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CARATERIZAÇÃO DOS SEDIMENTOS E ESTUDO SOBRE OS
MOVIMENTOS DE MASSAS DAS ENCOSTAS DA REGIÃO
COSTEIRA DO MUNICÍPIO DO CONDE/PB
THOMAZ DE AQUINO PAULO NETO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
(MODALIDADE – MONOGRAFIA)
NATAL – RN
2016
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
THOMAZ DE AQUINO PAULO NETO
CARATERIZAÇÃO DOS SEDIMENTOS E ESTUDO SOBRE OS
MOVIMENTOS DE MASSAS DAS ENCOSTAS DA REGIÃO
COSTEIRA DO MUNICÍPIO DO CONDE/PB
Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade
Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do Título de
Bacharel em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dr. Olavo Francisco dos Santos
Júnior
PUBLICAÇÃO: DEC –
NATAL/RN, 1 DE JUNHO DE 2016
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NATAL/RN, 1 DE JUNHO DE 2016.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
PAULO NETO, THOMAZ DE AQUINO (2016). Caracterização dos sedimentos
e estudo sobre os movimentos de massas das encostas da região costeira do
município do Conde e análise da estabilidade de taludes na praia de
Carapibús. Trabalho de conclusão de curso. Publicação DEC - ,
departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal, RN, páginas.
CESSÃO DE DIREITOS
AUTOR: Thomaz de Aquino Paulo Neto
TÍTULO: Caracterização dos sedimentos e estudo sobre os movimentos de
massas das encostas da região costeira do município do Conde/PB
GRAU: Bacharel em Eng. Civil Ano: 2016
É concedida à Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para
reproduzir cópias deste Trabalho de Conclusão de Curso e para emprestar ou
vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor
reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desse Trabalho de
Conclusão de Curso pode ser reproduzida sem autorização por escrito do
autor.
Thomaz de Aquino Paulo Neto Av. Deodoro da Fonseca, 240. Apto. 202
Ribeira, CEP: 59012-600, Natal - RN
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CARATERIZAÇÃO DOS SEDIMENTOS E ESTUDO SOBRE OS
MOVIMENTOS DE MASSAS DAS ENCOSTAS DA REGIÃO COSTEIRA DO
MUNICÍPIO DO CONDE/PB
THOMAZ DE AQUINO PAULO NETO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO NA MODALIDADE
MONOGRAFIA, SUBMETIDO AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA
CIVIL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO
PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO
TÍTULO DE BACHAREL EM ENGENHARIA CIVIL.
APROVADO POR:
___________________________________________________
PROF. DR. OSVALDO DE FREITAS NETO, D.Sc. (UFRN)
(EXAMINADOR INTERNO)
___________________________________________________
(ARSBAN) PEDRO JÚNIOR
(EXAMINADOR EXTERNO)
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CARATERIZAÇÃO DOS SEDIMENTOS E ESTUDO SOBRE OS
MOVIMENTOS DE MASSAS DAS ENCOSTAS DA REGIÃO COSTEIRA DO
MUNICÍPIO DO CONDE/PB
Thomaz de Aquino Paulo Neto
Orientador: Prof. Dr. Olavo Francisco dos Santos Júnior.
RESUMO
A pesquisa desenvolvida está voltada para a caracterização dos sedimentos e
estudo dos movimentos de massa das falésias do município do Conde, litoral
sul da Paraíba. O estudo objetiva a caracterização geotécnica dos matérias
constituintes das falésias, bem como a identificação dos tipos de movimentos
de massas deflagrados na área. A região encontra-se numa expansão
imobiliária e turística, necessitando de estudos que tragam um conhecimento
maior para a população sobre o alto grau de instabilidade das falésias, bem
como orientar e alertar novos investimentos sobre a problemática em questão.
O respaldo metodológico baseia-se em ensaios, caracterização e cisalhamento
direto, realizados no laboratório de mecânica dos solos da UFRN e da UFPB, e
guiados pelas normas regulamentadas pela ASTM D3080, para o cisalhamento
direto, e pela ABNT, para os ensaios de caracterização. Os resultados obtidos
mostram que trata-se de solos predominantemente arenosos, com variação
granulométrica ao longo de toda a extensão das áreas estudadas. As frações
de argila presentes no material apresentam baixa plasticidade e baixa
atividade. Comparações com outras pesquisas mostram que o material da
região estudada apresenta uma resistência relativamente baixa. Observações
de campo permitem inferir que a Praia de Carapibús é a que apresenta o maior
perigo para a população devido aos movimentos de massas.
Palavras-chaves: Falésias, movimentos de massas, cisalhamento direto,
caracterização geotécnica.
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CARATERIZAÇÃO DOS SEDIMENTOS E ESTUDO SOBRE OS
MOVIMENTOS DE MASSAS DAS ENCOSTAS DA REGIÃO COSTEIRA DO
MUNICÍPIO DO CONDE/PB
Thomaz de Aquino Paulo Neto
Orientador: Prof. Dr. Olavo Fracisco dos Santos Júnior.
ABSTRACT
The developed research is focused on the characterization of sediments and
study of mass movements of the cliffs of the city of Conde, southern coast of
Paraiba. The study aim to geotechnical characterization of the constituent
materials of the cliff, and the identification of the types of triggered mass
movements in the aera. The region is in a real estate and tourism
expansion, requiring studies to bring a greater understanding to the population
about the high degree of instability of the cliffs and warn new investments about
the problem. The methodology is based on testing, characterization and direct
shear, performed at Soil Mechanical Laboratory at UFRN and UFPB, and
guided by the Standards Regulatory by ASTM D3080, for direct shear test, and
by ABNT, for testing of characterization. The results show that it is
predominantly sandy soils with grain size variation throughout the extent area of
study. The clay fractions present in the material have low plasticity and low
activity. Comparisons with other studies show that the material in the region
studied has a relatively low resistance. Field observations allow inferring that
CarapibÚs Beach is the one that presents the greatest danger to the population
due to mass movements.
Key-words: Cliffs, mass moviment, Direct Shear test, Geotechnical
characterization
v
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“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é
senão uma gota no mar. Mas o mar seria menos se
lhe faltasse uma gota”.
Madre Teresa de Calcutá.
A minha amada família:
Fábio Santos Esteves, Maria Auxiliadora Paulo
Esteves e Fábio Santos Esteves Jr.
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Agradecimentos
A Deus, por me guiar nesse trabalho e sempre me proteger em todos os
meus passos.
Ao meu orientador, professor Olavo Francisco dos Santos Jr, pela
confiança, disponibilidade e valiosos conhecimentos transmitidos durante o
desenvolvimento do presente trabalho.
Ao meu amigo Luiz Augusto da Silva Florêncio, por todos os anos de
amizade e pela ajuda em várias etapas da pesquisa.
A Conrad Rosa, que se engajou fervorosamente na pesquisa para que
juntos pudéssemos conclui-la.
A todos os meus amigos do curso de Engenharia Civil, que, juntamente
comigo, dividiram os momentos difíceis da caminha.
Aos membros do Laboratório de Mecânica dos Solos da UFRN, pelas
informações e saberes compartilhados desde o dia em que ingressei.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1: Camadas do solo residual .......................................................... 25
Figura 2.2: Solos residuais ........................................................................... 25
Figura 2.3: Bacia Pernambuco-Paraíba e suas sub-bacias ......................... 29
Figura 2.4: Estatigrafia e idades das Formações da sub-bacia Alhandra .... 30
Figura 2.5: Queda de bloco .......................................................................... 37
Figura 2.6: Queda de bloco na Praia de Carapibús ..................................... 37
Figura 2.7: Rastejo ....................................................................................... 38
Figura 2.8: Divisões da corrida ..................................................................... 40
Figura 2.9: Escorregamento Planar ............................................................. 41
Figura 2.10: Escorregamento circular ........................................................... 41
Figura 2.11: Escorregamento em forma de cunha ........................................ 42
Figura 2.12: Escorregamento Misto .............................................................. 42
Figura 2.13: Praia do Amor ........................................................................... 45
Figura 2.14: Ataque de ondas na encosta viva ............................................. 47
Figura 2.15: Transmissão de forças entre partículas .................................... 49
Figura 3.1: Mapa da Paraíba e município do conde em destaque ................ 54
Figura 3.2: Distribuição das Praias do Conde/PB ......................................... 55
Figura 3.3: Praia de Carapibús ..................................................................... 55
Figura 3.4: Praia de Tabatinga – Erosão ...................................................... 56
Figura 3.5: Praia de Arapuca – Voçoroca ..................................................... 56
Figura 3.6: Praia de Coqueirinho – Voçorocas.............................................. 56
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10
Figura 3.7: Praia do Amor – Erosão .............................................................. 57
Figura 3.8: Praia de Tambaba – Erosão ....................................................... 57
Figura 3.9: Fatores naturais .......................................................................... 58
Figura 3.10: Afloramento na Rodovia BR 101, sul de João Pessoa, onde a
Formação Barreiras é dobrada, mas os Sedimentos Pós-Barreiras
sobrejacentes estão em posição de deposição original ................................ 59
Figura 3.11: Sub-bacia Alhandra................................................................... 60
Figura 4.1: Amostras ..................................................................................... 64
Figura 4.2: Localização da retirada das amostras deformadas ..................... 66
Figura 4.3: Localização da retirada das amostras indeformadas .................. 66
Figura 4.4: Trechos escolhidos para o Checklist: Carapibús ........................ 67
Figura 4.5: Localização da retirada das amostras deformadas: Tabatinga ... 68
Figura 4.6: Localização da retirada das amostras deformadas: Coqueirinho 68
Figura 4.7: Localização da retirada das amostras deformadas: Arapuca ..... 69
Figura 4.8: Localização da retirada das amostras deformadas: Tambaba .... 69
Figura 4.9: Localização da retirada das amostras deformadas: Bela ............ 70
Figura 4.10: Esculpimento do Corpo de Prova.............................................. 71
Figura 4.11: Dimensões do Corpo de Prova: h=3cm e D=6cm ..................... 72
Figura 4.12: Corpo de Prova rompido ........................................................... 72
Figura 4.13: Máquina montada para ensaio .................................................. 73
Figura 5.1: Trecho 01 .................................................................................... 74
Figura 5.2: Trecho 02 .................................................................................... 75
Figura 5.3: Trecho 03 .................................................................................... 76
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Figura 5.4: Trecho 04 .................................................................................... 77
Figura 5.5: Trecho 04 .................................................................................... 78
Figura 5.6: Trecho 05 .................................................................................... 79
Figura 5.7: Trecho 06 .................................................................................... 80
Figura 5.8: Trecho 07 .................................................................................... 81
Figura 5.9: Trecho 08 .................................................................................... 82
Figura 5.10: Trecho 09 .................................................................................. 83
Figura 5.12: Erosão na Praia do Amor .......................................................... 85
Figura 5.13: Queda de blocos na Praia de Arapuca ..................................... 86
Figura 5.14: Queda de blocos na Praia Bela ................................................ 87
Figura 5.15: Gráfico Tensão Cisalhante x Deslocamento Horizontal para
AM1– Teor de umidade natural ..................................................................... 92
Figura 5.16 Gráfico Variação de Volume x Desloc. Horizontal para AM1 –
Teor de umidade natural ............................................................................... 92
Figura 5.17: Gráfico da Envoltória do Ensaio para AM1 – Teor de umidade
natural ........................................................................................................... 93
Figura 518: Gráfico Tensão Cisalhante x Deslocamento Horizontal para AM1
– Inundado .................................................................................................... 94
Figura 5.19: Gráfico Variação de Volume x Desloc. Horizontal para AM1 –
Inundado ....................................................................................................... 94
Figura 5.20: Gráfico da Envoltória do Ensaio para AM1 – Inundado ............ 95
Figura 5.21: Gráfico Tensão Cisalhante x Deslocamento Horizontal para AM2
– Teor de umidade natural ............................................................................ 96
Figura 5.22: Gráfico Variação de Volume x Desloc. Horizontal para AM2 –
Teor de umidade natural ............................................................................... 96
x
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Figura 5.23: Gráfico da Envoltória do Ensaio para AM2 - Teor de umidade
natural ........................................................................................................... 97
Figura 5.24: Vista microscópica da Am 1: a) grão com diâmetros variados; b)
partículas com granulometria mais uniforme................................................. 98
Figura 5.25: Vista microscópica da Am 1: grãos com diâmetros cotados
(escala: 1mm: 67 pixels); b) grãos enumerados ........................................... 99
Figura 5.26: Vista microscópica da Am 2 a) grão com diâmetros variados; b)
Grãos com diâmetros cotados (escala: 1mm: 67 Pixels) ............................ 100
Figura 2.7: Vista microscópica da Am 2 a) grão com diâmetros
predominantemente médios e pequenos; b) grãos com diâmetros cotados
(escala: 1mm: 67 Pixels) ............................................................................. 101
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LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1- Origem dos solos ......................................................................... 24
Quadro 2.2 - Características dos principais grandes grupos de movimentos de
massas ............................................................................................................ 36
Quadro 2.3 - Classificação dos fatores deflagradores dos movimentos de
massa ............................................................................................................... 43
Quadro 2.4 - Fatores Condicionantes de processos erosivos .......................... 45
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LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Parâmetros para solos homogêneos da Formação Barreiras ...... 27
Tabela 2.2 - Parâmetros para solos heterogêneos da Formação Barreiras ..... 28
Tabela 2.3 - Valores de coesão, ângulo de atrito e coeficiente de
permeabilidade, Severo (2005)..........................................................................52
Tabela 5. 1 - Resultados dos ensaios de caracterização - Praia de Carapibús 88
Tabela 5. 2 - Resultados dos ensaios de caracterização - Praia de Tabatinga 88
Tabela 5. 3 - Resultados dos ensaios de caracterização - Praia de Coqueirinho
......................................................................................................................... 89
Tabela 5.4 - Resultados dos ensaios de caracterização - Praia de Arapuca ... 89
Tabela 5.5 - Resultados dos ensaios de caracterização - Praia de Tambaba.. 90
Tabela 5.6 - Resultados dos ensaios de caracterização – Praia Bela .............. 90
Tabela 5.7 - Resultado dos ensaios de caracterização para as amostras
indeformadas .................................................................................................... 91
Tabela 5.8 – Dados de Severo (2005).............................................................102
Tabela 5.9 – Dados de Souza Jr. (2013).........................................................102
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LISTA DE SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AESA Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba
c Coesão
c’ Coesão efetiva
ϕ Ângulo de atrito
ϕ’ Ângulo de atrito efetivo
LL Limite de liquidez
LP Limite de plasticidade
IP Índice de plasticidade
GS Peso específico relativo dos grãos
Pesos específico aparente
NBR Norma Brasileira Registrada
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UFPB Universidade Federal da Paraíba
SUCS Sistema Unificado de Classificação
SM Areia Siltosa
SP-SM Areia Siltosa mal-graduada
SC-SM Areia Argilo-siltosa
SW-SM Areia Siltosa bem graduada
SC Areia argilosa
SP Areia mal graduada
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SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................... 19
1.1 RELEVÂNCIAS ....................................................................................... 19
1.2 JUSTIFICATIVAS .................................................................................... 19
1.3 OBJETIVOS ............................................................................................ 20
CAPÍTULO 2 DESENVOLVIMENTO TEÓRICO .............................................. 21
2.1 ROCHAS ................................................................................................. 21
2.1.1 ROCHAS ÍGNEAS ............................................................................ 21
2.1.2 ROCHA METAMÓRFICA ................................................................. 21
2.1.3 INTEMPERISMO .............................................................................. 22
2.1.4 ROCHAS SEDIMENTARES ............................................................. 23
2.2 SOLO RESIDUAL ................................................................................... 24
2.3 SOLOS COLUVIONARES ...................................................................... 25
2.4 FORMAÇÃO BARREIRAS ...................................................................... 26
2.4.1 FORMAÇÃO BARREIRAS NA PARAÍBA ......................................... 28
2.5 CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICAS ................... 31
2.5.1 CARACTERIZAÇÃO ......................................................................... 31
2.5.2 CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA..................................................... 32
2.6 TALUDES................................................................................................ 33
2.7 MOVIMENTOS DE MASSAS .................................................................. 34
2.7.1 SUBSIDÊNCIA.................................................................................. 36
2.7.2 QUEDAS E TOMBAMENTOS .......................................................... 36
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17
2.7.2 ESCOAMENTO ................................................................................ 37
2.7.3 DESLIZAMENTO .............................................................................. 40
2.7.4 EROSÃO .......................................................................................... 44
2.8 EROSÃO COSTEIRA ............................................................................. 46
2.9 RESISTÊNCIA DOS SOLOS .................................................................. 48
2.9.1 ATRITO ............................................................................................. 48
2.9.2 COESÃO .......................................................................................... 50
2.10 RESISTÊNCIA E CIMENTAÇÃO NAS AREIA ...................................... 50
2.11 ESTUDOS CORRELACIONADOS ....................................................... 51
CAPÍTULO 3 APRESENTAÇÃO DA ÁREA ESTUDADA ................................. 54
3.1 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E LIMITES ............................................ 54
3.2 FATORES NATURAIS ............................................................................ 57
3.3 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA DA ÁREA ....................................... 58
3.4 CARACTERÍSTICAS .............................................................................. 61
CAPÍTULO 4 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................... 64
4.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 64
4.2 COLETA DE MATERIAIS E INVESTIGAÇÕES DE CAMPO .................. 64
4.2.1 LOCALIZAÇÃO DA RETIRADA DAS AMOSTRAS .......................... 66
4.3 MÉTODOS (ENSAIOS) ........................................................................... 70
4.3.1 ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO .................................................. 70
4.3.2 ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO ........................................... 70
CAPÍTULO 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................... 74
5.1 OBSERVAÇÕES E INVESTIGAÇÕES DE CAMPO ............................... 74
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5.2 ENSAIOS LABORATORIAIS .................................................................. 87
5.2.1 ENSAIOS DAS AMOSTRAS DEFORMADAS .................................. 87
5.2.2 ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO ........................................ 91
5.2.3 ANÁLISES DE FOTOGRAFIAS MICROSCÓPICAS ........................ 97
5.3 COMPARAÇÕES DO ENSAIO DE CILHAMENTO DIRETO ................ 102
5.3.1 COMPRAÇÕES COM SEVERO (2005) ......................................... 102
5.3.2 COMPARAÇÕES COM SOUZA JR. (2013) ................................... 103
CAPÍTULO 6 CONCLUSÕES ........................................................................ 105
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 107
ANEXO I ......................................................................................................... 110
ANEXO II ........................................................................................................ 111
AENXO III ....................................................................................................... 121
ANEXO IV ...................................................................................................... 122
ANEXO V ....................................................................................................... 123
19
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO AO ESTUDO
1.1 RELEVÂNCIAS
Historicamente, devido a maior facilidade de transporte e comunicação
entre os povos, a região costeira possui uma densidade demográfica alta. A
procura por habitações e instalações de bens de consumo em cidades
costeiras continua crescendo em todo o mundo. No Brasil isso também se
observa. A costa brasileira possui extensão de 7408 km e nela estão várias
cidades de médio e grande porte.
