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Realização: Apoio:
TÍTULO: CARVÃO ATIVO DE MATERIAIS ALTERNATIVOS COMO ADSORVENTE DE POLUENTESAMBIENTAIS
CATEGORIA: EM ANDAMENTO
ÁREA: CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
SUBÁREA: Química
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO - USF
AUTOR(ES): GRAZIELE APARECIDA DA SILVA RAIMUNDO, CHAIENE NATALY DIAS, DAVID AGUIARFERREIRA JUNIOR, CAROLINA DORICCI GUILHERME
ORIENTADOR(ES): ANDRÉ AUGUSTO GUTIERRES BEATI, RAFAEL AUGUSTO VALENTIM DA CRUZMAGDALENA
Prof. Orientador: Dr. André Augusto Gutierrez Beati
Rafael Augusto Valentim da Cruz Magdalena
Carolina Doricci Guilherme
Chaiene Nataly Dias
David Aguiar Ferreira Jr.
Graziele Aparecida da Silva Raimundo
CARVÃO ATIVO DE MATERIAIS ALTERNATIVOS
COMO ADSORVENTE DE POLUENTES
AMBIENTAIS
Apoio:
Bragança Paulista
2019
Resumo
São inúmeros os fatores que agravam as crises ambientais enfrentadas hoje em dia, o
descarte incorreto de resíduos industriais por exemplo, onde até mesmo resíduos
altamente prejudiciais à natureza e à saúde são descartados em solos e recursos hídricos
sem ao menos ter tido tratamento prévio, o que acarreta em sérios danos ao meio ambiente
e em muitos dos casos irreversíveis.
Atualmente, o carvão ativo é conhecido por sua excelente capacidade de adsorção, onde
o mesmo é utilizado até mesmo na medicina para casos de envenenamento, que quando
em contato com o organismo do indivíduo intoxicado acaba adsorvendo essa substância.
Este carvão pode ser obtido pelo processo de pirólise de diversos materiais, trazendo o
benefício do reaproveitamento dos mesmos. Levando em consideração as propriedades
adsortivas já conhecidas do carvão ativo comercial, este pode também, após sucessivos
estudos ser utilizado para adsorver poluentes encontrados em recursos hídricos, tais
como, rios, mares, lagos, entre outros e até mesmo no solo, podendo estes poluentes serem
herbicidas e agrotóxicos, metais pesados, corantes alimentícios e até mesmo
hidrocarbonetos de petróleo.
Tendo em vista esses fatores, essa pesquisa tem por objetivo o reuso de materiais residuais
que muitas das vezes não têm utilidade perante a indústria ou são altamente prejudiciais
quando tratados de forma incorreta, como PET, lodo e couro de curtume, transformando-
os em carvão com o intuito de adsorver poluentes da água e do solo que são difíceis de
tratar, e acabam aderindo ao solo ou à água de tal forma que se torna complexa a
separação.
Esses materiais são pirolisados em um reator tubular a uma temperatura controlada,
posteriormente é feito um processo de ativação com ácido sulfúrico ou nítrico ou até
mesmo cloreto de zinco, e esse carvão é submetido a testes de análise térmica,
espectroscopia e turbidimetria para comparação com o carvão comercial, e posterior teste
de adsorção de possíveis poluentes.
Além disso, este projeto tem o objetivo de analisar o desempenho desse carvão (carbono)
como matriz de EDG (Eletrodo de Difusão Gasosa), observando seu desempenho na
eletrossíntese de H2O2.
Palavras Chave: Carvão Ativo, Adsorção, Poluentes.
Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 5
OBJETIVO ................................................................................................................... 6
JUSTIFICATIVAS ........................................................................................................ 7
1. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO .................................................................. 8
1.1 Caracterização do Carvão Ativo ......................................................................... 8
1.1.1 Definição e História ........................................................................................ 8
1.1.2 Produção ........................................................................................................ 8
1.1.3 Utilização ....................................................................................................... 9
1.1.4 Carvão Pirolisado a partir de Resíduos Sólidos .......................................... 9
1.2 Propriedades Físico-Químicas .......................................................................... 11
1.2.1. Definição ..................................................................................................... 11
1.2.2 Propriedades Físico-Químicas do Carvão ...................................................... 11
1.3 Caracterização dos Poluentes ........................................................................... 12
1.3.1. Definição ..................................................................................................... 12
1.3.2. Poluentes Selecionados ................................................................................. 12
1.3.3. Efeito dos Poluentes ..................................................................................... 13
1.4 Peróxido de Hidrogênio .................................................................................... 13
1.5. Análise Térmica Diferencial (DTA) ................................................................. 14
2. MÉTODO ............................................................................................................ 15
2.1 Carvão de Couro in natura (Couro de Curtume) ........................................ 15
2.1.1. Pirólise do Carvão ....................................................................................... 15
2.1.2 Ativação do Carvão ...................................................................................... 15
2.1.3 Teste de Filtração ......................................................................................... 15
2.2 Carvão de PET (Politereftalato de Etileno) .................................................. 15
2.2.1. Pirólise do Carvão ....................................................................................... 15
2.2.2 Ativação do Carvão ...................................................................................... 16
2.2.3 Teste de Dispersão ........................................................................................ 16
2.2.4 Teste de Adsorção ......................................................................................... 17
3. ANÁLISE TÉRMICA (DTA) ................................................................................ 17
3.1 Método .............................................................................................................. 17
3.2 Procedimento .................................................................................................... 18
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................... 19
4.1. Pirólise ............................................................................................................. 19
4.2. Maceração e Influência da densidade ............................................................ 19
4.3 Teste de Dispersão ............................................................................................ 20
4.4 Comparação dos Gráficos de Densidade e de Dispersão .................................. 20
4.5 Teste de adsorção .............................................................................................. 21
4.6 Análise DTA ..................................................................................................... 23
4.7. Análise Extra do Couro in natura.................................................................... 26
5. Conclusões Gerais................................................................................................. 27
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 28
INTRODUÇÃO
A geração atual (adultos e jovens) carrega uma grande responsabilidade: evitar
que os problemas ambientais tornem-se irreversíveis no futuro (muitos dizem que temos
apenas 10 anos antes de cruzarmos um ponto de irreversibilidade). [1]
Por meio da técnica, o ser humano consegue usar o conhecimento que tem da
natureza a favor de seus próprios interesses, mas nem sempre atua de forma a respeitar o
equilíbrio natural, provocando dessa forma a degradação ambiental. É preciso ficar atento
a morte dos oceanos, os riscos do desmatamento, que cria desertos, bem como os efeitos
danosos da industrialização e da urbanização descontroladas. Essa interferência
predatória atingiu tal nível que exige de todos nós não só a conscientização desse grave
problema, como também a ação efetiva e urgente no sentido de reverter esse processo
para produzir um desenvolvimento sustentável. [2]
A capacidade do meio ambiente está comprometida, os recursos naturais estão
cada vez mais escassos e a natureza não mais está absorvendo a poluição, a degradação
da água, do solo e do ar. Não é possível continuar expandindo a ocupação e a alteração
na superfície sem causar impactos ambientais e principalmente sobre o solo, que é o palco
da humanidade. [3]
O tema proposto relaciona o progresso econômico, social e ambiental, ou seja, o
tripé responsável pelo desenvolvimento sustentável. A busca é por encontrar
possibilidades nas características do carvão ativo como filtrante de poluentes.
OBJETIVO
Trata-se de um projeto que tem como objetivo submeter o carvão ativo de material
residual a substâncias poluentes e identificar a capacidade de reação do mesmoo como
remediador destas substâncias.
Com o enfoque eletroquímico, ainda tem por objetivo de avaliar os processos
eletroquímicos de tratamento de efluentes industriais que contenham compostos
orgânicos, via oxidação de H2O2 eletrogerado, utilizando eletrodos de difusão gasosa
modificados com óxidos térmicos de CeO2. Serão estudados processos de degradação de
compostos orgânicos da indústria têxtil, da indústria farmacêutica e também de
agrotóxicos. Como objetivo secundário também se espera estudar a substituição da matriz
condutora, por fontes alternativas de obtenção de carvão ativo.
JUSTIFICATIVAS
O carvão ativo é um mineral de origem orgânica com um grande potencial
filtrante, é obtido a baixo custo e possui diversos uso domésticos e medicinais. [4]
A sua utilização em poluentes mais severos para o meio ambiente pode ser uma
solução potencialmente de baixo custo e alto rendimento. Além de se tornar um material
útil a todos os setores da sociedade.
1. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
1.1 Caracterização do Carvão Ativo
1.1.1 Definição e História
O carvão já era bastante conhecido pelos povos antigos, principalmente egípcios
e gregos que o utilizavam para desintoxicação, até mesmo os povos indígenas-americanos
o utilizavam para esse fim. No entanto, somente em meados do século XIX apareceram
os primeiros relatos públicos de experimentos que comprovam sua funcionalidade em
neutralizar venenos letais [5].
É um material de carbono, com porosidade muito desenvolvida, o que lhe
proporciona a possibilidade de reter selecionadas partículas de gases, líquidos ou outras
impurezas em seus poros, sendo que o tamanho desses poros auxilia na seletividade do
que será retido, de acordo com o tamanho das partículas.
Devido a essa característica ele é conhecido como adsorvente universal, possuindo
uma superfície interna larga que se situa numa rede de poros estreitos, onde ocorre a maior
parte do processo de adsorção.
1.1.2 Produção
O carvão ativo pode ser obtido a partir de diversos materiais, os mais utilizados
são aqueles denominados lignocelulósicos1 (madeira e materiais alternativos como casca
de coco ou noz ou até mesmo sementes e ossos).
Esses materiais são transformados em carvão a partir de uma queima controlada
com baixo teor de oxigênio (entre 800°C e 1000°C), sem que haja a queima total do
material para preservação de sua porosidade.
Pode-se destacar dois métodos distintos de sua preparação:
1 Pode ser definido como materiais fibrosos, que formam matrizes complexas constituídas de celulose, um polímero rígido de glicose, hemicelulose, pectina e outras gomas. (Apostila 4. Papel e Celulose. pg. 02) [6].
Químico: método de passo único, que ocorre na presença de agentes químicos, utilizando
geralmente, temperaturas menores (quando comparado com os físicos), o que permite
preservação maior da porosidade. Também possui maior rendimento.
Físico: trata-se da carbonização do material, seguido da ativação por agentes ativantes,
como CO2 ou vapor. (adaptado de MORENO-PIRAJA, J.C.; GIRALDO, L., 2009). [6]
1.1.3 Utilização
O Carvão Ativo (CA) é um importante auxiliador da medicina no tratamento de
intoxicações, onde o mesmo entra no organismo do indivíduo e adsorve o máximo
possível do material tóxico, deixando uma quantidade muito pequena ou nula para o
organismo absorver.
Atualmente vem ganhando um amplo espaço no controle de poluição ambiental,
sendo utilizado como adsorvente para a remoção de compostos orgânicos e outras
substâncias tóxicas em efluentes industriais ou até mesmo, vem sendo utilizado para a
remoção de íons metálicos (altamente prejudiciais à saúde) de águas residuais.
Além dessas aplicações, também pode ser utilizado industrialmente como filtro,
devido suas características porosas, para adsorção de gases, por exemplo.
1.1.4 Carvão Pirolisado a partir de Resíduos Sólidos
O Brasil encontra-se, atualmente, em falta de matéria-prima para a produção de
carvão ativado. Embora este insumo venha desempenhando um papel muito importante, ele
possui uma produção inferior à sua crescente demanda. Em relação a isso, estudos
referentes à preparação de carvão ativado produzidos a partir de resíduos podem nos trazer,
além de benefícios ambientais, soluções na busca por matérias-primas mais baratas e
abundantes [7]. O custo de produção dos carvões ativados é considerado relativamente alto.
Entretanto, os resíduos gerados da cana-de-açúcar, do PET e do couro são materiais de
baixo custo devido à sua produção em larga escala e abundância.
O carvão produzido a partir da cana-de-açúcar apresenta boa distribuição de poros,
elevada área superficial e capacidade de adsorção. Além dos bons resultados que se
consegue obter, o bagaço de cana é um importante subproduto da agroindústria brasileira e
encontrar utilidade para este material pode ser bastante rentável para essas indústrias.
