CARINA, K; FLORES,O.C.análise Textual Do Discurso - Uma Introdução Ao Modelo Proposto Por...

download CARINA, K; FLORES,O.C.análise Textual Do Discurso - Uma Introdução Ao Modelo Proposto Por Jean-Michel Adam

of 10

description

CARINA, K; FLORES,O.C.análise Textual Do Discurso - Uma Introdução Ao Modelo Proposto Por Jean-Michel Adam

Transcript of CARINA, K; FLORES,O.C.análise Textual Do Discurso - Uma Introdução Ao Modelo Proposto Por...

  • ANLISE TEXTUAL DO DISCURSO: UMA INTRODUO AO MODELO PROPOSTO POR JEAN-MICHEL ADAM (2011)

    KILIAN, CARINA; FLRES, ONICI CLARO Fundao de Amparo Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC Mestrado em Letras - Leitura e Cognio Mestranda em Letras (UNISC) - [email protected]; Doutora em Lingustica e Letras (PUCRS) - [email protected]

    RESUMO

    Este trabalho de carter bibliogrfico, teve por objetivo elaborar uma anlise textual do discurso, a partir da perspectiva da obra de Jean-Michel Adam (2011), A lingustica textual: introduo anlise textual dos discursos, focalizando a reportagem A volta do conto de fadas, publicada na revista poca, em abril de 2011. Para tanto, fez-se um levantamento bibliogrfico de alguns conceitos fundamentais da lingustica textual e da anlise do discurso, tal como o prope Adam (2011). Como resultados, observou-se que a proposta de Adam (2011) contribui significativamente para os estudos do texto, enquanto manifestao de um discurso, socialmente situvel, no que se refere aos elementos que asseguram a interpretao.

    Palavras-chave: Lingustica textual. Anlise textual do discurso. Operaes de textualizao.

    1 INTRODUO Muitas so as abordagens tericas acerca do texto e do discurso. Cada qual leva em

    considerao certos conceitos e alguns fatores que os autores definem como relevantes para seus estudos. Dentre as propostas existentes, destaca-se o trabalho de Jean-Michel Adam (2011), que faz uma abordagem inovadora, agregando conceitos da Anlise do Discurso (doravante AD) e, tambm, da Lingustica Textual (doravante LT). A segunda, vista como um subcampo da primeira. Em seu livro A lingustica textual: uma introduo anlise textual dos discursos, por meio de anlises empricas e da formulao da teoria em questo, Adam (2011) enfoca aspectos importantes acerca das operaes de textualizao que asseguram a possibilidade de dizer. O autor apresenta diversos esquemas para explicar sua abordagem e o faz partindo de diferentes nveis lingusticos.

    O estudo realizado iniciou com os nveis ou planos da anlise textual, especificamente, das operaes de ligao de base que asseguram a continuidade textual, cuja realizao se d no mbito das proposies-enunciados. Teve por objetivo principal analisar como se processam as operaes de ligao de base; e como objetivo especfico demonstrar a importncia da teoria de Adam (2011), bem como suas contribuies para a rea dos estudos acerca do texto/discurso.

  • A pesquisa justifica-se por se tratar de uma nova abordagem sobre o texto/discurso que agrega a LT e a AD, as quais so prximas, mas, ao mesmo tempo, possuem suas prprias finalidades e apresentam fundamentaes tericas distintas, opondo-se em aspectos basilares (conceitos de sujeito, por exemplo). Na aproximao proposta por Adam, destacam-se fatores interdisciplinares sobre o texto/discurso, o que confere teoria em anlise um carter mais abrangente.

    Para o trabalho, foi selecionada uma reportagem da revista poca, na qual foram analisados os elementos textuais que asseguram a continuidade semntica, mantendo a coeso e a coerncia. Para tanto, primeiramente, fez-se um levantamento terico de alguns conceitos bsicos atinentes ao texto/discurso; depois, seguiu-se a anlise propriamente dita, cujas especificaes foram registradas em tabelas para melhor visualizao; logo aps, constam as concluses do trabalho. A anlise foi divida em unidades semnticas como prope o Esquema 13 (ADAM, 2011, p. 131), o qual indispensvel para se entender a proposta do autor. Isto , a anlise seguiu a ordem das operaes de ligao que asseguram a continuidade textual, tal como concebida pelo autor.

