itér

ios

"obj

etiv

os",

os

seus

efe

itos

serã

o ju

sta­

men

te o

opo

sto.

Os

crit

ério

s at

é po

derã

o pa

rece

r ob

jeti

vos,

m

as o

s re

sult

ados

não

o s

erão

, dad

as a

s di

fere

nças

de

re­

curs

os e

cla

sse

soci

al e

a s

egre

gaçã

o ra

cial

. Em

lug

ar d

e co

esão

cul

tura

l e

soci

al,

o qu

e su

rgir

á se

rão

dife

renç

as

aind

a m

ais

acen

tuad

as,

soci

alm

ente

pr

oduz

idas

, en

tre

"nós

" e

"os

outr

os",

agr

avan

do o

s an

tago

nism

os s

ocia

is e

o

esfa

cela

men

to c

ultu

ral e

eco

nóm

ico

dela

s re

sulta

ntes

. (O

m

esm

o oc

orre

rá e

m r

elaç

ão a

o a

tu ai

des

lum

bram

ento

com

a

educ

ação

vol

tada

par

a o

resu

ltad

o, n

ova

expr

essã

o pa

ra

velh

as v

ersõ

es d

e es

trat

ific

ação

edu

caci

onal

.)

Ric

hard

Joh

nson

aju

da-n

os a

ent

ende

r os

pro

cess

os

soci

ais

que

se d

ão n

este

con

text

o.

Essa

nos

talg

ia d

e "c

oesã

o" é

int

eres

sant

e, m

as a

gra

nde

ilusã

o es

tá e

m s

upor

que

tod

os o

s ed

ucan

dos

— p

reto

s e

bran

cos,

clas

se o

perá

ria,

pob

res,

clas

se m

édia

, men

inos

e

men

inas

— r

eceb

erão

o c

urrí

culo

da

mes

ma

man

eira

. Na

verd

ade,

ele

ser

á lid

o de

dife

rent

es m

odos

, de

acor

do c

om

a po

siçã

o de

sses

educ

ando

s na

s re

laçõ

es so

ciai

s e n

a cu

ltu-

Page 11: CAPÍTUL O - zeadistancia.webnode.com

90

MO

REIR

A - T

ADEU

ra. U

m c

urrí

culo

uni

ficad

o nu

ma

soci

edad

e he

tero

géne

a nã

o é

rece

ita p

ara

"coe

são"

, e s

im p

ara

resi

stên

cias

e p

ara

nova

s di

visõ

es. U

ma

vez

que

ele

sem

pre

se b

asei

a em

fun

­da

men

tos

cultu

rais

pró

prio

s, qu

alifi

cará

os e

duca

ndos

não

pe

lo c

rité

rio

de "

capa

cida

de",

mas

de

acor

do c

om a

cla

ssi­

ficaç

ão d

e su

as re

spec

tivas

com

unid

ades

cultu

rais

seg

undo

os

ass

im c

onsi

dera

dos

"cri

téri

os-p

adrã

o".

Um

cur

rícu

lo

que

não

seja

"aut

oexp

licat

ivo"

, iró

nico

ou

auto

críti

co s

em­

pre

caus

ará

esse

efei

to.40

São

sign

ific

ativ

os e

sses

pon

tos,

sob

retu

do o

ans

eio

de

que

todo

s os

cur

rícu

los

se e

xpliq

uem

a s

i mes

mos

. Em

soc

ie­

dade

s co

mpl

exas

com

o a

noss

a, m

arca

das

por

uma

dist

ri­

buiç

ão d

esig

ual d

e po

der,

o ú

nico

tip

o de

"co

esão

" po

ssí­

vel é

aqu

ele

em q

ue r

econ

heça

mos

abe

rtam

ente

dif

eren

ças

e de

sigu

alda

des.

O c

urrí

culo

, de

ssa

form

a, n

ão d

eve

ser

apre

sent

ado

com

o "o

bjet

ivo"

. Dev

e, a

o co

ntrá

rio,

sub

jeti-

var-

se c

onst

ante

men

te.

Ou

seja

, dev

e "r

econ

hece

r as

pró

­pr

ias

raíz

es"

na c

ultu

ra, n

a hi

stór

ia e

nos

inte

ress

es s

ocia

is

que

lhe

dera

m o

rige

m. C

onse

quen

tem

ente

, el

e nã

o ho

mo­

gene

izar

á es

sa c

ultu

ra, e

ssa

hist

ória

e e

sses

inte

ress

es s

o­ci

ais,

tam

pouc

o ho

mog

enei

zará

os

alun

os.

"Tra

tam

ento

ig

ual"

de

sexo

, raç

a, e

tnia

ou

clas

se, d

e ig

ual n

ada

tem

. Um

cu

rríc

ulo

e um

a pe

dago

gia

dem

ocrá

tico

s de

vem

com

eçar

pe

lo r

econ

heci

men

to

dos

"dif

eren

tes

posi

cion

amen

tos

soci

ais

e re

pert

ório

s cu

ltur

ais n

as s

alas

de

aula

, bem

com

o da

s re

laçõ

es d

e po

der

entr

e el

es".

Ass

im, s

e es

tive

rmos

pr

eocu

pado

s co

m "

trat

amen

to r

ealm

ente

igu

al"

— c

omo

acho

que

dev

emos

est

ar —

dev

emos

fun

dam

enta

r o

cur­

rícu

lo n

o re

conh

ecim

ento

des

sas d

ifer

ença

s qu

e pr

ivile

giam

e

mar

gina

liza

m n

osso

s al

unos

de

form

as e

vide

ntes

.41

CU

RR

ÍCU

LO,

CU

LTU

RA

E S

OCIE

DAD

E

91

Fouc

ault

lem

brou

-nos

de

que,

se q

uise

rmos

com

pree

n­de

r co

mo

func

iona

o p

oder

, ba

sta

que

olhe

mos

par

a as

m

arge

ns, b

asta

que

obs

erve

mos

os

conh

ecim

ento

s, a

aut

o-co

mpr

eens

ão e

a l

uta

daqu

eles

qu

e fo

ram

rel

egad

os

à co

ndiç

ão d

e "o

s ou

tros

" po

r po

dero

sos

grup

os d

esta

so­

cied

ade.

