CARLOS DELGADO DE CARVALHO: UM PROFESSOR … · brasileiros a partir de conceitos inovadores para...

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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017 ISSN 2236-1855 4538 CARLOS DELGADO DE CARVALHO: UM PROFESSOR SECUNDÁRIO EM DEFESA DA ESPECIALIZAÇÃO (1920-1950) Jefferson da Costa Soares 1 Patricia Coelho da Costa 2 Thiago Rodrigues Nascimento 3 Introdução Carlos Delgado de Carvalho nasceu em 1884, na França. Era brasileiro, pois seu pai, diplomata, estava a serviço da nação. Ao ingressar no curso de Diplomática na Escola de Ciências Políticas de Paris, decidiu estudar o Brasil. Delgado fez o caminho inverso de muitos intelectuais brasileiros que sonhavam estudar na França. Trouxe consigo um imenso capital cultural, que lhe permitiu estudar o país de uma forma inédita. Para elaborar sua tese de doutoramento, Le Brésil Meridional; étude economique sur les états du sud: São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (1910), estudou a geografia do sul e sudeste brasileiros a partir de conceitos inovadores para época como o historicismo, em que a realidade humana é explicada a partir de sua historicidade. A obra rompeu com o formato descritivo de rios, morros, lugares e povos, e deu um caráter analítico ao estudo. Ao chegar aqui, Delgado de Carvalho teve contato com um campo cultural ainda formado por diletantes, sem regras especificamente definidas de legitimidade para os estudos de história, geografia e sociologia. Suas primeiras obras teriam causado um choque entre os que ainda não reconheciam as perspectivas teóricas francesas nas quais amparava suas análises. Outra preocupação sua foi criar, a partir dessa consciência, metodologia para as disciplinas do Ensino Secundário que correspondiam as suas áreas de estudo. Estabeleceu um diálogo entre o conhecimento científico e a metodologia de ensino. Como homem de ciência, Carlos Delgado de Carvalho contribuiu para o processo de especialização da intelectualidade brasileira, estudado por Sá (2006). A partir de suas análises do nosso relevo, da nossa hidrografia e da nossa sociedade praticou a pesquisa 1 Doutor em Ciências Humanas - Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio, Professor Assistente do Departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio. E-mail: <[email protected]>. 2 Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo – USP, Professora Adjunta do Departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio. E-mail:<[email protected]>. 3 Doutorando em Ciências Humanas – Educação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC- Rio. Bolsista Capes. E-Mail: <[email protected]>.

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CARLOS DELGADO DE CARVALHO: UM PROFESSOR SECUNDÁRIO EM DEFESA DA ESPECIALIZAÇÃO (1920-1950)

Jefferson da Costa Soares1 Patricia Coelho da Costa2

Thiago Rodrigues Nascimento3

Introdução

Carlos Delgado de Carvalho nasceu em 1884, na França. Era brasileiro, pois seu pai,

diplomata, estava a serviço da nação. Ao ingressar no curso de Diplomática na Escola de

Ciências Políticas de Paris, decidiu estudar o Brasil. Delgado fez o caminho inverso de muitos

intelectuais brasileiros que sonhavam estudar na França. Trouxe consigo um imenso capital

cultural, que lhe permitiu estudar o país de uma forma inédita. Para elaborar sua tese de

doutoramento, Le Brésil Meridional; étude economique sur les états du sud: São Paulo,

Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (1910), estudou a geografia do sul e sudeste

brasileiros a partir de conceitos inovadores para época como o historicismo, em que a

realidade humana é explicada a partir de sua historicidade. A obra rompeu com o formato

descritivo de rios, morros, lugares e povos, e deu um caráter analítico ao estudo.

Ao chegar aqui, Delgado de Carvalho teve contato com um campo cultural ainda

formado por diletantes, sem regras especificamente definidas de legitimidade para os estudos

de história, geografia e sociologia. Suas primeiras obras teriam causado um choque entre os

que ainda não reconheciam as perspectivas teóricas francesas nas quais amparava suas

análises. Outra preocupação sua foi criar, a partir dessa consciência, metodologia para as

disciplinas do Ensino Secundário que correspondiam as suas áreas de estudo. Estabeleceu

um diálogo entre o conhecimento científico e a metodologia de ensino.

Como homem de ciência, Carlos Delgado de Carvalho contribuiu para o processo de

especialização da intelectualidade brasileira, estudado por Sá (2006). A partir de suas

análises do nosso relevo, da nossa hidrografia e da nossa sociedade praticou a pesquisa

1 Doutor em Ciências Humanas - Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio, Professor Assistente do Departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio. E-mail: <[email protected]>.

2 Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo – USP, Professora Adjunta do Departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio. E-mail:<[email protected]>.

3 Doutorando em Ciências Humanas – Educação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio. Bolsista Capes. E-Mail: <[email protected]>.

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aplicada, produzindo um novo padrão de produção intelectual. Ao investir na elaboração de

métodos pedagógicos nas áreas de geografia, sociologia e história a partir desta perspectiva,

colaborou com o processo de disciplinarização do nosso ensino.

Uma questão de método: o ensino de Ciências Sociais na escola secundária

Paralelamente ao processo de afirmação dos campos científicos no Brasil , com a

especialização do conhecimento, que tem efeito, sobretudo, a partir da criação das primeiras

universidades e dos cursos superiores para a formação do professor, Delgado de Carvalho

pensou em formas de como ensinar as disciplinas compartimentadas na escola secundária.

Tal nível de ensino, na década de 1930, era considerado "um problema nacional" (PEIXOTO,

1940), um sistema elitista, e foi alvo de constantes debates de educadores e políticos. Foram

discutidas suas funções e finalidades na formação do aluno brasileiro. No interior deste

grande problema, Delgado de Carvalho se debruçou, especificamente, sobre o ensino das

disciplinas que compõem a área das Ciências Sociais 4, pelo seu "tão importante e decisivo

papel educativo" (CARVALHO, 1940, p. 31), e a formação e prática do seu professor. O autor

criticava o enciclopedismo e a rigidez dos currículos e programas escolares, que não

atendiam as novas demandas colocadas pela sociedade. Tratava-se, sobretudo, de uma

questão de método e de reformulação dos objetivos de ensino.

