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Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 9, n. 2, p. 21-29, abr/jun 2012 Adolescência & Saúde 21 ARTIGO ORIGINAL RESUMO Objetivo: Identificar o hábito alimentar, o estado nutricional e a percepção da imagem corporal de adolescentes. Métodos: Estudo transversal e prospectivo com 126 adolescentes em uma escola pública. As variáveis estudadas foram: hábito alimen- tar, por meio de um questionário de frequência de consumo de alimentos, tipos de refeições e locais da alimentação; estado nutricional, por meio do índice de massa corporal (IMC) e das curvas de crescimento segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2007); e imagem corporal, por meio da impressão quanto ao peso (elevado, baixo ou adequado). Resultados: Participaram do estudo 126 adolescentes (12,5 a 18,8 anos, 15 ±1,5 anos [média ± desvio padrão {DP}]), sendo 64 (50,8%) meninas e 62 (49,2%) meninos. Configuraram-se como hábito alimentar os seguintes alimentos: arroz (95,2%), pão francês (60,3%), feijão (82,5%), frutas (60,3%), doces e balas (57,9%), achocolatados (53,2%), leite integral (57,9%), suco (61,1%) e refrigerantes (50,8%). A maioria (57,9%) fazia três refeições ao dia e era eutrófica (74,6%); 23% eram obesos/sobrepeso e 2,3%, desnutridos. Dos 29 classificados como sobrepeso e obesos, 75,9% reconheciam seu peso como inadequado e 5,6% achavam que estavam adequados, porém na realidade estavam com peso acima do recomendado. Conclusão: A maioria dos adolescentes avaliados apresentou hábito alimentar saudável, embora alguns com excesso da ingestão de guloseimas, com fraca concordância da imagem corporal e estado nutricional. PALAVRAS-CHAVE Alimentação, saúde do adolescente, imagem corporal. ABSTRACT Objective: To identify the eating habits, nutritional status and body image perceptions of adolescents. Methods: Cross sectional prospective study of 126 adolescents in a government school. The variables studied were: eating habits (through a questionnaire on food consumption frequency, meal types and eating places); nutritional status, based on Body Mass Index and WHO growth curves (2007); and body image through impressions of weight (high, low or appropriate). Results: This study encompassed 126 adolescents (12.5 to 18.8 years, 15 +1.5 years [mean ± SD]), 64 (50.8%) girls and 62 (49.2%) boys. The following foods were eaten habitually: rice (95.2%), French bread (60.3%), beans (82.5%), fruit (60.3%), sweets and candies (57.9%), chocolate drinks (53.2%), whole milk (57.9%), juice (61.1%) and carbonated soft drinks (50.8%). Most of them (57.9%) ate three meals a day and were well nourished (74.6%), with 23% obese or overweight and 2.3% undernour- ished. Of the 29 classified as overweight and obese, 75.9% acknowledged their weight as inappropriate and 5.6% thought it was appropriate, although weighing more than recommended. Conclusion: Most of the adolescents assessed had healthy eating habits, although overindulging in sweets, with weak matches between body image and nutritional status. Hábito alimentar, estado nutricional e percepção da imagem corporal de adolescentes Eating habits, nutritional status and body image perceptions of adolescents > > > Ana Lúcia Alves Caram 1 Elizete Aparecida Lomazi 2 Ana Lúcia Alves Caram ([email protected]) - Universidade Estadual de Campinas - Departamento de Pediatria - Rua Prof. Celso Ferraz de Camargo, 515 - Campinas, SP, Brasil. CEP: 13083-200. Apoio: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Recebido em: 28/03/2012 - Aprovado em: 05/05/2012 1 Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente; nutricionista clínica. Departamento de Pediatria do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC/UNICAMP). Campinas, SP, Brasil. 2 Professora, Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente; gastropediatra no Departamento de Pediatria do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC/UNICAMP). Campinas, SP, Brasil.

