Capítulo 7 - Sites do IFGW · dada em (7.9) na Eq. (7.2) temos um modelo útil para o ECG (aquele...
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Capítulo 7
O Potencial Externo e o Eletrocardiograma
Cap.7 – O Potencial Externo e o Eletrocardiograma
Introdução • No Cap. 6, foi assumido que o potencial no exterior de uma
célula nervosa é praticamente nulo. No entanto, existe um pequeno potencial que é mensurável e possui relevância clínica: – Eletrocardiograma; – Eletromiograma ; – Eletroencefalograma.
• Neste capítulo, vamos ver: – O potencial externo de um axônio cilíndrico longo num meio condutor; – Se houver suficiente fluido extracelular, de modo que a resistência
externa seja pequena, então o potencial externo é pequeno em relação ao potencial interno (dentro da célula);
– A aproximação do potencial de ação por um pulso triangular de modo a calcular o potencial longe da célula;
– A mesma coisa para um pulso de forma arbitrária; – A despolarização das células cardíacas; – O eletrocardiograma; – Os fatores que distorcem o sinal; – Modelos melhorados; – Estimulação para respostas evocadas, marca-passo e desfibrilação.
O potencial externo de uma célula cilíndrica longa • No Cap. 6, o cálculo do potencial eletrotônico (membrana
obedece à lei de Ohm) e do potencial de ação (membrana é não-linear) baseou-se na equação do cabo:
(6.52)
onde
– im = corrente na membrana (soma das correntes de todos os tipos de íons) => definida como positiva quando a carga positiva se move de dentro para fora da célula;
– jm = densidade de corrente = corrente/unidade de área; – cm = capacitância da membrana/unidade de área; – ri = resistência (dentro da célula)/unidade de comprimento; – a = raio da célula cilíndrica; – v = potencial interno (considerando que o externo é nulo).
2
2
2
1
x
v
raj
t
vc
i
mm
O potencial externo de uma célula cilíndrica longa • Para isso, jm foi modelada apropriadamente para cada potencial,
e assumiu-se vo=0 (vo = vout = v externo). A Eq. (6.52) foi derivada considerando a conservação de carga (Figura 6.28):
(6.47b)
onde vi = potencial interno e vo = potencial externo; e a lei de Ohm para o axoplasma é dada por:
(6.48)
• Resumindo: no Cap. 6 assumiu-se vo=0. Neste capítulo, vamos
calcular vo supondo vários casos. Para isso, vamos separar o axônio em três partes (Fig. 7.1 – próximo slide):
• Meio interno (axoplasma); • Membrana; • Meio externo.
membrana
na corrente
membranada interna superfície
na carga de variaçãocélula da
dentro correntede variação
)(m
oimi i
t
vvCdi
x
v
rxi i
i
i
1)(
O potencial externo de uma célula cilíndrica longa • Como primeiro modelo, vamos supor que no axoplasma temos
corrente constante até um certo ponto e nula a partir desse ponto (Fig. 7.1b) – Isto significa que, nesse ponto, deve haver corrente fluindo através da
membrana de dentro para fora (Fig. 7.1c) – E o potencial interno deve ter a forma mostrada na Fig. 7.1a (pois supomos
que o meio interno obedece à lei de Ohm).
• Queremos saber como a corrente se comporta no meio externo (3D) ao axônio. – Supomos que este meio é infinito,
homogêneo, isotrópico e possui condutividade so
– E também que a célula é fina o suficiente para não alterar as propriedades do meio, a não ser bem próximo ao eixo x (supomos que o axônio se estende ao longo desse eixo).
– Para calcular o potencial externo, calculamos
a ddp entre dois pontos A e B (Fig. 7.2). Lembremos que:
– Portanto,
24 r
ij o
O potencial externo de uma célula cilíndrica longa • Suponha que a corrente io saia para o meio externo na origem
– Como este meio é homogêneo (o axônio “não interfere”), é como se tivéssemos uma fonte de corrente pontual na origem
– Nesse caso, a densidade de corrente tem simetria esférica, direção radial para fora, e sua magnitude a uma distância r é dada por
– O campo elétrico, então, possui magnitude com direção radial para fora
24 r
ijE
o
o
o ss
x
vEx
.11
44)()(
2
|| pois 0
'
'
ABo
o
o
o
r
r
B
B
r
B
A
B
Arr
idr
r
idrEAvBv
B
Ass
dsE
dsEdsE
O potencial externo de uma célula cilíndrica longa
• Supondo que A ∞ e que nA=0 no infinito, temos que o potencial de uma fonte pontual de corrente a uma distância r da mesma é
(7.1)
que é análoga à expressão para carga pontual
• O problema com este modelo é que partimos de um vi como o mostrado na Fig. 7.1a, mas vi não pode continuar aumentando indefinidamente para a esquerda do axônio
r
irv
o
o
s4)(
r
qrv
04)(
O potencial externo de uma célula cilíndrica longa
• Consideremos, então, um segundo modelo com vi como mostrado na Fig. 7.3. Este é um bom modelo para o eletrocardiograma (ECG), pois a repolarização das células do miocárdio não ocorre por um tempo de ~100ms, portanto a célula é totalmente despolarizada antes do início da repolarização.