O Brasil é o maior produtor mundial de cana, tanto para indústrias de álcool como
de açúcar. De acordo com o levantamento oficial da CONAB, órgão do Ministério da
Agricultura do Brasil, a produção nacional de cana em 2008/2009 foi estimada em cerca de
558 milhões de 11 toneladas. Em média, 280 kg de bagaço de cana contendo 50% de
umidade são produzidos por tonelada de cana processada. Nestas indústrias, o bagaço é
queimado para produzir energia para usinas de açúcar, mas a quantidade restante ainda é
significativa, cerca de 40 a 30 % do total gerado.
Considerando a enorme quantidade de PET produzido no Brasil e no mundo, é de
grande importância encontrar alternativas para reutilizar esse material. Afinal, o seu tempo
de degradação no meio ambiente pode levar mais de 100 anos para ser concluído e as
maneiras tradicionais de reutilização do material são insuficientes [8]. Desse modo, o
investimento tecnológico para novas formas de reutilização do resíduo está cada vez maior,
uma vez que, esse material, quando reciclado, possui baixo custo e grande facilidade de
obtenção, sendo, portanto, muito acessível [9 e 10]. Portanto, uma nova alternativa é o reuso
do PET reciclado (embalagens de refrigerante) para produção de carvão ativado, sendo que
este será utilizado posteriormente para remoção de matéria orgânica em efluentes. Sendo
assim, uma alternativa duplamente eficiente para o bem-estar social e ambiental, uma vez
que a matéria-prima para o carvão ativado será uma forma de reciclagem e a sua utilização,
uma forma de tratamento para efluentes contaminados.
1.2 Propriedades Físico-Químicas
1.2.1. Definição
Toda matéria (que ocupa lugar e tem massa) possui suas próprias características.
Propriedades Físico-Químicas pode então ser definida como toda e qualquer propriedade
da matéria.
Pode-se dividi-la em dois grupos, os químicos e os físicos. Sendo os Químicos
aqueles que definem as transformações e particularidades da substância em si, como
eletronegatividade ou positividade, raios atômico e iônico, entre outras, a partir daí
podendo definir características como reatividade, entalpia de formação e inflamabilidade,
por exemplo. Enquanto as físicas estão mais relacionadas com as características dos
corpos em si como ponto de fusão, ebulição, densidade e afins.
1.2.2 Propriedades Físico-Químicas do Carvão
É possível descrever o carvão ativo como um sólido de forma microcristalina,
microporoso, de coloração negra e carbonoso. Possui ponto de fusão superior a 3500°C.
Quando se encontra compactado possui grande porosidade o que auxilia em sua
capacidade de adsorção, podendo adsorver gases líquidos e diversas outras impurezas.
Figura 1. Exemplo dos poros do carvão ativado.
1.3 Caracterização dos Poluentes
1.3.1. Definição
Pode-se compreender como poluentes todo e qualquer detrito que é dispensado
em um ambiente (solo, águas de rios e mares, ar atmosférico), onde o mesmo não
consegue se adaptar a esse detrito, que acaba causando grandes prejuízos a esse ambiente,
destruindo o equilíbrio dos ecossistemas presentes e no equilíbrio ecológico causando
danos ambientais.
Um exemplo de poluente bastante conhecido é o óxido de carbono, que é um
poluente atmosférico que pode ser gerado por escape de veículos e de alguns processos
industriais.
1.3.2. Poluentes Selecionados
a) Chorume: Encontrado em solos onde funcionam aterros sanitários, quando em
contato com o solo ou com a água é altamente poluente. Ele é um líquido escuro rico em
matéria orgânica, possuindo o agravante de que a matéria orgânica quando entra em
decomposição libera também diversos tipos de gases poluentes.
b) Metais Pesados: A contaminação por metais pesados nos solos é algo bastante
grave, já que os mesmos acabam causando danos à saúde. Aqueles encontrados em sua
forma solúvel são os mais perigosos, pois o metal encontra-se na forma iônica e acaba
sendo facilmente absorvido pelo solo.
c) Hidrocarbonetos: solos de postos de gasolina desativados, por exemplo, são
inutilizados devido a presença desse contaminante. Quando absorvido pelo solo sua
remoção é muito difícil. Nestes postos existem tanques de gasolina (derivados do
petróleo, portanto hidrocarboneto), que devido algum vazamento ou até mesmo por sua
localização acabam entrando em contato com o solo, quando estes postos são desativados,
não se pode fazer mais nada no local, e o solo perde o uso.