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Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 9, n. 2, p. 21-29, abr/jun 2012 Adolescência & Saúde

21ARTIGO ORIGINAL

RESUMOObjetivo: Identificar o hábito alimentar, o estado nutricional e a percepção da imagem corporal de adolescentes. Métodos: Estudo transversal e prospectivo com 126 adolescentes em uma escola pública. As variáveis estudadas foram: hábito alimen-tar, por meio de um questionário de frequência de consumo de alimentos, tipos de refeições e locais da alimentação; estado nutricional, por meio do índice de massa corporal (IMC) e das curvas de crescimento segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2007); e imagem corporal, por meio da impressão quanto ao peso (elevado, baixo ou adequado). Resultados: Participaram do estudo 126 adolescentes (12,5 a 18,8 anos, 15 ±1,5 anos [média ± desvio padrão {DP}]), sendo 64 (50,8%) meninas e 62 (49,2%) meninos. Configuraram-se como hábito alimentar os seguintes alimentos: arroz (95,2%), pão francês (60,3%), feijão (82,5%), frutas (60,3%), doces e balas (57,9%), achocolatados (53,2%), leite integral (57,9%), suco (61,1%) e refrigerantes (50,8%). A maioria (57,9%) fazia três refeições ao dia e era eutrófica (74,6%); 23% eram obesos/sobrepeso e 2,3%, desnutridos. Dos 29 classificados como sobrepeso e obesos, 75,9% reconheciam seu peso como inadequado e 5,6% achavam que estavam adequados, porém na realidade estavam com peso acima do recomendado. Conclusão: A maioria dos adolescentes avaliados apresentou hábito alimentar saudável, embora alguns com excesso da ingestão de guloseimas, com fraca concordância da imagem corporal e estado nutricional.

PALAvRAS-ChAvEAlimentação, saúde do adolescente, imagem corporal.

ABSTRACTObjective: To identify the eating habits, nutritional status and body image perceptions of adolescents. Methods: Cross sectional prospective study of 126 adolescents in a government school. The variables studied were: eating habits (through a questionnaire on food consumption frequency, meal types and eating places); nutritional status, based on Body Mass Index and WHO growth curves (2007); and body image through impressions of weight (high, low or appropriate). Results: This study encompassed 126 adolescents (12.5 to 18.8 years, 15 +1.5 years [mean ± SD]), 64 (50.8%) girls and 62 (49.2%) boys. The following foods were eaten habitually: rice (95.2%), French bread (60.3%), beans (82.5%), fruit (60.3%), sweets and candies (57.9%), chocolate drinks (53.2%), whole milk (57.9%), juice (61.1%) and carbonated soft drinks (50.8%). Most of them (57.9%) ate three meals a day and were well nourished (74.6%), with 23% obese or overweight and 2.3% undernour-ished. Of the 29 classified as overweight and obese, 75.9% acknowledged their weight as inappropriate and 5.6% thought it was appropriate, although weighing more than recommended. Conclusion: Most of the adolescents assessed had healthy eating habits, although overindulging in sweets, with weak matches between body image and nutritional status.

hábito alimentar, estado nutricional e percepção da imagem corporal de adolescentesEating habits, nutritional status and body image perceptions of adolescents

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Ana Lúcia Alves Caram1

Elizete Aparecida Lomazi2

Ana Lúcia Alves Caram ([email protected]) - Universidade Estadual de Campinas - Departamento de Pediatria - Rua Prof. Celso Ferraz de Camargo, 515 - Campinas, SP, Brasil. CEP: 13083-200.Apoio: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).Recebido em: 28/03/2012 - Aprovado em: 05/05/2012

1Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente; nutricionista clínica. Departamento de Pediatria do Hospital das Clínicas da

Universidade Estadual de Campinas (HC/UNICAMP). Campinas, SP, Brasil.2Professora, Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente; gastropediatra no Departamento de Pediatria do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC/UNICAMP). Campinas, SP, Brasil.

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22 Caram e LomaziHáBITO ALIMENTAR, ESTADO NUTRICIONAL E PERCEPçãO DA IMAgEM CORPORAL DE ADOLESCENTES

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KEy wORdSEating habits, adolescent health, body image.

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INTROdUçãO

A adolescência é um período de transição da juventude para a vida adulta, com intensas mudanças somáticas, psicológicas e sociais. Ocorre entre os 10 e 19 anos de idade, segun-do a Organização Mundial da Saúde (OMS)1, 2, e entre 12 e 18 anos, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente3. Na fase da puberda-de inicial (entre 10 e 14 anos) ocorre o estirão de crescimento, com aumento rápido das secre-ções hormonais e maturação sexual. A fase final da adolescência (entre 15 e 19 anos) é caracteri-zada pela desaceleração anterior2.