Como professor-autor de livros didáticos e metodológicos, assumiu a defesa de um

padrão de produção intelectual preocupado com o desenvolvimento das ciências autônomas,

e do estímulo à construção de pensamento original, através da pesquisa e leitura de textos,

em detrimento da excessiva memorização. Era indispensável "transpor didaticamente o

conhecimento desenvolvido na academia, em um processo que envolve bem mais do que a

simplificação dos conteúdos" (COSTA, 2007, p. 23). Neste movimento, o aluno assumia uma

posição central na relação ensino-aprendizagem. Escrevia, Delgado de Carvalho (1940, p. 33),

que "o grande erro dos pedagogos de todas as épocas, é de enxergar muito menos o que os

discentes querem e precisam do que os docentes preferem, julgam melhor ou mais

interessante". Valorizava-se a "educação pela experiência", concepção formulada por John

Dewey. Essa perspectiva defendia que,

4 Na década de 1930, ainda não havia uma distinção clara, na escrita de Delgado de Carvalho, entre os termos Estudos Sociais e Ciências Sociais. Nos textos do educador aparecem as duas expressões. Na década de 1950, o autor passou a defender que Ciências Sociais são "produtos do pensamento, de pesquisa, de experiência, de descoberta", resultados de estudos científicos, enquanto Estudos Sociais são a vulgarização deste conhecimento (CARVALHO, 1970, p. 15 e 154).

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o aprendizado só se realiza quando referido a ação do aprendiz. Este ao estabelecer um contato imediato com o objeto de estudo, relacioná-lo com a sua problemática próxima, quiçá cotidiana e existencial, compreenderá o valor devido ao saber em questão (REZNIK, 1992, p. 31-32).

As metodologias de ensino deveriam ser pensadas levando-se em consideração os

estágios de desenvolvimento dos alunos e os objetivos colocados pelos programas (COSTA,

2007, p. 23). Portanto, vinculado a associações de prestígio no cenário nacional, como o

Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e a Associação Brasileira de Educação, bem como

atuante em instituições escolares como a Escola Normal, o Colégio Pedro II, a Universidade

do Distrito Federal e a Universidade do Brasil, Delgado de Carvalho divulgou novas práticas

de ensino. Uma delas se relaciona a introdução dos Estudos Sociais no Brasil. A disciplina foi

incluída no currículo da escola elementar do Distrito Federal (Rio de Janeiro). Do mesmo

modo, tornou-se uma “matéria de ensino” da Escola de Professores do Instituto de Educação,

ficando a cargo da professora Maria dos Reis Campos. Em 1934, o Instituto de Pesquisas

Educacionais, dirigido por Delgado de Carvalho, publicou, em dois volumes, o Programa de

Ciências Sociais, obras destinadas para os alunos da escola primária. Entretanto, os Estudos

Sociais não foram incluídos, neste momento, no currículo da escola secundária, sendo apenas

objeto de debate, assumindo a designação genérica de um conjunto de disciplinas.

O ensino de Estudos Sociais se insere num contexto de reformulação da escola,

inspirado na filosofia educacional estadunidense e na educação progressiva defendida por

Anísio Teixeira durante a sua gestão a frente do Departamento de Educação do Distrito

Federal entre os anos de 1931 e 1935. Era preciso uma escola que se adequasse as

necessidades do brasileiro (MENDONÇA, 2002, p. 50). Para Delgado de Carvalho (1934), “a

escola, numa democracia moderna, não se pode desinteressar da vida social do ambiente em

que se acha e permanecer estranha aos problemas da comunidade que, em última instância,

ela representa”. O ponto de partida era a superação da ausência de relação entre a educação e

a vida prática ou cotidiana dos alunos. A máxima "educação é vida", elaborada por John

Dewey, sintetizava as análises de Delgado de Carvalho. O meio social, em perpétua

transformação, necessitava de uma nova educação: "a mentalidade criada pelo

cinematógrafo, pelo rádio e pelo avião tem que ser alimentada com material de ensino

adequado e não com a mentalidade formada pelo carro de bois e o 'próprio cavalo'"

(CARVALHO, 1940, p. 33). A escola deveria se adequar ao desenvolvimento material,

capacitando o aluno à vida em sociedade. Neste percurso, os Estudos Sociais assumem uma

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função de ligação entre o "conhecido" e as novas informações. Mas em que consistem os

Estudos Sociais?

A maior parte das ciências, ao se constituírem em objetos de estudo, formaram disciplinas distintas, campos de atividades diferentes, mas pouco a pouco, estendendo-se estes campos de investigações e pesquisas, avolumando-se o material acumulado, os especialistas passaram a encontrar conexões naturais que existem entre elas. As relações se estreitaram com os progressos científicos: os biólogos ficaram interessados nos progressos da química; os químicos encontraram terrenos de colaboração com os físicos. O mesmo se deu nas Ciências Sociais: de descritivas passaram a ser analíticas. Sendo o homem objeto central destas ciências humanas, concentrou-se maior interesse na natureza dele, para daí tirar a explicação de seus atos [...] (CARVALHO, 1934).

A "ciência é una", as disciplinas que compõem as Ciências Sociais ― História da

Civilização, Geografia Humana, Economia Política, Ciência Política e Sociologia 5 ―são

"divisões que fazemos na grande unidade que é a Ciência da Humanidade" (CARVALHO,

1940, p. 29). As disciplinas em seu processo de constituição e afirmação nos contextos escolar

e universitário, se diversificaram e delimitaram seus campos de atuação. Entretanto, para

Delgado de Carvalho (1953, p. 47), se esta delimitação era útil para fins de pesquisa, não o era

para o ensino escolar. Este deveria fornecer aos educandos uma visão global dos fenômenos.

Como o homem é o objeto primeiro das Ciências Sociais, as conexões entre elas são naturais.

