Catequese Preparatória para o EJV Roma 2000 - 01

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1ª Catequese Preparatória Encontro de Jovens Vicentinos “ O Jubileu: Roma 2000” Estamos no ano jubilar. Para alguns, esta realidade é uma montagem turística, com o simples objetivo de que muitos viagem e alguns tenham lucros com o seu negócio… para outros, é uma ocasião extraordinária para fazer uma reflexão sobre sua vida e renovar suas opções de fé. Queremos aprofundar o significado autêntico do Jubileu, pois, assim, nossa vivência deste ano poderá ser beneficiada com o mais genuíno da experiência jubilar. Tantos os que possam fazer peregrinação a Roma, participando do Encontro de Jovens Vicentinos e da Jornada Mundial da Juventude, como os que participem das celebrações jubilares diocesanas, devem mencionar a possibilidade de nossa colaboração, para que a entrada do novo milênio nos ajude a renovar nossa fé em comunidade. I. VIVEMOS Faz falta um mestre Como encontrar a harmonia, se estamos dispersos e confusos? Não a podemos encontrar sozinhos; falta uma luz, uma palavra que nos possa guiar, uma força que nos possa erguer; faz-nos falta Jesus Cristo. 1

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1ª Catequese PreparatóriaEncontro de Jovens Vicentinos

“ O Jubileu: Roma 2000”

Estamos no ano jubilar. Para alguns, esta realidade é uma montagem turística, com o simples objetivo de que muitos viagem e alguns tenham lucros com o seu negócio… para outros, é uma ocasião extraordinária para fazer uma reflexão sobre sua vida e renovar suas opções de fé.

Queremos aprofundar o significado autêntico do Jubileu, pois, assim, nossa vivência deste ano poderá ser beneficiada com o mais genuíno da experiência jubilar.

Tantos os que possam fazer peregrinação a Roma, participando do Encontro de Jovens Vicentinos e da Jornada Mundial da Juventude, como os que participem das celebrações jubilares diocesanas, devem mencionar a possibilidade de nossa colaboração, para que a entrada do novo milênio nos ajude a renovar nossa fé em comunidade.

I.VIVEMOS

Faz falta um mestreComo encontrar a harmonia, se estamos dispersos e confusos? Não a podemos

encontrar sozinhos; falta uma luz, uma palavra que nos possa guiar, uma força que nos possa erguer; faz-nos falta Jesus Cristo.

Sua mensagemSua mensagem, redescoberta em profundidade, serve para passar de uma fé superficial

a uma fé de caridade; de uma vida cristã alheia aos problemas reais das pessoas e do mundo a uma vida cristã capaz de ser fermento e sal, em meio à realidade social.

Sua amizadeSua amizade, reanimada e aprofundada através da oração e dos sacramentos, assegura

o valor necessário para viver como Ele viveu:

donos das coisas, não escravos; fortes no sofrimento, não nas lamentações; misericordiosos, não duros e insensíveis; mansos de espírito, sem prepotência ou arrogância; construtores da paz, não semeadores da discórdia ou oportunistas; sedentos de justiças, não preocupados somente com próprio bem-estar.

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A companhia dos que crêem n’EleA companhia dos que crêem n’Ele, espiritualmente reunidos na peregrinação à tumba

de Pedro, anuncia a força para testemunhar, com mais vigor, que “há mais alegria em dar do que em receber”. Somente assim, na negação ao espírito de monopólio e de egoísmo que quebra a harmonia no mundo, pode-se experimentar e transmitir a qualidade de vida que surge da boa notícia da Salvação, realizada em Jesus Cristo.

É um sonho?Um mundo mais justo, mais bonito, mais acolhedor para todos, é apenas um sonho?

Certamente. Quem não já o sonhou assim? Mas é também o projeto de Deus que, ao final, será vitorioso. O Jubileu é uma ocasião para se colocar ao lado de todos aqueles que alimentam este sonho e trabalham neste projeto.

Nosso JubileuEstamos no Jubileu do ano 2000. O que isto significa para as mulheres e para os

homens de hoje? Para os que dizem: “o mundo sempre foi assim e assim sempre será”, e também para os que não encaram a vida com seriedade, o Jubileu significa pouco: uma excursão turística à cidade de Roma.

