Características e Controle da Sarna na Produção Integrada...

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33 Características e Controle da Sarna na Produção Integrada de Maçã José Itamar S. Boneti Yoshinori Katsurayama Rosa Maria Valdebenito Sanhueza A sarna é a principal doença da macieira nas regiões de clima temperado e úmido. É uma doença de distribuição generalizada, sendo encontrada em todas regiões produtoras de maçã do mundo. No Brasil, foi relatada pela primeira vez em 1950, no Estado de São Paulo. Em regiões onde a primavera e o verão apresentam alta umidade e temperatura amena, como ocorre no Sul do país, essa doença pode causar perdas de até 100% na produção de maçãs. A severidade da epidemia da sarna varia de ano para ano. Depende de fatores como: severidade da doença no ciclo anterior (fonte de inóculo primário) e condições climáticas. As perdas causadas pela doença se manifestam, diretamente, por meio da queda das flores, queda e depreciação comercial dos frutos e, indiretamente, pelo desfolhamento e conseqüente diminuição do vigor das plantas. Sintomas O sintoma da sarna é muito típico e manifesta-se nas folhas, ramos novos, flores, pedúnculos e frutos (Fig. 1). Nas folhas novas, tanto na página inferior quanto na superior, surgem, inicialmente, pequenas manchas de cor verde-oliva que se tornam acinzentadas com o passar do tempo. As lesões possuem forma circular e isoladas ou podem coalescer, espalhando-se por toda a superfície foliar. Infecções severas podem afetar o pecíolo, causando a queda precoce das folhas. A infecção nos frutos pequenos provoca rachadura, deformação, além da queda prematura. Os frutos em fase de maturação também podem ser infectados. Nesse caso, as lesões são circulares com, no máximo, 2 mm a 3 mm de diâmetro e coloração escura. Na cv. Golden Delicious, essas lesões são inicialmente vermelhas, assemelhando-se ao ataque de cochonilhas, as quais vão escurecendo à medida que se desenvolvem. As lesões, uma vez os frutos infectados na fase de maturação, continuam a se desenvolver durante o período de armazenagem na câmara frigorífica. Os ramos novos também podem ser infectados, havendo a formação de lesões e cancros. Entretanto não é comum em pomares comerciais onde as plantas são pulverizadas com fungicidas. Agente Causador A sarna da macieira é causada pelo fungo Venturia inaequalis (Cke.) Wint., cuja fase anamorfa corresponde à Spilocaea pomi Fr. O fungo produz uma estrutura reprodutiva de formato globoso, denominada de pseudotécio, nas folhas velhas caídas sobre o solo. Os pseudotécios, que podem estar agrupados ou dispersos, medem 90-160 μm de diâmetro, são ligeiramente papilados no ostíolo e com setas medindo 25-75 μm. Os ascos, 50 a 100 por pseudotécio, são longos, cilíndricos, bitunicados, medem 55 a 75 x 6 a 12 μm e contêm oito ascosporos. Os ascosporos (11 a 15 x 5 a 7 μm) são septados na terça parte superior, hialinos quando novos e castanhos-claros quando maduros. A parte superior apresenta um formato cônico e a inferior arredondada. O tamanho desigual das duas células deu origem ao nome do fungo (Fig. 2). O fungo, na sua fase anamorfa, apresenta micélio hialino quando jovem, o qual vai escurecendo com o passar do tempo formando um estroma subcuticular ou intra- epidermal. Os conidióforos (90 x 5 a 6 μm), formados a partir do estroma, são curtos, eretos, intumescidos na base e de cor castanha. Apenas um conídio (12 a 22 x 6 a 9 μm) é formado na ponta de cada conidióforo (Fig. 2). Ciclo da Doença Venturia inaequalis possui um ciclo de vida (Fig. 3) constituído de duas fases distintas: uma fase saprofítica ou sexuada que ocorre durante o período de repouso da macieira,

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Características e Controle da Sarna na Produção Int egrada deMaçã

José Itamar S. BonetiYoshinori Katsurayama

Rosa Maria Valdebenito Sanhueza

A sarna é a principal doença da macieira nasregiões de clima temperado e úmido. É umadoença de distribuição generalizada, sendoencontrada em todas regiões produtoras demaçã do mundo. No Brasil, foi relatada pelaprimeira vez em 1950, no Estado de SãoPaulo. Em regiões onde a primavera e overão apresentam alta umidade etemperatura amena, como ocorre no Sul dopaís, essa doença pode causar perdas deaté 100% na produção de maçãs.

A severidade da epidemia da sarna varia deano para ano. Depende de fatores como:severidade da doença no ciclo anterior (fontede inóculo primário) e condições climáticas.

As perdas causadas pela doença semanifestam, diretamente, por meio da quedadas flores, queda e depreciação comercialdos frutos e, indiretamente, pelodesfolhamento e conseqüente diminuição dovigor das plantas.

Sintomas

O sintoma da sarna é muito típico emanifesta-se nas folhas, ramos novos, flores,pedúnculos e frutos (Fig. 1). Nas folhasnovas, tanto na página inferior quanto nasuperior, surgem, inicialmente, pequenasmanchas de cor verde-oliva que se tornamacinzentadas com o passar do tempo. Aslesões possuem forma circular e isoladas oupodem coalescer, espalhando-se por toda asuperfície foliar. Infecções severas podemafetar o pecíolo, causando a queda precocedas folhas.

A infecção nos frutos pequenos provocarachadura, deformação, além da quedaprematura. Os frutos em fase de maturaçãotambém podem ser infectados. Nesse caso,as lesões são circulares com, no máximo, 2mm a 3 mm de diâmetro e coloração escura.Na cv. Golden Delicious, essas lesões sãoinicialmente vermelhas, assemelhando-se aoataque de cochonilhas, as quais vãoescurecendo à medida que se desenvolvem.As lesões, uma vez os frutos infectados nafase de maturação, continuam a se

desenvolver durante o período dearmazenagem na câmara frigorífica.

Os ramos novos também podem serinfectados, havendo a formação de lesões ecancros. Entretanto não é comum empomares comerciais onde as plantas sãopulverizadas com fungicidas.

Agente Causador

A sarna da macieira é causada pelo fungoVenturia inaequalis (Cke.) Wint., cuja faseanamorfa corresponde à Spilocaea pomi Fr.

O fungo produz uma estrutura reprodutivade formato globoso, denominada depseudotécio, nas folhas velhas caídas sobreo solo. Os pseudotécios, que podem estaragrupados ou dispersos, medem 90-160 µmde diâmetro, são ligeiramente papilados noostíolo e com setas medindo 25-75 µm. Osascos, 50 a 100 por pseudotécio, sãolongos, cilíndricos, bitunicados, medem 55 a75 x 6 a 12 µm e contêm oito ascosporos.Os ascosporos (11 a 15 x 5 a 7 µm) sãoseptados na terça parte superior, hialinosquando novos e castanhos-claros quandomaduros. A parte superior apresenta umformato cônico e a inferior arredondada. Otamanho desigual das duas células deuorigem ao nome do fungo (Fig. 2).