Deste modo, embora, ministradas como disciplinas distintas, o objetivo era a "integração de

todas elas em uma poderosa unidade" que pudesse "refletir toda a vida social, na sua

complexidade irredutível" (CARVALHO, 1940, p. 61). Enquanto isso não fosse possível era

necessária a transformação dos seus métodos e maior articulação entre elas. Em conferência

ministrada na Associação Brasileira de Educação, em 1937, Delgado de Carvalho expôs sua

visão sobre o ensino das disciplinas constituintes das Ciências Sociais6.

As duas primeiras, a História e a Geografia, disciplinas-irmãs presentes no currículo da

escola secundária desde a criação do Colégio Pedro II no século XIX, se pautavam pela

extrema memorização, de datas, nomes e afluentes de rios, e pela passividade do aluno.

Tanto uma como a outra, precisavam abandonar o factual, árido em mnemotécnicas de

5 Em Introdução Metodológica aos Estudos Sociais, acrescenta a Antropologia. "As diferentes matérias enumeradas como Estudos Sociais constituem tipos tradicionais de ensino. São seis apenas: História, Economia, Sociologia, Política, Geografia Humana e Antropologia Cultural. É verdade que os elementos que comportam nem sempre são dados sob seus respectivos nomes" (CARVALHO, 1970, p. 17).

6 A fala de Delgado de Carvalho se insere no conjunto de conferências proferidas entre maio e agosto de 1937, por ocasião dos debates acerca da elaboração do Plano Nacional de Educação, na sede da ABE no Rio de Janeiro. Os textos apresentados foram reunidos na obra Um grande problema nacional (Estudos sobre ensino secundário), organizado por Afrânio Peixoto (1940). Os conferencistas foram: Afrânio Peixoto, A. Carneiro Leão, Branca Fialho, Carlos Delgado de Carvalho, Euclides Roxo, F. Venâncio Filho, George Millardet, Gustavo Lessa, Joaquim Faria de Góes Filho e Paulo de Assis Ribeiro.

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nomes próprios: "A decoração de uma lista telefônica seria preferível por ser mais útil"

(CARVALHO, 1940, p. 39). No caso da História era necessário, ainda, avançar para além da

história política e incluir o econômico, o social, o intelectual, o cultural no seu ensino. O

professor deveria apresentar aos seus alunos, de forma tão parcial quanto possível, as

diferentes correntes presentes na escrita do pensamento histórico-geográfico. As lições

deveriam ser planejadas a partir de situações de interesse para o indivíduo, grupo ou nação,

isto é, na multiplicidade de fenômenos históricos e geográficos, era recomendável a seleção

daqueles que possibilitassem a "realização de melhoramentos, de progressos e aspirações

sociais no contexto em que vive o estudante".

A novidade do texto é a referência ao que o autor denomina como "Ciências Tabu"

(Economia Política, Ciência Política, Antropologia Cultural e Sociologia), aquelas

que a vigilância de nossos técnicos de educação julgam perigosas para a mentalidade de um país ainda novo e essencialmente agrícola como o nosso. São as Ciências Tabu, porque em boa regra, o educando, depois de convenientemente preparado em sete anos de estudos, deve ser entregue ao mundo, ao grupo social em que terá de trabalhar e lutar, sem prevenções nem preconceitos sobre o que nele vai encontrar. Tudo que lhe é reservado deve ser surpresa, novidade, inesperado, inexplicado. Só assim poderá ele manifestar em suas opiniões e atos toda a sua originalidade juvenil que dele espera à Nação (CARVALHO, 1940, p. 40).

A formação do "membro da aristocracia de letras", a qual vinha se dedicando a escola

secundária brasileira, excluía o ensino das Ciências Tabu. Destas, apenas a Sociologia tinha

lugar obrigatório no currículo escolar, mesmo que recente na altura da conferência de

Delgado de Carvalho. Todas elas tinham como objetivo fornecer aos educandos os meios para

o entendimento da vida em sociedade. Sua ausência nos anos de formação,

consequentemente, levava ao despreparo dos alunos quando colocados a lidar com certas

questões sociais. A Economia Política, é o "estudo das condições de produção", cujo o objeto

são os recursos, o capital, o trabalho, por exemplo, em sua relação com as atividades

humanas. A Ciência Política "é o estudo social do Estado, de suas formas, de sua autoridade,

de suas funções e de suas condições". Se o jovem não tem acesso aos mecanismos econômicos

e políticos que regem a sociedade em que vive, como poderia lutar pelos seus interesses e

construir a sua personalidade? Como poderia agir na sociedade?

A terceira Ciência Tabu é a Sociologia, que segundo Delgado de Carvalho (1940, p. 46-

47) era a que sofria maiores desconfianças. Como destacado em seus livros instituintes desta

disciplina escolar no Brasil, para ele, a Sociologia ainda não tinha um "círculo fechado de

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conhecimento", ainda estava "modificando seus métodos, reunindo material". A Sociologia

servia como elo de ligação entre as diferentes Ciências Sociais, já que

o social não se resume na vida econômica, na vida política, na história do passado e no quadro geográfico do presente. Outros aspectos da humanidade nos interessam e chamam nossa atenção. O mundo das inter-relações de toda ordem, no plano mental, cria laços de interdependência e de interação que precisam ser analisados em seus elementos, seus processos e suas estruturas" (CARVALHO, 1940, p. 47).

Ainda segundo o autor, a Sociologia tem uma função prática, "tanto é sentida sua

necessidade atual, que raro é, entre nós, o historiador, o político, o economista, o educador,

que não fale em 'razões sociológicas', em 'objetivos sociológicos' ou sociais". As Ciências

Sociais, integradas, tinham como objetivo a formação da personalidade do aluno,

apresentado-lhe a complexidade da vida social. Por último, os Estudos Sociais "também

representam na escola secundária as atividades extra-classe, ou, como dizem os americanos,

extra-curriculares, isto é, as atividades legítimas não previstas no programa (CARVALHO,

1940, p. 48). Tais atividades visavam alargar os objetivos da educação, tornando seu

currículo mais flexível e articulado. As atividades extra-classe (sociedades literárias, clubes,

centros de excursão, dentre outros) tinham como função primordial a ligação entre os

programas das diferentes disciplinas das Ciências Sociais, sendo um "complemento prático e

necessário de sua ação educativa na escola secundária" (CARVALHO, 1940, p. 50). Sua

organização deveria proporcionar ao aluno a socialização, a integração, o ideal democrático, a

responsabilidade e, principalmente, a motivação para os estudos.