Muitas vezes, o adolescente busca uma imagem corporal idealizada e, quando isso está associado à alimentação inadequada, pode levar a desequilíbrios nutricionais que interferem em sua saúde e desenvolvimento2. Na adolescên-cia o hábito alimentar reflete valores da família, amigos e mídia. Além disso, vários fatores inter-ferem no consumo alimentar, como cultura, es-tética, situação econômica, alimentos semipre-parados, consumo fora de casa, preço, prestígio do alimento, religião, geografia, conveniência, entre outros2. O consumo excessivo e inadequa-do de alimentos pode levar a sobrepeso e, como consequência, aumento de risco de doenças car-diovasculares2, 4-6.

Não existe um método considerado pa-drão ouro para quantificar o consumo alimen-tar, porém vários estudos validam o uso de sua frequência5. Segundo Dwyerpara, para cons-tituir um padrão ouro é necessária a combi-nação de vários métodos dietéticos, bioquími-cos, clínicos e antropométricos, e sua validade e confiabilidade dependem do entrevistador e da instrução e cooperação do entrevistado. Os indicadores antropométricos determinam o estado nutricional e de saúde de indivídu-os e coletividades, fator importante no diag-

nóstico nutricional e no acompanhamento do crescimento7.

A imagem corporal é construída ainda na pré-adolescência e está relacionada a autoesti-ma corporal e insatisfação com o corpo. A pri-meira diz respeito a quanto o indivíduo gosta ou não de seu corpo e inclui, além do peso e da forma do corpo, aspectos como cabelos ou rosto. A insatisfação corporal envolve preocu-pações com peso, forma do corpo e gordura corporal8. Segundo Coqueiro et al., a percepção da imagem corporal pode ser uma ilustração na mente quanto à forma e ao tamanho do cor-po, além de sentimentos relacionados com es-sas características, como componentes afetivos, cognitivos, perceptivos e comportamentais9. A percepção da imagem corporal na adolescência desencadeia grande parte dos comportamentos alimentares anormais10.

Mediante essas informações, avaliar hábito alimentar, estado nutricional e imagem corporal de adolescentes pode contribuir para condutas terapêuticas visando prevenção de distúrbios nutricionais.

MéTOdOS

O desenho desse estudo foi prospectivo e transversal, tendo sido realizado em uma escola pública da região metropolitana de Campinas, SP. A coleta dos dados foi realizada por um úni-co pesquisador, na forma de entrevista, após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da Universida-de Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP), de acordo com a Resolução 196/96 e segundo o Protocolo nº 068/2007, da direção da escola e dos responsáveis pelo adolescente.

Os critérios de inclusão para a participa-ção no estudo foram: alunos matriculados do 7º ano do ensino fundamental ao 3º ano do en-

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sino médio, com 12 a 18 anos, que aceitassem participar voluntariamente e cujos pais assina-ram o Termo de Consentimento Livre Esclareci-do. Foram excluídos os adolescentes com relato de doença endócrina, neurológica ou anorma-lidade intestinal.

Durante a pesquisa estavam matriculados no 7º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio 172 alunos, entretanto 18 foram transferidos para outra escola, 13 não quiseram participar, 11 faltaram nos dias das entrevistas e 4 foram excluídos (três porque tinham idade acima da determinada e um tinha diagnóstico de paralisia cerebral tetraparética). Assim, parti-ciparam da pesquisa 126 adolescentes, na faixa etária de 12,5 a 18,8 anos, com média de 15,4 anos (±1,46), sendo 62 (49,2%) meninos e 64 (50,8%) meninas.

As variáveis observadas foram: hábito ali-mentar, estado nutricional e percepção da ima-gem corporal. Para o hábito alimentar foi inves-tigada a frequência do consumo de alimentos, utilizando-se, para tal, um questionário de fre-quência alimentar, com refeições diárias e o lo-cal de realização destas. Foi considerado hábito alimentar o consumo de alimentos igual ou su-perior a quatro vezes por semana, e o hábito do grupo foi definido quando pelo menos 50% dos adolescentes referiam frequência de consumo igual ou superior à quantidade mencionada4,5. Verificaram-se detalhes no questionário de fre-quência quanto ao consumo alimentar de nunca (zero) para diariamente (sete), tendo sido defi-nido como refeições diárias: desjejum, lanches (manhã e tarde), almoço, jantar e/ou ceia e con-siderada adequada a realização de pelo menos três e/ou cinco a seis refeições ao dia 6. Para a investigação do local das refeições foram ques-tionados se essas se davam em casa, na escola, em casa de parentes, em fast foods ou em lan-chonetes e restaurantes.