De acordo com Braga (2005), 2/3 da população mundial vive em uma faixa
de 100 km a partir do limite de costa. Isso decorre da atração que essa região
exerce no ser humano, seja pelas suas belezas naturais ou oportunidades e
infraestrutura disponíveis.
A costa está submetida a ações naturais (ataque de ondas e cheias de
marés, chuvas intensas, salinidade, ventos, declividades acentuadas etc.) que
provocam constantes modificações físicas na região, tornando-a uma zona com
alto nível de instabilidade. Esse fator é cada vez mais agravado com a
ocupação territorial desenfreada, devido à indústria turística-imobiliária, que
atrai empreendimentos e grande fluxo de pessoas.
1.2 JUSTIFICATIVAS
O presente trabalho estuda e analisa as falésias costeiras do município do
Conde/PB, localizado no litoral sul do estado, que estão apresentando diversos
movimentos de massas em suas falésias.
A beleza da paisagem do Nordeste brasileiro atrai pessoas de diversas
partes do país e do mundo, fato também comum ao município do Conde. O
fluxo de usuários nas praias desperta a atenção de veranistas e de
empreendedores, dispostos a investirem no setor imobiliário da região. Esse
fator ganha mais força devido à presença de lotes ou hotéis localizados nas
proximidades das bordas das falésias.
Em virtude disso, surge a necessidade do estudo das encostas que estão
apresentando um alto grau de instabilidade e possuem empreendimentos de
pequeno a médio porte nas bordas das falésias. Sendo assim, o estudo se faz
necessário para a identificação das causas dos movimentos de massas e para
20
alertar sobre o risco não só os proprietários das edificações atuais, mas
também os futuros investidores e usuários das praias.
1.3 OBJETIVOS
1.1.1 OBJETIVO GERAL
Caracterizar em termos geotécnicos os materiais que formam as falésias
do município do Conde/PB e identificar através de investigações de campo os
tipos de movimentos de massas que ocorrem nos taludes.
1.1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO
Os objetivos específicos são:
Aplicar o checklist proposto por Braga (2005) para a descrição dos
processos atuantes nas falésias;
Identificar as características geotécnicas para a classificação dos
materiais pelo SUCS;
Analisar as propriedades de resistência ao cisalhamento dos materiais
das áreas críticas e comparar com resultados de outras regiões.
21
CAPÍTULO 2
DESENVOLVIMENTO TEÓRICO
2.1 ROCHAS
As rochas são maciços sólidos formados por um ou mais tipos de
minerais. São comumente classificados quanto à sua origem, dividindo-se em
três tipos básicos: ígneas, sedimentares e metamórficas. Composição química,
textura e estrutura são outras formas de classificação.
2.1.1 ROCHAS ÍGNEAS
As rochas ígneas são formadas pelo resfriamento do magma fundido.
Esse resfriamento se dá tanto na superfície terrestre, quando é expelido para a
mesma, quanto no interior da crosta. O processo de expelir o magma pode
ocorrer através de fissuras na crosta ou por erupções vulcânicas. Quando o
magma pára de fluir abaixo da superfície terrestre, ocorre o resfriamento do
mesmo e originam-se as rochas ígneas intrusivas. Essas rochas poderão ser
expostas à superfície se for deflagrada a erosão na camada que a cobre.
A composição do magma e a taxa de resfriamento, ambos associados,
são fatores decisivos na formação do tipo de rocha ígnea. Bowen (1922) apud
Das (2007) explicou essa relação entre taxa de resfriamento do magma e seus
diferentes tipos de rochas, explicação conhecida como Princípio da reação de
Bowen. Diferentes tipos de rochas ígneas são formados dependendo da
proporção dos minerais.
Os minerais vão sendo cristalizados e essa partículas originadas podem
vir a sedimentar-se. Os menores, que ficam suspensos no líquido, reagem com
o material fundido remanescente. Esse fato resulta na formação de outros
minerais que irão esfriar a temperaturas inferiores.
2.1.2 ROCHA METAMÓRFICA
Quando rochas sedimentares ou ígneas são submetidas à temperaturas
e pressões diferentes das iniciais, tem-se uma alteração na composição e
textura das rochas. Esse processo é conhecido como metamorfose, e origina
as rochas metamórficas.
22
Temperatura, ações dos flúidos e o tempo são fatores primordiais na
formação de rochas, se fazendo importante, também, em rochas metamórficas.
Porém, diante dessas condições uma se sobressai: a ação da pressão
litostática.
A pressão litostática está relacionada com o metamorfismo regional. Age
em locais de formação de cadeias de montanhas e áreas de evolução de
geossinclinais. Há uma redução do tamanho dos grãos devido à pressão,
processo que quando somado ao aumento da temperatura ocorre um
reagrupamento das partículas. Essa situação é denominada de recristalização.
Essas rochas têm uma textura foliada, oriunda do cisalhamento dos
grãos dos minerais. Outra característica delas é a formação de novos minerais.
2.1.3 INTEMPERISMO
Intemperismo é o processo de desgaste da rocha sã. Ocorre a ruptura
da rocha em partículas menores. Esse processo pode ser mecânico ou
químico. O intemperismo mecânico é modificação física do maciço (ruptura de
partículas e desgaste). Um dos agentes mais influentes para deflagração desse
tipo de intemperismo é a temperatura. Sua variação da temperatura gera
expansão e contração da rocha, resultando em um desgaste e extrema
desagregação do maciço rochoso. Paralelo a isso, tem-se a presença
constante da água que infiltra nos poros das rochas, o vento, o escoamento
superficial e ondas do oceano, que são responsáveis pelo transporte dos
fragmentos.
Outros fatores geradores do intemperismo mecânico são as baixas
temperaturas, que congelam as águas dos poros e exercem uma grande
pressão interior na estrutura, e o peso das geleiras. Para nossa região, essas
análises não são necessárias devido ao nosso clima.
Quando os minerais da rocha mãe sofrem reações químicas e originam
novos minerais, tem-se o intemperismo químico.
Observa-se, assim, que os processos de intemperismo são os principais
responsáveis pela alteração da massa de rocha sólida. Há uma transformação
23
do maciço em fragmentos menores, podendo variar de grandes blocos à
partículas de argila.
2.1.4 ROCHAS SEDIMENTARES
Os fragmentos originados pela ação do intemperismo apresentam
tamanhos diferentes entre si. Esse fato se explica pela diferença de resistência
entre as partículas constituintes do maciço ou pela ação de diferente
intensidade do intemperismo sobre ele.
Das (2007) define e explica o processo de formação das rochas
sedimentares:
“Os depósitos de pedregulho, areia, silte e argila
formados pelo intemperismo podem tornar-se compactos por
pressão da sobre carga e cimentados por agentes, tais como
óxido de ferro, calcita, dolomita e quartzo. Os agentes de
cimentação geralmente são arrastados em solução pelo lençol
freático. Eles preenchem os espaços entre as partículas e
formam rochas sedimentares.”
Portanto, as partículas das rochas sedimentares são unidas por agentes
cimentantes, e não por resfriamento e cristalização de todo o maciço. Isso
resulta, geralmente, em rochas com grau de dureza inferiores aos das outras
duas rochas, tornando-as estruturas mais brandas. Um dos grandes exemplos
de rochas sedimentares no Brasil são as estruturas que compõem a Formação
Barreiras.
Semelhante a todos os outros, esse tipo de rocha também está
submetida a processos de degradação. Podendo, assim, obter-se sedimentos
de rochas sedimentares ou submissão ao processo de metamorfismo, dando
origem as rochas metamórficas.
As rochas sedimentares são mais afetadas pelo intemperismo químico.
O processo de desgaste físico que as partículas sofreram torna o material
menos resistente ao cisalhamento, porém com maior resistência ao
intemperismo mecânico, por já terem sido submetidos ao mesmo. A ação
24
mecânica é mais agressiva para essas rochas, devido ao processo de
desagregação que elas já passaram.
2.2 SOLO RESIDUAL
Os solos residuais são resultantes do inteperismo químico e físico sobre
a rocha sã. Como bem define Massad (2010):
“Os solos de decomposição de rocha, que
permanecerão no próprio local de sua formação, são
denominados solos residuais ou solo de alteração. O tipo de
solo resultante vai depender de uma série de fatores, tais
como: a natureza da rocha matriz; o clima; a topografia; as
condições de drenagem; e os processos orgânicos.”
Pode-se resumir a origem dos solos residuais com base no Quadro 2.1
abaixo:
Quadro 2.1: Origem dos solos
Rochas Solos originados
Granitos, compostos de materiais de quartzo, feldspato e mica
Solos micáceos, com partículas de argila, oriunda de feldspato, e grãos de areia,
oriundo do quartzo
Gnaisses e micaxistos Siltosos e micáceos
Basalto, composto por feldspato Argilosos
Arenito, constituído por quartzo cimentado
Arenosos
Fonte: Massad (2010)
Sendo o processo de intemperismo mais incidente na parte da superfície
exposta, a estatigrafia do solo residual é diferente em toda a sua extensão.
Com isso, as camadas de rocha mais superficiais são mais desgastadas do
que as camadas internas. O resultado é em um solo mais antigo quanto maior
a proximidade com a superfície atmosférica.
Gerscovich (2012) denomina as diversas camadas do solo residual,
sendo elas: solo residual maduro, como a camada mais superficial; em seguida
a camada de solo residual jovem ou solo saprolítico; e uma camada entre o
25
solo saprolítico e a rocha sã denominada de rocha alterada. Mesmo com essa
subdivisão (Figura 2.1 e Figura 2.2) não há um limite totalmente definido entre
eles.
É de ciência que os solos residuais possuem uma baixa resistência à
erosão, em especial os solos saprolíticos. É necessário, então, o cuidado na
proteção desses solos em casos de obras envolvendo taludes naturais. Os
solos saprolíticos possuem elevada resistência ao cisalhamento, porém,
apresentam planos de maior fraqueza ao longo das estruturas herdadas da
rocha mãe (Massad 2010).
a
b
Figura 2.2: Solos residuais: a) solo residual maduro e jovem (Limeira); b) solo acima de rocha alterada (Juiz de
Fora).
Fonte: Maragon 2008
Figura 2.1: Camadas de solo residual
26
2.3 SOLOS COLUVIONARES
Os solos coluvionares são materiais decorrentes de depósitos
compostos por blocos ou grãos de qualquer dimensão, transportados
principalmente por gravidade e acumulado no sopé ou a pequenas distâncias
dos taludes mais ingrimes ou de escarpas rochosa, como afirma Lacerda e
Santori (1985) apud Suzuki (2004). Esse solo é um material heterogêneo, que
se apresenta como acumulo de blocos rochosos de grandes dimensões.
Recebem o nome, também, de tálus.
A forte incidência de intemperismo, destrói grande parte das feições
geológicas do solo. Isso origina uma massa visivelmente homogênea e a
identificação da transição das camadas entre os solos coluvionares e os solos
residuais torna-se um processo de difícil aplicação no campo.
2.4 FORMAÇÃO BARREIRAS
Definida por Arai (2006) como sendo uma cobertura sedimentar
terrígena e continental, o Grupo Barreiras abrange uma região que estende do
estado do Rio de Janeiro até o Amapá. Foi a primeira unidade estatigráfica
documentada no Brasil, através da carta de Pero Vaz de Caminha.
Para Bezerra et. Al. (2005) a Formação Barreiras tem sua origem
influenciada por oscilações eustáticas e apresentam deposições até em
ambientes transicionais e marinho raso.
Existe uma discussão que envolve a classificação dos sedimentos
Barreiras. Duas propostas litoestatigráficas são utilizadas: grupo e formação. O
grupo é a presença de mais de uma Formação, enquanto a Formação em si é
composta por apenas uma unidade homogênea. Como o enfoque da presente
pesquisa não é o debate sobre o correto emprego da classificação, essa
unidade geológica será tratada de Formção Barreiras.
A idade da Formação Barreiras era atribuída ao intervalo de tempo entre
o Mioceno e o Plioceno-Pliestoceno, respectivamente nos períodos Neogeno e
Quaternário. Bezerra et. al. (2005) informam que estudos mais recentes
atribuem ao Mioceno a idade dessa Formação. Essa incerteza sobre a idade
27
dessa unidade geológica se dá por ela ser um material afóssil. Bezerra et. al.
(2005) ainda sustentam que a unidade já sofreu uma considerável deformação
tectônica.
Furrier et. al. (2006) afirmam que os sedimentos da Formação Barreiras
provêm basicamente dos produtos resultantes da ação do intemperismo sobre
o embasamento cristalino, localizado mais para o interior do continente.
A Formação Barreiras tem sido objeto de pesquisa em vários trabalhos.
Souza Jr. (2013) compilou os dados de várias pesquisas para a estimativa dos
parâmetros necessários à análise de estabilidade das falésias de Baía
Formosa/RN. A compilação de Souza Jr. (2013) trás os parâmetros para solos
homogêneos (Tabela 2.1) e solos heterogêneos (Tabela 2.2) de três cidades
nordestinas, próximas a área de análise dessa presente pesquisa. A
diferenciação entre homogênea e heterogênea foi dada por análise tátil-visual.
Tabela 2.1 Parâmetros para solos homogêneos da Formação Barreiras, adaptada de Souza Jr. (2013)
Parâmetro Silva (2003) Severo (2005)
Severo (2011)
Marques et al. (2006)
Gomes (2001)
Lima (2002)
Local Tibal do Sul/RN
Tibal do Sul/RN
Tibal do Sul/RN
Maceió/AL Recife/PE Recife/PE
CARACTERIZAÇÃO
Coloração Homogênea avermelhada
Homogênea avermelhada
Homogênea marrom-
avermelhada
Homogênea creme claro
Homoênea amarelada
Homogênea parda
Pedregulho 0,2 A 0,8 0,0 0,3 0,0 0 a 1,0 0,0
Areia 71,5 37,5 62,2 63 a 68 49 a 74 39,0
Silte + argila
27,7 A 28,3 62,5 37,5 32 a 37 26 a 50 61,0
LL NL a 35,9 28,8 27,0 48 a 49 23,5 a 29,8 42,0
LP NP a 20,2 21,5 15,7 28 a 30 19,0 a 19,1 25,0
IP NIP a 15,07 7,3 11,3 19,0 a 20,0 4,4 a 13,8 17,0
Gs 2,67 2,66 2,64 2,61 a 2,63 2,63 a 2,66 2,68
ϒ 15,1 a 16,0 14,9 a 15,5 17,2 14,4 a 16,0 18,9 12,8 a 14,9
RESISTÊNCIA
c' 45 a 53 48 a 53,3 5,8 0 23,1 a 28,8 10 a 28
ϕ ' 27 a 29 26,9 a 28,2 29,4 30 a 31,9 21 a 30 31 a 32
28
Parâmetro Silva (2003) Severo (2005) Severo (2011) Marques et al. (2006)
Gomes (2001)
Local Tibal do Sul/RN
Tibal do Sul/RN
Tibal do Sul/RN
Maceió/;AL Recife/PE
Coloração Variegada branca e vermelha
Variegada branca e vermelha
Variegada vermelha, roxo
e branca Variegada Variegada
Pedregulho 0,1 a 0,8 0 1,6 0 a 9 9
Areia 57,2 a 71,5 63 65,4 58 a 79 64
Silte + argila
27,7 a 42,7 37 33 15 a 33 27
LL 35,9 a 37,3 31,5 22,2 34 a 39 53,2
LP 20,2 a 23,3 15,1 16,2 22 a 26 29,4
IP 14,0 a 15,7 16,3 6 12 a 13 23,8
Gs 2,60 a 2,68 2,61 2,64 2,61 a 2,62 2,7
ϒ 18,7 a 19,8 18,3 a 19,1 18,7 16,2 a 18,1 17,9
c' 45 45,4 52,2 0 a 1,6 28,8
ϕ ' 27 26,8 33,3 27,9 a 34,9 33
2.4.1 FORMAÇÃO BARREIRAS NA PARAÍBA
De acordo com Furrier et. al. (2006) a Formação Barreiras no estado da
Paraíba alcança extensões entre 30 e 50 km no sentido leste-oeste, a partir do
litoral. Todo o território litorâneo da Paraíba possui a presença dessa
Formação. A Paraíba está inserida na Bacia Sedimentar Pernambuco-Paraíba
(Figura 2.3), que tem como subdivisões as sub-bacias Miriri, Alhandra e Olinda.