O fungo, na sua fase anamorfa, apresentamicélio hialino quando jovem, o qual vaiescurecendo com o passar do tempoformando um estroma subcuticular ou intra-epidermal. Os conidióforos (90 x 5 a 6 µm),formados a partir do estroma, são curtos,eretos, intumescidos na base e de corcastanha. Apenas um conídio (12 a 22 x 6 a9 µm) é formado na ponta de cadaconidióforo (Fig. 2).

Ciclo da Doença

Venturia inaequalis possui um ciclo de vida(Fig. 3) constituído de duas fases distintas:uma fase saprofítica ou sexuada que ocorredurante o período de repouso da macieira,

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nas folhas caídas sobre o solo, e outra faseparasítica ou assexuada que se manifestadurante o período vegetativo da macieira.

No outono, após a morte das células dasfolhas infectadas, caídas sobre o solo, omicélio do fungo começa a penetrarprofundamente nos tecidos dessas folhas einicia a formação dos pseudotécios. Oanterídio e o ascogônio precisam seroriginados de indivíduos distintos, uma vezque o fungo é tipicamente heterotálico. Opseudotécio é formado durante o outono e oinverno, sendo que a temperatura ideal variade 4°C a 12°C. Por outro lado, temperaturasmuito baixas (-1°C) ou muito altas (15°C a22°C) impedem a sua formação. Além datemperatura, a umidade também afeta aformação dos pseudotécios, não havendoformação em folhas mantidas secas.

A maturação e a liberação dos ascosporosocorrem durante o final do inverno e início daprimavera e dependem de temperaturasmais altas e presença de água. O máximo deliberação de ascosporos ocorreu após 260,180, 105 e 75 minutos em temperaturasconstantes de 0, 5, 10 e 20°C,respectivamente. Assim, liberações maiorese mais rápidas foram observadas nastemperaturas mais altas, de 10°C e 20°C.Por outro lado, em temperaturas baixas (2°Cou menos), praticamente não se observa aliberação de ascosporos. Na região de SãoJoaquim, a liberação de ascosporos iniciaem agosto, um pouco antes da brotação da

macieira, atinge liberação máxima durante afloração, nos meses de setembro e outubro,e termina durante o mês de novembro (Fig.4).

A liberação de ascosporos ocorre durante osperíodos chuvosos, sendo que cerca de 96%a 97% são liberados durante o dia e 3% a4% durante a noite. Existe uma correlaçãopositiva entre o espectro de luz e aquantidade de ascosporos liberados. Maiorliberação de ascosporos ocorre logo após onascer do sol. Nesta hora, predomina a luzcom comprimento de onda de 625 a 725 nmque estimula a liberação de ascosporos. Adescarga máxima de ascosporos éobservada três a seis horas após o início dachuva, muito embora os mesmos só possamser capturados após precipitação mínima de0,2 mm. Embora possa haver liberação napresença de orvalho, existe um consensoentre os pesquisadores que estesascosporos só causam infecção caso hajapresença de chuva seguida da presença deorvalho.

A época de queda das folhas tambéminfluencia o potencial de inóculo da doençano pomar.

Em São Joaquim, SC, observou-se que maisde 95% do total de ascosporos liberados,durante a primavera, são oriundos de folhascaídas durante os meses de maio e junho(Tabela 1).

Tabela 1. Liberação de ascosporos de V. inaequalis em relação às diferentes épocas de quedade folhas da macieira em São Joaquim, SC.

Época da queda das folhas Liberação de ascosporos (nº)1 Liberação de ascosporos (%)9/1 0 0

10/2 0 010/3 303 2,525/4 209 1,715/5 1.751 14,424/5 5.812 47,918/6 4.049 33,5

1 Número de ascosporos por lâmina de microscopia.

O umedecimento da folha, por meio demecanismo osmótico, provoca oalongamento do asco maduro e força a suapassagem através do ostíolo, liberando osascosporos. Praticamente todos osascosporos são liberados a cerca de 6 mmacima da superfície foliar. A corrente de ar éa responsável pela disseminação dosascosporos. A probabilidade de infecção da

sarna aumenta com o número deascosporos presentes no ar próximo aostecidos suscetíveis das macieiras. Aturbulência atmosférica, bem como o efeitode lavagem da chuva, provoca diminuiçãona concentração de ascosporos à medidaque aumenta a distância da fonte de inóculo.Assim, as fontes externas de ascosporosnem sempre são importantes quando

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comparadas com as fontes internas.Entretanto, a importância depende muito dotamanho e da distância da fonte externa deascosporos, da direção e velocidade dovento e da intensidade e duração da chuva.Há previsão, através de modelo, que umpomar abandonado de 1 ha pode fornecerinóculo suficiente para causar infecção emum pomar localizado entre 2 km e 5 km.Uma vez depositado sobre a superfície dafolha ou fruto, os ascosporos iniciam agerminação (Fig. 5). Para tanto, énecessária a presença de água livre por um

determinado tempo. De acordo com a tabelade Mills, esse período é variável e estárelacionado diretamente com a temperatura(Tabela 2). Em temperatura média de16,1°C, o período mínimo é de 9 horas paraque ocorra infecção leve, enquanto que a6,1°C são necessárias 21 horas com águalivre sobre a folha. A infecção não ocorre emtemperaturas acima de 26°C. Os conídios,para causar infecção, requerem cerca dedois terços do tempo de molhamento foliarem relação aos ascosporos (Tabela 2).

Tabela 2. Período de molhamento foliar necessário para a infecção primária (ascosporos) dasarna da macieira em diferentes temperaturas e o tempo necessário para o aparecimento daslesões (Período de Incubação) – Tabela de Mills1.

Período de molhamento foliar (horas)3Temperatura2

(oC) Infecção leve Infecção moderada Infecção severaPeríodo de

incubação (dias)4

25.6 13.0 17.0 26.0 -25.0 11.0 14.0 21.0 -24.4 9.5 12.0 19.0 -

17.2-23.9 9.0 12.0 18.0 916.7 9.0 12.0 19.0 1016.1 9.0 13.0 20.0 1015.6 9.5 13.0 20.0 1115.0 10.0 13.0 21.0 1214.4 10.0 14.0 21.0 1213.9 10.0 14.0 22.0 1313.3 11.0 15.0 22.0 1312.8 11.0 16.0 24.0 1412.2 11.5 16.0 24.0 1411.7 12.0 17.0 25.0 1511.1 12.0 18.0 26.0 1510.6 13.0 18.0 27.0 1610.0 14.0 19.0 29.0 169.4 14.5 20.0 30.0 178.9 15.0 20.0 30.0 178.3 15.0 23.0 35.07.8 16.0 24.0 37.07.2 17.0 26.0 40.06.6 19.0 28.0 43.06.1 21.0 30.0 47.05.5 23.0 33.0 50.05.0 26.0 37.0 53.04.4 29.0 41.0 56.03.9 33.0 45.0 60.03.3 37.0 50.0 64.02.7 41.0 55.0 68.0

0.5-2.2 48.0 72.0 96.01 Tabela de MILLS (1944), modificada por JONES et al. (1984).2 Temperatura média observada durante o período de molhamento foliar.3 O início do período de infecção é considerado a partir do início da chuva.4 Números de dias, a partir do início da chuva, previstos para o aparecimento do sintoma.Obs.: Os conídios, para causar infecção, requerem cerca de dois terços do tempo de molhamento foliar em relação aos

ascosporos.