Estes poluentes foram escolhidos devido ao grau de prejuízo que trazem ao solo,
procurando sempre a recuperação para reuso do mesmo. Um deles, o Chorume, já existe
meios de retirá-lo, alguns pesquisadores estão testando formas de torna-lo água potável,
no entanto, sempre importante outras opções de tratamento. Os hidrocarbonetos já são
um caso mais complexo, eles se aderem ao solo com extrema facilidade e sua remoção é
bastante complexa.
1.3.3. Efeito dos Poluentes
Os poluentes podem trazer para o solo alterações geológicas, paleontológicas ou
fisiográficas [11]. Podem também remover a camada vegetal (se existente) causando
erosão, podem alterar também as características essenciais do solo, como a densidade,
consistência e teor de matéria orgânica.
1.4 Peróxido de Hidrogênio
Quando se leva em consideração a questão da preservação, o peróxido de
hidrogênio mostra-se como um reagente único, já que o produto produzido na
decomposição é a água. Como oxidante, sua utilização abrange a oxidação seletiva e a
manufatura de compostos orgânicos, branqueamento de polpa na indústria de papel, e
no tratamento de efluentes aquosos, é responsável pela mineralização de diversos
compostos orgânicos. [12]
O peróxido de hidrogênio (H2O2) é uma substância altamente oxidante mais
versátil existente com aplicação em diversas áreas, como alternativa ao uso do cloro
gasoso (Cl2). Pode ser manipulado tanto na forma isolada quanto na combinada. A
escolha do método depende das necessidades do processo. A seletividade do H2O2
quando tratada sob certas condições experimentais, como o controle da temperatura,
concentração, tempo de reação, adição ou não de catalisadores, deve a sua versatilidade
e consequentemente sua vasta aplicação. [13] A produção de H2O2 em Eletrodos de
Difusão Gasosa (EDG) é fundamentada na redução catódica da moléculas de oxigênio
em meio aquoso. Este tipo de eletrodo não sofre limitações impostas pela concentração
de gás no meio e nem pela difusão de moléculas de O2 do centro da solução até a
superfície do eletrodo, como nos eletrodos convencionais.
1.5. Análise Térmica Diferencial (DTA)
A análise térmica diferencial (DTA) é uma técnica térmica de medição contínua
das temperaturas da amostra e de um material de referência termicamente inerte, à
medida que ambos vão sendo aquecidos ou resfriados em um forno. Estas medições de
temperatura são diferenciais, pois se registra a diferença entre a temperatura da
referência (Tr), e a da temperatura da amostra (Ta), ou seja (Tr – Ta = ΔT), em função
da temperatura ou do tempo, dado que o aquecimento ou resfriamento são sempre feitos
em ritmo linear (dT/dt = Cte).
Como resultado disso é produzido um termograma diferencial. O termograma
diferencial pode apresentar os máximos e mínimos que são chamados de picos; os
máximos são resultados do processo exotérmicos, ou seja, calor liberado da amostra
causando o aumento da temperatura; os mínimos são consequências de processos
endotérmicos no qual o calor é absorvido pelo analito.
As reações endotérmicas incluem desidratação, redução em uma atmosfera
gasosa e decomposição. Já as reações exotérmicas incluem a oxidação no ar ou na
presença de oxigênio, polimerização e reação catalíticas.
Figura 2. Desenho esquemático de um aparelho de DTA.
2. MÉTODO
2.1 Carvão de Couro in natura (Couro de Curtume)
2.1.1. Pirólise do Carvão
Inicialmente o couro foi seco na mufla a uma temperatura de 120°C por
aproximadamente duas horas, em seguida, teve inpicio a pirólise em uma temperatura de
250°C, tal como foi o processo realizado com o lodo, descrito nos itens anteriores.
2.1.2 Ativação do Carvão
Neste caso o ácido escolhido foi apenas o ácido sulfúrico em uma concentração
de 1 mol/L, onde o carvão já pirolisado foi colocado em banho de 24 horas. Ao terminar
esse período, o mesmo foi retirado do banho, filtrado, e realizado uma sequência de cinco
lavagens com água destilada para neutralização do pH, que estava baixo devido a acidez
trazida pelo ácido.
