Casos Clinicos Dor

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Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Pró-Reitoria de Ensino Atividade Avaliativa Acadêmico (a) ____________________________________________________ Data: 05/11/2012 Disciplina: Farmacologia Odontologia Professor (a): Lucília Silva Gontijo CASO CLÍNICO 1 A.G., 24 anos, sofreu queimaduras potenciais ao enfrentar um incêndio acidental em sua casa. As queimaduras encontradas pelo corpo são de primeiro e segundo graus, atingindo também uma queimadura de terceiro grau na perna esquerda. Ao dar entrada na emergência do Pronto Socorro, A.G. é tratado com morfina administrada por via intravenosa em doses crescentes, devido à presença de dor intensa. Após o desaparecimento da dor a dose foi então mantida. No dia seguinte ao acidente, foi realizado um enxerto de pele na região da perna. Durante o procedimento cirúrgico, o médico anestesista administrou no paciente uma infusão intravenosa contínua de remifentanil, juntamente com uma dose de morfina por injeção intravenosa direta 15 minutos antes do término da operação. Ao fim da cirurgia e durante os quatro dias seguintes, A.G. recebeu morfina através de um dispositivo de analgesia controlado pelo paciente. À medida que as queimaduras foram se cicatrizando, a dose de morfina foi reduzida de modo gradativo e, ao final do tratamento, a droga foi substituída por um comprimido contendo a associação codeína/acetaminofeno. Passado três meses, A.G. retornou ao hospital queixando- se de acentuada perda da sensação ao toque na área do enxerto cutâneo. Comunicou também uma sensação de formigamento persistente nessa área, com surtos ocasionais de dor aguda em punhalada. Após encaminhamento a uma clínica especializada em dor, A.G. recebeu gabapentina oral, que reduziu parcialmente os sintomas. Entretanto, retornou à clínica dois meses depois sentindo ainda uma dor intensa. Nessa ocasião, acrescentou-se a amitriptilina à gabapentina, e a dor foi ainda mais aliviada. Três anos depois, a dor remanescente de A.G. desapareceu e ele não necessitou mais de medicação; entretanto, a falta de sensibilidade na perna persiste.

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Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTESPró-Reitoria de Ensino

Atividade AvaliativaAcadêmico (a) ____________________________________________________ Data: 05/11/2012Disciplina: Farmacologia OdontologiaProfessor (a): Lucília Silva Gontijo

CASO CLÍNICO 1A.G., 24 anos, sofreu queimaduras potenciais ao enfrentar um incêndio acidental em

sua casa. As queimaduras encontradas pelo corpo são de primeiro e segundo graus, atingindo também uma queimadura de terceiro grau na perna esquerda.

Ao dar entrada na emergência do Pronto Socorro, A.G. é tratado com morfina administrada por via intravenosa em doses crescentes, devido à presença de dor intensa. Após o desaparecimento da dor a dose foi então mantida.

No dia seguinte ao acidente, foi realizado um enxerto de pele na região da perna. Durante o procedimento cirúrgico, o médico anestesista administrou no paciente uma infusão intravenosa contínua de remifentanil, juntamente com uma dose de morfina por injeção intravenosa direta 15 minutos antes do término da operação.

Ao fim da cirurgia e durante os quatro dias seguintes, A.G. recebeu morfina através de um dispositivo de analgesia controlado pelo paciente. À medida que as queimaduras foram se cicatrizando, a dose de morfina foi reduzida de modo gradativo e, ao final do tratamento, a droga foi substituída por um comprimido contendo a associação codeína/acetaminofeno.

Passado três meses, A.G. retornou ao hospital queixando-se de acentuada perda da sensação ao toque na área do enxerto cutâneo. Comunicou também uma sensação de formigamento persistente nessa área, com surtos ocasionais de dor aguda em punhalada. Após encaminhamento a uma clínica especializada em dor, A.G. recebeu gabapentina oral, que reduziu parcialmente os sintomas. Entretanto, retornou à clínica dois meses depois sentindo ainda uma dor intensa. Nessa ocasião, acrescentou-se a amitriptilina à gabapentina, e a dor foi ainda mais aliviada. Três anos depois, a dor remanescente de A.G. desapareceu e ele não necessitou mais de medicação; entretanto, a falta de sensibilidade na perna persiste.

PERGUNTAS

Questão 1. JUSTIFIQUE o fundamento lógico para a seqüência de medicamentos utilizados durante o enxerto de pele.Questão 2. EXPLIQUE por que a morfina teve a sua dose reduzida gradualmente e substituída por um comprimido com associação de codeína/acetaminofeno.Questão 3. EXPLIQUE os mecanismos que poderiam produzir dor espontânea na região da queimadura de terceiro grau dentro de meses a anos após a cicatrização do enxerto cutâneo, bem como o fundamento lógico para o uso da gabapentina no tratamento da dor crônica de JD.

