catalise

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INPE-15252-PUD/198 CARACTERIZAÇÃO DE MATERIAIS CATALÍTICOS Janiciara Botelho Silva José Augusto Jorge Rodrigues Maria do Carmo de Andrade Nono Qualificação de Doutorado do Curso de Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia Espaciais/Ciência e Tecnologia de Materiais e Sensores. INPE São José dos Campos 2008

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resumo sobre tecnicas de catalise

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  • INPE-15252-PUD/198

    CARACTERIZAO DE MATERIAIS CATALTICOS

    Janiciara Botelho Silva

    Jos Augusto Jorge Rodrigues

    Maria do Carmo de Andrade Nono

    Qualificao de Doutorado do Curso de Ps-Graduao em Engenharia e Tecnologia

    Espaciais/Cincia e Tecnologia de Materiais e Sensores.

    INPE

    So Jos dos Campos

    2008

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  • INPE-15252-PUD/198

    CARACTERIZAO DE MATERIAIS CATALTICOS

    Janiciara Botelho Silva

    Jos Augusto Jorge Rodrigues

    Maria do Carmo de Andrade Nono

    Qualificao de Doutorado do Curso de Ps-Graduao em Engenharia e Tecnologia

    Espaciais/Cincia e Tecnologia de Materiais e Sensores.

    INPE

    So Jos dos Campos

    2008

  • SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS

    LISTA DE TABELAS

    1. M INTRODUO 06

    1.1 Breve Histrico 06

    2. MFUNDAMENTOS DE CATALISADOR E CATLISE 07

    2.1. Catlise Homognea 10

    2.2. Catlise Heterognea 11

    2.2.1. Importantes consideraes sobre catlise heterognea 13

    2.3. Classificao dos Catalisadores 14

    2.4. Propriedades 15

    3. CARACTERIZAO DE SLIDOS CATALTICOS 17

    3.1. Caracterizao Fsica 20

    3.1.1. Resistncia mecnica 20

    3.1.2. Dimenses dos materiais moldados 25

    3.1.3. Densidade 27

    3.1.4. Distribuio granulomtrica 29

    3.2. Caracterizao Textural 30

    3.1.1. rea especfica 30

    3.1.2. Tamanho e distribuio de poros 35

    3.3. Caracterizao da Superfcie Ativa 43

    3.3.1. Caracterizao trmica 43

    3.3.2. Caracterizao por quimissoro 50

    3.4. Caracterizao da Estrutura Cristalina e do Tamanho das Partculas de

    Catalisadores e de seus Suportes 53

    3.5. Caracterizao de Catalisadores cidos 59

    3.6. Teste de Avaliao Cataltica 61

    4. CONCLUSO 63

    5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 64M

  • LISTA DE FIGURAS

    1 - A diminuio da energia de ativao pelo catalisador.............................................. 08

    2 - Esquema demonstrativo do mecanismo em catlise heterognea .............................12

    3 - Esquema geral da caracterizao de catalisadores.....................................................18

    4 - Aparelhagem para determinar resistncia ao atrito de materiais moldados...............22

    5 - Esquema de fluidizao .............................................................................................23

    6 - Representao da compresso radial e axial .............................................................25

    7 - Curvas calculadas a partir da equao de BET para: (a) C =1; (b) C= 11; (c) C = 100; (d) C = 10.000, onde n/ nm equivalente a V/Vm .................................................................................................................................................................................. 34

    8 - Isotermas (n versus P/P0) do tipo I ao tipo VI ..........................................................36

    9 - Tipos mais freqentes de histereses em isotermas de adsoro e a relao com os formatos do poro: P0 a presso de saturao e P a presso de equilbrio.................................................................................................38

    10 - Esquema representando a realizao do vcuo na amostra .....................................40

    11 - Esquema representativo do porosimetro de mercrio............................................. 41

    12 - Curva TGA do Sulfato de cobre, material considerado padro para averiguar o desempenho de uma termobalana........................................... 43

    13 - Anlise termogravimtrica do Zr0,9Nd0,1O1,95 (p amorfo) calcinado previamente 350C por 3horas............................................ ...... 45

    14 - Diagrama representativo de um cromatgrafo a gs ...............................................46

    15 - Perfis de TPR do suporte (Nb2O5) e dos catalisadores monometlicos e bimetlicos ................................................................................................47

    16 - Perfis de TPD de H2 aps a reduo (a) 300C e (b) 500C para catalisadores monometlicos e bimetlicos ..........................................................49

    17 - Grfico de adsoro de H2 sobre um catalisador.....................................................52

    18 - Difratograma de raio X: (a) alumina (b) nibio .....................................................54

  • 19 - Imagens de microscopia eletrnica de varredura (MEV) do processo de sntese e moldagem do suporte do catalisador LCP 33.

    a) cristalinidade da gibsita, b) mistura da gibsita e bohemita, c) moldagem da alumina e d) aps o processo de fluidizao para atingir a forma esfrica .............................................................................................57

    20 - Imagens de microscopia de transmisso (MET) e a distribuio dos tamanhos dos cristalitos metlicos para os sistemas 0,5% Pd/SiO2-C e 0,3% Pd/SiO2-C ..................................................................................58

    21 - Esquema das possveis configuraes das hidroxilas..............................................59

    22 - Linha para teste cataltico ........................................................................................62

  • LISTA DE TABELAS

    1 - Propriedades fsico-qumicas e alguns mtodos utilizados.......................................20

    2 - Dados de dimenso e resistncia mecnica de extrudados de xido de nibio....................................................................................................................26

    3 - Resultados de anlise, utilizando a picnometria a hlio............................................ 28

    4 - Fraes Obtidas por peneiramento a seco, aps vibrao durante uma hora, em agitador mecnico ......................................................................................30

    5 - Principais diferenas entre adsoro fsica e adsoro qumica ................................31

    6 - Valores de rea especfica em funo da variao granulomtrica dos extrudados de xido de nibio........................................................................... 35

    7 - Resultados obtidos com auxlio da porosimetria de mercrio ..................................42

    8 - Resultados obtidos por reduo temperatura programada (TPR) da adsoro de amnia em funo da temperatura de calcinao do xido de nibio ...................................................................................................................61

  • 7

    1 INTRODUO

    1.1 Breve Histrico

    Na idade mdia a catlise tinha um sentido metafsico e filosfico, como por

    exemplo, a alquimia, envolvendo a pedra filosofal, cujo poder era transformar

    materiais comuns em ouro. Mesmo a simples preparao de alguns medicamentos, que

    ajudavam no restabelecimento de enfermos, era considerada alquimia.

    Em meados do sculo XVIII, Roebuck comeou a desenvolver o processo da

    cmara de chumbo para a fabricao de cido sulfrico, a partir da oxidao do dixido

    de enxofre, na presena de pequenas quantidades de xido de nitrognio. Depois, foi

    Parmentier quem desenvolveu o processo de sacarificao do amido, por cidos. Esses

    processos s foram esclarecidos mais tarde, em 1806, por Clement e Desormes, e

    Doebereiner respectivamente (1).

    At as descobertas de Lavoisier, relacionadas natureza da combusto e

    composio da gua, e do aparecimento da teoria atmica de Dalton, no havia

    nenhuma base cientifica para ajudar a interpretar fenmenos qumicos ou catalticos.

    Entretanto, foi durante o sculo XIX que o fenmeno cataltico atraiu mais ateno, e,

    em 1834, foi publicada a primeira patente de catalisadores, a qual empregava platina na

    oxidao de enxofre a dixido de enxofre. Mas, foi Berzelius quem ressaltou a

    importncia do catalisador, e da catlise em si, nas reaes qumicas em 1836. Ele

    observou que certas substncias poderiam induzir atividades qumicas por sua simples

    presena no meio reacional, e este fenmeno ele denominou catlise (1, 2).

    Kuhlmann mostrou, em 1839, que a amnia poderia ser oxidada a cido ntrico,

    utilizando platina como catalisador. Paralelamente a isso, outros trabalhos corroboraram

    os estudos catalticos, como a descoberta de Pasteur, em 1860, da importncia de

    microorganismos no processo de fermentao. O desenvolvimento da fsico-qumica e a

    utilizao de catalisadores na indstria aumentaram o interesse e a importncia da

    catlise, e, em 1901, Ostwalt definiu um catalisador como: uma substncia que altera a

    velocidade da reao e no aparece como produto final (1, 2).

  • 8

    A partir disso, comearam as pesquisas pioneiras em catlise. Sabatier descobriu

    a hidrogenao dos hidrocarbonetos, empregando como catalisador o nquel, e isto foi

    um dos grandes avanos para a rea cataltica, pois, at ento, acreditava-se que

    somente metais nobres poderiam ser utilizados como catalisadores. Ipatieff tambm

    contribui, significativamente, quando introduziu a presso nas reaes para

    hidrogenao de leos vegetais (2).

    A partir da descoberta da sntese do amonaco, por Haber e colaboradores, os

    processos catalticos s aumentaram; nessa poca foi cogitado que processos de

    adsoro interferiam de alguma forma nas reaes. E, em 1938, um mtodo baseado em

    isotermas de adsoro de nitrognio, desenvolvido por Brunauer, Emmett e Teller

    (mtodo BET), representou mais um grande avano (2).

    A cincia da catlise evolui, consideravelmente, a partir de 1970 com o

    desenvolvimento de tcnicas analticas como: cromatografia gasosa, tcnica que separa

    e identifica os diferentes componentes durante uma reao; espectroscopia de emisso e

    absoro atmica, que quantifica os metais; microscopia eletrnica de transmisso

    (MET), que analisa atravs das imagens e determina a estrutura e morfologia dos

    componentes metlicos; difrao de raios X (DRX), que identifica as dimenses das

    partculas, espectroscopia de absoro de raios X, que determina o local de

    coordenao, etc. Essas tcnicas contriburam consideravelmente para elucidar um

    grande nmero de mecanismos reacionais (3).

    A catlise provocou uma revoluo na indstria, que comeou em 1930 com

    substituio do carvo pelo petrleo, e atualmente responsvel por cerca de 85% de

    todos os processos industriais petroqumicos e qumicos nas grandes indstrias. A nvel

    nacional, cada vez mais, vem mostrando sua importncia, no s na rea petroqumica,

    como tambm na indstria do refino de petrleo e lcool (2, 4).