2.1.3 Teste de Filtração
O único teste realizado nesse carvão foi o de filtração com vinho, onde o carvão
tanto puro quanto o ativado, foram submetidos a um processo de filtração de vinho, para
observação visual da mudança de pigmento, para posterior observação de adsorção do
corante presente na bebida.
2.2 Carvão de PET (Politereftalato de Etileno)
2.2.1. Pirólise do Carvão
O PET foi previamente selecionado e foi enviado para a pirólise em um reator
isolado termicamente e hermeticamente, o que fez com que não houvesse entrada de gás
oxigênio, com um tambor rotativo a uma temperatura de 750°C que foi mantida por um
controlador, os carvões foram obtidos a partir do sistema de extração do reator.
Figura 3. Reator Rotativo da Vautec Equipamentos
2.2.2 Ativação do Carvão
O carvão foi saturado com cloreto de zinco que foi usado como agente ativante
dos carvões em uma proporção de 1:1 em massa. Logo após este processo os compostos
de carvão com ácido foram secos em estufa na temperatura de 100°C por 24 horas e
foram levados a mufla na temperatura de 500°C por três horas. Após este processo as
amostras ficaram por 1 hora em banho aquecido com a solução ácida de HCl (2 mol/L),
assim sendo foram lavadas com água destilada até o pH ficar neutro. Para concluir as
amostras foram para estufa na temperatura de 100°C e permaceram por 24 horas com
intuito de secá-las.
2.2.3 Teste de Dispersão
Foi realizado um teste de dispersão utilizando um béquer contendo 50 mL de
água e foi analisado a dispersão. A turbidez das amostras de carvões também foi medida
utilizando um turbidímetro em relação ao tempo, tornando-se a medição inicial com
tempo igual a zero das amostras agitadas, as outras medidas foram feitas levando em
consideração a decantação das amostras.
2.2.4 Teste de Adsorção
Foram realizados testes de adsorção com vinho Chapinha para construir a curva
de calibração com os dados obtidos com um espectrofotômetro com onda de 470nm.
Para analisar a adsorção foi colocado 2,5g de carvão em um filtro de 4µm e filtrou o
vinho que foi diluído a 50%. Logo após a filtração foi medido a absorbância das
amostras com o espectrofotômetro com onda de 470nm.
3. ANÁLISE TÉRMICA (DTA)
As amostras de carvão de couro de também de PET foram submetidos a testes de
análise térmica diferencial, para comparação com o carvão ativo comercial.
3.1 Método
A partir da Análise Térmica Diferencial é possível acompanhar a variação da
temperatura da amostra em relação à referência. A figura 4 apresenta o equipamento
utilizado para este fim:
Figura 4. Equipamento DTA do Laboratório de Farmácia da USF.
Pelo programa da Netzsch e aparelho DTA é obtido as curvas da análise do
material, a programação do equipamento é apresentada pelo fluxograma a seguir:
Figura 5. Passos para criar análises no DTA
3.2 Procedimento
Pesou-se em balança analítica o cadinho do DTA, anotou-se a massa, colocou-se
5 mg da amostra a ser analisada no cadinho, inseriu-se no aparelho e encaixar a tampa.
Com o computador e equipamentos DTA ligados, abriu a pasta da Netzsch e abriu
programa do DTA e criou novo arquivo para a análise. Adicionou o nome do operador,
nome da amostra, peso do cadinho e da amostra e peso da amostra de referência colocar
zero, clicou em continuar. Salvou arquivo na pasta do programa e continuou, com a
nova aba adicionou as temperaturas inicial, final e de segurança e continuou, clicou em
start para o início da análise, conforme o tempo foi passando as curvas foram
aparecendo no gráfico até o fim da análise.
Como amostra inicial utilizou o carvão ativo comercial, o carvão pirolisado do
bagaço e posteriormente da folha da cana-de-açúcar. A temperatura inicial das análises
foi de 20°C, temperatura final de 1000°C e temperatura de segurança de 1010°C com
razão de aquecimento de 10°C/min, com esses parâmetros o tempo de análise foi de
1:38 horas.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. Pirólise
Sabe-se que o reator que foi utilizado para pirólise das amostras teve influência
direta na estrutura dos carvões obtidos, porque mesmo sendo hermeticamente fechado o
seu interior não é inerte, isto é a presença de gás, o que fez com que gases liberados na
pirólise tivessem contato direto com as amostras de carvões. Outro fator a ser
considerado foi a contínua retirada das amostras de carvão pela gaveta do reator que
evitou criar cinzas no carvão fornecendo assim um carvão de alta qualidade.
