Categoria discute o seu futuro CMais de 700 sindicalizados procuraram o Jurídico O Departamento...

12
Acabou o dinheiro O reitor Aloísio Teixeira disse que a UFRJ está asfixiada financeiramente e que se as parcelas restantes do orçamen- to não forem liberadas a Universidade não terá como continuar funcionando. “Estamos preocupadíssimos e não te- mos a certeza de que o orçamento será cumprido.” O reitor fez essa declaração em meio a uma série de revelações so- bre os dois anos de sua gestão à frente da UFRJ. Na sua opinião, o maior mérito de seu mandato até aqui foi o de criar um ambiente em que as diferenças são explicitadas sem crise. Aloísio disse que enfrentou “pepinos” herdados do pas- sado. “Dessa herança os casos mais visí- veis foram a Faculdade de Educação e a Faculdade de Direito”, afirmou. Aloísio fez um rápido histórico das crises que tem enfrentado e disse que o grande nú- mero de direções provisórias que tem nomeado não chega a caracterizar um estilo de governar. Páginas 9, 10 e 11 AGOSTO 2005 ANO XIX Nº 677 SEG 1 TER 2 QUA 3 QUI 4 SEX 5 SÁB 6 DOM 7 sintufrj.org.br [email protected] E F E I T O D O M I N Ó N A C R I S E A CRISE QUE ENREDOU O PAÍS ATINGIU DIRETAMENTE CARDEAIS DO CHAMADO CAMPO MAJORITÁRIO DO PT, QUE, AOS POUCOS, VÃO PERDENDO POSIÇÃO. NA UFRJ, INTELECTUAIS E PARLAMENTARES DISCUTIRAM SAÍDAS PARA A ESQUERDA E O BRASIL PÓS-CPI. PÁGINA 12 Consulta vai decidir sobre sede campestre Plebiscito será realizado nos dias 9, 10 e 11 agosto. Páginas 6 e 7 Categoria discute Começa nesta quarta-feira o 8º Congresso do SINTUFRJ. Os dele- gados vão discutir uma pauta que o seu futuro envolve a conjuntura e as lutas específicas da categoria. O critério de composição da direção sindical (majoritária ou proporcional) é outro ponto dos debates. Página 3 CARLOS LESSA fala para sem terra. Página 5 VESTIBULAR: inscrições abrem dia 8 de agosto. Página 4 Foto: Niko Júnior José Dirceu José Genoíno Delúbio Soares Silvio Pereira

Transcript of Categoria discute o seu futuro CMais de 700 sindicalizados procuraram o Jurídico O Departamento...

Page 1: Categoria discute o seu futuro CMais de 700 sindicalizados procuraram o Jurídico O Departamento Jurídico do SINTUFRJ informa que reabrirá novo prazo para recebimento de kits de

Acabou o dinheiroO reitor Aloísio Teixeira disse que a

UFRJ está asfixiada financeiramente eque se as parcelas restantes do orçamen-to não forem liberadas a Universidadenão terá como continuar funcionando.“Estamos preocupadíssimos e não te-mos a certeza de que o orçamento serácumprido.” O reitor fez essa declaraçãoem meio a uma série de revelações so-bre os dois anos de sua gestão à frenteda UFRJ. Na sua opinião, o maior méritode seu mandato até aqui foi o de criarum ambiente em que as diferenças sãoexplicitadas sem crise. Aloísio disse queenfrentou “pepinos” herdados do pas-sado. “Dessa herança os casos mais visí-veis foram a Faculdade de Educação e aFaculdade de Direito”, afirmou. Aloísiofez um rápido histórico das crises quetem enfrentado e disse que o grande nú-mero de direções provisórias que temnomeado não chega a caracterizar umestilo de governar. Páginas 9, 10 e 11

AGOSTO 2005 ANO XIX Nº 677 SEG 1 TER 2 QUA 3 QUI 4 SEX 5 SÁB 6 DOM 7 sintufrj.org.br [email protected]

E F E I T O D O M I N Ó N A C R I S EA CRISE QUE ENREDOU O PAÍS ATINGIU DIRETAMENTE CARDEAIS DO CHAMADO CAMPO MAJORITÁRIO DO PT, QUE, AOS POUCOS, VÃO

PERDENDO POSIÇÃO. NA UFRJ, INTELECTUAIS E PARLAMENTARES DISCUTIRAM SAÍDAS PARA A ESQUERDA E O BRASIL PÓS-CPI. PÁGINA 12

Consulta vaidecidir sobre

sede campestrePlebiscito será realizado nos dias 9, 10 e 11 agosto.

Páginas 6 e 7

Categoria discuteComeça nesta quarta-feira o 8ºCongresso do SINTUFRJ. Os dele-gados vão discutir uma pauta que

o seu futuroenvolve a conjuntura e as lutas específicas da categoria. O critério de composiçãoda direção sindical (majoritária ou proporcional) é outro ponto dos debates. Página 3

CARLOS LESSAfala para sem terra. Página 5

VESTIBULAR:inscrições abrem dia 8 de agosto. Página 4

Fot

o: N

iko

Júni

or

JoséDirceu

JoséGenoíno

DelúbioSoares

SilvioPereira

Page 2: Categoria discute o seu futuro CMais de 700 sindicalizados procuraram o Jurídico O Departamento Jurídico do SINTUFRJ informa que reabrirá novo prazo para recebimento de kits de

2 –

JO

RN

AL

DO

SIN

TU

FRJ – N

o 677

-1

a 7

de

agos

to d

e 20

05

JORNAL DO SINDICATODOS TRABALHADORESEM EDUCAÇÃO DA UFRJ

Coordenação de Comunicação Sindical: Antonio Gutemberg Alves do Traco, Neuza Luzia e Gerusa Rodrigues / Conselho Editorial: Coordenação Geral e Coordenaçãode Comunicação / Edição: L.C. Maranhão / Reportagem: Ana de Angelis, Lili Amaral e Regina Rocha. Estagiária: Renata Souza / Projeto Gráfico: Luís Fernando Couto/ Diagramação: Luís Fernando Couto e Caio Souto / Assistente de Produção: Jamil Malafaia / Ilustração: André Amaral / Fotografia: Niko Júnior / Revisão: RobertoAzul / Tiragem: 11 mil exemplares / As matérias não assinadas deste jornal são de responsabilidade da Coordenação de Comunicação Sindical / Correspondência: aoscuidados da Coordenação de Comunicação. Fax: 21 2260-9343. Tels: 2560-8615/2590-7209 ramais 214 e 215.

