Caso Uniban e Sua Própria Sexualidade
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UNIBAN E SUA COMPULSÃO SEXUAL
Recentemente vimos através do You tube e tele jornais a manifestação de uma
matilha de “lobos e cães”.
O fato com certeza não se relaciona ao momento isolado do ataque dos “cães e
lobos”, mas, é importante observar que com certeza tem um antes e um depois
daquelas cenas expostas na internet e meios de comunicação.
Estou referindo a manifestação de compulsão sexual animal no cio que aconteceu
na UNIBAN em relação a aluna de 20 anos que foi hostilizada.
Tratar como universitários acho difícil, pois significa serem maiores e mais
esclarecidos do que são...
Mas como podemos definir este evento? Dentro de uma época que encontramos
várias manifestações agressivas pela sociedade e em ambientes universitários, bem
como em escolas de ensino médio e fundamental?
Encontramos ainda hoje em campos universitários barbárie de “trotes” em alunos
que acabam de entrar na “Universidade”.
O fato em si, sobre qual roupa esta moça estava usando é realmente coisa de “cães
e lobos” no cio puritanos.É interessante observar os elogios que manifestaram todo
o desejo sexual através de palavras.
Se esta manifestação não é enquadrada entre atos de Bullying, então passo a
enquadrar em atitudes xenofóbicas.
Ora o que é xenofobia? Xenofobia é normalmente associado a aversão a outras
raças e culturas. É também associado à fobia em relação a pessoas ou grupos
diferentes, com os quais o individuo que apresenta a fobia habitualmente não entra
em contato e evita.
Por esta razão xenofobia tende normalmente a ser visto como a causa de
preconceitos.
Porém isto não é totalmente verdade. Xenofobia pode realmente causar aversões
que levam a preconceitos raciais ou de grupos. Contudo nem todo preconceito
provém de fobia. Preconceito pode provir de outras causas.
Estereótipos pejorativos de grupos minoritários por exemplo, podem levar um
individuo a ter uma idéia errada de outro grupo podendo ultimamente levá-lo ao ódio
(não por medo, mas por desinformação).
Outra causa pode provir de idéias e conceitos preconceituosos, em que à causa não
é fobia, mas conflitos de crenças. Esta causa é similar a anterior, porém é gerada
por conflitos de conceitos, não desinformação.
Há também outra forma de olhar o acontecido. Uma visão psicanalítica dos fatos.
Algumas pessoas se sentem aprisionadas, formando um círculo vicioso, em seus
comportamentos sexuais. Sentem que quanto mais sexo faz, mais necessitam dele.
São os adictos ao sexo, semelhantes aos adictos às drogas, alimentos e bebidas.
O sexo nesses casos não parte de um desejo, mas de uma necessidade. Desfigura-
se seu sentido de símbolo de amor e mistério. A doença vem assolando um número
cada vez maior de pessoas. A pós-modernidade, com seu afrouxamento de laços
afetivos, familiares, violência urbana, desemprego, culto ao corpo e à imagem,
hipervalorização do prazer e dos sentidos, imediatismo e materialismo, muito
contribui para tal situação.
Porém, para a Psicanálise, outras raízes desse complexo distúrbio estão na infância
da pessoa envolvida. Todas as crianças apresentam uma “disposição polimórfica
perversa” (Freud), ou seja: não apresentam a sexualidade integrada, madura. São
os cuidados maternos, paternos e os valores cristãos, os principais veículos para
essa integração afetiva e sexual.
A psicanálise pode atingir essas raízes inconscientes do sujeito compulsivo. A
compulsão é uma das formas dos adultos encenarem experiências de desamparo e
privação, vivenciadas na infância. Há uma criança aflita escondida no interior do
adulto compulsivo. E este, enquanto está mergulhado no seu vício, não consegue
perceber e nomear esse desamparo. A sexualidade é usada, nesses casos, como
uma forma de se defender de poderosas angústias, perda de identidade, depressões
e até mesmo de um colapso psicótico. A compulsão é um mecanismo, uma tentativa
de encontrar uma intimidade com o outro e permite “a ilusão de fusão com o objeto
desejado, com suspensão momentânea de vergonha e culpa intensidade orgástica,
mas com a secreta garantia de não estar envolvido (a) genuinamente”. (Masud
Khan, psicanalista da escola inglesa).
Esses sujeitos em suas infâncias não tiveram a oportunidade de um bom contato
emocional com os outros significativos daquela época e tudo isso precisa ser
revivido e trabalhado em um tratamento. Além disso, muito da agressividade e
traumas como desaparecimento súbito de um genitor por abandono ou morte,
experiências de hospitalização por graves doenças, além de abusos sexuais reais,
vividos na infância, tentam se expressarem através das compulsões. Ele (a) usa o
mecanismo de erotizar sua destrutividade, obtendo triunfo e gozo fugazes em
relação a ela. Esse é um dos principais motivos na dificuldade de remover a
compulsão.
É preciso que os dependentes sexuais encontrem na vida pessoas significativas,
éticas, amorosas, que os ajudem refazer seu mundo interno. Quanto mais insistirem
nessas vias compulsivas, mais mobilizarão seus cérebros, suas sinapses, seus
neurotransmissores a sentirem falta desse vício.
Os grupos de auto-ajuda também são de grande valia na reconstrução de seus
mundos. Eles ajudam a relativizar o sofrimento e perceber que outros vivem
situações semelhantes. As pessoas reunidas encontram compreensão e apoio
mútuos.
O que uma boa parte daqueles que agrediram verbalmente e intimidaram era o
desejo de possuir, comer, ter uma noite de prazeres...
Mas como não foram eleitos pela moça, então passaram a hostilizar como “lobos e
cães” que a fêmea não estava interessada.
Acredito que o pensamento coletivo da UNIBAN está cheio de desejos e compulsões
sexuais não resolvidos.
E o ato de expulsar a aluna é mais cômodo pois não teria como possuí-la ... Seriam
muitos para uma só...
Como o mundo é “pequeno”, logo uma revista masculina convida a moça para fazer
um ensaio fotográfico sensual. Então todos aqueles envolvidos poderão comprar a
revista na sombra e saciar sua vontade em parte com suas parceiras ou parceiros,
sobre o desejo de possuir a universitária mocinha de 20 anos...
RONALDO DE MATTOS – PSICANALISTA CLÍNICO