– Neste caso, a corrente ii será não-nula apenas entre 0 e x2, em que há um gradiente de vi:
(*1)
– onde ri é a resistividade do interior do axônio (que é o inverso da condutividade ri = 1/si), L é o comprimento da região do gradiente de potencial e S é a seção transversal do axônio
– ii flui para o meio externo em x = x2 (fonte), e de volta para o axônio em x = 0 (dreno)
– A combinação de fonte e dreno de mesma magnitude é chamada de dipolo de corrente (Fig. 7.3.c)
2
2
x
av
S
L
v
R
vi ii
i
iii
s
r
O potencial externo de uma célula cilíndrica longa • No meio externo, o potencial em qualquer ponto P se deve a dois
termos: um da fonte ii em x=x2 e outro do dreno –ii em x=0: onde r0 = distância entre ponto e dreno e r2 = distância entre ponto e fonte
• Substituindo (*1) nesta equação temos
(7.2)
20 44 r
i
r
iv
o
i
o
i
ss
022
2
022
2
02
11
4
11
4
111
4 rrx
avv
rrx
av
rr
iv
o
iiii
oo
i
s
ss
ss
• A Eq. (7.2) pode ser usada para estimar o potencial num ponto externo para o ECG devido ao longo atraso antes da repolarização das células miocárdicas
O potencial externo de uma célula cilíndrica longa
• Para estimar o potencial de um impulso nervoso, podemos usar um terceiro modelo, em que aproximamos o potencial de ação por um potencial triangular (Fig. 7.4.a)
– Neste caso, para o potencial externo, temos fontes i1 em x=–x1 e i2 em
x=x2, e um dreno –(i1+i2) em x = 0
– O potencial num ponto externo P (Fig. 7.5) é dado por:
O potencial externo de uma célula cilíndrica longa
• Mas, da Eq. (*1), temos que os valores de i1 e i2 serão dados por
• Substituindo (7.3a) e (7.3b) em (7.3c) temos:
• (O sinal de i1 não entra pois este se refere à direção da corrente dentro do axônio e aqui estamos considerando apenas o efeito das fontes/drenos pontuais de corrente do lado de fora, que possuem a simetria esférica mencionada previamente).
• A Eq. (7.4) vale para qualquer distância do axônio, desde que o potencial de ação possa ser aproximado pelo modelo da Fig. 7.4
O potencial externo é pequeno
• Para verificar que o potencial externo é de fato pequeno (e, portanto, a aproximação usada no Cap. 6 é razoável), vamos usar a Eq. (7.2) para estimar o potencial externo próximo à superfície do axônio, no local onde este será o maior possível, p. ex., em x = 0
• Nesse caso, teremos r2 ≈ x2, r0 = a, e, supondo que a variação do potencial interno seja ni, temos:
• Mas x2 » a, o que implica que , portanto
O potencial externo é pequeno
• Próximo de x = x2, o potencial será
• A ddp entre esses dois pontos é:
• Considerando iguais as condutividade dentro e fora do axônio (si = so) temos
• ou seja, as variações no potencial externo estão para as variações no potencial interno assim como o raio do axônio (que é muito pequeno) está para a distância ao longo da célula na qual temos variação de potencial (geralmente bem maior que o raio do axônio)
• Para o neurônio da lula, temos que x2 ≈ 1 cm. • Supondo a ≈ 0.5 mm, temos:
22x
a
v
v
i
o
40
1
102
5.0
i
o
v
v
O potencial longe da célula
– Se o ponto P está a uma distância r0 da origem e faz um ângulo q com o axônio (i.e., com o eixo x), temos
– Substituindo a aproximação para r2 dada em (7.9) na Eq. (7.2) temos um
modelo útil para o ECG (aquele em que apenas ocorre a repolarização, i.e., em que o potencial apenas retorna ao valor de repouso, como na Fig. 7.3.a):
– Usando a expansão de Taylor até 1ª ordem obtém-se
• Em geral, as medidas do potencial são feitas longe da célula (comparado com a distância sobre a qual o potencial varia). Nesse caso, as retas r1, r0 e r2 são praticamente paralelas (Fig. 7.6)
O potencial longe da célula
• A Eq. (7.11) serve como modelo para o ECG, com as seguintes características: 1. O potencial externo n depende de ni mas não depende de x2. Isso, pois
um aumento de x2 gera uma diminuição na corrente (*1), porém aumenta o potencial devido à maior separação entre fonte e dreno;
2. n cai com 1/r2 ao invés de 1/r (como seria para uma fonte pontual);
3. n varia com o ângulo, é positivo à direita da região de despolarização e negativo à esquerda desta região (Fig. 7.8, curva “Depolarization Only”).