    2 FUNDAMENTOS DE CATALISADOR E CATLISE

    Catalisador uma substncia que, sem ser consumida durante a reao, aumenta

    a sua velocidade. Isso acontece porque o catalisador utilizado numa etapa inicial, do

    mecanismo da reao qumica, e regenerado na etapa seguinte. Ele atua,

  • 9

    simplesmente, mostrando um mecanismo alternativo para a reao, sendo que, neste a

    energia de ativao menor que o mecanismo convencional ou no-catalisado. Na

    Figura 1, pode-se comparar a mesma reao com e sem a presena de catalisador, onde

    cada mximo de energia potencial apresentado corresponde formao de um

    complexo ativado (5).

    Figura 1 Representao esquemtica do efeito do catalisador na energia de ativao

    (5).

    Ainda, analisando a Figura 1, pode-se verificar que o H da reao s depende

    da identidade dos reagentes e produtos, ou seja, independe do caminho do mecanismo.

    No entanto, como pode ser observado, a energia de ativao da reao utilizando

    catalisador menor (5).

  • 10

    Inicialmente, como j foi dito, o preparo de catalisadores era visto como uma

    alquimia, mas, atualmente essa cincia resulta da juno de conhecimentos em diversas

    reas, principalmente fsica, matemtica, materiais e qumica (analtica, orgnica,

    inorgnica e fsico-qumica). Sendo, hoje, uma rea de extrema importncia, e,

    principalmente, em expanso, logo, poder-se-ia ampliar o termo catalisador para

    material cataltico, uma vez que seu uso agora no se restringe somente catlise, mas,

    em outras reas como: sensores de gases, equipamentos eletrnicos, adsorventes, meio

    ambiente e outras.

    Qualquer composto qumico pode ter ao cataltica sobre uma ou outra

    circunstncia. Uma discusso sobre catalisadores requer definio e limitao, e, na

    teoria cataltica, considerado catalisador somente os materiais que influenciam na

    velocidade da reao, portanto, calor, luz, eletricidade (ou energia) so excludos (1, 2).

    Os catalisadores podem ser, primeiramente, classificados em funo de sua

    superfcie em: catalisadores com e sem superfcies definidas. Catalisadores sem

    superfcie definida so constitudos de um gs ou um lquido (geralmente viscoso);

    catalisadores com superfcie definida so slidos, onde a natureza e o valor da rea de

    superfcie so propriedades importantes, so caractersticas fundamentais da sua

    atividade, como por exemplo, nquel, alumina, slica-alumina etc (2).

    Os catalisadores so utilizados nos mais diversos setores industriais (em algumas

    reaes sua presena crucial), como por exemplo: na qumica bsica para as snteses

    do cido ntrico e sulfrico; na indstria petroqumica, na sntese de intermedirios

    qumicos e polimricos; na indstria do refino em reaes de hidrotratamento e

    craqueamento cataltico e no combate poluio ambiental, reduzindo a emisso de

    poluentes (NOx, CO e hidrocarbonetos) gerados pela indstria petrolfera e pelos

    motores combusto.

    A ao de materiais na velocidade das reaes pode ser tanto positiva como

    negativa, sendo no segundo de inibidores, uma vez que diminuem a velocidade da

    reao quando adicionados ao meio. Considera-se tambm uma inibio, quando uma

    substncia adicionada se combina com o catalisador e o impede de funcionar, tornando-

    o inativo. Por exemplo, pode ocorrer, quando molculas estranhas ao processo reacional

    interagem com os stios ativos, bloqueando-os do contato com o substrato. Uma

  • 11

    inibio desse tipo muitas vezes chamada de envenenamento e o inibidor de veneno

    (5).

    Existem diferentes reaes qumicas dos mais diversos processos industriais.

    Mas, de modo geral, os catalisadores podem ser classificados em dois tipos: os

    homogneos e os heterogneos, dependendo das fases envolvidas no processo.

    2.1 Catlise Homognea

    Na catlise homognea, o catalisador e os reagentes esto presentes na mesma

    fase. Um exemplo desse processo a oxidao do dixido de enxofre (SO2) a trixido

    de enxofre (SO3) pelo oxignio, utilizando como catalisador o xido de nitrognio (NO)

    (5).

    A equao global :

    2SO2 (g) + O2 (g) 2SO3 (g) (1)

    Essa mesma reao, quando no catalisada, muito lenta, por ser um mecanismo

    pouco vivel, j que uma reao trimolecular, ou por uma das etapas da reao

    apresentar uma energia de ativao muito alta. Uma vez colocado o NO, a velocidade da

    reao aumenta consideravelmente, seguindo um mecanismo alternativo, como:

    Etapa 1: O2 (g) + 2NO(g) 2NO2 (g) (2)

    Etapa 2: (NO2 (g) + SO2 (g) NO (g) + SO3 (g)) x 2 (3)

    A soma destas etapas resulta na equao global original, e a reao ocorre mais

    rpida do que a sem catalisador. Como vantagens da catlise homognea tm-se: quase

    todas as molculas de catalisador durante a ao cataltica so utilizadas, possui uma

    alta seletividade em algumas reaes, e o controle dos parmetros reacionais

    temperatura e presso so mais fceis.

  • 12

    Mas a catlise homognea tambm apresenta desvantagens dentre as quais

    podemos citar: custos elevados nos procedimentos de separao e recuperao do

    catalisador, problemas de corroso em algumas reaes que utilizam solventes cidos

    como catalisadores e a possibilidade de contaminao do produto pelo catalisador ou

    pelos resduos formados durante o processo (5).

    2.2 Catlise Heterognea

    Nas reaes catalticas heterogneas, o catalisador, os reagentes e os produtos da

    reao esto em fases diferentes. Normalmente, ela o resultado da transformao de

    molculas na interface slido (o catalisador) - fase gasosa ou lquida. Ela comea com a

    adsoro de uma molcula na superfcie do catalisador. Essa adsoro pode ser

    relativamente fraca, fenmeno denominado de adsoro fsica ou de van der Waals, ou

    pode ser mais forte, denominada adsoro qumica ou quimissoro.

    A diferena entre os dois tipos de adsoro pode ser medida, pois, j foi

    observado que durante a quimissoro a quantidade de calor liberado maior que na

    adsoro fsica. A adsoro qumica muito comum na catlise heterognea, e, ela,

    normalmente, ocorre em determinados stios da superfcie, denominados stios ativos,

    cuja natureza pode ser complexa, em funo dos defeitos de superfcie existentes no

    catalisador (5). Como exemplo de uma reao cataltica heterognea, a Figura 2

    apresenta de forma esquemtica a hidrogenao do eteno (C2H4) com hidrognio, sendo

    catalisada na superfcie do nquel metlico (6):

  • 13

    Figura 2 - Representao esquemtica de um mecanismo cataltico heterogneo (6).

    Na prtica esta uma reao com pouco interesse industrial, pois ela envolve a

    converso, est sendo convertido um produto extremamente usual (eteno) em um

    produto no muito importante (etano). Entretanto, a maioria das reaes heterogneas

    de extrema importncia na indstria, como por exemplo, a hidrogenao de leos

    vegetais para fabricao de margarinas, que uma reao cataltica heterognea e utiliza

    tambm o nquel como catalisador (6). A catlise heterognea tambm conhecida por

    fenmeno de contato, onde a reao se concretiza entre as espcies adsorvidas na

  • 14

    superfcie do catalisador em cinco etapas consecutivas, que podem afetar mais ou

    menos significativamente a velocidade global da reao. As etapas envolvidas so:

    difuso dos reagentes, adsoro nos stios ativos presentes na superfcie do catalisador,

    reao qumica, dessoro dos produtos da superfcie e difuso dos produtos. As etapas

    de difuso so processos fsicos de transferncia das molculas, ocorrendo dos poros

    para a superfcie e, posteriormente, da superfcie para os poros. As demais etapas so

    fenmenos qumicos (7).

    Com relao aos aspectos morfolgicos, os catalisadores heterogneos podem

    ser de diferentes formas, tais como: pellets cilndricos ou no, pastilhas, esferas,

    partculas irregulares etc.

    A catlise heterognea possui algumas vantagens, dentre elas, maior facilidade

    em separar o catalisador do meio reacional, eliminao dos problemas de corroso e de

    tratamento de efluentes. Porm, tambm possui algumas desvantagens como a

    dificuldade em controlar a temperatura para reaes muito exotrmicas e as limitaes

    de transferncia de massa dos reagentes e produtos, seja na interface das partculas, seja

    dentro dos poros do catalisador. Mas, mesmo com algumas desvantagens, os

    catalisadores heterogneos so os mais utilizados na indstria qumica (8).

    2.2.1 Importantes consideraes sobre catlise heterognea

    A catlise heterognea envolve transformaes de molculas na interface entre

    um slido (o catalisador) e uma fase gasosa ou lquida que carrega estas molculas.

    Essas transformaes envolvem uma srie de fenmenos que necessitam de estudos

    especficos, como, por exemplo:

    - Qual a constituio do catalisador, interna e superficial, e quais as

    transformaes que ocorrem durante o processo cataltico (reaes qumicas, mudanas

    de fase, sinterizao superficial da fase ativa etc).

    - Qual a modificao da fase gasosa ou lquida (composio, cintica, etc).

    - Qual a natureza da interface (espcies adsorvidas, tipo de ligao estabelecida

    pelas espcies com a superfcie do catalisador) (8).

  • 15

    Conforme se pode observar, so assuntos completamente interligados e s podem

    ser esclarecidos com estudos simultneos. Por exemplo, algumas propriedades de uma

    superfcie slida de um catalisador so melhores determinadas por estudos associados s

    possveis ligaes moleculares existentes na superfcie.

    Portanto, invivel um nico mecanismo representar uma reao cataltica. O que

    se pode fazer so algumas consideraes gerais, tais como (8):

    - Existncia de foras residuais de superfcie (foras de van der Waals) que

    contribuem na adsoro fsica;

    - Foras moleculares (dos lquidos);

    - Ligaes metlicas (foras de ligaes insaturadas; eltrons);

    - Foras homopolar (em um nico sentido) em ligaes atmicas;

    - Foras eletrostticas em ligaes inicas;

    Conseqentemente, os mecanismos reacionais e as velocidades de reao que

    ocorrem na superfcie de contato, dependero essencialmente de alguns parmetros, tais

    como (1):

    - Natureza das foras insaturadas na superfcie do catalisador;

    - Natureza das foras reativas dos reagentes e do solvente (se usado);

    - Adsoro, arranjo espacial, deformao, e, em alguns casos, transformao

    (isomerizao, craqueamento etc) dos reagentes na superfcie de contato.

    - Diminuio da energia livre e o calor de formao da reao qumica.

    - Tempo de contato dos produtos de reao;

    - Temperatura e presso (em processos gasosos);

    - Reaes paralelas, ou laterais, ocorrendo.