A Formação Barreiras repousa sobre outras três Formações distintas.
Leal e Sá (1998) apresentam e caracterizam essas unidades litoestatigráficas
como:
Formação Beberibe: encontra-se na base, composta por um pacote
sedimentar espesso de arenitos de granulação variável. Apresenta
espessuras médias entre 230 a 280 m, sendo a máxima de 360m;
Formação Gramame: unidade sobreposta à Formação Beberibe, com
espessura média menores que 55m.
Tabela 2.2 Parâmetros para solos heterogêneos da Formação Barreiras, adaptada de Souza Jr. (2013)
29
Formação Maria Farinha: unidade imediatamente abaixo da Formação
Barreiras. Apresenta Espessura máxima de aproximadamente 35m,
provavelmente devido a erosão ocorrida antes da deposição da
Formação Barreiras.
Recobrindo todas as rochas sedimentares e embasamentos cristalinos
do Grupo Paraíba da Bacia Pernambuco-Paraíba, encontram-se os sedimentos
areno-argilosos mal consolidados da Formação Barreiras (Furrier et. al., 2006),
(Figura 2.4).
Furrier e Barbosa (2014) apresentam as idades dessas formações,
sendo a Formação Maria Farinha do Paleoceno e Gramame e Beberibe do
Figura 2.3: Bacia Pernambuco-Paraíba e suas sub-bacias
Fonte: Barbosa (2004)
30
Cretáceo. Os autores ainda sustentam que as duas primeiras são Carbonáticas
e a última é clástica.
Como citam Furrier et. al. (2006), o embasamento cristalino da Paraíba é
composto pelas rochas cristalinas do Planalto da Borborema. Furrier et. at.
(2006) relatam que trabalhos anteriores realizaram análises sedimentológicas
na Formação Barreiras no Estado da Paraíba e constataram que as fontes dos
sedimentos seriam granitos, gnaisses e xistos, que são litologias
predominantes no Planalto da Borborema. Esses dados comprovam a origem
da Formação Barreiras na Paraíba.
.
Em se tratando de deposição dos sedimentos da Formação Barreiras,
Alheiros et. al. (1988) sustentam que se deu por sistemas fluviais entrelaçados
Figura 2.4: Estatigrafia e idades das Formações da sub-bacia
Alhandra
Fonte: Barbosa (2004)
31
desenvolvidos sobre leques aluviais. Os sistemas fluviais entrelaçados
apresentam fácies com depósitos de granulometria variada com cascalhos e
areia grossa, com coloração creme amarelado e intercalações de microclastos
de argila síltica, fato que que indica um ambiente de sedimentação calmo
(Furrier et. al. 2006). Para as fáceis de leques, Furrier et. al. (2006) afirma que
são constituídas por conglomerados polimíticos de coloração creme-
avermelhada, constituídas por seixos e grânulos subangulosos de quartzo e
blocos de argila retrabalhada.
Leal e Sá (1998) afirmam que a Formação Barreiras no estado da
Paraíba possui entre 70 e 80m de espessura. Furrier et. al. (2006) sustenta que
o pacote sedimentar era provavelmente superior ao encontrado atualmente,
devido à ação dos processos denudacionais datados desde o Plioceno.
Ainda sobre as espessuras, Brito Neves (2004) explica que as variações
podem ser originadas por reativações de antigas falhas no embasamento
cristalino do Proterozóico.
Em virtude das semelhanças litológicas com a Formação Beberibe, a
Formação Barreiras tem sua identificação dificultada nas análises de campo.
Esse fato é agravado quando a Formação Gramame se faz ausente, uma vez
que ela é um guia entre as outras Formações. A Formação Gramame encontra-
se em uma faixa de 20 km no continente (Furrier et. al., 2006).
2.5 CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICAS
2.5.1 CARACTERIZAÇÃO
O solo possui diversas propriedades, podendo ser divididas em físicas
(granulometria e textura), mecânicas (coesão e ângulo de atrito), hidráulicas
(permeabilidade) entre outras. Por eles apresentarem comportamentos
extremamente variáveis, o conhecimento dessas propriedades é indispensável
para qualquer atividade geotécnica.
O processo de qualificar e quantificar essas propriedades é denominado
de caracterização. Para isso, deve-se conhecer a textura do solo, sua
plasticidade, tamanho dos grãos, sua massa específica, umidade entre outras
características.
32
A caracterização geotécnica dá-se através de ensaios laboratoriais,
observações de campo e ensaios in situ. Em casos de ensaios de laboratórios,
há a necessidade de uma correta coleta de amostras, de forma que elas sejam
representativas para toda a região em análise e que os parâmetros obtidos
possam servir corretamente para o estudo. Nesse contexto, é de fundamental
importância o conhecimento e experiência do operador em questão, seja em
ensaios ou em análises visuais em campo.
2.5.2 CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA
Devido a extrema variedade de comportamentos do solo, surge a
necessidade de agrupa-los em conjuntos. O objetivo desses conjuntos é unir os
solos com propriedades semelhantes e estimar seu provável comportamento.
Sendo assim, a reunião das experiências acumuladas possibilita a criação de
sistemas de classificação dos solos.
Atualmente, há o emprego de diversos sistemas de classificação de
solos, cada um utilizando seus próprios critérios. Pinto (2006) discute a
validade do emprego desses diversos sistemas:
“É muito discutida a validade dos sistemas de classificação. De
um lado, qualquer sistema cria grupos definidos por limites
numéricos descontínuos, enquanto solos naturais apresentam
características progressivamente variáveis. Pode ocorrer que
solos com índices próximos aos limites se classifiquem em
grupos distintos, embora possam ter comportamentos mais
semelhantes do que solos de um mesmo grupo de
classificação. [...]”
Dentre todos os sistemas de classificação, o escolhido para este
trabalho foi o da Classificação Unificada. Esse sistema é um dos mais
empregados no mundo.
33
2.6 TALUDES
Taludes são todas e quaisquer superfícies que apresentam uma
determinada angulação feita com o plano horizontal. Existem dois tipos de
taludes: construídos e naturais. O maciço é compostos por tabuleiro (parte
superior da estrutura), falésia (face da estrutura) e base.
Os taludes construídos são resultados de execução de aterros ou cortes
em terrenos naturais. Por se tratarem de taludes que surgem através da ação
humana, é necessário o conhecimento do material em questão para que sejam
determinadas a inclinação adequada. Esse conhecimento ajudará na garantia
da estabilidade do maciço executado.
Os taludes naturais são aqueles que foram originados pela ação das
intempéries, movimentos tectônicos, ações de marés, entre outros fatores.
Podem apresentar como constituintes o solo residual, coluvionar e rochas, ou
uma combinação desses tipos de materiais. Apresentam faces curvilíneas
(convexas e côncavas) ou planas. Devido a busca natural pela estabilidade, os
taludes naturais podem apresentar problemas de instabilidade oriunda das
ações gravitacionais.
A instabilidade dos taludes naturais está diretamente relacionada com a
própria dinâmica de evolução das encostas. Com a ação do intemperismo
sobre a rocha, a mesma perde resistência e, dependendo da influência
topográfica, é gerada uma situação favorável para que ocorra a ruptura.
Por questões geográficas, históricas e de ocupação populacional, muitas
regiões populosas em todo mundo apresentam taludes próximos a grandes
centros residenciais, tornando a instabilidade de taludes um problema
significativo. Como sustenta Augusto Filho e Virgilli (2004) esse fator preocupa
a humanidade a milhares de anos, tendo seus primeiros estudos com mais de
2.000 anos (China e Japão). No mundo todo é encontrado casos de desastres
envolvendo movimentos de massas de taludes, tendo como resultado vítimas
fatais, desastres naturais e perdas de bens materiais.
34
É de fácil acesso em toda a mídia, notícias de desastres envolvendo
deslocamento de massas em todas as partes do mundo. Como exemplo
mundial pode-se citar o deslizamento da Ilha de Leyte nas Filipinas em 2006
que retirou a vida de 1100 pessoas, tornando-se um dos mais marcantes da
história. Outros desastres também foram significativos como nos Estados
Unidos em La Conchita na Califórnia, que em 1995 não se teve a ocorrência de
mortes, porém o desastre se repetiu em 2005 fazendo 10 vítimas fatais e 36
residências destruídas, em Uganda em Março de 2010 com a morte de 54
pessoas e na Serra Alrota em Portugal no ano de 2001. No Brasil, a região com
maior número de desastres é o Rio de Janeiro, principalmente devido a
ocupação desordenada das encostas, com a formação e ampliação das
favelas, tendo o exemplo marcante o deslizamento de Abril de 2010, que foram
feitas 240 vítimas fatais.
Na região Nordeste brasileira, mesmo com uma frequência menor
devido à topografia da região, pode-se encontrar casos de instabilidades com
movimentos de massa de relativa gravidade. Como exemplo tem-se o
deslizamento ocorrido na comunidade do Jacó, no bairro das Rocas na cidade
de Natal/RN. O ataque do mar em calçadões das cidades de Natal/RN,
Paulista/PE, Olinda/PE e Salvador/BA e os casos frequentes de quedas de
blocos, tombamentos e escorregamentos nas falésias da região sul do litoral
paraibano também exemplificam esse processo na região.
Para melhor análise da sobre o comportamento de um talude, deve-
seconhecer rigorosamente o seu solo constituinte e qual o movimento de
massa, caso haja instabilidade, irá ocorrer. Os taludes construídos, por seguir
acompanhamento na execução, apresentam casos de instabilidade em menor
número com relação aos taludes naturais, sendo assim, o foco do trabalho será
os talude naturais (encostas), em especial os presentes na região do litoral sul
paraibano.
2.7 MOVIMENTOS DE MASSAS
Dá-se o nome de movimento de massa aos deslocamentos de um
volume de solo em uma superfície qualquer. Esse movimento ocorre quando as
35
tensões cisalhantes de atuação sobre a superfície são maiores que as tensões
de resistência, ocasionando o colapso do sistema. O movimento de solo é um
processo bastante complexo, e está relacionado diretamente com os
problemas de instabilidade nos taludes naturais.
Especialistas e estudioso divergem sobre as nomenclaturas e
classificações dos movimentos. As mudanças podem ocorrer entre regiões,
climas e condições geológicas diferentes.
Como exemplo de definições e classificações pode-se citar Varnes
(1978). Ele separa os movimentos em cinco tipos: quedas, tombamentos,
escorregamentos, expansões laterais e corridas (escoamentos). Já para
Massad (2010) os cinco movimentos de massa são: rastejo, escorregamentos
verdadeiros, deslizamento de tálus, deslizamento de blocos de rocha,
avalanches ou fluxos de detritos. Sendo a de Varnes (1978) mais consultada e
usada para as definições.
Augusto Filho (1992) revisou a proposta de classificação de Varnes
(1978) e ajustou as características dos principais grandes grupos de processos
de escorregamentos à dinâmica ambiental brasileira. Como resumo dessa
proposta, temos o Quadro 2.2., onde observamos os grupos: rastejo,
escorregamento, queda e corrida.
O quadro não abrange o movimento de erosão, já que o movimento é de
grande preocupação para a população devido aos danos que podem vir a
causar. Por serem constituídos de inúmeros agentes, as erosões, para Augusto
Filho (1992), são tratadas separadamente.
Após análises, pode-se separar e resumir os movimentos de massa, em
cinco grupos: subsidência, quedas e tombamentos, escoamento, erosão e
escorregamento.
36
Quadro 2.2 Características dos principais grandes grupos de movimentos de massas
Processos Características do Movimento, Material e Geometria
Rastejo ou Fluência
Vários planos de deslocamento (internos); velocidades muito baixas (cm/ano) a baixas e decrescentes com a
profundidade; movimentos constantes, sazonais ou intermitentes; solo, depósitos, rocha alterada/fraturada,
geometria indefinida.
Escorregamento
Poucos planos de deslocamento (externos); velocidades médias a altas (km/h, m/s); pequenos a grandes volumes
de material; geometria e materiais variáveis: planares, circulares e em cunha.
Queda
Sem planos de deslocamento; movimento tipo queda livre ou em plano inclinado; velocidades muito altas (vário m/s); material rochoso; pequenos e médios volumes; geometrias
variáveis: lascas, placas, blocos etc.; rolamento de matacão; tombamento.
Corrida
Muitas superfícies de deslocamento (interna e externa); movimento semelhante ao de um líquido viscoso;
desenvolvimento ao longo das drenagens; velocidades médias a altas; mobilização de solo, rocha, detritos e água; grandes volumes de material; extenso raio de
alcance, mesmo em áreas planas.
Fonte: Adptado de Gerscovich (2012)
2.7.1 SUBSIDÊNCIA
São os movimentos de massa verticais que geram um colapso na
superfície, são contínuos, provocando um afundamento. Geralmente encontra-
se em cavernas, onde o teto da mesma se rompe e ocupa o espaço vazio
interno.
2.7.2 QUEDAS E TOMBAMENTOS
Quedas são movimentos de massas verticais com uma velocidade alta,
devido ao bloco rochoso está submetido à queda livre. Os blocos são
originados pela gravidade incidente no maciço (Figura 2.5 e Figura 2.6), pela
pressão hidrostática nas fraturas, perda de desconfinamento lateral entre
outros. (Gerscovich 2012). A queda de bloco assume duas formas:
descalçamento e tombamento.
37
2.7.2 ESCOAMENTO
É o tipo de movimento cuja massa de solo adquire características de um
fluído viscoso. Podem apresentar ou não uma superfície de deslocamento bem
definida com locomoção contínua.
Existem dois tipos de movimentos por escoamento: rastejos e corridas.
a b
Figura 2.6: Queda de bloco na Praia de Carapibús
Figura 2.5: Queda de bloco: a) descalçamento; b) Tombamento.
Fonte: http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/imagens/riscos/queda1.gif
38
2.7.2.1 Rastejo
O rastejo, também conhecido como creep, é caracterizado pelo
movimento lento da massa de solo. Atua principalmente nas camadas
superficiais da encosta, não apresentando superfícies de ruptura bem definida.
Abrange grandes áreas sem que haja uma diferenciação perfeita entre área
crítica e estável. Seu avanço é de milímetros por ano, devido a sua baixa
velocidade, e é acelerado em presença chuva e desacelerado em períodos de
estiagem.
Gerscovich (2012) explica esse movimento como:
“As causas do movimento são atribuídas à ação da gravidade
associada a efeitos causados pela variação da temperatura e
umidade. O deslocamento ocorre em um estado de tensões,
inferior à resistência ao cisalhamento. Caso haja uma variação
do estado de tensões a ponto de se atingir a resistência, a
movimentação da massa torna-se um processo de
escorregamento, com superfície de ruptura bem definida.”
Esse movimento de massa é de fácil detectação, uma vez que objetos
presentes na área afetada mostram uma inclinação acentuada (Figura 2.7),
diferente das demais regiões estáveis.
39
2.7.2.2 Corrida
As corridas são movimentos caracterizados por suas altas velocidades,
que superam os 10 km/h. Nesse tipo de escoamento, o solo perde
completamente suas características (coesão, resistência, ângulo de atrito, etc.),
passando a se comportar como um fluido.
A água é o principal fator causador da corrida, acentuando o processo
em tempos de grandes precipitações. Em segundo plano tem-se os esforços
dinâmicos e amolgamento em argilas muito sensitivas como outros fatores
causadores de instabilidades com essas características. Esse movimento
possui semelhança com uma língua (Figura 2.8), sendo divida em raiz, corpo e
base.
Figura 2.7: Rastejo
Fonte:
http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09a.html
40
Figura 2.8: Divisões da corrida
2.7.3 DESLIZAMENTO
Esse tipo de movimento é caracterizado pela sua alta velocidade e sua
superfície de ruptura bem definida. Nesse caso, a massa escorrega em blocos
grandes e contínuos. Conforme Gerscovich (2012), quando as tenções
cisalhantes mobilizadas na massa de solo atinge a resistência de cisalhamento
do material, temos o movimento de massa instável, originando uma ruptura na
superfície que apresentar menor resistência.
Em deslizamentos, a superfície de ruptura da massa que irá se deslocar
pode assumir classificações diferentes em relação às formas, são elas:
a) Planares/translacional: ruptura muito encontrada em camadas de
colúvio de pequena espessura que estão apoiadas sobre leito
rochoso. Apresentam descontinuidade (Figura 2.9);
b) Circular: presentes em solos homogêneos. Apresenta uma
superfície mais achatada em caso de anisotropia da resistência
dos materiais. É um movimento que ocorre em três dimensões e
pode apresentar-se em forma de colher (Figura 2.10);
41
c) Cunha: ocorre com o cruzamento dos planos de fraqueza ou
quando as camadas menos resistentes não estão paralelas à
superfície do talude. Pode apresentar um ou mais planos (Figura
2.11);
d) Mistas/rotacionais: ocorre com a mobilização simultânea de mais
de uma superfície de ruptura, e quando há heterogeneidade dos
materiais caracterizada por resistências mais baixas (Figura
2.12).