    2 CONCEITOS BSICOS

    2.1 Texto, discurso e gnero textual Segundo Marcuschi (2008), o conceito de texto depende da concepo de lngua

    adotada. Para ele, (...) a lngua um conjunto de prticas sociais e cognitivas historicamente situadas (MARCUSCHI, 2008, p. 61), e, por consequncia, o texto o resultado de uma ao lingustica cujas fronteiras so em geral definidas por seus veculos com o mundo no qual ele surge e funciona (MARCUSCHI, 2008, p. 72). Em outras palavras e j conceituando discurso, o (...) texto uma entidade concreta realizada materialmente e corporificada em algum gnero textual. Discurso aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instncia discursiva (MARCUSCHI, 2010, p. 25).

    Os gneros textuais, por sua vez, a partir de uma noo de lngua como atividade social, histrica e cognitiva (...), se constituem como aes sociodiscursivas para agir sobre o mundo e dizer o mundo, constituindo-o de algum modo (MARCUSCHI, 2010, p. 23).

    Para Marcuschi (2008, p. 58), a diferena entre texto e discurso bastante complexa, por isso deve-se ver o texto no plano das formas lingusticas e de sua organizao, ao passo que o discurso seria o plano do funcionamento enunciativo, o plano da enunciao e efeitos de sentido na sua circulao sociointerativa e discursiva envolvendo outros aspectos.

  • 2.2 Lingustica textual e anlise do discurso Conforme Mussalim e Bentes (2006), houve trs momentos importantes na histria dos

    estudos sobre o texto. Primeiramente, a LT estava prxima da lingustica estrutural saussuriana, seu interesse central partia da frase - anlise transfrstica. Em uma etapa posterior, o interesse voltou-se para a competncia textual do falante/ouvinte, devido s propostas inovadores de anlise textual da gramtica gerativa, cujos estudos levaram proposio de uma gramtica textual. Na terceira fase sobre os estudos do texto, houve a incluso do contexto de produo do texto na LT. O texto, ento, passou a ser visto como fruto de interaes sociocomunicativas, e a ser considerado em seu contexto pragmtico, configurando LT a definio de uma cadeira multidisciplinar.

    Em vista disso, concorda-se com Marcuschi (2008, p. 73) quando ele define a LT como o estudo das operaes lingusticas, discursivas e cognitivas reguladoras e controladas da produo, construo e processamento de textos escritos ou orais em contextos naturais de uso.

    Sobre a anlise do discurso, no h uma definio nica que d conta de todas as formas de se entender o que discurso. O importante a ressaltar que a teoria implica um sujeito situado social e historicamente, cujo discurso deriva de determinadas condies de produo.

    Para Van Dijk (2004, p.11), difcil estabelecer distines disciplinares precisas no campo de estudos do discurso, que parece cada vez mais se caracterizar como um campo interdisciplinar independente, no qual mtodos e teorias puramente lingusticos ou gramaticais se mesclam queles da etnografia, microssociologia e (...) e aos da psicologia.

    2.3 A LT e a AD na perspectiva de Adam (2011) Adam (2011, p. 43), por sua vez, situa a lingustica textual na anlise de discurso e seu

    trabalho prope a unio das duas teorias. Ele reconhece que ambas desenvolveram-se de forma autnoma, mas se prope a articul-las, considerando a lingustica textual como um subdomnio do campo mais vasto da anlise das prticas discursivas. Sua proposta pretende desvencilhar a lingustica textual da gramtica de texto. Alm disso, Adam (2011, p. 52), contrariamente Anlise de Discurso Francesa, no considera o contexto e as condies de produo do discurso, rejeitando ainda a ideia de sujeito assujeitado. Ele explica sua posio ao citar Kleiber (1994a, p. 14), porque, segundo este autor, se confunde muito frequentemente o contexto com os elementos que completam ou que asseguram a interpretao global de um enunciado e os locais de onde esses elementos provm, seja diretamente, seja indiretamente, quer dizer por inferncia. E continua:

    Misturam-se, ento, os dados do ambiente lingustico imediato (cotextuais) e os dados da situao extralingustica. No se pode esquecer que no temos acesso ao contexto como dado extralingustico objetivo, mas somente a

  • (re)construes pelos sujeitos falantes e/ou por analistas (socilogos, historiadores, testemunhas, fillogos ou hermeneutas) (ADAM, 2011, p. 52).