Nos frutos, o período de molhamentonecessário, para que ocorra a infecção, émaior do que o requerido pelas folhas e vaiaumentando, à medida que os mesmos vão

se desenvolvendo, a partir da floração até afase de maturação. A 20°C são necessáriascerca de 30 horas de molhamento, enquantoque em temperaturas mais baixas que 9,3°C

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são necessárias 54 horas. Os frutos em fasede maturação também são passíveis deinfecção, resultando na chamada sarna deverão.

Na prática, o início do período de infecção écaracterizado pelo início de um períodochuvoso. Na região de São Joaquim, ascondições climáticas são extremamente

favoráveis para a sarna, onde se observam,em média, a ocorrência de 18 períodos deinfecção, com duração média de 33 horas demolhamento foliar por ciclo vegetativo damacieira (Tabela 3) de acordo com a tabelade Mills. Isso significa que os períodos deinfecção ocorrem, em média, a cada quatroou cinco dias.

Tabela 3. Caracterização dos períodos de infecção (PI) da sarna da macieira de acordo com aTabela de Mills, na região de São Joaquim, SC (1983 a 1999).

MêsPeríodos de infecção(PI) Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Média

Número1 0,9 4,6 6,9 5,2 0,2 17,9PMF (h)2 49 40 31 29 24 33Temperatura (ºC)3 10,1 10,9 12,5 14,2 15,3 12,5Precipitação (mm)4 33,6 30,2 23,7 19,3 15,0 24,5Ascosporos (nº)5 2.046 3.976 749 39 2 1.434

1 Número de PI de acordo com Tabela de Mills.2 PMF = Duração do período de molhamento foliar em horas.3 Temperatura média durante o PI.4 Precipitação ocorrida durante o PI.5 Número de ascoporos liberados em duas lâminas de microscopia.Fonte: Estação de Avisos Fitossanitários de São Joaquim (1999).

Na ponta do tubo germinativo de cadaascosporo se forma um apressório e destesai um tubo micelial delgado que perfura acutícula e a parede externa das células daepiderme das folhas ou dos frutos. Somenteo micélio é que se estabelece,subcuticularmente, no hospedeiro, de formaramificada, produzindo um grande númerode conídios que pressionam as células dacutícula, provocando, então, o seurompimento. Após um período de 9 a 17 diasdo início da chuva (Tabela 2), surgem aslesões típicas da doença.

Os conídios, produzidos na quantidade deaté 100.000 por lesão, são os responsáveispela infecção secundária. A águanovamente, é o principal fator nadisseminação, pois provoca o inchamentodos conidióforos e o imediato destacamentodos conídios, os quais são carregados paraoutras partes das plantas pelos respingos deágua e pela corrente de ar. Havendo águalivre, os conídios iniciam a germinação demodo similar ao dos ascosporos. Enquantoque a germinação dos esporos e a infecçãosão altamente dependentes da umidaderelativa e do período de molhamento, odesenvolvimento posterior da patogênesedepende da temperatura. A expansãomáxima das lesões ocorre a 19°C, compouca expansão a 0°C, ou acima de 26°C. A

produção de conídios ocorre quando aumidade relativa do ar é maior que 60%.

Vários ciclos da doença podem ocorrerdurante a fase vegetativa da macieira, osquais dependem do número de períodos deinfecção e da disponibilidade de tecidosuscetível do hospedeiro.

No outono, as folhas caem e o fungo reiniciao processo de formação dos pseudotécios,dando continuidade ao ciclo da doença. Emcultivares silvestres ou em pomares nãotratados, o fungo pode se manter, durante oinverno, na forma de micélio ou de conídiospresentes nas lesões que ocorrem nosramos de crescimento e também no interiordas gemas. Entretanto esse modo desobrevivência não assume grandeimportância, ou ocorre muito raramente empomares comerciais. Por outro lado, servecomo via de disseminação da doença paranovos plantios.

Controle

Até o presente momento, o controle da sarnaestá baseado no uso de fungicidas. Asaplicações são realizadas de acordo com oestádio fenológico (Fig. 6) e a evolução dosperíodos de infecção (desenvolvimento do

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fungo), conforme a Tabela de Mills (Fig. 5 e7).

O período crítico para a ocorrência da sarnase inicia com a brotação da macieira, no mêsde setembro, e prolonga-se até o final domês de novembro (Fig. 4), quando cessa aliberação de ascosporos. Nesse período,ocorre uma rápida expansão foliar edesenvolvimento dos ramos terminais.

Para se obter um controle eficiente, além domomento da aplicação, é fundamental quese conheçam as características de cadafungicida, o modo de ação e a atividadesobre o desenvolvimento da sarna. Paratanto, são utilizados fungicidas protetores,curativos e erradicantes (Tabela 4) deacordo com a classificação elaborada porSzkolnik (1981) e descrita a seguir.

• Atividade pré-infecção (açãoprotetora)

Os fungicidas têm que ser aplicados antesou durante a ocorrência de um período deinfecção (período chuvoso) normalmente até24 horas após o início da chuva (Fig. 5 e 7).É necessário que o produto entre em contatocom o esporo do fungo, já que estesfungicidas não têm a capacidade de penetrarno tecido do hospedeiro. Assim, em caso detemperatura baixa, durante um período deinfecção, o desenvolvimento do fungo torna-se mais lento, permitindo que o fungicidaprotetor permaneça em contato por maiortempo com o esporo em germinação,aumentando a possibilidade de controle. Osfungicidas protetores são removidos pelaação de chuvas de 25 mm. Os fungicidasdithianon, kresoxim-methyl e trifloxistrobin,no entanto, são mais resistentes à remoçãodo que os demais fungicidas protetores. Osfungicidas de ação protetora são captan,folpet, mancozeb, chlorothalonil, metiram,propineb, fluazinam, dithianon, dodine,kresoxim-methyl, trifloxistrobin, pyrimethanile ciprodinil (Tabela 4).

