Caracterização de materiais soldados com base na medição de campos … · 2013. 10. 7. · 1...

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1 Caracterização de materiais soldados com base na medição de campos de condutividade elétrica Telmo G. Santos Rosa Miranda Pedro Vilaça Pamies Teixeira F. Braz Fernandes a UNIDEMI, Departamento de Engenharia Mecânica e Industrial, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa, 2829-516 Caparica, Portugal *email do autor correspondente: [email protected] Lisboa, 1 de Outubro de 2013 Workshop: Técnicas avançadas nos processos de ligação e consolidação Teses MSc na FCT-UNL: João Faria, 2010 Gonçalo Bernardo, 2012 Gonçalo Sorger, 2013 2 Estrutura da Apresentação 1) Introdução: problema e motivação 2) Medição de condutividade elétrica 3) Propriedades que afetam a condutividade 4) Caracterização do perfil de condutividade 5) Conclusões - Correntes Induzidas; - Sondas de 4 pontos; - Dispositivos automatizados de medição. - Limites de grão, forma e distribuição de precipitados; - Deformação plástica. - Ligas de alumínio; - Ligas de aço - Processamento no estado sólido (SFL e PFL); - Processamento por fusão (MAG e TIG)

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1

Caracterização de materiais soldadoscom base na medição de

campos de condutividade elétrica

Telmo G. SantosRosa MirandaPedro VilaçaPamies TeixeiraF. Braz Fernandes

a UNIDEMI, Departamento de Engenharia Mecânica e Industrial, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa, 2829-516 Caparica, Portugal*email do autor correspondente: [email protected]

Lisboa, 1 de Outubro de 2013

Workshop: Técnicas avançadas nos processos de ligação e consolidação

Teses MSc na FCT-UNL:

João Faria, 2010Gonçalo Bernardo, 2012Gonçalo Sorger, 2013

2

Estrutura da Apresentação

1) Introdução: problema e motivação

2) Medição de condutividade elétrica

3) Propriedades que afetam a condutividade

4) Caracterização do perfil de condutividade

5) Conclusões

- Correntes Induzidas; - Sondas de 4 pontos;- Dispositivos automatizados de medição.

- Limites de grão, forma e distribuição de precipitados;- Deformação plástica.

- Ligas de alumínio;- Ligas de aço

- Processamento no estado sólido (SFL e PFL);- Processamento por fusão (MAG e TIG)

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Processamento de Materiais no Estado Sólido

• Processamento por Fricção Linear (PFL);

• Friction Stir Hydro Pillar Processing (FHPP);

• Friction Stir Surface (FSS);

• Soldadura por Fricção Linear (FSP);

• Soldadura por Fricção (SF);

• Friction Spot Welding (FSpW);

• Soldadura por Ultra-Sons (SUS);

Objectivo: Alterar as propriedades do material (Dureza, ductilidade, desgaste)

Objectivo: Ligar materiais

-> As alterações do material são uma consequência “acidental” do processo.

Processamento de Matérias no Estado Sólido. Alteração de propriedades:- Mecânicas- Metalúrgicas- Físicas e Químicas

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Em todos estes processos a condutividade eléctrica também é alterada, em alguns casos significativamente!

1. Este fenómeno não é explorado como mais valia industrial ou tecnológica;

2. A caracterização das alterações de condutividade não está devidamente compreendida e descrita;

3. Este conhecimento é fundamental p.e. para a aplicação de END por métodos eléctricos;

4. Utilizar como método de caracterização de juntas soldadas.

O objectivo:Caracterizar e compreender as variações dos campos de

condutividade eléctrica em diferentes materiais processadas no estado sólido e por fusão.

