Carla Geanfrancisco - Desafios Do Pastor Urbano

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Seminário Teológico Batista do Sudeste em Guarulhos Desafios do Pastor urbano

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Conteúdo Desafios do Pastor Urbano ......................................................................................... 1 Mulheres nas Igrejas ................................................................................................... 5 As Igrejas e o espaço sociocultural urbano ................................................................. 6 Bibliografia................................................................................................................... 8

Desafios do Pastor Urbano

As Igrejas Cristãs protestantes têm atraído bastante atenção de estudiosos.

Muitos têm se dedicado a analisá-las. Uma grande parte dos estudos examina o

seu papel no processo da transformação social e política.

A estrutura e a organização dessas Igrejas têm também sido objeto de

investigação. Embora estes estudos possam servir de ponto de partida para uma

análise das Igrejas, o contexto histórico e sociocultural, é bastante discutido, pois

estamos em um pais muito grande ou ate mesmo em um mundo, muito

diversificado de culturas diferentes.

No prefacio do livro Cidade de Deus, Cidade de Satanás, o Sr. Robert C.

Linthicum comenta que em vários congressos em diversos paises onde palestrou

o assunto é amplamente discutido, quando se fala em teologia bíblica urbana, ou

seja, a necessidade de se compreender o mundo caótico em que vivemos, e suas

dificuldades, quando a organização comunitária, e compreensão da injustiça e

confusão reinantes.

Temos ainda que levar em conta a diversidade ideológica existente, aliada a

historia de colonização e de vivencia do povo, alem da agregação de diversas

religiões e ritos de outras igrejas.

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De certo modo, pode-se dizer que a combinação do quase-ateismo e do

nacionalismo que caracterizava a atmosfera ideológica da primeira década pós-

colonial criou um ambiente relativamente propício para o avanço e proliferação de

um cristianismo místico, na medida em que esta atmosfera era particularmente

sufocante para as Igrejas tradicionais, especialmente a católica, que eram, pelo

menos implicitamente, vistas como uns dos símbolos principais tanto do

obscurantismo religioso como da dominação cultural e política estrangeira. A

liberalização econômica e a maior tolerância política e religiosa das autoridades a

partir dos últimos anos da década passada facilitar progressivamente a

propagação das Igrejas Protestantes.

De acordo com a informação sobre assuntos religiosos, novas Igrejas são

registradas quase que diariamente. Não foi possível conseguir alguma estatística

oficial fidedigna sobre o número dos afiliados, pois muitas delas não mantêm

registros, até por que surgem sem bases teológicas, cujo instrumento, embora

não focado nos aspectos religiosos, incluiu muito a idéia de um “negocio”, para

aquelas que não são conhecidas como tradicionais e históricas protestantes bem

estabelecidas (presbiteriana, metodista, adventista, anglicana, etc.).

Então o futuro pastor urbano encontra-se à frente de uma dificuldade em levar o

real evangelho de Jesus, com a escritura sagrada, frente a diversas

denominações e igrejas que abusam da teologia barata do toma lá, da cá. A

teologia de Deus que responde a atender as necessidades que o povo impõe.

Existem umas grandes variedades de Igrejas geralmente designadas como

evangélicas, cujas doutrinas, liturgia, ritos e tabus diferem, mas que compartilham

uma característica fundamental – a invocação do Espírito Santo e a cura divina

efetuada por meio da sua ação milagrosa.

A Igreja Evangélica é uma Igreja de comunidade por excelência – localizada

dentro da comunidade e sendo parte integrante da vida social comunitária.

Embora as Igrejas locais sejam freqüentemente ligadas com alguma entidade

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coordenadora dirigida por um bispo, pastor, presbítero, esta ligação na maioria

das vezes é umas formalidades simbólicas, deixando aos líderes das Igrejas

locais uma grande autonomia nas questões tanto teológicas como organizacional

o que pode dificultar a que um membro permaneça em uma igreja, e não fique

migrando, de uma placa a outra.

O que vemos muito e a igreja estruturada em torno da figura carismática do pastor

que freqüentemente, sobretudo em casos de Igrejas pequenas, é também o

profeta, que possui o dom de invocar, prever, e o Espírito Santo para efetuar a

cura. De fato, a existência dum profeta carismático é o elemento crucial de

identificação das atuais igrejas: tanto os crentes como os próprios profetas

consideram que a existência de um profeta é a característica das que as distingue

das outras Igrejas, pois o povo tem origem em um misticismo aberto. Os profetas

na sua maioria são homens de baixo nível de educação e poucos conhecimentos

teológicos, o que para suas atividades diárias constitui certa vantagem, pois

facilita a sua integração com os fiéis, devido à semelhança de características

socioculturais. Outros membros da hierarquia local – diácono, evangelista,

pregador, conselheiro, etc. – embora na prática tenham funções relativamente

secundárias, são também elementos importantes na identificação e estruturação

da igreja, pois assim, em mundos onde muitos se vêem oprimidos conseguem

galgar cargos, o que em outras religiões não é possível.