O potencial longe da célula
• Definindo o momento de dipolo de corrente como
(7.12)
e substituindo em (7.11), temos que o potencial externo é
(7.13)
que é dado em A.m (Ampères vezes metros). Ainda podemos reescrever (7.11) como: (7.14)
(7.15)
2
2
2
222 1
avx
a
x
vx
R
vxip ii
i
i
i
ii s
s
32 44
cos
rr
pv
oo ss
q rp
célula da sal transverseção umapor P observaçãode ponto no subtendido
sólido ângulo
2
2
cos4
q
s
s
r
avv
o
iio
i
o
i vv
s
s
4
O potencial longe da célula
• Vamos encontrar r1 e r2 em termos de r, q, x1 e x2. Temos:
• Para ver o caso de pulso completo (como na Fig. 7.4, onde o potencial aumenta e depois retorna ao valor de repouso), usamos a Eq. (7.4)
• Se usarmos a aproximação de Taylor (7.10) até 1ª ordem o resultado é nulo, portanto é necessário melhorar o modelo, como mostrado na Fig. 7.7
O potencial longe da célula
• De (*2) temos
• Substituindo em (*3)
(*5)
• De (*2) temos também que
• Substituindo em (*4):
(*6)
O potencial longe da célula
• Substituindo (*5) e (*6) em (7.4), temos:
• Mas a expansão em série de Taylor de dá:
2/12 )1(
1)(
bxxxf
O potencial longe da célula
•
• Reinserindo o valor de A temos
• Substituindo r0 por um r genérico e rearranjando os termos finalmente temos:
O potencial longe da célula
• Vemos que o decaimento do potencial externo é com r3
• O termo representa a área sob o impulso (Fig. 7.4a)
• E o termo é o polinômio de Legendre P2(cosq). Veremos na próxima seção que estes termos reaparecem para impulsos com diferentes formas
• Em termos do ângulo q, o potencial varia como mostrado na Fig. 7.8 (curva “Complete Pulse”).
O potencial longe da célula
• É interessante notar alguns valores assumidos pela razão entre as condutividades interna e externa: – Ou seja, para um axônio em tecido muscular ou pulmonar (na cavidade
torácica), si (dentro do axônio) ≈ 2 S/m. Obs.: S/m = Siemens/m
– Em suma, vemos que para a despolarização (Eqs. 7.11 e 7.13), o potencial é o de um dipolo de corrente e cai com r2; enquanto que para o pulso completo (Eq. 7.16), o potencial cai com r3, depende da área sob o pulso e sua dependência angular segue o polinômio de Legendre P2(cosq).
– A seguir, veremos como fica o potencial externo para um pulso de forma arbitrária (e não “piecewise-linear” como os modelos vistos até aqui).
O potencial externo para um pulso arbitrário
• No caso geral de um pulso de forma arbitrária, veremos que: – Para a despolarização, o potencial novamente depende do momento de
dipolo;
– Para o pulso completo, o potencial novamente depende da área sob a curva do pulso.
– Continuamos com a suposição do axônio situado ao longo do eixo x num meio condutor homogêneo, isotrópico e infinito. Vamos calcular as correntes externas devidas a cada segmento do axônio
– Consideremos então um segmento do axônio entre x e x+dx. Se a corrente (interna) que entra em x é maior que a que sai em x+dx, a diferença deve estar fluindo para fora (figuras abaixo)
• Pela figura do slide anterior, temos que:
(*)
– Da lei de Ohm para o axoplasma, temos:
– NB: a resistência por unidade de comprimento é dada por
• Substituindo (7.17) em (*), temos que a corrente que sai do
segmento dx do axônio para o meio externo é – Da Eq. (7.1), temos que a corrente dio gera um potencial dv no meio
externo:
O potencial externo para um pulso arbitrário
)/(1 2
ii ar s
• Substituindo (7.18) em (7.20) obtemos
onde r é dado por , com R = (x0, y0) (Fig. 7.10)
O potencial externo para um pulso arbitrário
• O potencial devido a várias correntes é
– Se o raio a do axônio for bem pequeno,
supomos uma distribuição de corrente dio(x) ao longo do eixo x, de forma que o potencial num ponto R é
– onde R é o ponto no qual o potencial é medido e r é a distância do ponto de medida ao ponto no eixo x onde dio é injetada
dvv
2 2
0 0( )r x x y
• Em geral, a Eq. (7.21) é difícil de integrar analiticamente, mas pode ser integrada numericamente. Vejamos um exemplo mais simples, o axônio gigante de um lagostim imerso em água do mar:
– Raio do axônio: a = 60 mm si/so=0,2 – O potencial ni pode ser aproximado pela soma de 3 gaussianas (Fig. 12a):
– A Eq. (7.22) pode ser diferenciada para se obter e usar em (7.21)
– O potencial externo na superfície do axônio (y0 = a) calculado por integração numérica está mostrado na Fig. 7.12b. Note-se na Fig. 7.12 que a ordem de grandeza de n0 é mV contra mV para ni
O potencial externo para um pulso arbitrário
22 / xvi
• Em geral, o potencial externo é menor do que 0,1% do potencial interno – Isso seria diferente se o líquido extracelular não fosse infinito
• O cálculo original de Clark e Plonsey usou técnicas matemáticas muito diferentes (ver Problema 30), no entanto, os resultados são bem semelhantes – Os resultados desse cálculo mais preciso estão plotados na Fig. 7.13