Figura 2.9: Deslizamento Planar
Fonte: http://www.geografando.com/2014/05/deslizamentos-
uma-catastrofe-natural.html
Figura 2.10: Deslizamento circular
Fonte: http://3dparks.wr.usgs.gov
Figura 2.11: Deslizamentoo em forma de cunha.
Fonte: http://wearebazinga.blogspot.com.br/
42
2.7.3.1 Causas
Quando falamos de estabilidade e resistência, algumas verificações são
comuns para quaisquer que sejam os materiais. Para a verificação da
estabilidade de uma massa de solo, temos que conhecer o Fator de Segurança
(FS) da mesma, dada pela expressão:
onde FR é a força resistente e FA são as forças atuantes no sistema. Para
taludes, nossa FR é a resistência ao cisalhamento e FA são as tensões
cisalhantes.
Para que a massa de solo esteja estável, o Fs tem que ser maior que 1,
ou seja, sua massa de solo tem que possuir um resistência ao cisalhamento
superior ás tensões cisalhantes. Caso a resistência se iguale às tensões,
FS=1, teremos a deflagração da instabilidade. Essa igualdade pode ser
atingida por duas maneiras: com o aumento das tensões cisalhantes ou com a
redução da resistência ao cisalhamento.
Varnes (1978) classifica os fatores que causam o aumento das tensões
e a redução da resistência ao cisalhamento, vistos no Quadro 3. Em se
tratando do aumento de solicitação, tem-se como os agentes causadores e/ou
catalisadores: a remoção da massa lateral ou basal, sobrecarga, solicitações
Figura 2.12: Deslizamento Misto
Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/5928608/
43
dinâmicas e pressões laterais. Já na redução da resistência temos as
características inerentes ao material, como a geometria e a estrutura, e
mudanças ou fatores variáveis como os agentes causadores.
A urbanização das encostas tem o poder de ação nas duas formas
causadoras de instabilidade. Executando cortes com geometrias incorretas, má
compactação de aterros, deposição desordenada de resíduos (orgânicos ou
não) e construções de residências, por exemplo, a ação antrópica está
maximizando as tensões cisalhantes. Com a remoção da vegetação, redes de
água e esgoto danificadas que apresentam vazamento e má drenagem da
região, criando uma zona de concentração de águas pluviais, o homem age de
forma a minimizar a resistência ao cisalhamento.
Quadro 2.3 Classificação dos fatores deflagradores dos movimentos de massa
Ação Fatores Fenômenos geológicos/ Antrópicos
Aumento da solicitação
Remoção de massa (lateral ou basal) Erosão
Escorregamentos Cortes
Sobrecarga
Peso da água de chuva, granizo, neve etc. Depósito de material Peso da vegetação
Construção de estrutura, aterros etc.
Solicitações dinâmicas Terremotos, ondas, vulcões etc.
Explosões, tráfego, sismos induzidos
Pressões laterais Água em trincas Congelamento
Material expansivo
Redução da resistência ao cisalhamento
Características inerentes ao material (geometria, estruturas etc.)
Características geomecânicas do material
Mudanças ou fatores variáveis
Ação do intemperismo provocando alterações físico-químicas nos minerais originais, causando quebra das ligações e gerando novos minerais com menor resistência; Processo de deformação em decorrência de variações cíclicas de umedecimento e secagem, reduzindo a resistência; Variação das poropressões; Elevação do lençol freático por mudanças no padrão natural de fluxo etc.
Fonte: adaptada de Varnes (1978) apud. Gerscovich (2012)
44
2.7.4 EROSÃO
Em virtude do seu grande poder destrutivo e aos danos que geralmente
provocam, urbanos ou naturais, esse movimento de massa é tratado como
desastre natural. O fator agravante se dá pelo desenvolvimento do mesmo
ocorrer em intervalos de tempo muito curtos.
As erosões podem ser agravas e geradas devido à ação antrópica como
também ocorrerem de forma natural em áreas isoladas. Para o primeiro, pode-
se elencar o desmatamento e as vias de acesso como fatores preponderantes
para a ocorrência do movimento. No segundo, Cunha (1991) cita e define a
erosão no seu processo de evolução natural (Figura 2.13):
“Os processos erosivos iniciam-se pelo impacto da massa
aquosa com o terreno, desagregando suas partículas Esta
primeira ação de impacto é completada pela ação do
escoamento superficial, a partir do acúmulo da água em
volume suficiente para propiciar o arraste das partículas
liberadas”
A erosão por ravina ocorre por concentração do fluxo d’água em
caminhos preferenciais, arrastando as partículas e aprofundando os sulcos
(Cunha, 1991). Para Cunha (1991) a voçoroca é o estágio mais avançado da
erosão, sendo caracterizada pelo avanço em profundidade das ravinas até elas
atingirem o lençol freático ou o nível da água do terreno. Os períodos chuvosos
têm uma influência determinante nos processos erosivos, uma vez que a
sucção do talude sofre uma redução com a infiltração da água (Quadro 2.4). No
período de estiagem temos o sentido inverso, sendo a época de maior
estabilidade para uma encosta (Gerscovich 2012). Esse movimento tem um
poder de arrastamento muito grande, responsáveis pelas derrubadas de
árvores, destruição de moradias e de outros bens materiais. Para Massad
(2010), as erosões podem ter, ainda, o poder de ampliação das margens dos
rios.
45
Quadro 2.4 Fatores Condicionantes de processos erosivos
Fatores Consequência
Fatores externos
Potencial de erosividade da chuva Condições de infiltração Escoamento superficial
Topografia (declividade e comprimento da encosta)
Fatores internos
Fluxo interno Tipo de solo
Desagregabilidade Erodibilidade
Características geológicas e geomorfológicas Presença de trincas de origem tectônica
Evolução físico-química e mineralógica do solo
Fonte: Adaptada Gerscovich (2012)
Figura 2.13: Praia do Amor: a) Voçoroca; b) Ravina
Fonte: Arquivo Pessoal
a)
b)
46
2.8 EROSÃO COSTEIRA
A costa é uma região que está em constante transformação física de seu
ambiente. As mudanças nesse meio podem ocorrer em intervalos de tempo
curtos, segundos, ou longos, décadas.
Diferentemente de taludes interioranos, as falésias costeiras,
principalmente as encostas vivas (que está em contato direto com o mar),
recebem o intemperismo e desgaste natural de fatores muito mais agressivos,
uma vez que se encontram em uma zona de intersecção entre o continente e o
mar. Quando o mar não está em contato direto com o maciço, as falésias são
denominadas de mortas.
Diante desse cenário, a dinâmica costeira resume-se a dois processos:
acréscimos e recuo da costa (erosão costeira). No primeiro a praia ganha
território em relação ao mar. No o segundo o deslocamento e fuga dos
sedimentos ao longo da linha costeira se dá pela ação das cheias das marés,
onda, ventos, impactos de tempestades, devido a chuvas com maiores
precipitações e tempo de duração, e o próprio escoamento superficial.
Dentre os fatores acima citados, o de maior destaque para erosões
costeiras é a incidência do choque das ondas na base da encosta, fenômeno
conhecido como solapamento. A retirada do material da base das encostas
vivas (Figura 2.14), pelo ataque incidente da água, e, portanto, a redução da
quantidade de sedimentos e aumento dos danos causados pelas ondas, gera
uma região mais instável e susceptível a movimentos de massas diversos na
parte superior. Braga (2005) afirma que as ondas provocadas pelo vento
podem mover o sedimento para dentro, pra fora e ao longo da costa. Essas
ondas dependem de algumas características como: altura, comprimento,
período, e direção em que ela arrebenta na costa.
47
Braga (2005) ainda sustenta que a regência da atuação da erosão em
uma determinada linha de costa está por conta da localização, configuração,
orientação e a profundidade dessa região. Uma junção entre material
componente da costa e o grau de exposição do mesmo, servirão de base para
a determinação da influência dos danos gerados pelos ventos, ondas e
precipitações.
Os materiais que compõem as falésias costeiras são definidos em duas
categorias: inconsolidados e consolidados. O primeiro não apresenta um
material com uma compactação elevada. Essa situação favorece o processo
erosivo, uma vez que o maciço do solo não possui uma resistência ao
cisalhamento elevada devido ao afastamento de suas partículas. A segunda
categoria é um material mais rochoso, portanto mais compactado, deflagrando
altas resistências às intempéries, sendo menos susceptível ao processo
erosivo.
O poder erosivo das ondas está relacionado a energia presente nelas.
Quanto mais espaço entre o mar e as falésias, maior a dissipação de energia
das ondas, e portanto, elas tornam-se menos agressivas para o processo
a)
Figura 2.14: Ataque de ondas na encosta viva: a) ilustração; b) Praia de Carapibús
Fonte: a) Braga (2005); b) Conrad Rosa (2015)
b)
48
erosivo. Outro fator importante é o tipo de material, sendo que quanto mais
granular, maior a resistência contra o ataque das ondas.
O professor Dr. João Manuel Alverinho Dias do Centro de Investigação
Marinha e Ambiental de Portugal, em entrevista cedida ao especialista em
oceanografia Fábio Barros, explica o motivo pelo qual o fenômeno de fuga de
sedimentos e erosão vem acontecendo: “Praticamente todas as costas
mundiais estão em erosão. E as costas brasileiras não são a exceção.Existem
duas causas principais: uma delas é a resultante das atividades antrópicas na
bacia hidrográfica, a outra é a elevação do nível do mar”. O professor ainda
afirma que as construções de barragens, dragagens e a exploração de areia e
cascalhos, retiram do sistema um material que naturalmente iriam alimentar as
praias.
Já Braga (2005) destaca a existência, atual, de linhas de raciocínio
sobre o problema do recuo da linha de costa. Uma de origem norte-americana,
que considera a elevação do nível relativo do mar como principal agente
atuante da erosão costeira. A segunda, que tem como participação o Grupo de
Estudos de Erosão Costeira da Universidade Federal da Bahia, defende que,
para o litoral brasileiro, a erosão está ligada principalmente com o transporte de
sedimentos e a ação do homem sobre esses ambientes.
2.9 RESISTÊNCIA DOS SOLOS
Como visto, em se tratando de solos, a ruptura é, em quase sua
totalidade, por cisalhamento. Dois fatores principais são destacados quanto a
resistência dos solos: atrito e coesão. Para a determinação da resistência em
laboratórios, são utilizados dois ensaios: cisalhamento direto e compressão
triaxial. Nesse presente trabalho, foi-se utilizado apenas o ensaio de
cisalhamento direto.
2.9.1 ATRITO
O atrito presente nos solos é diferente do apresentado entre dois corpos.
Como afirma Pinto (2006), o deslocamento no solo envolve um grande número
de grãos, que podem deslizar entre si ou rolar uns sobre os outros. Esse
49
fenômeno leva a um acomodamento dos grãos nos vazios que se encontram
no percurso
Outra diferença está presente na transmissão das forças. Areias e
argilas possuem diferentes superfícies de contato entre os grãos, portanto a
força em cada tipo de material será transmitida de forma distinta.
No contato entre grãos de areia ocorre a expulsão da água, uma vez que as
forças transmitidas são suficientemente grandes para isso. O contato é feito
pelos próprios grãos, mineral com mineral (Figura 2.15 a). Na argila esse
fenômeno não acontece devido a superioridade do número de partículas, que
reduzem a parcela da força transmitida. As partículas de argila ficam
envolvidas pelas moléculas de água. As forças de contato, nesse caso, são
transmitidas pela própria água, uma vez que não grandes o suficiente para a
expulsão dela (Fig 15 b). As argilas possuem uma resistência dependente da
velocidade de carregamento que são submetidas.
Sendo assim, a resistência de cisalhamento em solos é oriunda,
essencialmente, do atrito entre as partículas.
Figura 15: Transmissão de forças entre partículas de a) areias e b) argilas
Fonte: Pinto (2006)
a) b)
50
2.9.2 COESÃO
Enquanto a resistência ao cisalhamento está relacionada ao atrito, a
resistência independente da tensão normal atuante pode ser provocada pela
atração química das partículas. Esse processo constituía coesão real. Essa
coesão funciona como uma cola que é aplicada nas superfícies dos grãos.
Há dois tipos de coesões: real e aparente. Pinto (2006) define
corretamente as duas:
“[...] a real é uma parcela da resistência ao
cisalhamento de solos úmidos, não saturados, devida à tensão
entre partículas resultante da pressão capilar da água, e a
aparente é, na realidade, um fenômeno de atrito, no qual a
tensão normal que a determina é consequente da pressão
capilar. Com a saturação do solo, a parcela da resistência
desaparece, daí chama-se de aparente. Embora mais visível
nas areias [...] é nos solos argilosos que a coesão aparente
adquire maiores valores.]”
Pinto (2006) ainda sustenta que em solos sedimentares a tendência é a
coesão apresentar uma parcela muito pequena perante a resistência devido ao
atrito entre os grão.
2.10 RESISTÊNCIA E CIMENTAÇÃO NAS AREIA
Clough et al.(1981) apud Severo (2011) estudaram e analisaram o
comportamento das areias cimentadas. Foi mostrado por eles, nesse estudo,
que o aumento da rigidez e resistência de pico é gerada pelo aumento da
intensidade da cimentação. Outro relato desse estudo foi que o arranjo interno
e o tamanho das partículas são fatores que também são responsáveis por forte
influência sobre essas características. A conclusão do estudo foi que solos com
maiores quantidades de partículas finas possuem uma melhor cimentação
natural.
Ainda sobre essa obra, Severo (2011) destaca:
“Segundo Clough et al. (1981) a rigidez e resistência de
pico aumentam com o aumento da pressão confinante em
51
areias moderadamente e fracamente cimentadas. Uma areia
fracamente cimentada apresenta um modo de ruptura frágil a
baixas pressões confinantes com uma transição dúctil em altas
pressões confinantes.”
As areias cimentadas possuem a habilidade de suportar taludes naturais
íngrimes, e estão presentes em vários locais em todo o mundo.
Para Collins e Sitar (2009), areias fracamente cimentadas são aquelas
que possuem um resistência à compressão não confinada inferior a 100 kPa, e
as areias moderadamente cimentadas possuem a resistência de 100 a 400
kPa.
2.11 ESTUDOS CORRELACIONADOS
Inúmeros estudos sobre movimento de massas, caracterização
geotécnica e recuo de falésias são desenvolvidos em todo o mundo. A
concentração maior dessas pesquisas se dá na Europa e América do Norte.
No âmbito internacional, têm-se pesquisa como a Collins e Sitar (2008)
que estudam as falésias arenosas na região Sul de São Francisco. Eles
identificam os processos espaciais e temporais que são responsáveis pelos
movimentos de massa na região. Foram utilizados cinco anos de
monitoramento e observações de campo. Outros estudos, como bem lembra e
destaca Souza Jr. (2013), são feitos por Vandamme (2011) e Castedo et. Al.
(2012) que são realizados no intuito de obter parâmetros e modelos para o
recuo das falésias.
No Brasil, mesmo em menor quantidade, o tema é bastante discutido.
Castro et. Al. (2011) apresenta uma estratégia de monitoramento do processo
erosivo na Praia das Tartarugas, no município de Rio das ostras/RJ.A pesquisa
baseou-se na superposição de fotografias de voo correspondente aos anos de
1975 e 2003. Os autores observaram um recuo da linha da praia de 40 m em
28 anos.
Outras linhas de pesquisa também se fazem necessárias para o
entendimento do contexto de problemas em taludes. Como alguns casos
52
dessas pesquisas tem-se o trabalho de Souza et. al (2008) que estudam a
formação que compõe as falésias ao longo da linha costeira e o de Sampaio et.
al (2003) que analisam o recuo das falésias relacionado com as mudanças
climáticas.
Trabalhos de caracterização geotécnica no Nordeste brasileiro são
facilmente encontrados na literatura. Marques et. al analisam a caracterização
geotécnica de um perfil de solo não saturado da Formação Barreiras em
Maceió/AL. Para um maior conhecimento da região eles utilizaram sondagem a
percução com SPT.
Ainda em relação a estudos de falésias no Nordeste brasileiro, o Rio
Grande do Norte possui diversas pesquisas e toma papel de destaque na
abordagem do tema. O município mais estudado no estado é Tibau do Sul,
pelo fato das falésias presente nele possuírem alturas muitas vezes superiores
a 20m.
Com amostras indeformadas do topo e da base das falésias, Severo
(2005) realizou ensaios laboratoriais para obter os parâmetros do solo e melhor
analisar a estabilidade dos taludes da região. Os ensaios de cisalhamento
direto foram realizados com materiais visivelmente semelhantes encontrados
na linha costeira de Tibau do Sul/RN. A Tabela 2.3 apresenta os valores
obtidos nos ensaios.
Tabela 2.3 Valores de coesão, ângulo de atrito e coeficiente de permeabilidade
Material Condição c (kPa) ϕ (°) K (m/s)
Topo Natural 233 27,7
8,2 x 10-9 Inundada 50,6 27,5
Base Natural 384,1 28,4
6,3 x 10-6 Inundada 45,4 26,8
Fonte: Severo (2005)
Braga (2005) faz um resumo completo dos check-lists existentes na
literatura e desenvolve um modelo para aplicação na realidade da região. Com
esse check-list ele constata os processos erosivos ao longo da linha costeira
em Tibau do Sul/RN. Severo (2011) caracteriza os sedimentos e estuda a
53
influência da cimentação e o comportamento do solo de uma falésia da
Formação Barreiras na Ponta do Pirambu, também em Tibau do Sul/RN.