42 A

Nov

a D

irei

ta e

seu

s al

iado

s cr

iara

m g

rupo

s in

teir

os d

esse

s ta

is "

outr

os"

— p

esso

as d

e co

r, m

ulhe

res

que

se r

ecus

am a

ace

itar

cont

role

alh

eio

sobr

e su

as v

idas

e

corp

os, g

nys

e lé

sbic

as, o

s po

bres

e,

bem

sei

por

min

ha

próp

ria

expe

riên

cia,

a v

ibra

nte

cult

ura

da c

lass

e tr

abal

ha­

dora

(e

a lis

ta p

oder

ia e

sten

der-

se).

É a

part

ir d

o re

conh

e­ci

men

to d

essa

s di

fere

nças

que

o d

iálo

go d

o cu

rríc

ulo

pode

pr

osse

guir

. O

diá

logo

nac

iona

l co

meç

a pe

la a

nális

e co

n­cr

eta

e pú

blic

a de

"co

mo

esta

mos

dif

eren

tem

ente

pos

icio

­na

dos

na s

ocie

dade

e n

a cu

ltur

a".

O q

ue a

Nov

a D

irei

ta

bloq

ueia

— o

con

heci

men

to d

as m

arge

ns, d

e co

mo

cult

ura

e po

der

estã

o in

diss

oluv

elm

ente

uni

dos —

tor

na-s

e ne

ste

caso

um

con

junt

o de

rec

urso

s in

disp

ensá

veis

.43

O c

urrí

culo

nac

iona

l pro

post

o na

tura

lmen

te r

econ

he­

ceri

a al

gum

as d

essa

s di

fere

nças

. M

as,

conf

orm

e Li

nda

Chr

isti

an-S

mit

h e

eu d

iscu

tim

os e

m T

he p

oliti

cs o

fthe

tex

t-bo

ok,

ao m

esm

o te

mpo

era

que

o c

urrí

culo

nac

iona

l se

rve

para

par

cial

men

te r

econ

hece

r di

fere

nças

, se

rve

tam

bém

pa

ra r

esga

tá-l

as, d

entr

o do

sup

osto

con

sens

o em

tom

o d

o qu

e de

verí

amos

ens

inar

.44 É

par

te d

e um

a te

ntat

iva

de

rein

stit

uir

o po

der

hege

món

ico

que

foi a

bala

do p

elos

mo­

vim

ento

s so

ciai

s.

A p

rópr

ia i

deia

de

uma

cult

ura

com

um

, em

tor

no d

a qu

al d

eva

ser

form

ulad

o u

m c

urrí

culo

nac

iona

l — c

onfo

r­m

e a

defi

niçã

o do

s ne

ocon

serv

ador

es

— é

um

a fo

rma

de

Page 12: CAPÍTUL O - zeadistancia.webnode.com

92

MO

REIR

A •

TADEU

polít

ica

cult

ural

. Em

mei

o à

imen

sa d

iver

sida

de li

nguí

sti­

ca, c

ultu

ral e

rel

igio

sa q

ue é

a e

ssên

cia

da n

ossa

cri

ativ

ida­

de e

das

mud

ança

s co

ntín

uas

de n

ossa

s vi

das,

vem

a p

o­lít

ica

cult

ural

da

Dir

eita

que

rer

"sup

erar

" es

sa d

iver

sida

de.

Pens

ando

est

ar r

eins

titu

indo

, ela

est

á na

ver

dade

inv

enta

n­do

um

a cu

ltur

a co

mu

m, p

rati

cam

ente

rep

etin

do o

que

E.

D. H

irsc

h te

ntou

faz

er e

m s

ua a

utop

aród

ia s

obre

o s

igni

­fi

cado

de

ser

letr

ado.

45 N

os E

stad

os U

nid

os n

unca

exi

stiu

de

fat

o um

a cu

ltur

a un

ifor

me,

mas

sim

um

a ve

rsão

sel

eti-

va, u

ma

trad

ição

inv

enta

da q

ue é

per

iodi

cam

ente

rei

nsta

­la

da (

embo

ra d

e di

fere

ntes

for

mas

) em

tem

pos

de c

rise

ec

onóm

ica

e cr

ise

nas

rela

ções

de

auto

rida

de, j

á qu

e am

bas

cons

titu

em a

mea

ça à

heg

emon

ia d

os g

rupo

s cu

ltur

al e

ec

onom

icam

ente

dom

inan

tes.

O a

umen

to d

e vo

zes

part

icip

ante

s na

dis

cuss

ão c

ur­

ricu

lar e

as

veem

ente

s re

açõe

s da

Dir

eita

torn

am-s

e cr

ucia

is

nest

e co

ntex

to.

