CASTRO, Márcio Sampaio. Desenvolvimento Econômico...

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© 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 1 - Como citar este material: CASTRO, Márcio Sampaio. Desenvolvimento Econômico: Desenvolvimento Econômico dos Países do BRICS China. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. Conhecida desde a Antiguidade como o Império do Meio, a China, um dos países mais tradicionais do mundo, tem experimentado ao longo das últimas quatro décadas um processo contínuo de desenvolvimento econômico impressionante. De um país predominantemente agrário, no início dos anos 1970, converteu-se hoje na segunda maior economia do mundo, tendo papel fundamental na estrutura econômica contemporânea. Além de promover uma vigorosa industrialização, acompanhada por crescente urbanização, a nação asiática se projeta na economia global comercializando e investindo nos mais diversos países. Cada vez mais contribui para alterar a lógica político-econômica vigente. Este tema busca demonstrar em uma perspectiva histórica e explicar com dados do presente como e por que esta vertiginosa transformação se tornou possível. A China possui a mais antiga e contínua civilização de que se tem notícia. É a nação mais populosa do mundo, com pouco mais de 1,3 bilhão de habitantes, a quarta maior extensão territorial e, nas últimas décadas, alcançou o patamar de segunda maior economia do planeta, e muito provavelmente ocupará o primeiro lugar nos próximos anos. Mas não é

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© 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 1

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Como citar este material:

CASTRO, Márcio Sampaio. Desenvolvimento Econômico: Desenvolvimento Econômico dos

Países do BRICS – China. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014.

Conhecida desde a Antiguidade como o Império do Meio, a China, um dos países mais

tradicionais do mundo, tem experimentado ao longo das últimas quatro décadas um

processo contínuo de desenvolvimento econômico impressionante. De um país

predominantemente agrário, no início dos anos 1970, converteu-se hoje na segunda maior

economia do mundo, tendo papel fundamental na estrutura econômica contemporânea.

Além de promover uma vigorosa industrialização, acompanhada por crescente

urbanização, a nação asiática se projeta na economia global comercializando e investindo

nos mais diversos países. Cada vez mais contribui para alterar a lógica político-econômica

vigente.

Este tema busca demonstrar em uma perspectiva histórica e explicar com dados do

presente como e por que esta vertiginosa transformação se tornou possível.

A China possui a mais antiga e contínua civilização de que se tem notícia. É a nação mais

populosa do mundo, com pouco mais de 1,3 bilhão de habitantes, a quarta maior extensão

territorial e, nas últimas décadas, alcançou o patamar de segunda maior economia do

planeta, e muito provavelmente ocupará o primeiro lugar nos próximos anos. Mas não é

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possível entender a dinâmica do desenvolvimento chinês contemporâneo sem um breve

mergulho em sua história moderna.

No final do século XVIII, o desenvolvimento industrial do Ocidente fez com que sua

expansão colonial chegasse ao extremo Oriente, especialmente à China. A opção por

séculos pelo próprio isolamento daquele país, autodenominado Império do Meio, fez com

que ele se encontrasse, no momento deste encontro, tecnologicamente defasado em

relação às grandes potências coloniais europeias. Assediada por países como Inglaterra,

França e mesmo a jovem nação norte-americana para que abrisse seus portos e o

comércio aos interesses ocidentais, a China se recusou sistematicamente a ceder.

Em 1839, sob a alegação de permitir o livre-comércio, inclusive do ópio, o Império Britânico

iniciou o conflito que ficaria conhecido como Guerra do Ópio. O resultado foi a derrota

chinesa e a assinatura de tratados humilhantes por meio dos quais o país se viu obrigado a

ceder a ilha de Hong Kong aos ingleses, além de abrir completamente cinco de seus

portos, onde foram criadas concessões estrangeiras para facilitar o ingresso de produtos

ocidentais no mercado chinês. A partir daí, o país passaria por um período turbulento, que

se estenderia por mais de um século.

O Nascimento da República Popular da China

Guerras civis, o colapso da dinastia Qing e, consequentemente, do império, uma série de

investidas e invasões estrangeiras, tendo sido a ocupação japonesa no período de 1937 a

1945 a mais grave de todas, fez da China um país caótico e dividido. A principal dessas

divisões envolvia a disputa entre comunistas e nacionalistas nas primeiras décadas do

século XX.