A primeira vista os Estudos Sociais parecem antagônicos a ideia de especialização das

ciências autônomas, também defendido por Delgado de Carvalho, porém, para o educador, a

integração das disciplinas só é possível a partir da organização dos campos disciplinares. Se,

cada uma das ciências ilumina a outra quanto aos caminhos a percorrer, a direção das

pesquisas a fazer, isso só é possível quando conseguem fixar suas especificidades, seus

objetivos, seus campos de ação e seus problemas (CARVALHO, 1940, p. 36). O progresso

científico levou as conexões naturais. É um duplo movimento, especialização e integração. Os

Estudos Sociais, em sua origem no Brasil, nascem deste movimento.

Delgado de Carvalho e a Geografia Escolar

Carlos Delgado de Carvalho iniciou seus estudos sobre a geografia brasileira no início

do século XX. Com o objetivo de elaborar sua tese de doutoramento intitulada Un centre

économique au Brésil – Minas Gerais, publicada ainda na França, empreendeu longas

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viagens a fim de analisar regiões do interior, ainda não exploradas. No Brasil, a sua primeira

publicação, ainda em francês, foi Le Brésil meridional: étude economique sur les états du

sud: São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (1910) um estudo sobre o sul

do país a partir do modelo proposto pelo geógrafo francês Vidal de La Blache. Pela primeira

vez, o Brasil era estudado a partir de uma visão que permitia agrupar, em uma mesma região,

diferentes estados. Assim,

a obra levanta, reúne e faz interagirem os diferentes elementos naturais e humanos da posição subtropical do Brasil, propondo uma nova divisão territorial que se sobrepunha aos limites político administrativos dos estados e aos interesses regionalistas de suas oligarquias (CARVALHO, MACHADO 1995, s/p).

A continuidade desta obra foi um exercício de apropriação dos resultados de suas

pesquisas para a disciplina escolar. Geographia do Brasil (1913), manual escolar destinado

ao curso secundário, teve várias edições, que demonstram não só o desenvolvimento dos

estudos do autor sobre o país, como as transformações do campo metodológico da geografia

desde o seu processo de institucionalização, ocorrido na década de 1920.

A primeira edição da Geographia do Brasil (1913) possui 250 páginas. Na introdução

anuncia seus propósitos ao escrever a obra:

A exposição dos factos geographicos deve obedecer a uma ordem lógica, preliminarmente escolhida e justificada, permittindo ver a correlação dos phenomenos. É pois necessário não isolá-los. „ Os factos, diz Vidal de La Blache, se esclarecem segundo a ordem em que são agrupados. Separando o que deve ser approximado, unindo o que deve ser separado, toda ligação natural se acha quebrada; é impossível reconhecer a concatenação que reúne os phenomenos dos quais cogita a geographia e que é sua razão de ser scientifica.‟ E, pois, mais do que necessário abolirmos, no ensino da geographia practica, tudo quanto é nomenclatura, tido quanto é puramente mnemotchenico, para só encarar os factos em marcha pode-se dizer, e no seu respectivo logar. É útil afastar-se, de vez em quando, do quadro habitual das concepções geographicas tradicionaes. Até hoje, no nosso ensino, toda idea nova, todo progresso da sciencia geographica entre nos, tem sido sacrificados aos moldes antigos, tem sido apresentados num quadro archaico: os espíritos não são levados a ver a geographia, tal qual ella é (DELGADO DE CARVALHO, 1913, p.V).

A perspectiva inovadora da Geographia do Brasil (1913) era o estudo a partir da

antropogeografia. Segundo Zarur (1941), já havia obras de nossa literatura que tinham essas

características, como Sylvio Romero, Euclides da Cunha, João Ribeiro, mas não se dedicavam

ao estudo da geografia. A Geographia do Brasil, em todas as edições, não se fundamenta só

em tais aspectos, abrangendo tópicos sobre as raças, línguas, religião e a influência do meio

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sobre a sociedade ao longo do livro. Para os professores, tal proposta despertava

desconfiança quanto à possibilidade de sua aplicação nos cursos secundários.

O autor apresenta estudo do Brasil dividido em cinco regiões: setentrional, nordestino,

oriental, meridional e central. Essa divisão, que respeita as chamadas regiões naturais e não a

divisão administrativa, como em outros compêndios, é assim justificada:

A nossa Amazônia, brutalmente cortada em duas partes, sob pretexto que dois Estados, que duas divisões administrativas a partilham a nossa Amazônia sem sua bella harmonia geológica, sem a majestade de sua grande artéria central, cuja unidade, cuja economia constitue um mundo por si só... (DELGADO DE CARVALHO, 1913, p. VI).

As características da hidrografia, relevo e climatologia de cada região são apenas

citadas. Não houve nessa edição um capítulo dedicado a cada uma delas, no entanto tal

trabalho é anunciado para breve, na publicação de uma synthese geographica. Tal synthese

acabou por ser incorporada nas outras edições sem que se constituísse um livro separado.

A segunda edição foi publicada em 1923. As diferenças em relação a primeira são a

atualização dos dados e a introdução. A introdução foi utilizada pelo autor como um espaço

político para reivindicar uma aceitação maior à chamada nova geografia científica. No texto,

Delgado de Carvalho diz que esta deveria ter como objeto a evolução do homem e o meio que

o cerca, procurando as denominadas individualidades geográficas, ou seja, a especificidade

de cada região. Esta deveria ser assim, o objeto da geografia, e não os nomes e a localização

dos pontos do nosso relevo, considerados pouco úteis ao desenvolvimento da geografia como

ciência: A geographia moderna é um ramo scientifico cheio de vida e de movimento e ao

mestre pertence não deixar o alumno embrenhar-se na floresta monótona dos nomes

inventados pelo homem (p.8).