Cur

rícu

los

mul

ticu

ltur

ais

e an

tirr

acis

tas

repr

esen

tam

am

eaça

s ao

pro

gram

a da

Nov

a D

irei

ta, a

mea

­ça

s qu

e qu

esti

onam

a p

rópr

ia e

ssên

cia

de s

ua v

isão

. Em

um

cur

rícu

lo n

acio

nal

pred

omin

ante

men

te m

onoc

ultu

ral

(que

lid

a co

m a

div

ersi

dade

col

ocan

do o

sem

pre

ideo

lógi

­co

"nó

s" c

omo

o ce

ntro

de

tudo

e e

m g

eral

men

cion

ando

pe

rife

rica

men

te "

as c

ontr

ibui

ções

" da

s p

esso

as d

e co

r, m

ulhe

res

e "o

utr

os")

, são

fun

dam

enta

is a

man

uten

ção

das

noçõ

es h

ierá

rqui

cas

vige

ntes

ace

rca

do q

ue é

impo

rtan

te

com

o co

nhec

imen

to o

fici

al, a

res

taur

ação

dos

tra

dici

onai

s pa

drõe

s e

valo

res

"oci

dent

ais"

, o r

etor

no a

um

a pe

dago

gia

"dis

cipl

inad

a" (

e, p

oder

-se-

ia d

izer

, tam

bém

pre

dom

inan

­te

men

te m

achi

sta)

, e

assi

m

por

dia

nte.

Um

a am

eaça

a

qual

quer

des

ses

pila

res

é ta

mbé

m u

ma

amea

ça à

pró

pria

vi

são

de m

und

o da

Dir

eita

.46.

CU

RR

ÍCU

LO, CU

LTU

RA

E S

OCIE

DAD

E

93

A id

eia

de u

ma

"cu

ltu

ra c

omu

m" —

com

a r

oupa

gem

da

tra

diçã

o oc

iden

tal r

oman

tiza

da d

os n

eoco

nser

vado

res

(ou

mes

mo

conf

orm

e ex

pres

sada

nos

ans

eios

de

algu

ns

soci

alis

tas)

— n

ão l

eva

em s

ufic

ient

e co

nta,

por

tant

o, a

im

ensa

het

erog

enei

dade

cul

tura

l de

um

a so

cied

ade

que

extr

ai t

radi

ções

cul

tura

is d

o m

un

do

inte

iro.

A t

aref

a de

de

fend

er o

ens

ino

públ

ico

com

o pú

blic

o,

com

o m

erec

edor

de

am

plo

apo

io "

por

par

te d

e u

m p

ovo

extr

emam

ente

di

vers

o en

tre

si e

pro

fund

amen

te d

ivid

ido,

env

olve

mui

to

mai

s do

que

res

taur

ação

".47

O d

ebat

e na

Ing

late

rra

é se

mel

hant

e. U

m c

urrí

culo

na

cion

al é

vis

to p

ela

Dir

eita

com

o es

senc

ial

para

evi

tar

o re

lati

vism

o. P

ara

mui

tos

de s

eus

prop

onen

tes,

um

cur

rí­

culo

uni

fica

do

deve

bas

icam

ente

tra

nsm

itir

a "

cult

ura

co

mu

m"

e a

alta

cul

tura

que

del

a se

ori

gino

u. Q

ualq

uer

outr

a co

isa

resu

ltará

em

inc

oerê

ncia

, em

aus

ênci

a de

cul

­tu

ra, e

m "

vazi

o", s

impl

esm

ente

. D

esse

mod

o, u

ma

cult

ura

naci

onal

é "

def

inid

a em

ter

mos

exc

lude

ntes

, no

stál

gico

s e

freq

uent

emen

te r

acis

tas"

.48

A a

nális

e de

Ric

hard

John

son

acer

ca d

a qu

estã

o co

prov

a su

a ló

gica

soc

ial:

Em fo

rmul

açõe

s co

mo

essa

s, p

ensa

-see

m cu

ltura

com

o um

m

odo

de v

ida

ou t

radi

ção

hom

ogén

eos,

e nã

o co

mo

um

cam

po d

e di

fere

nças

, rel

açõe

s e p

oder

. Não

se r

econ

hece

a

real

div

ersi

dade

das

cul

tura

s e o

rien

taçõ

es s

ocia

is e

xist

en­

tes

em u

m p

aís,

esta

do o

u po

vo. C

ontu

do, i

nstit

ui-s

e um

a ve

rsão

sel

etiv

a de

cul

tura

nac

iona

l com

o co

ndiç

ão a

bsol

u­ta

par

a qu

alqu

er id

entid

ade

soci

al. O

s em

prés

timos

, mis

­tu

ras e

fusõ

es d

e el

emen

tos d

e dife

rent

es si

stem

as cu

ltura

is,

prát

ica

corr

ique

ira

no c

otid

iano

de

soci

edad

es c

omo

[a

Page 13: CAPÍTUL O - zeadistancia.webnode.com

94

MO

REIR

A-TA

DEU

noss

a],

são

impe

nsáv

eis

den

tro

dess

a es

trut

ura,

ou

o vi

stos

com

o um

a es

péci

e d

e de

sord

em o

u t

rans

gres

são

cult

ural

que

nad

a pr

oduz

irá

além

de

um

vaz

io. P

orta

nto,

qu

e se

"es

colh

er"

entr

e [..

.] um

a cu

ltur

a na

cion

al o

u

abso

luta

men

te n

enhu

ma

cult

ura.

49

O s

ubte

xto

raci

al a

qui

talv

ez e

stej

a ca

muf

lado

, m

as

mes

mo

assi

m e

stá

pres

ente

de

form

as s

igni

fica

tiva

s.50

aind

a m

uita

s ou

tras

con

side

raçõ

es q

ue p

oder

iam

se

r fe

itas.

Ent

reta

nto,

um

a co

isa

está

per

feit

amen

te c

lara

: o

curr

ícul

o na

cion

al é

um

mec

anis

mo

para

o c

ontr

ole

po­

lític

o do

con

heci

men

to. 51

Um

a ve

z in

stit

uído

, hav

erá

mui

­to

pou

ca c

hanc

e d

e vo

ltar

atr

ás.

