caso há a diferença do porte do Correio...

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Í^W!^^W!^!W"WWPJP S. PAULO :( BRASIL') Sábado, 7 de setembro de 1912 ^ X"^ Redacção e administração Largo da n. 5 (Sobrado) CAIXA POSTAL, igS Endecêço teleg^afico: LANTERNA Dirigir toda a correspondência ao DIRECTOR : EDUABD L.IÍSJJEMKOTH ²<oV ANO XI 155 APARECE AOS SÁBADOS ANTICLERICAL E DE COMBATE ASSINATURAS : ANO I0S0OO SEMESTRE 6S0OO PAGAMENTO ADIANTADO Nas assinaturas para o exterio. a diferença do porte do Correio "caso Idalina" Idalina nfto se encontra em Buenos Aires nem em Vila Peai 0 desapontamento dos jornalões Onde está Idalina ? Ainda uma vez voltamos a ocupar a atenção dos nossos leitores com o, para os padres, malfadado caso Idalina. E não será a ultima, porque não sa- bemos se e quando o po lere- mos deixar entiegue ao juizo inexorável da historia dos cri- mes da casta clerical. Dar combate sem tréguas ao nefasto clericalismo e ás em- brutecedoras crenças que lhe servem de esteio é a missão desta folha. E para o povo se convencer de que essa corja negra outro fim não tem senão combater todos os grandes ideais de pro- gresso e de justiça, de que a negregada casta do.s discípulos de Loyola vive para o man- ter na ignorância e explora-lo livremente, para que o povo chegue a vêr no clero o seu mais perigoso inimigo é preciso que o arranquemos dos imundos esconsos onde vive, chafurda- do na maior objecção moral, a forjar os seus planos tene- brosos contra os homens de pensamento livre. E' preciso abalar no espirito do povo crente o seu sagrado respeito pelo padre que lhe alimenta as crenças rançosas e de quem obedecem cegamente os nefastos conselhos. Para [se conseguir arredar os crentes da igreja —• o objecto da' sugestão, e do convívio do clero o factor máximo de todas as sujeições tirânicas, para se arrancar o povo do dominio do padre é necessário que lhe mostremos quanto é perigoso e aviltante o contacto com semelhante réptil, cheio dos vicios próprios da sua con- diçáo e da moral de alcoice que o cerca. E são essas as razoes porque não nos cançaremos de aqui denunciar os seus constantes crimes, procurando com isso evitar que se lhe entreguem as pobres crianças desemparadas, vítimas imbeles dos seus im- petos de sadismo. Batendo-nos para a descoberta do mistério cognominado «caso Idalina», nada mais fize- mos do que cumprir o nosso programa de combate ao cleri- calismo, patrocinando uma cau- sa justíssima, como é a defesa dos filhos do povo. Idalina, a pobre orfãzinha entregue aos cuidados dos pa- dres do Orfanato Cristovam Colombo, desapareceu miste- riosamente, sem que dela nun- ca mais se soubesse o para- deiro. Os abutres que se aninham nesse antro de embrutecimento moral, da pobre criança deram sumiço, defendendo-se depois forjando as mais vergonhosas farsas, as mais grosseiras mis- tifieações, uma a uma por nós depois desfeitas. A acusação feita contra os padres desse abrigo continua de sem ter sofrido o mini- mo abalo. Os giandes histriões com as suas tentativas de defe- sa não tèm feito outra coisa senão enterrar ainda mais no charco das suas infâmias. Tentando alimentar no pu- blico a duvida que ainda possa existir do triste fim que teve a desventurada Idalina, procuram fazer crer ainda andar a sua procura. E de vez em quando surge pYaí uma nova;Idalina, conse- guida por meio das suas assás conhecidas artimanhas. Ainda ha pouco berraram os jornais aos quatro ventos o aparecimento da pobre Idalina, contemporaneamente em Vila Real de Trás-os-Montes e em Buenos Aires... < Os jornais nossos inimigos sistemáticos exultaram, gru- nhindo em letras garrafais que iam ter um fim «as manobras interessadas dos inimigos do padre Faustino, entre os quais avultam os anticlericais de S. Paulo», os padres chegaram a fazer alegres excursões pelos mapas geográficos para mos- trar aos jornalistas que os foram intervistar onde se en- contrava a Idalina... Como sempre, nós estava- mos para lhes desmanchar a festa. Afirmamos então que a noti- cia do aparecimento da Idalina não passava de uni novo ca- nard atirado ao publico pelos padres do Orfanato com o tim de o mistificar. Dissemos isso e nos compro- metemos a provar que Ida- lina não aparecera nem em Buenos Aires nem em Vila Real. De Buenos Aires publica- mos duas cartas do amigo a quem pedimos que deslindasse o caso da Idalina portenha. Hoje podemos inserir mais uma sua carta com a qual fica deli- nitivamente desfeito o novo boato divulgado pelos padres. Eis a carta do nosso pres- tante amigo: Caro Edgard : Conforme te informe' na minha ultima carka, eu e o companheiro a quem na mesma me referia, pro- cedemos a uma minuciosa investi- gação no intuito do nilo deixar nada incompleto para cumprir o melhor possivel a missão Hue me confiaste. Além de informar-nos com os moradores actuais do local da "cal- le" Talcahuano, 218, procuramos os antiguos moradores que, segundo nos informaram, eram uns espa- nhois que exploravam com os cor- pos de duas ou trez raparigas. Chegamos a encontra-los, mas nada absolutamente nada pudemos apar- nhar-lhes a respeito da estadia de Idalina nesta cidade. Depois, o dito companheiro, que dispunha para isso de bastante tempo, procedeu sozinho a uma busca geral pelas casas onde são exploradas as desgraçadas que caem, e tambem esta tarefa resultou ne- gativa para achar qualquer vesti- gio da passagem cia pobre vítima por esta cidade. Podes, pois, estai certo quo a tal noticia da existência em Buenos Aires da Idalina é outra tentativa de salvamento inventada pelos pa- dres. Assim, pois, creio que posso dar por terminado o que me competia fazer. Se tiver tempo, hei-de fazer uma noticia para os jornais liberais daqui. Do teu Luiz. O Estado do dia 2'í do mez passado tambem publicou uma noticia sobre a tal menina de Buenos Aires que os padres ti- nham escolhido para servir de instrumento na sua nova mis- tificação. Essa noticia do grande órgão não fez mais do que confirmar o que havíamos publicado a respeito, e hoje reforçado na carta acima inserida. Está, portanto, liquidada a Idalina argentina. Resta s agora a de Vila Real. No nosso próximo numero di- remos algo a respeito. O Mundo, de Lisboa, pu- blicou uma longa noticia acom- panhada dos retratos de Idalina e da Maria Magdnlena, rela- tando o caso desde o seu inicio. Do nosso correspondente recebemos uma carta dizendo- nos que a noticia do apareci- mento de Idalina em Vila Real não passa de mais uma gros- seira farsa dos padres do Orfa- nato, que ainda uma vez de- vem responder : —- Onde está Idalina? <y^r^^^^^yr";^::f : '''ti ___»«*''' ii^am*ii3iaKEiücsEK_ni;^^ía3a Embalado pelo povo inconsciente, vive o grande parasita estivado sobre a imbecilidade dos pobres de espirito e alimen- tando-se da ignorância dos ingênuos que dão credilo ás suas iiilrujices. Não mexam com eles! Ha dias foram espalhados pro- fusamente na velha capital ba- hiana boletins assinados por D. Majolo de Clagny com o tiiulo «Aviso ao povo» em que o abade dc S. Bento, que é ele Majolo, se opõe ao decre- to do governador que condena á desapropriação e demolição, no prazo de seis mezes, o Mos- teiro de S. Bento. Curto e incizivo, diz a im- prensa, o boletim do abade chama á ordem, em tom ris- pido, não o secretario, que lendo prometido ir ao conven- to examina-lo, não compareceu, como o governo que, diz, «pa- rece de tudo alheio ás normas da civilização». Gostei cío Majolo, sim se- nhores! E engula esta o Caboclo Velho. Agora é que vamos ver quem pode mais. A rinha promete... por mim jogo tudo no Majolo, e nem cinco réis no Bahiano, que é galo cançado e não agüenta mais tempo. Não, que Majolo não é ne- nhum Aurélio que se manda pôr na porta da rua a t^que de caixa por nenhum Sotero. Com ele fia-se mais fino. O padrinho que ele Caboclo tem no Catete coitado ! não é para ser comparado ao gran- de e poderoso José Sarto. Se duvidam, é experi- mentar. Porém vamos ao mais im- portante. Diz assim um trecho do ma- nifesto: «E' ao povo bahiano que me dii ijo para perguntar se deseja que os monjes dc S. Bento fiquem- na cidade do Salvador ou que se retirem para terras mais hospitaleiras, onde tanto o governo civil como o ecle- siastico estão anciosos por -nos receber.» Tendo nascido naquela tenra, não posso deixar de responder á pergunta acima e com todo o gosto. E' para dizer, s.r. abade, que voto para que vossa reveren- dissima e todos os jesuitas que ora e sempre fizeram a felici- dade e a prosperidade da Bahia fiquem e permaneçam em paz para gloria de Deus e goso da espécie a que pertenço. E ficareis, porque não havemos de consentir que ou- tros povos, como dizeis, ve- nham privar-nos das vossas preciosas pessoas e dos benefi- cios que sem contar vos nos prodigais. A cidade do Salvador é vossa. Nós nos opomos a que, a pre- texto de limpa-la e aformo- zea-la, venham mexer com o convento que é uma gloria da cidade. Sabemos, além disto, que as cidades modernas tornam-se lugares de perdição, o diabo apodera se dos seus habitantes, os quais deixam logo de fre- quentar\as igrejas e de levar o. cbulo àqueles que trabalham pela salvação das almas, dando o exemplo da renuncia aos bens deste mundo. Ouvia dizer que a ordem a que pertenceis é riquíssima, foi uma das maiores proprie- tarias de terras e de escravos da antiga provincia, porém tudo isso deve ser falso. No dia 3o do passado, pela manhã, apareceram pelas es- quinas das ruas boletins reacio- narios contra vós. O Diário da Bahia, que aliás está ao vosso lado, abriu um plebiscito para saber se os fra- des estrangeiros devem ou não permanecer na Bahia. Está claro que devem ficar, sim ! Então querem nivelar os fra- des com os operários ? ! Era o que faltava ! Isto aqui não é o atrasado Uruguay onde, além do divor- cio em vigor, praticam-se actos abomináveis, como este relato em telegrama ao Correio: «Montevidéo, 29 (Americana) Embarcaram para a Argen- tina as religiosas portuguezes e espanholas expulsas pelo go- verno dos conventos que ocupa- vam nesta cidade.» Felizmente nos achamos numa terra bem governada e que foi escolhida pela Virgem para asi- lo dos que estão sob a sua proteção e guarda. A propósito : Dizem por que o nosso Cardeal está informado que o Papa pretende tambem vir aqui residir, porque as coisas não vão muito bem pela Europa, de preferencia a mudar-se para Jerusalém, como a principio pensara. Quanta sorte I Adrecal. Rio, 1—9 912. Ha uma porção de santos que não teem outra origem senão as velhas lendas egípcias e a imaginação dos autores coptas. Essas narrativas fo- ram seguidamente admitidas no Oci- dente e foram transformadas em nar- rativas históricas, como a vida do grande S. Jorge, que a Inglaterra aceitou como patrono, muilo embora mlnca tenha e.vistido. fi ..', '''<- Malvert. PPiTOS_BBUÇOS Ia, pois, Moisés de regresso ao Egipto, quando lhe sai ao caminho, quem ? Um salleador de estrada ? Não ! O próprio Deus em pessoa, com intenção de o matar ! Este extraordinário Deus brigão, que gosta de experimentar as forças físicas dos seus protegidos, não se sabe porque nem para que. qui-: rc- petir com Moisés o gesto de capoeira pimpão que tivera antes com Jacob- Israel. Mas a astuciosa Séfora, mulher de Moisés, afugentou a Divindade, pregando-lhe um lerrivel susto. Com uma pedra agudissima. correu ao fi- lho c... circiincidoit-o I Em seguida, tocou nos pés do marido dizendo-lhe: ulu e para mim um esposo san- guiiiario.il Ouvindo eslas ultimas palavras. Deus ficou aterrado. «Sanguinário I Estou frito !„ pensou ele. E fugiu como uma lebre, livido de pavor e com o coração aos pinchos. Esta graciosa historia fiij lembrar outra, de Rabelais: o diabo, o lavra- dor e sua mulher. Enganado em varios contratos com um lavrador, u diabo desafia-o para um duelo d unha. O pobre agricultor aceita, mas julga- se de antemão vencido e morto e confia d mulher o motivo dos seus terrores c cuidados. ²Não te afiijas, homem, di-r-lhe ela. Sai de casa, e eu me encar- rego de receber o diabo. No dia marcado, chega o diabo e encontra a mulher do seu adversário debulhada em lagrimas : ²Ai! sr. diabo! Meu marido, que se prepara para um duelo d unhada, queria experimentar as unhas em mim. Fugi-lhe, mas ele então foi-se d nossa vaca, e com uma unha- fe\-lhe isto que o sr. esld vendo... E levantava a cauda da vaca... O demônio não qui-: ouvir mais e parou no inferno. O Conleiteiro. <? ^ <*»•»«>*«>?? <0 o-* <í> <*>? ijv 4> ?•?? <? Um milagre que se desfaz A voz da sciencia, pelo orgã,o medico dr. Henrique Roxo, ex- plica o fenômeno—Uma esije- culaçao industrial-religiosa. «No sábado passado, um diário ma- tutino atirou aos quatro ventos uma noticia vivamente urdida para espan- tar os ingênuos e acirrar a atenção ignorante da crendice do populacho. Na gruta de N. S. de Lourdes, no morro do Castelo, dera-se, na ima- ginação de um noticiarista mistico, um formidaloso milagre : a senhorita Maria Ferreira de Jesus, dita inteira- mente cega, recuperara a vista, au fazer uma oração no citado recanto milagroso da igreja de S. Sebastião. O noticiarista disposto a atordoar os seus leitores com a sensacional nova, chegou a maiores detalhes : a senhorita salva do convívio das tre- vas fora tratada pelo dr. Henrique Roxo, e afirmou-lne, numa entrevis- ta, que despresando as suas drogas, correra á gruta sagrada, tendo, su- prema zombaria a todos os Hypo- crates ! a cura imediata com uma simples oração. Poucos dispostos a ligar a cultura do século XX com a maravilha mis- tica dos milagres, e conhecedores do mérito comprovado do dr. Henrique Roxo, convictos de que se tratava de uma graciosa blague jornalística que envolvia desconsiderações ao ilus- tre clinico citado, mandámos um re- presentante a sua residência, encar- regado de pedir á sua gentileza e competência, o necessário para des- fazermos a fita e dizermos a verdade ao publico. Recebido o nosso representante com a mais fina amabilidade, no seu elegante gabinete de estudos, o dr. Henrique Roxo com a maior pres- teza respondeu as seguintes per- guntas: ²Doutor, o Correio da Noite pe- de-lhe o sumo obséquio de auxilia- lo na contestação que quer fazer da noticia incerta sábado, sobre a sua cliente Maria Ferreira de Jesus, no Correio da Manhã. ²Com imenso prazer. O senhor vem ao encontro dos meus desejos: varios colegas aconselharam-me a escrever aos jornais contestando as falsidades existentes nessa noticia e que, de algum modo me atinge, de- preciando-me. Não o fiz até agora porque não costumo ligar importan- cia d injustiças. ²Nesse caso com muita satisfa- ção vamos até realizar um duplo fim necessário, defende-lo e bem in- formar ao publico. ²Perfeitamente, o que muito agra. deço. ²Queira dizer-nos : a senhorita Maria Ferreira de Jesus foi sua cliente e estava realmente cega ? ²A doente Maria Ferreira de Jesus foi por mim examinada duas vezes, em meu consultório. Vcrili- quei tratar-se de ura, caso dc histe- ria, com crises convulsivas, soluços e tosse histérica. Com o estado men- tal característico eram esses feno- menos usados por auto-sugestão e removíveis pela persuasão. Disso bem me apercebi e, quando lhe prescrevi medicamentos antispasmodicos nada mais liz que a sugestão armada. Nunca ela se me apresentou cega : é absolutamente falso ! Disso pode dar testemunho um co- lega, dr. Vieira Morais, que, no mo- mento em que ela esleve pela se- gunda vez em meu consultório, se encontrava. ²Mas, é possivel que ficasse de- pois cega, não acha ? ²Perfeitamente : náo seria a pri- meira vez que se me apresentasse uma cegueira histérica. Cura-se ia- cilmente pela persuasão e, si se re- ceita um colírio, é simplesmente para armar o efeito 110 espirito doen- lio do cliente. E' possivel que de- pois de ter estado no meu escritório ficasse um dia, de repente, cega. Isto sucedeu freqüentemente a uma doen- te minha ua rua Haddock Lobo e eu a curo facilmente por persuasão. ²De maneira que o pretenso mi- lagre foi simplesmente um caso de auto sugestão ? ²Naturalmente: se a citada se- nhorita licou cega, a convicção com que loi á gruta de Lourdes do Cas- teio, de que se curaria, bastou-lhe para, por em simples fenômeno de auto-sugestão, idêntico ao tratamen- to por persuasão de qae usamos nós, os clínicos, para livra-la da cegueira simplesmente histérica. As histéricas curaveis na lendária Lourdes curo- pea, são-no puramente pela suges- tão armada. A doente vai convencida de que ficará boa, auto-sugestiona-se e fica realmente boa. Satisfeito o nosso representante, agradeceu a fineza com que tratou o dr. Henrique Roxo e, quando se le- vantava para retirar-se, este notável clinico disse-lhe, concluindo : ²«O que e de lamentar é que uma folha explore um caso destes, iludindo os incautos e buscando de- preciar o clinico que estuda.» E eis aí, como a irreflexão do jor- nalismo ávido de escândalos, inventa milagres onde existe um simples fe- nomeno, perfeitamente explicável no limite da sciencia medica acurai. Livrem-se os incautos ç ingênuos da exploração que, fatalmente, com tanta presteza diligenciou em inven- tar, no morro do Castelo, uma gruta milagrosa, para que, amanhã, infeli- zes almas ingênuas vão atravez de dificuldades, buscar a fraude religio- sa, que se resumirá numa salva ou uma sacola, receoendo esportulas para N. S. de Lourdea ou .. o viga- rio da freguezia, protegido pelo rc- clamo espalhafatoso e ,enganador do jornal que deu curso a essas to- leimas.» Que dizem a isto os jornalões ca- roiissimos de S. Paulo que reprodu- ziram a tal noticia milagrosa ? Ca- lam-se por certo, porque caraduris- mo paroa isso não lhes falta. , •»• <»<6' «Í»*S* ? <? «ij» -í'* -> ?«» -> -^«> -O <? »i« <¦>¦=?¦<$» y >,r CAUTÉRIOS LXXVI A uma igreja em ruínas Hoje és um monte informe de caliça, A pestilència, a mofo tresandando, Imundo casarão. O tempo austero emfim fez-te justiça, Teu sombrio arcaboiço condenando ' A' decomposição. Hoje estás triste e neste abandono. O teu aspecto miserável suja A puresa do ar. Não te perturbam no teu lerdo sono Os funerários pios da curuja, Teu gemo tutelar. Não te perturba o longo pesadelo O tempo, o verme atroz que tc devassa, Friamente, sem dó. Calma assistes ao lento desmantelo Desse teu organismo de argamassa, Que se desfaz em pó. Nâo te incomoda a eterna letargia A agua das chuvas que em caudal goteja, Como se fosse pus, Pelas fendas as chagas queainvernia Abriu em ti, ó secular igreja, Espantalho da luz 1 Mais sadia e feliz és no entretanto : Recebes hoje a luz do sol bemditb, O ar purificador. E antes, muda e fechada em teu recanto, Tinhas um medo estúpido e exquisito Do sol, do ar, do amor. E's hoje mais feliz, pois não sentes Os gemidos sombrios, de amargura, Das mortas geraçõis, Que passaram por ti tristes, dolentes Cheias de fé, rojando-se, á procura De paz, de compaixóis... Rn ato da Silva.