A terceira edição da Geographia do Brasil (1927) é reflexo dessa nova orientação do

campo científico. A grande diferença em relação à edição anterior é a publicação da Synthese

geographica (1927), anunciada desde a primeira edição, mas só nesta publicada:

Venho tarde, é verdade, mas espero ainda poder trazer a minha contribuição à grande obra da educação nacional, cumprindo com minha promessa de 1913. Durante todos estes annos, me tenho batido pelo ensino moderno da geographia entre nós; tenho escripto e tenho falado, mas só agora me foi dado trazer a expressão do meu pensamento, em matheria de geographia pátria, dando uma forma concreta, aliás defeituosa e pallida, uma applicação tímida das idéias que venho defendendo (DELGADO DE CARVALHO, 1927, p. IV).

A Synthese constituía um livro separado. Logo acima do índice, o nome do autor e o

conteúdo correspondente ao segundo ano do Colégio Pedro II. Era uma forma de mostrar a

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legitimidade diante do campo intelectual. Havia um capítulo para cada região nacional, só

anunciada na primeira edição. A partir da perspectiva de Ratzel, os cinco capítulos

apresentam sempre o mesmo roteiro de estudo: descrição geral, descrição política, cidades,

população e estados e, por fim, a chamada descrição especial, quando se analisam aspectos

históricos da formação regional. Ao longo do texto, houve um aumento do número de mapas

e tabelas com dados estatísticos para cada tópico abordado. Por fim, há três anexos. O

primeiro com dados estatísticos mais atualizados, o segundo com orientação aos professores,

e o último com uma série de fotos das diferentes regiões do Brasil.

A quarta edição só possui uma diferença em relação a anterior: os dois livros, a

Synthese geographica e a Geographia do Brasil, tornam-se um único volume. A partir da

edição publicada em 1928 até a nona, publicada já na década de 1940, não ocorreram

mudanças, o que retrata a institucionalização desse saber geográfico, caracterizando uma

nova fase dessa ciência no Brasil.

Diante do debate, Delgado de Carvalho amparava sua posição na prática do ensino

secundário no Colégio Pedro II. Além disso, é possível perceber sua defesa por uma educação

que caminhasse juntamente com a institucionalização dos campos de conhecimento, que se

torna cada vez mais próxima, já no final da década de 1920. A educação era uma questão para

técnicos:

A meu ver resolvida a questão idônea, pode ser dado ao curso secundário qualquer um dos programas, simplificando ou não, qualquer horário conveniente, contanto que haja uma orientação segura, uma orientação como lembrais! Esta a que me parece essencial: ela residirá nas instruções preparadas cuidadosamente pelos técnicos de cada matéria. Normas nesse sentido, tímidas ainda me parecem esboçadas no Parecer sobre História, Sociologia, Economia, Geografia Comercial, etc. Cabe agora aos especialistas marcar as suas exigências e aconselhar os poderes públicos (DELGADO DE CARVALHO, II Conferência Nacional de Educação, 1928).

Em sua prática no Colégio Pedro II e no Instituto de Educação, é possível perceber que

o educador procurava ser fiel aos seus pressupostos teóricos, defendendo mudanças nas

instituições, no sentido de tratar as questões educacionais como questões técnicas.

No Colégio Pedro II, Delgado de Carvalho participou de vários projetos educacionais

visando à inovação de métodos de ensino. Nesse sentido, a rede social construída em

conjunto com Fernando Raja Gabaglia, Everardo Backheuser e Honório Silvestre foi

importante. Com exceção de Delgado de Carvalho, que era professor de inglês da instituição,

todos eram professores de geografia. O estudo das questões geopolíticas brasileiras sob a

perspectiva da nova geografia, como identifica Almeida (2000), pode ser um elemento de

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afinidade, mas sem dúvida penso que as mudanças nos métodos de ensino de geografia

representavam um elo maior entre eles.

A preocupação desses intelectuais com o ensino revelam outros caminhos da

institucionalização da geografia como campo científico autônomo; esse processo se

desenvolveu tanto por meio do estudo de nosso território como na estruturação do ensino da

geografia. Delgado de Carvalho escreve a Methodologia do ensino geographico (1925), o

primeiro de uma série de livros sobre a didática da geografia, para ser apresentado no Quarto

Congresso Brasileiro de Instrução Superior. Realizado no ano seguinte, no Rio de Janeiro,

tinha como objetivo coletar sugestões para reforma do ensino secundário para serem

encaminhadas ao Ministro da Justiça e Negócios Interiores. O prefácio começa pela defesa da

antropogeografia como substituta da memorização de nomes e características de acidentes

geográficos, que não faziam qualquer sentido didático para ele.

Nas escolas do Brasil e de outros paizes de nosso continente, a geographia é o estudo de uma das modalidades da imaginação humana, isto é, da sua faculdade de atribuir nomes, de chrismar áreas geographicas. As montanhas, os rios, as regiões naturais não são estudadas em si, mas apenas como merecedores de um esforço de uma fantasia. Aqui, quem não sabe a nomenclatura não sabe geographia, e deste modo a poesia e a geographia são productos directos da imaginação, apesar de fazerem parte de cadeiras differentes (p.4).

Ao criticar a geografia ministrada em nossas escolas, Delgado de Carvalho se dirigia a

toda uma produção; muitas vezes, o próprio autor desses estudos era o professor da

disciplina e autor de livros didáticos. Ao ter contato com as obras dedicadas ao ensino da

geografia, achou aquele conhecimento descritivo e ultrapassado, sendo comum suas críticas à

memorização, comparando o livro de geografia a uma lista telefônica. Como outros

intelectuais de seu círculo de sociabilidade, via no processo educacional a chave do

desenvolvimento da ciência em nosso país.