Ao contrário da hierarquia relativamente bem definida das lideranças tradicionais,

os aderentes representam geralmente uma massa social bastante amorfa. São na

maior parte residente da zona suburbana, predominantemente migrantes recentes

das zonas rurais, geralmente pobres, com baixo nível educacional

e marginalizados em relação ao mercado laboral urbano. São na sua maioria

convertidos vindos das principais denominações cristãs do país – a Igreja católica

e as Igrejas protestantes bem estabelecidas, mas também de outras Igrejas

protestantes. A cura através da fé e de milagres constitui a atração principal das

novas igrejas. Muitos habitantes da cidade, qualquer que seja a sua afiliação

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religiosa anterior, aderem às estas, buscando tratamento para doenças físicas e

problemas sociopsicológicos. Neste sentido, elas oferecem-lhes uma alternativa

atrativa tanto ao sector moderno de saúde, elitista e ineficaz, como aos serviços

comercializados e desacreditados em outros meios.

Dada a natureza desta atração, a afiliação nestas igrejas continua fluida e

instável. As pessoas que vão às sessões podem ser divididas em dois grupos : o

primeiro constituído por membros permanentes, que freqüentam tanto as sessões

de oração como as de tratamento, e o outro que inclui os que primeiramente

buscam a cura e, portanto freqüentam, sobretudo as sessões de tratamento. Para

esta segunda categoria a participação nos serviços religiosos nem sempre

significa uma conversão definitiva : muitos participantes mantêm, mesmo se em

segredo, afiliação com as suas congregações anteriores. Também muitos

convertidos recentes podem abandonar a igreja se não estão satisfeitos com os

resultados do tratamento ou quando consideram que já estão curados e, portanto

a continuação da sua participação já é desnecessária. Normalmente as igrejas

não exigem que as pessoas que vêm receber um tratamento rompam com as

suas Igrejas e se juntem definitivamente. Todavia é subentendido que a cura será

eficaz e completa só se o paciente não interromper o tratamento. Já que a

continuação indefinida do tratamento é necessária, a participação contínua do

paciente nas sessões é de fato requerida.

Oficialmente a afiliação com a Igreja não exige mais que o pagamento de uma

quota financeira simbólica ; o tratamento efetuado durante as sessões de cura é

oficialmente grátis.

Contudo, na realidade, espera-se que tanto os membros permanentes como os

participantes temporários que vêm em busca de cura dêem contribuições

financeiras, e tais expectativas tornam-se cada vez mais evidentes, na medida em

que a economia de mercado e a comercialização da vida avançam.

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Então para o pastor urbano, com real propósito, fica um julgo desigual, que

somente Deus para mudar a este quadro.

Mulheres nas Igrejas

A participação nas Igrejas é simultaneamente um reflexo e um mecanismo de

adaptação às mudanças nos papéis e hierarquia dos sexos.

As mulheres são sobre representadas nas sessões, e as « doenças de

mulheres », especialmente a esterilidade, bem como as doenças de crianças, que

são sempre a cargo das mulheres, são entre os alvos centrais da cura milagrosa.

Por exemplo, uma das mulheres, não tinha podido conceber durante treze anos

após o nascimento do seu primeiro filho.

O tratamento no hospital não deu resultados, e ela dirigiu-se a uma congregação

Depois das sessões curativas, ela concebeu, e decidiu ficar na Igreja. Várias

mulheres entrevistadas vieram em busca de tratamento para os seus filhos. Uma

outra forma típica da entrada de mulheres nas Igrejas é através do matrimônio.

A análise da participação de mulheres nas Igrejas não tradicionais em outros

contextos histórico-culturais, nomeadamente nas Igrejas evangélicas

e pentecostais da América latina, tem indicado que esta participação poderia

contribuir para a emancipação de mulheres (Brusco 1995 ; Machado 1996). Em

princípio, a participação das mulheres nas Igrejas poderia também desempenhar

um papel significativo no aumento do poder das mulheres no seio do lar, na

medida em que esta participação afasta tanto a mulher como o homem do

domínio ilimitado do tradicional sistema patriarcal. Porém, isso não significa que o

ambiente preconiza a igualdade entre os sexos : a subordinação da mulher é

simplesmente um pouco atenuada. As Igrejas em geral não se opõem que

mulheres que tenham vindo de um casamento desfeito com filhos participem da

igreja, mesmo que elas não tenham cargos, porem isso difere muito das

chamadas tradicionais, e acabam sendo um atrativo.