    2.3 Classificao dos Catalisadores

    Normalmente, os catalisadores so classificados de acordo com o procedimento

    de preparao em: catalisadores mssicos e impregnados. Nos catalisadores mssicos o

    prprio material j a fase ativa, tais como: catalisadores metlicos, constitudos

    exclusivamente por metais em p, carbetos e nitretos mono ou multimetlicos de

    elementos de transio.

  • 16

    Nos catalisadores impregnados, a fase ativa introduzida, ou fixada, em um

    slido j desenvolvido por um processo especfico. Por exemplo, um catalisador

    metlico suportado constitudo por um metal depositado sobre a superfcie de um

    suporte, normalmente, um xido. O desenvolvimento desse catalisador envolve muitos

    processos, desde a escolha da fase ativa at o mtodo de formao das partculas

    precursoras do suporte (9).

    2.4 Propriedades

    Um catalisador j desenvolvido visando sua aplicao em uma reao

    especifica, e um bom catalisador tem que reunir algumas propriedades fundamentais e

    outras consideradas secundrias.

    Como fundamentais podem ser citadas (7):

    1) Atividade uma grande atividade implica diretamente em obter uma velocidade

    de reao elevada, ou seja, mols de produto formado por volume de catalisador por

    hora; tambm pode ser expresso como freqncia de rotao (molculas do reagente

    transformadas por sitio ativo, na unidade de tempo). Normalmente um bom catalisador

    deve combinar elevadas atividade e produtividade.

    2) Seletividade uma boa seletividade permite obter um bom rendimento do

    produto desejado e impedir a formao dos indesejveis. Ser seletivo direcionar a

    reao para o mecanismo de interesse e conseguir obter maior quantidade do produto

    formado, podendo ser expressa em mols de produto desejado por mol de reagente

    convertido. A alta seletividade reduz o custo de separao, purificao e tratamento dos

    rejeitos.

    3) Estabilidade uma boa estabilidade do catalisador est relacionada com a

    quantidade de produto qumico processado durante sua vida til. Atualmente, sabe-se

    que o catalisador permanece inalterado apenas teoricamente, pois, na realidade durante

    a sua utilizao industrial ocorrem diminuies da atividade e seletividade, ocasionadas

    pelos seguintes fenmenos:

    - deposio de coque nos stios ativos dos catalisadores, pela presena de reaes

    indesejveis, tais como hidrogenao e polimerizao.

    - ataques aos stios ativos pelos agentes cidos (solubilizao).

  • 17

    - ataques aos stios ativos por agentes volteis, como o cloro presente em uma

    reao de reforma.

    - recobrimento dos stios metlicos, ocasionado pela mudana da estrutura

    cristalina do suporte.

    - adsores progressivas de venenos presentes nas impurezas dos reagentes ou

    produtos formados.

    Como caractersticas secundrias podem-se citar (7):

    1) Morfologia as caractersticas morfolgicas externas do catalisador, que so

    sua forma e sua granulometria, devem atender as necessidades do processo cataltico a

    que se destina o catalisador preparado. Por exemplo: so recomendados catalisadores

    esfricos para serem utilizados em um leito turbulento, limitando, assim perdas do

    material por atrito. J em um leito fixo podem ser utilizados catalisadores na forma de

    pastilhas, extrudados cilndricos ou esferas, desde que apresentem elevada resistncia

    mecnica compresso.

    2) Resistncia mecnica uma boa resistncia mecnica engloba elevadas

    resistncias ao atrito, a friabilidade e ao esmagamento, propriedades que permitem ao

    catalisador resistir, quando no leito cataltico, s diversas aes mecnicas existentes.

    3) Estabilidade trmica em algumas reaes endotrmicas ou exotrmicas, uma

    boa condutividade trmica da massa cataltica permite diminuir o gradiente de

    temperatura tanto no interior do gro como no leito cataltico, favorecendo as

    transferncias de calor.

    4) Regenerabilidade conforme foi colocado na estabilidade, sabe-se que s

    teoricamente um catalisador retirado do reator completamente intacto aps o seu

    tempo de campanha. O processo de regenerao ocorre quando o catalisador torna-se

    ineficiente, ou seja, perde sua atividade ou sua seletividade. Neste caso, ele precisa ser

    regenerado, sendo para isto submetido a condies que permitem sua recuperao

    parcial ou total.

    5) Reprodutibilidade uma propriedade que, embora, esteja relacionada com a

    etapa de preparao do catalisador, somente pode ser avaliada aps as etapas de

    caracterizao e avaliao cataltica. Uma vez que o preparo de um catalisador envolve

    vrias etapas e inmeros parmetros, a reprodutibildade de difcil maximizao.

  • 18

    6) Preo mesmo que um catalisador possua todas as caractersticas citadas nos

    itens anteriores, ainda assim, ele precisa ter um custo de produo atrativo

    industrialmente.

    O desenvolvimento de catalisadores mais ativos contribui com a reduo dos

    gastos operacionais. Na maioria dos casos, uma reduo operacional ocasionada pela

    diminuio de poucos graus em um processo cataltico, representa uma grande

    economia para a empresa. Conseqentemente, todo o investimento feito em pesquisa

    por empresas da rea, seja de carter tecnolgico ou acadmico, representa uma grande

    viso de futuro, uma vez que o conhecimento dos detalhes das caractersticas dos

    catalisadores to importante para a cincia quanto para a operao eficiente dos

    processos industriais.

    3 CARACTERIZAO DE SLIDOS CATALTICOS

    Para se relacionar o desempenho de um catalisador, em uma dada reao, com o

    mtodo empregado na sua preparao, necessrio obter informaes sobre a sua

    estrutura. Resumidamente, as caractersticas consideradas essenciais e que devem ser

    estudadas ou controladas so (8):

    - suporte rea total, estrutura porosa, estabilidade trmica, estabilidade

    qumica, estabilidade mecnica, acidez superficial e etc;

    - disperso e localizao do metal (fase ativa) no suporte avalia a rea

    metlica, distribuio dos tamanhos dos cristalitos, tamanho e a localizao dos

    cristalitos, disperso etc.

    - componente ativo analisa a interao metal-suporte, estados de oxidao,

    homogeneidade da superfcie.

    As tcnicas empregadas nessa caracterizao so inmeras, e mesmo em nmero

    reduzido no h como abordar todas. Por essa razo, neste trabalho sero mencionadas

    as mais utilizadas nos laboratrios de catlise.

    A Figura 3 uma tentativa de resumir as vrias caractersticas investigadas em

    um material cataltico e sugere alguns procedimentos para estudar os slidos catalticos

    (8). Conhecendo a composio total do slido (quadro 1), o primeiro passo descobrir a

  • 19

    natureza da fase (quadro 2), que pode ser determinada juntamente com os estudos do

    tamanho e forma das partculas de cada fase (quadro 3), e a distribuio das fases dentro

    do slido (quadro 4).

    O caminho A, referente natureza das fases (quadro 2), investiga a composio

    interna do slido, ou seja, como esto agrupados os tomos e como so as fases (amorfa

    ou cristalina). Essa etapa pode ser caracterizada macroscopicamente pelas estruturas

    cristalinas ou pela reatividade e ser realizada juntamente com as descries

    microscpicas (coordenao octadrica, tetradrica etc) e estado qumico (valncia,

    nvel eletrnico de energia) dos tomos individuais (quadro 5).

    Figura 3 Esquema geral da caracterizao de catalisadores (8).

    A parte B est relacionada com a natureza da superfcie do slido, e a primeira

    etapa medir a composio da superfcie (quadro 6), sendo que este estudo tambm est

  • 20

    relacionado com a distribuio da composio da superfcie (quadro 4). Os

    conhecimentos de ambas as composies, interior e superfcie, determinam a disperso

    das vrias fases que constituem o catalisador, em particular a fase ativa (quadro 7).

    Na parte B (8), tambm so realizados estudos dos arranjos atmicos, tais como:

    estrutura cristalina da superfcie (quadro 8), ligaes qumicas feitas e o estado qumico

    na superfcie atmica (quadro 9). Atualmente, as propriedades das superfcies so mais

    facilmente determinadas pelos estudos de sua interao com molculas seletivas. Esses

    estudos tm sido chamados de reatividade de superfcie, incluindo adsoro seletiva

    (quimissoro) e transformaes qumicas (como reduo temperatura programada). A

    reatividade da superfcie uma conseqncia direta de tudo o que foi citado acima, mas

    sua investigao requer mtodos de investigao especficos (quadro 10).

    Na parte C (8) est mostrada uma srie de caractersticas que so, normalmente,

    consideradas separadamente, embora elas no sejam completamente independentes das

    j citadas acima. O primeiro passo medir a rea especfica (quadro 11), estudar a

    forma e a distribuio dos poros (quadro 12). A prxima etapa o estudo dos stios

    cidos e bsicos na superfcie (quadro 13), que normalmente requerem conhecimentos

    prvios da rea especfica. Portanto, a coordenao, o estado qumico e a reatividade da

    superfcie tm uma forte interao com o suporte e a natureza de cada stio ativo (8).

    Com o objetivo de facilitar a compreenso desse trabalho, o processo de

    caracterizao de um material cataltico ser subdivido em grupos de tcnicas que visam

    anlise: fsica, textural, fase ativa, tamanho das partculas, acidez superficial. Por

    ltimo, ser apresentada uma pequena abordagem sobre reaes modelos, ou seja, os

    chamados testes catalticos que so realizados com a finalidade de confirmar resultados

    obtidos na caracterizao e, finalmente, homologar o material cataltico.

    A Tabela 1 apresenta alguns mtodos utilizados no estudo das propriedades

    fsico-qumicas de materiais catalticos (7).

  • 21

    Tabela 1 Propriedades fsico-qumicas e alguns mtodos utilizados.

    Propriedades Mtodos de Medidas

    1 Composio qumica

    elementar

    Mtodos qumicos clssicos, fluorescncia de raio

    X, espectrometria de emisso, adsoro atmica,

    espectrometria de chama.

    2 Natureza e estrutura cristalina

    das composies qumicas dos

    catalisadores.

    Difrao de raios X, difrao de eltrons,

    ressonncia paramagntica eletrnica, ressonncia

    magntica nuclear, espectrometria de infravermelho,

    espectrometria Raman, espectroscopia ultra violeta e

    visvel, mtodos magnticos, anlise

    termogravimtrica, anlise trmica diferencial.