Ele

pod

erá

até

sofr

er

mud

ança

s em

fun

ção

dos

conf

lito

s ge

rado

s pe

lo s

eu c

on­

teúd

o, m

as é

just

amen

te e

m s

ua i

nsti

tuiç

ão q

ue r

esid

e su

a tá

tica

polít

ica.

Som

ente

rec

onhe

cend

o su

a ló

gica

ess

enci

al d

o fa

lso

cons

enso

e, s

obre

tudo

, su

a in

dubi

táve

l pe

trifi

caçã

o no

fu­

turo

; à m

edid

a qu

e se

vin

cule

a um

sis

tem

a m

assi

ficad

o de

ava

­lia

ção

naci

onal

, é qu

e po

dere

mos

com

pree

nder

inte

iram

ente

ess

e fa

to.

Qua

ndo

a el

e se

ass

ocia

m o

s ou

tros

iten

s da

pau

ta d

a D

irei

ta —

a m

erca

diza

ção

e a

priv

atiz

ação

— h

á m

otiv

o su

fici

ente

par

a n

os

faze

r pa

rar

e pe

nsar

, es

peci

alm

ente

te

ndo

em v

ista

as

cada

vez

mai

s po

dero

sas

conq

uist

as

cons

erva

dora

s no

s âm

bito

s lo

cal,

regi

onal

e e

stad

ual.

Que

m

ganh

ará?

Fica

ain

da u

ma

perg

unta

fin

al, à

qua

l já

fiz

brev

e al

u­sã

o n

o in

ício

. U

ma

vez

que

os

esfo

rços

par

a "r

efor

mar

" no

sso

sist

ema

educ

acio

nal,

bem

com

o su

as p

olít

icas

e

prát

icas

de

curr

ícul

o, d

e en

sino

e d

e av

alia

ção,

são

em

gr

ande

par

te li

dera

dos p

ela

coal

izão

dir

eiti

sta,

pre

cisa

mos

CURR

ÍCU

LO, C

ULT

URA

E S

OCI

EDA

DE

95

sem

pre

perg

unta

r "D

e qu

em s

ão e

ssas

refo

rmas

?" e

"Qu

em

ganh

ará

com

ela

s?"

Essa

é se

m d

úvid

a um

a re

form

a ba

rata

. Qua

ndo

falt

am

recu

rsos

hum

anos

e m

ater

iais

, um

sis

tem

a de

cur

rícu

los

e av

alia

ções

nac

iona

is s

ó po

de r

atif

icar

e e

xace

rbar

as

dife

­re

nças

de

sexo

, raç

a e

clas

se s

ocia

l. A

ssim

, em

um

mom

en­

to e

m q

ue a

cri

se fi

scal

na

mai

oria

de

noss

as á

reas

urb

anas

é tã

o ag

uda

a po

nto

de a

s aul

as e

star

em s

endo

dad

as e

m

giná

sios

de

espo

rtes

e c

orre

dore

s; e

m q

ue m

uita

s es

cola

s nã

o di

spõe

m d

e ve

rbas

suf

icie

ntes

nem

par

a se

man

tere

m

aber

tas

dura

nte

os

180

dias

Jet

ivos

; em

que

os

préd

ios e

s­co

lare

s es

tão

lite

ralm

ente

des

aban

do

dia

nte

de

nos's

os

olho

s;52 e

m q

ue, e

m a

lgum

as c

idad

es,

três

sal

as d

e au

la d

o pr

imei

ro g

rau

prec

isam

div

idir

os

mes

mos

liv

ros5

3 —

e

pode

ria

aind

a am

plia

r ess

e qu

adro

— é

sim

ples

men

te u

ma

fant

asia

sup

or q

ue s

iste

mas

de

aval

iaçã

o m

ais

padr

oniz

a­do

s e

dire

triz

es p

ara

curr

ícul

os u

nifi

cado

s sej

am a

sol

ução

. D

iant

e d

o es

face

lam

ento

da

infr

aest

rutu

ra e

conó

mic

a de

ssas

mes

mas

cid

ades

, d

evid

o à

evas

ão d

e ca

pita

l; di

an­

te d

os q

uase

75%

de

dese

mpr

ego

entr

e os

jove

ns, e

m m

ui­

tas

dela

s, d

iant

e d

a pr

ecar

ieda

de d

a as

sist

ênci

a à

saúd

e,

dian

te d

e vi

das

quas

e se

mpr

e de

stit

uída

s de

esp

eran

ça d

e m

obil

idad

e so

cial

, en

terr

adas

naq

uil

o q

ue

pode

ria

ser

qual

ific

ado

com

o po

rnog

rafi

a d

a po

brez

a, d

iant

e de

tud

o is

so,

imag

inar

qu

e a

fixa

ção

de

parâ

met

ros

curr

icul

ares

ba

sead

os e

m p

robl

emát

icas

vis

ões

cult

urai

s e

sist

emas

mai

s ri

goro

sos

de

aval

iaçã

o fa

rá m

ais

do

qu

e si

mpl

esm

ente

ro

tula

r al

unos

pob

res

de

uma

form

a ap

aren

tem

ente

mai

s ne

utra

, é

igua

lmen

te d

emon

stra

r um

a vi

são

equi

voca

da

de t

oda

a si

tuaç

ão. O

sis

tem

a, u

ma

vez

impl

anta

do,

fará

co

m q

ue s

e co

loqu

e m

ais

culp

a so

bre

os o

mbr

os d

e al

unos

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96

MO

REIR

A-T

AD

EU

e pa

is p

obre

s e,

sob

retu

do, s

obre

as

esco

las

que

freq

uent

am.

Sua

impl

anta

ção

será

tam

bém

car

íssi

ma.