O estado nutricional foi avaliado por meio dos indicadores antropométricos: peso, altura e índice de massa corporal (IMC) em relação à idade. Para aferir o peso foi utilizada uma balan-ça portátil (Tanita®) com capacidade para 150

kg. Durante a pesagem o adolescente ficou sem sapatos e vestiu roupas leves (uniforme da esco-la). Para a altura foi utilizado um estadiômetro portátil (Sanny®) com escala em centímetros, onde o adolescente ficou descalço, com os pés juntos, em posição ereta e olhando para fren-te. Com o peso e a altura calculou-se o IMC, segundo a fórmula IMC = peso/altura2 (kg/m2). Posteriormente os jovens foram classificados em eutróficos (Z escore > -2 a 1), com sobrepeso (Z escore > 1 a < 2), obeso (Z escore ≥ 2) ou desnutrido (Z escore ≤ -2), segundo o gráfico de crescimento da OMS, 200711.

Segundo Coqueiro9, os métodos usados na literatura para avaliar a silhueta corporal e es-tudar a imagem corporal por figuras são fáceis, rápidos e simples, porém possuem limitações, pois suas formas bidimensionais podem contri-buir para falhas na representação total do corpo, na distribuição da massa de gordura e em ou-tros aspectos da composição corporal, que são importantes na formação da imagem corporal e, além de tudo, são baseadas em biótipos que podem não ser o do brasileiro. Assim, a investi-gação da percepção da imagem corporal dessa pesquisa foi feita por meio da impressão quanto ao peso, ou seja, mediante pergunta objetiva de múltipla escolha em que o adolescente assinala-va com um x se considerava seu peso adequado, elevado ou baixo, segundo Reato (2007)10. Pos-teriormente as respostas foram agrupadas em “adequado” ou “inadequado”.

Todos os dados foram inseridos no banco do Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 1112, onde posteriormente foram observados os dados estatísticos descritivos. Para avaliar a concordância da imagem corporal com a obesidade e o sobrepeso foi utilizado o teste estatístico Kappa, com nível de significân-cia p < 0,05.

RESULTAdOS

O hábito alimentar dos 126 adolescentes, de acordo com a frequência do consumo ali-mentar, foi apresentado em grupos alimentares

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24 Caram e LomaziHáBITO ALIMENTAR, ESTADO NUTRICIONAL E PERCEPçãO DA IMAgEM CORPORAL DE ADOLESCENTES

(Tabela 1). Observam-se como hábito desse grupo de adolescentes: arroz em 120 adolescen-tes (95,2%), pão francês em 76 (60,3%), feijão em 104 (82,5%), frutas em 76 (60,3%), doces e balas em 73 (57,9%), achocolatados em 67 (53,2%), leite integral em 73 (57,9%), suco em 77 (61,1%) e refrigerante em 64 (50,8%).

Apesar de terem sido encontrados como de hábito feijão e frutas, outros alimentos ricos em fibras tiveram seu consumo abaixo do ponto de corte para a definição de hábito (≥ 4 vezes na se-mana), como arroz integral, pão integral, barra de cereal, aveia, farelo de trigo, pipoca e verdura de folha. Outro dado relevante foi o fato de ne-nhum aluno ter relatado o consumo de farelo de trigo, uma fonte rica e barata de fibra alimentar. Outra grande preocupação nesse trabalho foi o relato de que os adolescentes consumem cerve-jas e vinho, identificados como hábito em 7,9% (10/126) dos jovens, em proporções iguais para meninos e meninas, com idade de 13,6 anos a 16,6 anos, ou seja, nenhum desses adolescentes que afirmaram consumir habitualmente bebida alcoólica tinha idade permitida para isso.

O consumo diário (sete dias na semana) de alimentos proteicos relatado pelos adolescentes foi: carne de boi em 17,5% (n = 22) dos casos, frango em 7,9% (n = 10), salsicha, ovo e porco em 4% (n = 5), e o menor consumo foi para peixe, com menos de 1% (n = 1).