CASO CLÍNICO 2E.J., 26 anos, enquanto participava de uma aula prática de química orgânica, sofreu um

acidente com ácido fluorídrico. Apesar da resposta rápida em retirar a mão da capela onde estava o liquido, algum resquício do ácido atingiu as pontas dos dedos da sua mão direita.

Depois de algum tempo, E.J. queixa-se de dor em queimação e latejante de alta intensidade, sendo levado imediatamente ao pronto atendimento do Hospital Santa Casa.

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O médico que o atendeu verificou que o ácido clorídrico havia penetrado nos leitos ungueais dos dedos afetados, e por isso a persistência da dor relatada pelo paciente. Foi, então, administrado gliconato de cálcio com o objetivo de neutralizar o ácido remanescente, juntamente com um bloqueio nervoso digital para reduzir a dor. O procedimento consistiu em uma injeção de lidocaína sem epinefrina, nos dedos, seguida da aplicação do gliconato.

De inicio o paciente relatou um alívio na ardência relacionada à queimadura, porém a dor levou um tempo maior para diminuir.

Passado 15 dias, as feridas provocadas pelo incidente já cicatrizaram de forma espontânea, e a dor foi controlada com o antiinflamatório ibuprofeno.

PERGUNTAS

Questão 1. EXPLIQUE o mecanismo de ação da lidocaína, DESCREVENDO a que classe de fármacos ela pertence.Questão 2. JUSTIFIQUE o porquê E.J. apresentou inicialmente uma dor em ardência antes da dor de localização imprecisa, e por que a dor em ardência cede mais rapidamente do que a dor indistinta após a administração de lidocaína?Questão 3. COMENTE por que a epinefrina é algumas vezes administrada com lidocaína, e no caso acima ela foi abolida do seu uso.

Questão 1. Os anestésicos locais podem interagir com outros medicamentos. Quando esta interação ocorre com beta bloqueadores do tipo propranolol, podem ocorrer alterações orgânicas no paciente do tipo:I - HipertensãoII - BradicardiaIII - HipotensãoIV - TaquicardiaAssinale a alternativa CORRETA.A) I e II estão corretas.B) III e IV estão corretas.C) II, III e IV estão corretas.D) Apenas a IV está correta.

Questão 2. JULGUE os itens a seguir, com relação à anestesia.____ A anestesia local determina a abolição de funções autonômicas e sensitivo-motoras, sendo a duração da anestesia determinada pelo grau de ligação proteica, e os anestésicos que apresentam grande afinidade ao componente proteico do nervo têm menos probabilidade de se difundirem no local da injeção e de serem absorvidos pela circulação sistêmica.____ Nas preparações farmacêuticas, a acidez dos sais de cloreto nos tubetes anestésicos aumenta a estabilidade das soluções anestésicas visto que as drogas anestésicas são bases fracas.____ Por apresentarem, na forma de solução, instabilidade e reduzida solubilidade, os anestésicos são comercializados na forma de sais hidrossolúveis, geralmente cloridratos.____ Os anestésicos do tipo éster e os do tipo amida diferem quanto à biotransformação: os do tipo éster são hidrolisados por colinesterases plasmáticas; os do tipo amida são hidrolisados por enzimas microssomais hepáticas e têm efeitomais duradouro que os primeiros.____ A articaína, é um anestésico do tipo amida combinado a um éster, o que lhe confere características peculiares, como melhor difusão em tecidos moles e baixa toxicidade

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sistêmica, é mais potente que a lidocaína, apesar de ambas apresentarem potência vasodilatadora similar.____ Os anestésicos locais mais utilizados são as aminas terciárias, que apresentam, além de propriedades lipofílicas, propriedades hidrofílicas essenciais para a sua penetração nas fibras nervosas, conferindo hidrossolubilidade às moléculas.

Questão 3. Em relação ao que faz parte, habitualmente, do tratamento de intoxicação cardiovascular por Bupivacaína, assinale a alternativa CORRETA.A) Adrenalina + hidrocortizonaB) Bloqueador do canal de Ca + suporte avançado de vidaC) Oxigênio + midazolamD) Solução intralípide 20% + suporte básico de vida

Questão 4. Um paciente está sendo submetido a uma exérese de lipoma sob anestesia local (lidocaína 2% sem adrenalina) e passa a apresentar tonturas e formigamento na ponta da língua. Qual a melhor conduta?A) Tenta acalmar o paciente.B) Entubação traqueal imediata.C) Suspender a injeção de anestésico e observarD) Acalmar o paciente e aprofundar a anestesia

Questão 5. Em qual das situações abaixo o uso de adrenalina associada ao anestésico NÃO é contra-indicação absoluta:A) DiabetesB) FeocromocitomaC) Hipertensão severaD) Hipertireoidismo