Os adversários deixaram momentaneamente suas diferenças de lado e se uniram para

expulsar o invasor estrangeiro. Com a derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial,

ambos os grupos retomariam rapidamente a guerra civil. Liderados por Mao Tsé-Tung,

fundador do Partido Comunista Chinês e conhecido por seus admiradores como “O Grande

Timoneiro”, os comunistas venceram e viram seus inimigos nacionalistas fugir para a ilha

de Taiwan. Em 1º de outubro de 1949, Mao Tsé-Tung fundou a República Popular da

China, unificando o país e colocando fim a mais de 100 anos de invasões e chantagens

proporcionadas por potências estrangeiras.

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Começava uma nova era em que muitos erros seriam cometidos, erros esses que levariam

à morte milhões de chineses por fome, por exemplo, o projeto do Grande Salto Adiante,

em que o governo, ao centralizar completamente o processo de produção agrícola, causou

desabastecimento e miséria generalizada por todo o país (VISENTINI, 2013). A Revolução

Cultural patrocinada por inspiração do “Grande Timoneiro” também não ficou atrás, e

muitos adversários políticos foram presos e executados. Seja como for, os enganos

cometidos por Mao Tsé-Tung, que morreu em 1976, serviriam para balizar o projeto de

desenvolvimento que começaria a ser executado somente dois anos após sua morte e que

faria da China novamente uma nação respeitável no cenário internacional.

Socialismo de Mercado

Para chegar ao status de segunda maior economia do planeta, em 1978, o governo da

República Popular da China, então comandada por Deng Xiaoping, resolveu adotar uma

política de abertura e reformas de longo prazo, com a adoção de uma série de importantes

medidas que visavam retirar o país de um atraso estrutural que já durava mais de um

século. A mais importante dessas medidas foi a adoção das chamadas Quatro

Modernizações: na indústria, na agricultura, nas forças armadas e na ciência e tecnologia.

No caso das modernizações industrial e agrícola, a ideia era uma maior integração com o

mercado internacional, em busca de tecnologia avançada e melhora da capacidade de

produção do país. Outra medida adotada foi a criação de áreas específicas, com o objetivo

de captar capital e tecnologia estrangeiras: As Zonas Econômicas Especiais (ZEE).

Naturalmente, o país já possuía uma base industrial e uma infraestrutura básicas, mas

ambas ultrapassadas para os desafios projetados para os anos futuros. A criação das

Zonas Econômicas Especiais deslocou o eixo da industrialização modernizante para as

regiões costeiras do sul, voltadas para as exportações. Elas foram estabelecidas em

Shantou, Shenzhen, Zhuhai, Xiamen e ilha de Hainan. Além disso, outras localidades

foram escolhidas como centros de excelência para o desenvolvimento de tecnologia de

ponta ou centros econômicos, sendo o mais famoso de todos a cidade de Shangai (Figura

4.1).

A ideia das Zonas Econômicas Especiais era criar um ambiente com características do

capitalismo, mas sob rígido controle do governo, em um padrão autodenominado

Socialismo de Mercado (VISENTINI, 2013). Um exemplo dessa simbiose foi a criação de

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um sistema de câmbio duplo: parcialmente livre, mas com controle do Estado. Sempre que

há interesse, o governo desvaloriza sua moeda, o yuan, barateando ainda mais o valor de

seus produtos no mercado internacional.

Figura 4.1 Zonas Econômicas Especiais.

Fonte: Veja na Sala de Aula, edição 1920, 31 ago. 2005. Disponível em: http://veja.abril.com.br/saladeaula/310805/p_06.html. Acesso em: 28 out. 2014.