Quanto à frequência diária das refeições, 57,9% (n = 73) dos adolescentes realizavam pelo menos três refeições ao dia e 18,3% (n = 23) relataram entre cinco e seis ao dia. Na Tabela 2 está apresentado o padrão de consumo de ali-mentos nas diversas refeições dos adolescentes, como desjejum, lanches da manhã e da tarde, almoço, jantar e ceia. As refeições consumidas habitualmente e com maior frequência foram as seguintes: jantar em 92,1% (n = 116), almoço em 84,1% (n = 106), desjejum em 62,7% (n = 79) e lanche da tarde em 61,9% (n = 78). O con-sumo diário (sete dias) de desjejum esteve pre-sente em 56,2% (n = 71) adolescentes, almoço em 81,7% (n = 103) e jantar em 85,7% (n = 108) (Tabela 2).

O local do consumo da refeição habitual (≥ 4 vezes/semana) foi para 92,5% (n = 117) adolescentes em sua casa; na casa de avós ou parentes, 7,1,6% (n = 9); na escola, 43,7% (n = 55), em fast food/lanchonetes, 7,9% (n = 10) e restaurante, 3,2% (n = 4). Na Tabela 3 pode ser observada a frequência desde nenhum consu-mo até consumo diário.

De acordo com o IMC por idade, em Z es-core, segundo a curva de crescimento da OMS11, a maioria dos 126 adolescentes era eutrófica (n = 94;74,6%); 15,1% apresentavam sobrepeso; 7,9% eram obesos; e 2,3%, desnutridos. Na Ta-bela 4 é possível verificar a predominância de obesidade e sobrepeso para meninas (n = 16) e desnutrição entre os meninos (n = 2).

A Tabela 4 mostra também que cerca de dois terços dos adolescentes (n = 73; 57,9%) consideravam seu peso adequado e 42,1% (n = 53), inadequado (ou seja, julgavam seu peso elevado ou baixo). Dos 29 classificados como sobrepeso e obesos, 75,9% (n = 22) reconhe-ciam seu peso como inadequado, porém 24,1% (n = 7) achavam que estavam adequados e, na realidade, apresentavam peso acima do reco-mendado.

Agrupando-se os sexos em masculino e feminino, o diagnóstico nutricional em eutrofia e distrofia (obeso, sobrepeso e desnutrido) e a imagem corporal em adequada e inadequada (elevado e baixo), e relacionando-se o grau de concordância do diagnóstico nutricional com a imagem corporal, segundo o teste estatístico de Kappa, não houve concordância, pois o valor de kappa foi de 0,3403.

dISCUSSãO

O consumo alimentar dos adolescentes se altera muito rapidamente, principalmente no estirão de crescimento, e pode estar associado à maturação física. Saltar refeições, fazer lanches em horas não usuais, dietas, jejum, bulimia, vô-mito autoinduzido, laxativos e regime esportivo podem estar presentes na vida do adolescente e não serem identificados6.

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Tabela 1. Hábito alimentar dos 126 adolescentes e do grupo como um todo classificado segundo cereais e leguminosas; leites e derivados; carnes e ovos; alimentos oleosos; petis-cos; sobremesas e doces; bebidas; bebidas alcoólicas; hortaliças e frutas.

Grupos de alimentos Cereais e leguminosas Oleosos

n % n %Arroz * 120 95,2 Azeite 35 27,8Arroz integral 13 10,3 Molho para salada 27 21,4Massas 26 20,6 Bacon 17 13,5Pão integral 16 12,7 Manteiga 50 39,7Pão francês* 76 60,3 Margarina 35 27,8Pão de forma 24 19 Maionese 27 21,4Biscoito salgado 19 15,1 PetiscosBiscoito doce 37 29,4 Sanduíches 20 15,9Bolo 19 15,1 Pizzas 7 5,6Barra de cereal 11 8,7 Snacks 14 11,1

Aveia 8 6,3 Salgadinhos (esfirra, coxinha) 13 10,3

Farelo de trigo 0 0 Sobremesas e docesGranola 3 2,4 Sorvete 21 16,7Cereal matinal 36 28,6 Tortas 8 6,3Pipoca 14 11,1 Geleia 8 6,3Feijão* 104 82,5 Doces/balas* 73 57,9