Cidade Universitária - Ilha do Fundão - Rio de Janeiro - RJCx Postal 68030 - Cep 21944-970 - CGC:42126300/0001-61

doispontos

Novo prazo pararecebimento dekit insalubridade

Mais de 700 sindicalizados procuraram o Jurídico

O Departamento Jurídico do SINTUFRJ informa quereabrirá novo prazo para recebimento de kits de sindica-lizados que não puderam ser atendidos na primeira cha-mada. A nova data é 19 de setembro e será encerrada em21 de outubro.

A decisão foi tomada em virtude do grande número desindicalizados que atenderam ao chamado do SINTUFRJ,bem como da constatação de dificuldades, por inúmerosmotivos, na obtenção dos documentos necessários à aná-lise de cada situação.

Na última semana, o DEJUR/SINTUFRJ realizou maisde 700 atendimentos relacionados à insalubridade, pres-tando informações e recebendo o kit.

Foto: Niko Júnior

O advogado da ação do FGTS, Jú-lio Romero, através do Jornal do SIN-TUFRJ, vem prestar esclarecimentosà categoria sobre a multa aplicadaincorretamente ao Sindicato pelo juizsubstituto da 9ª Vara Federal. Expli-ca o advogado que no afã de dar ce-leridade aos processos da colega aqual ele substitui, julgou improce-dente a extensão concedida pela juí-

Atenção servidores: ocontracheque do mês dejulho trará duas rubricasde implantação dos3,17%. Uma correspon-dente ao mês de junho. Aoutra, ao mês em curso.Então, vamos conferir.Qualquer problema, pro-curar a PR-4.

FGTS: esclarecimento importante

A PR-4 informa aos servidores que conseguiram noTribunal Federal de Pequenas Causas, através de açõesindividuais, o recebimento integral das parcelas que, emparceria com a Caixa Econômica Federal, através da Agên-cia Aeroporto Internacional, está disponibilizando aten-dimento personalizado aos servidores da UFRJ, com oobjetivo de pagamento de Precatórios/Repositório de Pe-queno Valor/Atrasados dos 3,17%. Para isso, a PR-4 infor-ma os telefones para agendamento: 3398-3715, 3398-3716,3398-3525, com a equipe da agência Aeroporto: Márcia,Aline, Fernando, Marco Aurélio e Leonam. Segundo a PR-4, antes do contato com a CEF é necessário acessar oseguinte site http://www.trf.gov.br ou telefonar para 0800-574-2112 para confirmar se o valor encontra-se disponí-vel para pagamento.

O ciclo de debates que temcomo objetivo divulgar algunstemas e concepções relaciona-dos à bioética começa nestasegunda-feira, 1º de agosto, nosalão Pedro Calmon, Fórumde Ciência e Cultura (AvenidaPasteur, 250 – Praia Vermelha).Será um encontro agradável daUniversidade e da Fiocruz coma reflexão ética aplicada às ci-ências. Confira a programação:

Dia 1/8 – Segunda-feira13h às 14h – Cerimônia de

abertura, Aloísio Teixeira -Reitor

14h às 15h – Conferência “Desafios e Perspectivas da Ética emPesquisa”, Prof. William Saad Hossne - Coordenador da CONEP

15h30 às 17h30 – Prof. Reinaldo Guimarães (vice-presi-dente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Fio-cruz) - Divisão Internacional do Trabalho em Ciência e Tec-nologia e a Pesquisa em Saúde no Brasil; Prof. Radovan Boro-jevic (Instituto de Ciências Biomédicas - UFRJ) - Pesquisacom células-tronco: ética e desenvolvimento tecnológico.

Tomografiacomputadorizada no HU

A Radiologia Odontoló-gica do Hospital Universi-tário Clementino Fraga Fi-lho está oferecendo o exa-me de tomografia compu-tadorizada para odontolo-gia de pacientes com tumo-res na face. Este será reali-zado às terças-feiras, em ho-rário único, às 10h30. Os pa-cientes interessados devemcomparecer ao Departa-mento de Patologia e Diag-nóstico Oral, da Faculdadede Odontologia, onde serãoencaminhados à radiologiado HU. Os exames serão su-pervisionados pelo chefe daRadiologia Odontológica,professor Marcelo DanielBrito Faria. Mais informa-ções no telefone 2562-2043.

Seminário Nacionaldos Servidores Públicos

O Seminário Nacionaldos Servidores Públicos,que tem por objetivo, en-tre outros assuntos, refle-tir sobre as tensões entreos condicionantes domodelo econômico e po-líticas orçamentárias, se-rá realizado de 5 a 7 deagosto de 2005 no hotelSan Raphael, localizadono largo do Arouche, 150,São Paulo. O público-alvo são os dirigentes daCUT e de sindicatos, fe-derações e confederaçõesde trabalhadores do ser-viço público. Mais infor-mações e inscrições no te-lefone (11) 2108-9106, fax(11) 2108-9310 e e-mail:[email protected].

Ciclo de Debates Bioética eCiclo de Debates Bioética eCiclo de Debates Bioética eCiclo de Debates Bioética eCiclo de Debates Bioética ePesquisa Científica começa dia 1ºPesquisa Científica começa dia 1ºPesquisa Científica começa dia 1ºPesquisa Científica começa dia 1ºPesquisa Científica começa dia 1º

A Pró-Reitoria de Gra-dução prepara uma sur-presa para a primeira ses-são do Conselho de En-sino de Graduação (CEG)depois do recesso esco-lar, nesta quarta-feira, 3de agosto. O pró-reitorJosé Roberto Meyer iráapresentar aos conselhei-ros um projeto piloto quevisa à democratização doacesso à universidade.No ano passado, o CEGrejeitou a implantação naUFRJ de qualquer siste-ma de cotas sociais.

Encontro de adoraçãoO Grande Encontro de

Adoração a Deus ocorre-rá no dia 26 de agosto,das 14 às 17h, no auditó-rio do Quinhentão, quefica no CCS.

3,17%: ação individual

za titular desta Vara Federal, que ga-rantia a todos os sindicalizados di-reitos ao expurgo do FGTS.

Diz Júlio Romero: “Ressaltamosque já tomamos todas as medidasjudiciais possíveis para combater-mos a sentença e o ato do juiz substi-tuto.” Júlio Romero estará na sededo Sindicato nesta quarta-feira, dia 3de agosto, às 11h.