Delgado de Carvalho e sua concepção de ensino de Sociologia entre os anos de 1920

e 1930

Transferido da cátedra de Inglês para a de Sociologia em 21 de novembro de 1927,

Delgado de Carvalho foi o primeiro catedrático7 efetivo de Sociologia do Colégio Pedro II,

7 O Professor Catedrático era aquele que estudou e se especializou em uma determinada área do conhecimento, embora também conhecesse bem as demais disciplinas e pudesse ser examinador de qualquer uma delas. Para ser catedrático, era necessário que o candidato fizesse um exame de cátedra e defendesse alguma ideia inovadora no seu campo, além de ter obras científicas publicadas na sua especialidade e ser nomeado pelo Ministro. A Cátedra era vitalícia. O Catedrático era quem regia sua cadeira, e para seu auxílio, havia o regente

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embora não tenha sido o único ator responsável pela institucionalização da disciplina nesta

que é a instituição pioneira no ensino de Sociologia no Brasil. A partir desse momento,

conforme estabelecido na Reforma Rocha Vaz, de 1925, Delgado de Carvalho passa a ser

responsável pela elaboração dos programas de Sociologia do Colégio Pedro II, considerado

padrão na época.

Voltadas para o ensino de Sociologia, fazem parte da produção de Delgado de Carvalho,

obras como “Sociologia: Summarios do Curso do Sexto Anno (1931)”, “Sociologia

Educacional” (1933), “Sociologia e Educação” (1934), “Sociologia Experimental” (1934),

“Práticas de Sociologia” (1937). Destas obras, apenas a primeira e a última interessavam

diretamente aos alunos do curso secundário do Colégio Pedro II. As demais se destinavam

aos cursos normal e superior, pois são obras que enfocam a Sociologia da Educação.

Com a Reforma Francisco Campos, a Sociologia foi incluída como disciplina obrigatória

no 2º ano dos cursos complementares. Verificamos, portanto, que esta disciplina foi

legitimada pela Reforma, integrando a grade curricular dos cursos complementares de

Direito com 4 tempos semanais, de Medicina, Farmácia e Odontologia e de Engenharia,

Arquitetura e Química Industrial com 3 tempos semanais e fazendo parte do exame

vestibular.

Como justificativa para a elaboração de “Sociologia: summarios do curso do sexto

anno”, Delgado de Carvalho (1933) afirmava que na ausência de um compêndio de Sociologia

no contexto da reforma que a implantou como disciplina em 1925 até os primeiros anos da

década de 1930, sentiu a necessidade de reunir as notas e sumários de aulas dadas aos alunos

do sexto ano do Colégio Pedro II. Esta obra de 280 páginas foi divida em 4 partes, sendo que

as duas primeiras foram subdivididas em quatro capítulos e as outras duas partes em cinco

capítulos e, segundo o autor, seria apenas um resumo, um plano de estudo, um guia na

disposição dos conteúdos da Sociologia elementar. Nela, o primeiro catedrático efetivo de

Sociologia do Colégio Pedro II expõe em poucas palavras as principais questões que agitavam

os sociólogos das diferentes escolas teóricas, procurando não emitir opiniões pessoais.

Delgado de Carvalho fez uso de notas de rodapé que buscavam “não resumir o que estava no

texto, nem comentá-lo, mas oferecer opiniões de sociólogos que se posicionavam contra ou a

favor ao que havia sido dito”. Tal fato demonstra a preocupação de Delgado de Carvalho com

a problematização dessas questões. Esses trechos curtos ou notas eram temas que podiam ser

interino e o professor substituto. O Professor Catedrático, segundo a Reforma Rocha Vaz, devia orientar o ensino das matérias que constituem a sua cadeira; lecionar na sua totalidade as matérias que constituem o programa da mesma; apresentar, para que fosse estudado e julgado pela Congregação, antes da abertura das aulas, o programa da disciplina a ser ministrada.

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discutidos com os alunos, buscando estimular o pensamento e despertar o interesse ao

mesmo tempo em que fornecia uma bibliografia de cada capítulo. O autor preferiu apresentar

a disciplina de modo que todos os assuntos de Sociologia Geral se achassem acompanhados

de suas respectivas questões sociais para que o leitor percebesse a aplicação prática dos

sentidos gerais, enfatizando o ponto de vista brasileiro, o interesse nacional que prendia

àquelas discussões.

Para Delgado de Carvalho, a Sociologia era considerada uma ciência de

desenvolvimento muito recente, portanto, era cedo para cristalizar leis e processos naturais

observados até aquela época. As ciências sociais objetivavam explicar as atividades humanas

e a finalidade da Sociologia era a de tornar a sociedade humana inteligível. Com relação aos

métodos, a Sociologia empregava para a formação de sua doutrina científica a lógica, os

métodos de observação, comparação e correlação de fatos sociais. Os objetos da Sociologia,

nas palavras de Delgado de Carvalho, seriam os feitos humanos (conquistas e realizações, os

conhecimentos, as instituições). O sociólogo só estudaria resultados, não indivíduos. Para

justificar o estudo da Sociologia, Delgado de Carvalho considerava o século XX como aquele

em que os problemas relativos ao “ajustamento social” passaram a ser centrais, fato que

impulsionou as ciências sociais, a Sociologia em particular. O estudo da Sociologia auxiliaria

a unificação do pensamento, expondo mais claramente os elementos reais e poupando assim

esforço e trabalho. Delgado de Carvalho entendia que a Sociologia tinha uma importância

prática: “ alumiar o caminho que os homens têm a percorrer...para determinar os fins da ação

e ao sentido da vida...e procurar para a vida social a melhor organização e o mais perfeito

funcionamento.”

Embora neste manual conste a reunião das notas e sumários dados aos alunos do sexto

ano do Colégio Pedro II, não encontrei elementos que permitam afirmar que ele tenha sido

adotado pela instituição. Como sua primeira edição é de 1931, mesmo que tenha sido

adotado, provavelmente este manual não foi utilizado por muito tempo, já que o

Departamento Nacional de Ensino passa a ser responsável pela elaboração dos programas

das disciplinas escolares com a Reforma Campos, promovendo mudanças significativas no

programa oficial de Sociologia.