Nos anos que se seguiram às reformas, todas essas mudanças vertiginosas causaram

expectativas de transformações políticas e até descontentamento por parte de

trabalhadores urbanos preocupados em perder poder aquisitivo com as medidas

governamentais. Esses temores e expectativas levaram a protestos na Praça da Paz

Celestial em 1989. Em meio aos participantes do movimento, além dos trabalhadores

urbanos, havia estudantes e pessoas ligadas a facções dissidentes do Partido Comunista

Chinês. A mobilização, de alguma maneira, concentrava as incertezas e insatisfações

nascidas com as profundas reformas econômicas iniciadas cerca de dez anos antes e

também refletia o colapso do modelo socialista na Europa Oriental (HUI, 2006). De forma

implacável, o poder central passou por cima dos descontentamentos, reprimiu os

manifestantes e deu prosseguimento às reformas.

O resultado das medidas não se fez demorar, e as exportações chinesas, principalmente

industriais, aumentaram rapidamente. Entre os anos 1985 e 1996, por exemplo,

aumentaram em mais de cinco vezes. Os chineses foram cuidadosos em não aumentar

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suas dívidas interna e externa, e esta solidez de seus números fez com que a atração e

captação de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) ‒ que são recursos que entram no

país para financiar diretamente a produção, sem passar pelos mercados de capitais ‒

aumentassem de 3,7 bilhões de dólares em 1990 para 38 bilhões de dólares já em 1995

(VISENTINI, 2013).

Como podemos ver no Gráfico 4.1, o crescimento médio do PIB chinês tem sido, desde o

início dos anos 1980, da ordem média de 10% ao ano, e o país vem conseguindo

lentamente erradicar índices de pobreza extrema, ainda que tamanho crescimento,

concentrado principalmente nas cidades litorâneas, tenha criado uma classe média urbana

de 200 milhões de pessoas, que guarda pouca relação com as significativas parcelas de

chineses ainda atreladas ao mundo rural e a uma pobreza relativa endêmica. Mesmo a

crise financeira global iniciada em 2008, ainda que tenha representado uma leve queda

nas taxas de crescimento, não parece ter representado um impacto significativo às

ambições chinesas.

Gráfico 4.1 Crescimento chinês.

Fonte: Associated France Press (2013). Disponível em: http://www.lavieeco.com/depeches/chine-la-croissance-tombe-a-

7-8-en-2012-malgre-un-rebond-en-fin-d-annee-newsmlmmd.801df4a7b1c17906b12c8b4c4b187a65.d1.xml.html. Acesso

em: nov. 2014

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Expansão Global

Após consolidar sua economia internamente, a China moveu-se, a partir dos anos 2000,

em direção a uma política de consolidação de seus interesses no mercado externo,

partindo para uma agressiva política de investimentos em diversos países ao redor do

globo. Inicialmente, a opção foi por nações do sudeste asiático e africanas. O país instituiu

uma política de troca de investimentos em infraestrutura, como linhas férreas e estradas de

rodagem, por commodities. Estima-se que, na África, os chineses tenham investido, entre

2003 e 2013, US$ 75 bilhões de dólares (BBC, 2013). Já no sudeste asiático, há uma

consolidada economia complementar, inclusive com a paulatina adoção de moedas locais

em detrimento do dólar, envolvendo países avançados, a exemplo do Japão, e

emergentes, como a Tailândia (MEDEIROS, 2006).

Mais recentemente, os chineses passaram a investir pesado também na América Latina,

na Europa e, até mesmo, nos Estados Unidos, merecendo destaque o projeto de

construção do Canal da Nicarágua, previsto para ser inaugurado em 2019, que deverá

cortar o país centro-americano de leste a oeste, interligando o Atlântico ao Pacífico, o que

constituirá uma atrativa alternativa ao Canal do Panamá, principalmente por apresentar

dimensões superiores às do centenário concorrente. A China dispõe-se a liderar um

consórcio, que investirá, de acordo com o projeto original, US$ 40 bilhões de dólares no

empreendimento.