Motivação e Objectivos

4

3

5

AA7075-T6

Aplicação a caracterização de materiais

Aplicação a caracterização de materiais

AA7075-T6

Macro

Condutividadeeléctrica

Dureza

6

4

7

AA6013-T6

Aplicação a caracterização de materiais

Variação de ~3%IACS

8

AA5083-H111

Aplicação a caracterização de materiais

5

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Condutividade vs Dureza

Condutividade Elétrica

Dureza

Área medida

Fenómeno envolvido

“Macro”(Dislocations and

Precipitates)

“Micro”(Electronic Mobility)

20 - 100 μm 3 - 5 mm

Condutividade:‐ Não destrutiva e sem necessidade de preparar amostras (em alguns casos);‐ Medição entre pontos tão próxima quanto se quiser;‐ Muito mais rápido.

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3) Medição de condutividade elétrica

6

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Medição de condutividade elétrica

Condutividade elétrica (σ)

- Medida da capacidade de um material para conduzir corrente elétrica;

- Unidades SI: [S⋅m−1]

- Unidade mais usada em END: [%IACS] (International Annealed Copper Standard);

(100 %IACS = 5.8x107 S⋅m−1)

- É o inverso da resistividade elétrica (ρ) [Ω·m]: σ = 1/ ρ;

JE

E [V/m]: Campo elétricoJ [A·m–2]: Densidade de corrente

)()( 000 TTT

Definição exata

Variação com a temperatura

sil 0

Regra de Matthiessen

ρ0: Resistividadeintrinseca

ρl: Rede cristalina;ρi: Impurezas e defeitos;ρS: Deformação pástica;

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Medição de condutividade elétrica

)(1 0

0

TT

7

13

Medição de condutividade elétrica

Ensaios por Correntes InduzidasEnsaios de queda de potencial

(Sondas de 4 pontos)

Medição de Condutividade elétrica (σ)

14

Medição de condutividade elétrica

Medição com correntes induzidas (CI)

8

15

Medição de condutividade elétrica

Medição com correntes induzidas (CI)

ff

1),,(

Profundidade de penetração

16

Medição de condutividade elétrica

Medição com correntes induzidas (CI)

Sonda helicoidal cilíndrica

Sonda espiral plana

Circulação das CI na superfície do

material

9

17

Medição de condutividade elétrica

Medição com sonda de 4 pontos

N. Bowler, “Theory of four-point direct-current potential drop measurements on a metal plate,” Research in Nondestructive Evaluation, vol. 17, no. 1, pp. 29–48, 2006.

I

Vd 2

I

Vt

)2ln(

t

s

Material semi-infinito

(t>>S)

Chapa fina

(t<S)

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Medição de condutividade elétrica

Medição com sonda de 4 pontos

Vantagens relativamente aos ensaios por correntes induzidas:

• Aumento de resolução espacial (reduzindo a distância entre pontos);

• Medições segundo uma direção. Permite avaliar a anisotropia dos materiais.

Geometria da sonda:

Alinhamento linear dos pontos de contacto.

10

19

Medição de condutividade elétrica

20

Medição de condutividade elétrica

11

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Simplesmente apoiado

Ventosas

Medição de condutividade elétrica

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3) Propriedades do material que afetam a condutividade

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Propriedades que afetam a condutividade

A condutividade eléctrica de materiais metálicos depende de vários factores:

Factores de origem mecânica (M):ε – Extensão (mm / mm)S – Tensões (MPa)D – Defeitos Macro

Factores de origem térmica (T):P – Precipitados (Quantidade e morfologia)

G – Grão (Forma e dimensão)

G)P,D,S,,(= f

M T

• Existem factores que são concorrentes, isto é, que contribuem directa ou inversamente para o aumento da condutividade;

• Estas variáveis estão acopladas, ou seja, não são independentes umas das outras.

É difícil avaliar a contribuição de cada um dos factores independentemente

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1. Avaliação do efeito da extensão (ε):

ConstanteGP,D,S,

f

Provetes de diferentes Ligas de Al

– Forma paralelipipédica

– Deformação na prensa Hidráulica

Ensaio de compressão entre pratos planos com diferentes níveis de extensão

Propriedades que afetam a condutividade

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Condutividade eléctrica

Dureza

ConstanteGP,D,S,

f

A condutividade elétrica não se mostra muito

dependente da extensão.