Para aqueles que não renunciam ao sonho de um mundo mais justo e acolhedor para todos, com o desejo de uma vida menos desequilibrada e mais harmônica, o Jubileu é uma ocasião excepcional para:

* Voltar a dar sentido à vida quotidiana, extremamente dispersa e sem um ideal maior;* Equilibrar os compromissos, o uso do tempo e do dinheiro, o emprego das energias e das capacidades a serviço de todos;* Formular seriamente as perguntas que as preocupações diárias deixam sem respostas: “Quem somos?”, “De onde vimos?”, “Para onde vamos?”;* Encontrar uma maior harmonia com nós mesmos, com os demais, com a natureza, com o Criador.

O símbolo exterior da vontade de “voltar a sermos novos” é sempre a peregrinação, idealmente a Roma, ao túmulo de Pedro. Concretamente, aos lugares indicados pelas Igrejas locais, quase sempre santuários repletos de história e de devoção popular. Para muitos, seria materialmente impossível ir a Roma, sobretudo para os mais pobres.

A peregrinação, ideal à tumba de Pedro, concreta e real a algum lugar significativo, matém seu significado profundo: um tempo para distanciar-se do trabalho e das preocupações habituais, para dedicar-se à reflexão, à oração, para concentrar-se nos gestos e iniciativas de caridade, de solidariedade.

Pára um momento!!!

Pára um momento!… e trata de fazer uma lista daquelas realidades que vives diariamente, que, talvez não tenhas percebido, mas te produzem bem-estar e te fazem mais feliz. És capaz de desfrutrar dos acontecimentos diários? De que forma orientas tua vida como “História da Salvação”? Onde descobres as propostas de Deus e que respostas tu dás a estas propostas? Este Jubileu, esta catequese com teu grupo vicentino, podem ajudar-te a realizar esta síntese de fé, de teu itinerário vital.

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Com o relógio em mãos:

Escreve, em uma folha de papel, o horário de um dia qualquer de tua vida;contabiliza os minutos a ti dedicados (higiene pessoal, comida, ver televisão, passatempos, sono…). Contabiliza, também, os minutos dedicados às demais ocupações: (serviço, solidariedade, escuta, preocupação por…). Compara-os e tira conclusões de atuação. Busca concretizar em dados e ações que possam ser constatados.

Fazendo contas:

(Se fores a Roma, responde esta questão):Ir a Roma vai te custar alguns gastos, um esforço econômico; ante esse esforço, pensa

somente em ti e em tua viagem? Podes equilibrar estes gastos com alguma contribuição econômica aos mais desfavorecidos, para que, também eles, possam celebrar o ano jubilar?

(Se não fores a Roma, responde esta questão): Muitos jovens se preparam para ir a Roma neste verão, com o desejo de celebrar o

jubileu. Tu não o irás realizar. Está nos teus planos fazer um esforço econômico para colaborar, de forma solidária, com os demais desfavorecidos, a fim de que, também eles, possam celebrar o ano jubilar? Ou pensas em permanecer de braços cruzados?

II. APROFUNDAMOS

Teologia do Jubileu do ano 2000

O Jubileu do ano 2000 é um jubileu nitidamente cristão. Segundo o Livro do Apocalipse, Cristo é o princípio e o fim, o alfa e o ômega de todo o cosmo. Com a Encarnação do Verbo, a criação ascende de categoria: tudo se converte em sagrado; o espaço e o tempo são, a partir daí, graças salvíficas à presença de Jesus Cristo. Esta idéia é tratada, com profundidade, por João Paulo II, na TMA:

"Independentemente da exatidão do cálculo cronológico, os 2000 anos do nascimento de Cristo representam um júbilo extraordinariamente grande, não somente para os cristãos, senão, indiretamente, para toda a humanidade, considerando a importância do Cristianismo nestes dois milênios. Além disso, Cristo se converte no centro do calendário mais utilizado hoje". (TMA 15).