Três fatores explicam as investidas chinesas mundo afora. Em primeiro lugar, a

necessidade de garantir suprimentos de energia e recursos naturais. É bom lembrar, por

exemplo, que as principais empresas que resolveram investir no Pré-Sal brasileiro são

chinesas (UOL, 2013). Em segundo lugar, a recomendável receita de diversificação de

investimentos. E, em terceiro lugar, o crédito barato que grandes companhias chinesas

conseguem para adquirir grandes companhias estrangeiras, tornando-se não só

investidoras em recursos naturais, mas também gigantes corporativos com grande valor

agregado, como a tradicional fabricante de automóveis sueca Volvo, adquirida pela

chinesa Geely em 2010 (ARNOTT, 2010). Este terceiro fator fez com que, em menos de

dez anos, os investimentos voltados à aquisição de empresas estrangeiras por parte dos

chineses saltasse de pouco menos de US$ 10 bilhões de dólares para quase US$ 62

bilhões de dólares, conforme Gráfico 4.2.

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Gráfico 4.2 Negócios chineses no exterior – fusões e aquisições por capital chinês.

Fonte: FUSÕES & AQUISIÇÕES (2012). Disponível em: http://fusoesaquisicoes.blogspot.com.br/2012/01/os-chineses-

vao-as-compras-brasil-e.html. Acesso em: 2 out. 2014

Toda esta movimentação indica que o processo de expansão chinês é inexorável. Caberá

ao futuro dizer como os diversos países, inclusive o Brasil, vão se adaptar a essa nova

realidade que, nas palavras dos próprios dirigentes chineses, busca reconduzir o Império

do Meio ao seu local de destaque natural no concerto das nações.

Saiba Mais!

Programa TV Cultura Matéria de Capa - China - Os Passos do Gigante

Exibido em 02/10/2011, o programa faz uma pequena radiografia da China

contemporânea e dos reflexos de seu crescimento. 25 min. Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=-BgjPp7loUs. Acesso em: 31 out. 2014.

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Reportagem TV Cultura: 35 anos da morte de Mao Tsé-Tung

Exibida em 09/09/2011, a reportagem apresenta uma breve biografia do líder

fundador da República Popular da China. Duração: 2’23”. Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=Aax0UUznfrc. Acesso em: 31 out. 2014.

Saiba Mais!

No texto, a seguir, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Carlos Medeiros, analisa o papel da China como motor da economia

asiática, status originalmente ocupado pelo Japão, e como este

protagonismo regional funcionaria como ponto de partida para a projeção

global da economia chinesa.

MEDEIROS, Carlos A. A China como um duplo pólo na economia mundial e a

recentralização da economia asiática. Revista de Economia Política, São

Paulo, v. 26, n. 3, July/Sept. 2006. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-

31572006000300004&script=sci_arttext. Acesso em: 1 out. 2014.

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Guerra do Ópio: conflito armado travado a partir de 1839 entre Inglaterra e China, que

teve como consequência a abertura dos portos chineses às importações de produtos

britânicos e a cessão da ilha de Hong Kong à potência europeia.

Mao Tsé-Tung: líder revolucionário, fundador do Partido Comunista Chinês e da República

Popular da China em 1949. Conhecido também como “O Grande Timoneiro”, foi

responsável pela consolidação de seu país como uma nação independente, mas também é

lembrado pelos erros estratégicos cometidos por seu governo no campo da economia.

Quatro Modernizações: transformações planejadas pelo governo chinês, a partir de 1978,

para a indústria, a agricultura, as forças armadas e ciência e tecnologia. No caso das

modernizações industrial e agrícola, a ideia era uma maior integração com o mercado

internacional em busca de tecnologia avançada e da melhora da capacidade de produção

do país.

Socialismo de Mercado: princípio inaugurado por Deng Xiaoping, em 1976, com a

adoção de medidas de cunho capitalista para a economia chinesa. O governo central

chinês, controlado pelo Partido Comunista, não abre mão, contudo, da orientação

socialista do país no campo político.

Zonas Econômicas Especiais (ZEE): conjunto de cidades do sudeste chinês

selecionadas para abrigar a instalação de indústrias locais e estrangeiras, com a adoção

de um regime econômico fundamentado nos princípios capitalistas.

Instruções

Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas

questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-

se para o que está sendo pedido.

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Questão 1

(CESGRANRIO/2011)

A China é agora a segunda economia do mundo, superando o Japão. Nesse inacreditável laboratório da modernidade, há muitos perigos à espreita, quer eles venham da ecologia, do sistema político ou do próprio crescimento vertiginoso da economia. Mas a China é hoje um lugar onde acontecem coisas surpreendentes...