O potencial externo para um pulso arbitrário
• Voltemos à expressão (7.21) para no – Fazendo a aproximação para o caso em que o ponto de observação está
bem longe da célula temos (Fig. 7.10):
– Substituindo em (7.21):
– Utilizando uma expansão em série de Taylor:
O potencial externo para um pulso arbitrário
2/1
2
2/1
22222 )(cos21)(cossin)cos()sin(
R
x
R
xRr
R
xRrrxRR qqqqq
dxx
v
R
x
R
xR
av i
o
i
2
2
2/1
2
2
)(cos21
1
4)(
q
s
sR
;1cos314
3)0("
)1(
2
2
1
)1(
)2(
2
3
2
1)("
;cos2
)0(')1(
2
2
1)('
;1)0()1(
1)(
22
2/322/52
2
2/32
2/12
q
q
bfxbxxbx
bxxf
bf
xbx
bxxf
fxbx
xf
.2
1cos3cos1
22
R
x
R
x
R
xf
• Usando o último resultado em n(R):
• Supondo que x1 e x2 sejam pontos onde , temos que a 1ª integral em (7.24) é nula. A 2ª integral é:
• E a 3ª integral é:
O potencial externo para um pulso arbitrário
dx
x
v
R
x
R
x
R
av i
o
i
2
2222
2
1cos3cos1
4)(
s
sR
0/ xvi
)()( 21
0
2
2 2
1
2
1
2
1
xvxvdxx
v
x
vxdx
x
vx ii
i
x
x
x
x
ii
x
x
dxvxvdxx
vx
x
vxdx
x
vx i
x
x
x
xii
x
x
x
x
ii
x
x
2
1
2
1
2
1
2
1
2
1
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0
2
2
22
dxvR
xvxxvxR
xvxvRR
av i
x
x
iiii
o
i
2
1
2
2
22112
2
21
2)1cos3(
)()()1cos3(
)()(cos
4)(
qqq
s
sR
• Usando este último resultado, vamos calcular n(R) em dois casos: – Despolarização (ECG) – Pulso Completo
• Despolarização (ECG)
– Substituindo na expressão acima, temos
– O primeiro termo da expressão enquadrada é o mesmo resultado obtido no caso especial linear da Eq. (7.11) Eq. (7.26)
– O segundo termo é uma correção, que cai bem mais rapidamente com a distância
O potencial externo para um pulso arbitrário
dxvR
xvxxvxR
xvxvRR
av i
x
x
iiii
o
i
2
1
2
2
22112
2
21
2)1cos3(
)()()1cos3(
)()(cos
4)(
qqq
s
sR
dxvR
vRR
av i
x
x
i
o
i
2
1
2
22)1cos3(cos
4)(
s
sR
1º. termo
• Pulso Completo. Consideramos:
• Progressão dos resultados: – Se olharmos para um dos “lados” de um pulso de despolarização, temos uma fonte ou um dreno
de corrente, e o potencial é proporcional a 1/R (Eq. (7.1)) – isso não ocorre em Fisiologia;
– Se considerarmos toda a parte de despolarização do pulso, o potencial é proporcional a 1/R2 (Eqs. (7.11) e (7.26)) – modelo que serve para o ECG;
– Se considerarmos o pulso completo, o potencial é proporcional a 1/R3 (Eqs. (7.16) e (7.27)) – bom modelo para a condução nervosa.
O potencial externo para um pulso arbitrário
• Isto que fizemos é um exemplo de expansão em multipolos – Definindo , podemos realizar a expansão:
onde os Pn(cosq) são os polinômios de Legendre:
• Todos estes cálculos basearam-se na hipótese de que a corrente flui paralelamente ao eixo da célula, que é conhecida como “aproximação da linha”
• Obviamente, é impossível a corrente no interior do axônio passar através da membrana se ela corre sempre paralela ao eixo do axônio
• Esta aproximação é razoável em casos em que o raio da célula é muito menor que a distância na qual ocorre a despolarização (a « x2)
O potencial externo para um pulso arbitrário
Rx /
• Semelhanças entre as células miocárdicas e as células nervosas:
– Uma membrana separa fluidos intra e extra-celular
– As concentrações dos principais íons são mais ou menos as mesmas
– Os fluidos intra e extra-celular são eletricamente neutros, com exceção de uma pequena quantidade de carga na membrana
– Os canais de íons seletivos são responsáveis pelo início e pela propagação dos potenciais de ação
• Diferenças entre essas células:
– As células miocárdicas em mamíferos possuem comprimento de ~100mm e diâmetro de ~10mm (lembremos que as células nervosas possuem comprimentos de até 1m e diâmetros menores que 1mm até ~20mm);
– Células miocárdicas vizinhas são conectadas por junções comunicantes (gap junctions) – as correntes e os íons fluem diretamente de uma célula a outra – elas formam um “syncytium” (vários núcleos dentro de um mesmo citoplasma).
Propriedades elétricas do coração
No estado de repouso: – Célula atrial possui nrest ≈ –70mV – Célula ventricular possui nrest ≈ –90mV – Quando uma célula despolariza, o potencial
de ação dura de 100 a 300ms (dependendo da espécie)
– A forma do pulso varia entre espécies e em diferentes partes do coração
– Um pulso “típico” está mostrado na Fig. 7.14
Propriedades elétricas do coração
• Na figura, temos: 0. Corrente de sódio (Na+) para dentro da célula; 1. Corrente transitória de potássio (K+) para fora da célula; – Pequena no endocárdio (interior do coração); – Grande em camadas mais externas do coração (epicárdio);
2. Fluxo de cálcio (Ca+2) para dentro (mantém o platô); 3. Abertura dos canais de potássio lentos – fluxo de K+ para fora causa repolarização; 4. Concentração original dos íons é restabelecida.