3,17%: açãocoletiva

Surpresano CEG

Page 3: Categoria discute o seu futuro CMais de 700 sindicalizados procuraram o Jurídico O Departamento Jurídico do SINTUFRJ informa que reabrirá novo prazo para recebimento de kits de

3 –

JO

RN

AL

DO

SIN

TU

FRJ – N

o 677

-1

a 7

de

agos

to d

e 20

05

MOVIMENTO

Esta semana começa o 8º Congresso doSINTUFRJ. O evento, marcado para os dias 3, 4 e 5de agosto, mobilizará toda a categoria da UFRJ, noauditório do Quinhentão, no Centro de Ciências daSaúde. São 138 delegados que foram eleitos nasreuniões de unidades e que estarão reunidos paradebater e avaliar os rumos do Sindicato sob a luzda conjuntura atual. Na pauta também serádiscutida a alteração do estatuto do Sindicato. Essaquestão se refere à definição da composição dadiretoria: majoritária ou proporcional, emboraoutras alterações possam ser propostas. OCongresso é a maior instância de decisão daentidade. E a pauta completa versará sobre:Conjuntura Nacional e Internacional; Reforma daEducação do Ensino Superior; Reforma Sindical;Plano de Lutas; Prestação de Contas; Eleição doConselho Fiscal (Biênio 2005-2007). Além disso,está programada uma mesa sobre a implantaçãoda carreira, ponto importante para a categoria noquadro atual.

Congresso doSindicato começanesta quarta

Cerca de 140 delegados eleitos nas diversas unidades vão participar da reunião no Quinhentão

Confira a programação

COMPOSIÇÃO DA DIRE-TORIA - Existem dois sistemasde composição de direçõessindicais: a majoritariedade ea proporcionalidade. No siste-ma de votação majoritário achapa que obtiver 50% dosvotos mais 1% será a vencedo-ra e terá o direito de constituirtoda a diretoria com os repre-sentantes de sua chapa. Nosistema de proporcionalidade,os cargos são divididos entreas chapas concorrentes atra-vés de um cálculo matemáti-co. A chapa vencedora fica comos primeiros cargos e as de-mais chapas vão ocupando oscargos subseqüentes de acor-do com a votação conquistadana eleição.

O SINTUFRJ já adotou tan-

to a majoritariedade quanto aproporcionalidade como sis-tema de composição da dire-toria. Começou no 3º Congres-so com a majoritariedade, enos dois seguintes o regula-mento adotou a proporciona-lidade. No 6º Congresso foiaprovado o retorno da majo-ritariedade, e estamos há duasdiretorias com esse sistema. No7º decidiu-se abrir a discussãosobre a mudança ou não dacomposição da diretoria. É oque será feito agora no 8º Con-gresso.

Cinco teses foram elabora-das para serem defendidas noCongresso. Elas serão editadasno início desta semana num Ca-derno de Teses.

3/8 - QUARTA-FEIRA9h às 10h: Mesa de Abertura

Fasubra-Sindical, CUT-RJ, Reitoria da UFRJ, DCE, ADUFRJ, Decania do CCS e APG10h15 às 10h30: Intervalo

11h às 13h30: Painel sobre conjunturaFasubra-Sindical

Marcelo Badaró – Professor da UFF13h30 às 14h30: Almoço14h30 às 17h30: Debate:

Reforma da Educação/Ensino SuperiorDebatedores: ANDIFES, ANDES, Coordenação de Educação da Fasubra - Janine Teixeira

e Coordenação de Educação da Fasubra - Celso Carvalho17h30: Apresentação Cultural: Espetáculo “A Procura”

4/8 – QUINTA-FEIRA9 às 12h: Mesa – Reforma Sindical

Debatedores: Jorge Luiz Martins – Diretor da CUT Nacional e Rosane Silva – Secretária dePolítica Sindical da CUT Nacional (a confirmar)

11h: Prazo final para o credenciamento de delegados12/14h: Período para credenciamento de delegados suplentes

12h às 13h: Almoço13h às 16h: Debate – Carreira

Debatedores: Loiva Isabel Chansis – Comissão Nacional de Supervisão da Carreira -Fasubra e Tonia Duarte – Assessoria do GT Carreira da Fasubra

16h às 16h15: Intervalo16h15 às 18h: Grupos de Trabalho

Grupo 1 – Conjuntura Internacional e NacionalGrupo 2 – Reforma da Educação /Ensino Superior

Grupo 3 – Reforma SindicalGrupo 4 – Alteração Estatutária

Grupo 5 – Plano de Lutas5/8 - SEXTA-FEIRA

9h às 12h: Plenária de Prestação de Contas – Mesa: Coordenação de Administração eFinanças do SINTUFRJ e Representante do Conselho Fiscal

12h às 12h30: Apresentação das Candidaturas para o Conselho Fiscal Biênio 2005 –2007

– Abertura do Processo Eleitoral12h às 13h: Almoço

13h às 17h: Plenária Final17h às 17h30: Posse do Conselho Fiscal

18h: Encerramento do Congresso

Page 4: Categoria discute o seu futuro CMais de 700 sindicalizados procuraram o Jurídico O Departamento Jurídico do SINTUFRJ informa que reabrirá novo prazo para recebimento de kits de

4 –

JO

RN

AL

DO

SIN

TU

FRJ – N

o 677

-1

a 7

de

agos

to d

e 20

05

MOVIMENTO

A atividade do Dia Nacio-nal de Mobilização pela Car-reira, terça-feira passada, noQuinhentão, esclareceu dú-vidas e informou sobre as úl-timas movimentações emBrasília em relação às nossasreivindicações: garantia derecursos para implantação dasegunda etapa da Carreira,alternativas para resolver oproblema do VBC e negocia-ção da racionalização de car-gos. Esses pontos são o eixoda mobilização da categoria,que aprovou indicativo degreve para 17 de agosto. Nes-ta terça-feira terá nova roda-da de negociação específicano Ministério da Educação.

Por cerca de três horas aintegrante do GT-Carreira daFasubra, Vânia Gonçalves,respondeu aos questiona-mentos dos trabalhadores. Amaioria queria saber sobremudança de classe, extinçãode cargos e validação de cer-tificados. A apresentação dapeça “A Procura”, uma pro-dução do SINTUFRJ, abriu asatividades.

O coordenador da Comis-são de Enquadramento daUFRJ, Nilson Barbosa, infor-mou que os trabalhos na Uni-versidade só serão concluí-dos daqui a dois meses – oprazo oficial era 14 de agos-to. O sumiço da maioria dos28 eleitos para atuar nas trêssubcomissões e o tempo gas-to para ensinar o que deveria

Carreira no centro do debateVânia Gonçalves, da Fasubra, e Nilson Barbosa, da Comissão de Enquadramento, tiram dúvidas

ser feito foram apontadoscomo as causas do atraso. Se-gundo Nilson, esta semana,com a publicação da portariado governo, será encerradoo acerto de tempo de serviço– com retroatividade a mar-ço, problema que envolvecem pessoas.