Propriedades que afetam a condutividade

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– Processamento por Fricção Linear

• Quente

• Frio

2.6180

1120

v

1355

355

v

BasePino

Tipo

19 8Plana com 2 estrias com

p = 2

Cónico Roscado M8 triflute

ConstantePD,S,

,

Gf

2. Avaliação do efeito da extensão e do tamanho de grão (G):

Material Al Cr Cu Fe Mg Mn Si Ti Zn

AA1100 99 - 0.05 - - 0.05 - - 0.1

Material: Laminated plates AA1100 with 10 mm thick

Propriedades que afetam a condutividade

26

14

Processamento realizado a quente

Processamento realizado a Frio

ConstantePD,S,

,

Gf

Liga AA100

A condutividade elétrica é mais alterada em

processamentos a quente: em que o grão é menor

Propriedades que afetam a condutividade

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4) Caracterização do perfil de condutividade

15

Caracterização do perfil de condutividade

3. Avaliação da condutividade em função da extensão, dos precipitados e do tamanho de grão:

– Ligas:• AA5083-H111• AA6061-T6• AA7075-T6• AlScMg

– Processamento por Fricção Linear• Quente

• Frio

2.6180

1120

v

1355

355

v

ConstanteDS,

,,

PGf

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Caracterização do perfil de condutividade

Processamento realizado a quente

Processamento realizado a Frio

Liga AA7075-T6

ConstanteDS,

,,

PGf

A condutividade elétrica é mais alterada em

processamentos a quente

30

16

Caracterização do perfil de condutividade

Liga AA5083-H111

Processamento realizado a quente

Processamento realizado a Frio

ConstanteDS,

,,

PGf

A condutividade elétrica é menos alterada nas ligas

não tratáveis termicamente

31

Caracterização do perfil de condutividade

Liga AA6061-T6

ConstanteDS,

,,

PGf

Processamento realizado a quente

Processamento realizado a Frio

A condutividade elétrica é sensível a heterogeneidades

nos cordões de soldadura

32

17

Caracterização do perfil de condutividade

Liga AlScMg

ConstanteDS,

,,

PGf

Processamento realizado a baixa

pressão

Processamento realizado com maior pressão

33

34

AlMgSc

Ω [rev/min] V [mm/min] Ratio Ω/V [rev/mm]

1120 180 6.22

Caracterização do perfil de condutividade

18

Comparação relativa entre todas as ligas

Processamento realizado a quente

Processamento realizado a Frio

Caracterização do perfil de condutividade

35

Caracterização do perfil de condutividade

36

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5. Análise da variação da condutividade em profundidade.Maquinação em rampa ou em degraus ao longo do cordão

Caracterização do perfil de condutividade

37

38

Caracterização do perfil de condutividade

20

Processamento realizado a quente

Liga AA7075-T6 - variação da condutividade em profundidade

ConstanteDS,

,,

PGf

Caracterização do perfil de condutividade

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4. Avaliação do efeito da sobreposição de cordões de SFL;

Caracterização do perfil de condutividade

40

21

41

4 different overlap ratios OR = [ -1 ; 0 ; 0.5 ; 1 ]

OR = 0.5

probe

d

d

SOR 1

Where:• dprobe – Mean probe diameter• Sd – Step distance between runs

Definition:

Overlap Ratio,

• 1 – full overlap

• 0 – contact with no overlap

• < 0 – no overlap

OR = ‐1

OR = 1

OR = 0

Note: all runs have same direction

Caracterização do perfil de condutividade

42

Processamento realizado a quente OL = 1/2

Caracterização do perfil de condutividade

22

43

Liga AA1100

Processamento realizado a Quente com OL = 1

Caracterização do perfil de condutividade

44

Processamento realizado a quente OL = ‐1

ConstantePD,S,

,

Gf

Caracterização do perfil de condutividade

23

45

Processamento realizado a Quente com 4 passagens (na mesma direcção)

Liga AA1100

ConstantePD,S,

,

Gf

X 4

OL = 0Ø

Caracterização do perfil de condutividade

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Aço Inox 304Processamento: TIGProfundidade de medição: 1 mm;Frequência de inspeção: 250 kHz.