(HORTA, Luiz Paulo. O Império do Meio manda chamar Confúcio. O Globo, Caderno Opinião, 1º caderno, 22/08/2010, p. 6)

Com as reformas econômicas iniciadas por Deng Xiaoping, a partir de 1978 e do início da

década de 1980, a China deixou de ser um país atrasado e agrícola para se converter em

uma potência industrial, ingressando, já no início do século XXI, na Organização Mundial

do Comércio (OMC). Ao combinar uma economia de mercado com a ditadura de um

partido único, a China ainda possui desafios para se sustentar e se integrar ao cenário da

economia mundial.

Com base nos conhecimentos das mudanças geoeconômicas atuais, afirma-se que a(o):

a) China se tornou um centro produtor e exportador mundial de produtos têxteis e

manufaturados de baixo valor, a partir do crescente uso de mão de obra barata, do

amplo mercado consumidor e de altos investimentos, vindos dos países asiáticos.

b) Manutenção das Zonas Econômicas Especiais é uma das metas do novo modelo de

desenvolvimento econômico, cujo principal objetivo é a aproximação da China com

países africanos, como Angola e Nigéria, fornecedores de petróleo, produto essencial

ao crescimento industrial.

c) Início do processo de abertura da China ao comércio exterior ocorreu com a

implantação do socialismo, logo após o término da Guerra do Ópio, mas retroagiu com

a eclosão do movimento xenófobo conhecido como Guerra dos Boxers.

d) Novo modelo de desenvolvimento chinês para o século XXI aponta para a

diminuição da desigualdade social com o aumento do consumo interno e investimentos

em setores estratégicos de produção, como os de alta tecnologia e serviços, apesar da

recente expansão de sua economia e dependência em relação ao comércio exterior.

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e) Rompimento das relações sino-soviéticas na década de 1970, a partir da

desestalinização promovida na União Soviética, favoreceu a autonomia chinesa e

ampliou os investimentos na produção, até então, controlados exclusivamente pelos

russos.

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Questão 2

(CESGRANRIO/RJ)

A Guerra do Ópio (1839-1842) teve como uma de suas consequências:

a) A maior penetração do imperialismo inglês na China.

b) Fechamento dos portos da China ao comércio ocidental.

c) A eliminação da influência colonialista francesa na China.

d) A queda do sistema de mandarinato na China.

e) A instituição de um governo republicano na China.

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Questão 3

(UFRR) A China ocupa o centro das atenções no noticiário econômico e político mundial.

Seu rápido crescimento industrial permite, por exemplo, que seja responsável pela

produção de mais de 50% dos brinquedos, relógios e calçados no mundo. Esse rápido

crescimento poderá levar a várias consequências, EXCETO:

a) A busca de fontes de energia e de matéria-prima.

b) Diminuição da dependência de fontes de energia oriundas de combustíveis fósseis.

c) A parcela da população cujo padrão de vida melhorou começa a comprar carros e a

poluir ainda mais as áreas urbanas.

d) Alterações no campo causando êxodo rural.

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e) Maior participação no comércio internacional de produtos industrializados.

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Questão 4

(CESGRANRIO 2010 – Adaptada)

Há sessenta anos, com a proclamação da República Popular da China, nascia a maior

nação comunista do planeta. Durante esse período, o panorama mundial se transformou, e

sucessivos governos chineses promoveram campanhas e reformas que imprimiram ao

país um novo perfil.

Em

1949, a vitória da Revolução levou Mao Tsé-Tung à presidência da recém-proclamada

República Popular da China.

Analise alguns fatores que conduziram a população chinesa à Revolução Comunista na

primeira metade do século XX.

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Questão 5

(UFRJ)

China - um país, dois sistemas.

Aproximadamente 20% da população mundial vive na China sob o regime comunista. No

entanto, no território do Estado chinês existem regiões e cidades que adotam práticas

capitalistas. Em meados de 1997, Hong Kong, um dos maiores centros financeiros

mundiais, voltou ao controle do Estado chinês, sem alterar sua condição econômica

anterior.

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Apresente duas razões para que a China mantenha práticas capitalistas em algumas áreas

do seu território.