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Por outro lado os pastorem tem que ter uma atenção especial a elas, já que esta

é à busca de um lugar que as abriguem, sem uso de instrumentos principais da

subjugação da mulher dentro da sociedade e do lar. Embora os aderentes sejam

proibidos de casar-se com mais de uma mulher, os matrimônios são permitidos e

imputados para que se regularizem suas situações antes da adesão à Igreja,

assim então as mulheres possam ser melhores amparadas. Um homem casado

que vem à Igreja sem a sua esposa é bem-vindo, mas uma mulher casada que

não venha acompanhada pelo marido ou cujo marido não tenha comunicado aos

líderes da Igreja a sua aprovação da participação dela Enfim, mesmo se a

afiliação com uma Igreja oferece a mulheres uma alternativa ao tradicional

sistema da opressão patriarca, a reclusão social dentro das pequenas

comunidades pode reduzir os contactos das mulheres com outros modelos

socioculturais e conseqüentemente dificultar a sua emancipação.

As Igrejas e o espaço sociocultural urbano

O lugar das Igrejas no espaço sociocultural Brasileiro pode ser definido em termos

de três dimensões inter-relacionadas. A primeira é a dimensão sócioterapêutica

no sentido mais amplo da palavra, isto é, incluindo a prevenção e o tratamento de

doenças físicas, a provisão de conforto emocional, e a solução de problemas

sociais.

Embora alguns pastores prefiram ver as suas Igrejas como « escolas », a

metáfora que parece mais adequada é a de « clínica ».

Neste mercado sócioterapêutico as Igrejas concorrem com o setor moderno da

saúde, a medicina tradicional e outras Igrejas.

A segunda dimensão é a dimensão etnocultural, estruturada pela dicotomia do

mundo indígena, tradicional, o mundo importado brancos e negros, e a –, a

dicotomia que permeia a vida quotidiana da sociedade urbana. As Igrejas refletem

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simultaneamente o conflito entre as tradições indígenas, as de origem rural e as

normas urbanas de origem ocidental, e a interpenetração entre ambas. Assim, por

um lado, elas opõem-se veementemente ao culto tradicional dos antepassados, à

« feitiçaria » e outras crenças e práticas indígenas consideradas

« obscurantistas ». Por outro lado, os rituais e procedimentos curativos dos

próprios são parecidos com os dos curandeiros tradicionais. Estes elementos

« quase tradicionais » das Igrejas facilitam o ajustamento cultural e a integração

social dos migrantes rurais ao meio urbano.

A terceira dimensão é a da estruturação e reestruturação das relações sociais.

Esta (re) estruturação ocorre a vários níveis. Ao nível do lar, a participação na

Igreja, influencia a hierarquia e as relações entre os sexos. Ao nível da

comunidade, as Igrejas, espalhadas por toda a cidade, formam eixos importantes

da organização social da comunidade. A participação nas Igrejas cria um novo

tipo de laços sociais, especialmente para as mulheres, e, portanto reorganiza o

espaço social comunitário. Esta reorganização inclui elementos tanto de coesão e

solidariedade como de tensão e conflito, na medida em que diferentes

congregações religiosas, e outras competem na arena comunitária. Ao mesmo

tempo, a dedicação quase exclusiva à cura e o caráter recluso das Igrejas limitam

o impacto delas sobre a organização social da comunidade.

Ao nível da estruturação política, o papel das Igrejas é ainda mais complexo.

Vários estudos têm analisado o lugar das Igrejas no processo político. Alguns

dizem que uma forma, mesmo que implícita, de mobilização sóciopolítico, outros

chegaram à conclusão que a aquiescência das doutrinas das Igrejas, focadas

primeiramente nas preocupações individuais dos seus afiliados, lhes fazia retirar-

se do processo político externo, com a sua orientação antigentios, tinham o

potencial de mobilizar a população para que votem em seus candidatos – uma

ameaça reconhecida (e talvez exagerada) pelo próprio regime. Porém, depois da

avaliação feita e da demonstração de atuação destes “políticos cristãos”, e

especialmente no ambiente da transição para a economia de mercado, as Igrejas

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parecem ter perdido o ímpeto político inicial. Nestas condições a retórica já não é

suficiente para a organização política da comunidade. Embora as Igrejas

estejam bem situadas para se tornarem fulcros da expressão e mobilização

política das massas pobres excluídas do processo político de « alto nível », a

impressão geral é que a maioria dessas Igrejas prefere afastar-se do discurso

sobre a crescente injustiça e desigualdade social, e em vez disso concentrar-se

na busca da saúde e do bem-estar individual.

Assim podemos dizer que neste processo todo. O pastor devera e terá que tratar

vários assuntos tendo muito fortemente o seu chamado. Pois deve encarara à

igreja como um Ministerio Urbano de Deus.

Firmemente embasado nas escrituras sagradas, com um propósito muito firme de

oração, e vida em comunidade, buscando ser fiel a Deus, e em seus propósitos

de reino, como amor ao próximo.

Bibliografia

Hesselgrave, Davida J. Plantar Igrejas. Um guia para Missoes Nacionais e

Transculturais. Edição Vida Nova. 1995

Linthicum, Robert C. Cidade de Deus Cidade de Satanás, uma teologia Bíblica

dos Centros Urbanos. Editora Missao , 1993.