II. 1. Santificação do espaço

O nascimento do Verbo tem valor cósmico. Graças ao Verbo, o mundo das criaturas se apresenta como um cosmo. Como um universo organizado. O Verbo, encarnando-se, renova a ordem cósmica da criação (TMA 3). O espaço, a matéria inerte, a matéria orgânica e a carne humana recebem uma existência qualitativamente distinta e superior, ao serem habitadas pela pessoa do Verbo. Assim, todo o cosmo se converte na morada do Filho e, portanto, todos os

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filhos, que somos nós, os seres humanos. Este é um fato realizado por Deus e um compromisso para o homem, que precisa se esforçar para conservar a “casa do Pai”. A “aldeia global”, da qual falam os modernos, é uma exigência da Encarnação do Verbo. O Jubileu do ano 2000 impele a sua realização.1

II.2. Santificação do tempo

Em Jesus Cristo, Verbo encarnado, o tempo chega a ser uma dimensão de Deus. Portanto, há que santificar o tempo. Assim, esse ano solar está traspassado pelo ano litúrgico (TMA 10). O tempo, para o Cristianismo, tem valor absoluto: não há repetição nem circularidade reencarnatória. Estamos na “plenitude dos tempos” (Gál. 4,4). Nos “últimos tempos” (Heb 1,2), no tempo da Igreja, que durará até a segunda vinda de Cristo.

A partir desta perspectiva, faz-se compreensível o uso dos Jubileus, que teve seu início no Antigo Testamento e continua na história da Igreja, já que Jesus veio para preparar o ano de graças de Javé (Lc 4,16-30). Todos os jubileus se referem a este "tempo" e fazem alusão à missão messiânica de Cristo. O Jubileu, ano de graça do Senhor, é uma exteriorização da atividade de Jesus, não somente a definição cronológica de um determinado aniversário (TMA 11).2

II.3. Finalidade do Jubileu do ano 2000

Quatro são as finalidades que atribui o Papa João Paulo II ao Jubileu do ano 2000: crescimento espiritual do Cristianismo; agradecimento pelos dons recebidos nestes dois mil anos; arrependimento das faltas cometidas, tanto a nível pessoal como comunitário ou eclesial; nova evangelização do mundo. Cada finalidade tem um conteúdo e possui suas aplicações práticas.

II.3.1. Crescimento na fé

"O Jubileu deverá confirmar, nos cristãos de hoje, a fé no Deus revelado em Cristo, reafirmar a esperença prolongada na espera da vida eterna, vivificar a caridade comprometida ativamente no serviço aos irmãos". (MTA 31). Ou seja, a finalidade última é o crescimento nas virtudes teológicas; mas de tal maneira que cada cristão assuma um compromisso de caridade a favor do próximo.3

1 Para aprofundar-se na santificação do espaço:1.- Na Bíblia: Is 11,6-9; 51, 3-9; 65, 17-20; Ex 36, 6-10. 35; Rm 8, 19-23;Ap 21,1-4…2.- No estilo: “Cristo cósmico” y “Cristo como punto Omega” em Teilhard de Chardin; cf. seu livro: "El medio divino".

2 Para aprofundar-se na santificação do tempo: 1- Repassa o Ano Litúrgico, individualizando os "ciclos" salvíficos (Encarnação-Ressurreição-Tempo do Espírito -Igreja) e sua relação com os ciclos cósmicos; 2 - Analisa, desde a biografia pessoal, a santificação das diversas etapas: infância menor (batismo); infância maior (eucaristia/reconciliação); adolescência/juventude (confirmação) idade adulta (matrimônio/ministério); declinação (unção dos enfermos).

3 Repassa na TMA os números 42 (a catequese como meio de alimentar a fé), 46 (cultivo da esperança) e 50 (prática da caridade).

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II.3.2. Agradecimento

O Jubileu quer ser um grande chamado de louvor e ação de graças, sobretudo pelo dom da Encarnação do Filho de Deus e da Redenção recebida por Ele. A Terra, a Aliança, a Lei, os Profetas, o Filho, o Espírito Santo, a Igreja, são grandes dons de Deus a seu povo. João Paulo II convida-nos todos a sermos enriquecidos com estes dons; revisemos o que temos feito deles; reavivemos a resposta de amor e gratuidade; tomemos consciência de sermos privilegiados e aceitemos os desafios que nos chegam através da celebração deste acontecimento. (TMA 17, 32, 37).4

II.3.3. Arrependimento

O Jubileu quer ser gozo pela remissão dos pecados, pela alegria da conversão, especialmente dos últimos vinte e cinco, cem ou mil anos. Devemos fazer um exame de consciência e nos arrependermos dos pecados cometidos: pecados que causaram dano à unidade, querida por Deus, para o seu povo (TMA 34); método de intolerância e, inclusive, violência no serviço da verdade (TMA 35); responsabilidade nos males de nosso tempo: indiferença religiosa, incerteza moral, falta de

rectitude teológica da fé, violação dos direitos humanos, injustiça e marginalização social (TMA 36).