A Reforma Francisco Campos (Decretos nº 19.890 e nº 21.241), de 1931, determinou

que o ensino secundário, que compreendia dois cursos seriados: fundamental e

complementar, fosse ministrado no Colégio Pedro II e em estabelecimentos sob regime de

inspeção oficial. O curso complementar era obrigatório para os candidatos à matrícula em

institutos de ensino superior e deveria ser feito em dois anos de estudo intensivo, com

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exercícios e trabalhos práticos individuais. O curso complementar compreendia várias

disciplinas, dentre elas, a Sociologia, disciplina obrigatória na segunda série para os

candidatos aos cursos jurídicos, medicina e engenharia e arquitetura. A Reforma Campos

determinou também, que os programas de ensino secundário, bem como as instruções sobre

os métodos de ensino, fossem expedidos pelo Ministério da Educação e Saúde Pública e

revistos, de três em três anos, por uma comissão designada pelo Ministro e à qual eram

submetidas as propostas elaboradas pela Congregação do Colégio Pedro II. Tais programas

deveriam ser organizados de acordo com a duração do ano letivo, de modo a ser ministrado

nesse período o ensino da matéria nele contida.

É nesse contexto que o manual “Práticas de Sociologia” (1937) é publicado por Delgado

de Carvalho. Trata-se de uma obra destinada à distribuição aos alunos do Curso

Complementar do Colégio Pedro II e que, nas palavras do autor, poderiam servir a outros

candidatos ao exame de Sociologia no Curso de habilitação às Escolas Superiores, no ano

letivo de 1938. O conteúdo do livro corresponde em maior ou menor grau ao programa da

matéria essencial aprovado pela Diretoria Geral do Departamento Nacional de Ensino. Os 16

pontos abordados por Delgado de Carvalho nesta obra resumem um trabalho mais completo

que estava em processo de elaboração naquele momento, sob o nome de Sociologia

Elementar. Segundo o autor, Sociologia Elementar seria uma obra mais completa e também

um tanto diferente, em função das divergências que possuía em relação ao programa oficial,

ao qual tinha que se conformar. Cabe ressaltar aqui que Delgado de Carvalho era obrigado a

seguir o programa determinado pelo Departamento Nacional de Ensino, mesmo divergindo

dos conteúdos. Tal desacordo era motivado em primeiro lugar pela extensão do programa,

abrangendo assuntos que, segundo o catedrático, eram em sua maioria estranhos à

Sociologia (Direito, Ciência Política, Economia Política, etc). Além disso, o programa tinha

uma “preocupação exagerada em refutar as teorias francesas de Durkheim, com as quais

nada temos”, segundo Delgado de Carvalho. Tal programa tinha em vista fazer da Sociologia

uma ciência normativa, o que na opinião de Delgado de Carvalho, significava “dar-lhe a

missão de outra disciplina, a Instrução Moral e Cívica”. Em outras palavras, tratava-se de

uma deturpação da Sociologia. Delgado de Carvalho afirmava que se era este o objetivo, que o

nome da cadeira fosse mudado. Enfim, o programa omitia as questões principais que

constituíam a Sociologia moderna daquele período (áreas culturais, complexos culturais,

processos sociais, controle social, ecologia social, desajustamentos, trabalho social, pesquisa,

entre outros), ignorando, segundo Delgado de Carvalho, o que tinha sido produzido no

campo da Sociologia nos últimos quarenta anos. Contudo, no preâmbulo do livro, Delgado de

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Carvalho afirma que procurou interpretar da melhor forma possível o programa, colocando

as questões de preferência sob o ponto de vista sociológico.

Em resumo, entre o período de publicação de “Sociologia: summarios do curso do sexto

anno” (1931) e de “Práticas de Sociologia” (1937), os catedráticos perderam o poder de

elaborar os programas das disciplinas escolares para o Departamento Nacional de Ensino.

Delgado de Carvalho publica “Práticas de Sociologia” (1937) em razão das mudanças

promovidas pelo Departamento Nacional de Ensino no programa oficial da disciplina para os

cursos complementares. Outra razão para justificar a publicação deste manual foi auxiliar os

candidatos ao exame de Sociologia no curso de habilitação às Escolas Superiores. O

catedrático discordava do programa oficial, ao qual fez duras críticas já mencionadas.

Delgado de Carvalho divergia do programa oficial de Sociologia. Tal fato,

potencializado pela ausência de mudanças que, na opinião do autor, deveriam ser

promovidas pelo Departamento Nacional de Ensino, leva o catedrático de Sociologia do

Colégio Pedro II a submeter em 20 de junho de 1938 e a Luís Vergara, então Secretário da

Presidência da República, cargo equivalente à Chefia do Gabinete Civil, onde permaneceu até

1945, um relatório sobre o ensino de Sociologia, onde é proposto um enfoque distinto de tal

programa.

Com relação à finalidade do ensino de Sociologia, Delgado de Carvalho entendia que a

disciplina não devia ser considerada uma ciência normativa – pois seus ensinamentos

deviam ser estudados objetivamente e não em vista de procurar neles argumentos em favor

de uma ideologia. Considerava também, que a Sociologia não era uma arma de combate, mas

um instrumento de trabalho, uma orientação racional para pesquisas no campo da vida

social. Portanto, na opinião do catedrático, era altamente prejudicial aos estudos sociológicos

no Brasil daquele momento histórico serem guiados segundo diretrizes e modelos franceses.

A Sociologia de Durkheim, por exemplo, que trazia interessantes pontos de vistas

metodológicos que mereciam ser conhecidos, desviava os nossos estudos para o terreno

religioso, predispunha a discussões dogmáticas em favor ou contra teorias que nada tinham

de útil, de importante ou prático, na opinião de Delgado de Carvalho. Nesse sentido,

Durkheim era considerado um autor que os programas de Sociologia deviam evitar.

Delgado de Carvalho entendia ainda, que as tendências atuais da Sociologia norte-

americana daquele período se recomendavam muito mais à nossa atenção porque, em vez de

levantar problemas sobre assuntos controvertidos e discussões puramente acadêmicas,

despertavam um real interesse para o estudo e conhecimento racional das estruturas sociais

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em que vivíamos, para o seu mecanismo, para as suas imperfeições e para os

desajustamentos que prejudicavam seu bom funcionamento.

A missão da Sociologia, para Delgado de Carvalho, não era exaltar ou deprimir

instituições, mas sim descrevê-las, explicá-las, indicar as condições de seu perfeito

ajustamento – por isso era ela a ciência do “ajustamento social”, sem rótulos filosóficos,

ideológicos, doutrinários. Já não era sem tempo procurar fazê-la abandonar, entre nós, a

disputa acirrada que até aquele momento, havia sido servida em seu nome.