NADA ESTÁ CERTO – Se-gundo Vânia Gonçalves, nareunião do GT-Carreira, dia19 de julho, o assessor do Mi-nistério da Educação, SilvioPetre, fez questão de lembrarque a lei da carreira garante asegunda fase, mas para quan-do houver dinheiro. Isso querdizer que pode chegar janei-ro de 2006 e nada acontecer.“Nós queremos negociar oorçamento com o governo enão com o Congresso Nacio-nal”, disse Vânia, acrescen-tando que o MEC informouser possível mexer com o or-çamento até dezembro.

Sobre o Vencimento Bá-sico Complementar (VBC), arepresentante do GT-Carrei-ra alertou: “Se o VBC não forincorporado, quando mudaro estepe de 3,6, o trabalha-dor não terá nenhum ganhofinanceiro.” A categoria rei-vindica estepe de 5% e pisode três salários mínimos.Uma das preocupações daFasubra, segundo Vânia, é oMinistério do Planejamentonão estar participando dogrupo de trabalho criado namesa nacional de negocia-

Em reunião extraordinária realiza-da na manhã desta sexta-feira (29 dejulho), a executiva nacional da CUTaprovou a recomposição da direção,que passa a ser presidida por João An-tonio Felício, em substituição a LuizMarinho, que assumiu recentemente oMinistério do Trabalho.

No remanejamento da executiva,Arthur Henrique assumiu a secretaria-geral; Denise Mota Dau a SecretariaNacional de Organização e Lúcia Reis a

CUT tem novo presidenteprimeira secretaria. Manoel Messias saida suplência para a titularidade.

João Felício já havia sido presi-dente da CUT (antes de Marinho) eatualmente ocupava o cargo de se-cretário-geral. Ele vai apenas cum-prir o resto do mandato de Marinho.Em junho de 2006, durante o 8º Con-gresso da Central, será escolhido opróximo presidente da entidade, queterá mandato até 2009.

PERFIL – João Felício, 54, nasceu

em Itapuí, interior do Estado de SãoPaulo. Formado em Desenho e Plás-tica, Educação Artística e História daArte, pela Fundação Educacional deBauru, ingressou em 1973 como pro-fessor na rede de ensino estadual.Ex-presidente da CUT entre 2000 e2003, iniciou sua militância política esindical em 1977, ao participar dasmobilizações de professores e co-mandos de greves. Participou aindada fundação do PT (Partido dos Tra-

balhadores), da fundação da CUT(Central Única dos Trabalhadores) eda filiação da Apeoesp (Sindicato dosProfessores do Ensino Oficial do Es-tado de São Paulo) à CUT.

Felício foi eleito pela primeira vezpresidente da Apeoesp em 1987 e de-pois reeleito mais duas vezes. Apósocupar a presidência da CUT, em2000, João Felício foi eleito secretá-rio-geral nacional da CUT e secretá-rio sindical nacional do PT em 2003.

ção, para buscar soluçõesdas distorções do Plano deCarreira, como a racionali-zação de cargos.

Na opinião de Vânia, “amesa diretriz do Plano de Car-reira deveria estar discutindoo artigo 37 da Constituição,abrindo caminho para o PCU,que prevê a ascensão funcio-nal. Esta é uma reivindicaçãoda mesa nacional de todo oserviço público”, frisou.

TIRA-DÚVIDAS. Na terça-feira,dia 26, uma verdadeira sessão

de esclarecimentos sobre asnegociações em Brasília e as

atividades da Comissão deEnquadramento na UFRJ

mobilizou os servidores

Fotos: Niko Junior

Page 5: Categoria discute o seu futuro CMais de 700 sindicalizados procuraram o Jurídico O Departamento Jurídico do SINTUFRJ informa que reabrirá novo prazo para recebimento de kits de

5 –

JO

RN

AL

DO

SIN

TU

FRJ – N

o 677

-1

a 7

de

agos

to d

e 20

05

BRASIL

O economista e ex-reitorda UFRJ, Carlos Lessa, o ad-vogado Nilo Batista e a pro-fessora de História da UFF,Virginia Fontes, abriram aquarta etapa do curso de ex-tensão Teorias Sociais e Pro-dução do Conhecimento, dia25 de julho, na UFRJ. Eles fa-laram para uma platéia mui-to especial: militantes do mo-vimento social. O tema colo-cado para uma atenta platéiacaiu como uma luva em tem-pos de crise política: “Desa-fios da Realidade Atual”.

O curso de Filosofia fazparte do projeto da Reitoriaque procura integrar a uni-versidade com os movimen-tos sociais, e foi elaboradopela Pró-Reitoria de Extensãoem conjunto com a Decaniado Centro de Filosofia e Ciên-cias Sociais e em parceria coma Escola Nacional FlorestanFernandes. É ministrado noperíodo de férias escolares eestá estruturado em cincoetapas. Participam, além detrabalhadores sem-terra, re-presentantes de outras enti-dades, como a Comissão Pas-toral da Terra e a Central deMovimentos Populares.

Criatividade do povoCarlos Lessa centrou sua

explanação nas qualidadesdo povo brasileiro, que utili-za sua criatividade para dri-blar as inúmeras dificuldadesque enfrenta. Sobre a políti-ca, Lessa afirmou que existeum fenômeno no país, que éa mercantilização do voto. “Oacesso aos serviços públicosé visto como donativo e porisso vira moeda de troca”,sentencia. Segundo Lessa,essa mercantilização do votoacaba por degradar o proces-so democrático. E num siste-ma em que há sérios proble-mas de organização políticaa direita trabalha para mos-trar que o voto, se não for usa-do como mercadoria, nãoserve. “E aí começa o desviode conduta”, analisa. O eco-nomista, que chegou a assu-

Lessa e Nilo falam ao MST

mir a presidência do BNDESno governo Lula, afirma quepara superar estas questõesé impossível achar uma saí-da num ritmo de “assembléiapermanente”, que para eletem sido uma das caracterís-ticas do governo Lula. MasLessa diz acreditar muito nes-se povo, que é, acima de tudo,muito especial.

Capitalismo criminalizaO advogado Nilo Batista –

que já exerceu o cargo de go-vernador do Rio de Janeiro,como vice de Leonel Brizola– refletiu sobre o capitalismoe a criminalização dos movi-mentos sociais, especifica-mente o MST, que combateexatamente a doutrina capi-talista. “O MST é um dos pou-cos movimentos sociais queleva sua luta organizando opovo. Isso num sistema quenão dorme e que busca se re-produzir vinte e quatro horaspor dia. Um capitalismo queprocura se expandir, inclusi-ve, com a quebra de barrei-ras econômicas, políticas egeográficas. E vai por isso cri-minalizar estratégias de so-brevivência das cadeias pro-dutivas informais, assim co-mo os movimentos sociais,

Militantes do movimento social fazem curso na UFRJ e discutem realidade brasileira

vide MST”, explica Nilo. Oadvogado alerta que há nasociedade o monopólio dopoder punitivo, e esse poderacaba se sustentando numa“legalidade” burguesa. E le-vanta uma reflexão basean-do-se na história: “as revolu-ções foram feitas contra opoder punitivo”. Nilo Batista,ao encerrar sua fala, fez umareferência à crise atual, criti-cando o papel da mídia queestá a serviço dos interessesdominantes, e à falta de umcontraponto do movimentopopular: “Eles estão dizendotudo. Nós apenas os inter-pretamos. Esta imprensa pre-cisa de controle.”