4.2. Maceração e Influência da densidade
Os carvões foram macerados com a utilização de um cadinho e um pistilo após a
pirólise, segue na figura 6 os carvões macerados, onde pode-se observar a diferença de
granulometria que também foi constatada no estudo de densidade das amostras de
carvão, como pode-se observar no gráfico da figura 7.
Figura 6.. Carvões macerados.
Figura 7.. Gráfico de densidade das amostras de carvão.
4.3 Teste de Dispersão
No teste de dispersão as amostras foram mantidas em repouso por uma semana,
e mesmo assim ainda se notou que a amostra de carvão comercial ainda possuía alguns
grânulos dispersos que foi a amostra com menor densidade. Pode-se notar visualmente
os grânulos dispersos na figura 8.
Figura 8. Imagem dos grânulos de carvão dispersos em meio aquoso.
4.4 Comparação dos Gráficos de Densidade e de Dispersão
Tendo o gráfico densidade é possível fazer uma comparação com o gráfico de
dispersão que é baseado nos dados obtidos no ensaio de turbidimetria onde se esperava
que os carvões com menor densidade apresentassem maior dispersão, mas contudo este
não foi o resultado obtido, como pode-se analisar no gráfico de dispersão da figura 4, o
carvão de couro mesmo tendo uma maior densidade comparada as outras amostras
possui uma maior dispersão comparada a outra amostra de carvão de PET que tem uma
densidade um pouco menor. Já o carvão comercial que obteve uma menor densidade
teve uma grande dispersão e o carvão de PET que possui uma densidade maior que a do
carvão comercial também teve uma alta dispersão. Como pode-se constatar no gráfico
da figura 9 a única amostra que fugiu do esperado foi a de carvão de couro.
Figura 9. Gráfico de dispersão das partículas das amostras de carvão pelo tempo.
4.5 Teste de adsorção
Para realizar o ensaio de absorção dos carvões foi construído, primeiro uma curva
padrão de absorbância do vinho, assim sendo foi possível obter a equação da reta e
calcular a porcentagem de vinho adsorvida pelos carvões. A equação da reta e a curva de
absorbância se encontram na figura do gráfico 10. Na filtração inicial utilizou vinho e
água na proporção de 1:1, isto se fez necessário porque a quantidade de corante no vinho
fazia estourar a absorbância quando foi realizada a leitura apenas com o vinho.
Figura 10. Gráfico de absorbância.
Após os experimentos de adsorção foi possível obter a absorbância e a
porcentagem de vinho adsorvida pelas amostras, que pode ser observado na figura do
gráfico 11, notou-se que em relação ao carvão comercial nenhuma amostra mostrou
resultado satisfatório de adsorção e devido a isto veio a necessidade de tentar fazer uma
ativação química nas amostras, então após esta tentativa de ativação química obteve-se
um novo gráfico de absorbância e porcentagem de vinho adsorvida gráfico da figura 12.
Figura 11. Gráfico de absorbância e porcentagem de vinho adsorvida após a filtração.
Figura 12. Gráfico de absorbância e porcentagem de vinho adsorvida após a filtração com
ativação química.
Pode-se constatar que após a ativação química com cloreto de zinco e ácido
clorídrico das amostras de carvão quando foi realizado novamente os ensaios de
adsorção via filtração de vinho, houve uma melhora significativa na adsorção no carvão
de couro porém o mesmo não aconteceu com o carvão de PET, logo nota-se que os
resultados não foram satisfatórios novamente quando comparados ao carvão comercial.
4.6 Análise DTA
As amostras de carvão de resíduo sólido de couro in natura e de PET foram
submetidas ao DTA e seus gráficos foram comparados com o do carvão ativo comercial,
mostrado na figura 13.