    Nesse sentido, o autor complementa sua posio, citando Jacques Guilhaumou (1993 e 2002, p. 32), para elucidar que em seu modo de conceber h uma passagem de uma concepo sociolingustica de anlise do discurso para sua redefinio como disciplina hermenutica plena (ADAM, 2011, p. 52).

    Em resumo, pode-se afirmar que Adam (2011) considera como contexto apenas as condies cotextuais (ambiente lingustico do texto), para fazer anlise do discurso, visto que, a partir de uma perspectiva hermenutica, se o cotexto est disponvel e se ele se mostra suficiente, o interpretante no vai procurar em outro lugar (ADAM, 2011, p. 53). Nesse sentido, o autor prope uma anlise pragmtica textual ligada anlise do discurso. Em sntese, uma viso de linguagem-ao que se inscreve em dado setor do espao social, que deve ser pensado como uma formao sociodiscursiva, ou seja, como um lugar social associado a uma lngua (socioleto) e a gneros de discurso (ADAM, 2011, p. 63). Gnero de discurso aqui definido como uma determinao pragmaticamente instituda.

    Nesse sentido, a anlise partiu do que est posto no texto e de fatores que ali se aprestam, especificamente, da proposio-enunciado. Portanto, para Adam (2011, p.106),

    Temos a necessidade, metalinguisticamente, de uma unidade textual mnima que marque a natureza do produto de uma enunciao (enunciado) e de acrescentar a isso a designao de uma microunidade sinttico-semntica (a que o conceito de proposio atende, finalmente, bastante bem). Ao escolher falar de proposio-enunciado, no definimos uma unidade to virtual como a proposio dos lgicos ou a dos gramticos, mas uma unidade textual de base, efetivamente realizada e produzida por um ato de enunciao, portanto, como um enunciado mnimo.

    3 METODOLOGIA Para a anlise, fez-se um levantamento bibliogrfico para conceituar elementos bsicos

    envolvidos no estudo. Em seguida, consideraram-se os pressupostos de Adam (2011), no que se refere s suas definies no mbito da anlise textual do discurso. No terceiro momento, escolheu-se o texto para aplicao da teoria. Em quarto lugar, fez-se a anlise textual do discurso, estruturando-a por meio de tabelas. Por fim, foram feitas as concluses a respeito da pesquisa.

    4 A VOLTA DO CONTO DE FADAS: UMA ANLISE TEXTUAL DO DISCURSO Para Adam (2011), a LT, no mbito da AD, visa a teorizar e a descrever os encadeamentos de enunciados elementares da unidade complexa que o texto. Nesse sentido, o autor prope seu estudo em forma de esquema nos quais enquadra as operaes de textualizao que asseguram a continuidade textual por meio das proposies-enunciados. Especificamente, o item [4], da figura abaixo, rene as unidades de maior complexidade.

  • Figura 1 - Esquema 5, extrado da obra A lingustica textual: introduo anlise textual dos discursos, de Jean-Michel Adam (2011, p. 64).

    Definido o ponto a ser analisado atravs das operaes de segmentao, parte-se para a visualizao dos elementos constitutivos que operam nesse mbito. Dessa forma, Adam (2011) representa, novamente em forma de esquema, tais constituintes, conforme o esquema que segue:

    Figura 2: Esquema 13, extrado da obra A lingustica textual: introduo anlise textual do discurso, de Jean-Michel Adam (2011, p. 131).

    Segundo Adam (2011, p. 131), as operaes de ligao do esquema unem os constituintes de proposies prximas, mas tambm agem longa distncia, de modos prospectivo e retrospectivo, assegurando, assim, a coeso textual.