Recorda o sentido do pecado e do perdão.

Segundo a Bíblia (LC 15, 11-32), os passos do pecdor são:

1. Participa dos dons do pai (vida, saúde, qualidades pessoais, família, bens, dinheiro).2. Afastamento da casa paterna (não valoriza a própria casa e a convivência com o pai).3. Toma consciência da situação de pecado ( a nível psicológico, jurídico, ético, social,

religioso).4. Volta à casa e acusação (reencontro com os seres mais queridos).5. Perdão do pai (acolhida, perdão, festa).5

II.3.4. Nova evangelização.

O Jubileu quer colaborar na construção de uma nova evangelização. Para tanto, já aconteceram várias conferências bispais, além de outras reuniões a nível continental: América em 1997, Ásia em 1998, Oceania e Europa em 1999 (TMA 38,45).6

4 Repassemos os Prefácios da Eucaristia, onde aparece, claramente, a obra de Cristo, do Espírito Santo e de Maria: demos graças por esta obra. Bons exemplos são os prefácios das Anáforas II e IV. Ou seja, cada dia agradeçamos a Deus o envio de Jesus. Servem, também, como fórmulas acertadas de nossa fé.

5 Buscar outros exemplos, na Sagrada Escritura, de perdão e arrependimento6 Recordar o que significa o repetido convite do Papa à Nova Evangelização.

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III. Atuamos

Desafios Vicentinos propostos pelo Padre Geral aos jovens.

O Pe. Maloney lançou alguns desafios aos jovens vicentinos, na ocasião em que esteve reunido com os mesmos, em Agosto de 1997, na cidade de Paris. Três anos depois, e como desafio para este jubileu do ano 2000, é adequado fazer um balanço destes desafios; recordemos os mesmos:

Espero que estejais, cada vez mais e de forma profunda, enraizados na pessoa de Jesus, através da oração diária, encontrando-o, amando-o e servindo-lhe na pessoa dos mais pobres.

Espero que estejais profundamente enraizados nas Escrituras, conhecendo a Sagrada Escritura e, como Maria, lê-la, meditando-a em vossos corações. Maria é modelo de ouvinte, é a primeira a escutar a Boa Nova, discípula ideal.

Espero que aprendais, com os pobres, a serem convidados em seu serviço, pois só podereis conhecer a profundidade da sabedoria de Deus quando tiverdes aprendido com os pobres; podereis, assim, ser convidados a servi-los.

Espero que permitais que o Senhor vos faça livres, um primeiro símbolo da liberdade é a mobilidade, flexibilidade, disponibilidade no serviço aos pobres. Sede destemidos, afrontai os ricos, sede autenticamente missionários. Outro símbolo de liberdade é a retidão. A verdadeira liberdade leva, consigo, um amor disciplinado e obediente.

Espero que exerçais vosso apostolado com outros jovens, que façáis do ministério um de vossos principais objetivos; os jovens são o futuro da Igreja.7

Espero que vossa visão do mundo seja cada vez mais internacional. Desejo animar-vos a levantar vossos olhares em direção a um horizonte amplo; é importante amar vossos países de origem, mas a solidariedade universal é mais importante.

Espero que vos comprometais, na formação permanente, toda a vida; necessitamos construir um projeto toda a vida; convido-vos, de forma insistente, a beber, profundamente, das fontes de formação contínua.

Estas eram as esperanças, os desafios que o Padre Geral nos lançava em Paris; é chegado o momento de fazermos uma avaliação e, sinceramente, revisar qual ou quais esperanças nos resultaram mais presentes e que conseguimos lograr com mais proximidade; por outro lado, identifiquemos as demais que não estão presentes em nossa vida, ou seja, estão distantes de nossa realidade… Tiremos conclusões…

7 Sugestões: - Organilzar mais grupos de Juventude Marial Vicentina; buscar serviços voluntários, jovens desejosos de dar anos de sua vida ao serviço pelos pobres; buscar formas de lhes oferecer a oportunidade de fazê-lo, assim como um bom acompanhamento; promover Ministérios para os jovens que tenham uma perspectiva global

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IV. Celebração

"Passar pela Porta Santa"

INTRODUÇÃO:

Em 24 de dezembro passado, João Paulo II abriu, em Roma, a Porta Santa, que nos intoduz no Ano Jubilar. Aberta para todos. Passar pela porta significa deixar para tras a história negativa e pisar a terra nova da graça e da liberdade, o que, de uma forma mais expressiva e sacramental, representa o Batismo.