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Í^W!^^W!^!W"WWPJP

S. PAULO :( BRASIL') Sábado, 7 de setembro de 1912 ^X"^

Redacção e administração

Largo da Sé n. 5 (Sobrado)

CAIXA POSTAL, igS

Endecêço teleg^afico: LANTERNA

Dirigir toda a correspondência aoDIRECTOR :

EDUABD L.IÍSJJEMKOTH

<oVANO XI — 155

APARECE AOS SÁBADOS

ANTICLERICAL E DE COMBATE

ASSINATURAS :

ANO I0S0OOSEMESTRE 6S0OO

PAGAMENTO ADIANTADO

Nas assinaturas para o exterio.há a diferença do porte do Correio"caso Idalina"

Idalina nfto se encontra emBuenos Aires nem em VilaPeai — 0 desapontamentodos jornalões — Onde estáIdalina ?Ainda uma vez voltamos a

ocupar a atenção dos nossosleitores com o, para os padres,malfadado caso Idalina. E nãoserá a ultima, porque não sa-bemos se e quando o po lere-mos deixar entiegue ao juizoinexorável da historia dos cri-mes da casta clerical.

Dar combate sem tréguas aonefasto clericalismo e ás em-brutecedoras crenças que lheservem de esteio — é a missãodesta folha.

E para o povo se convencerde que essa corja negra outrofim não tem senão combatertodos os grandes ideais de pro-gresso e de justiça, de que anegregada casta do.s discípulosde Loyola só vive para o man-ter na ignorância e explora-lolivremente, para que o povochegue a vêr no clero o seu maisperigoso inimigo é preciso queo arranquemos dos imundosesconsos onde vive, chafurda-do na maior objecção moral,a forjar os seus planos tene-brosos contra os homens depensamento livre.

E' preciso abalar no espiritodo povo crente o seu sagradorespeito pelo padre — que lhealimenta as crenças rançosas ede quem obedecem cegamenteos nefastos conselhos.

Para [se conseguir arredar oscrentes da igreja —• o objectoda' sugestão, e do convívio doclero — o factor máximo detodas as sujeições tirânicas,para se arrancar o povo dodominio do padre é necessárioque lhe mostremos quanto éperigoso e aviltante o contactocom semelhante réptil, cheiodos vicios próprios da sua con-diçáo e da moral de alcoiceque o cerca.

E são essas as razoes porquenão nos cançaremos de aquidenunciar os seus constantescrimes, procurando com issoevitar que se lhe entreguem aspobres crianças desemparadas,vítimas imbeles dos seus im-petos de sadismo.

Batendo-nos para a descobertado mistério — já cognominado«caso Idalina», nada mais fize-mos do que cumprir o nossoprograma de combate ao cleri-calismo, patrocinando uma cau-sa justíssima, como é a defesados filhos do povo.

Idalina, a pobre orfãzinhaentregue aos cuidados dos pa-dres do Orfanato CristovamColombo, lá desapareceu miste-riosamente, sem que dela nun-ca mais se soubesse o para-deiro.

Os abutres que se aninhamnesse antro de embrutecimentomoral, da pobre criança deramsumiço, defendendo-se depoisforjando as mais vergonhosasfarsas, as mais grosseiras mis-tifieações, uma a uma por nósdepois desfeitas.

A acusação feita contra ospadres desse abrigo continuade pé sem ter sofrido o mini-mo abalo. Os giandes histriõescom as suas tentativas de defe-sa não tèm feito outra coisasenão enterrar ainda mais nocharco das suas infâmias.

Tentando alimentar no pu-blico a duvida que ainda possaexistir do triste fim que teve adesventurada Idalina, procuramfazer crer ainda andar a suaprocura.

E de vez em quando surgepYaí uma nova;Idalina, conse-guida por meio das suas assásconhecidas artimanhas.

Ainda ha pouco berraram osjornais aos quatro ventos oaparecimento da pobre Idalina,

contemporaneamente em VilaReal de Trás-os-Montes e emBuenos Aires...

< Os jornais nossos inimigossistemáticos exultaram, gru-nhindo em letras garrafais queiam ter um fim «as manobrasinteressadas dos inimigos dopadre Faustino, entre os quaisavultam os anticlericais de S.Paulo», os padres chegaram afazer alegres excursões pelosmapas geográficos para mos-trar aos jornalistas que osforam intervistar onde se en-contrava a Idalina...

Como sempre, nós cá estava-mos para lhes desmanchar afesta.

Afirmamos então que a noti-cia do aparecimento da Idalinanão passava de uni novo ca-nard atirado ao publico pelospadres do Orfanato com o timde o mistificar.

Dissemos isso e nos compro-metemos a provar que Ida-lina não aparecera nem emBuenos Aires nem em VilaReal.

De Buenos Aires já publica-mos duas cartas do amigo aquem pedimos que deslindasseo caso da Idalina portenha.Hoje podemos inserir mais umasua carta com a qual fica deli-nitivamente desfeito o novoboato divulgado pelos padres.

Eis a carta do nosso pres-tante amigo:

Caro Edgard :Conforme te informe' na minha

ultima carka, eu e o companheiroa quem na mesma me referia, pro-cedemos a uma minuciosa investi-gação no intuito do nilo deixarnada incompleto para cumprir omelhor possivel a missão Hue meconfiaste.

Além de informar-nos com osmoradores actuais do local da "cal-le" Talcahuano, 218, procuramosos antiguos moradores que, segundonos informaram, eram uns espa-nhois que exploravam com os cor-pos de duas ou trez raparigas.Chegamos a encontra-los, mas nadaabsolutamente nada pudemos apar-nhar-lhes a respeito da estadia deIdalina nesta cidade.

Depois, o dito companheiro, quedispunha para isso de bastantetempo, procedeu sozinho a umabusca geral pelas casas onde sãoexploradas as desgraçadas que caem,e tambem esta tarefa resultou ne-gativa para achar qualquer vesti-gio da passagem cia pobre vítimapor esta cidade.

Podes, pois, estai certo quo atal noticia da existência em BuenosAires da Idalina é outra tentativade salvamento inventada pelos pa-dres.

Assim, pois, creio que posso darpor terminado o que me competiafazer.

Se tiver tempo, hei-de fazer umanoticia para os jornais liberais daqui.

Do teu — Luiz.

O Estado do dia 2'í do mezpassado tambem publicou umanoticia sobre a tal menina deBuenos Aires que os padres ti-nham escolhido para servir deinstrumento na sua nova mis-tificação.

Essa noticia do grande órgãonão fez mais do que confirmaro que já havíamos publicado arespeito, e hoje reforçado nacarta acima inserida.

Está, portanto, liquidada aIdalina argentina.

Resta s agora a de Vila Real.No nosso próximo numero di-remos algo a respeito.

O Mundo, de Lisboa, já pu-blicou uma longa noticia acom-panhada dos retratos de Idalinae da Maria Magdnlena, rela-tando o caso desde o seuinicio.