O coração pode bater isoladamente – Se for removido do corpo e colocado em
uma solução nutriente, continua a bater espontaneamente.
– Em cada batida, uma onda de despolarização varre o coração e ele se contrai.
– A onda é iniciada por fibras especializadas localizadas no átrio direito, no chamado nodo sinoatrial (nodo SA).
Propriedades elétricas do coração
– O nodo SA não possui os canais de Na+ usuais e a despolarização se deve ao cálcio. A forma dos pulsos que ocorrem no nodo SA se parece mais com a dos pulsos das células nervosas (Fig. 6.48)
– A despolarização do nodo SA causa a rápida despolarização do resto do coração. A taxa de disparos do nodo SA é aumentada por meio dos nervos simpáticos (liberam norepinefrina, também chamada de noradrenalina) e diminuída por meio dos nervos para-simpáticos (liberam acetilcolina).
– Dispositivos que produzem disparos periódicos, como o nodo SA, são chamados de free running relaxation oscillators.
• Progresso da despolarização no coração (Fig. 7.15): – O nodo SA dispara. A despolarização varre os átrios; – Quando estes estão completamente despolarizados, não há mais frente de
onda de despolarização, pois os átrios estão separados dos ventrículos por um tecido fibroso que não transmite o impulso – a única conexão é o nodo atrioventricular (nodo AV);
– A despolarização passa pelo nodo AV e se espalha pelos ventrículos via o sistema de condução;
– Finalmente, se espalha através do miocárdio de cada ventrículo até a parede externa
Propriedades elétricas do coração
• O sistema de condução é formado pelo feixe comum (ou feixe de His), os feixes esquerdo e direito, e a rede fina de fibras de Purkinje
• Espontaneamente, o nodo AV se despolariza a uma taxa de 50 batidas/min; em geral suas despolarizações não são desencadeadas pela taxa de batidas mais rápida dos átrios
Propriedades elétricas do coração
– A despolarização é uma frente de onda, enquanto a repolarização é um fenômeno local. Isso ocorre pois à medida que o potencial transmembrana (nm) aumenta, aumenta a condução de Na+.
– O eletrotônus faz com que aumente nm em regiões vizinhas, portanto, a condução de Na+ nessas regiões aumenta: ou seja, o eletrotônus auxilia na propagação do sinal (de despolarização).
– Por outro lado, a condução de K+ também acompanha nm. Quando nm cai, o eletrotônus faz com que o potencial de regiões vizinhas caia, o que diminui a condução de K+, e portanto, retarda a repolarização.
– Além disso, quando nm cai, se aproxima do potencial de Nernst do potássio, o que também auxilia na diminuição da corrente de K+. Por isso, a repolarização é um fenômeno local, ao contrário da despolarização.
– A despolarização se propaga no miocárdio de forma ordenada, e é seguida pela repolarização. Após um breve período refratário, o coração está pronto para bater novamente. Durante esse período as células não respondem a estímulo.
– Em situações anormais, é possível que uma onda de despolarização siga um circuito fechado no miocárdio (circuito reentrante). Geralmente este circunda algum obstáculo, p. ex. uma cicatriz, a aorta, uma artéria pulmonar, ou uma área que possui diferentes propriedades condutoras. Isso pode resultar em um circuito com um ritmo sustentado anormal, se o contorno do obstáculo demorar mais que o período refratário.
Propriedades elétricas do coração
• Cada célula miocárdica se despolariza e repolariza durante o ciclo cardíaco
• O vetor de dipolo de corrente para cada instante é a soma dos vetores de todas as células do coração
• Vamos consider que, inicialmente, todas as células estão completamente polarizadas (repouso) e p = 0
• As células começam a se despolarizar próximo ao nodo SA – uma onda de despolarização varre os átrios
– Para cada célula, p aponta na direção de propagação da onda de despolarização e se move na célula junto com essa onda
– Esses vetores para todas as células constituem a onda que avança e atravessa o coração
• O potencial no ponto de observação pode ser calculado aplicando-se a Eq. (7.13) para cada célula:
onde r = vetor da célula até o ponto de observação (diferente para cada célula)
O vetor dipolo de corrente do coração em função do tempo
• Inicialmente vamos assumir que o ponto de observação está tão longe que r é o mesmo para todas as células – A localização da ponta do vetor dipolo durante o ciclo cardíaco segue
a trajetória mostrada na Fig. 7.16 – As componentes px, py e pz desse vetor variam ao longo do ciclo
cardíaco conforme mostrado à direita da Fig. 7.17
O vetor dipolo de corrente do coração em função do tempo
O vetor dipolo de corrente do coração em função do tempo
• Pequeno loop P – corresponde à despolarização atrial • Loop QRS – corresponde à despolarização ventricular • Loop T – repolarização ventricular • A repolarização atrial fica encoberta pela despolarização ventricular
• O potencial do dipolo em um ponto a uma distância r é
(7.13)
• A ddp entre dois pontos, ambos à
distância r, é
(7.30)
• Derivações – são as ddps medidas entre os eletrodos no ECG
– Vamos continuar supondo que r é o mesmo para todas as células e que o torso é um meio condutor homogêneo e infinito (são ambas suposições estão incorretas, mais adiante veremos modelos melhores)
As derivações (leads) do ECG
34 rv
os
rp
onde R é a distância entre os eletrodos (Fig. 7.18). Portanto, a ddp entre dois eletrodos separados por uma distância (vetor) R e equidistantes de p mede a projeção instantânea de p em R
33
1212
44
)(),(
rrv
oo ss
Rprrprr
– Os eletrodos A, B e C são colocados nos dois pulsos e na perna esquerda.