Leites e derivados Chocolate 47 37,3

Leite integral* 73 57,9 Achocolatados* 67 53,2

Leite desnatado ou semidesnatado 15 11,9 Bebidas

Iogurte 23 18,3 Café 36 28,6Queijo 37 29,4 Suco* 77 61,1Requeijão 18 14,3 Refrigerante* 64 50,8

Carnes e ovos Produtos diet light/suplemento Ovo 16 12,7 Adoçante 6 4,8

Carne de boi 53 42,1 Refrigerante diet 6 4,8

Carne de porco 14 11,1 Alimentos diet 2 1,6Frango 35 27,8 Peixe 11 8,7 Bebidas alcoólicasSalsicha 16 12,7 Cerveja/vinho 10 7,9Presunto, salame, mortadela 42 33,3 Suplementos nutricionais

Hortaliças Suplemento nutri-cional 1 0,8

Verdura de folha 19 15,1 Frutas

Tubérculo (batata) 3628,6 Frutas* 76 60,3

n = número de adolescentes. Hábito alimentar definido como consumo alimentar > 4 vezes/semanas.*Hábito do grupo além da definição individual atingir ≥50% dos adolescentes.

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Adolescência & SaúdeAdolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 9, n. 2, p. 21-29, abr/jun 2012

26 Caram e LomaziHáBITO ALIMENTAR, ESTADO NUTRICIONAL E PERCEPçãO DA IMAgEM CORPORAL DE ADOLESCENTES

Tabela 2. Frequência e hábito do consumo das refeições dos 126 adolescentes.

F Café da manhã Lanche da manhã Almoço Lanche da

tarde Jantar Ceia

n % n % n % n % n % n %0 19 15,1 66 52,4 2 1,6 21 16,7 4 3,2 85 67,51 13 10,3 9 7,1 6 4,8 9 7,1 2 1,6 7 5,62 11 8,7 14 11,1 9 7,1 8 6,3 1 0,8 7 5,63 4 3,2 6 4,8 3 2,4 9 7,1 1 0,8 5 44 2 1,6 1 0,8 2 1,6 3 2,4 0 0 4 3,25 3 2,4 12 9,5 1 0,8 13 10,3 3 2,4 2 1,66 3 2,4 1 0,8 0 0 9 7,1 5 4 2 1,67 71 56,3 17 13,5 103 81,7 53 42,1 108 85,7 13 10,3H 79 62,7 31 24,6 106 84,1 78 61,9 116 92,1 21 16,7

n = número de adolescentes; F = frequência, variando de 0 (sem consumo) até 7 (consumo diário); H = hábito alimentar (consumo ≥ 4 vezes/semana).

Tabela 3. Frequência e hábito do local das refeições dos 126 adolescentes.

F Em casa Parentes e avós Escola Fast foods e/ou lanchonetes Restaurantes

n % n % n % n % n %0 3 2,4 55 43,7 31 24,6 52 41,3 70 55,61 0 0 31 24,6 14 11,1 28 22,2 23 18,32 2 1,6 15 11,9 10 7,9 18 14,3 5 4,03 4 3,2 3 2,4 15 11,9 4 3,2 3 2,44 2 1,6 1 0,8 5 4,0 3 2,4 0 05 8 6,3 1 0,8 29 23,0 3 2,0 1 0,86 10 7,9 0 0 0 0 2 1,6 1 0,87 97 77,0 7 5,6 21 16,7 2 1,6 2 1,6H 117 92,9 9 7,1 55 43,7 10 7,9 4 3,2

n = número de adolescentes; F = frequência, variando de 0 (sem consumo) até 7 (consumo diário); H = hábito alimentar (consumo ≥ 4 vezes/semana).

Tabela 4. Distribuição de obesidade e sobrepeso em relação à percepção da imagem corporal dos 126 adolescentes.

Variáveis Sobrepeso e obeso

EstudadasNão

n (%)

Sim

n (%)

Total

n (%)

Valor de p

0,001

Percepção da imagem corporal < 0,001* e 0, 3403**

Peso inadequado 31 (32%) 22 (75,9%) 53 (42,1%)

Peso adequado 66 (68%) 7 (24,1%) 73 (57,9%)

Total 97 (100%) 29 (100%) 126 (100%)

*Houve diferença significante p < 0,05. Testes estatísticos: exato de Fisher. **Sem concordância, teste Kappa = 0,3403.Dos 97 pacientes não obesos, 94 (74,6%) eram eutróficos e 3 (2,3%) desnutridos.n = número de adolescentes.