Passar pela porta significa Conversão. "Evoca o sentido de que cada cristão está chamado a passar do pecado à graça" (IM8). Conversão para cada um que crê e, também, para toda a Igreja, que deverá deixar para tras dois milênios: muita graça, mas, também, muito pecado, ao longo dos 1999 anos; por isso, a porta está cada vez mais larga (TMA 33).

Hoje, queremos pedir perdão a Deus e a graça de nos prepararmos a passar pela Porta Santa das Basílicas Jubilares, a graça de seguirmos o caminho da conversão. Que Ele nos ilumine, pois, só assim, poderemos reconhecer nossos pecados - sempre escravidão - e nos fortaleça no sentido de conseguirmos a liberdade do Espírito neste ano jubilar e no encontro de jovens vicentinos.

SÍMBOLO: - cartaz com o desenho de uma porta, aberta ou se abrindo.

ORAÇÃO: Renova em mim, Pai, a graça de teu amor, para que eu possa acolher a Jesus Cristo,

teu Filho, que veio para nos salvar. Que teu Espírito Santo nos livre do pecado, nos revista de liberdade, nos afirme em seu amor e nos encha do verdadeiro júbilo.

INTERIORIZAÇÃO:

Pai: Tu és a fonte de toda a graça, de todo jubileu; tudo procede de tua grande misericórdia. Filho: Tu és a Porta da Salvação, és Deus presente que me oferece tua cura espiritual e tua amizade. Espírito Santo: Tu és o Alimento que purifica, o vento que liberta e a seiva que dá vida.

Renovação é renunciar ao pecado, abrir-se para a graça, para a liberdade e para o júbilo do Espírito. É a conversão ao amor que provém de Deus.

- LEITURAS: Incarnationis Mysterium, 8- Is 26, 1-4. A Igreja é a cidade forte, bem defendida por Deus. Quer abrir todas as

suas portas para "que entre um povo justo, que pratica a fidelidade".- Sal 118,19-29.- Jo 10,1-10. Cristo é a Porta Santa e larga, sempre aberta, sobretudo desde que

romperam seu peito e o véu do templo se rasgou. Entrar por essa Porta Santa é encher-se de seu Espírito.

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ORAÇÃO DE LOUVOR.

"AQUÍ ESTÁ A PORTA DO SENHOR"(Salmo 117,20)

Te aproximas do Templo Santo,E queres abrir sua porta,

A porta da justiça,Só é justo entrar por ela.

Se o Templo é casa de Deus,Cristo é a porta perfeitaE tem, também, a chave

Que abre a porta e a fecha.Três toques se devem dar

E, a cada toque, uma volta.O primeiro toque é da fé,

Que consiste em uma confiança cega.Segundo, o toque da esperança,

Que é desejo e paciência.Terceiro, a caridade,

Amor cristalino que busca a entrega.Uma lâmpada acesa

A cada golpe te encontras.A primeira é branca,

Porque se vê com pureza.A segunda é verde,

Como a formosa primavera.A terceira tem cor vermelha,

Como o sangue que lhe alimenta.Quando dás o primeiro toque,

Ouves a palabra: reza.E, quando toques a segunda vez,

Escutas um forte: espera.Só depois do terceiro

Escutarás: Amor, entra!E um vento, que é o Espírito,

Abre, em seguida, a porta.

Os justos entrarão pela portaQueremos estar dispostos a entrar pela Porta Santa do Ano Jubilar. Entrar pela Porta Santa

exige um processo de santificação, um esforço constante por superar nosso pecado e uma disponibilidade permantente à ação do Espírito.

"Os justos entrarão por ela", diz o salmo, porque é "porta de justiça". Justiça, biblicamente considerada, é sinônimo de santidade e perfeição. Justiça quer dizer fidelidade e misericórdia, bondade, responsabilidade, pureza e liberdade. Somente os que têm fome e sede de justiça, somente os que aspiram a ser justos, podem entrar por ela. Nunca entrarão os que gostam da infidelidade e do egoísmo, da violência ou do que é impuro, da covardia ou da irresponsabilidade.