Sur

gem

ent

ão o

s ta

is p

lano

s de

val

e-ed

ucaç

ão e

de

"opç

ões"

, com

apr

ovaç

ão

públ

ica

aind

a m

aior

.

A a

nális

e qu

e Ba

sil

Bern

stei

n fa

z da

s co

mpl

exid

ades

de

sta

situ

ação

e d

e su

as c

onse

quên

cias

é b

asta

nte

útil

aqui

. D

iz e

le q

ue "

as p

ráti

cas

peda

gógi

cas

do n

ovo

voca

cion

a-lis

mo

[neo

libe

rali

smo]

e d

a ve

lha

auto

nom

ia d

o co

nhec

i­m

ento

[ne

ocon

serv

ador

ism

o]

repr

esen

tam

um

con

flit

o en

tre

duas

ideo

logi

as e

litis

tas

dist

inta

s, u

ma

dela

s ba

sead

a na

hie

rarq

uia

de c

lass

es d

o m

erca

do e

a o

utra

bas

eada

na

hier

arqu

ia d

o co

nhec

imen

to e

seu

s par

tidár

ios

de c

lass

es".

54

Qua

isqu

er q

ue s

ejam

as

opos

içõe

s en

tre

as p

ráti

cas

peda

-gó

gico

-cur

ricu

lare

s or

ient

adas

par

a o

mer

cado

e a

s or

ien­

tada

s pa

ra o

con

heci

men

to,

as a

tuai

s de

sigu

alda

des

de

raça

, sex

o e

clas

se p

rova

velm

ente

ser

ão r

epro

duz

idas

.55

O q

ue e

le d

enom

ina

"ped

agog

ia a

utón

oma

visí

vel"

bas

eada

em

pad

rões

abe

rtam

ente

exp

lici

tado

s e

mod

e­lo

s al

tam

ente

est

rutu

rado

s de

ens

ino

e av

alia

ção

— j

usti

-fi

ca-s

e pe

lo s

eu p

rópr

io m

érit

o in

trín

seco

. O

val

or d

e aq

uisi

ção

da c

ham

ada

"tra

diçã

o oc

iden

tal"

est

á em

seu

st

atus

fund

amen

tal e

m r

elaç

ão a

"tu

do q

uant

o m

ais

prez

a­m

os"

e na

s no

rmas

e r

egul

amen

tos

que

ela

incu

te n

os

alun

os.

Sua

arro

gânc

ia e

stá

na r

eivi

ndic

ação

de

elev

ados

mot

ivos

m

orai

s e

de s

uper

iori

dade

de

sua

cultu

ra, n

a su

a in

dife

­re

nça

às c

onse

quên

cias

de

sua

próp

ria

estr

atifi

caçã

o, n

a pr

esun

ção

de s

ua f

alta

de

rela

ção

com

qua

lque

r ou

tra

cois

a ex

ceto

ela

próp

ria,

na

sua

abst

raía

aut

onom

ia a

utor

-re

fere

ncia

l.56

CU

RR

ÍCU

LO,

CU

LTU

RA

E S

OCIE

DAD

E

97

Seu

pret

enso

opo

sto

— b

asea

do n

o co

nhec

imen

to,

nas

habi

lida

des

e na

s ap

tidõ

es "

exig

idas

" pe

las

empr

esas

e

indú

stri

as,

e qu

e pr

ocur

a or

ient

ar a

edu

caçã

o es

cola

r se

­gu

ndo

os p

rinc

ípio

s de

mer

cado

— é

na

verd

ade

uma

form

ulaç

ão i

deol

ógic

a m

uito

mai

s co

mpl

exa:

Inco

rpor

a um

pou

co d

a cr

ítica

à p

edag

ogia

aut

ónom

a vi

­sí

vel [

...] d

a cr

ítica

ao

frac

asso

da

esco

la u

rban

a, à

pas

sivi

­da

de d

os p

ais e

ao

stat

us i

nfer

ior [

a el

es c

once

dido

], ao

tédi

o [..

.] do

s al

unos

e se

u co

nseq

uent

e di

stan

ciam

ento

e re

jeiç

ão

a cu

rríc

ulos

sem

sen

tido

para

ele

s, a

os p

roce

dim

ento

s de

av

alia

ção

que

dão

mai

s im

port

ânci

a a

um fr

acas

so re

lativ

o do

que

à f

orça

pos

itiva

do

apre

ndiz

. Mas

abs

orve

ess

as

críti

cas

inco

rpor

ando

-as

em u

m n

ovo

disc

urso

: um

nov

o |a

no p

edag

ógic

o [..

.] O

com

prom

isso

exp

lícito

com

a a

plia

ção

das

opçõ

es p

elos

pai

s [..

.] nã

o é

uma

hom

enag

em

à de

moc

raci

a pa

rtic

ipat

iva,

e si

m u

ma

fina

casc

a qu

e esc

on­

de a

vel

ha e

stra

tific

ação

das

esc

olas

e d

os c

urrí

culo

s.57

Esta

rão

corr

etas

as

conc

lusõ

es d

e Be

rnst

ein?

A c

om­

bina

ção

de c

urrí

culo

s e

sist

emas

de

aval

iaçã

o na

cion

ais

com

pri

vati

zaçã

o le

vará

rea

lmen

te a

o di

stan

ciam

ento

de

proc

esso

s e r

esul

tado

s de

moc

ráti

cos?

Par

a re

spon

der

a ess

a pe

rgun

ta, é

nec

essá

rio

que

olhe

mos

não

par

a o

Japã

o (p

ara

onde

mui

tas

pess

oas

infe

lizm

ente

insi

stir

am q

ue o

lhás

se­

mos

), m

as p

ara

a G

rã-B

reta

nha,

ond

e es

sa c

ombi

naçã

o de

pr

opos

tas

está

mui

to m

ais

avan

çada

.