Dedo na feridaA última a se pronunciar

na abertura do curso foi a pro-fessora Virginia Fontes. Vir-ginia colocou o dedo da feri-da tanto do governo quantodos movimentos sociais. Elalevantou uma série de ques-tões sobre as generalizaçõesdas análises políticas da es-querda, o seu papel e sua po-sição no atual momento po-lítico. Para os sem-terra, Vir-ginia afirmou que nunca sedeve perder a visão de classenuma sociedade que é lugarde luta, onde existe divisão eas posições são bem defini-das. “É preciso ter clareza dadivisão de classes. E questio-

nar. O que é o projeto de de-senvolvimento hoje? Quaissão os objetivos da classe do-minante brasileira?”, provo-ca. Sobre o PT, Virginia Fon-tes declara: “O PT achou quepodia fazer a mesma políticaque seus adversários, masesqueceu que ele tem umahistória diferente dos outrospartidos.” Para ela, a crise quemergulhou o país na corrup-ção, mostra que não houveum esforço de um projetopopular transformador, maso aprofundamento da tercei-ra via. E o que está em jogo éexatamente isso. “Esta é a dis-puta que está envolvida naquestão”, avalia.

Fotos: Niko Júnior

ESTUDANTES MUITO ESPECIAIS. Militantes do MST e de outras entidades na UFRJ

NILO BATISTA. “MST leva a luta organizando o povo” CARLOS LESSA. “O voto, no Brasil, virou moeda de troca”

Page 6: Categoria discute o seu futuro CMais de 700 sindicalizados procuraram o Jurídico O Departamento Jurídico do SINTUFRJ informa que reabrirá novo prazo para recebimento de kits de

6 –

JO

RN

AL

DO

SIN

TU

FRJ – N

o 677

-1

a 7

de

agos

to d

e 20

05

Page 7: Categoria discute o seu futuro CMais de 700 sindicalizados procuraram o Jurídico O Departamento Jurídico do SINTUFRJ informa que reabrirá novo prazo para recebimento de kits de

7 –

JO

RN

AL

DO

SIN

TU

FRJ – N

o 677

-1

a 7

de

agos

to d

e 20

05

Page 8: Categoria discute o seu futuro CMais de 700 sindicalizados procuraram o Jurídico O Departamento Jurídico do SINTUFRJ informa que reabrirá novo prazo para recebimento de kits de

8 –

JO

RN

AL

DO

SIN

TU

FRJ – N

o 677

-1

a 7

de

agos

to d

e 20

05

De 8 a 26 de agosto a UFRJestará inscrevendo para opróximo vestibular. São 6.846vagas para todos os cursosde graduação. A novidade éque as inscrições só poderãoser feitas pela Internet. Se-gundo a comissão organiza-dora do concurso, além depoupar tempo ao candidato,a inscrição via Internet vaievitar que o candidato come-ta equívocos, porque o pro-grama não permite que seassinale opções incompatí-veis ou equivocadas. A comis-são recomenda que o candi-dato planeje cuidadosamen-te as escolhas e simule a ins-crição num rascunho. O me-lhor é imprimir uma ficha epreenchê-la manualmente.Para quem não tem compu-tador, poderá se inscrevernum dos 30 postos volantesinformatizados montadospela universidade em todo oestado.

Além da inscrição só pelaInternet, outra novidade éque as provas serão realiza-das em apenas dois dias, comcinco horas de duração cadauma. As provas continuamvalendo de zero a 10, masmudaram os critérios de eli-minação. O candidato ficaráfora da disputa se zerar todasas 20 questões de provas nãoespecíficas. Até o ano passa-do, um zero em qualquerprova não específica elimi-nava. Mas ficará fora do con-

CONCURSO

Vestibular: inscrições pela InternetInscrições começam no dia 8 e vão até 26 de agosto. Doze mil conseguiram isenção

curso quem zerar em LínguaPortuguesa, Literatura Brasi-leria, Redação ou em uma dasespecíficas. No primeiro diao candidato fará quatro pro-vas não específicas , redaçãoe a prova de Língua Portu-guesa e Literatura Brasileira.No segundo dia, as três disci-plinas específicas.

NOVOS CURSOS, NOVASVAGAS – Este ano foram cria-das 231 novas vagas com osseguintes novos cursos: doisna área biomédica – Ciên-cias Biológicas ModalidadeBiofísica, 30 vagas, e Licen-

ciatura em Ciências Biológi-cas/Macaé, 50 vagas; cursodiurno de Bacharelado emEducação Física, 80 novasvagas; e, na área das Ciên-cias Humanas, o novo cursoé de Biblioteconomia e Ges-tão de Unidades de Informa-ção, 30 vagas. Também fo-ram ampliadas as vagas noscursos de Licenciatura emCiências Biológicas (8 novasvagas), Ciências BiológicasModalidade Médica (7), Mi-crobiologia e Imunologia(5), Nutrição (8) e Bachare-lado em Música (13).

Este ano, cerca de 25 mil estudantes pediram isençãodo pagamento da taxa de vestibular da UFRJ. Mas compa-receram ao processo de entrevista, em torno de 50% dosinscritos – mais ou menos 12 mil. A universidade atendeua 85% das solicitações, ou seja, mais de 10.500 estudantesficaram isentos de pagar R$ 85,00. E este é o menor valorcobrado de todas as instituições que vão realizar o examede ingresso para cursos de graduação.

“Muitos desses meninos e meninas talvez sequer pres-tassem o vestibular se não tivessem ganho a isenção. Istoé que eu chamo de uma exclusão não pela não-aprovaçãopelo nosso sistema de seleção; mas exclusão pela falta depossibilidade de estar concorrendo. Mas isso, a UFRJ jáelimina”, afirmou o pró-reitor de Graduação, José Rober-to Meyer.

DESISTÊNCIAS – Meyer explicou que os cerca de 50%dos inscritos que não compareceram à entrevista podemser originários das muitas inscrições feitas pelas escolascomunitárias. Segundo o pró-reitor, o professor manda alistagem de alunos e, às vezes, o aluno nem sabe que estásendo inscrito.