    3 Textura do catalisador e do

    suporte (rea especfica, volume e

    distribuio do tamanho de

    poros)

    Mtodo BET, porosimtria, quimissoro, difrao

    de raio X, microscopia eletrnica de varredura,

    microscopia eletrnica de transmisso, mtodos

    magnticos, mtodos qumicos, microssonda

    eletrnica.

    4 - Superfcie ativa

    Cintica da quimissoro, calorimetria (calor de

    adsoro), ressonncia paramagntica eletrnica,

    espectroscopia de infravermelho.

    5 Propriedades eletrnicas Ressonncia paramagntica eletrnica,

    condutividade e semi-condutidade.

    3.1 Caracterizao Fsica

    3.1.1 Resistncia mecnica

    Os experimentos de resistncia mecnica so importantes porque identificam a

    tendncia que alguns slidos tm de formar ps durante seu transporte ou utilizao. Os

  • 22

    valores absolutos obtidos so comparados com os valores de materiais tidos como

    referncia (10).

    importante a realizao desse experimento porque ele reproduz o mecanismo

    de quebra das partculas do slido, seja ela causada por coliso entre as partculas, ou

    por impacto e abraso delas sobre as paredes do reator, ou das linhas de transporte do

    slido. Em funo dos resultados obtidos, decide-se se o material pode ou no ser

    utilizado industrialmente. A resistncia pode ser: ao atrito de ps, ao atrito e abraso de

    pastilhas, ao atrito por fluxo de ar de pastilhas, compresso do leito de pastilhas e

    compresso individual de pastilhas.

    - Na resistncia ao atrito de ps o objetivo tentar reproduzir o que ocorre

    com o catalisador durante as operaes industriais. Esse experimento representa o

    mecanismo de quebra das partculas de um slido, seja por coliso entre as partculas,

    seja por impacto das mesmas sobre as paredes do reator e linhas de transporte. Para isso,

    a amostra submetida a uma etapa de fluidizao intensa, com auxlio de um fluxo

    intenso e constante. Aps determinados perodos de operao, o p fino removido da

    zona de atrito e coletado em cartuchos extratores pesado. Os resultados obtidos so,

    em geral, comparados com um material de referncia (10).

    - A resistncia ao atrito e abraso de materiais moldados uma medida da

    tendncia do slido em produzir finos, ao ser requisitado mecanicamente em operaes

    de transporte, carga de reatores, operaes e outras formas de manuseio. A resistncia

    determinada da seguinte forma: o material slido submetido a um movimento de

    rotao em um cilindro provido de chicana, durante um tempo pr-determinado (Figura

    4). Os finos, produzidos pelo atrito ou abraso durante o ensaio, so quantificados aps

    peneirao e o resultado expresso em termos percentuais (10).

  • 23

    Figura 4 Dispositivo empregado na determinao das resistncias ao atrito e a

    friabilidade de materiais moldados (10).

    - Na resistncia ao atrito por fluxo de ar em materiais moldados, o resultado

    atravs do movimento turbulento das partculas do material, mantido por um fluxo de ar

    (Figura 5) (11). O resultado desse mtodo, expresso em porcentagem de finos gerados,

    em relao massa de amostra inicial e fornece uma medida relativa da tendncia do

    material de produzir finos ao ser solicitado, mecanicamente, em algumas operaes,

    como transporte e carga de reatores.

  • 24

    Figura 5 Representao esquemtica do sistema de fluidizao empregado para aluminas (11).

    - A resistncia mecnica compresso do leito em materiais moldados determina

    a presso capaz de formar uma quantidade de finos correspondente a 0,5 % em peso da

    amostra de slida. Simulando as condies de slidos no leito do reator, as medidas so

    realizadas em funo de finos gerados pelo esmagamento (10).

    - A resistncia mecnica compresso individual em materiais moldados:

    cilndricas, esfricas e extrudadas so determinadas, submetendo esses materiais

    moldados (mdia de 25 a 50 pastilhas) a uma compreenso individual entre duas placas

    paralelas, com velocidade de aplicao de carga constante, necessria para fraturar ou

    esmagar as mesmas (Figura 6). O resultado das anlises dado em quilograma fora

  • 25

    ( ) 2/11

    =n

    XXiS

    i

    =i n

    XiX

    (kgf ou N), como uma mdia dos valores obtidos para o conjunto de materiais moldados

    analisados, conforme demonstrado nas equaes abaixo (10):

    (4)

    Sendo: (5)

    onde:

    X = resistncia mdia compresso dos materiais moldados;

    iX = somatrio das resistncias compresso;

    n= nmero total de materiais moldados submetidas ao ensaio;

    S= desvio padro das n medidas;

    ( )2 XXi = somatrio dos quadrados dos desvios das n medidas em relao

    mdia.

  • 26

    Figura 6 Representao da compresso radial e axial submetidas pelos catalisadores e

    seus precursores (10).

    3.1.2 Dimenses dos materiais moldados

    Determinar a dimenso de um slido ajuda a avaliar a reprodutibilidade e a

    conformao do mtodo escolhido para a moldagem do catalisador. Os mtodos

    utilizados em geral so simples e no necessitam de equipamentos com alta tecnologia

    (10). Como exemplo, pode-se citar as medidas realizadas com um paqumetro, onde se

    determina dimenso mdia do dimetro e do comprimento de catalisadores e suportes

    cilndricos, atravs das medidas de cada cilindro que constitui a amostra. Alm das

    dimenses mdias, tambm se pode calcular os desvios mdios padro (Tabela 2).

  • 27

    Tabela 2 Dados de dimenso e resistncia mecnica de extrudados de xido de nibio.

  • 28

    3.1.3 Densidade

    A densidade definida como sendo a razo entre massa e volume de uma

    substncia. Para materiais homogneos ela constante. No entanto, para materiais

    heterogneos ou porosos a determinao desta propriedade mais complexa,

    envolvendo os conceitos de densidade real e densidade aparente.

    Quando se estuda um material poroso, deve-se atentar que ele constitudo do

    slido propriamente dito volume real - e de poros volume de poros - que so os

    vazios entre os aglomerados de partculas, sejam elas primrias, secundrias ou

    tercirias, que formam a sua estrutura (10, 12). Esses vazios ocupam parte do volume

    total do slido poroso, sendo sua avaliao determinada pela equao 6:

    porostotalreal VVV = (6)

    Assumindo uma abordagem simples, pode-se considerar que existem dois tipos

    diferentes de formao porosa: o primeiro formado pelos espaos existentes entre as

    partculas primrias de um slido e quando elas esto ligadas pela ao de foras de

    superfcie, formando aglomerados, so denominadas partculas secundrias. O segundo

    tipo de porosidade formado quando uma parte do slido removida, seja por um

    processo de solubilizao parcial do slido, reaes com formao e permeao de

    gases ou, pela separao de fases durante o processo de sntese (12).

    A diferena entre a densidade real e a aparente, que a densidade aparente

    uma caracterstica do leito de slidos (leito cataltico), e obtida pela razo entre a

    massa do slido e o volume total ocupado pelo slido. J na densidade real, no se

    considera o volume relacionado aos espaos vazios inter e intrapartculas. Esses

    esclarecimentos so importantes, pois as medidas de densidade definem de certa forma,

    a massa de slido que ser utilizada num reator industrial (10,12).

    Para medir a densidade real no caso de um material poroso, utiliza-se a

    picnometria a hlio (Tabela 3), uma vez que este gs, durante a anlise ocupa todos os

    poros existentes no material, exceto aqueles que se encontram bloqueados.

  • 29

    Tabela 3 Resultados de uma anlise, utilizando a picnometria a hlio.

  • 30

    3.1.4 Distribuio granulomtrica

    A anlise granulomtrica determina, em escala macroscpica, a distribuio

    relativa do tamanho das partculas dos materiais que se apresentem na forma de p ou

    gros. Existem diferentes mtodos para se estudar essa distribuio de tamanho de

    partculas, dependendo de suas dimenses, sendo que, quanto menor for a partcula,

    mais complexa a tcnica utilizada. Logo, a escolha do mtodo de peneiramento de

    acordo com as propriedades do material e as necessidades do processo.

    Quando se utiliza reator de leito cataltico, a granulometria do catalisador de

    fundamental importncia, pois o tamanho da partcula tem implicaes diretas nas

    condies operacionais. Alm disso, a determinao granulomtrica de ps muito

    importante para a confeco de pastilhas ou extrudados de catalisadores, pois,

    dependendo do resultado, tem-se ou no uma resistncia mecnica satisfatria (10).

    Uma tcnica simples de determinao da distribuio granulomtrica de

    materiais em p ou de partculas a peneirao a seco. Nela, a amostra submetida

    vibrao, durante certo tempo, em um conjunto de peneiras de aberturas previamente

    escolhidas em funo do material, empregando para essa finalidade um agitador

    mecnico. Depois da etapa de vibrao, a frao retida em cada peneira devidamente

    pesada, e calcula-se a porcentagem cumulativa do material que restou em cada peneira.

    Esse mtodo indicado para materiais que no apresentam tendncia aglomerao,

    quando submetidos agitao, e para os que apresentam, recomenda-se a utilizao do

    mtodo de peneirao a mido (10).

    A Tabela 4 apresenta um exemplo de peneirao a seco. Neste exemplo, o

    material utilizado foi o Pural SB (hidrxido de alumnio), com massa inicial de 195,67 g

    submetido vibrao em um agitador mecnico por uma hora.

  • 31

    Tabela 4 Fraes obtidas por peneiramento a seco, aps vibrao durante 1 hora, em agitador mecnico.

    Peneiras (mm) Massa retida (g) Porcentagem % < 0,150 1,27 0,65 < 0,105 7,01 3,58 < 0,088 2,89 1,48 < 0,074 20,06 10,35 Mfinal 161,42 82,49

    3.2 Caracterizao Textural

    Descrevem-se a seguir as propriedades texturais mais importantes de materiais

    catalticos e de seus precursores.

    3.2.1 rea especfica

    A rea especfica, ou rea de superfcie total do slido por unidade de massa, o

    parmetro crucial a ser determinado, pois nela que toda reao se processa. Para um

    catalisador, quanto maior for a superfcie disponvel para os reagentes maior ser a

    converso dos produtos, caso fenmenos difusivos no estejam envolvidos. Na pratica,

    o catalisador no possui sua superfcie energeticamente homognea, ou seja, com todos

    os seus stios de adsoro equivalentes e com a mesma quantidade de energia para

    interagir com as molculas do reagente. Se fosse completamente homognea, a rea

    especfica seria diretamente proporcional a atividade do catalisador, mas, mesmo com

    superfcie heterogneas, h casos em que a rea proporcional a superfcie (1, 10).