– Os membros (braços e perna) são vistos como prolongamentos de fios elétricos, portanto é como se o potencial destes eletrodos fosse medido nos pontos de junção destes membros com o tronco (pontos A, B e C da Fig. 7.19).
– As dimensões que aparecem na Fig. 7.19 são as de um adulto padrão.
– As ddps entre esses eletrodos são chamadas de derivações bipolares ou clássicas (limb leads I, II e III), dadas por
• Se a despolarização pode ser descrita por um único dipolo de corrente, então bastam três medidas para caracterizá-la: projeções em três eixos perpendiculares. No entanto, o ECG padrão consiste de 12 medidas feitas com 9 eletrodos
As derivações (leads) do ECG
– Estas ddps são chamadas de derivações aumentadas (augmented limb leads)
– Os nomes terminando em R, L e F se referem a que os vetores que relacionam os pontos entre os quais a ddp está sendo medida apontam aproximadamente para a direita (Right), esquerda (Left) e frente (Frontal)
– Estas derivações são proporcionais às projeções de p em RR, RL e RF
– Os vetores RI, RII, RIII, RR, RL e RF apontam em direções espaçadas de 30o aproximadamente no plano frontal (Fig. 7.20)
• A ddp em I é proporcional à projeção de p em RI, e idem para II e III – Esses potenciais costumam ainda ser
combinados como:
As derivações (leads) do ECG
• Para medir projeções perpendiculares ao plano frontal, usam-se as derivações precordiais (precordial leads) – Para isso posicionam-se eletrodos da forma mostrada na Fig. 7.21
• As ddps são medidas em relação ao ponto central do triângulo ABC, que
equivale à média entre nA, nB e nC
• Isto só é verdade se ignorarmos as diferenças em 1/r2
– Mais sobre isso no próximo slide
As derivações (leads) do ECG
• Se O estiver no centro do triângulo ABC, pela definição de centro temos que RA+ RB+ RC = 0, e RA ≈ RB ≈ RC, portanto
• Portanto segundo esta aproximação, cada derivação precordial mede a projeção de p num vetor que une o centro do triângulo ABC ao eletrodo (precordial)
• Consideremos o ponto D como a posição de um eletrodo precordial (Fig. 7.22). O potencial entre D e O (centro do triângulo ABC) é
• Usando (7.30) para cada termo temos:
As derivações (leads) do ECG
)(3
1CBAD vvvvv
3333 3
1
4
1
CBADo RRRRv CBAD RpRpRpRp
s
34
1
Do Rv DRp
s
Normal: • Quando p possui sua maior magnitude durante a onda QRS, é
quase paralelo a RII e quase não há sinal em aVL, que é perpendicular a RII (Fig. 7.23)
Alguns ECGs
Hipertrofia ventricular direita (Fig. 7.24):
– Devido ao alargamento e ao aumento de espessura do ventrículo direito, p aponta para a direita durante a onda QRS.
– As derivações precordiais V1 e V2 mostram os maiores sinais, pois o ventrículo direito está de frente para a frente do corpo.
– O eletrodo V4R mostrado nesta figura corresponde a um eletrodo simétrico a V4, colocado do lado direito.
Alguns ECGs
Hipertrofia ventricular esquerda (Fig. 7.25):
– Em QRS o dipolo aponta para a esquerda
– O sinal em DI possui um pico anormalmente grande
– O sinal em aVL é grande e positivo
– V2 é negativo
– V4, V5 e V6 possuem picos muito grandes e positivos
Alguns ECGs
• Até aqui vimos o potencial externo resultante da propagação de um impulso nervoso na célula, considerando que o axônio é muito fino e não influi no meio externo, que é homogêneo, isotrópico e infinito
• Vamos agora incluir quatro “aperfeiçoamentos” a este modelo:
1) Ao invés de apenas fluir ao longo do axônio, vamos levar em conta que a corrente deve fluir também radialmente dentro da célula (caso contrário, nunca poderia sair da célula);
2) Vamos abandonar a hipótese de que o axônio ao longo do eixo x não perturba a corrente fora da célula;
3) Vamos reconhecer que a condutividade pode variar com a posição (o que é importante fora da célula, onde há músculo, gordura, pulmões etc.);
4) Vamos levar em conta que a condutividade em um dado ponto pode depender da direção da corrente, p. ex., se esta é paralela ou perpendicular às células – em outras palavras, o meio externo geralmente é anisotrópico.