12 mil estudantes isentos

OBJETO DO DESEJO. Uma vaga nos cursos da UFRJ

O novo ministro da Educação, Fernando Haddad, to-mou posse na tarde da última sexta-feira, no auditóriodo edifício-sede do ministério em Brasília. Haddad era osecretário-executivo do MEC e o preferido do ex-minis-tro Tarso Genro para o cargo. Neste sentido, a política doministério será mantida. Na manhã de sexta Tarso cum-priu o seu último despacho na condição de ministro como presidente Lula. O despacho teve seu simbolismo: Tar-so Genro entregou a terceira versão do anteprojeto dareforma universitária, que traz 69 artigos. O anteprojetofoi trabalhado nos últimos 17 meses e pretende estabe-lecer um novo ordenamento ao ensino superior no país,envolvendo as instituições públicas e privadas.

Haddad assume MEC

HADDAD. Vai manter a mesma

política do antecessor,Tarso Genro,que deixou o

ministério paraassumir a

presidência do PT

Fotos: Niko Júnior

Page 9: Categoria discute o seu futuro CMais de 700 sindicalizados procuraram o Jurídico O Departamento Jurídico do SINTUFRJ informa que reabrirá novo prazo para recebimento de kits de

9 –

JO

RN

AL

DO

SIN

TU

FRJ – N

o 677

-1

a 7

de

agos

to d

e 20

05

“A relação da UFRJ como MEC tem sido boa. Foiboa quando o Cristo-vam Buarque era o mi-nistro. Continuou boa,e em certo sentido atémelhorou, com o Tar-so.” Com todas as críti-

Confissões de reitorA genda apertada, fim deexpediente, o economista AloísioTeixeira põe o relógio de algibeira sobrea mesa de mogno escuro e ameaça:“Tenho 15 minutos para a nossaconversa.” O ambiente é um dosaristocráticos salões do Palácio daCultura, na Praia Vermelha, quefunciona como gabinete alternativopara despachos do reitor da UFRJ forado retilíneo prédio da Reitoria, na Ilhado Fundão. A pauta (balanço de doisanos de gestão) é um desafio para tãoescasso tempo de entrevista. Não custatentar. Dessa conversa – que acabouconsumindo 23 minutos peloimplacável cronômetro do reitor –surgiu o depoimento a seguir.

professor universitário, ele-geu como meta no MEC oensino básico, programas dealfabetização.

Nós conseguimos avan-ços no orçamento no conjun-to das universidades, e emparticular para UFRJ. Eleabriu também o debate so-bre a reforma universitária.Por maiores que sejam as crí-ticas que se possa fazer aoprojeto, nunca houve na his-tória deste país uma discus-são sobre o assunto da formaque foi feita. É a primeira vezque se tem um processo aber-to de iniciativa do MEC sobrereforma universitária.

Mas o dramático para nósé a equipe econômica. No iní-cio do ano estava otimistacom o orçamento e hoje es-tamos preocupadíssimosporque não temos recursospara continuar operando.Com base no orçamento, aUFRJ teve uma atitude extre-mamente ousada em maté-ria de política de assistência

a estudante, matéria de pro-gramas de investimento. Ehoje estamos asfixiados pornão termos certeza de que oorçamento será cumprido.

No orçamento de R$ 84 mi-lhões existem 4 parcelas. Umaé recurso do Tesouro e entrana lei orçamentária anual; háas receitas próprias da univer-sidade, que também entram nalei orçamentária; e existemuma parte que são suplemen-tações: uma viria através daSesu (Secretaria de Ensino Su-perior), correspondente a R$15 milhões, e outra que viriada emenda Andifes – a associ-ação dos dirigentes das uni-versidades federais.

Estamos olhando com gra-ve preocupação esse segundosemestre. E acho importante acomunidade da UFRJ ter co-nhecimento disso, porque va-mos ter que nos mobilizar paraarrancar esses recursos queestão no orçamento. Não esta-mos pedindo nada que, nãoesteja no orçamento.

*Quando a entrevista foi realizada, Fernando Haddad ainda não havia sido confirmado como novo ministro da Educação.

“Não temosrecursos para

continuar”cas, o Tarso como ministro teveuma característica que não nospode escapar: foi talvez o pri-meiro ministro da Educaçãoem muitos anos cuja priorida-de, na prática, foi a universida-de. Mesmo Cristovam, que era

Page 10: Categoria discute o seu futuro CMais de 700 sindicalizados procuraram o Jurídico O Departamento Jurídico do SINTUFRJ informa que reabrirá novo prazo para recebimento de kits de

10 –

JO

RN

AL

DO

SIN

TU

FRJ – N

o 677

-1

a 7

de

agos

to d

e 20

05

Salada de “pepinos”

Clima ameno, mas... nem tantoNa Faculdadede Educação,

direção não tinhalegitimidade

Intervenção naFaculdade de Direito

teve que ser “maispesada”

Diretor da Neurologiafoi autoritário edesconheceu os

colegiados

“Acho que a grande conquista que a Universidade feznesses dois anos foi conseguir restabelecer um clima depaz para poder discutir os seus problemas. E não queronem me referir ao período de 1998 a 2002,especificamente, por ter sido uma época dramática,obscura, com um reitor sem legitimidade, numasituação de virtual intervenção na universidade. Mas,mesmos antes, a universidade era marcada por divisõesque não tinham muito fundamento na realidade dosnossos problemas políticos e acadêmicos. Criamosambiente para explicitarmos as nossas diferenças semque isso gerasse uma crise institucional permanente ouameaças de ruptura. Para mim essa é a maior conquistadesses dois anos.”

Hesfa sem projeto

Autoritarismo na Neurologia

Medida provisória

“Os chamados ‘pepinos’que enfrentamos são, em boaparte, herança do passado.Dessa herança, os casos maisvisíveis foram a Faculdade deEducação, onde existia umasituação extremamente com-plexa, com uma direção quenão era legitimada pela co-munidade, e a Faculdade deDireito. Nesta se criou pro-blema sério, com uma histó-ria longa, agravada no perío-do entre 1998 e 2002. A inter-venção da Reitoria teve queser mais pesada, e a nossaexpectativa é a de que, até o

meio do segundo semestre,possamos devolver a facul-dade para a comunidade,dentro do processo eleitoral”(nota da redação: em relaçãoà decisão da Justiça, que anu-lou os atos da Comissão deInquérito instituída pela Rei-toria para investigar as irregu-laridades praticadas pelo anti-go diretor, Armênio AlbinoCruz, Aloísio Teixeira disse quea Reitoria está recorrendo atra-vés da Procuradoria RegionalFederal, que é o organismoadequado no caso de recursoà segunda instância).