  • 4.1 Texto analisado A volta do conto de fadas 1

    O casamento do herdeiro do trono britnico repete a cada 30 anos uma celebrao majestosa e 2 anacrnica que o mundo adora acompanhar. 3

    A princesa Elizabeth casou-se com o prncipe Philip em 1947. Em 1981, o prncipe Charles 4 casou-se com a virginal lady Diana. Agora, passados 30 anos, William, filho de Charles e neto de 5 Elizabeth, quem se prepara para receber a mo da plebeia Kate Middleton. A cada trs dcadas, mais 6 ou menos, a famlia real britnica repete um ritual antiquado e solene e o mundo, embevecido, 7 suspende a respirao para assistir. Por reminiscncia dos contos de fadas ou nostalgia da ordem 8 monrquica, os casamentos reais mexem com os sentimentos da multido. Quem das mulheres no quis 9 ser Cinderela? Qual menino no sonhou em ser Arthur? Para os britnicos, o matrimnio dos monarcas 10 uma questo de Estado; para o resto de ns, um estado de esprito. Espera-se que 2,5 bilhes de 11 pessoas ao redor do mundo vejam a cerimnia na manh do sbado dia 29. Nas pginas que seguem, o 12 leitor encontrar detalhes sobre a festa, a histria da futura princesa (e como ela se compara com Diana) 13 e a importncia do casamento de William para a monarquia britnica. Alm da beleza do espetculo e 14 dos detalhes pitorescos, h, neste evento, um componente novelesco. Charles e Diana beijaram-se na 15 sacada do Palcio de Buckingham para mergulhar, anos depois, no mais plebeu desentendimento, que 16 terminou em divrcio e acrimnia pblicos. De William e Kate, espera-se uma reparao. No apenas da 17 monarquia britnica, que luta para manter sua mstica familiar, mas da ideia mesma do casamento. O 18 mundo quer que os noivos sejam felizes para sempre. Assim como nos contos de fada. 19

    4.2 Ligaes do significado: [1] Anforas e correferncias e [2] Isotopias e colocaes Segundo Adam (2011, p. 132), a correferncia uma relao de identidade referencial

    entre dois ou mais signos semanticamente interpretveis, independentemente um do outro. As relaes semnticas de correferncia so expressas pelas anforas presentes no cotexto esquerdo (anfora) ou direito (catfora). Outros elementos que asseguram a ligao do significado so as isotopias e as colocaes. A isotopia refere-se sempre constncia de um percurso de sentido que um texto exibe quando submetido a regras de coerncia interpretativa (ECO, s/n, p. 83). J as colocaes seriam associaes de lexemas, construes cristalizadas, repetidas nas sequncias do texto. A partir do tema do texto, identificam-se os referentes, os quais so retomados semanticamente por correferncias e anforas, conforme podem ser visualizados na Tabela 1.

    Tabela 1 - Correferentes dos elementos textuais 1) Correferentes da expresso Conto de fadas

    2) Correferentes da palavra Casamento

    3) Correferentes dos membros que compem o Trono britnico

    l. 4 princesa, prncipe l. 5 prncipe l. 7 plebeia l. 7 famlia real l. 9 por reminiscncia dos contos de fada l. 10 os casamentos reais l. 11 Cinderela / Arthur l. 15 futura princesa l. 29 plebeu l. 22 que os noivos sejam felizes para sempre. Assim como nos contos de fada

    l. 3 celebrao majestosa l. 8 ritual antiquado e solene l. 10 casamentos reais l. 12 matrimnio dos monarcas l. 14 a cerimnia l. 15 detalhes da festa l. 16 a importncia do casamento de William l. 16 beleza do espetculo l. 21 casamento l. 22 os noivos

    l. 4 princesa Elisabeth l. 4 prncipe Philip l. 5 Prncipe Charles l. 5 Lady Diana l. 6 William, filho de Charles e neto de Elizabeth l. 7 famlia real

    Predominncia de isotopia, que Predominncia de anforas Predominncia de anforas

  • garante a permanncia tpica. H tambm a presena da anfora enftica na linha 22, em que h uma nfase do autor do texto sobre a felicidade dos noivos equiparando-a do conto de fadas.

    resumidoras, a partir da qualificao sinttica do que vem a ser o casamento do herdeiro do trono britnico

    associativas em que o leitor infere os componentes do trono britnico, com base nos conhecimentos lexicais.