Do nosso correspondente járecebemos uma carta dizendo-nos que a noticia do apareci-mento de Idalina em Vila Realnão passa de mais uma gros-seira farsa dos padres do Orfa-nato, que ainda uma vez de-vem responder :

—- Onde está Idalina?

<y^r^^^^^yr";^::f • : '''ti ___»«*'''

ii^am*ii3iaKEiücsEK_ni;^^ía3a

Embalado pelo povo inconsciente, vive o grande parasitaestivado sobre a imbecilidade dos pobres de espirito e alimen-tando-se da ignorância dos ingênuos que dão credilo ás suasiiilrujices.

Não mexamcom eles!

Ha dias foram espalhados pro-fusamente na velha capital ba-hiana boletins assinados porD. Majolo de Clagny com otiiulo — «Aviso ao povo» — emque o abade dc S. Bento, queé ele Majolo, se opõe ao decre-to do governador que condenaá desapropriação e demolição,no prazo de seis mezes, o Mos-teiro de S. Bento.

Curto e incizivo, diz a im-prensa, o boletim do abadechama á ordem, em tom ris-pido, não só o secretario, quelendo prometido ir ao conven-to examina-lo, não compareceu,como o governo que, diz, «pa-rece de tudo alheio ás normasda civilização».

Gostei cío Majolo, sim se-nhores!

E engula esta o — CabocloVelho.

Agora é que vamos ver quempode mais. A rinha promete...

Cá por mim jogo tudo noMajolo, e nem cinco réis noBahiano, que é galo cançado enão agüenta mais tempo.

Não, que Majolo não é ne-nhum Aurélio que se mandapôr na porta da rua a t^quede caixa por nenhum Sotero.Com ele fia-se mais fino.

O padrinho que ele Caboclotem no Catete — coitado ! nãoé para ser comparado ao gran-de e poderoso José Sarto.

Se duvidam, é só experi-mentar.

Porém vamos ao mais im-portante.

Diz assim um trecho do ma-nifesto:

«E' ao povo bahiano que medii ijo para perguntar se desejaque os monjes dc S. Bentofiquem- na cidade do Salvadorou que se retirem para terrasmais hospitaleiras, onde tantoo governo civil como o ecle-siastico estão anciosos por -nosreceber.»

Tendo nascido naquela tenra,não posso deixar de responderá pergunta acima e com todoo gosto.

E' para dizer, s.r. abade, quevoto para que vossa reveren-dissima e todos os jesuitas queora e sempre fizeram a felici-dade e a prosperidade da Bahiaaí fiquem e permaneçam empaz para gloria de Deus e gosoda espécie a que pertenço.

E aí ficareis, porque nãohavemos de consentir que ou-tros povos, como dizeis, ve-nham privar-nos das vossaspreciosas pessoas e dos benefi-

cios que sem contar vos nosprodigais.

A cidade do Salvador é vossa.Nós nos opomos a que, a pre-texto de limpa-la e aformo-zea-la, venham mexer com oconvento que é uma gloria dacidade.

Sabemos, além disto, que ascidades modernas tornam-selugares de perdição, o diaboapodera se dos seus habitantes,os quais deixam logo de fre-quentar\as igrejas e de lá levaro. cbulo àqueles que trabalhampela salvação das almas, dandoo exemplo da renuncia aosbens deste mundo.

Ouvia dizer que a ordem aque pertenceis é riquíssima,foi uma das maiores proprie-tarias de terras e de escravosda antiga provincia, porémtudo isso deve ser falso.

No dia 3o do passado, pelamanhã, apareceram pelas es-quinas das ruas boletins reacio-narios contra vós.

O Diário da Bahia, que aliásestá ao vosso lado, abriu umplebiscito para saber se os fra-des estrangeiros devem ou nãopermanecer na Bahia.

Está claro que devem ficar,sim !

Então querem nivelar os fra-des com os operários ? !

Era o que faltava !Isto aqui não é o atrasado

Uruguay onde, além do divor-cio já em vigor, praticam-seactos abomináveis, como esterelato em telegrama ao Correio:

«Montevidéo, 29 (Americana)— Embarcaram para a Argen-tina as religiosas portuguezese espanholas expulsas pelo go-verno dos conventos que ocupa-vam nesta cidade.»

Felizmente nos achamos numaterra bem governada e que foiescolhida pela Virgem para asi-lo dos que estão sob a suaproteção e guarda.

A propósito :Dizem por aí que o nosso

Cardeal está informado que oPapa pretende tambem vir aquiresidir, porque as coisas nãovão lá muito bem pela Europa,de preferencia a mudar-se paraJerusalém, como a principiopensara.

Quanta sorte IAdrecal.

Rio, 1—9 — 912.

Ha uma porção de santos que nãoteem outra origem senão as velhaslendas egípcias e a imaginação dosautores coptas. Essas narrativas fo-ram seguidamente admitidas no Oci-dente e foram transformadas em nar-rativas históricas, como a vida dogrande S. Jorge, que a Inglaterraaceitou como patrono, muilo emboramlnca tenha e.vistido.

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Malvert.

PPiTOS_BBUÇOSIa, pois, Moisés de regresso ao

Egipto, quando lhe sai ao caminho,quem ? Um salleador de estrada ?Não ! O próprio Deus em pessoa, comintenção de o matar !

Este extraordinário Deus brigão,que gosta de experimentar as forçasfísicas dos seus protegidos, não sesabe porque nem para que. qui-: rc-petir com Moisés o gesto de capoeirapimpão que tivera antes com Jacob-Israel.

Mas a astuciosa Séfora, mulherde Moisés, afugentou a Divindade,pregando-lhe um lerrivel susto. Comuma pedra agudissima. correu ao fi-lho c... circiincidoit-o I Em seguida,tocou nos pés do marido dizendo-lhe:ulu e para mim um esposo san-guiiiario.il

Ouvindo eslas ultimas palavras.Deus ficou aterrado. «Sanguinário IEstou frito !„ pensou ele. E fugiucomo uma lebre, livido de pavor e como coração aos pinchos.

Esta graciosa historia fiij lembraroutra, de Rabelais: o diabo, o lavra-dor e sua mulher. Enganado emvarios contratos com um lavrador, udiabo desafia-o para um duelo d unha.O pobre agricultor aceita, mas julga-se de antemão vencido e morto econfia d mulher o motivo dos seusterrores c cuidados.

Não te afiijas, homem, di-r-lheela. Sai de casa, e eu me encar-rego de receber o diabo.

No dia marcado, chega o diabo eencontra a mulher do seu adversáriodebulhada em lagrimas :

Ai! sr. diabo! Meu marido, quese prepara para um duelo d unhada,queria experimentar as unhas emmim. Fugi-lhe, mas ele então foi-sed nossa vaca, e só com uma unha-fe\-lhe isto que o sr. esld vendo...

E levantava a cauda da vaca...O demônio não qui-: ouvir mais e

só parou no inferno.O Conleiteiro.

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Um milagre que se desfazA voz da sciencia, pelo orgã,o

medico dr. Henrique Roxo, ex-plica o fenômeno—Uma esije-culaçao industrial-religiosa.«No sábado passado, um diário ma-

tutino atirou aos quatro ventos umanoticia vivamente urdida para espan-tar os ingênuos e acirrar a atençãoignorante da crendice do populacho.Na gruta de N. S. de Lourdes, nomorro do Castelo, dera-se, na ima-ginação de um noticiarista mistico,um formidaloso milagre : a senhoritaMaria Ferreira de Jesus, dita inteira-mente cega, recuperara a vista, aufazer uma oração no citado recantomilagroso da igreja de S. Sebastião.

O noticiarista disposto a atordoaros seus leitores com a sensacionalnova, chegou a maiores detalhes : asenhorita salva do convívio das tre-vas fora tratada pelo dr. HenriqueRoxo, e afirmou-lne, numa entrevis-ta, que despresando as suas drogas,correra á gruta sagrada, tendo, su-prema zombaria a todos os Hypo-crates ! a cura imediata com umasimples oração.

Poucos dispostos a ligar a culturado século XX com a maravilha mis-tica dos milagres, e conhecedores domérito comprovado do dr. HenriqueRoxo, convictos de que se tratavade uma graciosa blague jornalísticaque envolvia desconsiderações ao ilus-tre clinico citado, mandámos um re-presentante a sua residência, encar-regado de pedir á sua gentileza ecompetência, o necessário para des-fazermos a fita e dizermos a verdadeao publico.

Recebido o nosso representantecom a mais fina amabilidade, no seuelegante gabinete de estudos, o dr.Henrique Roxo com a maior pres-teza respondeu as seguintes per-guntas:Doutor, o Correio da Noite pe-de-lhe o sumo obséquio de auxilia-lo na contestação que quer fazer danoticia incerta sábado, sobre a suacliente Maria Ferreira de Jesus, noCorreio da Manhã.

Com imenso prazer. O senhorvem ao encontro dos meus desejos:varios colegas aconselharam-me aescrever aos jornais contestando asfalsidades existentes nessa noticia eque, de algum modo me atinge, de-preciando-me. Não o fiz até agoraporque não costumo ligar importan-cia d injustiças.

Nesse caso com muita satisfa-ção vamos até realizar um duplofim necessário, defende-lo e bem in-formar ao publico.Perfeitamente, o que muito agra.deço.

Queira dizer-nos : a senhoritaMaria Ferreira de Jesus foi suacliente e estava realmente cega ?

A doente Maria Ferreira deJesus foi por mim examinada duasvezes, em meu consultório. Vcrili-quei tratar-se de ura, caso dc histe-ria, com crises convulsivas, soluçose tosse histérica. Com o estado men-tal característico eram esses feno-menos usados por auto-sugestão eremovíveis pela persuasão. Disso bemme apercebi e, quando lhe prescrevimedicamentos antispasmodicos nadamais liz que a sugestão armada.Nunca ela se me apresentou cega : éabsolutamente falso !

Disso pode dar testemunho um co-lega, dr. Vieira Morais, que, no mo-mento em que ela esleve pela se-gunda vez em meu consultório, láse encontrava.

Mas, é possivel que ficasse de-pois cega, não acha ?

Perfeitamente : náo seria a pri-meira vez que se me apresentasseuma cegueira histérica. Cura-se ia-cilmente pela persuasão e, si se re-ceita um colírio, é simplesmentepara armar o efeito 110 espirito doen-lio do cliente. E' possivel que de-pois de ter estado no meu escritórioficasse um dia, de repente, cega. Istosucedeu freqüentemente a uma doen-te minha ua rua Haddock Lobo eeu a curo facilmente por persuasão.De maneira que o pretenso mi-lagre foi simplesmente um caso deauto sugestão ?

Naturalmente: se a citada se-nhorita licou cega, a convicção comque loi á gruta de Lourdes do Cas-teio, de que se curaria, bastou-lhepara, por em simples fenômeno deauto-sugestão, idêntico ao tratamen-to por persuasão de qae usamos nós,os clínicos, para livra-la da cegueirasimplesmente histérica. As histéricascuraveis na lendária Lourdes curo-pea, são-no puramente pela suges-tão armada. A doente vai convencidade que ficará boa, auto-sugestiona-see fica realmente boa.

Satisfeito o nosso representante,agradeceu a fineza com que tratou odr. Henrique Roxo e, quando se le-vantava para retirar-se, este notávelclinico disse-lhe, concluindo :

«O que e de lamentar é queuma folha explore um caso destes,iludindo os incautos e buscando de-preciar o clinico que estuda.»

E eis aí, como a irreflexão do jor-nalismo ávido de escândalos, inventamilagres onde existe um simples fe-nomeno, perfeitamente explicável nolimite da sciencia medica acurai.

Livrem-se os incautos ç ingênuosda exploração que, fatalmente, comtanta presteza diligenciou em inven-tar, no morro do Castelo, uma grutamilagrosa, para que, amanhã, infeli-zes almas ingênuas vão atravez dedificuldades, buscar a fraude religio-sa, que se resumirá numa salva ouuma sacola, receoendo esportulaspara N. S. de Lourdea ou .. o viga-rio da freguezia, protegido pelo rc-clamo espalhafatoso e ,enganador dojornal que deu curso a essas to-leimas.»

Que dizem a isto os jornalões ca-roiissimos de S. Paulo que reprodu-ziram a tal noticia milagrosa ? Ca-lam-se por certo, porque caraduris-mo paroa isso não lhes falta.

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CAUTÉRIOS

LXXVIA uma igreja em ruínas

Hoje és um monte informe de caliça,A pestilència, a mofo tresandando,

Imundo casarão.O tempo austero emfim fez-te justiça,Teu sombrio arcaboiço condenando' A' decomposição.

Hoje estás triste e só neste abandono.O teu aspecto miserável suja

A puresa do ar.Não te perturbam no teu lerdo sonoOs funerários pios da curuja,

— Teu gemo tutelar.

Não te perturba o longo pesadeloO tempo, o verme atroz que tc devassa,

Friamente, sem dó.Calma assistes ao lento desmanteloDesse teu organismo de argamassa,

Que se desfaz em pó.

Nâo te incomoda a eterna letargiaA agua das chuvas que em caudal goteja,

Como se fosse pus,Pelas fendas — as chagas queainverniaAbriu em ti, ó secular igreja,

Espantalho da luz 1

Mais sadia e feliz és no entretanto :Recebes hoje a luz do sol bemditb,

O ar purificador.E antes, muda e fechada em teu recanto,Tinhas um medo estúpido e exquisito

Do sol, do ar, do amor.

E's hoje mais feliz, pois já não sentesOs gemidos sombrios, de amargura,

Das mortas geraçõis,Que passaram por ti tristes, dolentesCheias de fé, rojando-se, á procura

De paz, de compaixóis...