Apesar de possuir falésias sofrendo alto processo de movimento de
massa, a Paraíba é carente em estudos de caracterização e análise de recuo
da linha Costeira. Por esse fato, as relações feitas nessa pesquisa serão feitas
com os estudos realizados no Rio Grande do Norte, especialmente em Tibau
do Sul/RN.
54
CAPÍTULO 3
APRESENTAÇÃO DA ÁREA ESTUDADA
3.1 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E LIMITES
A área de estudo dessa pesquisa localiza-se no município do Conde, litoral
sul da Paraíba, distante, aproximadamente, 32 km de João Pessoa, capital do
estado, Figura 3.1. O Conde faz fronteira ao Norte com João Pessoa, ao Leste
com o Oceano Atlântico, ao Sul com o município de Pitimbu e ao Oeste com
Alhamdra e pertence a Micro Região de João Pessoa e a Meso Região da
Mata Paraibana.
Cidade com aproximadamente 23.975 habitantes (estimativa IBGE 2015),
correspondente a 0,60% da população paraibana e 2,81% da população
litorânea. O Conde possui litoral de 17 km, distribuídos em 9 praias (Figura
3.2).
Figura 3.1: Mapa da Paraíba e município do conde em destaque
Fonte: Google Earth, 2015, Rosa (2016)
55
As praias de Gramame e Jacumã não entram nas análises feitas no
presente trabalho. As demais praias apresentam um grau de erosão muito
elevado, levando risco aos usuários e proprietários de lotes e edificações
próximos a crista dos taludes. Em destaque, encontra-se a praia de Carapibús,
Figura 3.3, por apresentar, entre as praias analisadas, o maior risco que a
erosão pode causar (maiores danos materiais), devido à presença mais intensa
de imóveis em áreas críticas.
a)
Figura 3.2: Distribuição das Praias do Conde/PB
Fonte: Google Earth, Conrad Rosa 2016
c)
56
Outras praias também apresentam erosões significativas como:
Tabatinga (Figura 3.4), Arapuca (Figura 3.5), Coqueirinho (Figura 3.6), Amor
(Figura 3.7) e Tambaba (Figura 3.8).
Figura 3.3: Praia de Carapibús: a) destroços de edificações; b) edificação na borda do tabuleiro; c) erosão das falésias
Fonte: a) e b) Arquivo pessoal, c) Conrad Rosa
Figura 3.4: Praia de Tabatinga - Erosão
Fonte: Google Earth 2016
Figura 3.6: Praia de Coqueirinho - Voçorocas
Fonte: Google Earth 2016
b)
Figura 3.5: Praia de Arapuca - Voçoroca
Fonte: Google Earth, Conrad Rosa 2016
c)
57
3.2 FATORES NATURAIS
Segundo a Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da
Paraíba (AESA), o estado tem como o seu principal sistema meteorológico
gerador de chuvas os distúrbios ondulatórios de leste (nuvens que se formam
no Oceano Atlântico e se deslocam em direção a costa leste do Nordeste do
Brasil, principalmente sobre as regiões do Agreste, Brejo e Litoral). O Conde
possui um clima tropical chuvoso, e seus índices pluviométricos são bastante
irregulares, possuindo uma média de 1079,3 mm anuais.
A presença de “piping” (erosão interna) no corpo do talude (Figura 3.9
a), também vem a ser um fator de extrema importância. A passagem da água
carrea as partículas finas e formam uma região mais favorável à pecvolação. A
questão da água não se resume ao “piping”, uma vez que o escoamento
superficial é bem nítido pelo caminho que deixa no tabuleiro e na escarpa.
A heterogeneidade de solos e suas colorações é um fator que chama
atenção. Materiais vizinhos possuem colorações totalmente diferentes (Figura
3.9 b).
Outro fator relevante para o estudo da região é a vegetação (Figura 9 c).
Em toda a costa pode-se perceber a presença de áreas verdes nos tabuleiros
das falésias Em alguns outros casos, porém com menor incidência, percebe-se
a vegetação nas faces das mesmas.
Figura 3.7: Praia do Amor - Erosão
Fonte: Google Earth 2016
Figura 3.8: Praia de Tambaba - Erosão
Fonte: Google Earth 2016
58
3.3 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA DA ÁREA
O município do Conde/PB está inserido na Bacia Pernambuco-Paraíba,
especificamente na Sub-bacia Alhandra. As falésias da região são dominadas
pela geologia da Formação Barreiras.
Szatmari et. al. (1987) apud Rossetti et. al. (2009) sustentam que essa
bacia foi originada em função do processo de abertura do Oceano Atlântico,
iniciada no Juro-Cretácio.
Rossetti et. al. (2009) sustentam que calcários da Formação Gramame
são aflorados em uma pequena faixa no Sul da Sub-bacia Alhandra, restrita à
Depressão do Abiaí. As demais áreas são representadas por depósitos da
Formação Barreiras e/ou Sedimentos Pós-Barreiras (Figura 3.10).
Figura 3.9: Fatores naturais: a) “piping”, Praia de Carapibús, Praia de Tambaba; b) heterogeneidade na coloração, Praia de Carapibús; c) vegetação.
c
a
b
59
A geomorfologia da área é composta por tabuleiros, falésias e a faixa de
praia. Todos esses constituintes variam de acordo com cada praia.
Recentemente, estudos morfológicos na Sub-bacia Alhandra sugerem
que o relevo da região é um produto de compartimentação por falhas
tectônicas em regimento distensivo (Furrier et. al., 2006). Rossetti et. al (2009)
defendem também que os soerguimentos registrados no terreno da Sub-bacia
refletem estruturas deformacionais compressivas.
No que diz respeito à estrutura de afloramento, Rossetti et. al. (2009)
esclarecem que a formação Barreiras e os Sedimentos Pós-Barreiras expostos
na área de estudo mostram-se localmente deformados por falhas e fraturas.
Além dessas feições, os autores ainda destacam a presença de feições
deformacionais relacionada à dobras.
Rossetti et. al. (2009) expõem que os extratos dobrados incluem arenitos
finos a médios, e argilitos maciços. Os autores ainda destacam que os estratos
dobrados correspondem apenas à Formação Barreiras, enquanto que os
sedimentos Pós Barreiras sobrejacentes, quando presentes, estão em posição
horizontal.
A Sub-Bacia Alhandra é representada por patamares relativamente
nivelados que se sucedem de norte a sul, e constituem os interflúvios dos rios
que a cortam no trecho final de seus cursos (Rossetti et. al. 2009).
Figura 3.10 : Afloramento na Rodovia BR 101, sul de João Pessoa, onde a Formação Barreiras é dobrada, mas os Sedimentos Pós-Barreiras sobrejacentes estão em posição de deposição original
Fonte: Rossetti (2009), Modificado
60
Rossetti et. al. (2009) ainda sugerem que a Sub-bacia seja dividida em
dois compartimentos: o compartimento I entre o Rio Gramame e Abiaí, e o II
localiza-se ao longo de uma extensa faixa que contorna o compartimento I
(Figura 3.11). Para os autores a média de declividade é de 11% para a primeira
área e 7% para a segunda. A primeira ainda mostra um de convexividade
acentuadas nos interflúvios (em vermelho),enquanto em seu entorno estes
apresentam trechos menos convexos ou retilíneos ( em amarelo e branco),
como pode-se ver na Figura 3.12. Os valores médios das convexividades são
0,167°/m para o campartimento I e 0,118° para o II. Rossetti et. al. (2009)
concluem afirmando que a área I apresenta modificações significativas de
curvatura vertical, em relação ao padrão retilíneo da área II.
a
b
61
3.4 CARACTERÍSTICAS
A seguir, características das principais praias em condições de maré
baixa:
Praia do Amor:
Possui uma faixa de praia de aproximadamente 15 m. As falésias
apresentam em média 15 m com inclinações acentuadas. A vegetação é de
pequeno porte, localizada nos tabuleiros e em algumas regiões de base da
falésia. É uma praia com grau de ocupação intermediário.
Figura 3.12: Curvaturas verticais da sub-bacia
Fonte: Rossetti et. al. (2009), modificado.
Figura 3.11: Sub-bacia Alhandra a) Compartimento I e II; b) trecho selecionado por
Rossetti et. al (2009); c) perfil topográfico do trecho no item b
Fonte: Rossetti. et. al. (2009), modificado
c
c
62
Praia de Carapibús:
A praia de Carapibús possui uma faixa de areia de aproximadamente 23 m
entre a baixa maré e as falésias vivas mais próximas. As falésias apresentam
em média 12 m, são verticais e vegetadas apenas no tabuleiro. Há ocupação
nos tabuleiros. As edificações são divididas entre residências, casas de
veraneio e pousadas. O constante movimento de massa está ocasionando
queda das estruturas presentes na crista das falésias.
Praia de Tabatinga
Tabatinga possui uma faixa de praia de aproximadamente 40 m. As
falésias no ponto mais alto apresentam aproximadamente 35 m, angulação
suave e tabuleiros e algumas faces com vegetação, exceto as superfícies
erodidas. É uma praia com baixo índice de ocupação.
Praia de coqueirinho
Coqueirinho possui a faixa de praia com aproximadamente 42 m na baixa
maré. As falésias mais afetadas são recuadas e apresentam erosão desde o
tabuleiro. A erosão tem como dimensão aproximadamente 770 m de
comprimento e 200 m na parte mais larga. É uma praia com baixo índice de
ocupação.
Praia de Arapuca
Possui um faixa de praia de aproximadamente 35 m. Apresenta falésias
íngremes com aproximadamente 40 m de altura. A vegetação é presente nos
tabuleiros e em faces de falésias não erodidas. Possui uma baixa taxa de
ocupação.
Praia de Tambaba
A praia de Tambaba apresenta uma faixa de praia de aproximadamente 60
m. As falésias possuem alturas médias de 25 m nas regiões mais afetadas. A
vegetação é de médio porte e está presente nos tabuleiros e nas bases das
falésias. É uma praia com baixa ocupação humana.
63
Praia Bela
A Praia Bela possui uma faixa de praia de aproximadamente 32 m. As
falésias possuem em média 40 m de altura e são mortas. A vegetação é de
médio porte e está presente nos tabuleiros. Possui uma baixa taxa de
ocupação.
64
CAPÍTULO 4
MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo são descritas as atividades de campo para observação
dos processos de movimento de massa, a coleta de amostras e os ensaios
realizados.
O estudo foi dividido em duas linhas: observações de campo e ensaios
laboratoriais.
4.2 COLETA DE MATERIAIS E INVESTIGAÇÕES DE CAMPO
Inicialmente os trabalhos de campo eram voltados para a escolha e
planejamento dos pontos representativos que seriam coletadas as amostras.
Uma vez coletada, as idas a campo destinavam-se para o estudo da dinâmica
dos movimentos de massa que estão acontecendo na região.
O critério da escolha das amostras se deu pela representatividade das
mesmas, através do aspecto tátil-visual. Dois tipos de amostras foram
coletadas: amostras deformadas e indeformadas. A primeira se fez necessária
para os ensaios de caracterização do solo, Figura 4.1a, a segunda para os
ensaios de cisalhamento direto Figura 4.1b.
Figura 4.1 : Amostras: a) deformadas, b) indeformadas
a b
65
Todas as amostras foram devidamente armazenadas e transportadas
para que não perdessem suas características, principalmente a amostra
indeformada devido à sua fragilidade, que ao ser retirada era envolvida com
papel filme e plástico bolha. A pesquisa contou com 28 amostras, sendo 26
deformadas e 2 indeformadas.
Os blocos indeformados foram coletados da Praia de Carapibús, devido
ao risco que a região apresenta. Os locais de retirada foram os que
apresentaram maior grau de erosão, sendo um retirado da base e outro do
topo, resultando em duas amostras indeformadas representativa da região de
risco.
A Praia do amor foi estudada apenas em investigações de campo, por
apresentar erosão avançada, mas não levar risco à população que a usa.
Foi utilizada, também, a aplicação do Checklist sugerido por Braga
(2005), sendo feitas algumas modificações. O intuito da utilização do Checklist
é caracterizar fisicamente as falésias e analisar os movimentos de massa
presente nas falésias. O modelo utilizado encontra-se no Anexo I.
Ainda para a o estudo com investigações e observações de campo, foi
analisada os movimentos de massa das falésias. Forma retiradas fotografias e
gerados os perfis com os prováveis acontecimentos.
66
4.2.1 LOCALIZAÇÃO DA RETIRADA DAS AMOSTRAS
Praia de Carapibús:
Figura 4.2 : Localização da retirada das amostras deformadas: Carapibús
Fonte: Conrad Rosa (2015)
Figura 4.3 : Localização da retirada das amostras indeformadas: Carapibús
Fonte: Conrad Rosa (2016) adaptada
68
Praia de Tabatinga:
Praia de Coqueirinho:
Figura 4.5 : Localização da retirada das amostras deformadas: Tabatinga
Fonte: Conrad Rosa
Figura 4.6 : Localização da retirada das amostras deformadas: Coqueirinho
Fonte: Conrad Rosa (2015)
69
Praia de Arapuca:
Praia de Tambaba:
Figura 4.7 : Localização da retirada das amostras deformadas: Arapuca
Fonte: Conrad Rosa (2015)
Figura 4.8 : Localização da retirada das amostras deformadas: Tambaba
Fonte: Conrad Rosa (2015)
70
Praia Bela:
4.3 MÉTODOS (ENSAIOS)
A pesquisa foi baseada em ensaios laboratoriais, sendo utilizados os
laboratórios de mecânica dos solos da UFRN e da UFPB. Foram feitos ensaios
de caracterização e cisalhamento direto.
4.3.1 ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO
As Normas utilizadas e os ensaios realizados para a caracterização
foram: NBR – 6457, Preparação de Amostras; NBR - 7181, Granulometria por
Peneiramento e Sedimentação; NBR - 7180 e 6459, Limites de Plasticidade e
Liquidez; NBR - 6508, Massa Específica dos Grãos.
4.3.2 ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO
Como a coleta do material para esse ensaio foi feita através de blocos
indeformados, o primeiro passo foi moldar o corpo de prova para se fazer o
ensaio (Figura 4.10). O corpo de prova mede, aproximadamente 3 cm de altura
e 6 cm de diâmetro (Figura 4.11).
a b
Figura 4.9 : Localização da retirada das amostras deformadas: Bela
Fonte: Conrad Rosa (2015)
71
O procedimento do ensaio consiste inicialmente na aplicação de uma
tensão normal. Em seguinte aplica-se uma de carga horizontal, levando o
deslizamento de uma metade do corpo de prova a sobre a outra,
desenvolvendo assim uma tensão cisalhante no plano horizontal. Quando as
tensões superam a resistência do Corpo de Prova (CP), temos a ruptura do
solo (Figura 4.12). O ensaio fornece como resultado a coesão e o ângulo de
atrito da material. Para essa pesquisa, o ensaio de cisalhamento direto foi
realizado na velocidade de 2 mm/min. O ensaio foi realizado segundo a ASTM
D3080
As tensões normais já eram predeterminadas em 3 estágios: 50, 100 e
200 kPa.
Os ensaios foram realizados de duas situações: com teor de umidade
natural (3 corpos de provas para cada amostra) e inundados (3 corpos de
provas, apenas para Amostra 1) (Figura 4.13). A realização das duas situações
permite avaliar a perda de resistência provocada pela ação da água, uma vez
que ela elimina a coesão aparente devido a sucção.
Figura 4.10: Esculpimento do Corpo de Prova: a) Amostra indeformada 1; b) Amostra indeformada 2.
a b
74
CAPÍTULO 5
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados dessa pesquisa se basearam em duas linhas:
observações de campo e ensaios laboratoriais. A primeira é apresentada
através de análises do Checklist proposto por Braga (2005) que auxilia nas
avaliações visuais do ambiente em que a falésia está inserida e estudo dos
movimentos de massas delas. A segunda é exposto os valores dos ensaios
realizados. Comparações com estudos correlacionados são feitas no final do
capítulo.
5.1 OBSERVAÇÕES E INVESTIGAÇÕES DE CAMPO
Os checklists preenchidos encontram-se nos Anexos.
Praia de Carapibús: Os checklist dessa praia encontram-se no Anexo II
Trecho 01:
O trecho 01 possui uma falésia de aproximadamente 10m de altura e
inclinação 90°, com um tabuleiro sem ocupação urbana. Percebe-se a
predominância de uma material arenoso homogêneo de cor marrom. Há uma
presença de uma camada pequena de solo com presença de material orgânico
no topo. O mar age nela de maneira branda. O movimento de massa
observado no trecho é principalmente o deslizamento, Figura 5.1.
Figura 5.1: Trecho 01
75
Trecho 02:
O trecho 02 (Figura 5.2) tem uma falésia com 10m de altura e
aproximadamente 90°. No tabuleiro não há ocupação urbana. A vegetação no
tabuleiro é de porte médio. O solo presente nesse trecho é arenoso, com uma
coloração bastante heterogênea e de fácil desagregação com as mãos. É
possível perceber a presença de uma camada de solo laterítico no topo da
escarpa. O movimento de massa predominante é o deslizamento.