    4.3 [3] Ligaes do significante As operaes de ligao do significante so prprias de textos poticos, mas podem aparecer tambm nos narrativos. Dizem respeito repetio de fonemas; repetio de slabas e/ou de um nmero de slabas; repetio de lexemas e jogos de palavras por meio de homofonia, sinonmia, anttese; repetio de grupos morfossintticos, conforme demonstra a tabela abaixo.

    Tabela 2 - Ligaes do significante l. 11-12 Para os britnicos, o matrimnio dos monarcas uma questo de Estado; para o resto de ns, um estado de esprito. Observa-se uma anfora estilstica com a repetio da palavra estado, contudo, ela assume diferentes significados em cada apario.

    4.4 [4] Implicitaes Segundo Adam (2011), as implicitaes dizem respeito s elipses, aos pressupostos e aos subentendidos. As elipses so os elementos omissos na superfcie textual facilmente recuperveis pelo leitor. J os pressupostos, so as informaes que, sem serem expressas, so apresentadas no contedo semntico por determinados elementos da frase. E os subentendidos, so derivados de um processo interpretativo. Esses elementos esto demonstrados na tabela abaixo.

    Tabela 3 - Implicitaes Elipse Pressupostos

    l.11-12 Para os britnicos, o matrimnio dos monarcas uma questo de Estado; para o resto de ns, um estado de esprito.

    l. 1 a volta do conto de fadas

    A ltima vrgula nesse caso torna elptica a repetio do sintagma o matrimnio dos monarcas, fazendo com que no seja repetido na segunda frase.

    Pressupe que os contos de fada existiram numa realidade ficcional e que, a partir do casamento do prncipe William, eles retornam imaginao popular. Isso se apreende atravs da palavra volta, pois quem volta j esteve em dado lugar e espao.

    4.5 [5] Conexes As conexes so realizadas por conectores, organizadores e marcadores textuais.

  • 4.5.1Conectores Os conectores so formados por expresses lingusticas que reagrupam conjunes de coordenao, locues conjuntivas de subordinao e grupos nominais ou preposicionais. Algumas expresses so apresentadas na tabela abaixo.

    Tabela 4 - Conectores Conjunes coordenadas Conjunes subordinadas Grupos nominais

    l. 8 e (conjuno aditiva) l. 9 ou (conjuno alternativa) l. 16 e (conjuno aditiva) l. 21 mas (conjuno aditiva)

    l. 3 que (conjuno adjetiva) l. 6 quem (conjuno adjetiva) l. 22 Assim como (conjuno comparativa)

    l. 16 Alm de (aditivo) l. 20 No apenas de (aditivo)

    4.5.2 Organizadores Os organizadores podem ser espaciais, temporais e enumerativos. Seguem, na tabela abaixo, alguns organizadores encontrados na anlise.

    Tabela 5 - Organizadores Espaciais Temporais

    l. 13 ao redor do mundo l. 14 Nas pginas que seguem l. 17 neste evento l. 18 na sacada do Palcio de Buckingham

    l. 2 a cada 30 anos l. 4 em 1947 l. 4 em 1981 l. 5 Agora l. 5 passados 30 anos l. 7 a cada trs dcadas l. 16 anos depois

    4.5.3 Marcadores Os marcadores podem ser de mudana de topicalizao, de ilustrao e de exemplificao, como se pode observar na tabela abaixo.

    Tabela 6 - Marcadores Marcador de mudana de topicalizao l. 11-12 Para os britnicos .....; para o resto de ns ...... l. 20 De ...., espera-se.... l. 20 No apenas da....., mas ......

    4.6 [6] Sequncias de atos de discurso Para Adam (2011, p. 196), um texto no uma simples sequncia de atos de enunciao que possui certo valor ou forma ilocucionria, mas uma estrutura de atos de discurso ligados entre si. Os atos de discurso formam uma cadeia muito mais complexa do que a dos atos ilocucionrios, pois estes so elementos auxiliares. No plano do uso da linguagem, os atos ilocucionrios so as unidades de base da significao na continuidade do discurso. Eles podem ser: expressivos, constativos, assertivos e declarativos. Na tabela abaixo, demonstra-se um ato de discurso.