• Atividade pós-infecção (ação curativa)

Os fungicidas possuem a capacidade depenetrar no tecido hospedeiro, inibindo odesenvolvimento do fungo e prevenindo oestabelecimento de lesões mesmo quandoaplicados 72 a 96 horas após o início de umperíodo de infecção (Fig. 5 e 7). Na prática,se considera como início do período deinfecção o início de um período chuvoso queé capaz de causar infecção. Váriosfungicidas, notadamente os Inibidores daBiossíntese de Ergosterol (IBEs) comofenarimol, prochloraz, tebuconazole,

triflumizole, myclobutanil, fluquinconazole,difenoconazole, apresentam essacaracterística. Por outro lado, sãoconsiderados, de um modo geral, comofungicidas de baixa eficiência protetora (trêsdias), não atuando sobre a germinação deesporos. Os fungicidas IBEs que, na suamaioria, pertencem aos grupos químicos dostriazóis, imidazóis e pirimidinas, inibem abiossíntese de ergosterol, causando oacúmulo das substâncias precursoras nacélula fúngica e, conseqüentemente, a mortedessas células. O ergosterol é umcomponente muito importante para aestrutura da parede celular de determinadosfungos, a exemplo de V. inaequalis. Osfungicidas IBEs são produtos de açãobastante específica, portanto com potencialpara o surgimento de resistência a qual podeser do tipo cruzada, conforme já foiconstatada anteriormente para osbenzimidazóis. Como medida, visando evitarou retardar o aparecimento de resistência,recomenda-se que os fungicidas curativossejam usados criteriosamente e aplicadosem mistura com outros fungicidas protetores.Considerando que o desenvolvimento daresistência está relacionado com o númerode aplicações ao longo dos anos, o uso deIBEs na Produção Integrada de Maçãs noBrasil está limitada, no máximo, a seispulverizações anuais. Além da possibilidadede se retardar o processo de resistência,tem-se observado que o uso de misturas defungicidas, com distintos modos de açãosobre V. inaequalis, proporciona controlemais eficiente da sarna.

Alguns fungicidas IBEs, como o fenarimol e ofluzilazol, são absorvidos mais lentamentepelas folhas da macieira em condições detemperaturas abaixo de 10°C, não havendomuitos estudos em relação aos demais IBEs.Além disso, a quantidade absorvida dependeda concentração aplicada e da idade dasfolhas, sendo que nas folhas novas aabsorção é maior. Embora na Europa seafirme que a eficiência dos fungicidas IBEscaia rapidamente em temperaturas abaixo de10°C, não existem relatos, na literatura,sobre o efeito desta na eficiência de todos osfungicidas IBEs em uso no Brasil. Se, por umlado, temperatura baixa afeta a absorção dosfungicidas, por outro também retarda apatogênese da sarna. Assim, o tempo deformação de apressórios, durante o processode infecção, é praticamente duas vezesmaior na temperatura de 5°C do que oobservado em temperaturas mais altas (10°Ca 20°C), o que também pode afetar a

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eficiência dos fungicidas, conforme jáabordado para os fungicidas protetores.

Os fungicidas IBEs são, normalmente,absorvidos pelas folhas ou frutos dentro dequatro a seis horas após a pulverização.

Tabela 4. Características dos fungicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento e recomendados para o controle da sarna da macieira.

AtividadeFungicida

Dose(p.c./100 L

ou ha)1 Protetora Curativa2

(h)Pré-

sintoma3Erradicante4

(pós-sintoma)

Carência(dias)

Captan PM 240 g B SA* SA5 SA 1Captan SC 240 mL B SA* SA SA 1Folpet 210 g B SA* SA SA 1Chlorothalonil6 150 g B SA* SA MB 7Chlorothalonil SC6 300 mL B SA SA MB 14Fluazinam 100 mL B SA* SA SA 14Mancozeb 200 g B SA* SA SA 7Propineb 4 kg/ha B SA SA SA 7Metiram 3 kg/ha B SA SA SA 7Dithianon 125 g MB SA* SA SA 21Kresoxim-methyl 20 mL B 48 F E 35Trifloxistrobin 7,5-10 g B 48 F E 7Pyrimethanil 100-150 mL B 48-72 SI SA 14Ciprodinil 20 g B 48-72 SI SA 21

Dodine SC7 85-130 mL B 36 MB E 14

Tebuconazole SC 40-50 mL F 96 MB SA 20Tebuconazole PM 30-50 g F 96 MB SA 20Prochloraz 50-60 g F 96 MB SA 50Fluquinconazole 20 g F 96 SI SA 14Fenarimol 40-60 mL F 96 MB SA 28Difenoconazole 14 mL F 96 MB SA 5Myclobutanil 10-12 g F 96 MB SA 14Tetraconazole 40-50 mL F 72-96 MB SA 7Triflumizole 40-50 g F 96 MB SA 7Fosfito de K8 300 mL - - - - -

1 As doses são oriundas de resultados obtidos em ensaios de campo realizados com aplicações a alto volume (1.300 a1.500 L/ha). A dose por hectare corresponde ao uso de 1.500 L de calda/ha.

2 Tempo de ação do fungicida após o início da chuva.3 Eficiência quando aplicado dois a três dias antes do aparecimento dos sintomas.4 Ação anti-esporulante.5 Escala de eficiência dos fungicidas: fraca (F), moderada (M), boa (B), muito boa (MB), excelente (E), sem ação (SA) e

sem informação (SI).6 Fungicida causador de “russeting” severo. Deve ser usado no início do ciclo (uma ou duas aplicações) e a partir de

janeiro.7 Fungicidas que podem aumentar a severidade de “russeting”.8 Produto indutor de resistência nas plantas.(*) Fungicidas de ação protetora, os quais devem ser usados até 24 horas após o início do período de infecção.Obs.: A soma dos tratamentos com fungicidas IBEs não deve ultrapassar a 6 aplicações por safra. A soma de

tratamentos com fungicidas do grupo das Strobilurinas não deverá ultrapassar a 4 por safra. Os fungicidas à basede chlorothalonil não deverão ser aplicados mais do que 3 vezes por safra. As intervenções com os fungicidasdithiocarbamatos deverão ser realizadas alternadamente com fungicidas de outros grupos químicos, permitindo-seo uso seqüencial em períodos de alto risco.

Alguns fungicidas pertencentes a outrosgrupos químicos como o pyrimethanil eciprodinil que serão descritosposteriormente, também apresentam açãocurativa (48 a 72 horas) sobre a sarna damacieira.

• Atividade pré-sintoma (ação curativa)

É um tipo de atividade pós-infecção (Fig. 5 e7). Neste caso, os fungicidas, quandoaplicados dois a três dias antes doaparecimento dos sintomas, apesar de nãoprevenirem completamente o aparecimentodas lesões, possibilitam a formação de

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atípicas, cloróticas ou necróticas, comprodução reduzida ou inviabilizada deconídios. Dependendo do período deincubação, fungicida, dosagem e momentode aplicação, a atividade pré-sintoma seconfunde com a ação de pós-infecção. Osfungicidas IBEs e o dodine apresentam essetipo de atividade.

• Atividade pós-sintoma (açãoerradicante )

O fungicida, uma vez aplicado sobre a lesãoesporulada (Fig. 1 L e 1 M), evita a formaçãode novos conídios e os poucos que seformam são inviáveis (Fig. 5 e 7). Essacaracterística é muito importante para reduziro progresso da doença. Os fungicidaskresoxim-methyl, trifloxistrobin, dodine e, emmenor intensidade, o chlorothalonil, possuemesse tipo de atividade que era característicados benzimidazóis.