Na

Grã

-Bre

tanh

a, já

atua

lmen

te c

onsi

derá

vel

evi­

dênc

ia d

e qu

e os

efe

itos

glob

ais

das

vári

as p

olít

icas

ori

en­

tada

s pa

ra o

mer

cado

int

rodu

zida

s pe

lo g

over

no d

irei

tist

a nã

o re

pres

enta

m u

m p

lura

lism

o ge

nuín

o, n

em a

"in

terr

up-

Page 15: CAPÍTUL O - zeadistancia.webnode.com

98

MO

REIR

A-T

AD

EU

ção

[de]

mod

alid

ades

tra

dici

onai

s de

rep

rodu

ção

soci

al".

Bem

ao

cont

rári

o di

sso,

ela

s po

derã

o é

esta

r cr

iand

o "u

m

vern

iz le

giti

mad

or p

ara

a pe

rpet

uaçã

o de

vel

has

form

as d

e de

sigu

alda

de o

rgan

izad

a".58

O fa

to d

e um

de

seus

pri

ncip

ais

efei

tos

ter

sido

a p

erda

de

pode

r e d

e qu

alif

icaç

ão d

e gr

an­

des

cont

inge

ntes

de

prof

esso

res

tam

pouc

o é

irre

leva

nte.

59

Ava

nçan

do u

m p

ouco

mai

s, E

dw

ard

s, G

ewir

tz e

W

hitt

y ch

egar

am a

con

clus

ões

sem

elha

ntes

. Fu

ndam

en­

talm

ente

, a p

reoc

upaç

ão d

a D

irei

ta c

om t

ais

polít

icas

im

­pe

de q

ue s

e pe

rceb

am s

eus

efei

tos

sobr

e aq

uele

s (p

rova

­ve

lmen

te a

mai

oria

) que

ser

ão d

eixa

dos

para

trá

s.60

Des

sa f

orm

a, é

rea

lmen

te p

ossí

vel —

até

mes

mo

pro­

váve

l — q

ue a

s fo

rmas

de

abor

dage

m d

a ed

ucaç

ão v

olta

das

para

o m

erca

do (

mes

mo

quan

do

asso

ciad

as a

um

Est

ado

fort

e em

rel

ação

a u

m s

iste

ma

de c

urrí

culo

e a

vali

ação

na

cion

ais)

exa

cerb

em a

s já

exi

sten

tes

e ba

stan

te a

mpl

as

divi

sões

de

clas

se e

raç

a. N

o no

vo m

erca

do e

duca

cion

al,

"lib

erda

de"

e "e

scol

ha"

serã

o ap

enas

par

a os

que

tiv

erem

co

ndiç

ões

e re

curs

os.

"Div

ersi

dad

e" e

m e

duca

ção

será

ap

enas

um

a pa

lavr

a m

ais

eleg

ante

par

a a

cond

ição

de

apar

thei

d ed

uca

cion

al .6

1

Refl

exõe

s à

guis

a de

con

clus

ão

Fui b

asta

nte

nega

tivo

em

min

has

cons

ider

açõe

s so

bre

este

tem

a. M

eu a

rgum

ento

é q

ue a

polí

tica

do

conh

ecim

en­

to o

fici

al —

nes

te c

aso,

pro

post

as q

ue a

ndam

por

para

in

trod

ução

de

um

cur

rícu

lo n

acio

nal e

um

sis

tem

a de

ava

­lia

ção

naci

onal

— n

ão p

ode

ser

inte

iram

ente

com

pree

ndi-

CU

RRlC

ULO

, CU

LTU

RA

E S

OCIE

DAD

E

99

da d

e fo

rma

isol

ada.

Tod

o es

se c

onte

xto

prec

isa

ser

ress

i-tu

ado

em u

ma

dinâ

mic

a id

eoló

gica

m

aior

, na

qua

l se

ve

rifi

ca u

ma

tent

ativ

a, e

mpr

eend

ida

por

um

nov

o bl

oco

hege

món

ico,

de

tran

sfor

mar

nos

sas

próp

rias

idei

as a

cerc

a da

s fi

nali

dade

s da

educ

ação

. Es

sa t

rans

form

ação

env

olve

um

bru

tal d

esvi

o —

que

fari

a D

ewey

est

rem

ecer

— n

o qu

al

a de

moc

raci

a de

ixa

de s

er u

m c

once

ito

polít

ico

para

se

torn

ar u

m c

once

ito

econ

ómic

o, e

no

qual

a i

deia

de

bem

blic

o é

sepu

ltad

a de

vez

.

Mas

, tal

vez,

eu

tenh

a si

do d

emas

iado

neg

ativ

o. T

alve

z ha

ja b

oas

razõ

es p

ara

apoi

ar c

urrí

culo

s e

sist

emas

de

ava­

liaçã

o na

cion

ais,

mes

mo

da f

orm

a co

mo

anua

lmen

te e

stão

co

nsti

tuíd

os, p

reci

sam

ente

em

funç

ão

do

pode

r da

coa

lizão

di

reit

ista

.

É po

ssív

el,

por

exem

plo,

afi

rmar

que

, som

ente

ins

ti­

tuin

do u

m s

iste

ma

de c

urrí

culo

e a

vali

ação

na

cion

ais,

se

rem

os c

apaz

es d

e de

ter

a fr

agm

enta

ção

que

virá

em

co

nseq

uênc

ia d

a po

rção

neo

libe

ral

do

proj

eto

dire

itis

ta.