  • Tabela 7 - Sequncias de atos de discurso Assertivos l. 8-9 o mundo, embevecido, suspende a respirao para assistir Constata-se o fenmeno de o mundo inteiro parar para assistir ao casamento. Nesse caso, o adjetivo embevecido remete ao estado de xtase que as pessoas ao redor do mundo ficaram, pois esse evento evocou o sentimento de uma vida perfeita, idealizada que apenas os membros de reinos podem ter, no imaginrio das pessoas que pensam que riqueza e poder facilitam ser feliz.

    5 CONCLUSES A partir da anlise feita, percebe-se como o articulista do texto utiliza muitos operadores textuais para manter o continuum semntico do texto, especialmente, com o uso de isotopias, as quais garantem a permanncia tpica. H tambm a presena de anforas resumidoras, que condensam um todo enunciativo atravs de um sintagma definitrio. Por sua vez, as anforas associativas permitem, a partir dos itens lexicais utilizados para nomear ou descrever pessoas, associar os componentes do trono britnico, agregando-as ao conhecimento enciclopdico do leitor. Escrever com estilo tambm uma estratgia para manter a ateno do leitor, o que comprovvel por meio das operaes de ligao do significante, como a anfora estilstica, por exemplo. As elipses e os pressupostos, de sua parte, remetem questo da inferncia, pois, segundo Koch (2004), nem tudo est dito de forma explcita no texto. Isso importante porque o leitor/ouvinte pode construir o sentido do texto necessrio sua compreenso a partir dos implcitos. As conexes, por seu turno, ajudam a manter a organizao dos tpicos em aspectos espaciais, temporais e enumerativos, enquanto os atos de discurso expressam os deslocamentos do sujeito e as diferentes posies do enunciador, quanto ao contedo que aborda no texto.

    Dessa forma, observa-se como as operaes de textualizao, realizadas por meio da ligao das operaes de base, permitem a continuidade do referente, tanto para o cotexto direito quanto para o esquerdo, assegurando a coeso textual. Nesse sentido, a proposta de Adam (2011) considera o cotexto, como elemento indispensvel para a compreenso e interpretao do texto, excludo o contexto de produo, pois este, muitas vezes, pode confundir e ser confundido, impedindo a compreenso do leitor/ouvinte. Nessa perspectiva, sua teoria volta-se para uma viso hermenutica de estudo do texto, bem como para o entendimento de linguagem como ao, como atividade pragmtica. Dessa maneira, o autor consegue fundamentar a unio da LT com a AD, pois ambas do conta de grande parte dos aspectos circundantes do texto/discurso.

    Embora existam muitas pesquisas em Lingustica Textual e em Anlise do Discurso, espera-se ter contribudo para lanar um novo olhar aos estudos do texto/discurso, na tica

  • interdisciplinar de Adam (2011), pois no texto operam muitos fatores, o que o transforma em um complexo significativo no qual a lngua assume diferentes formas para promover a interao intersubjetiva, sociocomunicativamente situada.

    REFERNCIAS ADAM, Jean-Michel. A lingustica textual: introduo anlise textual dos discursos. So Paulo: Cortez, 2011. DIJK, Teun Adrianus van. Cognio, discurso e interao. So Paulo: Contexto, 2006. ECO, Umberto. Lector in fabula: a cooperao interpretativa nos textos narrativos. Traduo de Atlio Cancian. So Paulo: Perspectiva, s/n. KOCH, Ingedore Villaa. A inter-ao pela linguagem. So Paulo: Contexto, 2004. MARCUSCHI, Luiz Antnio. Produo textual, anlise de gnero e compreenso. So Paulo: Parbola Editorial, 2008. ____. Gneros textuais: definio e funcionalidade. In: DIONSIO, Angela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (Orgs.). Gneros textuais e ensino. So Paulo: Parbola Editorial, 2010. MARTINS, Ivan. A volta do conto de fadas. In: poca. Editora Globo. 18 de abril de 2011. N674. MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina Bentes (Orgs.). Introduo lingustica: domnios e fronteiras. 6. ed. So Paulo: Cortez, 2006. v. 1.