Rn ato da Silva.

A LANTERNA

SOB O DOMÍNIO da docas

PersepMo s Mia»6 ptepio a pttaia

Foram violentamente expulsos do Brasil cinco inteligentese dignos trabalhadores, justamente quando a pa-dralhada vagabunda e criminosa corrida de Portu-

gal está sendo recebida com todas as honrarias

pelos jesuitas de casaca que nos dominam.

Que dizer mais sobre o quese está passando de aviltante ede iniquo com o movimentodos trabalhadores da Docas deSantos ?

Domina-nos a indignação, arepugnância e a tristesa, im-pedindo-nos de externar liei-mente o que nos vai na almade combatentes da causa dopovo oprimido e explorado.

Indigna-nos a proteção aber-ta, escandalosa prestada portodas as autoridades do paiz áarrogante empreza em detri-mento dos trabalhadores queoutra coisa não desejam senãomais uma migalha para o seusustento; enchemo-nos de re-pugnancia ante a ascorosidadedo procedimento da grande im-prensa que, para fazer jüs ápingue gorgeta da Docas, cha-l'urdou-se no esterquilio dassuas ignomínias, tentando em-porcalhar com as suas escre-cencias morais todos aqueles aquem é cara a defesa das liber-dades publicas, entristecendo-nos profundamente a indife-rença geral com que são rece-bidos os inqualificáveis atenta-dos cometidos contra todos osmais essenciais direitos do ci-dadão — sem que a imprensaem peso rompa numa clamoro-sa campanha reivindicadora,sem que as instituições liberaisfaçam sentir o seu protesto,sem que os homens de caráterindependente venham corajo-samente a publico defender asregalias a custo conquistadasno curso de penosas campa-nhas passadas.

Ante essa atitude de submis-são.a todas as velhacarias, a to-das as violências, como não seha-de sentir forte essa corjade jesuitas encasacados que do-mina este malfadado paiz emuito especialmente este Es-tado de decantados progressos?

Nas mãos têm o chicote comque zurziam os seus escravoscintes do i3 de maio, nos co-fres públicos encontram-se asmordaças para tapar a bocados vendidos da imprensa.Estão, portanto, em uma terraconquistada, em uma capitaniade nova espécie, onde a suavontade é soberana.

Como isto revolta!Em uma empreza riquíssima,

senhora de concessões excepcio-nais que lhe facultam lucrosfabulosos, trabalhavam milha-res de operários numa labutaesfalfante, brutal e cheia deperigos mil, ganhando um sa-lario miserrimo numa cidadeonde a vida é caríssima.

Esses trabalhadores, não po-dendo mais suportar as priva-ções de dia para dia aumentadas,reclamaram da arquimilionariaempreza um pequeno aumentode paga, já prometido ha qua-tro anos. Como não foram aten-didos, lançaram mãos do unicorecurso que lhes restava — de-clararam-se cm greve.

Nunca o fizessem. Contrauma companhia com o poderioda Docas é um atentado delesa-patria dirigir-se um pedidode tal natureza.

Conscia do seu poderio, certada força dos seus milhões, acompanhia-monstro fez a suaimprensa berrar aos quatroventos que se tentava subvertera ordem publica, que um peri-ao iminente ameaçava o Brasil.

O efeito foi rápido e radical.O governo federal fei partirpara Santos a todo vapor umvaso de guerra e o governodo Estado para lá mandou umagrande parte da sua policia in-ternacional-francesa e ura de-legado consagrado nos anais dahistoria policial com o «casoCalvo».

O Brasil estava em perigo,os estrangeiros pretendiam per-turbar o socego da nossa pobre

industria. Era preciso, pois,cortar o mal pela raiz.

Mas a lei ? E a Constituição?Que Constituição! que lei ! Issosó existe para garantia daquelesque vivem a roubar o eráriopublico, a negociar com gene-ros deteriorados e falsificados,a roubar o trabalho de mulhe-res e crianças nos seus ergas-tulos. Os trabalhadores, os quepercebem em geral uma mediade 5$ por trabalhos de 10 a

2 horas por dia contribuindopara o progresso do paiz,para esses não ha legalidade —são uns perturbadores da ordem.

Prende-los, espanca-los e ex-pulsa-los ê um dever de altopatriotismo.

Foi o que se fez em Santos.Encerraram-se as associaçõesoperárias, proíbiram-se-lhes assuas reuniões, prenderam-nos,espancaram-nos e expulsaramdo paiz os que personifica-vam o seu ódio de giboia per-turbada na sua custosa digestão.

Como essa canalha julga osbrasileiros uns submissos es-cravos da sua vontade, unscastrados incapazes de se rebe-lar á exploração—atribuiu â ins-tigação de estrangeiros peri-gosos expulsos de outros paizeso movimento dos operários daDocas.

E para justificar essa afir-inativa, ofensiva aos brios dosbrasileiros, assim consideradoscomo uns Maria-vai-com-as-ou-tras, trataram de prender, deprocessar e de embarcar parao estrangeiro alguns trabalha-dores em destaque entre osseus companheiros pela sua in-teligencia, pelo seu preparo epela sua dedicação á causa dosescravos do trabalho.

Os escolhidos foram os ope-rarios Primitivo Raimundo Soa-res, Antonio Fügueiras Vieytes,Manusl Gonçalves e Albino Cai-res, todos conhecidos em San-tos como homens de reputaçãoinatacável, trabalhadores e de-dicados chefes de familias bra-sileiras.

No nosso numero passadojá nos ocupamos desses com-panheiros, dizendo quem elessão.

Primitivo Soares é brasileiro,Antonio Vieytes reside no Bra-sil ha muitos anos, sendo osseus filhos nascidos em Ribei-rão Preto e Santos, ManuelGonçalves mora no Brasil hamais da doze anos, tendo tresfilhos nascidos em Santos eAlbino Caires veiu para o Bra-sil em criança.

Para se vingarem desses cin-co trabalhadores da propagandaque eles faziam no meio ope-rario, foram pisadas todas asleis.

A sua prisão foi feita quandoeles saíram da redacção da No-ticia, onde tinham ido desmen-tir uma noticia falsa dada poraquele papel vendido á Docas.O seu director, presando a suareputação de jornalista honesto,chamou a policia pelo telefonee fe-los prender.

Foi depois contra eles forjadoum inquérito como autores dedanos causados nos armazénsda Docas e de violências come-tidas contra os crumiros !

Esse inquérito foi feito numanoite pelo tal Nobrega do «casoCalvo», que pediu ao promotore ao juiz a denuncia e a prisãopreventiva do mesmos, pressu-rosamente concedidas.

E apesar de todas as deligen-cias feitas, só se veiu a saberdos cinco trabalhadores quandoeles deram noticias de si debordo do Orila, onde iam emcaminho da Europa.

Verifica-se agora a farsa ver-gonhosamente suja que se re-presentou.

Depois de denunciados comoincursos nas penas de um cri-me inafiançável e decretada pelojuiz a sua prisão preventiva, apolicia suspendeu a execuçãodo mandado e forjou um pro-cesso de expulsão, imediatamen-te executado !

Esse processo, segundo in-formações que tivemos, é amaior vergonha destes tempos.A policia fez diversas testemu-nhas declararem que todos oscincos operários expulsos vivemaqui apenas ha ano e meio !

E foi assim que fizeram aexpulsão de um brasileiro equatro outros operários aquiresidentes ha muitos anos e cu-jas familias são brasileiras !

Fala-se ainda em outras ex-pulsões de trabalhadores emiguais condições, entre os quaiscitam os jornais o operário pin-tor Zeferino Oliva que aqui vi-ve ha diversos anos !

Persegue tambem a policiadiversas outras pessoas, umasque nunca milharam no meiotrabalhador e outras que nemmais são operários !

E aí tôm quantas _iniquida-des, quantas vilanias estão sen-do cometidas para obrigaremos operários a voltar ao jugode uma empreza enriquecidainfamemente á custa da expio-ração do trabalho alheio e davida de milhares de homens.

Outra coisa não se pode espe-rar desse conluio de conselheirosescravocratas, ainda tresandandoá censala, dessa jesuitada sebentaque pYaí vive encarapitada naadministração publica, enrique-cendo-se escandalosamente como dinheiro do povo e com asproprinas das emprezas estran-geiras.

Fiquem os trabalhadores detoda a parte sabendo o que istoe'. Aqui só se quer trabalhado-res sem idéias e submissos.

Neste paiz só têm entradaos grandes exploradores queaqui vêm aumentar os seus ca-pitais á custa do aviltamento-eral e a fradalhada suja cor-rida pelos seus crimes de outrospaizes.

Emquanto, exactamente nes-te momento, o paiz está sendoinvadido por uma horda de-vastadora de padres e freiras,vagabundos e parasitas quepara aqui não _ trazem senãoos seus vicios, os seus crimes,a sua corrupção ; emquanto apadraria expulsa de Portugal,onde promovia revoluções paralá tentar reimplantar o seu do-minio nefasto, é recebida comhonrarias de toda a espécie,são expulsos do paiz cinco ho-mens honestos, dignos e tra-balhadores, que aqui viviam alabutar pelo elevamento moraldo operariado !

Pobre Brasil !

& PÜRTR• A**

Én i<r4ffc.rfí

«PCa^^^^gg «f

A febre militarista e palrioteira —nHeróis do mar, nobre povo»... péu !

pau ! fora o talassa ! — A «Portu-

guesa** com acompanhamento demurros e bengaladás — O que ciesdipatfi e fa\tam e o que eles fa-em edi^em agora — O direilo da força eos direitos da razão — 'Bater é maisfácil do que demonstrar — Os fru-tos naturais de todas as imposiçõesviolentas— Querem os republicanosser considerados como inconscientes,dignos de piedade e de cuidados...médicos:'' — Pela violência não sedes trincam os amigos dos inimigos.

No seio do operariado fer-menta-se uma grande indignaçãocontra essa violência.

O Comitê Geral dos Sindi-catos Operários de S. Paulodistribuiu por todo o Brasilum extenso manifesto relatan-do as brutalidades cometidascontra os trabalhadores e lan-çando contra elas o seu veemen-te protesto.

A Federação Operaria, doRio, convocou um comicio como mesmo fim para o largo deS. Francisco, mas não o pouderealizar porque o palhacescoe rançoso jesuita São Belizarioencheu o referido largo de for-ças e foi á sua sede apreenderós boletins de convocação.

O Comitê de Propaganda So-cialista do Rio tambem lançouo seu protesto contra as bruta-lidades da policia paulista.

A Sociedade de Resistênciados Trabalhadores em Trapi-ches e Café, em uma numerosareunião em que estavam pre-sentes representantes de mui-tas outras sociedades, protestouenergicamente contra as iniqui-dades praticadas com os tra-balhadores de Santos.

TRADUCÇÕES Pessoa habilitada

com um curso supe-

rior e com uma longa pratica de

traductor incumbe-se, por preços ra

zoaveis, de traoucçóes portuguesas

130 ingl1ís, francês, italiano e espa-

nhol, de caracter técnico, scienti-

fico ou literário, bem como para ca-

tÁi.ogos. Versões esmeradas e escru-

PULOSAS. 1 RATA-SE NESTA REDACÇÃOPII w-r

Lisboa., iS oe agosto

As esferas oficiais e políticasestão tomadas de febre muita-rista e patrioteira e sonhamcom um brilhante poderio ter-restre e naval e com o respeitoe consideração de poderososaliados, fantasiando ameaças eperigos graves para a indepen-dencia da nação e para a inte-gridade das colônias.

A este estado de espírito doalto corresponde em baixo, emcertos elementos populares, im-buidos de fanatismo políticoirreflectido, a formação dumculto externo patriótico, intole-rante e agressivo, exploradopor alguns jornais inconscien-tes da sua decantada missãoeducativa. Assim procura insti-tuir-se o culto obrigatório dabandeira e hinos nacionais — ea pretènção já tem dado emresultado alguns conflitos sé-rios, entrando num deles o re-volver.

No tempo da monarquia, nu-merosos republicanos faziamgala de enterrar ainda mais nacabeça o seu chapéu ao somdo desconsiderado «hino daCarta» — e o irreverente gestonão lhes era relevado, ao me-nos nos centros populosos, pordebilidade de convicções ou im-potêricia dos adversários.

Houve mesmo uma ocasiãoem que foi ditirâmbicamentecantado o «chapéu do sr. Afon-so Costa», a propósito dumsarau de S. Carlos, durante oqual, em presença das majes-tades, os acordes oficiais _ doEstado monárquico não tive-ram o condão orfeico de fazererguer do assento e do courocabeludo o traseiro irreverentee o irreverente penante do po-pular caudilho democrático.

A respeito das procissões edas passeatas públicas do <san-tissimo sacramento», a atitudeda maioria dos republicanosera idêntica; e não cessava oprotesto, pelo facto e pela pa-lavra, contra a humilhante einsofrivel imposição dum res-peito não sentido. Está na me-mória de todos o acto do dr.Alexandre Braga, que se con-servou coberto à pssaagem deum qualquer símbolo religiosoe sofreu por isso dissabores.

Pois bem: os republicanosdefendem agora a mesma into-lerància, com os mesmos sofis-mas e ainda maior número desopapos.

Aos monarquistas dizem elesque os símbolos da Repúblicatriunfante o são igualmente da«Pátria», e ao menos cOxnotais devem ser respeitados portodos os patriotas. Mas esque-cem-se de que símbolos oficiaisda «1'atria» (isto é, do Estado)eram também os da monarquia,como recentemante foi reco-nheeido pelos próprios repu-blicanos, acolhendo o republi-cano espanhol D. Rodrigo So-nano com a Marcha Real deEspanha e saudando respeito-samente a música nalista comohino duma nação ; e no entan-tanto esses mesmos republica-nos, sob a rialeza, até em so-lenidades internacionais se con-seívavam cobertos e sentados,quando ao som do «hino daCarta» se erguiam monarquis-tas e estranjeiros..