“A grande profusão de di-reções protempores pode atéparecer um estilo de reitorar.Mas não chega a ser um estilo.Há a situação da Faculdade deDireito que, como já disse, temuma história própria. Há ou-tras situações com suas histó-

rias próprias” (nota da reda-ção: estão, hoje, sobre direçãoprovisória a Faculdade de Di-reito, o Instituto de Neurolo-gia, o Núcleo de ComputaçãoEletrônica, a Faculdade de Le-tras, o Hesfa e o Hospital Uni-versitário).

“Um caso parecido aconte-ce com o Hospital São Francis-co de Assis. A diferença é que,ao contrário do Instituto deNeurologia, onde o diretor tra-tava de uma forma autoritária,as direções do hesfa não. Mas

o fato é que o hospital tam-bém perdeu substância acadê-mica, e perdeu inclusive efi-ciência, até na área de atendi-mento. Coloquei uma direçãoprotempore e quero um proje-to acadêmico.”

“Tem o Instituto de Neu-rologia, outra herança dopassado. O antigo diretor (Gi-anni Temponi) conduziuaquilo de forma pessoal eautoritária, com problemasde conflito entre professorese funcionários. Era uma si-tuação de relativa irregulari-dade, porque o antigo dire-

tor não havia sido nomeadopelo professor Vilhena (1998/2002). Este, ao tomar a deci-são de transferir o institutopara o Fundão, não consul-tou os colegiados. Houvemovimento contrário, que foivitorioso, e o instituto nãosaiu da Praia Vermelha. Ecomo resultado disso, a elei-

ção, que foi feita na época,jamais foi referendada pelaReitoria.

Nesse período, o Institutode Neurologia se afastou dacomunidade da UFRJ, os pro-gramas acadêmicos se perde-ram. Diante dessa situação eudecidi nomear a diretoriaprotempore e convocar a uni-versidade, principalmen-te na área de saúde, para ela-borar um projeto para o ins-tituto. Houve uma comissãodesignada pelo decano doCCS. Quero me reunir comesse grupo para discutir e veras medidas que tomaremos.Qual o meu problema? É quequalquer que seja o caminho,ele deve estar fundado no pro-jeto acadêmico. Não tem sen-tido uma unidade da UFRJ,particularmente na área desaúde, não estar fortementeancorado em atividades deensino e pesquisa. A universi-dade não é gestora de uma redede atenção à saúde. Isso cabeao Ministério da Saúde e aoSUS. Ela possui unidades deatenção à saúde, mas caracte-rizadas por ser essa atençãoparte de um projeto de ensinoe pesquisa. É isso que querorecuperar com o Instituto deNeurologia.”

MAIO DE 2003. Aloísio Teixeira vota na eleição que oconduziu à Reitoria. Ele liquidou a fatura logo no primeiroturno, com 65% dos votos válidos. A UFRJ, de certa maneira,acertava suas contas com a História: em 1998, Aloísio ganhoumas não levou. José Vilhena, indicado por FHC, assumiucomo um virtual interventor

Page 11: Categoria discute o seu futuro CMais de 700 sindicalizados procuraram o Jurídico O Departamento Jurídico do SINTUFRJ informa que reabrirá novo prazo para recebimento de kits de

11 –

JO

RN

AL

DO

SIN

TU

FRJ – N

o 677

-1

a 7

de

agos

to d

e 20

05

NCE: conflito de gestão

Cautela no HuAssumir

presidência doConselho

Administrativodo hospital

Núcleo deComunicação

Eletrônica temque mudar sua

estrutura

Há falta de bomsenso na

universidade paradiscutir seus

problemas

Em relação ao Hospital UniversitárioClementino Fraga Filho, cujo diretor,Amâncio Paulino, pediu para deixar ocargo, o reitor Aloísio Teixeira disse queestá acompanhando a situação commuito cuidado. “Como reitor, tenhocondição automática de presidente doConselho de Administração do hospital.Mas sempre evitei me envolverdiretamente, porque era uma áreaespecífica que diferente da, atuo. Mas,diante da situação, tenho conduzidocomo presidente a reunião do conselho,para acompanhar mais de perto osacontecimentos”, explicou Teixeira. Eledisse que resolveu nomear, em caráterprotempore, como diretor-geral do HUaté as próximas eleições (provavelmenteem outubro) o médico Sílvio Martins, queera o diretor substituto de AmâncioPaulino. Amâncio deixou a direção dohospital depois de oito anos deadministração desastrosa, tendo comomodelo as administrações de instituiçõesprivadas.

“Quero um projeto acadê-mico para o NCE. O Núcleopresta serviços à universida-de como um todo. No entan-to está localizado em umaunidade dentro de um cen-tro. E isso gera um conflitode gestão e supervisão, o queé complicado. A Reitoria, aadministração central da Uni-versidade, precisa estar emcontato permanentementecom o NCE para a gestão devários programas que dizem

ção, de integração entre o Nú-cleo e as atividades de ensinoe pesquisa que se fazem naárea de informática. Acho quea gente tem que caminhar ra-pidamente para a criação deum único instituto, uma únicaárea de ciência da computa-ção na UFRJ, juntando os vá-rios programas e departamen-tos. E ao mesmo tempo ter al-guma forma de articulação coma parte de prestação de servi-ços, que ficaria na Reitoria.”

Tensão na Música“Há ali uma evidente ten-

são, e às vezes eu fico achandoque falta na Universidade,digo isso sem particularizar,bom senso de sentar e discutiros problemas com um grau derazoabilidade maior. Tenhoacompanhado de fora os pro-blemas. Já reuni mais de umavez diferentes grupos em con-flito da Escola de Música para

ajudá-los. Mas quem tem queresolver os problemas da Es-cola de Música é a Escola deMúsica. O que a Reitoria podefazer é ajudá-los, fornecer osmeios. Mas não pode ficar nasituação de paralisia. Os recur-sos para as obras de restaura-ção já foram disponibilizadospela Petrobras. A Escola deMúsica tem que se posicionar

de acordo com o projeto quevai seguir. Não tem como ex-plicar ao presidente da Pe-trobras o fato de o dinheiroestar parado. Essa parte doproblema parece que estásendo encaminhada. As ques-tões são os problemas inter-nos e acadêmicos, que têmque ser conduzidos em umambiente sadio.”