1 %IACS

2,9 %IACS

Caracterização do perfil de condutividade

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ChumboProcessamento por Fricção Linear (PFL)Profundidade de medição: 1 mm;Frequência de inspeção: 400 kHz.

8,6 %IACS

8,8 %IACS

Caracterização do perfil de condutividade

48

Caracterização do perfil de condutividade

25

49

Caracterização do perfil de condutividade

50

Caracterização do perfil de condutividade

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5) Conclusões

Conclusões (1)

1) A medição da condutividade elétrica (CE) demonstra ser uma técnica expedita para

fornecer informação relevante acerca da microestrutura de materiais processados

quer no estado sólido, quer por fusão.

2) Na maior parte da condições (materiais e processos) o perfil de CE pode relacionar-se

com o perfil de dureza de uma forma compreensível e intuitiva.

3) Por se basear em fenómenos físicos diferentes a condutividade eléctrica fornece, em

alguns casos, informação mais útil e pertinente do que a dureza, sendo o

procedimento mais simples e rápido. (p.e. liga AA5083-H111 com SFL a quente)

4) A CE não apresenta variações significativas em função da extensão, mesmo para

extensões em que a dureza aumenta consideravelmente.

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5) No processamento no estado sólido a condutividade elétrica decresce tipicamente

no nugget e aumenta na zona afetada termicamente.

6) liga AA7075-T6 processada por SFL a quente apresentou a maior variação de

condutividade (7 % IACS). Para esta liga o máximo da condutividade ocorre na ZAC.

O perfil de condutividade é qualitativamente inverso ao perfil de dureza.

7) As ligas não tratáveis termicamente (AA5083-H111, AlMgSc) apresentam uma

variação de condutividade muito reduzida, mesmo quando processada a quente.

8) Um dos principais factores que afecta a CE no processamento no estado sólido é o

tamanho dos limites de grão.

9) A CE permite caracterizar a morfologia da ligação brasada, a sua extensão axial e a

secção transversal.

Conclusões (2)

Publicações Internacionais (ISI)

Telmo G. Santos, F. Braz Fernandes, G. Bernardo, R. M. Miranda, Analyzing mechanical properties and nondestructive characteristics of brazed joints of NiTi shape memory alloys to carbon steel rods, The International Journal of Advanced Manufacturing Technology, 66(6-8), pp. 787–793, 2013. DOI:10.1007/s00170-012-4366-y.

Telmo G. Santos, R. M. Miranda, Pedro Vilaça, J. Pamies Teixeira, Jorge dos Santos, Microstructural Mapping of Friction Stir Welded AA7075-T6 and AlMgSc Alloys Using Electrical Conductivity, Science and Technology of Welding and Joining, 16(7), pp. 630-635, 2011. DOI:10.1179/1362171811Y.0000000052.

Telmo G. Santos, R. M. Miranda, Pedro Vilaça, Pamies Teixeira, Modification of Electrical Conductivity by Friction Stir Processing in Aluminium Alloys, The International Journal of Advanced Manufacturing Technology, 57(5), pp. 511-519, 2011. DOI:10.1007/s00170-011-3308-4.

T. G. Santos P. Vilaça, R. M. Miranda, Electrical conductivity field analysis for evaluation of FSW joints in AA6013 and AA7075 alloys, Journal of Materials Processing Technology 211, 2011 pp. 174-180. DOI:10.1016/j.jmatprotec.2010.08.030.

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