Trecho 03:
Com taludes de aproximadamente 12 m de altura e inclinação de 90°,
nesse trecho é deflagrado uma situação muito comum na região: escadas que
dão acesso de propriedades privadas para a praia. Há um pequeno muro de
gravidade para diminuir os danos causados pela ação do mar. A ação
destrutiva do mar fica evidenciado pela presença de ruínas de construções
(Figura 5.3), nitidamente oriundo de movimentos de massas anteriores e
destruição dos materiais pela força das ondas. O material arenoso de cor cinza,
que é o predominante na praia de Carapibús, começa a aparecer nessa falésia.
O topo da falésia apresenta uma tendência maior ao escorregamento, o meio e
Figura 5.2: Trecho 02
76
a base apresentam uma tendência maior a queda de blocos (situações
observadas em taludes semelhantes com materiais parecidos). Os materiais
oriundos de movimentos anteriores não estão presentes na área, levando a
entender-se que houve carreamento pelas águas do mar.
Trecho 04:
Com falésia de aproximadamente 10 m de altura e 90° de inclinação,
esse trecho apresenta um material arenoso mais uniforme na coloração. Nele
pode-se observar o que era o topo de uma escada (Figura 5.4) que ligava uma
propriedade privada à praia. Não há mais nenhuma estrutura da escada na
escarpa da falésia, ou seja, toda a escada foi destruída com o movimento de
massa. Os escombros da escada estão na areia da faixa de praia (Figura 5.5).
Isso é o resultado de um processo de recuo de falésia muito intenso.
Figura 5.3: Trecho 03
77
Também foram observadas a presença de orifícios na face da falésia
(Figura 5.5). Os orifícios formados por “pipings” são formados pela erosão
interna (carreamento dos finos) e ajuda no o escoamento e escape da água
infiltrada no tabuleiro por criar uma região mais favorável para o percurso da
água.
Semelhante ao trecho 03, apenas ruínas estão presentes na faixa da
praia, atribuindo-se ao mesmo motivo.
Figura 5.4: Trecho 04
Figura 5.4: Trecho 04
78
Trecho 05:
Falésia com aproximadamente 12 m e uma inclinação de 90° (Figura
5.6). Material de cor cinza. Há ocupação no tabuleiro, com edificações
distantes aproximadamente 15 m. A vegetação presente no tabuleiro é de
médio porte. O movimento deflagrado nessa situação é a queda de bloco. Esse
trecho é caracterizado pela típica erosão costeira, onde a base é degradada
pela ação do mar. Essa retirada de material gera uma região de instabilidade.
Trecho 06:
Com falésias de aproximadamente 12 m de altura e inclinação 90°, esse
trecho apresenta um solo arenoso de coloração cinza com camada de solo
orgânico no topo e a ocupação urbana nos tabuleiros das falésias (Figura 5.7).
Na massa movimentada encontra-se resíduos de construção. As ruínas são
oriundas de uma área destinada para mirante (área de lazer). No topo da figura
Figura 5.5: Trecho 04
79
observa-se a proximidade de algumas edificações da borda do tabuleiro, que
possivelmente serão afetadas em breve. O movimento de massa ocorrido foi
um deslizamento. O material proveniente da ruptura tem sido retirado pela ação
do mar.
Figura 5.6: Trecho 05
80
Trecho 7:
Com aproximadamente 12 m de altura e inclinações de 90°, essa falésia
(Figura 5.8) apresenta movimentos de massa como deslizamento e queda de
blocos. O deslizamento aparenta ser um movimento recente. Na massa
deslocada, também há ruínas de construção, referente a uma área de lazer,
Figura 5.7: Trecho 06
81
localizada exatamente acima do local onde ocorreu o movimento. Novamente,
tem-se o solo arenoso de cor cinza.
Trecho 08:
Falésia com aproximadamente 15 m e com inclinação predominante de 90°
(Figura 5.9). Solo com coloração acinzentada, apresenta a queda de bloco
como movimento predominante. Não há ocupação do tabuleiro desse trecho,
Figura 5.8: Trecho 07
82
que possui uma vegetação de pequeno porte. Há um acúmulo muito grande de
material movimentado. A ação da maré já não incide sobre essa falésia devido
a berma criada pelos sedimentos
Trecho 09:
Esse trecho apresenta um material mais estável no topo de coloração
amarelada e um material arenoso de cor cinza no meio e na base (Figura 5.10).
Possui aproximadamente 14 m de altura e inclinação de 90°. Há urbanização
no tabuleiro. A edificação é uma residência, que se encontra a
aproximadamente 25 m da crista da falésia. Na escarpa também são
observadas orifícios provocados por “pipping”. Não há vestígios de movimentos
de massas recentes, sendo uma das áreas mais estáveis da região.
Figura 5.9: Trecho 08
83
Trecho 10:
Com 14 m e inclinação predominante de 90° (Figura 5.11), esse trecho
apresenta-se como o mais estável da praia. Há presença de tálus com blocos
do material da falésia. Os acessos são construídos de forma mais robusta em
relação aos demais e é protegido por um pequeno muro de gravidade que evita
o choque das ondas com o pé da falésia. O material apresenta uma coloração
variada sendo mais amarelado do meio para o topo e mais avermelhada do
meio para a base. A vegetação presente é densa e de porte maior que dos
outros trechos.
Figura 5.10: Trecho 09
84
Praia do Amor: Os checklist dessa praia encontram-se no Anexo
III
Trata-se de uma falésia morta com aproximadamente 20 m de altura e
inclinação de 90° (Figura 5.12). O movimento de massa se dá, principalmente,
pela erosão pluvial que carrea o material para a parte inferior do maciço. Em
precipitações maiores, os sedimentos são arrastados até a praia. A vegetação
é escassa e de pequeno porte. Não apresenta ocupação humana. A coloração
do solo é bastante variada.
Figura 5.11: Trecho 10
85
Praia de Arapuca: Os checklist dessa praia encontram-se no Anexo IV
Falésia com aproximadamente 40 m e inclinação de 70° (Figura 5.13).
Apresenta um material mais consolidado, quando comparado com os demais
trechos, de cor roxa e branca. Essa região apresenta movimentos de
deslizamentos e erosões pluviais. Pela diferença entre as partes mais externas
e internas do maciço, percebe-se que os movimentos são relativamente
recentes. Essa falésia não é urbanizada. Há uma superposição de camadas.
Os canais criados pela passagem da água desgastam o material e comprovam
que o mesmo é erodido com a passagem da água
Figura 5.12: Erosão na Praia do Amor.
Fonte: Conrad Rosa (Fotografia)
86
Praia Bela: Os checklist dessa praia encontram-se no Anexo V
Falésia com aproximadamente 25 m e inclinação de 90° (Figura 5.14). O
material constituinte é de coloração homogênea. A falésia não apresenta
ocupação humana. O principal movimento é dado pela erosão pluvial.
Presença de tálus na base da falésia. A falésia é morta.
Figura 5.13: Queda de blocos na Praia de Arapuca.
Fonte: Conrad Rosa (Fotografias)
87
5.2 ENSAIOS LABORATORIAIS
5.2.1 ENSAIOS DAS AMOSTRAS DEFORMADAS
A seguir serão mostrados os valores dos ensaios de caracterização para
as amostra deformadas. As massas específicas das amostras variaram entre
2,2 à 2,7.
Praia de Carapibús
A Tabela 5.1 apresenta os valores dos ensaios de caracterização feitos
para as amostras da Praia de Carapibús.
Figura 5.14: Queda de blocos na Praia Bela 4. a) Vista
frontal do movimento; b) croqui do perfil do movimento.
Fonte: a) Conrad Rosa (Fotografias)
88
Tabela 5. 1 - Resultados dos ensaios de caracterização - Praia de Carapibús
Praia Carapibús
Característica Am 23 Am 24 Am 25 Am 26
Pedregulho (%) 2,0 0,0 7,0 23,0
Areia (%) 82,0 90,0 66,0 56,0
Silte (%) 11,0 4,0 4,0 12,0
Argila (%) 5,0 6,0 23,0 9,0
Limite de Liquidez NL NL 27 NL
Limite de Plasticidade NP NP 21 NP
Índice de Plasticidade - - 6 -
Classificação SM SP-SM SC-SM SM
Em porcentagem, tem-se: 50% SM, 25% SP-SM e 25% SC-SM.
Praia de Tabatinga
A Tabela 5.2 apresenta os valores dos ensaios de caracterização feitos
para as amostras da Praia de Tabatinga.
Tabela 5. 2 - Resultados dos ensaios de caracterização - Praia de Tabatinga
Praia Tabatinga
Característica Am 20 Am 21 Am 22
Pedregulho (%) 0,0 3,0 3,0
Areia (%) 86,0 89,0 89,0
Silte (%) 5,0 3,0 3,0
Argila (%) 9,0 5,0 6,0
Limite de Liquidez NL NL NL
Limite de Plasticidade NP NP NP
Índice de Plasticidade - - -
Classificação SM SP-SM SP-SM
Em porcentagem, tem-se: 33.3% SM e 66,7% SP-SM .
89
Praia de Coqueirinho
A Tabela 5.3 apresenta os valores dos ensaios de caracterização feitos
para as amostras da Praia de Coqueirinho.
Tabela 5. 3 - Resultados dos ensaios de caracterização - Praia de Coqueirinho
Praia Coqueirinho
Característica Am 16 Am 17 Am 18 Am 19
Pedregulho (%) 2,0 0,0 5,0 2,0
Areia (%) 83,0 90,0 82,0 82,0
Silte (%) 6,0 4,0 3,0 6,0
Argila (%) 9,0 6,0 10,0 10,0
Limite de Liquidez NL NL NL NL
Limite de Plasticidade NP NP NP NP
Índice de Plasticidade - - - -
Classificação SM SP-SM SM SM
Em porcentagem, tem-se: 75% SM e 25% SP-SM.
Praia de Arapuca
A Tabela 5.4 apresenta os valores dos ensaios de caracterização feitos
para as amostras da Praia de Arapuca.
Tabela 5.4 - Resultados dos ensaios de caracterização - Praia de Arapuca
Praia Arapuca
Característica Am 9 Am 10 Am 11 Am 12 Am 13 Am 14 Am 15
Pedregulho (%) 1,0 40,0 0,0 0,0 5,0 0,0 0,0
Areia (%) 85,0 54,0 86,0 60,0 77,0 68,0 64,0
Silte (%) 10,0 3,0 13,0 21,0 5,0 5,0 16,0
Argila (%) 4,0 3,0 1,0 19,0 13,0 27,0 20,0
Limite de Liquidez NL NL NL NL NL 23,0 27,6
Limite de Plasticidade NP NP NP NP NP 19,0 22,4
Índice de Plasticidade - - - - - 4,0 5,3
Classificação SM SW-SM SM SM SM SC-SM SC-SM
Em porcentagem, tem-se: 57% SM, 14% SW-SM e 29%SC-SM.
90
Praia de Tambaba
A Tabela 5.5 apresenta os valores dos ensaios de caracterização feitos
para as amostras da Praia de Tambaba.
Tabela 5.5 - Resultados dos ensaios de caracterização - Praia de Tambaba
Praia Tambaba
Característica Am 4 Am 5 Am 6 Am 7 Am 8
Pedregulho (%) 22,0 1,0 0,0 0,0 0,0
Areia (%) 71,0 90,0 63,0 92,0 81,0
Silte (%) 3,0 3,0 9,0 3,0 7,0
Argila (%) 4,0 6,0 28,0 5,0 12,0
Limite de Liquidez NL NL NL NL NL
Limite de Plasticidade NP NP NP NP NP
Índice de Plasticidade - - - -
Classificação SW-SM SP-SM SM SP-SM SP-SM
Em porcentagem, tem-se: 20% SW-SM, 60% SP-SM e 20% SM.
Praia Bela
A Tabela 5.6 apresenta os valores dos ensaios de caracterização feitos
para as amostras da Praia Bela.
Tabela 5.6 - Resultados dos ensaios de caracterização – Praia Bela
Praia Bela
Característica Am 1 Am 1.1 Am 2 Am 3
Pedregulho (%) 5,0 1,0 12,0 1,0
Areia (%) 76,0 81,0 82,0 95,0
Silte (%) 4,0 3,0 1,0 3,0
Argila (%) 15,0 15,0 5,0 1,0
Limite de Liquidez 27 27,6 NL NL
Limite de Plasticidade 19 19,03 NP NP
Índice de Plasticidade 8 8,57 - -
Classificação SC SC SP-SM SP
Em porcentagem, tem-se: 50% SC, 25% SP-SM e 25%SP.
91
5.2.2 ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO
As amostras indeformadas para os ensaios de cisalhamento direto foram
coletadas nas falésias da Praia de Carapibús. Nesse material, além dos
cisalhamento direto foram realizados os ensaios de caracterização geotécnica,
cujos resultados são apresentados na tabela 5.7.
Tabela 5.7 - Resultado dos ensaios de caracterização para as amostras indeformadas
Amostras indeformadas
Característica Am 1 Am 2
Pedregulho (%) 1,0 2,0
Areia (%) 79,0 65,0
Silte (%) 12,0 3,0
Argila (%) 8,0 30,0
Limite de Liquidez NL NL
Limite de Plasticidade NP NP
Índice de Plasticidade - -
Classificação SM SM
Para o cisalhamento direto:
Amostra 1:
Os resultados dos ensaios de cisalhamento direto realizados nas amostras
no teor de umidade natural estão mostrados nas Figuras 5.15 a 5.17.
92
Tensão Cisalhante (kPa)
Figura 5.15: Gráfico Tensão Cisalhante x Deslocamento
Horizontal para AM1– Teor de umidade natural
Figura 5.16: Gráfico Variação de Volume x Desloc. Horizontal
para AM1– Teor de umidade natural
93
Traçada a envoltória, chega-se a equação:
τ = 46,4+ σ.tg (35,5°)
resultando em, aproximadamente, uma coesão de 46,4 kPa e um ângulo de
atrito de 35,5°. A Tabela X mostra as tensões cisalhantes aplicadas:
Na situação inundada, os resultados estão apresentados nas Figuras
5.18 a 5.20.
Figura 5.17: Gráfico da Envoltória do Ensaio para AM1 – Teor de umidade natural
Figura 5.16 Gráfico Variação de Volume x Desloc. Horizontal
para AM1 – Teor de umidade natural
Figura 5.15: Gráfico Tensão Cisalhante x Deslocamento
Horizontal para AM1– Teor de umidade natural
94
Figura 518: Gráfico Tensão Cisalhante x Deslocamento Horizontal para AM1 – Inundado
Tensão Cisalhante (kPa)
Figura 5.19: Gráfico Variação de Volume x Desloc. Horizontal para AM1 - Inundado
95
Traçada a envoltória chega-se a equação:
τ = 28,3 + σ.tg (34,3°)
resultando em, aproximadamente, uma coesão de 28,3 kPa e um ângulo de
atrito de 34,3°.
Amostra 2:
Os resultados dos ensaios de cisalhamento direto realizados nas
amostras no teor de umidade natural estão mostrados nas Figuras 5.21 a 5.23
Figura 5.20: Gráfico da Envoltória do Ensaio para AM1 - Inundado
96
Figura 5.21: Gráfico Tensão Cisalhante x Deslocamento Horizontal para AM2 – Teor de umidade natural
Figura 5.22: Gráfico Variação de Volume x Desloc. Horizontal para AM2 – Teor de umidade natural
Tensão Cisalhante (kPa)
97
Traçada a envoltória chega-se a equação:
τ = 156,2 + σ.tg (41,4°)
resultando em, aproximadamente, uma coesão de 156,2 kPa e um ângulo de
atrito de 41,4°.
5.2.3 ANÁLISES DE FOTOGRAFIAS MICROSCÓPICAS
Amostra 1:
Com base nas Figura 5.24 e 5.25, observa-se que o solo da amostra 1
apresenta a maioria das partículas diâmetros semelhantes (diâmetro uniforme).
Os grãos são envolvidos por um mineral que garante a coloração branca. Há,
em alguns casos, a presença de partículas aglutinas formando uma massa
maior. Em geral os grão são angulosos.
Figura 5.23: Gráfico da Envoltória do Ensaio para AM2 - Teor de umidade natural
98
a
b
Figura 5.24: Vista microscópica da Am 1: a) grão com diâmetros variados; b)
partículas com granulometria mais uniforme
99
Figura 5.25: Vista microscópica da Am 1: grãos com diâmetros cotados (escala:
1mm: 67 pixels); b) grãos enumerados
a
b
100
Amostra 2:
Com base nas Figuras 5.26 e 5.27, os grãos possuem diâmetros mais
variados, quando comparados com os da amostra 1. Os grãos são envolvidos
por um material que garante a coloração amarelada, e apresentam uma
geometria angulosa com partículas salientes.
Figura 5.26: Vista microscópica da Am 2 a) grão com diâmetros variados; b) Grãos
com diâmetros cotados (escala: 1mm: 67 Pixels)
a
b
101
Figura 2.7: Vista microscópica da Am 2 a) grão com diâmetros predominantemente
médios e pequenos; b) grãos com diâmetros cotados (escala: 1mm: 67 Pixels)
a
b
102
5.3 COMPARAÇÕES DO ENSAIO DE CILHAMENTO DIRETO
Os parâmetros que envolvem o ensaio de cisalhamento direto desse
estudo serão comparados com os valores dos parâmetros da pesquisa de
Severo (2005) e de Souza Jr. (2013). A Tabela 5.8, traz os valores de Severo
(2005) para amostras heterogêneas e a Tabela 5.9 os valores de Souza Jr.