Questão 6. Durante uma cirurgia em que está sendo usada Procaína a 2% como anestésico, o paciente, subitamente,passa a apresentar dificuldade respiratória acompanhada de estridor laríngeo. Quais seriam a hipótese diagnóstica mais provável e a conduta mais indicada? A) Reação alérgica ao PABA\adrenalina subcutânea B) Intoxicação por anestésico local\diazepam EV C) Reação alérgica ao anestésico local\adrenalina subcutânea

D D) Edema de glote idiopático\adrenalina endovenosa

Questão 7. Assinale a melhor alternativa de anestesia para a seguinte situação: Paciente que será submetido a uma cirurgia micrográfica, normalmente de longa duração, para exérese de carcinoma basocelular recidivado na face. A) Prilocaína 0,5% sem vasoconstritorB) Associação de prilocaína 0,5% e lidocaína 1% C) Associação de bupivacaína 0,5% e lidocaína 2% D) Mepivacaína sem vasoconstritor

Questão 1. Considerando os antiinflamatórios não esteróides (AINES), analise as questões a seguir e assinale a alternativa INCORRETA:

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A) Podem causar inibição do tipo irreversível e seletiva – exemplo aspirina.B) Podem causar inibição reversível.C) Todos os AINES têm eficácia similar, diante disso a escolha deve ser baseada na toxicidade relativa, conveniência para o uso e custo de emprego.D) O acetaminofeno tem efeito analgésico, antipirético e antiinflamatório significativos. É considerado fármaco de escolha na substituição da aspirina nos casos de pacientes com hemofilia, úlcera péptica, bem como naqueles em que a aspirina desencadeia broncoespasmo.E) Seus efeitos colaterais são extensão dos efeitos farmacológicos.

Questão 2. O idoso, em geral, faz uso de diversos medicamentos concomitantemente e merece ampla atenção farmacêutica, no que diz respeito às possíveis interações. O potencial para interações é da ordem de 100% quando o número de medicamentos prescritos é de, no mínimo, oito. Antiinflamatórios não esteróides com anti-hipertensivos β-bloqueadores costumam ser consumidos por idosos e o profissional da saúde deve alertá-los porque: A) Ocorre competição pelos sítios receptores causando, consequentemente, antagonismo entre os fármacos e redução da ação do antiinflamatório.B) A inibição da síntese de prostaglandinas provocada pelo anti-hipertensivo diminui a eficácia do antiinflamatório.C) A inibição da síntese de prostaglandinas provocada pelos antiinflamatórios tende a elevar a pressão arterial, reduzindo a eficácia do anti-hipertensivo.D) ocorre competição pelos sítios receptores causando, consequentemente, antagonismo e aumento da ação do β-bloqueador. E) A inibição da síntese de prostaglandinas provocada pelos antiinflamatórios tende a diminuir a pressão arterial, aumentando os níveis dos anti-hipertensivos acima dos tóxicos.

Questão 3. A paciente vem usando comprimidos de acetaminofeno (Tylenol) sem obter alívio da artrite. O dentista receitou-lhe ibuprofeno (Motrin), mas ela disse que causa irritação gástrica e prefere tomar Tylenol. Como você poderia explicar a ela a diferença entre essas drogas?

Questão 4. Paciente, 30 anos, mulher, residente em Salvador portadora de artrite reumatóide em uso de AINES, teve o diagnóstico de úlcera péptica duodenal, confirmado por endoscopia, após investigação de queixas dispépticas. O médico receitou-lhe MISOPROSTOL, um derivado de prostaglandina, em esquema de administração adequada. O restante da história clínica era irrelevante, mais o médico não indagou sobre a possibilidade de gravidez. PERGUNTA:A) RELACIONE o tratamento com AINES, ao surgimento da úlcera péptica. B) JUSTIFIQUE o emprego de derivados da prostaglandina na úlcera péptica. C) EXPLIQUE porque neste estudo de caso é destacado a seguinte informação:“médico não indagou a possibilidade de gravidez?

Questão 5. Considerando os antiinflamtórios esteróides, quais os critérios que deverão reger a sua indicação e escolha. Assinale a alternativa INCORRETA: A) Só devem ser indicados em doenças ou manifestações definitivamente responsivas a eles.B) Empregam-se as menores doses eficazes, pelo menor tempo possível, em esquemas que propiciam resultado desejado, não acarretando maiores efeitos adversos.C) Só devem ser usados após tentativas com medicamentos de menor risco.D) A descontinuação de tratamento prolongado deve ser feita de maneira imediata, a fim de permitir reativação funcional progressiva.

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E) A melhora sintomática e não a remissão completa de doença deve ser o objetivo terapêutico.

BONS ESTUDOS