    Um dos mtodos mais comuns de determinao da rea especfica de um slido

    se baseia na determinao da quantidade necessria de um adsorvato para formar uma

    monocamada sobre a superfcie a ser medida (13). Os adsorvatos normalmente

    utilizados para esse fim so gases, portanto, necessrio o estudo da interao entre o

    gs e o slido no processo de adsoro (12).

    Quando um slido exposto a um gs ou vapor em um sistema fechado

    temperatura constante, o slido passa a adsorver o gs, ocorrendo assim um aumento da

    massa do slido e um decrscimo da presso do gs. Aps um determinado tempo, a

  • 32

    massa do slido e a presso do gs assumem um valor constante. A quantidade de gs

    adsorvida pode ser calculada pela diminuio da presso por meio da aplicao das leis

    dos gases ou pela massa de gs adsorvida pelo slido.

    A quantidade de gs adsorvida funo da interao entre o gs e o slido,

    sendo, portanto, dependente da natureza dessas espcies. O processo de adsoro pode

    ser classificado como um processo fsico ou qumico, dependendo do tipo de fora

    envolvida: a adsoro fsica, tambm denominada adsoro de van der Waals, causada

    por foras de interao entre as molculas. A adsoro qumica ou quimissoro

    envolve interaes especficas entre o adsorvente e o adsorvato com energia quase to

    alta quanto de formao de ligaes qumicas. A Tabela 5 apresenta as principais

    diferenas entre adsoro fsica qumica (12).

    Tabela 5 Principais diferenas entre adsoro fsica e adsoro qumica.

    Adsoro Fsica Adsoro Qumica

    Causada por foras de van der Waals. Causada por foras eletrostticas e

    ligaes covalentes.

    No h transferncia de eltrons. H transferncia de eltrons.

    Calor de adsoro varia de 2 a 6

    Kcal/mol.

    Calor de adsoro de 10 a 200

    Kcal/mol.

    Fenmeno geral para qualquer espcie. Fenmeno especfico e seletivo.

    A camada adsorvida pode ser removida

    por aplicao de vcuo temperatura

    de adsoro.

    A camada adsorvida s removida por

    aplicao de vcuo e aquecimento a

    temperatura acima da de adsoro.

    Formao de multicamadas abaixo da

    temperatura crtica.

    Somente h formao de

    monocamadas.

    Acontece somente abaixo da

    temperatura crtica.

    Acontece tambm a altas temperaturas.

    Lenta ou rpida. Instantnea.

    Adsorvente quase no afetado. Adsorvente altamente modificado na

    superfcie.

  • 33

    De acordo com esta classificao, os adsorventes e adsorvatos foram divididos

    em grupos, que associados, levam a um tipo ou outro de adsoro. Dentre os

    adsorventes mais comuns, o nitrognio e o argnio so os mais usados em estudos de

    adsoro, pois apresentam sempre adsoro no-especfica com qualquer tipo de slido

    (12).

    Quando o estudo do fenmeno de adsoro feito com o objetivo de se obter

    informaes sobre a rea especfica e a estrutura porosa de um slido, a construo de

    uma isoterma de adsoro de fundamental importncia, pois sua forma revela detalhes

    sobre as caractersticas do material.

    A isoterma mostra a relao entre a quantidade molar de gs n adsorvida ou

    dessorvida por um slido, a uma temperatura constante, em funo da presso do gs.

    Por conveno, costuma-se expressar a quantidade de gs adsorvida pelo seu volume Va

    em condio padro de temperatura e presso (0C e 760 torr), enquanto que, a presso

    expressa pela presso relativa P/P0, ou seja, a relao entre a presso de trabalho e a

    presso de vapor do gs na temperatura utilizada (1, 2, 12).

    A primeira teoria que relaciona a quantidade de gs adsorvida com a presso de

    equilbrio do gs foi proposta por Langmuir em 1918. O fenmeno de adsoro em si

    atribudo coliso no-elstica entre as molculas do gs e a superfcie do slido, isto

    permite a formao da monocamada por um intervalo de tempo limitado pelo retorno do

    adsorvato fase gasosa. Langmuir ainda considerou a possibilidade da formao de

    camadas mltiplas atravs do mecanismo de evaporao e condensao, porm a

    equao para a isoterma por ele derivada era muito complexa (12).

    Na dcada de 30 (em 1938), Brunauer, Emmett e Teller desenvolveram uma

    equao para a adsoro de gases em multicamadas na superfcie de slidos. A equao,

    denominada BET se baseia na hiptese de que as foras responsveis pela condensao

    do gs so tambm responsveis pela atrao de vrias molculas para a formao de

    multicamadas. Brunauer, Emmett e Teller generalizaram a equao de Langmuir,

    considerando que a velocidade de condensao das molculas da fase gasosa sobre a

    primeira camada igual velocidade de evaporao da segunda camada, ou seja:

  • 34

    a2PA1=b2A2exp(-Q2/RT) (7)

    onde:

    P = presso;

    A1 e A2 = rea coberta por 1 e 2 camadas de molculas de gs, respectivamente;

    Q2 = calor de adsoro da segunda camada;

    a2 = 1 / (2mT)1/2 (constante);

    b2 = 1/ (constante) (12);

    Em princpio, cada camada tem valores prprios para parmetros como a e Q,

    fazendo algumas aproximaes e, assumindo, que: (a) em todas as camadas exceto na

    primeira, o calor de adsoro (Q2, Q3....Qn) igual ao calor molar de condensao (QL);

    (b) as condies de evaporao e condensao so idnticas, isto , b2/a2 = b3/a3 = .... =

    bn/an em camadas subseqentes a primeira e (c) quando P = P0 (presso de saturao do

    vapor da temperatura de adsoro), o nmero de camadas infinito. Finalmente, se

    obtm ento a equao de BET (1, 7 e 10):

    ( )( )

    00

    11

    P

    P.

    CV

    C

    CVPPV

    P

    mm

    +=

    (8)

    onde:

    V = volume de N2 adsorvido presso parcial P/P0;

    Vm = volume de N2 para cobrir o adsorvato com uma monocamada;

    P0 = presso de saturao do N2 lquido;

    C = uma constante na qual aja a energia de condensao (C=exp ((Q1 QL)/RT).

    O grfico de P/V(P0 P) versus P/P0 d origem a uma reta de coeficiente angular

    igual a (C-1)/CVm e coeficiente linear igual a 1/CVm. Quanto maior for o valor de C,

    mais pronunciada ser a curvatura na primeira regio da curva, o que torna mais fcil a

    determinao do valor de Vm, pois, a parte reta da curva mais facilmente encontrada.

    A Figura 7 mostra que, quando C exerce o valor 2, a curva passa a apresentar um ponto

    de inflexo, que se aproxima do ponto onde a quantidade de gs adsorvida igual

    capacidade da monocamada dada pela equao de BET. Altos valores de C podem ser

  • 35

    obtidos, quando o nitrognio utilizado como adsorvente, o que leva a preferncia da

    utilizao deste gs para a maioria dos slidos (12).

    Figura 7 Curvas calculadas a partir da equao de BET para: (a) C =1; (b) C= 11; (c) C = 100; (d) C = 10.000, onde n/ n equivalente a V/Vm (12).

    Considerando que C seja muito maior que 1, o termo 1/CVm aproxima-se de zero

    e (C-1) pode ser considerado igual a C. A equao de BET assume, portanto, a forma

    aproximada da equao 07 denominada relao de um ponto (single point). Por meio

    dessa relao, pode-se construir uma reta de origem (0,0) e inclinao 1/Vm,

    conhecendo-se apenas um nico ponto. A utilizao da forma aproximada da equao

    de BET avaliada, considerando-se a aceitao do erro a ela associada. Normalmente,

    para se obter valores aproximados de prea, a rapidez desse mtodo se torna uma

    vantagem que se sobrepe ao erro considerado. A forma no aproximada da equao de

    BET a mais aplicada a dados experimentais. O volume da monocamada Vm pode ser

    calculado pela resoluo do sistema:

  • 36

    b = 1/VCm e a = (C-1)/ CVm (9)

    A Tabela 6 apresenta os resultados de rea especfica medidos para o xido de

    nibio, na forma de extrudados, em funo apenas da variao da granulometria do

    precursor.

    Tabela 6 Valores de rea especfica em funo da variao granulomtrica dos

    extrudados de xido de nibio.

    Granulometria rea especfica (m2/g) < 0,037 120 < 0,062 144 < 0,105 163

    3.2.2 Tamanho e distribuio de poros

    Os poros de um catalisador so interstcios contnuos e interconectados,

    estatisticamente homogneos, entre os blocos mal ajustados que formam a estrutura do

    slido. Estes interstcios ocupam parte do volume do catalisador, chegando at cerca de

    80%, como no caso de alguns carves ativos e aluminas especiais. Os poros so

    classificados de acordo com seus tamanhos em: microporos (menores que 2 nm),

    mesoporos (classificados entre 2 e 50 nm) e macroporos (maiores que 50 nm) (1, 10).

    A distribuio de tamanhos de poro tambm um parmetro muito importante

    para o estudo da estrutura porosa, pois est relacionado rea total do slido. Para

    medir o tamanho dos poros, normalmente, se utilizam duas tcnicas diferentes: adsoro

    com condensao de gases, onde se determina os micro e mesoporos, e porosimetria de

    mercrio que pode determinar os meso e macroporos (1, 10, 12).

    - Volumetria de nitrognio

    As determinaes do dimetro e do volume poroso, com auxlio do fenmeno de

    adsoro de nitrognio, so obtidas a partir das presses relativas correspondentes ao

    ciclo de histerese, que aparecem nas curvas de adsoro/dessoro para os slidos

  • 37

    porosos, e que correspondem, respectivamente, condensao e evaporao de lquido

    nos poros. O formato da isoterma funo do tipo de porosidade do slido, e so vrias

    as formas conhecidas hoje em dia, mas todas so variaes de seis tipos principais. Os

    cinco primeiros tipos de isotermas foram primeiramente sugeridos por Brunauer em

    1938, sendo o sexto tipo proposto mais tarde. A Figura 8 mostra os seis tipos de

    isotermas (12).

    Figura 8 Isotermas (n versus P/P0) do tipo I ao tipo VI.

    Figura 8 Isotermas (n versus P/P0) do tipo I ao tipo VI (12).

    Slidos com microporos. Slidos no porosos ou com macroporos.

    Slidos com microporos associados macroporos.

    Slidos no porosos com superfcie uniforme.

    Slidos no porosos associados mesoporos.