Refinamentos ao Modelo
• Consideremos uma região do espaço que contém um material condutor que obedece à lei de Ohm. Temos:
ou
Refinamentos ao Modelo
;;;dz
vE
dy
vE
dx
vE zyx
vE
• Se o material é isotrópico e obedece à lei de Ohm:
• Aplicando a equação da continuidade (ou conservação de carga) temos:
(r: densidade de carga/unidade de volume)
• Combinando (7.33) e (7.34) temos:
• Supondo inicialmente que s é a mesma para qualquer posição, podemos escrever as expressões abaixo (supondo que n não possui dependência angular): Coordenadas retangulares:
Coordenadas esféricas:
• Para os aperfeiçoamentos 1 e 2 (corrente deve fluir radialmente e axônio deve perturbar a corrente externa) consideramos que a densidade de carga dentro e fora da célula não varia, i.e. exceto na membrana, onde a carga varia à medida que o potencial através da membrana nm varia.
– Assumindo nm conhecido, podemos aplicar (7.36b) para os meios interno e externo para determinar n em qualquer ponto (interno ou externo):
onde a é o raio do axônio
• Este foi o cálculo realizado para obter os resultados da Fig. 7.13
Refinamentos ao Modelo: o axônio tem raio finito
0/ tr
• Para o aperfeiçoamento seguinte (item 3, condutividade varia com a posição), usamos a Eq. (7.35):
• Numa região sem fontes (meio externo), no obedece que onde so é a condutividade do meio externo, que se assume como sendo piecewise homogênea (homogênea por partes), com diferentes valores para cada tipo de tecido:
– Em cada tecido, o potencial obedece à equação de Laplace ;
– Nas fronteiras entre tecidos, no e a componente normal da corrente são contínuos.
• Esta equação tem sido usada para calcular no na superfície do tórax, com so variando de órgão para órgão.
Refinamentos ao Modelo: condutividade externa não uniforme
02 ov
• Para o último aperfeiçoamento (item 4, meio externo é anisotrópico), substituímos s por um tensor :
• Em coordenadas cartesianas:
• A matriz de condutividade é simétrica, portanto temos apenas 6 coeficientes e não 9 (sxy = s yx etc.).
Refinamentos ao Modelo: condutividade anisotrópica – o modelo de bidomínio
• Para uma pequena região cilíndrica de axoplasma de comprimento h e raio a, cuja superfície está rodeada de membrana, podemos usar a Eq. (6.51) (equação do cabo):
• onde: – ni, no, nm são os potenciais interno, externo e através da membrana respectivamente; – jm = densidade de corrente na membrana = corrente/unidade de área; – cm = capacitância da membrana/unidade de área; – ri = resistência (dentro da célula)/unidade de comprimento.
• Como , temos:
que pode ser reescrito como
onde é a razão entre a área superficial e o volume da célula
• Para células não cilíndricas, b teria outros valores
22
11
aa
h
hh
Rr
ii
ii
ss
Refinamentos ao Modelo (Problema 29): condutividade anisotrópica – o modelo de bidomínio
• Num meio anisotrópico em 3D, esta última equação fica:
• Podemos escrever uma equação análoga para o lado de fora (já que corrente que pára de fluir no meio interno deve fluir para fora):
Refinamentos ao Modelo (Problema 29): condutividade anisotrópica – o modelo de bidomínio
• A carga pode passar livremente entre os dois domínios, mas a carga total dentro do voxel se conserva, portanto
• Os análogos anisotrópicos de (7.40) e (7.41) são:
• As diferenças entre estas equações e (7.40) e (7.41) são: – O lado esquerdo de (7.42) não possui mais a restrição sobre a membrana, já que
todos os voxels considerados contêm meio externo e meio interno – o lado esquerdo destas equações depende da posição;
– b agora é a razão entre a superfície da membrana e o volume para todo o bidomínio (voxel). P. ex., se considerarmos células cilíndricas de raio a e comprimento h que ocupam uma fração f do volume total:
0)( oi jj
).~(
),~(
oomm
m
iimm
m
vjt
vc
vjt
vc
sb
sb
a
ff
ha
ha 222
b
Refinamentos ao Modelo (Problema 29): condutividade anisotrópica – o modelo de bidomínio
Refinamentos ao Modelo (Problema 29): condutividade anisotrópica – o modelo de bidomínio • A anisotropia tem um papel importante no modelo de bidomínio
– Isto, pois num modelo monodomínio, geralmente é possível realizar uma transformação de coordenadas que “remove” o efeito da anisotropia. Por ex., a equação de Laplace para um monodomínio em 2D é
• Definindo e , esta expressão resulta em
• No caso do bidomínio, esse tipo de truque só funcionaria se six/siy = sox/soy, o que não ocorre para o coração (essa razão entre componentes do tensor de condutividade é aproximadamente 10 para o meio interno e 4 para o meio externo).
• Portanto a anisotropia tem um papel importante no comportamento elétrico do coração, especialmente durante a estimulação elétrica.
xx ' yyoy
ox
s
s'
• Eletrodos podem ser usados para: – Estudos de eletromiografia; – Estimular a contração de músculos; – Restauração parcial da audição com implante coclear; – Marcapasso cardíaco; – Desfibrilação.
• Eles podem ser colocados: – Dentro de células; – Dentro ou sobre músculos; – Sobre a pele.
• Um pulso de corrente é enviado ao eletrodo de estimulação. A corrente necessária para produzir uma resposta depende – Da forma, tamanho e localização do eletrodo; – Da duração do pulso.