Os fungicidas protetores como captan,mancozeb, etc. também atuam diretamentesobre a produção dos esporos, entretanto,quando termina o efeito residual do produtoas lesões, reiniciam a produção de esporosprincipalmente na borda das lesões.

• Atividade de novos fungicidas nocontrole da sarna

Recentemente, foram introduzidos osfungicidas do grupo das estrobilurinas e dasanilinopyrimidinas, os quais possuem modode ação distinto dos fungicidas até entãoutilizados para o controle da sarna damacieira. Um destes produtos é o kresoxim-methyl (KM), pertencente ao grupo dasestrobilurinas. Trata-se de um fungicida cujamolécula básica foi obtida do fungoStrobilurus tenacellus, que inibe a respiraçãomitocondrial, bloqueando a transferência deelétrons entre o citocromo b e o citocromo c1

(complexo III), interferindo na formação deATP que é a fonte de energia para a célulafúngica. Apresenta ação protetora, curativade até 48 horas e erradicante. Possui altapersistência à ação da chuva e pode serusado em intervalos de dez a doze dias,desde que a primeira aplicação tenha sidoefetuada corretamente. Nestes intervalos,mantém a eficiência mesmo em caso dechuvas de 50 mm a 60 mm. Caso a primeiraaplicação do KM tenha que ser feita depoisde 48 horas do início do período chuvoso,recomenda-se aplicá-lo em mistura detanque com um fungicida IBE ou, então,adiar a sua aplicação. Mais recentemente foiintroduzido o fungicida trifloxistrobin, quepertence também ao grupo das estrobilurinas

e com modo de ação muito semelhante aoKM.

Os outros fungicidas pyrimethanil e ciprodinil,que pertencem ao grupo dasanilinopyrimidinas, atuam inibindo asecreção de enzimas necessárias aoprocesso de infecção de V. inaequalis. Estesfungicidas possuem ação protetora de cincodias, e curativa de até 48 a 72 horas. Sãofungicidas que atuam sobre a formação doestroma e com muito boa eficiência curativa.O controle é mais pronunciado nas folhas doque nos frutos, devendo ser aplicado noinício do ciclo até a queda das pétalas. Sãofungicidas cuja absorção e eficiência não sãoafetados pelas temperaturas baixas (5°C),podendo ser usados com segurança noinício do ciclo da macieira. O pyrimethanil e ociprodinil também são absorvidosrapidamente, não sendo afetados pela chuvaque possa ocorrer duas a quatro horas apósa aplicação. Resultados mais recentesmostram que a eficiência destes produtos émaior quando utilizados em mistura comfungicidas protetores. Neste caso, os riscosde infecção nos frutos é reduzidosignificativamente.

Os fungicidas do grupo das estrobilurinas eanilinopyrimidinas são muito importantespara serem utilizados em uso alternado ouem mistura com outros fungicidas, visandoretardar o surgimento de resistência àVenturia inaequalis.

Estratégias de controle da sarnana Produção Integrada de Maçã

As aplicações dos fungicidas são iniciadasquando a macieira entra no estádio depontas verdes (Fig. 6), normalmente no finalde agosto e início de setembro, quando asfolhas novas são muito suscetíveis àinfecção. Para o primeiro tratamentorecomenda-se o uso de fungicidasprotetores, com boa persistência eredistribuição sobre os tecidos verdes daplanta. Os fungicidas dithianon, captan efolpet e chlorothalonil, de ação estritamenteprotetora, são os mais indicados. Essesfungicidas também têm sido aplicados porocasião da quebra de dormência da macieirae, nessa situação, são misturados com óleomineral. Caso a brotação ocorra durante umperíodo chuvoso, é recomendável a misturadesses com fungicidas de ação curativa.Posteriormente, poder-se-ia utilizar osfungicidas pyrimethanil e ciprodinil (duas outrês vezes) em mistura com fungicidas

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protetores, kresoxim-methyl e trifloxistrobin(duas ou três vezes) e, finalmente, osfungicidas IBEs em mistura com osfungicidas protetores, de acordo com aevolução dos períodos de infecção e doprogresso da doença. Por ocasião do raleio,quando se usa o óleo mineral, deve-se evitaro uso do fungicida captan, chlorothalonil efolpet, cuja mistura é fitotóxica para amacieira, podendo-se optar pelo uso dodithianon ou mancozeb em mistura com osfungicidas IBEs.

A previsão de ocorrência da sarna éefetuada por meio de umtermohigrohumectógrafo que registra atemperatura, umidade relativa do ar e operíodo de molhamento foliar. Atualmente,existem aparelhos eletrônicos dotados desensores e microprocessadores queregistram as variáveis micrometeorológicas edeterminam, automaticamente, a ocorrênciados períodos de infecção de acordo com atabela de Mills (Tabela 2). Essasinformações são monitoradas pelasEstações de Avisos as quais emitem osavisos fitossanitários tão logo ocorram asliberações de ascosporos e os períodos deinfecção. Além disso, os avisos, emitidos naforma de boletins, prevêem a data deaparecimento das lesões para cada períodode infecção (Fig. 8). Assim, o produtor podedecidir, com antecedência, sobre o melhormomento e o melhor fungicida a ser usadoem cada situação, além de poder checar seos tratamentos foram efetuados comeficiência.

O controle da sarna deve ser realizado,preferencialmente, com uso de fungicidasprotetores, os quais devem ser aplicados até24 horas após o início da chuva (Fig. 5 e 7).As aplicações em pós-infecção comfungicidas curativos devem ser realizadascaso sejam estritamente necessárias,procurando efetuar, no máximo, seisaplicações de fungicidas IBEs durante todo ociclo da cultura. Os fungicidas curativospossibilitam uma maior flexibilidade dostratamentos, pois podem ser aplicados até72 a 96 horas após o início da chuva,dependendo do fungicida (Tabela 4). Nessecaso, o produtor dispõe de tempo suficientepara intervir no desenvolvimento da doença,mesmo que o patógeno já tenha penetradono hospedeiro (Fig. 5 e 7). Resultados devários anos têm demonstrado que asmisturas de fungicidas IBEs com os decontato, além de reduzir o risco deresistência, são mais eficientes do que aaplicação isolada desses produtos no

controle da sarna. No caso de se usar amistura de fungicidas, quanto mais rápida fora sua aplicação em relação ao início doperíodo infeccioso, menor é o risco deaparecimento de resistência. Os tratamentossubseqüentes são realizados em intervalosde sete a dez dias, conforme a ocorrênciados novos períodos de infecção, podendo-seutilizar fungicidas protetores, curativos ou amistura desses, dependendo do progressoda doença.