Som

ente

um

sis

tem

a co

mo

esse

pro

tege

ria

prec

isam

ente

a

idei

a de

um

a es

cola

púb

lica,

pr

oteg

eria

ass

ocia

ções

de

prof

esso

res

que,

em

um

sis

tem

a pr

ivat

izad

o e

mer

cadi

za-

do, p

erde

riam

boa

par

te d

e se

u po

der,

pro

tege

ria

cria

nças

po

bres

e c

rian

ças

de c

or c

ontr

a as

vic

issi

tude

s do

mer

cado

. A

fina

l, pa

ra c

omeç

ar, f

oi o

"li

vre

mer

cado

" qu

e pr

ovoc

ou

a po

brez

a e

a de

stru

ição

da

com

uni

dad

e qu

e el

as h

oje

vi v

enci

am.

É ta

mbé

m p

ossí

vel

sust

enta

r, co

mo

fez

Geo

ff W

hitt

y no

cas

o br

itân

ico,

que

o p

rópr

io c

urrí

culo

nac

iona

l est

imu­

la u

m in

tens

o de

bate

púb

lico

acer

ca d

o "c

onhe

cim

ento

de

quem

" é

decl

arad

o of

icia

l, al

ém d

e en

cora

jar

a fo

rmaç

ão

Page 16: CAPÍTUL O - zeadistancia.webnode.com

100

MO

REIR

A. TADEU

de c

oali

zões

pro

gres

sist

as,

que,

pas

sand

o po

r ci

ma

de

mui

tas

dife

renç

as, s

e po

sici

onem

con

tra

tais

def

iniç

ões

de

conh

ecim

ento

leg

ítim

o pa

troc

inad

as p

elo

Esta

do.62

El

e po

deri

a se

r o

veíc

ulo

para

o r

etom

o d

o as

pect

o po

lític

o qu

e a

Dir

eita

tan

to d

esej

a el

imin

ar d

e no

sso

disc

urso

púb

lico

e qu

e os

exp

erts

em

efic

iênc

ia d

esej

am t

rans

form

ar e

m m

era

preo

cupa

ção

técn

ica.

Ass

im,

é ba

stan

te p

ossí

vel

que

a in

stit

uiçã

o de

um

cu

rríc

ulo

naci

onal

des

enca

deie

a u

nião

de

grup

os o

posi

­ci

onis

tas

e op

rim

idos

. Ten

do e

m v

ista

a a

tual

fra

gmen

taçã

o do

s m

ovim

ento

s ed

ucac

iona

is p

rogr

essi

stas

e u

m s

iste

ma

de fi

nanc

iam

ento

e a

dmin

istr

ação

esc

olar

que

forç

a gr

upos

a

se c

once

ntra

rem

pri

ncip

alm

ente

na

esfe

ra l

ocal

ou

esta

­du

al, u

ma

das

funç

ões

de u

m c

urrí

culo

nac

iona

l po

deri

a se

r a

aglu

tinaç

ão d

e gr

upos

em

tor

no d

e um

a pa

uta

com

um.

Em d

ecor

rênc

ia,

pode

ria

surg

ir u

m m

ovim

ento

nac

iona

l po

r um

a vi

são

mai

s de

moc

ráti

ca d

a re

form

a es

cola

r.

Em m

uito

s se

ntid

os —

e d

igo

isso

com

tod

a a

seri

e­da

de —

tem

os

para

com

os

cons

erva

dore

s ín

tegr

os (

e ex

iste

m m

uit

os d

eles

) um

a dí

vida

de

grat

idão

, de

um

a fo

rma

pecu

liar.

Foi

a s

ua p

erce

pção

de

que

as q

uest

ões

curr

icul

ares

não

se

rest

ring

em a

pena

s ao

cam

po t

écni

co,

met

odol

ógic

o, q

ue a

judo

u a

esti

mul

ar o

atu

al d

ebat

e. N

as

mui

tas

déca

das

em q

ue t

anta

s m

ulhe

res,

pes

soas

de

cor

e or

gani

zaçõ

es d

e tr

abal

hado

res

(gru

pos

esse

s ob

viam

ente

o ex

clud

ente

s en

tre

si) l

utar

am p

ara

faze

r co

m q

ue e

sta

soci

edad

e re

conh

eces

se a

tra

diçã

o se

letiv

a qu

e es

tá i

mis

­cu

ída

no c

onhe

cim

ento

ofi

cial

, os

seus

mov

imen

tos f

oram

co

m f

requ

ênci

a (e

mbo

ra n

em s

empr

e) s

ilenc

iado

s, i

gnor

a­do

s ou

coo

ptad

os n

os d

iscu

rsos

dom

inan

tes.

63 O

pod

er d

a D

irei

ta —

em

sua

con

trad

itór

ia t

enta

tiva

de

inst

itui

r um

a

CU

RR

ÍCU

LO, CU

LTU

RA

E S

OCIE

DAD

E

101

cult

ura

com

um n

acio

nal,

de c

onte

star

o q

ue e

stá

send

o en

sina

do a

tual

men

te e

de

torn

ar e

ssa

cult

ura

part

e in

te­

gran

te d

e u

m i

men

so s

uper

mer

cado

de

opçõ

es,

torn

an-

do-n

os d

essa

for

ma

inse

nsív

eis

à po

lític

a cu

ltur

al —

fez

co

m q

ue n

ão f

osse

mai

s po

ssív

el i

gnor

ar a

pol

ítica

do

co­

nhec

imen

to o

fici

al.

Dev

ería

mos

, po

is,

apoi

ar u

m s

iste

ma

naci

onal

de

curr

ícul

o e

aval

iaçã

o pa

ra c

oibi

r a o

nda

de t

otal

pri

vati

za­

ção

e m

erca

diza

ção?