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A porta da justiça é a porta de Javé, Fonte de toda santidade. Para nós, a porta é Jesus Cristo, o Deus posto ao nosso alcance, sacramento de santidade. E a graça santificadora é o Espírito Santo. Deixa-te santificar. Bebe na fonte da graça. Deixa-te lavar e embelezar pelo Espírito. Então, poderás entrar pela porta da justiça.

Podemos dizer isso de outra maneira. Considerando que a porta é Jesus Cristo, não poderás entrar pela porta, se não crês n´Ele, se não te conformas com Ele, se não te revestes de seus sentimentos, se não entras em em um processo de cristificação. Ninguém entrará pela porta, se não tiver a marca cristã, feita vida.

Fé(Põe-se um Círio branco aceso, junto à porta)Reavivemos nossa fé. "Passar por aquela porta, diz o Papa, significa confessar que Cristo

Jesus é o Senhor, fortalecendo a fé n´Ele, para viver a vida nova que nos tem dado" (IM8).Confessar que Jesus é o Senhor é algo mais que uma verdade dogmática. É aceitar que Ele

tem nossa vida, que toma posse dela e a dirige com inteira liberdade, que Ele é o Senhor de meus pensamentos e de meus sentimentos. Significa que devo-me deixar guiar por seu Espírito, em todas as minhas ações.

Fé é aceitar e me entregar ao Deus de Jesus Cristo, aberto sempre a seu amor, à sua vontade. Senti-lo no núcleo mais íntimo de minha vida, saber que, aconteça o que acontecer, Ele estará sempre comigo.

Todavia, nossa fé encontra muitos obstáculos. Alguns vêm de fora, pela perda de valores e pelo materialismo que impera. Outros surgem do interior, pelo cansaço, pela rotina, pela profissionalização dos ministérios, pelas dúvidas, incertezas e crises, pelas debilidades de toda espécie. Hoje, pedimos ao Senhor que aumente nossa fé.

Esperança(Põe-se, junto à porta, um círio aceso, de cor verde)

A virtude que sustenta e alegra nossa vida. Pela esperança, confiamos no Senhor e em suas promessas e encontramos a força necessária para caminhar. Façamo-nos peregrinos (também o jubileu nos recorda), peregrinos em direção à casa do Senhor, em direção à Páscoa, em direção a Deus, que nos espera.

A esperança nos ajuda a superar cansaços e dificuldades, a vigiar (não se pode dormir), a esperar, com paciência e confiança, a sonhar com ilusão. E não pensamos somente na meta final, senão na promessa de cada dia. Avançando a cada dia, vigilante a cada dia, porque o Senhor está presente todos os dias.

É possível que, algumas vezes, em decorrência do cansaço, das desilusões, do pessimismo, da desilusão e da falta de paciência, nos falte esperança. Quando vemos o mundo mal, que nos transforma (tanto sofrimento!), quando as coisas não estão bem, não parece tudo uma utopia? E está também o conformismo, o vício de instalar-se na mediocridade, o "tom cinza" da vida, o medo de mudar…

Hoje, pedimos que o "Deus da esperança nos cubra de todo gozo e paz em nossa fé, até reecontrarmos esperança pela força do Espírito Santo" (Rm 15,13), até "esperar contra toda falta de esperança" (Rm 4,18).

Caridade(Põe-se um círio vermelho aceso, junto à porta)Ninguém pode entrar pela Porta Santa, se não tem caridade. É a virtude que realmente nos

aproxima de Deus e nos identifica com Ele. Mais que virtude, é uma vida, uma participação da

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mesma vida de Deus. O alimento desta vida é "o Amor derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo que nos concedeu" (Rm 5,5).

A caridade é um verdadeiro distintivo do cristão. Se não amas, não és discípulo de Cristo, não poderás passar pela porta do júbilo. Podes rezar e cantar hinos ou celebrar liturgias, mas, se não amas, não és filho de Deus (cf. 1Jn 3,10), terás a porta fechada para ti.

Amamos, mas isso é pouco. Não sabemos amar como Cristo; não somos suficientemente despreendidos e generosos. Tendemos, sempre, ao egoísmo e à dureza de coração. Outras vezes, deixamo-nos levar pelo ressentimento, pela indiferença ou pela falta de solidariedade. Não fazemos uma opção pelos mais pobres… ou, quem sabe, nem sequer somos justos com eles. Então, para que falar de caridade?