Estimulação elétrica
• Para um dado eletrodo, quanto mais curto o pulso, maior a corrente necessária para produzir uma resposta no tecido – Para pulsos longos, existe uma corrente mínima necessária chamada de
reobase – é a mínima intensidade de corrente, teoricamente a ser aplicada por um tempo infinito, necessária para produzir um estímulo elétrico que promova uma contração muscular limiar.
– Há uma expressão empírica que descreve a curva de intensidade versus duração da corrente, dada por
onde – i = corrente necessária para o estímulo; – iR = corrente mínima ou reobase; – t = duração do pulso; – tc = cronaxia – é o tempo mínimo que deve ser utilizado com corrente 2iR
para desencadear um potencial de ação.
– Esta equação fornece um ajuste empírico para dados experimentais.
Estimulação elétrica
• A Eq. (7.45) também é usada para eletrodos de superfície. Quanto mais longe o eletrodo estiver do tecido a ser estimulado, maior a corrente de reobase necessária.
– Os eletrodos podem ser catodos (coletam carga positiva / emitem carga negativa para o meio) ou anodos (coletam carga negativa / transferem carga positiva para o meio).
– Se um anodo estiver dentro da célula, despolariza a célula.
– Se estiver fora da célula, hiperpolariza a região próxima da célula, e despolariza regiões mais distantes (Fig. 7.29).
– Um catodo terá o feito contrário.
Estimulação elétrica
• Marcapassos cardíacos:
– São eletrodos implantados para restaurar o batimento cardíaco (Fig. 7.31).
– Servem para tratar doenças do coração, sendo a mais comum a bradicardia (batimento anormalmente lento) associada a tonturas, desmaios ou parada cardíaca.
• A bradicardia pode originar-se de problemas no nodo sino-atrial (bradicardia sinusal) ou no sistema de condução.
– Um marcapasso pode ser usado temporariamente ou permanentemente.
Estimulação elétrica
– Pode ser introduzido no corpo: • Através de uma veia do ombro ao ventrículo direito; • Colocado diretamente no miocárdio através de cirurgia.
• Ainda sobre marcapassos cardíacos: – Às vezes dois eletrodos são utilizados, um no átrio e outro no ventrículo. – O eletrodo marcapasso pode ser uni ou bipolar:
• Unipolar – a corrente de estimulação flui no miocárdio e retorna à caixa do eletrodo, que é geralmente colocada num “bolso” no músculo do tórax perto do ombro;
• Bipolar – a corrente vai para um eletrodo colocado alguns centímetros atrás do eletrodo ponta.
– A superfície da ponta (eletrodo) geralmente é da ordem de 10mm2.
– A densidade de corrente necessária para iniciar a despolarização é da ordem de 100A/m2.
– Portanto a corrente de reobase é aproximadamente 100A/m2 / 10mm2 = 1mA.
– A resistência do tecido é geralmente da ordem de 500Ω, portanto a voltagem aplicada é da ordem de 0,5V.
– Após a implantação do eletrodo, o tamanho do pulso de voltagem necessário
para o estímulo aumenta devido a que cresce tecido inflamatório ao redor do eletrodo. • Após aproximadamente 6 meses esse tecido se converte em cápsula fibrosa – o tamanho efetivo
do eletrodo é maior que o original, porém menor que durante a inflamação.
Estimulação elétrica
• Desfibriladores: – São usados para restaurar o ritmo
cardíaco normal quando ocorre fibrilação.
– Fibrilação – ocorrência de frentes de onda reentrantes que interagem entre si e se propagam de forma caótica – resultam em que os ventrículos (ou os átrios) não mais se contraem e não ocorre mais o bombeamento de sangue – a pessoa pode morrer em poucos minutos.
– Os desfibriladores implantados são similares aos marcapassos, porém maiores.
– Os desfibriladores medem o ECG continuamente, e quando se detecta um sinal que indica fibrilação, disparam um choque elétrico forte que restaura o ritmo normal.
Estimulação elétrica
• Muito pode ser aprendido sobre o cérebro medindo o potencial elétrico na superfície do couro cabeludo. Tais dados são chamados de eletroencefalograma (EEG)
• O EEG é utilizado para diagnosticar distúrbios cerebrais, para localizar a fonte de atividade elétrica no cérebro em pacientes que sofrem de epilepsia, e como uma ferramenta de pesquisa para saber mais sobre como o cérebro responde aos estímulos ("respostas evocadas") e como ela muda com o tempo ("plasticidade").
O Eletroencefalograma (EEG)
• Tipicamente, o EEG é medido a partir de 21 eletrodos ligados ao couro cabeludo, de acordo com o sistema de "10-20" (Fig.7.34)
• Um sinal típico de um eletrodo eletroencefalográfico é mostrado no painel de topo da Fig. 11.38
– Uma dificuldade na interpretação do
EEG é a falta de um eletrodo de referência apropriado. Nenhum dos 21 eletrodos na Fig. 7.34 qualifica-se como uma região distante contra a qual todas as outras gravações potencial podem ser medidas.
– Uma maneira de contornar essa dificuldade é subtrair de cada potencial medido a média de todos os potenciais medidos. Nos problemas, você está convidado a provar que esse “registro médio de referência" não depende da escolha do eletrodo de referência, é um método independente de referência.
O Eletroencefalograma (EEG)