Nas

atu

ais

cond

içõe

s, n

ão a

cho

que

o ri

sco

com

pens

e —

não

pelo

seu

eno

rme

pote

ncia

l des

­tr

utiv

o a

long

o e

a cu

rto

praz

os,

mas

tam

bém

por

que

pens

o qu

e el

e in

terp

reta

equ

ivoc

adam

ente

e re

ific

a a

ques

­tã

o de

um

cur

rícu

lo e

de

uma

cult

ura

com

uns.

..

Con

form

e ob

serv

ei l

ogo

no i

níci

o, v

ivem

os e

m u

ma

soci

edad

e co

m v

ence

dore

s e

perd

edor

es

iden

tifi

cáve

is.

Futu

ram

ente

, pod

erem

os d

izer

que

os

perd

edor

es f

izer

am

más

"op

ções

de

cons

umo"

e q

ue é

ass

im m

esm

o qu

e fu

n­ci

onam

os

mer

cado

s, a

fina

l de

cont

as. M

as s

erá

real

men

te

esta

soc

ieda

de a

pena

s u

m v

asto

mer

cado

?

Com

o in

daga

Whi

tty:

em

um

a ép

oca

em q

ue t

anta

s pe

ssoa

s de

scob

rira

m, a

par

tir

de s

uas

expe

riên

cias

cot

idia

-na

s, q

ue a

s su

post

as "

gran

des

narr

ativ

as" d

e pr

ogre

sso

são

um g

rand

e en

godo

, te

m s

enti

do c

air

em o

utra

gra

nde

narr

ativ

a, a

do

mer

cado

?64 O

s re

sult

ados

des

sa "

narr

ativ

a"

estã

o aí

vis

ívei

s to

dos

os d

ias,

na

dest

ruiç

ão d

e no

ssas

co

mun

idad

es e

de

noss

o m

eio

ambi

ente

, no

cre

scen

te r

a­ci

smo

da s

ocie

dade

, no

s ro

stos

e c

orpo

s de

nos

sas

cria

nças

, qu

e ve

em o

fut

uro

e pe

rdem

a e

sper

ança

.

Mui

tas

pess

oas

cons

egue

m d

isso

ciar

-se

de t

ais

real

i­da

des.

um

dis

tanc

iam

ento

qua

se p

atol

ógic

o en

tre

os

Page 17: CAPÍTUL O - zeadistancia.webnode.com

102

MO

REIR

A •

TADEU

rico

s.65 E

ntre

tant

o, c

omo

pode

alg

uém

não

se

ind

igna

r m

oral

men

te d

iant

e d

o fo

sso

cada

vez

mai

or e

ntre

ric

os e

po

bres

, dia

nte

da p

ersi

stên

cia

da f

ome

e da

fal

ta d

e ha

bi­

taçã

o, d

a au

sênc

ia f

atal

de

assi

stên

cia

méd

ica,

das

deg

ra­

daçõ

es d

a po

brez

a? F

osse

m e

sses

os

tem

as c

entr

ais

(sem

pre

com

aut

ocrí

tica

e co

nsta

nte

subj

etiv

ação

) de

um

cur

rícu

lo

naci

onal

— m

as,

entã

o, c

omo

pode

ria

ele

ser

test

ado

com

ef

iciê

ncia

e b

aixo

cus

to, e

com

o po

deri

a a

Dir

eita

con

trol

ar

seus

mei

os e

fins

? —

, tal

vez

tal c

urrí

culo

até

val

esse

a p

ena.

M

as e

nqua

nto

isso

não

aco

ntec

er, p

odem

os t

omar

em

pres

­ta

do u

m s

loga

n da

Dir

eita

que

se

torn

ou p

opul

ar e

m u

m

outr

o co

ntex

to e

apl

icá-

lo à

sua

pau

ta e

duca

cion

al. Q

ual é

es

se sl

ogan

? "S

impl

esm

ente

dig

a nã

o."

Not

as

Este

tra

balh

o fo

i ap

rese

ntad

o em

pal

estr

a d

enom

inad

a Th

e ]o

hn

Dew

ey L

ectu

re,

pro

mov

ida

pela

Joh

n D

ewey

Soc

iety

e p

ela

Am

eric

an

Edu-

catio

nal

Res

earc

h A

ssoc

iatio

n (A

ER

A),

na c

idad

e de

São

Fra

ncis

co,

Cal

i­fó

rnia

, EU

A, e

m a

bril

de 1

992.

Gos

tari

a d

e ag

rade

cer

a G

eoff

Whi

tty,

R

oger

Dal

e, Ja

mes

Bea

ne e

ao

Frid

ay S

emin

ar d

a U

nive

rsid

ade

de V

Vis-

cons

in, M

adis

on, p

or s

uas

impo

rtan

tes

crít

icas

e s

uges

tões

.

1. V

er B

asil

Bern

stei

n, C

lass

, co

des

and

cont

rai (

Nov

a Y

ork:

Rou

tled

ge,

1977

v. 3

) e

Mic

hael

W. A

pple

, "So

cial

Cri

sis

and

Cur

ricu

lum

Acc

ord

s".

Educ

atio

nal

Theo

ry,

n. 3

8, p

. 191

-201

, pri

mav

era

de 1

988.

2. P

ierr

e B

ourd

ieu

, Dist

inct

ion

(Cam

brid

ge:

Har

vard

Uni

vers

ity

Pres

s, 1

984.

p. 7

). 3.

Ibi

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. 46.

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.

13.

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em.

14.

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15. T

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. Ib

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, p.

14.

17.

Ibid

em,

p. 1

5.

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Page 18: CAPÍTUL O - zeadistancia.webnode.com

104

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2. p

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0.

33.

Ibid

em, p

. 89.

34

. Ib

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, p.

81.

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. 25.

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. 29.

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40.

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. 79-

80.

41.

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75).

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2.

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4.

56.

Ibid

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. 87.

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21.

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. 22.

65.

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