    Slidos com mesoporos

  • 38

    A isoterma do tipo I caracterstica de slidos com microporosidade. As

    isotermas do tipo II e IV so tpicas de slidos no porosos e de slidos com poros

    razoavelmente grandes, respectivamente. As isotermas do tipo III e V so caractersticas

    de sistemas onde as molculas do adsorvato apresentam maior interao entre si do que

    com o slido (esses tipos no so muito interessantes para a anlise da estrutura porosa).

    A isoterma do tipo VI obtida atravs da adsoro do gs por um slido no poroso de

    superfcie quase uniforme, o que representa um caso muito raro entre os materiais mais

    comuns (12, 13).

    As isotermas do tipo I ocorrem, quando a adsoro limitada a poucas camadas

    moleculares, e caracterizam sistemas que apresentam microporos, onde os poros

    excedem um pouco o dimetro do adsorvente. A do tipo II e IV so os tipos mais

    encontrados em medidas de adsoro e ocorrem em sistemas no porosos, ou com poros

    no intervalo de mesoporos, ou macroporoso (dimetro superior a 50 nm), onde, o ponto

    de inflexo da isoterma corresponde formao da primeira camada adsorvida que

    recobre toda a superfcie do material. Um brusco aumento do volume de gs adsorvido

    para pequenos valores de P/P0, na isoterma do tipo IV, indica a presena de microporos

    associados a mesoporos.

    As isotermas do tipo III e V ocorrem quando o calor de adsoro entre as

    molculas adsorventes menor do que o calor de liquefao, sendo assim, as molculas

    desse gs tem mais afinidade umas com as outras do que com a superfcie do slido,

    prejudicando a anlise de rea superficial e da porosidade.

    importante ressaltar que a ausncia de histerese no significa a ausncia de

    porosidade, j que alguns formatos de poros podem levar a processos iguais de adsoro

    e dessoro. A histerese um fenmeno que resulta da diferena de mecanismos de

    condensao e evaporao do gs adsorvido, e este processo ocorre em diferentes

    valores de presso relativa, e sua forma determinada principalmente pela geometria

    dos poros. De modo geral as histereses so classificadas em quatro tipos, segundo a

    IUPAC (Internacional Union of Pure and AppliedChemistry), apresentado na Figura 9

    (14).

  • 39

    Figura 9 Tipos mais freqentes de histereses em isotermas de adsoro e a relao

    com os formatos do poro: P0 a presso de saturao e P a presso de

    equilbrio (14).

    A histerese do tipo H1 encontrada em materiais cujos poros so regulares, de

    formato cilndrico e/ou polidrico com as extremidades abertas. O tipo H2 formado

    pela composio de poros cilndricos, abertos e fechados com estrangulaes,

    resultando numa morfologia irregular do tipo garrafa. Na histerese H3 os poros

    apresentam formatos de cunhas, cones e/ou placas paralelas. O tipo H4 ocorre em

    slidos cujo raio do poro (rp) menor que 1,3 nm, ou seja, com dimenses da molcula

    do adsorvato, a morfologia dos poros no definida (14).

    - Porosimetria de mercrio

    A porosimetria por intruso de mercrio uma tcnica importante para a

    descrio quantitativa da estrutura porosa de um slido. Essa tcnica foi desenvolvida a

    partir da observao do comportamento de alguns lquidos sobre slidos porosos, os

    quais no eram molhados por esses lquidos presso atmosfrica. Isto ocorre porque,

    quando um lquido no molha um slido poroso, como o caso do mercrio, ele no

    consegue penetrar espontaneamente no interior desses poros pela ao de foras

    capilares. Neste caso, ele deve ser ento, forado a penetrar nos poros pela aplicao de

  • 40

    uma presso externa; sendo dificuldade de penetrao inversamente proporcional

    dimenso (dimetro) dos poros (10 13).

    A primeira equao que descrevia esse comportamento foi desenvolvida por

    Washburn em 1921 e tem o nome de seu autor (equao 10):

    P

    cosD

    =4 (10)

    onde:

    D = dimetro do poro;

    = tenso superficial do lquido (mercrio);

    = ngulo de contato entre o lquido (mercrio) e o slido;

    P = presso absoluta.

    Essa equao descreve o comportamento do mercrio na superfcie do slido e

    ela tambm pode ser escrita em funo do raio r do poro, bastando dividi-la pelo fator 2.

    Uma vez que o mercrio no molha a maioria dos slidos conhecidos, a

    penetrao deste lquido somente ocorre de forma significativa com aplicao de

    presso, ocorrendo em poros cada vez menores com o aumento da pressurizao. Sendo

    a tenso superfcial do mercrio alta - cerca de 485 dina/cm3 - esse valor confirma a

    tendncia do lquido em se contrair, assumindo uma forma quase esfrica, ou seja, com

    rea especfica mnima, como resultado de foras intermoleculares que atuam em sua

    superfcie. Por essa razo, o mercrio apresenta ngulos de contato muito altos, quando

    em contato com a maioria dos slidos (em torno de 130). Essas caractersticas fazem

    com que o mercrio seja o nico lquido utilizado na porosimetria por intruso (10-13).

    Para a realizao da medida, primeiramente, a amostra deve ser levada para um

    tratamento trmico a fim de eliminar gases e lquidos volteis adsorvidos e condensados

    nos poros. Aps esta etapa, a amostra devidamente pesada, colocada na clula

    apropriada realizao da anlise, e submetida a um vcuo, onde a presso absoluta

    deve ser igual ou menor a 10 mmHg, durante um perodo mnimo de 30 minutos (Figura

    10).

  • 41

    Figura 10 Representao esquemtica do dispositivo empregado nas etapas de

    evacuao da amostra e preenchimento com mercrio (13).

    Aps o tempo estabelecido sob presso inferior a 10mmHg e preenchimento

    com mercrio, a amostra colocada na cmara de pressurizao (Figura 11) (13), para

    iniciar o processo de retirada do ar de dentro da cmara. Esse procedimento repetido

    at a completa verificao da inexistncia de ar no sistema.

  • 42

    Figura 11 Representativo do porosmetro de mercrio (13).

    Na etapa seguinte, inicia-se a anlise do material, que consiste em medir o

    volume de mercrio, que penetra no slido em funo do aumento lento e constante da

    presso do mercrio, ocorrendo a penetrao em poros de raio cada vez menores, at o

    limite da presso mxima do equipamento. A Tabela 7 elucida a forma como,

    normalmente, os dados e o resultado da anlise so apresentados.

  • 43

    Tabela 7 Resultados obtidos com auxlio da porosimetria de mercrio.

  • 44

    3.3 Caracterizao da Superfcie Ativa

    Quando se utilizam catalisadores, no existe, na maioria dos casos, uma relao

    direta entre os seus desempenhos e a sua rea especfica global. Portanto, em catlise,

    sempre necessrio determinar a superfcie realmente ativa, em geral, constituda por um

    conjunto de tomos denominados de stios, os quais possuem atividade cataltica e por

    estarem acessveis aos reagentes.

    3.3.1 Caracterizao trmica

    - Anlise trmica

    Em uma anlise termogravimtrica, a massa de uma amostra em uma atmosfera

    controlada registrada continuamente como uma funo do tempo, medida que a

    temperatura da amostra aumenta (em geral linearmente com o tempo) (15). Existe a

    anlise termogravimtrica (TGA) e a anlise trmica diferencial (DTA). A Figura 12

    mostra uma curva TGA do sulfato de cobre (CuSO4), um material, normalmente,

    utilizado como padro para se avaliar a programao e confiabilidade da anlise e da

    programao do equipamento.

    Figura 12 Curva TGA do sulfato de cobre, material considerado padro para avaliar o

    desempenho de uma termobalana (15).

  • 45

    Na rea cataltica, a TGA usada para se estudar o caminho detalhado das

    alteraes que o aquecimento pode provocar nas substncias, objetivando estabelecer a

    faixa de temperatura, nas quais o material adquire composio qumica definida ou

    temperatura, onde se iniciam os processo de decomposio, sinterizao, mudana

    cristalina etc. Desse modo, as curvas de variao de massa em funo da temperatura

    obtida a partir de uma termobalana, permitem obter algumas concluses sobre a

    composio e estabilidade dos compostos intermedirios e sobre a composio do

    composto formado aps aquecimento (15).

    A tcnica de DTA permite medies contnuas das temperaturas da amostra e de

    um material de referncia, este termicamente inerte no intervalo de temperatura

    estudado. Estas medies de temperatura so diferenciais - diferena entre a temperatura

    do material de referncia e da amostra (T) - em funo da temperatura ou do tempo,

    dado que o aquecimento ou resfriamento realizado taxa de aquecimento constante

    (a=dT/dt). A interpretao terica das curvas DTA deve demonstrar que as reas

    delimitadas pelos picos so proporcionais ao calor de reao (entalpia) por unidade de

    massa de substncia ativa presente na amostra pura ou misturada com um material

    inerte (15).

    Um exemplo da aplicao da anlise trmica o resultado obtido com uma

    cermica base de zircnia empregada em materiais catalticos e promotores,

    geralmente, no controle de emisso de poluentes. A Figuras 13 mostra a curva TGA

    para uma resina polimrica do sistema Zr0,9Nd0,1O1,95, que foi obtida em atmosfera

    dinmica de ar, calcinada a 350C. Essa anlise mostra uma perda de massa no intervalo

    entre 30C e 650C. Acima desta temperatura, observa-se uma massa constante,

    constatando a eliminao total da matria orgnica presente inicialmente no composto

    (16).

  • 46

    Figura 13 Anlise termogravimtrica do Zr0,9Nd0,1O1,95 (p amorfo) calcinado

    previamente a 350C por trs horas (16).

    - Tcnicas de reduo e dessoro temperatura programada.

    Essa tcnica foi aplicada, primeiramente, para estudar pirlises por Rogers e

    colaboradores em 1960, tendo se tornado muito popular na rea cataltica. A idia

    bsica monitorar as reaes que ocorrem, principalmente, na superfcie dos slidos

    catalticos, atravs da anlise continua da fase gasosa gerada durante o aquecimento (8).

    A dessoro temperatura programada (TPD), foi utilizada em 1963 por

    Amenomiya e Cvetanovi e, efetivamente, foi estendida para slidos porosos de rpida

    dessoro por Ehrlich, constituindo-se em uma tcnica rpida, para estudar a dessoro

    de gases de filamentos metlicos aquecidos em alto vcuo (8).

    Em estudos de TPD, o slido, previamente, equilibrado com um gs, em

    condies bem definidas de temperatura e presso parcial, submetido a um

    aquecimento sob programao de temperatura e fluxo de um gs inerte (He ou Ar),

    monitorando-se a dessoro continua do gs.