Delgado de Carvalho considerava que a Sociologia havia sido colocada em boa hora nos

programas de habilitação aos estudos superiores. Era essencial, conforme o catedrático, que a

elite que estava sendo preparada em nosso país, tivesse uma noção sóbria, imparcial e

científica dos mecanismos das nossas instituições. O Estado Novo precisava ser

compreendido em todos os seus detalhes, políticos, econômicos e sociais: era indispensável

uma análise detalhada da sociedade a que ele se destinava, pois sua missão, na opinião de

Delgado de Carvalho, seria satisfazer, na medida humanamente possível, às necessidades e às

exigências desta sociedade. Esta sociedade não era perfeita, convinha, pois, estudar em que

pontos ela se afastava do padrão, do ajustamento ideal, do normal, e de que modo podiam ser

conhecidas, apuradas as “anomalias” e restaurar o desejável equilíbrio.

Daí a necessidade de conhecer os problemas que resultam do “desajustamento” da

conduta, da condição, dos sentidos, da saúde, da economia, da família, da política, dentre

outros, quais as medidas que, entre nós haviam sido tomadas até aquele momento para

remediar e o que nos restava a fazer à luz do que fizeram ou tentaram fazer outros povos.

Para isso, era necessária uma visão do que seriam, na realidade, os fenômenos sociais, do que

seriam as inter-relações humanas, as intercomunicações, os contextos diversos e os fatos que

daí resultavam. Para isso também, era essencial a Sociologia ser um campo de experiência

que fornecesse os métodos de pesquisas sociais e inquéritos, os processos de estudo dos

grupos rurais, educacionais, econômicos, políticos e outros.

Na opinião de Delgado de Carvalho, era o que devíamos esperar de uma Sociologia

geral e aplicada, e não apenas teórica e servida de dissertações filosóficas, de retórica e de

especulações como era naquele momento. Segundo o catedrático, o ensino de Sociologia

ainda não tinha entrado nos seus eixos no Brasil, porque era dado título de sociólogo a todos

os intelectuais que estudaram uma questão de História, de Economia Política ou de Moral.

“Tudo era Sociologia, quando não era Matemática, Física ou Biologia”. Esse exagero nos

prejudicava porque adiava o problema real deste ensino: a compreensão clara do que seja

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verdadeiramente Sociologia. Se todos eram sociólogos, todos sabiam Sociologia e o problema

estava resolvido.

Sobre um programa, Delgado de Carvalho considerava discutível a utilidade de se

começar os estudos de Sociologia por uma “definição” ou um “conceito” de Sociologia.

Entendia que talvez fosse mais indicado ser tentada uma definição no fim do curso, depois de

conhecido praticamente o conteúdo do assunto. A escolha, entre as numerosas definições

propostas, se operaria então em conhecimento de causa.

Convinha, entretanto, serem fixados, logo de início, os objetivos do estudo sociológico e

também serem indicados os métodos a serem empregados. Delgado de Carvalho considerava

a mais conveniente e útil prática numa introdução à disciplina, apresentar ao estudante a

Sociologia como um estudo de inter-relações humanas no plano espiritual. O fato social devia

ser desde cedo considerado essencialmente como um fato coletivo, no nível mental,

resultante das influências recíprocas dos homens entre si ou dos homens e dos grupos.

O primeiro estudo era o da “matéria prima” que servia à Sociologia. Era evidentemente

o estudo dos grupos humanos que se formam, se deslocam e evoluem sob influências

diversas. O segundo estudo proposto por Delgado de Carvalho era o dos meios ou

“instrumentos” pelos quais os homens e os grupos entram em relação – é o estudo dos

chamados “fatores culturais”. O terceiro estudo era o das diferentes modalidades de “contato

social” – estudo da interpenetração dos grupos e da interação dos homens e dos grupos. O

quarto estudo era o da “interdependência” resultante dos contatos diversos examinados no

estudo anterior – era a parte estrutural e, até certo ponto, jurídica da Sociologia. O quinto

estudo era do que se chamava “Ajustamento Social” – que visava dar ao estudante uma noção

precisa do que vinha a ser a adaptação do indivíduo ao grupo, a integração dos grupos entre

si e em consequência uma ideia sóbria e imparcial dos “desajustamentos” que podiam surgir.

Essa é a proposta de um programa considerado moderno por Delgado de Carvalho para

o Ensino de Sociologia, que elaborou e encaminhou ao Governo nos últimos anos da década

de 1930.

Considerações Finais

Em tempos de discussão sobre a Base Comum Nacional e de implementação de uma

reforma no ensino médio, pode ser relevante o estudo de parte da obra de um intelectual

como Delgado de Carvalho, que deu grandes contribuições para os campos da Geografia,

Estudos Sociais, Sociologia, História, dentre outros. Alguns dos problemas, por ele apontados

na primeira metade do século XX, ainda permanecem no cenário educacional brasileiro.

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Como tornar a escola mais próxima da realidade do aluno? Como motivá-lo aos estudos?

Como integrar as diferentes disciplinas que compõem o currículo? São questões que

motivaram o educador ao longo de sua profícua trajetória intelectual. Consideramos que

algumas ponderações e respostas, elaboradas por Delgado de Carvalho entre os anos de 1920

e 1940 são ainda válidas e devem ser levadas em consideração nas atuais reflexões sobre os

currículos da educação básica e esperamos que este trabalho contribua para este debate.

Apesar de sua importância para a organização de distintos campos disciplinares,

ainda há muitos aspectos de sua obra a serem discutidos. Nesse esforço, a partir das

pesquisas realizadas pelos autores deste artigo, apresentamos alguns caminhos e análises.

Destacamos a dificuldade em investigar a problemática multifacetada da identidade

profissional docente em períodos recuados, particularmente de professores como Delgado de

Carvalho, bem como dos processos de institucionalização das disciplinas escolares,

especialmente aquelas derivadas dos campos para os quais contribuiu.

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