Aos internacionalistas e a to-dos dizem eles que o irrespeitopelo hino e pela bandeira éuma provocação e urna ofensaàs idéias e à liberdade alheias,e que deve retirar-se quem nãoquer prestar o culto exigido.-telos outros. Mas esquecem-se

de que eram esses precisamen-te os miseros argumentos doscatólicos e monarquistas. Es-quecem-se do que então triun-fanremente responderam : quea rua é lugar público, que emtal caso as procissões, eramigualmente uma provocação aossentimentos liberais e que osrepublicanos e livres pensado-res teriam, por aquele raciocí-nio, o direito de exigir^ quetodos pusessem o chapéu eninguém manifestasse um ir-ritante respeito por ídolos gru-tescos e símbolos detestados.

Mas embora os republicanostenham teoricamente razão, oseu direito (não a sua força)limita-se a demonstrar essa ra-zão, não a impo la pela vio-lência, como todos os fanáticose intolerantes.

Aos monarquistas te*em dedemonstrar por actos e pala-vras, com a ajuda eficaz dotempo, que a república é su-perior à monarquia e está parasempre identificada com a «pá-tria».

Aos revolucionários sociais,homens não do passado, masdo futuro, tcem de demonstrar— tarefa em veidade bem maisdifícil — que o Estado eqüivaleà pátria e que esta pertence atodos, a todos dá iguais direi-tos e vantagens e de todosmerece iguais direitos e sacrifí-cios. Depois disto, ainda lhesrestaria provar a necessidadede símbolos patrióticos e dumculto externo em honra dosmesmos símbolos.

Esse direito lhes cabe, aosrepublicanos, como lhes cabe ode defesa pelas armas, quandopelas armas são atacados ; masnunca, em caso algum, lhespertence o da imposição violen-ta de idéias, de sentimentos oude gestos.

E, além de tudo, qual é oresultado de tal imposição ?

Desse modo, os republicanosapenas fomentarão nos rebel-des a revolta e a irritação, enos indiferentes, nos fracos enos submissos a hipocrisia, adissimulação e a cobardia deespírito; para si ganharão só-mente o descrédito que recaisobre todas espécies de intole-rantes e violentos. Há livres-pensadores que, prezando so-bre tudo o apostolado das suasidéias, desejando-as largamentedifundidas pelas massas e nãoquerendo irritar os sentimen-tos primitivos e obscuros doscrentes nem inutilizar de ante-mão à sua própria obra depropaganda, se sujeitam emcertos' casos a algumas mani-

A dama confessou-lhe então quatambem assim o esperava, pois jáneste mundo o Senhor se mostravaa ela. O padre cruzou as mãos nopeito.Tem visões ? E que viu ?

O Padre Eterno e depois oFilho.

E' um grande privilegio, minhafilha; Moisés não viu tanto. E quan-do foi isso ?

Montem á noite, cerca das G.Faz então a meditação ?Precisamente.

E a que horas janta?A dama ficou santamente indigna-

da e replicou bastante vivamente:Cerca das 5 horas.

E que toma?Que me quer este grosseiro?

pensou a dama. Mas compieendendoque naquilo estavam empenhadas assuas visões, enumerou, náo sem ai-guma complacência, a sua farta listade pratos. Depois concluindo :

Depois da refeição, bebo cerve-ja, mas no üm tomo dois copos devinho.

Minha filha, redarguiu senten-ciosamente o padre, tome amanhãtrez e aposto que verá tambem oEspirito Santo.»

Vê-se que este jesuita sabe o quevalem as visões e as aparições, queaparecem aos ebrios, aos alucinados,ás histéricas...

E o lugar e o tempo não erampróprios para explorar perante asmultidões crentes as visões da dama,que talvez não fosse muito firmenem servisse para joguete dócil e defácil manejo...

Ainda se fosse no recanto dumamontanha e com uma pastorinha in-gemia e sugestionavel, lacil de seques-trar depois num convento...

Mas naquelas condições, a atitudedo jesuita Dominique (pois é padreda Companhia) ioi a mais hábil, pa-recendo dizer: «Vejam todos comonós somos justos e imparciais, e sa-bemos repelir os falsos milagres e asfalsas visões. Quando os apresenta-mos como verdadeiros, e porquerealmente o s^ão !»

Coitadinhos ! Metamos-lhes o dedona boca, a ver se o mordem...

ego aSPÍegn rõSõllaSnII aja

Bíblia vermelha

A devoção é um sinal de degene-rescencia; não a observamos senão entreos enotivos, os hiper-sugestionaveis,incapazes de observar, de compararde raciocinar e de pensar por si.

Dr. Binet-Sanglé.

A igreja católica romana ha-decair, do alto do seu deslumbramento,como um mundo que se abate sobreas massas ignorantes que a rodeiame formam sem alicerces.

Generoso Borges.

^RM%^fiR ÜVRE

Recentemente, uma revista ale-má, ocupando-se do limite ma-ximo de calor que pode sersuportado pelo corpo humano,citava vários casos de tempe-ralura muito elevada em certasregiões do globo e outros deresistência dos operários de algu-mas profissões, como os maqui-nistas e fogueiros navais.

Lepois falava de experimentosfestações exteriores de respeito scimtijicos para solução do pro-Dor um culto. Mas quererão os b[emã} sendo notaveis os dos sa-republicanos, que se intitulamliberais, merecer essa mesmapiedade de médico pelos retar-datados?...

Com a violência e a imposi-ção do seu culto, nem sequerficarão a conhecer os seus ver-dadeiros e mais perigosos ini-migos : obedecer-!he-ão os de-beis de espirito, os indiferen-tes, os hipócritas e os dissimu-lados, os que teem que escon-j que tec

isf-irçar ;der e ddecerão as almas rebeldes ealtivas, os sinceros e corajosos,os que nada precisam encobrir.

.. .Esperaremos muito tempoo regresso do bom senso e aqueda da febre militarista epatrioteira 1. . .

bios ingleses Blagden e Chan-trey que, para calcular o limitetérmico máximo que o homempode sofrer, se meteram numforno, cujo ambiente se foi pro-gressivamente elevando. Assim,chegaram a concluir que o serhumano normal é capa\ de su-portar uma temperatura supe-rior ao grau ae ebulição daagua.

Ora isto é, nem mais nemnão lhes obe-'menos, a solene reabilitação da

BEBEDEIRA E VISÕES

pei

O jornal clerical Le Pèlerin, n. de2_3 de junho, narra esta historieta :

«O padre Dominique não careciade espirito e sabia distinguir os ver-dadeiros cristãos dos que só teem aaparência da virtude. Um dia umasenhora, que imaginava ter visõescelestes, veiu ter com ele no con-vento de Londres. Logo que elaavistou o padre, exclamou:

Oh ! padre ! sou uma grande pe-cadora !

Como a senhora, ha muitos.Mas salvar-me-ei ?Nosso Senhor morreu por todos

os pecadores, e portanto tambempela senhora.

Igreja e da Inquisição. A Igre-ja ufana-se a cada passo dassuas celebridades na arte, naliteratura e na sciencia — nassciencias como as matemáticas,a astronomia, a física, a qui-mica, etc.

Pois bem: a Inquisição nãofoi uma instituição ae repressãoe de intolerância, — foi umasociedade scientifica de investi-gação, onde o método experi-mental, ainda antes de Bacon,era honrado e praticado.

Ela queria, entre outras coi-sas, resolver o problema, re-centemente retomado pelos doissábios britânicos atrás indicados.Ilustre e veneravel precursor,o Torquemada! Houve vitimas?Sem duvida ! Mas o progressoestá cheio de cadáveres. Nãomorrem todos os dias avia-dores ?

Para honra da Igreja, maisuma miserável calunia desfeita !

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A LANTERNA

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ERRICO MALATESTA

Errico ^Malatesta, de cujainíqua e inacreditável condena-ção já tios ocupámos, foi postoem liberdade quinze dias antesdo prazo fixado pela sentença,e até devasseis dias, pois que,anunciada essa redução de pena,anteciparam-lhe ainda a saida,para evitar a manifestação queos amigos do estimadissimo mi-litanle lhe preparavam. Em lodocaso, numerosos amigos reuni-ram-se em casa dele, saudando-oe protestando assim mais umave\ contra a clamorosa injustiçaque feriu uma das mais altasfiguras morais e intelectuais do'socialismo libertário. Resta acres-centar que contra oMalatesta,graças aos protestos da opiniãoindependente, não foi decretadaa expulsão, como pedira o tri-bunal, sob a inspiração da ignóbilpolicia politica internacional.

0 VINHO ÜO TRIPEIRO

Quando se viu na pequena praçaplantada de tilias, Reboullot girou,virou-se, quasi sem avançar nem re-cuar. Já nem sabia que fazer da sualiberdade, ou antes, como de umaespada enferrujada, parecia não po-der já servir-se dela. E o carcereiroolhava para ele, rindo-se. Ha muitoque se conheciam, pois Reboullotvinha todas as manhãs á porta dacadeia procurar no caixão do lixoas matérias que lhe eram preciosas.Emquanto estivera preso, outro osubstituíra ; no dia seguinte de ma-nhã, recomeçaria ele.

Palavra de honra, agora já nãotenho vontade de me ir embora.Posso voltar para dentro ?

Mas o regulamento é o regula-mento.

Póe-te ao fresco, e depressa !disse-lhe o carcereiro, que esteve a

ponto de acrescentar, por velho ha-bito militar:

Senão, mando-te prender já.Mas reteve-se : seria então íazer a

vontade a Reboullot. E Reboullotsuspirou. Era um bom sujeito, deuns cincoenta anos. Morava no ex-tremo de um subúrbio, numa casita— um vasto compartirriento unico —

que podia perfeitamente não passarde um pardieiro. Contentava-se como que achava, de manhã, nos caixo-tes depostos ao longo dos estreitospasseios e abstinha-se cuidadosa-mente de injuriar os moradores que,de propósito, não deitavam neles,para o favorecer, moedas de ouro emaços de notas. Por causa dele, nãohaviam de ficar na miséria. Todosprecisam de viver e Roboullot nãose queixava do seu modo de vida :fatigava-se muito menos que os cam-poneses das vizinhanças e que osoperários da cidade. Só no invernoé que o oficio era mais duro. Tam-bem, que idéia solta-lo justamentenuma manhã de inverno I

Suspirou de novo, contemplou asparedes da prisão e decidiu-se a_vol-tar as costas. Estar na cadeia náo énada desagradável: lá dentro, comoem qualquer outra parte, faz a genteo que quer, nos limites do regula-mento. Se houvesse licença, poderiaa gente ir dar o seu passetozinhodiário pela cidade, por exemplo átarde, das duas ás cinco; mas, comose sabe que é proibido, depressa seacostuma a gente a não pensar nisso.Ganham-se relaçóes, lá dentro; vêem-se sujeitos vindos dos quatro cantosdo departamento, que contam:

— Eu estava em tal lugar... Suce-deu-me isto... Aconteceume aquilo...

E isso sempre distrai ejnstrue.Grandes criminosos, náo são. Unsdeitaram a mão, para seu uso, aobjectos que não lhes pertenciam;mas quem nos diz a nós que nãotinham intenção de os restituir?Outros bateram, com certa força, emsuas mulheres, mas elas não morre-ram. Este insultou os representantesda força publica, mas a força publi-ca tem com que se defender. E esteera justamente Reboullot. Gostava dovinho, porque não o bebia todos osdias e por isso, quando podia, des-forrava-se : os taberneiros é que naose queixavam disso. E hoje haviaum pouco mais de dois mezes quefora bater, de cabeça, contra um po-licia, que estacionava, melancólico,sob um candieiro, a uma esquina. Oguarda, imaginando que se tratassede um assalto, reagira, agarrando-o.

— Oh ! gaguejava Reboullot, já meiodesembriagado, não o fiz por quere;r*Mas já que assim pensas, espere lá !

E tentara bater tambem, como ho-mem livre. Bebera demais, porem; aforça pu -'•-a venceu a força privada.E íôra condenado a dois mezes decadeia.