Como necessitamos pedir ao Senhor que faça os nossos corações semelhantes ao seu, com um amor sem limites!!!

PETIÇÕES DE PERDÃO

Pedimos perdão: por nossa falta de fé; por nossas dúvidas e desconfianças; por nossos medos e comodismos; por nossa falta de compromisso e de testemunho; por nossa incoerência com o que professamos e rezamos; por nosso desinteresse na oração.

Também pedimos perdão: possa nossa fraca esperança; por nossos desânimos e desencantos; por nossos pessimismos e tristezas; por nossas pressas e impaciências; por nossa falta de vigilância; por duvidarmos das promessas.

Ainda pedimos perdão: por nossa tímida caridade, que não se expressa em plenitude; por nossas invejas, nossos rancores, nossas inimizades; por nossos pré-julgamentos e críticas; pela dureza de nossos corações; por nossa falta de solidariedade com os mais necessitados; por nossas injustiças com os pobres, pessoais ou comunitárias.

Oremos: Pedimos perdão a Ti, Pai, por nossas infidelidades ao teu chamado. Desejamos que Tu aumentes nossa fé, nossa esperança e nossa caridade, para que sejamos, em verdade, filhos teus e discípulos de teu filho, nosso Senhor Jesus Cristo.8

ORAÇÃO DE AÇÃO DE GRAÇAS

8 (Segue-se a formulação de algum compromisso ou desejo de renovação na fé, nos quais se faça visível nosso crescimento ao "passar pela Porta Santa").

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Obrigado, Pai bondoso e paciente: porque estendes tua santa mão à nossa debilidade; porque nos levantas de nossas submissões; porque curas nossas feridas com os milagres de teu Espírito; porque perdoas nossos pecados; porque nos revestes da graça de teu Filho; porque nos fazes, cada vez mais, filhos teus; porque nos convidas a participar de teu banquete; porque nos enches dos símbolos de tua misericórdia e ternura.Concede-nos, agora, a graça de um Jubileu Santo.

Guia do Catequista

(Oferecemos, a seguir, alguns materiais que complementam a catequese; acreditamos serem os mesmos úteis para se ter uma idéia mais completa do tema; deixamos livre sua introdução no desenvolvimento da catequese, pois sua oportunidade está condicionada a cada realidade concreta).

O Jubileu dos Judeus

Quando chegaram à Palestina, os judeus repartiram o território por tribos e famílias, para que ninguém fosse exageradamente rico ou extremamente pobre. Com o passar dos anos, os mais espertos reverteram a situação em proveito próprio, enriquecendo-se de forma exagerada, às custas da miséria dos demais.

Por isso, estabeleceu-se que, a cada cinqüenta anos, tudo voltasse a ser como no princípio, na harmonia do projeto de Deus, que não quer uns como filhos e outros como afilhados, uns muito ricos e outros demasiadamente pobres.

Este cinqüagésimo, ano chamado jubileu, porque se anunciava com o som de um chifre, era um momento especial para voltar a encontrar as razões profundas do "ser povo de Deus". Era um descanso para recuperar a energia autêntica, nas fontes do Senhor da vida.

O jubileu jamais conseguiu, de forma plena, sua finalidade porque, os que haviam acumulado riquezas, sempre encontravam pretextos para não renunciar às mesmas.

De qualquer forma, a cada cinqüenta anos, o Jubileu era comemorado. E não faltavam aqueles que, embora considerassem tolos os seus seguidores, com utopias de bondade e ilusões, respeitavam o jubileu.

O Jubileu dos cristãos

No ano 1300, o Papa Bonifácio VIII introduziu o Jubileu na Ireja Católica. Uma peregrinação a Roma, com espírito de conversão sincera, pelo perdão extraordinário de Deus e pela concessão das indulgências, o que permitiria, aos cristãos, ajustar a desordem provocada pelo pecado e voltar à harmonia espiritual recebida no Batismo.

As Indulgências

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Durante as perseguições dos primeiros séculos, houve cristãos que renegaram a sua fé. Passado o medo, alguns pediam para ser readmitidos na Igreja, o que se conseguia depois de anos, em dura penitência. Isto, porém, poderia ser abreviado, caso os confessores da fé (os que haviam sobrevivido às torturas) pusessem à disposição de seus irmãos mais fracos os méritos adquiridos diante de Deus.