Tabela 5.8 Dados de Severo (2005)
Dados Severo (2005)
Material Condição c (kPa) ϕ (°)
Topo Natural 233 27,7
Inundada 50,6 27,5
Base Natural 384,1 28,4
Inundada 45,4 26,8
Tabela 5.9 – Dados de Souza Jr. (2013)
Dados de Souza Jr. (2013)
Material c (kPa) ϕ (°)
Topo 16,9 29,5
Base 59,9 33,6
5.3.1 COMPRAÇÕES COM SEVERO (2005)
Amostra 1:
Para essa amostra foram feitos ensaios nas duas condições: umidade
higroscópica (amostra natural) e saturada (amostra inundada). Sendo assim, a
comparação será feita nas duas situações.
Teor de umidade natural: foram obtidos os valores de 46,4 kPa de
coesão e um ângulo de atrito de 35,5°. Para essa situação, as coesões
obtidas por Severo (2005) são superiores, porém os valores de ângulos
de atritos menores, comparados com os resultado obtidos nessa
pesquisa.
Condição inundada: foram obtidos os valores de 28,3 kPa e um ângulo
de atrito de 34,3°. Para essa situação as coesões obtidas por Severo
103
(2005) continuaram a ser superiores, enquanto os ângulos de atrito
novamente foram inferiores.
Sendo assim, conclui-se que o solo analisado por Servero (2005) tende a
ser um solo mais argiloso em comparação ao da Amostra 1, uma vez que
apresentam ângulos de atrito menores e coesões maiores. Esse fato realmente
é explicado ao comparar-se as Tabelas 2.2 e 5.7, que mostram
respectivamente a granulometria de Severo (2005) e a da Amostra 1. Enquanto
a amostra de Severo (2005) possui 37,0% de argila, a Amostra 1 apresenta
8%.
Amostra 2:
Como esta amostra foi avaliada apenas com amostra natural, a
comparação só será feita com a mesmo situação do estudo de Severo (2005).
Pode-se assim observar que para a Amostra 2 foram obtidos os valores
de 156,2 kPa e um ângulo de atrito de 41,4°. Para essa condição as coesões
obtidas por Severo (2005) forma superiores e os ângulos de atritos inferiores
ao da Amostra 2.
Novamente pode-se concluir de Severo (2005) é um solo mais argiloso
que a Amostra 2, uma vez que apresentam ângulos de atritos menores e
coesões maiores. Comparando-se a Tabela 2.2 com a 5.7, tem-se a amostra
de Severo (2005) com 37,0% de argila e a Amostra 2 com 30%.
Um fato que deve ser considerado na comparação das amostras desse
estudo com as amostras de Severo (2005) é a plasticidade. Nenhuma das duas
amostras indeformadas desse estudo apresentaram limites, enquanto a de
Severo (2005) apresentou um índice de plasticidade de 16,3. Isso mostra que
as argilas presentes nas Amostra 1 e 2 são inativas.
5.3.2 COMPARAÇÕES COM SOUZA JR. (2013)
Souza Jr. (2013) realizou seu ensaios na situação inundada para
amostras retiradas do topo da falésia e da base da Praia de Tibau do Sul/RN,
104
região mais próxima da área estudada. Por esse fato, a comparação com os
valores obtidos no presente trabalho será feita apenas com a mesma situação
da amostra 1.
Em se tratando de coesão, a amostra 1 em condição inundada da
presente pesquisa (c = 28,3 kPa) apresenta valor superior à mostra do topo e
inferior à amostra da base. Para o ângulo de atrito, a amostra da presente
pesquisa apresenta valor (ϕ = 34,3°) superiores em comparação com as
amostras de Souza Jr. (2013).
105
CAPÍTULO 6
CONLUSÕES
Com base nos estudos realizados, foi possível chegar às seguintes
conclusões:
Os materiais que formam as falésias são predominantemente arenosos.
Das amostras analisadas 41% foram classificadas com SM, 30% SP-
SM, 11% SC-SM, 7% SW-SM, 7% SC e 4% SP. Isso torna os maciços
mais permeáveis, sofrendo mais com a presença de água.
As frações argilosas presentes nos solos das amostras apresentaram
baixa plasticidade e baixa atividade. Quando isso acontece, as
partículas finas são consideradas siltes. Esse fato explica a presença de
argila em algumas amostras, porém nomenclaturas de siltes.
O solo da Praia de Carapibús possui coesões inferiores aos de Severo
(2005) e ângulos de atrito superiores, ambos em todas as situações
analisadas. Quando comparado com os valores de Souza Jr. (2013), o
solo de carapibús apresenta valores de ângulos de atrito superiores e
coesão superior comparado a amostra do topo e inferior ao da amostra
da base.
A ação da maré não se limita apenas a retirada do material do sopé das
falésias. Outro fator é a salinidade. Quando a água do mar entra em
contato com a falésia, ocorre a retirada do material e a absorção da
água pelo solo. Com a baixa da maré, ocorre a cristalização dos sais
que gerão micro tensões no solo. Esse fenômeno ajuda a degradação
do maciço e a novos movimentos de massas.
Os movimentos de massa que estão ocorrendo são processos naturais
que iriam acontecer independente da presença humana nos tabuleiros
das falésias. Essa presença antrópica vem apenas acelerar os
movimentos;
Não é indicado a construção de casas ou hotéis sobre os tabuleiros das
falésias da região. Outra forma de exploração da área seria os passeios
106
turísticos credenciados para a observação das belezas naturais das
praias e esportes radicais;
A aplicação do checklist possibilita observar que diversos tipos de
movimentos de massas estão acontecendo nos maciços das praias.
Outros fatores observados são as variações das causas dos
movimentos de massas, a quantidade de material que foi deslocado, a
variação da coloração dos solos e o nível de ocupação dos tabuleiros.
As contribuições da pesquisa para o estudo das falésias do município
são os conhecimentos ofertados sobre os movimentos de massa que
estão atingindo os maciços, bem como expor os materiais que compõe
as falésias e seus parâmetros.
107
REFERÊNCIAS
ABNT - NBR 6459: Determinação do Limite de Liquidez. Rio de Janeiro, 1984.
ABNT - NBR 7180: Solo – Determinação do Limite de Plasticidade. Rio de
Janeiro, 1984.
ABNT - NBR 6457: Preparação para Ensaios de Compactação e Ensaios de
Caracterização. Rio de Janeiro, 1986.
ABNT – NBR 6508: Grãos de Solo que Passam na Peneira de 4,8 mm –
Determinação da Massa Específica. Rio de Janeiro, 1984.
ABNT - NBR 7181: Análise Granulométrica. Rio de Janeiro, 1984.
AGUSTO FILHO, O; VIRGILI, J. C. Estabilidade de Taludes. In: OLIBEIRA,
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110
ANEXO I
Modelo de Checklist aplicado na Praia de Carapibús.
(Adaptado de Souza Jr.,2013 eBraga,2005)
CHECKLIST DE CARACTERIZAÇÃO E DE IDENTIFICAÇÃO VISUAL
Praia: Trecho:
Data/ hora: Maré:
CARACTERIZAÇÃO DO TRECHO
Falésia viva:
Falésia recuada:
Altura da falésia (aproximada):
Vegetação/distribuição Topo Face Base
Uso da falésia
Acesso a praia Mirante Área de proteção
Outros Descrição:
Presença de estruturas/construções na falésia
Uso: Residencial: Hotelaria:
Distância da estrutura até a borda da falésia
IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS NO TRECHO
Escoamento superficial
Escoamento descontrolado pela face da falésia
Erosão pluvial
Contribuição para a erosão superficial Drenagem Irrigação
Outros Descrição
Percolação da água subterrânea
Maneira pela qual a água é infiltrada no topo da falésia Naturalmente
Tanques sépticos Drenagem
Piping
Outros Descrição
Há superfície úmidas na face da falésia?
Movimentos de massa
Há deslizamentos ativos ou antigos?
Outros tipos de movimento de massa
Ação das ondas
Presença de bermas ou depósito de tálus:
Linhas de arenitos na faixa da praia: Tipo
As ondas escovam o pé da falésia?
Há proteção do sopé? Tipo
Existe obras de controle a erosão? Tipo
A obra causa mais erosão?
Observações
111
ANEXO II
Modelo de Checklist aplicado na Praia de Carapibús.
(Adaptado de Souza Jr.,2013 eBraga,2005)
CHECKLIST DE CARACTERIZAÇÃO E DE IDENTIFICAÇÃO VISUAL
Praia: CARAPIBÚS Trecho: 01
Data/ hora: 15/03/20016 – 10:55 Maré: 1,8
CARACTERIZAÇÃO DO TRECHO
Falésia viva: SIM
Falésia recuada: NÃO
Altura da falésia (aproximada): 10 m
Vegetação/distribuição SIM Topo X Face Base
Uso da falésia
Acesso a praia NÃO Mirante Área de proteção NÃO
Outros Descrição:
Presença de estruturas/construções na falésia – NÃO EXISTE
Uso: Residencial: Hotelaria:
Distância da estrutura até a borda da falésia
IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS NO TRECHO
Escoamento superficial
Escoamento descontrolado pela face da falésia SIM
Erosão pluvial SIM
Contribuição para a erosão superficial Drenagem X Irrigação
Outros Descrição
Percolação da água subterrânea
Maneira pela qual a água é infiltrada no topo da falésia Naturalmente X
Tanques sépticos Drenagem
Piping NÃO
Outros Descrição
Há superfície úmidas na face da falésia? SIM (QUANDO CHOVE)
Movimentos de massa
Há deslizamentos ativos ou antigos? (OS DOIS) SIM
Outros tipos de movimento de massa
Ação das ondas
Presença de bermas ou depósito de tálus: SIM
Linhas de arenitos na faixa da praia: SIM Tipo BLOCOS
As ondas escovam o pé da falésia? NÃO
Há proteção do sopé? NÃO Tipo
Existe obras de controle a erosão? NÃO Tipo
A obra causa mais erosão? Observações: SOLO MARROM, APARENTEMENTE UNIFORME. É PROVAVELMENTE MACIÇO POSTERIOR AO DO TRECHO 2.
112
Modelo de Checklist aplicado na Praia de Carapibús.
(Adaptado de Souza Jr.,2013 eBraga,2005)
CHECKLIST DE CARACTERIZAÇÃO E DE IDENTIFICAÇÃO VISUAL
Praia: CARAPIBÚS Trecho: 02
Data/ hora: 15/03/20016 – 11:10 Maré: 1,8
CARACTERIZAÇÃO DO TRECHO
Falésia viva: SIM
Falésia recuada: NÃO
Altura da falésia (aproximada): 10 m
Vegetação/distribuição SIM Topo X Face Base
Uso da falésia
Acesso a praia SIM Mirante Área de proteção NÃO
Outros Descrição: DE UMA CASA PARA PRAIA (ESCADA)
Presença de estruturas/construções na falésia
Uso: ESCADAS, CHOPANAS E MUROS. Residencial: Hotelaria: X
Distância da estrutura até a borda da falésia: (CONSTRUÇÃO NA BORDA) 0 m
IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS NO TRECHO
Escoamento superficial
Escoamento descontrolado pela face da falésia SIM
Erosão pluvial SIM
Contribuição para a erosão superficial Drenagem X Irrigação
Outros Descrição
Percolação da água subterrânea
Maneira pela qual a água é infiltrada no topo da falésia Naturalmente X
Tanques sépticos X Drenagem
Piping NÃO
Outros Descrição
Há superfície úmidas na face da falésia? SIM (QUANDO CHOVE)
Movimentos de massa
Há deslizamentos ativos ou antigos? (OS DOIS) SIM
Outros tipos de movimento de massa
Ação das ondas
Presença de bermas ou depósito de tálus: SIM
Linhas de arenitos na faixa da praia: SIM Tipo BLOCOS
As ondas escovam o pé da falésia? NÃO
Há proteção do sopé? NÃO Tipo
Existe obras de controle a erosão? NÃO Tipo
A obra causa mais erosão? SIM
Observações: CAMADA DE LATERITO NO TOPO. CAMADA MEDIANA NÃO HOMOGÊNEA. ARENOSA (CONCLUSÃO TÁTIL-VISUAL). CAMADA DA BASE NÃO UNIFORME. COLORAÇÃO: AMARELA, MORROM E BRANCA.
113
Modelo de Checklist aplicado na Praia de Carapibús.
(Adaptado de Souza Jr.,2013 eBraga,2005)
CHECKLIST DE CARACTERIZAÇÃO E DE IDENTIFICAÇÃO VISUAL
Praia: CARAPIBÚS Trecho: 03
Data/ hora: 15/03/20016 – 11:25 Maré: 1,8
CARACTERIZAÇÃO DO TRECHO
Falésia viva: SIM
Falésia recuada: NÃO
Altura da falésia (aproximada): 12 m
Vegetação/distribuição SIM Topo X Face Base
Uso da falésia
Acesso a praia X Mirante Área de proteção NÃO
Outros Descrição: ESCADA
Presença de estruturas/construções na falésia
Uso: MURO Residencial: X Hotelaria:
Distância da estrutura até a borda da falésia: (MURO CONSTRUIDO NA BORDA DA FALÉSIA). 0 m
IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS NO TRECHO
Escoamento superficial
Escoamento descontrolado pela face da falésia NÃO
Erosão pluvial SIM
Contribuição para a erosão superficial Drenagem X Irrigação
Outros Descrição
Percolação da água subterrânea
Maneira pela qual a água é infiltrada no topo da falésia Naturalmente X
Tanques sépticos X Drenagem Piping
Outros Descrição
Há superfície úmidas na face da falésia? SIM (QUANDO CHOVE)
Movimentos de massa
Há deslizamentos ativos ou antigos? SIM
Outros tipos de movimento de massa QUEDA DE BLOCOS
Ação das ondas
Presença de bermas ou depósito de tálus: SIM
Linhas de arenitos na faixa da praia: SIM Tipo BLOCOS
As ondas escovam o pé da falésia?
Há proteção do sopé? SIM Tipo MURO DE GRAVIDADE
Existe obras de controle a erosão? NÃO Tipo
A obra causa mais erosão? SIM
Observações: COLORAÇÃO: MORROM, BEGE E CINZA. CAMADA DE LATERITO NO TOPO. CAMADA DE SOLO ORGÂNICO NO TOPO. RESÍDUO DE CONSTRUÇÕES ORIUNDO DOS MOVIMENTOS ANTERIORES.
114
Modelo de Checklist aplicado na Praia de Carapibús.
(Adaptado de Souza Jr.,2013 eBraga,2005)
CHECKLIST DE CARACTERIZAÇÃO E DE IDENTIFICAÇÃO VISUAL
Praia: CARAPIBÚS Trecho: 04
Data/ hora: 15/03/20016 - 11:40 Maré: 1,8
CARACTERIZAÇÃO DO TRECHO
Falésia viva: SIM
Falésia recuada: NÃO
Altura da falésia (aproximada): 10 m
Vegetação/distribuição SIM Topo X Face Base
Uso da falésia
Acesso a praia SIM Mirante Área de proteção NÃO
Outros Descrição: DA CASA PARA A PRAIA (DESTRUITO PELO MOVIMENTO DE MASSA)
Presença de estruturas/construções na falésia
Uso: Residencial: X Hotelaria:
Distância da estrutura até a borda da falésia 0 m
IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS NO TRECHO
Escoamento superficial
Escoamento descontrolado pela face da falésia SIM
Erosão pluvial SIM
Contribuição para a erosão superficial Drenagem X Irrigação
Outros Descrição
Percolação da água subterrânea
Maneira pela qual a água é infiltrada no topo da falésia Naturalmente SIM
Tanques sépticos X Drenagem
Piping SIM
Outros Descrição
Há superfície úmidas na face da falésia? SIM (QUANDO CHOVE)
Movimentos de massa
Há deslizamentos ativos ou antigos? SIM
Outros tipos de movimento de massa QUEDA DE BLOCO
Ação das ondas
Presença de bermas ou depósito de tálus: NÃO
Linhas de arenitos na faixa da praia: SIM Tipo
As ondas escovam o pé da falésia?
Há proteção do sopé? NÃO Tipo
Existe obras de controle a erosão? NÃO Tipo
A obra causa mais erosão?
Observações: MATERIAL HOMOGÊNEO DE COR CINZA
115
Modelo de Checklist aplicado na Praia de Carapibús.