Figura 13. Gráfico do Carvão Comercial
Nota-se que o primeiro pico que é o de perda de água ficou bastante elevado, o
que demonstrava que o carvão se encontrava úmido, ele então foi seco em uma estufa
em um período de aproximadamente 24 horas. Obteve-se então a seguinte curva:
Figura 14. Gráfico do Cravão Comercial Seco
A seguir analisou-se o carvão de couro, obtendo a curva a seguir:
Figura 15. Gráfico do Carvão de Couro
Comparando as curvas do carvão comercial com o de couro, pirolisado em
laboratório, pode-se observar que a maior parte dos picos de ambos é exotérmica, no
entanto, o carvão comercial possui dois picos endotérmicos que mesmo não sendo
grandes picos, ainda assim existem, no entanto, o carvão de couro não apresenta picos
endotérmicos que sejam significativos.
Enfim, analisou-se o couro in natura, para observar as diferenças entre ele e o
carvão obtido a partir dele, obtendo a seguinte curva:
Figura 16. Gráfico do Couro In Natura
Os dois gráficos foram comparados, obtendo a seguinte imagem:
Figura 17. Comparação dos dois gráficos
A curva em verde é a do carvão de couro e a vermelha a do couro, pode-se notar
que a área do pico maior do carvão é maior que a do de couro, ambos possuem em sua
maioria picos exotérmicos, sem picos endotérmicos significativos, mas o gráfico do de
couro possui mais eventos (picos) que o de carvão.
Posteriormente, analisou-se as curvas obtidas no gráfico do carvão de PET,
como mostra a figura 18.
Figura 18. Gráfico do Carvão de PET.
No gráfico de carvão de PET se analisado a 49°C pode-se observar uma mudança da
linha base que pode significar uma transição vítrea ou transição da capacidade
calorífica. O pico exotérmico pode classificar uma reação oxidação ou adsorção. De
850,8°C até 1000°C acontece a decomposição.
No entanto, fazendo um comparativo geral entre os carvões de couro e PET e o
comercial, eles possuem um gráfico muito semelhante, o que demonstra que os carvões
obtidos laboratorialmente chegam perto do esperado, tendo agrupamentos similares.
4.7. Análise Extra do Couro in natura
Tendo e vista que os resíduos de curtume são altamente prejudiciais à saúde
humana e ao meio ambiente, devido à presença de cromo hexavalente em sua
composição, foi realizado um teste extra no couro para observar a porcentagem de
cromo existente. Foi checado todos os picos no scan do ICP e calculando todos os
resultados da varredura da amostra de couro pode-se obter a seguinte tabela
Tabela 1 valores obtidos no scan do ICP.
Mg/Kg Cr Fe Mn K Li Al
Couro 0,8043 %m/m 573,7705 33,44262 20,98361 28,19672 337,7049
Todos os valores da tabela estão em mg/Kg exceto o valor da massa de Cromo
que por estar em maior quantidade foi passado para %m/m.
5. Conclusões Gerais
Quase todas as amostras apresentaram características semelhantes com a
referência, carvão ativo comercial, apontando que estas podem ser utilizadas como
alternativas sustentáveis para produção de carvão ativo. No entanto, deve-se ainda
realizar análises no aparelho de Termogravimetria (TGA) para acompanhar a
desidratação, oxidação, combustão, decomposição das amostras. Assim é possível
descobrir as características dos carvões pirolisados e comparar com o carvão ativo
comercial, para futuramente fazer a substituição do carvão ativo convencional pelo
carvão pirolisado para construção do EDG e posteriormente produção do H2O2.
Aqui, foram pesquisados alguns materiais alternativos que são considerados
muitas vezes como lixo, e que na realidade podem ser aproveitados para algo que traga
um retorno positivo para o meio ambiente, sendo transformados em carvão. O carvão
ativo, mesmo que ainda em estudo, pode ser utilizado como uma alternativa muito boa,
para solução desse grave problema.
Contudo, pode-se observar a partir dessa pesquisa, que o carvão pode apresentar
resultados satisfatórios dentro dos objetivos propostos nesse mesmo projeto, pode-se
observar a partir das análises realizadas nos carvões obtidos laboratorialmente, que cada
material utilizado como matéria-prima para a pirólise reage e se comporta de maneira
diferente, o que dá margem e abertura para novas pesquisas e análises, afim de
aperfeiçoamento da técnica.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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