Estratégia de controle da sarnaem condições de períodos demolhamento foliar prolongados

Em alguns ciclos, a primavera tem sidobastante chuvosa em todas as regiõesprodutoras de maçãs do Sul do Brasil. Nessecaso, é possível que ocorram períodos demolhamento foliar prolongados, ou talvez oprodutor não tenha tido tempo suficientepara realizar a pulverização até 96 horasapós o início do período chuvoso, períodolimite de ação dos fungicidas curativos parao controle da sarna. Nesse caso, algunstrabalhos têm mostrado que a aplicaçãotardia de misturas de fungicidas IBEs com ofungicida dodine, kresoxim-methyl outrifloxistrobin, seguida de reaplicação setedias após com um fungicida IBE, em misturacom fungicida protetor, tem-se mostradocomo uma estratégia muito eficiente nocontrole da sarna. Outra estratégia paracontrolar a sarna, em condições de períodosde molhamento foliar prolongados, consisteem fazer a aplicação de fungicidas IBEs noperíodo de pré-sintoma da sarna (Fig. 5 e 7).Por outro lado, caso a aplicação tenha queser efetuada no tempo limite de ação dofungicida, isto é, 96 horas após o início doperíodo chuvoso, é recomendável que seaplique o fungicida IBE em dosagemmáxima, misturado com um fungicidaprotetor.

Tratamento outonal com uréia nocontrole da sarna

A severidade da sarna da macieira durante aprimavera depende, fundamentalmente, daquantidade de inóculo presente numadeterminada área. Desse modo, os pomaresbem cuidados, principalmente do ponto devista fitossanitário, normalmente nãoapresentam problemas graves de controleem comparação com outros mal cuidados. Ouso de uréia, aplicado durante a queda

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natural das folhas, ativa a flora microbiana,principalmente bactérias saprófitas,provocando rápida decomposição das folhase conseqüente eliminação do patógeno. Aaplicação de uréia a 5% sobre as folhascaídas sobre o solo, no mês de maio(Tabela 1), quando a maioria das folhas estácaindo, provoca reduções de até 99% nonúmero de ascosporos liberados (Fig. 9).Desse modo, a uréia é recomendada paraser aplicada em pomares com dificuldade decontrole e onde tenha havido focos de sarna,procurando-se atingir o máximo possível defolhas caídas sobre o solo.

Práticas culturais

Algumas práticas devem ser usadas para seobter maior eficiência no controle da sarna. Apoda adequada ao espaçamento de plantio émuito importante, pois facilita a circulação dacorrente de ar e a melhor deposição dosfungicidas no interior da copa das plantas. Aformação de quebra-ventos também melhoraa qualidade das pulverizações. Além disso,deve-se manter calibrado o equipamento depulverização principalmente com relação aosbicos, vazão e pressão.

Por fim, é recomendável que o produtordisponha de tratores e equipamentossuficientes para pulverizar o pomar o maisrápido possível, preferencialmente dentro de24 horas, pois isso trará uma maiorflexibilidade e segurança nos tratamentos.

Resistência de Venturia inaequalisaos fungicidas

O problema da resistência a V. inaequalis adeterminado fungicida surge com aintrodução do mesmo para o seu controle.Até então, predominam as subpopulaçõessensíveis, sendo a proporção de resistentesínfima, entre 1:106 a 1:109. Estes indivíduosresistentes, frutos da mutação, surgiramespontaneamente na natureza e,contrariando a expectativa, mostraram-seaptos a sobreviver e competir em igualdadede condições com os isolados selvagens,pois, sabe-se que a maioria dos indivíduosmutantes desaparece rapidamente devido àfalta de adaptação e competitividade(fitness). É com essa variabilidade genéticaque V. inaequalis se defende da agressãoexterna, tal como a provocada pelo fungicidaaplicado visando ao seu controle. Destemodo, quando a população é submetida àpressão externa (causada pelo fungicida

seletivo), sobrevivem apenas os indivíduoscapazes de resistir a essa agressão, isto é,os resistentes.

Como exemplo desta pressão de seleçãosobre população de V. inaequalis, podemosmencionar a aplicação dos fungicidasbenzimidazóis no controle da sarna damacieira. Esse processo resultou na seleçãoe multiplicação dos indivíduos resistentes ena perda muito rápida da sua eficácia nocampo, inclusive no Brasil.

Quando cessa a pressão de seleção, ditapositiva, a população agredida geralmentetende a recuperar o equilíbrio (pressãonegativa) que apresentava antes de sofrer apressão de seleção. Esta volta à situaçãooriginal pode ocorrer rapidamente comorelatado no sistema Alternaria mali-macieira-prolioxins, mas, de um modo geral é muitolenta como se tem observado embenzimidazóis, dodine e IBEs.

Quando a perda da sensibilidade no campoocorre muito lentamente, como no caso dofungicida dodine e dos inibidores dabiossíntese de ergosterol (IBEs), é muitodifícil de ser detectada, pois a redução daeficiência de um produto é mascarada pelaalternância e/ou uso de misturas defungicidas.

Abaixo, estão relacionados os conceitos,pareceres, resultados e conhecimentossobre a resistência de fungos, principalmentede V. inaequalis, a fungicidas com modo deação específica.1. O uso de fungicidas é ainda um dos

principais componentes do manejointegrado das doenças de plantas.

2. A eficiência da maioria dos fungicidasmodernos (sítio-específicos) é afetada,em maior ou menor grau, devido àresistência.

3. O problema da resistência poderia serpior. As medidas hoje adotadas não sãoperfeitas, mas necessárias e benéficas.

4. O patossistema V. inaequalis-macieira éo que tem apresentado maior número deresistência.

Mutante x Resistente

A mutação é um ensaio que a naturezarealiza continuamente e ao acaso, no qualindivíduos mais aptos vão predominando napopulação. Na natureza, mutaçõesespontâneas de vários tipos estão ocorrendocom todos os organismos vivos. Osmutantes surgem, morrem e reaparecem,espontaneamente, várias vezes.

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A maioria dos indivíduos mutantes érapidamente eliminada da população devidoà falta de adaptação e competitividade,quando comparada à populaçãopredominante, ou seja, quase sempre amutação é prejudicial ao mutante.

Mutantes relacionados a um determinadomecanismo de resistência preexistem emínfima proporção na população na ordem deum por bilhão (1:1.000.000.000).

Os indivíduos mutantes (resistentes)apresentam uma ou mais diferenças naconstituição genética em relação àpopulação predominante que o diferencia doseu ascendente. Por outro lado, essaalteração é herdável, ou seja, transmitidaaos descendentes.

O problema da resistência no campo resultada seleção de mutantes resistentespreexistentes na natureza, quando expostosà ação dos fungicidas.

Há vários mecanismos envolvidos com aresistência aos fungicidas, porém,basicamente, resulta da modificação no sítioprimário de atuação do fungicida no fungo.

Com a pressão de seleção do fungicida, aproporção de mutantes na populaçãoaumenta para 1:100 a 1:10. A eficiência dotratamento cai, e os indivíduos resistentessão facilmente detectados através demonitoramentos.

Se o tratamento com fungicidas for muitoeficiente com poucos sobreviventes, aseleção para resistência será muito rápida,pois não há competição entre a populaçãopredominante e a resistente. Por outro lado,se a eficiência do fungicida é de 80%, aproporção de indivíduos resistentesaumentará apenas cinco vezes a cadapulverização.