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27Caram e Lomazi HáBITO ALIMENTAR, ESTADO NUTRICIONAL E PERCEPçãO DA IMAgEM CORPORAL DE ADOLESCENTES

O consumo alimentar tem sido associa-do à obesidade não apenas pelo volume, mas pela composição e pela qualidade da dieta, com pouco consumo de frutas, hortaliças e leite e aumento das guloseimas (bolachas recheadas, salgadinhos e doces) e refrigerantes, bem como omissão do desjejum13.

Reato et al.10estudaram 174 adolescentes e identificaram como hábito alimentar (4x ou +/semana): 20,7% (n = 36) tomavam refrigeran-tes, 48,3% (n = 84) bebiam leite somente uma vez por dia e 10,9% (n = 19) não tomavam leite. A ingestão diária de carne foi de 44,2% (n = 77) e o hábito de tomar desjejum, 57,5%. Também verificaram que 34 (19,5%) usavam suplemen-tos alimentares, sendo os polivitamínicos (nove adolescentes) e os aminoácidos (seis) os referi-dos com maior frequência. Desses aminoácidos foram relatados: L-carnitina (nutriente sinteti-zado de um aminoácido essencial – a lisina –, presente em todas as mitocôndrias do corpo), creatina (ou seja, dois aminoácidos: glicina e arginina) e whey protein (proteína extraída do soro do leite).

O hábito alimentar dos 120 adolescentes nessa pesquisa foi para: arroz em 120 (95,2%), pão francês em 76 (60,3%), feijão em 104 (82,5%), frutas em 76 (60,3%), achocolatados em 67 (53,2%), leite integral em 73 (57,9%), suco em 77 (61,1%), guloseimas como doces e balas em 73 (57,9%) e refrigerante em 64 (50,8%). O uso de suplemento nutricional foi relatado ape-nas por um adolescente. Mais da metade dos adolescentes consumia desjejum diariamente (n = 71; 56,3%) e habitualmente (n = 79; 62,7%). O almoço e o jantar diário foram relatados por 81,7% e 85,7% adolescentes, respectivamente. Alguns resultados foram preocupantes, pois al-guns jovens afirmaram nunca consumirem desje-jum (n = 19; 15,1%), almoço (n = 2; 1,6%) e jantar (n = 4; 3,2%). Realizavam pelo menos três refeições ao dia 73 dos 126 (57,9%) adolescentes. Para o Ministério da Saúde6 o recomendável seria cinco a seis refeições ao dia, mas isso só ocorreu em 23 (18,3%) dos jovens.

Neutzling et al.14 compararam 264 adoles-

centes acima do peso e 264 eutróficos e con-cluíram que consumir mais de três refeições por dia foi um fator de proteção contra a obesidade. Além disso, demonstraram que a obesidade dos adolescentes estava associada à dos pais: mãe, odds ratio (OR) = 2,86 e pai OR = 2,43; enquan-to o hábito dietético foi de OR = 3,53 e a obe-sidade antes dos 10 anos OR = 2,26, sugerindo uma precoce intervenção familiar e da comuni-dade com objetivo de prevenir e modificar esse comportamento.

A maioria dos adolescentes nesse estudo (n = 94, 74,6%) foi eutrófica, uma pequena parte (2,4%) era desnutrida e 29 (23%) eram obe-sos ou apresentavam sobrepeso. Esse quadro ressalta a transição epidemiológica que o país atravessa, colocando em evidência a importân-cia da intervenção nutricional para a prevenção dessa nova condição a fim de evitar a ascensão da obesidade no Brasil. Isso é preocupante, pois a obesidade infantil é um fator de risco para o aparecimento de várias doenças crônicas não transmissíveis, como a hipertensão arterial, diabetes e dislipidemias, antigamente presen-tes praticamente apenas em adultos e idosos15. Sabe-se que a obesidade é multifatorial e que hábitos alimentares errôneos contribuem signi-ficativamente para isso13.

Apesar desses dados, atualmente a popu-lação está consumindo cada vez mais alimentos diet e light15. Nessa pesquisa foi identificado o consumo habitual de adoçantes entre seis (4,8%) adolescentes, a mesma porcentagem para refrigerante diet e apenas 1,6% (n = 2) para alimentos diet em geral. A associação entre obe-sidade e sobrepeso e o uso de adoçante, nessa amostra de 126 adolescentes, não apresentou diferença significativa.