Já que estava fora contra a suavontade, tinha pressa do ir para casa.jVjas era muito longe, no outro ex-

tremo da cidade. E depois ninguémo esperava. E depois, tentação su-prema, sentia no bolso dezaseis (ran-cos, frutos das economias que pu-dera fazer na cadeia e resto do quenão pudera acabar de gastar no diado acidente. Entrou numa taberna.O que custa é só o primeiro copo ;depois dá a gente o seu dinheiro semcontar. No ardor do entusiasmo,sente-se vontade de dar até cincof-ancos por um litro de vinho tintoque valerá pouco mais de cinco sol-dos. Reboullot conhecera desses mi-nutos em que a embriaguez a tal pon-to nos engrandece, tal importâncianos dá que nos julgamos donos detudo e que queremos tornar felizestodos os que de nós se abeiram, pornós vistos como que através de umnevoeiro, de uma nuvem, a nuvemque nos serve de trono, como a umdeus. Nesse dia conheceu de novoesse minuto de transfiguração. E de-pois, embora homem de bem, nãolhe desagradava todavia poder gritarque saía da cadeia: isso colocava-oacima da multidão, acima dos quenunca se assignalaram por qualqueracto extraordinário. Nesse dia lazia ofriozinho picante, mas levemente hu-mido, de fevereiro ; havia fogo nastabernas, e Reboullot passou muitasvezes do frio ao quente. Por fim, jánem o notava: tinha as faces escarla-tes. Aí pelo meio-dia, sentiu vontadede mastigar um bocado. Bebeu umcafé, depois um copo de aguardente,e foi isto o que o acabou. Já nãotinha uma idéia na cabeça, e náopensava na prisão, nem em sua casa,nem no seu oficio de trapeiro, quetinha de retomar na manhã seguinte.Durante a tarde inteira, viveu umavida magnífica, com a liberdade, opoder de beber mais, sempre. Nãodigo que bebeu sem parar : passouquartos de hora com os cotovelossobre mesas diversas, os olhos vagos,a sonhar como pôde sonhar um ho-mem que não é mau e que está be-bado. Se, chegado o crepúsculo, oscandieiros se acenderam, não repa-rou : desde manhã que as horas seseguiam e eram para ele todas iguais.Era completamente feliz. Isto é, se-lo-ia, se náo lhe restasse mais dl-nheiro no bolso; tinha ainda umamoeda de cinco francos que lhe quei-mava os dedos. E foi cerca das noveda noite que quiz entrar em casa deBourdillat, cuja taberna se achavano caminho para casa. Bourdillattambem o conhecia de velha data ;mas nessa noite viu-o em tal estado,que uão quiz deixa-lo entrar nasala.

— Vai-te deitar, meu velho ! disse-lhe ele. E' melhor para ti. A estashoras, já náo deves ter sede.

Reboullot nada ouviu, sentindoapenas que Bourdillat o empurrava.Continuou o seu caminho. Depois,como já havia nos passeios caixõesde lixo, com um largo gesto magni-fico e desinteressado atirou para umdeles a sua moeda de cinco francos.Agora, já nada o impedia de reco-lher a casa ; mas, como não ia mui-to direito, precisou de tempo.

De madrugada acordou: era umvelho costume. Doia-lhe um poucoa cabeça. Bebeu uma caneca de aguafria, agarrou no cesto e no ganchoe partiu, para esgaravatar nos caixões.De súbito, num deles, pareceu-lheouvir tílintar dinheiro. Procurou eachou uma moeda de cinco francos :era a primeira vez que isto lhe su-cedia, nessa cidade onde ninguématirava, pelas janelas, o seu dinheiropara os caixões de lixo. Reboullotnão voltava a si de assombro. Aquem pertenceria ela ? Acabado o seugiro, indagou. Ninguém se lembravade ter lançado fora cinco francos.Era gente honesta. Então Reboullot,honesto tambem, foi levar o seuachado ao comissário de policia,

A "Lanterna" em Santa CatarinaAbutres negros e pardos!Onde pousa ou invade o território,

a praga maldita dos filhos de Loyola,a devastação, a peste, a guerra, afome, a deshonra no lar doméstico,as inundações não se fazem esperar.

Desde que o jesuita alemão TippTopp começou a mandar vir seuspatrícios para paroquiar nossas fre-guezias e mandou buscar na Alemã-nha o Santo Burro, para o altar-mórda hoje catedral, começou tambema invasão dos gafanhotos em nossotorrão natal, acompanhando assima praga fradesca.

Assim como os gafanhotos em suadevastação não respeitaram uma sólavoura das freguezias do interior, eaté mesmo os pomares de nossaschácaras e quintais na capital, assimtambem os abutres negros e pardosde cabeça raspada começaram nafaina da imoralidade na cidade deS. José, estuprando uma menina de11 a 12 anos!

Veiu a expulsão dos frades de Por-tugal, e a abundância ou nuvem ater-radora de abutres invade o nossotorrão natal, por não acharem nospaizes adiantados quem os aturasse.

Com o maior prazer e alegria sãoeles aaui recebidos pelos Tinp Toppe Janjão Becker, seus patricios.

Foram logo nomeados vigários ecoadjutores de todas as igrejas e ca-pelas do Estado e perseguidos e cor-ridos os padres seculares aqui exis-tentes, na maioria nossos coesta-danos 1

Após essa invasão calamitosa defrades e freiras, desenvolve-se uomunicipio da capital e em todos osmunicípios do Estado a epizootia_ nosanimais vacum e cavalar, aterrorizai!-do os lavradores pela grande mortatl-dade de seus animais, e por tal formaque ficou a lavoura privada de ani-mais para o seu serviço.

Não ficou somente nessas duas pra-gaS) — gafanhotos e epizootia, o seuarsenal de destruição. Vinha aindaem suas bagagens a inundação dascidades de Itajáhy e Blumenau. «

E como conseqüência desses de-sastres, a fome, a miséria e a cares-tia dos generos alimentícios !

Eis o 'resultado

do pouso dessesabutres negros e pardos de cabeçaraspada em nosso Estado I

Qual dos mais antigos anciãos denosso torrão natal dará noticia deter sido visitada pelos gafanhotos epela epizootia da peste a nossa la-voura t

Só depois da invasão desses abu-tres negros e pardos, expulsos detodas as nações civilizadas, que vie-ram aqui pousar, é que se deu a ca-lamidade com a qual estamos lu-tando !

A repartição veterinária neste Es-tado tem leito estudos para descobrira origem dessa peste, que atribue aosurubus, aos cachorros, aos ratos eaos morcegos, deixando de examinaros abutres negros e pardos de cabeçaencarnada, únicos contaminadoresdessa contagiosa epidemia de tão ater-radora influencia para a lavoura I

Experimente essa repartição pedirao governo, ou exigir, a expulsãodesses abutres que conduzem talepidemia e verá como, por encanto,desaparecerá a peste...

Um catarinense.

Santa Catarina, 18 — 4 — 1912.

evitar de ser linchado pelo povorevoltado, espalhou o boato quetinha mandado fazer fogo parao ar. E, para se furtar á graveresponsabilidade, lançou todaculpa sobre o soldado, que nodia seguinte foi preso comoresponsável do assassinato.

Sirva este facto de lição atodos os soldados que obede-cem as ordens barbaras dessessuperiores sanguinários, queexorbitam do cargo que ocu-pam, atirando depois a respon-sabilidade sobre os desgraçadose submissos inferiores.

Hontem, 26, os operários quetrabalham na tal represa dainfame companhia mostravam-se dispostos a fazer justiça pe-las próprias mãos, já que asautoridades do Estado não to-inaram nenhuma medida parapunir o verdadeiro responsável,antes pelo contrario fornece-ram-lhe mais força para asse-gurara sua impunidade. Ontemmesmo seguiram mais i2 sol-dados do destacamento daqui,armados e municiados, paragarantir o pergaminhado ban-dido, ameaçado pela justiça po-pular.

As explorações, os roubos,os massacres a que diariamen-te estão sujeitos os operáriosque trabalham na São PauloEletric Company devem pòr desobreaviso a todos os trabalha-dores do paiz para procuraremserviço nesse infame quão lu-gubre abismo da morte, ondeas próprias autoridades são em-pregados da Companhia.

Em outro numero daremosmelhores informações dos acon-tecimentos de que é teatro otal feudo.

Ida Moreno.

Secçao amenaOs espíritos, como sabem, estão

de novo em voga.Um sujeito conta a um amigo as

suas impressões de uma sessão es-pirita :

Interessantíssima 1... Evocámoso espirito do pobre Antônio, lem-bras-te ? que morreu o ano passado...Aquele rapaz que não tinha umreal de seu e viveu sempre como umprincipe...Exactamente.

E como soubeste que era ele ?Ora! pediu-me logo duas libras

emprestadas.

Você acredita na metempsi-chóse ?

Eu não, e você?Eu, cegamente.Então, que imagina você que

já foi ?Um burro.Quando ?

. — Quando lhe emprestei aquelescinco mil réis que você nunca pagou...

a "Lanterna" em Arassuahy(lorte de Minas)

Pró-Ettor e Giovannitti

Protestando contra uma violênciaEM SOROCABA

Henrique Bachelin.

Santa terraUm conspirador monarquista grau-

do de Portugal escreveu a outro,que é padre, um?, carta, publicadadepois pelos jornais. Dela destaca-mos o seguinte trecho:

Creio que o meu amigo desconhe-ce as condições de vida no Brasil :A melhor recomendação que o meuamigo para lá pode levar é preci.-a-mente a sua qualidade de padre. E'mais fácil um padre encontrar lá co-locação do que um secular. Eu vouver se posso obter-lhe uma recomen-dação pessoal para lá, mas o casonão corre pressa.

Santa terra, o Brasil!...0 mesmo conspirador diz na car-

ta que a "maldita aventura cou-ceirista" fortificou a republica por-tuguesa.

Mas valeu á nossa uma boa re-messa de padres e de carolas. Quepresente I

^ss. íCS>SSS>-3>S>*S>-3SS>

EM SOROCABA

Um crime policial

Pela linha Paulista0 nosso companheiro José Ro-

mero continua a percorrer a linhaPaulista e suas ramificações empropaganda da Lanterna e proce-dendo á cobrança das assinaturas.

Por estes dias serão visitadasas seguintes localidades da Arara-quarense: S. José do Rio Preto, Igna-cio Uchôa, Catanduva, S. Joao deAriranha, Cândido Rodrigues, Ju-rema, Taquantinga, Dobrada eMatão.

Esperamos que todos os nossosamigos e assinantes se esforçarãopara qae o nosso amigo possa con-cluir no mais breve tempo possivela sua tareta, poupando-nos isso»randes gastos e bastante trabalho.

Um delegado de policiamanda assassinar um ope-rario espanhol e lança aresponsabilidade sobre osoldado — As barbarida-des da Sâo Paulo EletricCompany.

Sexta-feira, 29 do p. p. mez,a população desta cidade foiabalada por uma noticia sen-sacional que, infelizmente, logofoi confirmada. .

Para o lugar- dos trabalhosda represa que o polvo norte-americano está construindo,com o sacriíicio de centenaresde operários, no fim da linhade Votorantim, distante uns 18quilomentros desta cidade, foirecentemente nomeado delega-do de policia um engenheiroronhecido pelo nome de Be-rimback de Lima, engenheiroeste que está ao serviço da so-berana empreza desde o iniciodaquele trabalho.

No dia supra indicado, umoperário de nacionalidade es-panhola dirigiu certa propostaa uma preta casada, queixan-do-se esta ao marido, que porsua vez levou a queixa ao co-nhecimento do famigerado en-genheiro delegado. Este orde-nou aos soldados que o pren-dessem. Tendo, porem, o ope-rario tentado fugir, pondo-se acorrer, a criminosa autoridademandou que fizessem fogo so-bre ele ; os soldados, obedecemdo, prostraram ao solo o infe-liz

'operário, mortalmente fe-rido.

Esse scelerado, percebendo aindignação que se alastrava en-tre todos os operários e para

Como prevíamos, tambem naSorocaba laboriosa os homensemancipados que aspiram a umestádio de civilização mais emharmonia com as necessidadeshumanas não deixaram de aten-der ao apelo de solidariedadevindo da terra dos reis dos«dollars».

O comicio que lá deveria serrealizado no dia 18, contem-poraneamente com os de S.Paulo, Santos e Rio, só poudeter lugar, por diversos motivos,no dia 25 do mez p. findo.

Um grupo de livres-pensado-res espalhou anteriormente pelacidade um bem lançado bole-tim relatando o grande crimede que estão sendo vítimasEttor e Giovannitti, os doisdedicados propagandistas dacausa operaria, encerrados hamuitos mezes na prisão deMassachussetts para gáudio dossenhores dos grandes trustsnorte-americanos.

O comicio teve lugar, comregular concorrência, no vastosalão da União Operaria. Fa-laram a companheira TerezaPeres, José Reviere e Gali-leu Lara, que, com o aplausodos assistentes, lançaram o pro-testo do proletariado soroca-bano contra a iniqüidade exer-cida contra os companheirosEttor e Giovannitti, aos quaistestemunharam a sua inteirasolidariedade.

A reunião encerrou-se coina leitura da moção de protestoque foi enviada ao embaixadornorte-americano.

Missões — Os fieis arassua-hyenses vestiram-se ha dias muibisarramento para receber quatromissionaiios, cuja vinda tão suspi-rada encheu de alegria os católicoscorações.

No dia 11 do corrente, pelas as4 horas da birde, lá foram á beirado rio, levando um enorme togue*torio, e até maquinas fotográficas,afim de dar as boas vindas aos qua-tro exploradores o masmorras debatina.

Semelhante espetáculo causa in-dignação. Ver-se, assim, um míseropovo, pobre, quasi indigente, ir ásportas de sua terra, alegre, esperarcom fogos, não quatro homens, seusami/os' e bemfeitores, mais quatroalgozes tonsurados, quatro abutresde batina indignos de qualquermanifestação !...

0 povo vive tâo cego que nãocompreende nada disto. Para ele éuma honra, um motivo de vaidadeser visitado por padres, mormentese esses padres trazem o titulo depregadores.

Simplório 1 Torna-se vaidoso deabusarem da sua bôa-fé I Honra-sede o roubarem !

A sua carolice e inépcia é tantaque o leva ao ponto de quasi adora ros missionários que lhe exploram ascrenças e metem-lhe as mão uabolsa !

Durante a permanência dos qua-tro urubus coroados foi uma bani-funda nesta terra. Os pobres fanaticos nem tempo tinham de comere dormir descansados: andaramnuma doubadoura !

Tiveram sorte os salardanas dosestroinas de batina.

Foram os velhos, as velhas beatase as moças que acudiram ao cha-mamento dos padres.

Os missionários com esta visitativeram um lucro espantoso.

Os quatro padrecos, logo que che-garam aqui, tomaram conta da igre-ja e transformaram-na em mercado(como é) — os vendilhões !