(Adaptado de Souza Jr.,2013 eBraga,2005)
CHECKLIST DE CARACTERIZAÇÃO E DE IDENTIFICAÇÃO VISUAL
Praia: CARAPIBÚS Trecho: 05
Data/ hora: 15/03/20016 – 11:55 Maré: 1,8
CARACTERIZAÇÃO DO TRECHO
Falésia viva: SIM
Falésia recuada: NÃO
Altura da falésia (aproximada): 12 m
Vegetação/distribuição SIM Topo X Face Base
Uso da falésia
Acesso a praia NÃO Mirante
Área de proteção NÃO
Outros Descrição:
Presença de estruturas/construções na falésia
Uso: Residencial: X Hotelaria:
Distância da estrutura até a borda da falésia 0 m
IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS NO TRECHO
Escoamento superficial
Escoamento descontrolado pela face da falésia SIM
Erosão pluvial SIM
Contribuição para a erosão superficial Drenagem X Irrigação
Outros Descrição
Percolação da água subterrânea
Maneira pela qual a água é infiltrada no topo da falésia Naturalmente X
Tanques sépticos X Drenagem
Piping NÃO
Outros Descrição
Há superfície úmidas na face da falésia? SIM (QUANDO CHOVE)
Movimentos de massa
Há deslizamentos ativos ou antigos? NÃO
Outros tipos de movimento de massa QUEDA DE BLOCOS
Ação das ondas
Presença de bermas ou depósito de tálus: SIM
Linhas de arenitos na faixa da praia: NÃO Tipo
As ondas escovam o pé da falésia? SIM
Há proteção do sopé? NÃO Tipo
Existe obras de controle a erosão? NÃO Tipo
A obra causa mais erosão? Observações: APRESENTA UM CASO TÍPICO DE EROSÃO COSTEIRA. INTENSA RETIRA DO MATERIAL DA BASE DA FALÉSIA PELA AÇÃO DO MAR. ESTRUTURA CONSTRUIDA NO TOPO PARA TENTATIVA DE ENRIGECIMENTO DA CRISTA. REGIÃO PROPÍCIA A INSTABILIDADE DEVIDO AO DESCALÇAMENTO. COMPROVAÇÃO DO GRAU DE AGRESSIVIDADE DO MAR.
116
Modelo de Checklist aplicado na Praia de Carapibús.
(Adaptado de Souza Jr.,2013 eBraga,2005)
CHECKLIST DE CARACTERIZAÇÃO E DE IDENTIFICAÇÃO VISUAL
Praia: CARAPIBÚS Trecho: 06
Data/ hora: 15/03/20016 – 12:10 Maré: 1,8
CARACTERIZAÇÃO DO TRECHO
Falésia viva: SIM
Falésia recuada: NÃO
Altura da falésia (aproximada): 12 m
Vegetação/distribuição NÃO Topo Face Base
Uso da falésia
Acesso a praia Mirante X Área de proteção NÃO
Outros Descrição:
Presença de estruturas/construções na falésia
Uso: Residencial: X Hotelaria:
Distância da estrutura até a borda da falésia 0 m
IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS NO TRECHO
Escoamento superficial
Escoamento descontrolado pela face da falésia SIM
Erosão pluvial SIM
Contribuição para a erosão superficial Drenagem X Irrigação
Outros Descrição
Percolação da água subterrânea
Maneira pela qual a água é infiltrada no topo da falésia Naturalmente X
Tanques sépticos X Drenagem
Piping
Outros Descrição
Há superfície úmidas na face da falésia? SIM (QUANDO CHOVE)
Movimentos de massa
Há deslizamentos ativos ou antigos? SIM
Outros tipos de movimento de massa QUEDA DE BLOCOS
Ação das ondas
Presença de bermas ou depósito de tálus: SIM
Linhas de arenitos na faixa da praia: NÃO Tipo
As ondas escovam o pé da falésia? SIM
Há proteção do sopé? NÃO Tipo
Existe obras de controle a erosão? NÃO Tipo
A obra causa mais erosão? Observações: ESCORREGAMENTO DO MATERIAL ORGÂNICO DO TOPO, ENTULHO DE EDIFICAÇÕES NA MASSA ESCORREGADA (QUE ANTES ESTAVAM NO TOPO).
117
Modelo de Checklist aplicado na Praia de Carapibús.
(Adaptado de Souza Jr.,2013 eBraga,2005)
CHECKLIST DE CARACTERIZAÇÃO E DE IDENTIFICAÇÃO VISUAL
Praia: CARAPIBÚS Trecho: 07
Data/ hora: 15/03/20016 – 12:25 Maré: 1,8
CARACTERIZAÇÃO DO TRECHO
Falésia viva: SIM
Falésia recuada: NÃO
Altura da falésia (aproximada): 12 m
Vegetação/distribuição NÃO Topo Face Base
Uso da falésia
Acesso a praia Mirante X Área de proteção NÃO
Outros Descrição:
Presença de estruturas/construções na falésia
Uso: Residencial: X Hotelaria:
Distância da estrutura até a borda da falésia 0 m
IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS NO TRECHO
Escoamento superficial
Escoamento descontrolado pela face da falésia SIM
Erosão pluvial SIM
Contribuição para a erosão superficial Drenagem X Irrigação
Outros Descrição
Percolação da água subterrânea
Maneira pela qual a água é infiltrada no topo da falésia Naturalmente X
Tanques sépticos X Drenagem
Piping NÃO
Outros Descrição
Há superfície úmidas na face da falésia? SIM (QUANDO CHOVE)
Movimentos de massa
Há deslizamentos ativos ou antigos? SIM
Outros tipos de movimento de massa QUEDA DE BLOCOS
Ação das ondas
Presença de bermas ou depósito de tálus: SIM
Linhas de arenitos na faixa da praia: NÃO Tipo
As ondas escovam o pé da falésia? SIM
Há proteção do sopé? NÃO Tipo
Existe obras de controle a erosão? NÃO Tipo
A obra causa mais erosão? Observações: ESCORREGAMENTO APARENTEMENTE RECENTE.COLORAÇÃO CINZA E CAMADA DE SOLO ORÊNICO NO TOPO. AMOSTRA 01 UTILIZADA NO ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO FOI RETIRADA DESSA FALÉSIA.
118
Modelo de Checklist aplicado na Praia de Carapibús.
(Adaptado de Souza Jr.,2013 eBraga,2005)
CHECKLIST DE CARACTERIZAÇÃO E DE IDENTIFICAÇÃO VISUAL
Praia: CARAPIBÚS Trecho: 08
Data/ hora: 15/03/20016 – 12:40 Maré: 1,8
CARACTERIZAÇÃO DO TRECHO
Falésia viva: SIM
Falésia recuada: NÃO
Altura da falésia (aproximada): 15 m
Vegetação/distribuição SIM Topo X Face Base
Uso da falésia
Acesso a praia NÃO Mirante
Área de proteção NÃO
Outros Descrição:
Presença de estruturas/construções na falésia
Uso: Residencial: X Hotelaria:
Distância da estrutura até a borda da falésia 0 m
IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS NO TRECHO
Escoamento superficial
Escoamento descontrolado pela face da falésia SIM
Erosão pluvial SIM
Contribuição para a erosão superficial Drenagem X Irrigação
Outros Descrição
Percolação da água subterrânea
Maneira pela qual a água é infiltrada no topo da falésia Naturalmente X
Tanques sépticos X Drenagem
Piping NÃO
Outros Descrição
Há superfície úmidas na face da falésia? SIM (QUANDO CHOVE)
Movimentos de massa
Há deslizamentos ativos ou antigos? NÃO
Outros tipos de movimento de massa QUEDA DE BLOCOS
Ação das ondas
Presença de bermas ou depósito de tálus: SIM
Linhas de arenitos na faixa da praia: NÃO Tipo
As ondas escovam o pé da falésia? NÃO
Há proteção do sopé? NÃO Tipo
Existe obras de controle a erosão? NÃO Tipo
A obra causa mais erosão? Observações: TRECHO COM MAIOR QUANTIDADE DE SOLO MOVIMENTADO. PERCEBE-SE NA FOTO QUE OS MOVIMENTOS CRIARAM CRATERA, DE APROXIMADAMENTE 8 METROS. HÁ UM BERMA CRIADA EM FRENTE A FALÉSIA QUE IMPEDE A AÇÃO DO MAR NA BASE DA MESMA. PRESENÇA DE BLOCOS DE DIMENSÕES MEDIANAS A GRANDES.
119
Modelo de Checklist aplicado na Praia de Carapibús.
(Adaptado de Souza Jr.,2013 eBraga,2005)
CHECKLIST DE CARACTERIZAÇÃO E DE IDENTIFICAÇÃO VISUAL
Praia: CARAPIBÚS Trecho: 09
Data/ hora: 15/03/20016 – 12:55 Maré: 1,8
CARACTERIZAÇÃO DO TRECHO
Falésia viva: SIM
Falésia recuada: NÃO
Altura da falésia (aproximada): 14 m
Vegetação/distribuição NÃO Topo Face Base
Uso da falésia
Acesso a praia Mirante X Área de proteção NÃO
Outros Descrição:
Presença de estruturas/construções na falésia
Uso: Residencial: X Hotelaria:
Distância da estrutura até a borda da falésia 0 m
IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS NO TRECHO
Escoamento superficial
Escoamento descontrolado pela face da falésia SIM
Erosão pluvial SIM
Contribuição para a erosão superficial Drenagem X Irrigação
Outros Descrição
Percolação da água subterrânea
Maneira pela qual a água é infiltrada no topo da falésia Naturalmente X
Tanques sépticos X Drenagem
Piping SIM
Outros Descrição
Há superfície úmidas na face da falésia? SIM (QUANDO CHOVE)
Movimentos de massa
Há deslizamentos ativos ou antigos? SIM
Outros tipos de movimento de massa QUEDA DE BLOCOS
Ação das ondas
Presença de bermas ou depósito de tálus: SIM
Linhas de arenitos na faixa da praia: NÃO Tipo
As ondas escovam o pé da falésia? SIM
Há proteção do sopé? NÃO Tipo
Existe obras de controle a erosão? NÃO Tipo
A obra causa mais erosão? Observações: SOLO DO TOPO MAIS CONSOLIDADO DE COLORAÇÃO MAIS AMARELADA, SENDO CORPO E BASE CINZAS.
120
Modelo de Checklist aplicado na Praia de Carapibús.
(Adaptado de Souza Jr.,2013 eBraga,2005)
CHECKLIST DE CARACTERIZAÇÃO E DE IDENTIFICAÇÃO VISUAL
Praia: CARAPIBÚS Trecho: 10
Data/ hora: 15/03/20016 – 13:10 Maré: 1,8
CARACTERIZAÇÃO DO TRECHO
Falésia viva: SIM
Falésia recuada: NÃO
Altura da falésia (aproximada): 14 m
Vegetação/distribuição SIM Topo X Face Base
Uso da falésia
Acesso a praia SIM Mirante Área de proteção NÃO
Outros Descrição: DE UMA CASA PARA PRAIA (ESCADA)
Presença de estruturas/construções na falésia
Uso: ESCADAS E MUROS. Residencial: Hotelaria: X
Distância da estrutura até a borda da falésia: (CONSTRUÇÃO NA BORDA) 0 m
IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS NO TRECHO
Escoamento superficial
Escoamento descontrolado pela face da falésia SIM
Erosão pluvial SIM
Contribuição para a erosão superficial Drenagem X Irrigação
Outros Descrição
Percolação da água subterrânea
Maneira pela qual a água é infiltrada no topo da falésia Naturalmente X
Tanques sépticos X Drenagem
Piping NÃO
Outros Descrição
Há superfície úmidas na face da falésia? SIM (QUANDO CHOVE)
Movimentos de massa
Há deslizamentos ativos ou antigos? (ANTIGOS) SIM
Outros tipos de movimento de massa QUEDA DE BLOCOS
Ação das ondas
Presença de bermas ou depósito de tálus: SIM
Linhas de arenitos na faixa da praia: NÃO Tipo As ondas escovam o pé da falésia? NÃO
Há proteção do sopé? SIM Tipo MURO DE GRAVIDADE
Existe obras de controle a erosão? NÃO Tipo
A obra causa mais erosão? SIM
Observações: A REGIÃO APRESENTA MAIS ESTABILIDADE. PEQUNOS BLOCOS TRANSFORMANDO-SE EM TÁLUS.COLORAÇÃO: AVERMELHADA NA BASE E AMARELADA NO CENTRO E NO TOPO.
121
AENXO III
Modelo de Checklist aplicado na Praia do Amor
(Adaptado de Souza Jr.,2013 eBraga,2005)
CHECKLIST DE CARACTERIZAÇÃO E DE IDENTIFICAÇÃO VISUAL
Praia: AMOR Trecho: 01
Data/ hora: 15/03/20016 Maré: X
CARACTERIZAÇÃO DO TRECHO
Falésia viva: NÃO
Falésia recuada: SIM
Altura da falésia (aproximada): 20 m
Vegetação/distribuição SIM Topo X Face Base
Uso da falésia
Acesso a praia NÃO Mirante Área de proteção NÃO
Outros Descrição:
Presença de estruturas/construções na falésia – NÃO EXISTE
Uso: Residencial: Hotelaria:
Distância da estrutura até a borda da falésia
IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS NO TRECHO
Escoamento superficial
Escoamento descontrolado pela face da falésia SIM
Erosão pluvial SIM
Contribuição para a erosão superficial Drenagem X Irrigação
Outros Descrição
Percolação da água subterrânea
Maneira pela qual a água é infiltrada no topo da falésia Naturalmente X
Tanques sépticos Drenagem
Piping NÃO
Outros Descrição
Há superfície úmidas na face da falésia? SIM (QUANDO CHOVE)
Movimentos de massa
Há deslizamentos ativos ou antigos? (OS DOIS) SIM
Outros tipos de movimento de massa
Ação das ondas
Presença de bermas ou depósito de tálus: SIM
Linhas de arenitos na faixa da praia: NÃO Tipo
As ondas escovam o pé da falésia? NÃO
Há proteção do sopé? NÃO Tipo
Existe obras de controle a erosão? NÃO Tipo
A obra causa mais erosão? Observações: SOLO DE COLORAÇÃO VARIÁVEL. NÃO HÁ OCUPAÇÃO HUMANA. EROSÃO PLUVIAL. VEGETAÇÃO ESCASSA DE PEQUENO PORTE.
122
ANEXO IV
Modelo de Checklist aplicado na Praia de Arapuca
(Adaptado de Souza Jr.,2013 e Braga,2005)
CHECKLIST DE CARACTERIZAÇÃO E DE IDENTIFICAÇÃO VISUAL
Praia: Arapuca Trecho: 01
Data/ hora: 15/03/20016 Maré: X
CARACTERIZAÇÃO DO TRECHO
Falésia viva: NÃO
Falésia recuada: SIM
Altura da falésia (aproximada): 40 m
Vegetação/distribuição NÃO Topo X Face Base
Uso da falésia
Acesso a praia NÃO Mirante Área de proteção NÃO
Outros Descrição:
Presença de estruturas/construções na falésia – NÃO EXISTE
Uso: Residencial: Hotelaria:
Distância da estrutura até a borda da falésia
IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS NO TRECHO
Escoamento superficial
Escoamento descontrolado pela face da falésia SIM
Erosão pluvial SIM
Contribuição para a erosão superficial Drenagem X Irrigação
Outros Descrição
Percolação da água subterrânea
Maneira pela qual a água é infiltrada no topo da falésia Naturalmente X
Tanques sépticos Drenagem
Piping NÃO
Outros Descrição
Há superfície úmidas na face da falésia? SIM (QUANDO CHOVE)
Movimentos de massa
Há deslizamentos ativos ou antigos? (OS DOIS) SIM
Outros tipos de movimento de massa
Ação das ondas
Presença de bermas ou depósito de tálus: SIM
Linhas de arenitos na faixa da praia: NÃO Tipo
As ondas escovam o pé da falésia? NÃO
Há proteção do sopé? NÃO Tipo
Existe obras de controle a erosão? NÃO Tipo
A obra causa mais erosão? Observações: SOLO DE COR ROXA E BRANCA. APRESENTA MOVIMENTOS DE MASSA APARENTEMENTE RECENTES. NÃO TEM OCUPAÇÃO HUMANA. TALUDE COM GRANDE ALTURA. EROSÃO PLUVIAL E DESLIZAMENTO.
123
ANEXO V
Modelo de Checklist aplicado na Praia Bela
(Adaptado de Souza Jr.,2013 eBraga,2005)
CHECKLIST DE CARACTERIZAÇÃO E DE IDENTIFICAÇÃO VISUAL
Praia: BELA Trecho: 01
Data/ hora: 15/03/20016 Maré: X
CARACTERIZAÇÃO DO TRECHO
Falésia viva: NÃO
Falésia recuada: SIM
Altura da falésia (aproximada): 25 m
Vegetação/distribuição SIM Topo X Face Base
Uso da falésia
Acesso a praia NÃO Mirante Área de proteção NÃO
Outros Descrição:
Presença de estruturas/construções na falésia – NÃO EXISTE
Uso: Residencial: Hotelaria:
Distância da estrutura até a borda da falésia
IDENTIFICAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS NO TRECHO
Escoamento superficial
Escoamento descontrolado pela face da falésia SIM
Erosão pluvial SIM
Contribuição para a erosão superficial Drenagem X Irrigação
Outros Descrição
Percolação da água subterrânea
Maneira pela qual a água é infiltrada no topo da falésia Naturalmente X
Tanques sépticos Drenagem
Piping NÃO
Outros Descrição
Há superfície úmidas na face da falésia? SIM (QUANDO CHOVE)
Movimentos de massa
Há deslizamentos ativos ou antigos? (OS DOIS) SIM
Outros tipos de movimento de massa
Ação das ondas
Presença de bermas ou depósito de tálus: SIM
Linhas de arenitos na faixa da praia: NÃO Tipo
As ondas escovam o pé da falésia? NÃO
Há proteção do sopé? NÃO Tipo
Existe obras de controle a erosão? NÃO Tipo
A obra causa mais erosão? Observações: SOLO DE COLORAÇÃO HOMOGÊNEA. TRECHO SEM OCUPAÇÃO HUMANA. EROSÃO PLUVIAL COM PRINCIPAL MOVIMENTO DE MASSA.