Essa pesquisa reafirma a importância de se promoverem alimentação saudável e atividade física na escola e na comunidade, aumentando o acesso a frutas e vegetais, removendo alimen-tos com alta densidade calórica e citando o va-lor de programas escolares, também inseridos no currículo, com alta qualidade de educação em saúde, nutrição e educação física.

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28 Caram e LomaziHáBITO ALIMENTAR, ESTADO NUTRICIONAL E PERCEPçãO DA IMAgEM CORPORAL DE ADOLESCENTES

A Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE, 2009) avaliou aproximadamente 60 mil adolescentes do 9º ano em todas as capitais brasileiras e investigou suas percepções sobre o próprio estado nutricional. A pesquisa demons-trou que 35,8% das estudantes que se acha-vam muito gordas estavam, na verdade, dentro do peso adequado. Do mesmo modo, 51,5% das adolescentes entrevistadas que informaram ter tentado emagrecer estavam dentro do peso normal. Quase 90% dos adolescentes que ten-taram ganhar peso estavam no estado nutricio-nal adequado16.

Branco et al.17 verificaram que a percepção de peso foi mais comprometida entre as meni-nas do que em meninos. Das 348 adolescentes em eutrofia, 152 (43,6%) se identificaram com algum excesso de peso; e das 42 que apre-sentaram sobrepeso, 20 (47,6%) se acharam obesas. Entre os meninos, dos 443 eutróficos, 85 (19,2%) se acharam em sobrepeso; dos 95 em sobrepeso, 25 (26,3%) se consideraram eu-tróficos; dos 35 em obesidade, 15 (42,8%) se identificaram com as figuras de sobrepeso e 1 (2,8%) com eutrofia. Em ambos os sexos a per-cepção real de sua condição é distorcida. Entre as meninas há mais casos de superestimação (κ= 43,45%) e entre os meninos, de subestimação da condição real (κ = 5,65%). A concordância da imagem corporal com o estado nutricional é um elemento importante no monitoramento dos fatores de risco à saúde dos adolescentes.

Nessa pesquisa, dos 29 jovens com sobre-peso e obesos, 22 (75,9%) reconheciam seu peso como inadequado e sete (5,6%), não. No grupo dos eutróficos, 31 achavam que seu peso era inadequado, porém era adequado. Com isso a imagem corporal teve uma concordância fraca segundo o teste de Kappa (0,3403).

A obesidade infantil é uma epidemia glo-bal e a tendência para aumento de sobrepeso e obesidade é aparente18. A escola e a comunida-de precisam dividir a responsabilidade quanto a acesso a alimentos de alta qualidade e progra-mas educacionais nos currículos escolares, além de difundir a atividade física para combater o sedentarismo e o sobrepeso, prevenindo doen-ças crônicas degenerativas19. A escola pode ser uma grande aliada para combater a obesidade infantil, sendo essenciais projetos futuros, além de pesquisas a longo prazo quanto à eficácia de uma gama de políticas alimentares escolares no combate tanto à ingestão alimentar inadequada quanto ao sobrepeso e á obesidade20.

CONCLUSãO

O hábito alimentar desses adolescentes foi composto por arroz, feijão, pão francês, frutas, sucos, leite integral e achocolatados, porém também foram identificadas as guloseimas do-ces, balas e refrigerantes. A maioria teve consu-mo diário de desjejum, almoço e jantar, porém os resultados do desjejum foram preocupantes em 15% dos alunos que relataram não fazê-lo. O local mais frequente para a refeição foi a pró-pria casa. O estado nutricional foi eutrófico para maioria, e mais da metade considerava seu peso adequado. A imagem corporal não teve concor-dância em relação a obesidade e sobrepeso.

AGRAdECIMENTOS

Agradecemos à diretora da escola, que nos permitiu a realização dessa trabalho e a partici-pação dos alunos, a colaboração de pais e pro-fessores.

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Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 9, n. 2, p. 21-29, abr/jun 2012 Adolescência & Saúde

29Caram e Lomazi HáBITO ALIMENTAR, ESTADO NUTRICIONAL E PERCEPçãO DA IMAgEM CORPORAL DE ADOLESCENTES

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