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Vimos neste tema o quanto o povo chinês sofreu após o contato com as potências

europeias no início do século XIX. A unificação causada pela revolução comunista e a

impressionante capacidade de aprender com os erros do passado transformaram a nação

asiática em um exemplo admirável de crescimento e expansão econômica. Ao garantir sua

expansão industrial, a China converteu-se em um centro de produção de manufaturados

de extrema importância no contexto internacional. Agora, o país ensaia um segundo passo:

projetar-se globalmente, não só com a venda de seus produtos, mas também com o

financiamento de obras de infraestrutura e parcerias econômicas com os mais diversos

países ao redor do globo.

ARNOTT, Sarah. China's Geely buys Volvo for $1.5bn. The Independent, 3 ago. 2010.

Disponível em: <http://www.independent.co.uk/news/business/news/chinas-geely-buys-

volvo-for-15bn-2041772.html>. Acesso em: 2 out. 2014.

GRUPO com Petrobras, Shell, Total e chineses vence 1º leilão do pré-sal. UOL, 21 out.

2013. Disponível em: <http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/10/21/resultado-

leilao-pre-sal-libra.htm>. Acesso em: 2 out. 2014.

HUI, Wang. China’s new order: society, politics and economy in transition. EUA: Harvard

University Press, 2006.

KISSINGER, Henry. Sobre a China. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

MAPA do investimento chinês na África revela destino de US$ 75 bi. BBC Brasil, 30 abr.

2013. Disponível em:

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<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/04/130430_china_africa_ru>. Acesso em:

2 out. 2014.

MEDEIROS, Carlos A. A China como um duplo pólo na economia mundial e a

recentralização da economia asiática. Revista de Economia Política, São Paulo, v. 26, n.

3, July/Sept. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-

31572006000300004&script=sci_arttext>. Acesso em: 1 out. 2014.

POLÊMICO canal interoceânico na Nicarágua deve fortalecer China. BBC Brasil, 14 jun.

2013. Disponível em:

<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/06/130614_canal_nicaragua_fl>. Acesso

em: 2 out. 2014.

VISENTINI, Paulo [et al.] BRICS: as potências emergentes. China, Rússia, Índia, Brasil e

África do Sul. Petrópolis: Vozes, 2013.

Questão 1

Resposta: Alternativa D

Mesmo superando diversos obstáculos ao longo das últimas décadas, o grande desafio

que permanece para a China é reduzir a desigualdade no interior de sua população,

principalmente as diferenças entre aqueles que vivem nos centros urbanos e os que vivem

na zona rural.

Questão 2

Resposta: Alternativa A

A Guerra do Ópio foi travada única e exclusivamente para forçar os chineses a aceitarem a

entrada dos produtos ingleses em seu mercado interno.

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Questão 3

Resposta: Alternativa B

A China é o segundo maior consumidor de petróleo do mundo. Por enquanto, não se

encontra em seu horizonte abandonar o consumo desse hidrocarboneto.

Questão 4

Resposta: A Revolução Chinesa de 1949, que levou à implantação do socialismo no país,

ocorreu no contexto do início da Guerra Fria e em meio às históricas iniciativas

imperialistas de países capitalistas em relação à China.

A exploração imperialista, agravada com o desemprego e a inflação vivida pelos chineses

nos anos que antecederam a Revolução, estimulou um sentimento nacionalista entre a

maioria dos chineses e favoreceu a difusão dos ideais socialistas, sobretudo entre os

camponeses, fatores que contribuíram para o êxito do movimento liderado por Mao Tsé-

Tung. A vitória dos comunistas na guerra civil, obtida principalmente com o apoio da

população rural chinesa, foi também fundamental para a disseminação de seus ideais.

Questão 5

Resposta:

Ao adotar o socialismo de mercado, a China optou pela criação das Zonas Econômicas

Especiais, que operam no regime capitalista exatamente para atrair capital estrangeiro a

seus empreendimentos. A vinda dessas empresas e o contato com o conhecimento técnico

que elas trazem propiciam ao país manter-se também em constante processo de evolução

tecnológica, afastando o erro do passado do isolacionismo.