Monitoramento é vital para detectar a causada perda da eficiência dos fungicidas echecar se a estratégia anti-resistência estáfuncionando. Os resultados, principalmentede ensaios in vitro, devem ser interpretadoscriteriosamente para evitar conclusõeserrôneas. A detecção de indivíduosinservíveis, indica o risco futuro comresistência e, nem sempre, que o produto emquestão perdeu sua utilidade.

Na prática, a resistência pode sercaracterizada pela perda abrupta daeficiência. Em bioensaio, observa-se nítidadistinção entre indivíduos sensíveis eresistentes. É o caso da resistência aosbenzimidazóis. Pode ser reversível (caso dos

polyoxins) ou praticamente irreversível(dodine, benzimidazóis e IBEs). Nummonitoramento realizado 20 anos após aúltima aplicação de benzimidazóis, foiconstatado decréscimo mínimo na proporçãode V. inaequalis resistentes a este grupo defungicidas, o que significa que a alteraçãogenética não foi prejudicial aos mutantes.Por outro lado, no caso do antibióticopolyoxin utilizado para o controle deAlternaria mali, quando cessa o seu uso, aproporção de resistentes diminuirapidamenta na população.

Em outros casos, a resistência se manifestagradativa e muito lentamente, como no casodo fungicida dodine e IBEs. Esse tipo deresistência é denominado de quantitativa,contínua, direcional ou progressiva. Nummonitoramento, detectam-se indivíduos comdiferentes graus de tolerância ao produtonuma distribuição próxima ao normal (emforma de sino).

Em relação aos fungicidas inibidores daquinolina externa (Qols), pertencentes aogrupo das estrobilurinas, a resistência em V.inaequalis é do tipo sítio-específico.

Quando um patógeno desenvolve tolerânciaa dois ou mais fungicidas com mesmomecanismo de ação, é chamada deresistência cruzada. Ocorre com osfungicidas do grupo dos benzimidazóis,IBEs, Qols e anilino-pirimidinas (Aps).

Mecanismo da resistência

O mecanismo mais comum é a alteração dosítio de atuação do fungicida. Os fungicidastradicionais (protetores), após penetrarempela parede celular do fungo, atuam comopotentes inibidores das enzimas, afetandosimultaneamente vários sítios (inibidoresmulti-sítios). Para o fungo adquirir resistênciaaos fungicidas tradicionais, necessita devárias mutações nos sítios de ação, o que épraticamente impossível. Quando issoocorre, as alterações genéticas seriamtantas que o mutante não conseguiriasobreviver.

Por outro lado, os fungicidas curativos atuamnum único sítio (fungicidas sítio-específicos).daí, a resistência resulta da mutação de umgene. No caso dos IBEs a resistênciaaumenta gradualmente pelo efeito aditivodas mutações relacionadas aos genes deresistência. Os mecanismos de resistênciaaos IBEs mais conhecidos são:a) aumento do efluxo (expulsão do

fungicida);

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b) mudança no sítio de ação do fungicida.

A resistência aos benzimidazóis (inibidor damitose) resulta também da mutação no sítiode atuação do fungicida. Do mesmo modo, aresistência aos Qols também resulta damutação de um único gene (G143A)relacionado com a respiração do fungo, aonível de mitocôndrios. Já o mecanismoenvolvido com a resistência ao dodine édesconhecido. O mecanismo de resistênciade V. inaequalis aos fungicidas do grupo dasAps (inibidor da secreção de enzimasnecessárias à degradação da parede celular)não é conhecido. Espera-se que seja do tipogradual.

Os fungicidas de alto risco são os queapresentam alta atividade intrínseca, modode ação sistêmica, curativa e específica. Osindicadores de alto risco são:1) resistência cruzada com outros

fungicidas do mesmo grupo químico(entre os IBEs, Qols, Aps);

2) boa adaptação do mutante no campo (V.inaequalis resistentes ao dodine ebenzimidazóis);

3) facilidade da obtenção de mutantes emlaboratório;

4) uso contínuo de um fungicida;5) áreas extensas de uso (lavoura

extensiva);6) alta pressão da doença (fonte de inóculo

primário alta; pulverização erradicante,etc.);

7) período latente curto (a sarna, comperíodo entre 9 e 17 dias, é consideradomédio).

Recomendações gerais pararetardar o problema da resistência

1. Não utilizar os produtos sítio-específicosisoladamente. Aplicar em mistura comfungicidas de diferente tipo oucomponente. O uso de mistura defungicidas sítio-específicos com modo deação distinto reduz drasticamente achance do aparecimento da resistência,de 10-9 para 10-18, isto é, reduz a chanceem um bilhão de vezes.

2. Limitar o número de aplicações anuaisde fungicidas de risco, utilizandoestritamente quando necessário. Alternarentre fungicidas com modo de açãodistinto, mesmo que menos eficiente oumais caro. A vida útil de um produto estáligada diretamente ao número depulverizações realizadas ao longo dosanos.

3. Manter a dose e o intervalorecomendados pelo fabricante, evitandoaplicações erradicantes, pois acelera aseleção de indivíduos resistentes.

4. Realizar o manejo integrado da doença,fazendo uso das ferramentasdisponíveis.

Situação dos fungicidas sítio-específicos no Sul do Brasil

Fungicidas Benzimidazóis

Em Santa Catarina, foi introduzido no inícioda década de 1970, visando ao controle dasarna. Inicialmente foram muito eficientes,entretanto, devido ao uso erradicante, oproblema da resistência em V. inaequalis foidetectado no terceiro ano de uso intensivo.Segundo vários relatos, a populaçãoresistente é muito competitiva. No Japão, apopulação se mantém estável mesmo 20anos após o encerramento do seu uso.

No monitoramento, realizado em SãoJoaquim, foram detectados vários isoladosque crescem em meio de BDA contendo1.000 ppm de benomyl. Houve relato da suaineficiência também em Bom Jesus, RS.Deste modo, conclui-se que, no sul do Brasil,é inviável o seu uso para o controle da sarnada macieira.

Fungicida Dodine

Foi introduzido também no início da décadade 1970, juntamente com os benzimidazóis.Devido ao seu efeito supressor daesporulação, o dodine foi e vem sendo muitoutilizado visando à erradicação da sarna dasfolhas e dos frutos infectados.Conseqüentemente, o nível de tolerância deV. inaequalis aumentou significativamenteem alguns pomares de Santa Catarina.Apesar disso, ainda apresenta bom nível decontrole na maioria dos pomares, mesmo emaplicação pós-sintoma, objetivando aerradicação da sarna. Monitoramentorealizado no ciclo 2004/05 em São Joaquimapresentou indício de que a resistência aododine se manteve estável na última década.Este resultado está de acordo com oresultado do monitoramento relatado nosUSA, onde se constatou que foramnecessários 13 anos de interrupção de usodo dodine para que a população deresistentes se reduzisse para 11%.Considerando que a proporção de indivíduosresistentes regride muito lentamente, damesma maneira que os benzimidazóis, esseproduto deve ser utilizado quando

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estritamente necessário. Para as regiõesquentes, onde a brotação da macieira édesuniforme, uma das épocasrecomendadas é no início da brotação,visando ao controle da sarna das ponteirasque se desenvolveram precocemente. Nasdemais regiões, o momento oportuno para ouso do dodine seria quando fosseconstatado o primeiro sintoma durante omonitoramento da sarna.