Batisaram, casaram, confessaramaté vereadores da Câmara Municipale professores do Grupo Escolar.

Fizeram predicas, dizendo, comoé natural, toda a sorte de tolices,chegando a ponto da excomungaremos anti-clericais desta terra.

Os vaidosos, então, não se limi-taram a agir somente dentro da igre-ja. Não. Quizeram ver, á luz dodia, o seu exercito a marchar pelasruas. E deram duas passeatas.

Vai chegando o calor e a lã nessetempo é insomoda, pois não éf

0 beneficio é reciproco: os pas-tores precisam de lã e as ovelhasda tosquia.

A's mil maravilhas !...Depois hão-de cantar: "Bemdito

sejais vós, ovelhas de Maria, emais a vossa lã e mais quem a tos-quia!8...

Arassuahy, AO — S— 1912.Zé bedeu.

Pequenos ecosEm Conquista — O nosso velho

companheiro de idéias Salvador Na-poli, ha muilo residente em Conquis-ta, participa-nos que acaba de montarnaquela cidade da Mogyana um hotel-restaurante, que oferece todas as co-modidades necessárias.

A todas as pessoas que tenham deir á Conquista recomendamos o res-taurante do nosso amigo S, ErnestoNapoli, onde por certo terão um ex-celenie acolhimento.

Oferta — Recebemos dos srs. Vas-concelos, Saraiva t*c Comp. diversospacotes de seus excelentes prepara-dos — Denlifricio e Pó Indígena.

O Denlifricio Indígena não só éum magnífico preparado para se lim-par os dentes, como tambem servepara boi ir as unhas.

O Pó Indígena é um bom polidorde metais, jóias, como limpa tam-bem admiravelmente o cristal.

Tanto o l'ó como o Denlifricio sãoeslraidos da grande jazida d > Tinguá,no Estado do Rio.

Aos srs. Vasconcelos. Saraiva t*<Comp. agradecemos a oferta dos re-feridos pacotes.

Convite — O Centro RecreativoAlegres da Luz distingui li-nos comum convite para a soirée que realizouno dia 34 do mez lindo no Salão doConservatório Dramático Musical.

Essa festa constou da representaçãoda comedia de Arthur Azeyedo — ODole e de um animado baile.

Agradecidos pelo convite.

S. U. dos Trabalhadores dePrancha — Esta sociedade da Cida-de do Rio ürande, R. C. do Sul,participa-nos que, em sessão reali-zada ern 28 de"julho passado, forameleitas e empossadas as comissõesque deverão estar á sua testa duranteo ano corrente.

Gratos pela comunicação.

FESTA GRAFICA

A União Grafica realizará hojeá noite, no Salão Alhambra, umafesta para comemorar á sua insta-lação definitiva.

A essa velada comparecerão re-presentantes da Foderaçío Graficado Rio o do elemento grafico deSantos e Campinas.

Será representada a peça socialem dois actos do saudoso propa-gandista Pedro Gori ¦•- Sema Pa-tria e a comedia em um actoPinto Leitão & Comp.

0 dr. Justo Seabra realizará umaconferência, terminando a festa comum baile familiar.

Agradecemos o convite que nosofereceu.

VIDA OPERARIA

Idade própria

** *

De um diário:Uma dama americana, a senhora

Green, era qualcer. A' ultima horafez-se católica, e resolveu batisar-se aos 78 anos de idade. Não sa-bemos se íoi baptisada de mergulhoou de concha, mas atendendo áfragilidade dos anos, agravada pelafragilidade do sexo, é de presumirque a velhota mergulhasse na pia.

A velhice repousada que vai tera velhota, com o sacramento dobatismo... in extremis!

Mas aqui está uma solução! Oscatólicos querem o batismo na in-fancia; os livres pensadores dizemque isso é um abuso e uma violência,pois a criança inconsciente não dáo seu consentimento.

Pois bem: reserve-se o batismopara a velhice, que é uma segunda 1infância!...

EM S. PAULO

Liga dos Trabalhadores em Ma-deira — Esta liga reuniu-se em as-sembleia geral na terça-feira passada,discutindo e aprovando os seus es-,tatutos, íicando tambem eleitas assuas comissões administrativas.

EM JUIZ DE FO'RA

No nosso próximo numero volta-remos a ocupar-nos do grande mo-vimento do operariado realizado emJuiz de Fora para a conquista dajornada de S horas, e conlra o qualfoi feita uma vandalica perseguiçãopor parte da policia sanguinária, queatacou a tiros o povo inerme, ma-tando e ferindo muitos operários.

Já se íoram os missionários. Comtoda a certeza íoram contentes.Passearam, comeram e beberamfartamente, como bons padres quesSo; levaram o seu cobrinho, nãomuito a credito mais bem ganha-dinho e angariado pelas gentis se-nhoritas e devotas de S. Geraldo(o que está na moda) com a ajudade Deus e dos tolos e pobres deespirito, e sobre tudo preparandoo terreno para outra colheita.

Ah! quanto a novas colheitaspodem descançar 1

Logo que as suas reverendissi*mas estiverem miquiadas — o queé poisa feia para um padre que sepresa — não se incomodem. Re-servem simplesmente1' o dinheironecessário para a viagem e façamo sacrifício de nr a Arassuahy,dar um saquezinho nos bolsos ca-tolicos.

Hesitam f...Ora, vamos, reverendos... não

façam cerimonia..Escrúpulos não os ha, com cer-

teza...E depois o senhor bispo tambem

tem essas manhas...Venham, venham, que as ovelhas

ainda lhes agradecerão a tosquia.

fi 'lanterna" em B^é

E' representante da Lanternaem Bagé, R. G. do Sul, o nossocompanheiro Amantino 0. Santos,que está autorizado a proceder ácobrança das assinaturas.

TIPOGRAFIACOMPBA.-SE uma tipografia eorn-

pleta, on somente o prelo, que estejaem bom estado e que dê para um jor-nal do formato da Lanterna ou poucomenor.

Ab informações, que deverão serminuciosas, podem ser dirigidas a estaredacção.

VENDE-SE

Vende-se diversos lotes de ter-renos sito à rua Major Octaviano(Braz), distante do lioiid Bresser 2minutos, l^reço de ocasião.

Vende-se tambem um outro omSantos, medindo 14 metros de írentepor 50 de fundo, sito a rua Dr.Manuel Carvalhal, de esquina paraAvenida Canal, (antiga rua 5).

Trata-se nesta redacção com Euge-nio Leuenroth.

A LANTERNA

NÚCLEOS DÃ VANGUARDAEM S. PAULO

Grupo Libertário Guerra Social— Balancete da agitação pró-Ettor eGiovannitti :

Entradas :Rateio na reunião prepara-toria 24S000

Entre amigos na Praça An-tonio Prado 6S000

Rateio no comicio .... 52S000Grupo Libertário Guerra So-ciai 9S7°°

Total 918700

Foi uma agradável noitada de pro-paganda, que se deve repetir commais freqüência.

Grupo Anticlerical — Comurii-cou-nos o companheiro Joáo Lou-zada que um núcleo de decididosanticlericais residentes na Ponta doCaju acaba de fundar naquele arra-balde um grupo anticlerical, cujo iimserá dar batalha por todos os meioscontra ao clericalismo nefasto.

Por meio de conferências, e peladistribuição de jornais, folhetos eavulsos, 0 grupo fará uma activa pro-paganda das idéias de emancipaçãohumana.

A sua direcção é : Praia do Caju,i5, Rio.

3oSooo158ooo45S400

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Saídas :Aluguel do salão . . .ManifestoTelegrama ......Correspondência....

Total 91S700

EM MINASLiga Anticlerieal — Com a pre-

senca de grande numero de anti-clericais, foi fundada no dia -ii domez findo, nesta capital, a Liga-Anti-Clerical de Belo Horizonte, tendosido muito aclamadas a Lanterna, aGuerra Social, o Livre Pensador, aBattaglia e os demais jornais decombate do Brasil.

Esta é a primeira liga deste caráterque se funda no Estado das Alterosas,e por ser a primeira já começou a serfuriosamente perseguida pelos Con-sonis daqui, e tambem pelos carolase hipócritas, desde que saíram a pu-blico os boletins de convite.

Os da igreja de São José, logoque souberam da resolução dos srs.Enéas Campos Pires. Teophüo deOliveira, Alexandre Pereira, Dimasde Carvalho e Valdemar da Silveira,que são os fundadores da Liga,foram de club em club, de cinema emcinema, de casa em casa pedindo aosseus proprietários para não nos ce-derem os seus salões.

Os companheiros já se achavamresolvidos a irem fundar a Liga naPraça Rio Branco, quando lhes tol ce-dido generosamente pela Federação doTrabalho o seu vasto salão provi-sorio.

Na assembléia imediata deverá sereleita a primeira directoria. — O.

NO RIO

Escola Operaria l.o de Maio —Apesar da péssima noite de 3i deacosto, a festa realizada pela EscolaOperaria i.» de Maio teve grandebrilhantismo.

A concorrência de lâminas loi

grande, ficando a sala da escola in-teiramente cheia.

A bela sessão de propaganda teveinicio com a Marselhesa do Fogo,de Neno'j Vasco, cantada em coro

pelas crianças, que receberam lartosaplausos.

Apresentado pelo professor da Es-cola, Pedro Matera, realizou o prof.José Oiticica a sua excelente conte-rencia — A missão da Escola Racw-nalista, que deixou nos assistênciauma o grande desejo de ouvi-lo no-vãmente, tal foi a proficiência comque dissertou sobre a importantequestão do ensino.

Foram depois recitadas, pela me-nina Cinira de Almeida, a poesia deA. Silva — 0 padre, e pelo meninoAntonio da Silva, o soneto tambemde A. Silva — O patriotismo, agra-dante bastante ao numeroso auditório.

A Liga Anticlerical do Rio esteverepresentada pelos companheiros M.H. dos Santos e Elpidio Nunes.

EM PELOTAS

CONTRU 0 WINIOJO CLEROPROTESTO

Usando deum direito constituciona,,a população Hvie desta terra, dianteda proteção dispensada abertamente aoclero, elemento pernicioso de todos ostempos, protesta veementemente conlraesse estado lamentável de coisas queamcaçti perturbar a moralidade cionosso povo pela aceitação submissadc bolorentos princípios errôneos daignorância que o clero espalha em

profusão no intuito criminoso de seapoderar das consciências e con-verlel-as. passivas e tunoratas, as suasidéias, subjugando-a ao seu poderionegregado.

Esta parte da população de Pelotas,acompanhando o progresso do séculolivre de preconceitos retrógrados, cum-pre um dever e pratica um bem salva-guardando a honra dos seus lares,cultuando a verdade contra as invés-tidas do elemento clerical que todosos paizes procuram eliminar emyner-gicai medidas de moralização decostumes.

Pompilio Andrade Jaime, ArmandoAndrade Jaime, Francisco de PaulaBorces, José Gomes Silva, JoséMarques de Sá, Frederico Schrei-ber, João Elpidio dos Anjos, Do-mingos Gonçalves Pereira, JoãoAntonio de Assis, João Mediria,Gaspar Alves de Pinho, SalvadorLopes, João Corrêa da Silva, Fran-cisco M. de Aridreria, Pedro Ra-malho, Paulo IL Goeden, DelfimCarvalho, Joaquim de Souza Gas-par Granada, Hildebrando Salengue,Mario Hugo Lagos, Joaquim No--meira, Arthur Corrêa dos Santos,Francisco Vieira Dias, XeferinoEmilio Taddei, João Cunha e Silva,Martiniano Lopes de Morais, Vai-demar Borba, José Maria Ventura,losé N. da Guerra, Alberto dosSantos, Manuel Maximiano daSilva, Francelino Alves, AntônioAndrade Araújo, Francisco Adi-cham, José B. da S. Seiga, JoioLuiz Maisonave, .1- L. Barrons,César Calveira Brisolara, FranciscoGomes de Pinho, João S. Lima,Frederico Moroto, Julio ConceiçãoBabrera, Lourival Lima da Silva,Lindolfo Soares, Antolino LedesmaPinho, Oscar J. Neves, ValdemarNether, José Fernandes, TomazPinto Moreira, Joaquim Antonioda Silva, Manuel Dias Ferreira,Luiz Cunha, Carlos Jaime y Parejo,Martinez Andrade Jaime, PedroKugland, Delfim Brito, CassioAntunes do Conte, Joaquim JoséCustodio, João de Souza Leite,

Manuel Ferreira Vaz, Antonio M.Saraiva, Antonio Borges Barreto,Daniel Rodrigues, João Camilo,Bernardino da Costa, Américo .1.Oliosi, Menileu Vieira Braga, To-ma/. Sassoni, Arnaldo Etchbest,Renato A. Pinto, Silvio PellicoBelchior Sobrinho, Eduardo Mnr-quês baraiva, Hugo Marini, Manuelda Silxa Calixto, Ataliba MartinsFreitas, José A. Teixeira, FranciscoFerrer, José Pedro Franz, RamãoFerrer, Martiminiano Ortel da Fon-seca, Adriano Muniz Fagundes,Manuel F. Basber, Francisco Vitor,Eugênio Aquino, Carlos Amorim,José Carlos da Silveira, José lientoJúnior, José Luiz do Rosário, Fa-

bião 1. abourdetts, Luiz dc Souzae Silva. Maurilio M. Vilar, PedroFelix Xavier, Dario Humberto La-gos, Simeão Borges, Lelio falcão,Catalinio Olíinio Caldas, José An-tonio de Barros, Simplicio Pires,Zulmiro Quirineu Soares, AlbertoRoberto Neto, Francisco BassolsOliver, João Francisco da Silva,Joaquim Mello, Carlos CasanovaNogueira, Alfredo Casanova No-gueira, Mario Primazeuski, Joãolalmezni, João Monteiro Filho,Altredo Ferreira da Silva, OvidioRibeiro, Anselmo Edmundo Pinho.