Pólo Náutico X Politécnica“Nós assumimos lá a res-

ponsabilidade em fazerobras para melhorar as con-dições. A informação que eutenho é que isso está sendoencaminhado. Há um proble-ma de relacionamento entrea Escola Politécnica e o pes-soal do Pólo Náutico. Reco-nhecendo que há uma dife-rença de concepção entre aescola e o grupo que está lá,

eu trabalho para que elespossam se entender. O pro-fessor Carlos Lessa [reitorque o antecedeu] valorizoumuito esse projeto, e eu nãoqueria recuar. Acho que te-mos que trabalhar a médioprazo para unificar o pessoaldo Pólo com a EscolaPolitécnica”(nota da redação:no segundo semestre do anopassado, reportagem do Jor-

respeito à Universidadecomo um todo. Se cada vezque quisermos alguma coisao NCE tiver que passar para odecano, submeter ao conse-lho de centro, fica inviável. Aidéia que eu levei é que essaestrutura tem que ser revista.A parte de prestação de servi-ços tem que vir para a Reito-ria. Mas dado o fato de queesse trabalho é de uma tec-nologia de ponta, tem quehaver algum tipo de articula-

nal do SINTUFRJ reveloucondições precárias a que es-tavam submetidos os traba-lhadores do Pólo Náutico.Laudo da Divisão de Saúdedo Trabalhador (DVST) con-denou as instalações do Pólo.Em outra reportagem, o Jor-nal também revelou contra-dições entre a direção da Po-litécnica e os responsáveispelo Pólo).

18 DE JULHO/2003. Posse solene de Aloísio, tendo ao lado a vice Sylvia Vargas e pró-reitores

Page 12: Categoria discute o seu futuro CMais de 700 sindicalizados procuraram o Jurídico O Departamento Jurídico do SINTUFRJ informa que reabrirá novo prazo para recebimento de kits de

BRASIL

“Iniciei minha carreira política comodeputado governista de um governo emderrocada, o de João Goulart. Vou termi-nar minha carreira como senador gover-nista de outro governo em derrocada, ode Lula.” O depoimento pessimista dosenador Saturnino Braga (PT-RJ) suce-deu as afirmações do professor da UFR-JLuiz Pinguelli Rosa – que foi há algunsmeses presidente da Eletrobrás – definin-do como corrupção branca a política eco-nômica que permite a transferência debilhões de juros aos banqueiros. Na li-nha das controvérsias, o professor LuizWerneck Viana, sociólogo do Iuperj, de-cretou a falência dos partidos e do siste-ma representativo.

A deputada Jandira Feghalli (PC do B-RJ) afirmou que o erro de Lula foi buscar a confiabilidade daselites financeiras do país. O também professor da UFRJ CarlosNelson Coutinho disse que, no Brasil, “estamos vivendo a vitóriada pequena política”. A preocupação do professor Aloísio Teixei-ra é que a crise aponte para uma saída conservadora na socieda-de. Na mistura de leituras diferentes sobre a crise em que o paísestá mergulhado, o PT e o governo Lula encontraram um ardo-roso defensor no pesquisador do Iuperj, Vanderley Guilhermedos Santos: “Desafio quem aqui pode apontar que os resultadosdas políticas de Lula tenham acentuado a miséria e a desigual-dade no país.”

Perplexidade no FórumDebate reúne intelectuais e parlamentares que atiram para todo lado para tentar entender a crise no PT e no governo

Virou à direita, sem pisca-piscaCarlos Nelson Coutinho, que ingressou no PT no iní-

cio da década de 1990, depois de anos de militância noPCB (Partido Comunista Brasileiro, que virou o PPS dehoje), disse que “o PT girou à direita sem acender opisca-pisca”. Coutinho, que se desfiliou do PT há doisanos e hoje está construindo o PSOL, fez um breve histó-rico de sua passagem pelo PT. Disse que o que está acon-tecendo, agora, “não é um raio em dia claro, não é umraio em céu azul”. O professor da Escola de Serviço Sociale o principal estudioso de Antônio Gramsci no Brasildisse que a inflexão do PT à direita já vem de muitotempo, quando seus principais dirigentes começaram aredifinir o que era socialismo. Ele disse que a burocraciado partido transformou o objetivo do PT no poder pelopoder: “É a burocracia partidária. Como se sabe, o fim daburocracia é se auto-reproduzir, para manter-se no po-der, sem mudar nada.” Ele disse que o caminho, hoje,seria a criação de uma ampla frente de esquerda, socia-lista e com objetivos de ruptura, a partir de nova ferra-menta partidária.

INDICADORES FAVORÁVEIS - O pesquisador do IuperjVanderley Guilherme dos Santos defendeu o governo Lulacom um outro tipo de abordagem. Disse que ele é superiorcom base em dados. “Todas as estruturas econômicas en-contradas, todos os indicadores são favoráveis ao gover-no”. A pobreza vem sendo reduzida drasticamente. A misé-ria absoluta também está sendo reduzida drasticamenteneste governo. Desigualdade é outra coisa que resiste mui-to. Uma coisa é a miséria e a outra é a desigualdade. Todomundo pode ficar abastado e os índices de desigualdade-continuarem os mesmos”, sustentou Vanderley. “Isso é im-portante dizer porque não me parece que as políticas debolsa família, farmácias populares, créditos educacionaissejam cálculos desprezíveis”, completou.

Confusão de idéiasEsse ambiente de aparen-

te confusão de idéias conta-minou o debate promovidopela Câmara de Estudos dePolíticas Públicas do Fórumde Ciência e Cultura da UFRJ.Os intelectuais e parlamen-tares ali reunidos são parcei-ros do drama que envolve opaís e especialmente os seto-res de esquerda da socieda-de brasileira. O tema do de-bate, aliás, era esse mesmo:“A Esquerda e a Crise Políticado Governo”. O debate, quecomeçou pela manhã e en-trou pela tarde da quarta-fei-ra, dia 27, foi revelador por

traduzir a perplexidade quese abateu sobre expressivossetores pensantes que apos-taram na alternativa construí-da nos últimos 20 anos e quetinha no PT a sua mais fieltradução.

O senador Saturnino Bra-ga era a expressão literal des-sa perplexidade. Disse quenão votaria mais em Lula emanifestou várias dúvidassobre o desfecho da crise esuas conseqüências para aesquerda. Jandira Feghalli,mais incisiva na sua explana-ção, disse que não interessaàs elites, neste momento, o

impech-ment de Lula. “A elitenão quer derrubar Lula. Essanão é a visão do PSDB. Podeser do PFL, que está mais sol-to porque não tem candidatoa presidente”, raciocinou. “OPSDB é mais cauteloso em nãose isolar de Lula e nem damassa que ainda acreditanele.” De acordo com Jandira,“as saídas que Lula tem en-contrado é manter a políticaeconômica e, ao mesmo tem-po, buscar sustentação nessamassa popular que aindatem”. Jandira afirmou que acrise vai piorar: Só têm 20% dedocumentos apurados.”