Fungicidas IBEs

Fungicidas desse grupo foram testados parao controle da sarna e introduzidos para usocomercial a partir da década de 1980.Inicialmente, foram utilizados o triforine ebitertanol e, em seguida, o fenarimol.Atualmente, estão disponíveis, para ocontrole da sarna, quatro grupos(piperazinas, imidazoles, pyrimidinas etriazoles) e mais de doze produtoscomerciais (técnicos).

A recomendação de uso dos IBEs emmistura com os fungicidas protetores visandoao aumento da eficiência, mostrou-se umamedida acertada em relação ao manejo daresistência. Entretanto, devido o seu uso pormais de 20 anos na cultura da macieira nosul do Brasil (> 80 aplicações), estáocorrendo perda gradual da eficiência,fenômeno relatado no RS e em SC. Noestudo realizado no ciclo 2004/05 observou-se aumento da resistência nos últimos 10anos. Por outro lado, a mistura de tanque defungicidas IBEs com protetores vem-semostrando eficiente no controle da sarna,não obstante diminuição da sensibilidade deV. inaequalis aos IBEs.

Com a introdução das APs, também commodo de ação curativa sobre a sarna, parauso alternado com os IBEs, o avanço daresistência aos IBEs poderá ser retardado.

Fungicidas do grupo dos inibidores daquinona externa (Qols)

Introduzido no Brasil desde 1998 para usocomercial na cultura da macieira, temapresentado até hoje, alta eficácia nocontrole da sarna em ensaios de campo e decasa-de-vegetação.

Além disso, no monitoramento realizado emSão Joaquim, SC, no ciclo 2004/05, não seobservou falha no controle no campo devidoao problema de resistência. Entretanto,devido ao relato, na Alemanha, daocorrência de resistência causada pelosmutantes sítio-específicos, os fungicidasQols devem ser utilizados corretamente, deacordo com a recomendação da pesquisa edos fabricantes. Os Qols apresentamresistência cruzada entre si, inclusive comaqueles recomendados para o controle damancha da Gala.

Fungicidas do grupo dasanilinopyrimidinas (Aps)

Introduzido juntamente com os Qols parauso na cultura da macieira, não há relato noBrasil de trabalhos visando avaliar asensibilidade de V. inaequalis a este grupode fungicida. Em ensaio in vitro, conduzidona Alemanha, foi constatada altavariabilidade dos isolados de V. inaequalis,na sensibilidade a este produto. O resultadodemonstra o risco de desenvolvimento deresistência, quando estes fungicidas(cyprodinil e pyrimethanil) não foremmanejados adequadamente. Além disso,alguns autores têm evidenciado umacorrelação positiva entre a resistência aosfungicidas IBEs e anilinopyrimidinas. Nacultura da macieira é um importantefungicida curativo para ser usado emalternância com os IBEs visando o manejoda resistência e, deste modo, prolongar avida útil deste importante grupo defungicidas. Recomenda-se, também, o usodas Aps em mistura com fungicidas decontato, visando o aumento da eficácia e omanejo da resistência.

Fosfitos

Produtos contendo fosfito de potássio, eosacionalmente de cálcio são registradoscomo fertilizantes e recomendados para usono controle de V. inaequalis. Os fosfitos sãousados em doses variáveis (Tabela 1, p. 53)e devem ser pulverizados em intervalos desete dias. Contudo, é recomendado o seuuso em associação com fungicidas decontato e sua aplicação restrita a no máximotrês pulverizações sucessivas para evitarefeitos fitotóxicos.

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Fig. 1. Sintomas da sarna da macieira. Lesões primárias (p) e secundárias (s) nos frutos (A), rachadura nofruto (B), lesões em frutos pequenos (C), sarna de verão na cv. Fuji (D) e na cv. Golden Delicious (E), lesõesna folha (F), lesões na página inferior da folha (G), lesão do pedúnculo (H) e no pecíolo (I), lesões cloróticascausadas por aplicações de fungicidas IBEs depois de 96 horas do início do período de infecção (J), lesõescausadas por aplicações em pré-sintoma (K), lesões erradicadas com aplicação do fungicida dodine no fruto(L) e na folha (M) (Fotos: José I. S. Boneti e Yoshinori Katsurayama).

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Fig. 2. Estruturas de Venturia inaequalis, agente causador da sarna da macieira. Folhas caídas sobre o soloonde são produzidos os pseudotécios (A), ascos e ascosporos responsáveis pela infecção primária (B),desenvolvimento do micélio do fungo no interior dos tecidos da folha da macieira (C), massa de conídiosproduzidos na folha da macieira (D), conídio (cn) e conidióforos (cd), responsáveis pelas infecçõessecundárias (E) e esporulação abundante de conídios na folha da macieira (F) (Fotos: José I. S. Boneti eYoshinori Katsurayama).

Fig. 3. Ciclo evolutivo da sarna da macieira causado por Venturia inaequalis (elaborado pelos autores).

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Fig. 4. Liberação de ascosporos de Venturia inaequalis e fenologia da cv. Gala em São Joaquim, SC. Pontasverdes (C); início da floração (F), plena floração (F2) e final da floração (G). Dados médios de 1983 a 1993(elaborado pelos autores).

Fig. 5. Processo de infecção de Venturia inaequalis nas folhas da macieira. Pontos de ação dos fungicidasprotetores (1), curativos (2 e 3), pré-sintoma (5) e erradicantes (6). As partes de cor branca e cinzacorrespondem às estruturas que estão fora e dentro (intercelularmente) dos tecidos da folha da macieira,respectivamente (adaptado de Daniels et al., 1994).

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Fig. 6. Estádios fenológicos da macieira: (A) gema dormente; (B) gema inchada); (C) pontas verdes; (C3) 1,25cm verde; (D) 1,25 cm verde sem folhas; (D2) 1,25 cm verde com folhas; (E) botão verde; (E2) botão rosado;(F) início de floração; (F2) plena floração; (G) final de floração; (H) queda de pétalas; (I) frutificação efetiva; (J)frutos verdes (adaptado de BLEICHER, 2001).

Fig. 7. Estratégia de controle da sarna. Evolução da doença conforme a ocorrência dos períodos de infecçãodeterminados pela Tabela de Mills e aplicação dos fungicidas protetores, curativos e erradicantes (elaboradopelos autores).

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Fig. 8. Curva de previsão do aparecimento de lesões de sarna de acordo com a temperatura média diáriaapós o início de infecção (adaptado de BESSON, JULY, 1999).

Fig. 9. Efeito da aplicação de uréia na liberação de ascosporos de Venturia inaequalis (elaborado pelos

autores).

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