  • 47

    A reduo temperatura programada (TPR) foi tambm empregada por

    Robertson e colaboradores em 1975. Nesta tcnica, a velocidade de reduo medida,

    continuamente, para monitorar a composio da reao dentro do reator. Estudos

    envolvendo a tcnica TPR podem ser efetuados com alguns precursores catalticos,

    empregando uma simples termobalana. No entanto, estudos mais completos exigem

    atmosferas gasosas controladas, inertes ou no. Nos experimentos conduzidos com

    reao, o gs de reduo pode ser, por exemplo, uma mistura de hidrognio em

    nitrognio, sendo o progresso da reduo monitorado pela diminuio da concentrao

    de hidrognio (8).

    As medidas de TPD e TPR so monitoradas, normalmente, utilizando um

    detector de condutividade trmica, acoplado ou no a um cromatgrafo, ou um

    espectrmetro de massas. De forma simplificada, a Figura 14 apresenta um diagrama de

    blocos, representando um cromatogrfico a gs (8, 17).

    Figura 14 - Diagrama representativo de um cromatgrafo a gs (17).

  • 48

    Na catlise, uma das principais aplicaes da tcnica TPR consiste em monitorar

    o consumo de hidrognio presente em uma corrente gasosa, que passa por um

    catalisador slido, submetido a um aumento linear de temperatura. Esta tcnica vem

    sendo empregada por ter diversas aplicaes, dentre elas: permitir determinar o

    intervalo de temperatura em que ocorre a reduo dos precursores metlicos e dos stios

    metlicos; revelar as possveis interaes existentes entre o metal-suporte e o metal-

    promotor. Esta interao geralmente observada em catalisadores nos quais o metal

    est presente em baixas concentraes e com alta disperso, como no caso, catalisadores

    industrial Pt/Al2O3. Exemplos das aplicaes desses mtodos (TPR e TPD) so

    apresentados nas Figuras 15 e 16, respectivamente.

    A Figura 15 mostra os resultados de TPR para um o suporte puro, assim como

    dos catalisadores mono e bimetlicos obtidos a partir deste suporte. Os resultados

    evidenciam que a reduo do suporte puro ocorre em um intervalo grande de

    temperatura, iniciando-se acima de 500C (18).

    Figura 15 Perfis de TPR do suporte (Nb2O5) e dos catalisadores monometlicos e

    bimetlicos (18).

  • 49

    Comparando as temperaturas de reduo do suporte puro e do catalisador

    monometlico, percebe-se que na presena de Pt, a reduo parcial do suporte foi

    deslocada para uma temperatura menor (8). Esse consumo de hidrognio, segundo os

    estudos feitos pelo autor, devido reduo parcial do suporte e a primeira etapa da

    formao da forte interao metal-suporte (o chamado efeito SMSI strong metal-

    support interaction).

    Para o catalisador metlico Pt/Nb2O5, observam-se quatro picos de consumo de

    hidrognio: o primeiro temperatura ambiente e o segundo em torno de 85C, que so

    atribudos reduo da espcie mssica e da espcie superficial do PtO2. Um terceiro

    pico observado a 227C, atribudo reduo do complexo superficial PtOxClY, e por

    ltimo um pico de 360C que seria a reduo parcial do suporte (18).

    O catalisador monometlico 0,5% In/Nb2O5 apresenta um pico de reduo a

    272C que atribudo reduo do In+3. Observa-se que, com a adio de Pt a este

    catalisador, a temperatura de reduo do In desloca-se para temperaturas mais baixas,

    conforme foi observado para catalisadores de Pt-In/Al2O3 (18).

    Os catalisadores bimetlicos apresentaram perfis similares ao catalisador

    monometlico, com picos de reduo temperatura ambiente, um segundo pico mais

    intenso a 89c, e um terceiro pico a 227C, que atribudo como a reduo do In,

    ocorrendo juntamente com a reduo parcial da Pt. (18).

    A Figura 16 apresenta os resultados obtidos com TPD para os mesmos

    catalisadores. Segundo o autor (18), os perfis de TPD, aps reduo a 300C (Figura 16-

    a), para catalisadores a base de Pt, apresentaram dois picos de dessoro: um pico em

    baixa temperatura, que foi atribudo ao H2 adsorvido na superfcie metlica, e outro pico

    em temperatura mais alta atribudo ao H2 de spillover. Esse efeito spillover ocorre,

    quando, por exemplo, o hidrognio adsorvido, dissociativamente sobre um metal, migra

    para o suporte (18).

  • 50

    Figura 16 Perfis de TPD de H2 aps a reduo a 300C (a) e 500C (b) para

    catalisadores monometlicos e bimetlicos (18).

    O catalisador Pt/Nb2O5 aps reduo a 300C, apresenta um pico largo com um

    mximo em 150C, correspondendo ao H2 adsorvido nos stios metlicos, e um outro

    pico em 300C, atribudo ao spillover do H2. Os catalisadores bimetlicos

    apresentaram em comparao ao monometlico, um decrscimo na rea do pico a baixa

    temperatura. Com uma observao especial em relao ao catalisador, contendo 0,5%

    de In, no qual se constata apenas o pico de dessoro de H2 de spillover.

    Na Figura 16-b, pode-se observar que, aps reduo a 500C em condies

    tpicas de SMSI, os perfis de TDP apresentam apenas um pico de dessoro, atribudo,

    principalmente, ao H2 de spillover (18). Apesar dos catalisadores com teores de 0,2%

    e 0,5% de In apresentarem um pico de dessoro prximo do H2 adsorvido nos stios

    metlicos, essa dessoro em temperatura mais baixa, pode ser atribuda ao H2 de

    spillover.

  • 51

    3.3.2 - Caracterizao por quimissoro

    A quimissoro se caracteriza por um forte grau de interao entre as molculas

    do gs e a superfcie do slido. Os valores das entalpias de quimissoro equivalem ao

    de uma reao qumica (10 a 100 Kcal/mol) e ocorrem em temperaturas maiores que o

    ponto de ebulio do gs adsorvido. Dependendo do tipo de gs e do tipo de metal a

    quimissoro pode ser (10):

    - Dissociativa que pode ser exemplificada quando ocorre a adsoro da

    molcula de hidrognio (H2) sobre Pt resultando em duas ligaes Pt-H;

    - Associativa ocorre quando a molcula adsorvida mantm a sua integridade,

    como por exemplo, a adsoro de monxido de carbono (CO) em platina;

    - Corrosiva ocorre quando o gs adsorvido reage com o metal, o que resulta na

    formao de uma camada que pode ou no ser restrita superfcie do metal, como por

    exemplo, o que ocorre na adsoro de oxignio (O2) em Cu, que, dependendo das

    condies do meio, pode formar xido de Cobre (Cu2O ou/e CuO) no superficiais, ou a

    passivao de carbetos e nitretos.

    As anlises de quimissoro s podem ser realizadas, para avaliar a superfcie

    metlica, se a densidade dos stios metlicos e a estequiometria da adsoro, ou seja, se

    forem conhecidos quantos tomos ou molculas do gs esto associados a cada stio

    metlico. A densidade de stios dada pelo nmero de tomos de metal expostos por m2

    de superfcie metlica, portanto, depende, no caso de catalisadores mssicos, da forma

    cristalogrfica do metal. Os gases mais utilizados nas medidas de superfcie metlica

    so H2, CO e O2 (10).

    O oxignio um exemplo de uma molcula que usualmente adsorve,

    dissociando-se, mas tambm pode ser encontrada adsorvida na forma molecular em

    alguns metais, como, prata (Ag) e platina (Pt). Nesse caso, possvel distinguir o tipo

    de adsoro pelos valores das entalpias, sendo que adsoro dissociativa possui maior

    valor de entalpia, pois, quando a adsoro ocorre no estado molecular, a interao entre

    a molcula e a superfcie relativamente fraca (19).

    Dependendo na superfcie do metal, o monxido de carbono (CO) pode ser

    adsorvido na forma molecular ou na forma dissociada, porm, o seu processo de

    dissociao pode apresentar mais de uma forma (19, 20):

  • 52

    - Superfcies reativas formadas por metais do lado esquerdo da Tabela peridica

    (como Na, Ca, Ti...), o processo de adsoro, na maioria dos casos, dissociativo,

    levando a formao de carbono adsorvido e tomos de oxignio;

    - J em superfcies formada por metais que pertencem ao lado direito da tabela

    peridica, terminando sua distribuio eletrnica em d, como cobre e prata, a

    interao predominantemente molecular. A fora de interao entre a molcula de CO

    e o metal tambm muito fraca, portanto, a associao M-CO pode ser facilmente

    quebrada, e o CO desprende-se da superfcie pela elevao da temperatura, sem induzir

    nenhuma dissociao da molcula.

    - Mas para a maioria dos metais de transio, entretanto, a adsoro muito

    sensvel temperatura e estrutura da superfcie (os ndices de Miller) e da baixa

    presena de stios coordenados como um nico stio.

    A adsoro de H2 e CO tem importncia fundamental na determinao da rea

    metlica ou na disperso de sistemas monometlicos. Sem a presena do SMSI, strong

    metal-support interaction, essa anlise pode dar uma idia real da quantidade de stios

    ativos, aptos para adsorver e promover as reaes com as molculas existentes no meio.

    Os catalisadores, sujeitos ao efeito SMSI, podem servir para investigar a influncia

    do suporte nos stios ativos e determinar as mudanas que ocorrem no xido reduzido.

    Em sistemas bimetlicos, pode-se analisar a influncia do promotor no nmero de stios

    ativos, e tambm determinar fenmenos que fazem com que o metal ativo tenha suas

    propriedades modificadas pela presena de um metal inativo (18).

    Na molcula de hidrognio (H2), os eltrons de valncia esto todos envolvidos

    na ligao H-H, pois no existe nenhum eltron adicional. Conseqentemente, a

    quimissoro do hidrognio no metal quase invariavelmente um processo dissociativo

    no qual a ligao H-H quebrada, permitindo que tomos de hidrognio interajam

    independentemente com a o substrato.

    A quantidade de hidrognio adsorvido, irreversivelmente (H2 quimissorvido) por

    unidade de massa de catalisador (determinada pela tcnica de volumetria de gs)

    permite calcular a rea metlica especfica dos catalisadores e o nmero de stios de

    adsoro de hidrognio por unidade de massa de catalisador.

    Apresenta-se, a seguir, um exemplo tpico (21) de quimissoro em um material

    cataltico. O material devidamente pesado e submetido a um aquecimento at 300C.