(Continua).

S. Jeronimo —A. D.: Corrigimoso engano e remetemos-lhe todos osns. atrasados. Desculpa a involunta-ria falta. Saudações.

Conquista — S. E. N. : O anunciosairá no próximo numero. Salute !

Sorocaba — União Operaria:^ Jáentregamos á respectiva comissão alista de subscrição e o vale em favordo operário I'. P.

Rió _ R. S. Munhoz: Recebemoso jornal e o boletim. Agradecidos.

Cidade de Arassuahy — Zé bedeu :Continue. Será satisfeito o seu pedi-do. Saudações. .

Rio — Barbosa: Já tinha recebidooutra noticia do M. As notas irãocom o João. Oxalá ela se torna umfacto. Abraços.

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j^io _ M. Macedo :não ha mais nenhum exemplar.Greve de ventres irá com o Joãooutro pedido deves fazer directamente,pois não temos a possibilidade deencontrar o E. Saude .

Pirajú — G. Polenghi : Seguiramos ns. pedidos. Salute 1

Morro Velho — A. L. R- :. Modi-ficámos o endereço para evitar queos tais da boa gente roubem o jornal.Salud _ .

Coritiba - B. L. G. : Recebemosos 10S de sua assinatura, que come-çou com o primeiro n. espedtdo di-rectamente para o seu endereço.Agradecidos pela solicitude com quênos distinguiu. Mandaremos o recibo.Saudações. ,

S. João d'El-Rei - Dr. C. B. deC • Recebemos a importância de suaassinatura, registando o seu endereçono livro* de assinantes da Lanterna.Saudações. ..

Passo Fundo — M. G. da L.: fi-zemos a transferencia do endereço.Seguiu um pacote para a propagandaaí. Saudações.

Pelotas — A L. M. : Foi satisfeitoo seu pedido. Ainda não chegou asegunda remessa do Uvro de Wlute.Saudações.

Rio — M. V. de C. : E' um traba-lho de grande alcance para a propa-ganda que o amiuo está fazendo. Ke-metemos mais dois pacotes para omesmo fita. Tambem nos conserva-mos e empregamos todas as tolhas ae

propaganda. Saudações.Capital - B. R. P- : Recebemos o

raspão. Saudações.Paranaguá - C. L.: Era escusado

tantas explicações. Mandará logo quepossa. Seguiu o romance. Saudações.

Est. Ferraz — S. Pierim : A quan-tia veiu certa, ficando aqui a impor-tancia do livro de White, que aindanão veiu. F.stá recebendo o jornal tSaudações.

Belo Horizonte — G. Torres: Re-cebemos a carta sobre o congresso.Faremos o que pedem. Salud!

Vila de ltauna — F. Pena: Se-guiram duas dúzias de postais e dois

pacotes para as duchas... Queira avi-sar-nos qual a diferençapoder. Saudações.

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MIGUEL ZEVACO

CAVALEIRO DE LA BARREgrande romance histórico

(Especialmente traduzidopara A LANTERNA)

Primeira parteAMOR!

XIO IN-PACE !

será o unico responsável pelas tuaspalavras...

Flor de Maio exalou um débilgrito de angustia e tapou os olhos

. com as mãos, balbuciando:Oh i Que voz fez ele para que

assim o odieis ?Que me fez?! exclamou Ger-

faut. Escuta...Aproximou-se, curveu-se para a

moça, que vergava como uma canasob uma carga demasiadamentepesada.Escuta, continuou asperamen-te o arcipreste. Queres saber o queme fez... o que tu tambem mefizeste... Vais sabê-lo... Sofro de-mais... Preciso de talar...

Calou-se um momento. Ouvia-seo ruido da sua respiração sibilante.Flor de Maio esperava as suas pa-lavras com o mesmo pavor comque esperaria um golpe mortal, comos olhos irresistivelmente fixos nosdo padre. Naquele momento naoteria sido capaz de fazer um gesto.

Quando cheguei a Abbeville,disse Gertaut, era feliz. Com ale-gria, com ardor, tinha-me consa-grado ao culto de Deus. Todos osmeus pensamentos, todas as minhasforças as punha ao serviço da nossaanta madre Igreja... 3

E' representante da Lanterna no Rioo nosso amigo Cecilio Villar, que po-dera ser encontrado á rua do benado,196. . u

Da cobrança das assignaturas estaencarregado o eoinpauheiro SantosBarbosa.

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Escusado ó dizer-se que esta é aúnica fabrica que vende sem

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custando 1$500 o exemplar e mais300 réis pelo correio*

0 cura benzeu-se e acrescentoupara si, como o obrigava a regrada restrição mental:

E ao serviço da todo-poderosaInquisição...

Depois continuou em voz alta:Tranqüilo, de alma serena,

cultivava a vinha do senhor e tra-tava de arrancar os maus sarmentospara os queimar... A caça aosherejes era a minha doce ocupação ..Ura dia... dia de desgraça... vi-te...e desde então tudo acabou paramim...

— Que horror ! murmurou I lorde Maio, ouço palavras e tenhomedo de compreender...

Tratei de me engolfar na lutacontra os inimigos da Igreja... fiz-me temível para os Ímpios... maso meu coração nao tinha repouso...

Oh ! isso é monstruoso...Calai-vos !

Sempre, em todas as partes,no tribunal, na sala dos tprmentos,ao pó do cadafalso e da fogueira...desgraçado! mesmo ao pé do altar,perseguia-me uma imagem malditae querida... Era a tua, Flor deMaio !...

Monstro ! As vossas palavrasinfames não me mancham !...

Amava te ! ouve bem, rugiuo padre delirante. Amava-te, ama-va-te!

JoSo,! meu João ! Adoro-te ! Amava-te! E amo-te!... Os

ciúmes queimam-me as veias, en-venenam-me as noites... o espantosotormento não me deixa um momentode descanso... Amo-te, joven, amo-te... e desejo-te !

Para trás, miserável 1—• Amole ! desejo-te I0 padre estendeu os braços.

Delirava.Se queres, proseguiu ele, par-

tiremos... irei comtigo... irei paraonde quizeres... renunciarei á honrado meu titulo... abandonarei as

minhas funçõe3... renegarei o nomede Deus... serei teu escravo...

Causais-me horror !Ali ! odeias-me tanto ?Desprezo-vos ! E com tal des-

prezo que tenho a alma cheia derepugnância!

Hasde ser minha ! rugiuGerfaut.

Com suas rudes mãos, agarrouFlor. de Mnio pelos hombros. Amoça não soltou um grito; eoncen-trava todas as suas forças numaluta silenciosa. 0 padre tratava dea arrastar e ela defendia-se, des-vairada, arranhando com as unhasas mãos de Gertaut.

Este soltou-a por um segundo,que bastou para que Flor de Maiodesse um salto para a porta. Antesde a ter o padre podido alcançar,lançou-se por um longo corredordeserto, correndo velozmente, comos cabelos soltos, os olhos injectados,a gritar:— Socorro ! socorro !

0 arcipreste corria a um passoI de distancia dela. A joven sentia

na nuca a sua respiração ardente,üma larga escadaria de pedra subiado fundo da passagem. Flor deMaio fez um derradeiro esforço parase precipitar por ali.

Neste momento, no alto da esca-daria apareceu a freira que elaentrevira na cela. A monja abriuos braços, nos quaes Flor de Maiose deixou cair, murmurando :

— Salvai-me! Por piedade 1 Sal-vai-me !

E desmaiou de terror, com asua formosa cabeça pálida caidasobre o hombro da monja, que asi:stinha impassível, sem um raiono olhar, sem vestígio de comoçãona face Gerfaut parará e recupe-rara a sua fisionomia inexpressiva;a chama ardente dos seus olhosextinguia-se sob as suas pálpebrasde cidas.

—- Essa desgraçada persiste nasua heresia, disse ele com lentidão.Tomarei para a ver...

A freira permaneceu muda eimpassível.

Entretanto, ajtintou o padre,é preciso domar ao mesmo tempoo corpo e a alma dessa rebelde...Bem me entendeis, irmã, digo ocorpo e a alma.

Compreendi, disse a monja:o corpo cora privações; a alma comvisões...

Isso mesmo, irmã. Levai arebelde... Bequiescat in pace!

A freira inclinou a cabeça._ Depoisdeu um grito' que, repercutiu pelocorredor, abrindo-se logo duas celase aparecendo duas religiosas, ás

quais Gerfaut fez um sinal. Asduas monjas levantaram Flor deMaio, que continuava desfalecida,e começaram a descer as escadascom o fardo.

—- Bequiescat in pace! repetiuo arcipreste.

Depois, volvendo-se para a reli-giosa que com ele ficara inclinou-se com humildade estudada:

Até á vista, senhora abadessa.A freira sofreu um abalo, cobriu-

do-lhe por um instante as brancasfaces uma leve tinta rosada.

— Que dizeis ! murmurou ela.Sou apenas superiora.

Digo que é necessário recom-pensar os brilhantes serviços queprestais á nossa santa Igreja e quevou pedir a Monsenhor de la Motteque se faça de modo que vos sejaconferido o titulo de abadessa comtodas as preeminencias que llie sãoanexas... Tenho, pois, razão emdizer: Até á vista, senhora aba-dessa, e que vos tenha Deus em suasanta guarda!

E Gerfaut desceu por sua vez,deixando a superiora, que se encos-tara á parede e fazia incríveis es-forços para ocultar a imensa ale-

gria de que se sentia invalida.De baixo, chegou-lhe mais uma

vez a voz do arcipreste :— Não vos esqueçais sobretudo

da minha recomendação para a re-belde : Bequiescat in pace !

Flor de Maio abrira os olhos.Cerrou-os logo, tornando depois aabri-los, espantada. Ficara cega ?A' sua volta, para qualquer ladoque volvesse a vista, só havia ne-grume. Não essa obscuridade naqual flutuam algumas partículasde luz, mesmo nas noites mais pro-fundas, mesmo na prisão mais bemfechada; mas o negro opaco, o negroabsoluto, o negro vertiginoso.

Estendeu as mãos e adivinhouque estava deitada sobre pedras.Aquelas pedra3 estavam humidase cobertas de um ligeiro musgo :ela compreendeu que o fizera brotara humidade. Tratou de atravessara profundidade da noite. Escutoudurante logos minutos. Nenhumaluz, nenhum ruido! Ocorreu-lheuma idéia espantosa : estaria con-denada ao silencio e ás trevas parasempre ?... Tê-la-iam deposto vivanum túmulo ?

Levantou-se, deu dois passos,com as mãos estendidas. Deteveauma parede. Um pormenor acaboude mergulhar Flor de Maio numaagonia de terror: a parede nãooferecia as rugosidades da pedra,nem a maciez do mármore ou doestuque. Parecia uma parede depano. Para que era aquele pano ?

Flor de Maio meteu-se num re-canto, encontrado aos apalpões, efechou os olhos, evocando com todasas forças a imagem de João : pa-recia-lhe ser isto suficiente para aproteger. Ma3 o seu espirito só lherepresentava motivos de horror. Seevocava a figura do bem amado,era para o ver logo no cadafalso, coma cabeça pousada no cepo.

k

-fEngenho Stamato

Sem engrenagem para moagem decanna oom salvaguarda para evitardesastre. Privilegiado e premiado oomdiversas medalhas de bronze, prata eouro. Progressivamente estão se espa-lhando por este vasto paiz; já foramadquiridos por mais de 1.000 fazen-deiros que atteatam a utilidade destaimportante machina. Inventor e iabrioante

RAPHAEL STAMATOFilial, Rua da Alfândega, 194 —

Rio de Janeiro.Fundição e Meohanica, Avenida Mar-

tim Burohard, 146 — S. Paulo.

Um sofrimento físico veiu agra-var com o seu contingente de atro-cidade aquela situação: a sede!Flor de Maio tinha ardentes agarganta e os lábios, a lingua seca,o peito em fogo. Ao principio nãose importou desse mal que nãoconhecia; mas pouco a pouco o foiachando intolerável.

Deu a volta ao lugar desconhe-cido aonde a tinham lançado, tu-mulo ou prisão, esperando encontraro cântaro de agua que deviam ter-lhe deixado, pois não era possivelhaver no mundo gente tão má queinfligisse a alguém, a uma mulher,o eapanto?o, o definitivo suplícioda sede. Nada encontrou ! Entãoteve realmente sede, soube o queera essa tortura, sofreu o martíriocrescente.

Não tardou a variar. Fez-se-lhecada vez mais curta a respiração,a razão perturbou-se-lhe, acudiu lhea idéia de morder no braço parabeber um pouco de sangue. Quantashoras decorreram assim, naquelaespantosa agonia f

Não lhe chegava ruido algum,não tinha meio algum de medir otempo. Sentiu momentos de prós-tração, experimentou crises de de-sespero enorme e por fim caiu numaespeeie de atonia que a deixavaimpassível. Flor de Maio teve entãoalguns minutos de alegria: julgouque ia morrer. Os seus sofrimentosiam terminar em breve. Fechou osolhos e pronunciou um nome :

— João... meu bem-amado...Repetia esse nome, para que no

momento supremo lhe brotasse doslábios. E sorridente, com sorriso delouca, esperou.

XIIJUNCÇÃO DE SALVERIO

E DE JOÃOTemos agora que voltar ao mo-

mento em que o Cavaleiro de la