  • 53

    Aps esta etapa, ele pr-ativado sob o fluxo de hidrognio (60 cm3/min) por 3 horas e

    limpo sob vcuo durante 1 hora (P=10-5 mmHg). Depois o catalisador resfriado at

    70C, dando incio a etapa de adsoro com o hidrognio.

    Aps a etapa de adsoro, um grfico da quantidade do gs adsorvido em funo

    da presso de hidrognio no sistema plotado (Figura 17). Em seguida os gases so

    evacuados (P=10-5 mmHg) por meia hora. Com o isso, o hidrognio fisissorvido

    eliminado, restando apenas o hidrognio quimissorvido na superfcie do catalisador

    (21).

    Novamente, coloca-se hidrognio em contato com o catalisador, e um segundo

    grfico da quantidade de gs consumido plotado, mas agora, sabendo-se que envolve

    apenas um processo de fisissoro em funo da presso de hidrognio do sistema. Essa

    diferena entre o primeiro e o segundo grfico, atravs da extrapolao para a presso 0

    das retas traadas, fornece o valor da quantidade de hidrognio consumido,

    irreversivelmente, por unidade de massa de catalisador, e esse valor que se utiliza para

    calcular o nmero de tomos expostos do metal por unidade de massa de catalisador

    (21).

    Figura 17 Grfico de adsoro de H2 na superfcie de um catalisador (21).

  • 54

    A equao 11 a utilizada para determinar o nmero de tomos expostos de

    metal por unidade de massa (Y), e os clculos so realizados, considerando a

    estequiometria da quimissoro do hidrognio sobre o metal. Atravs deste resultado,

    pode-se calcular a rea metlica especfica (em m2/g), bem como a disperso da fase

    metlica (em porcentagem), e o dimetro mdio das partculas metlicas (nm) dos

    catalisadores.

    Y = 2x n de moles de H2 quimissorvido (CNTP) x 6,023x1023 (molc/mol) (11)

    Massa do catalisador (g)

    onde:

    Y= nmero de tomos expostos do metal por grama de catalisador.

    3.4 Caracterizao da Estrutura Cristalina e do Tamanho das Partculas de Catalisadores e de seus Suportes

    At o momento, mostrou-se o procedimento de clculo do tamanho das

    partculas metlicas, caracterizando a superfcie com auxlio dos processos de adsoro.

    No entanto, vrias tcnicas mais avanadas podem ser empregadas para completar os

    estudos de caracterizao das espcies e determinao do tamanho das partculas, tais

    como (3, 8, 10, 14, 16 e 19): espectroscopia Raman e infravermelho, que informa os

    modos rotacionais e vibracionais de uma molcula, identificando os grupos qumicos

    presentes na superfcie do catalisador; ressonncia paramagntica eletrnica (EPR), que

    muito utilizada na catlise e suas informaes ajudam na determinao da simetria de

    uma espcie paramagntica, tipo de coordenao e a presena de espcies vizinhas e at

    o seu estado de oxidao; espectroscopia de fotoeltrons excitados por Raio X (XPS),

    que fornece informaes sobre a composio da superfcie de um catalisador, o estado

    de valncia dos elementos, e a interao entre a fase ativa e o suporte.

    Porm dentre as mais utilizadas, por ser a mais acessvel, est a difratometria de

    raio X (DRX).

    A DRX (10 e 22) consiste em incidir um feixe colimado e monocromtico de

    raios X sobre a amostra cristalina, sendo que isso ocorre com um comprimento de onda

  • 55

    , bem definido. As ondas difratadas pelos planos de elevada concentrao atmica num

    ngulo de refrao igual ao de incidncia , devem obedecer relao de Bragg

    (equao 12), onde d distncia interplanar:

    = send2 (12) Os efeitos de interferncia causados pelo espalhamento de radiaes

    eletromagnticas de pequeno comprimento de onda (raios X) pelos materiais, em

    particular os catalisadores, podem informar sobre as estruturas superficiais e o tamanho

    de partculas. Um exemplo da aplicao da DRX) pode ser observado na Figura 18,

    onde se pode distinguir a existncia de duas fases em um suporte de alumina.

    Figura 18 Difratometria de raio X tpico do composto precursor da alumina

    empregada como suporte em catalisadores na indstria aeroespacial.

    No caso da determinao do tamanho das partculas de dimenses nanomtricas

    em uma amostra policristalina, utiliza-se a frmula de Scherrer, que relaciona o

  • 56

    alargamento ocasionado nas linhas de difrao com o aumento das partculas, e dada

    pela seguinte expresso (10 e 22):

    hklcos.B

    .K)(d

    =21

    2 (13)

    onde:

    d = dimenso do cristal perpendicular ao plano hkl de difrao

    21B = largura da linha meia altura expressa em radianos

    hkl = ngulo de Bragg expresso em radianos

    K = constante de Scherrer, que associada a forma dos cristalitos e ao modo

    como B e K so definidos (para partculas esfricas 21B e K assumem o valor de 0,9,

    mas, de maneira geral, o valor de K prximo da unidade).

    = comprimento de onda da radiao empregada.

    Outras tcnicas importantes na caracterizao dos aspectos morfolgicos dos

    catalisadores so: a microscopia eletrnica de varredura (MEV) e a microscopia

    eletrnica de transmisso (MET) (10, 23 e 24). O uso de microscpicos eletrnicos

    modernos, com poder de resoluo da ordem de nanmetros, permite, em casos

    particulares, visualizar partculas metlicas nos suportes, medir o tamanho destas

    partculas, determinar um dimetro mdio no caso de partculas esfricas, e,

    conseqentemente, a rea metlica por grama de material.

  • 57

    Para se estimar o tamanho das partculas, necessrio que sejam preparadas

    vrias amostras do mesmo catalisador, e obter um nmero de fotos que represente a

    distribuio das partculas na amostra. As ampliaes devem permitir uma ampliao

    final entre 5 e 105 vezes, mas s devem ser computadas as partculas que estejam na

    distncia focal correta e isentas de astigmatismo. Os casos mais simples so aqueles em

    que os suportes no so cristalinos, so transparentes ao feixe eletrnico, e que as

    partculas sejam de metais de alta densidade (como, por exemplo, a Pt) e tenham

    tamanhos superiores a 2 nm. Mas h casos em que o tipo de suporte atrapalha a

    observao da amostra, como por exemplo: metais leves, partculas de tamanho inferior

    a 1,5 nm, suportes com cristalinidade parcial (MgO, Al2O3 tratada a temperaturas

    superiores 850C), suportes com impurezas (carvo ativado, argilas naturais), ou

    ainda, suportes pouco transparentes (CaO2, ZrO2) (10, 23 e 24).

    importante ressaltar que, para se ter uma observao correta da partcula do

    catalisador no microscpico eletrnico, fundamental a correta preparao das

    amostras. No caso de medidas de MEV de amostras cermicas, estas devem ser

    recobertas com uma camada de ouro, para que os raios incidentes sobre o material

    possam ser refletidos. Em se tratando de medidas de MET, alguns miligramas do

    material so modos manualmente at a obteno de um p (em gral de gata,

    normalmente). Esse ps espalhado sobre uma superfcie metlica, geralmente cobre, e

    recoberta por um filme de carbono e as ampliaes observadas (10, 23 e 24). As

    imagens apresentadas na Figura 19 representam o acompanhamento por MEV dos

    compostos intermedirios obtidos durante o processo de sntese e moldagem da

    alumina, utilizada como suporte do catalisador LCP-33.

  • 58

    Figura 19 Micrografias, por microscopia eletrnica de varredura, dos compostos

    intermedirios obtidos durante a sntese do suporte do catalisador LCP

    33: a) Gibsita, b) Gibsita e Bohemita, c) Gibsita e Bohemita moldadada e

    d) Gibsita e Bohemita esferoidizada.

  • 59

    Na Figura 20 esto apresentadas imagens tpicas obtidas por MET e que

    permitem determinar a distribuio do tamanho dos cristalitos metlicos e o dimetro

    mdio das partculas metlicas de catalisadores. Pode ser observado que os dimetros

    das partculas crescem com o aumento do teor metlico (21).

    Figura 20 Micrografias (MET) e distribuies dos tamanhos dos cristalitos metlicas

    nos seguintes catalisadores: (a) 0,5% Pd/SiO2-C, (b) 3% Pd/SiO2-C e (c)

    3% Pd-0,18%Cu/SiO2-C (21).

    a b c

  • 60

    3.5 Caracterizao de Catalisadores cidos

    Slidos cidos tm sido extensivamente usados como catalisadores ou como

    suportes de catalisadores, no refino de petrleo, petroqumica e na maioria dos

    processos orgnicos. O uso desses slidos proporciona algumas vantagens, quando

    comparado com cidos lquidos, como por exemplo: elevadas atividade e seletividade;

    no corroem os vasos de reao; podem ser utilizados mais de uma vez; separao do

    cido slido do meio reacional fcil, no apresentam muitos problemas de descarte.

    Todas essas vantagens representam, em ltima anlise, economia para as indstrias.

    Algumas reaes cidas de grande interesse e que empregam esses compostos

    cidos so: reforma cataltica, craqueamento, hidrocraqueamento, alquilaro e

    polimerizao (2, 8 e 10).

    A importncia desses slidos para a economia que despertou o interesse de se

    estudar suas propriedades cidas superficiais, a estrutura dos stios cidos e sua ao

    cataltica. Atualmente, discute-se que ocorra a formao de carbon-ction pela adio de

    um prton molcula de hidrocarboneto insaturado, mecanismo que requer a existncia

    de um stio doador de prtons. Embora, tambm, cogite-se a possibilidade da formao

    de um carbon-ction, pela abstrao de um hidreto de um hidrocarboneto saturado, o

    que requer a existncia de um stio aceptor de eltrons (8).

    A descrio da acidez em geral, a de superfcie mais especificamente, requer a

    determinao da intensidade da ligao e da densidade de stios cidos. Um slido cido

    capaz de transformar uma molcula bsica adsorvida em uma forma cida conjugada.

    A atividade cataltica dos slidos cidos, para essas diferentes reaes, est relacionada

    no s com a quantidade de stios cidos e sua natureza, se doadores de prtons (tipo

    Bronsted) ou aceptores de eltrons (tipo Lewis), mas tambm com a fora cida destes

    stios (10).

    Um cido slido, normalmente, no possui um nico tipo de stios, mas, mostra

    uma larga distribuio da fora destes stios cidos, provenientes, por exemplo, de

    centros cidos de Lewis e Bronsted numa mesma superfcie. Isso pode ser tanto em

    funo da no homogeneidade na composio do slido