Muitos cristãos vivem sua fé com grande valor e força. Ao conceder as indulgências, a Igreja outorga, aos mais débeis, o mérito dos mais fortes. Este intercâmbio pode ser realizado porque, em Jesus Cristo, todos formamos um mesmo corpo.

A peregrinação a Roma

Uma peregrinação a Roma era o símbolo visível da vontade de renovar-se espiritualmente. Roma significava deixar, durante meses, sua família e seu trabalho, afrontando enfermidades e perigos de toda espécie. Era uma ocasião única de recuperar tempo e espaço para as exigências do espírito, exigências esquecidas no dia-a-dia; também era uma oportunidade de voltar a viver a própria vida em harmonia.

A renovação espiritual tinha que desembocar, com obras e iniciativas de caridade, em uma certa partilha equilibrada de todos os bens materiais.

Depois do êxito conseguido pelo primeiro jubileu, o Papa Clemente VI decidiu repeti-lo a cada cinqüenta anos, começando desde o ano de 1350.

MEIOS DE CELEBRAR O JUBILEU DO ANO 2000

Os jubileus tendem a possuir, preferencialmente, um cunho espiritual: facilitar a renovação das consciências, buscando um encontro com Deus e a revitalização da fé. A nível pessoal, os fiéis procuram aproximar-se dos sacramentos, conseguir as indulgências, realizar alguma boa obra, viver a conversão pessoal. A nível comunitário, acontecem celebrações e encontros massivos, com a intenção de ganhar as graças do Jubileu.

Os meios concretos são: os sacramentos da reconciliação e da eucaristia, as indulgências, a peregrinação, o catolicismo, o serviço aos pobres, a evangelização e a alegria.

1. Os sacramentos

A Penitência e a Eucaristia são a expressão mais visível e cuidada. São, também, uma experiência de conversão e de perdão dos pecados. São imprescindíveis para ganhar a indulgência jubilar.

2. As indulgências

A doutrina sobre as indulgências é muito singela. Indulgência significa perdão integral, co-doação total, ou seja, remissão da culpa e da pena merecida pelo pecado. O perdão da culpa, do pecado, é concedido por Deus, por meio da Igreja, no Sacramento da Penitência. A Igreja recebeu o ministério da reconciliação, perdoando, também, a pena temporal dos pecados. Faz isto projetando-se na força renovadora dos méritos de Jesus Cristo sobre o homem pecador arrependido. Desta plenitude de redenção realizada por Cristo, participa também a incontável multidão de Santos, com que a Igreja conta entre seus membros durante todos os séculos.

A Igreja dá oportunidade à participação do cristão fiel, devidamente disposto, no tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos. Como todos formamos o Corpo Místico de Cristo,

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também podemos usufruir dos bens sobrenaturais que possui a Igreja. É a Comunhão dos Santos.

A indulgência concede e traz o perdão dos pecados, a comunicação com Deus e com os irmãos e a remissão da pena temporal (IM 10).

As condições para obter a indulgência do Jubileu do ano 2000 são quatro:1. Confissão sacramental;2. Comunhão eucarística;3. Oração pelas intenções do Papa;4. Cumprimento de uma obra prescrita: peregrinação a Roma, à Terra Santa ou às igrejas locais

designadas pelos bispos respectivos, participando, nestas, de um exercício litúrgico ou de devoção. Esta peregrinação pode ser substituída por uma visita aos irmãos necessitados (doentes, anciãos, presidiários…), acrescentando, sempre, os sacramentos e a oração. Nestes lugares de peregrinação, deve-se realizar um momento de meditação e renovar a própria fé, rezando-se um Credo ou um Pai Nosso, orando segundo as intenções do Santo Padre, o Papa João Paulo II.

3. A peregrinação

As peregrinações no mundo cristão tiveram três metas primordiais: Roma, Compostela e Terra Santa; das três, a mais importante foi - e continua sendo- Roma, pela quantidade e tipos de indulgências que se podem conseguir. A salvaguarda dos peregrinos que se dirigiam à Terra Santa foi o motivo principal das Cruzadas, tal a importância dos Santos Lugares.

Os peregrinos que se dirigiam à Terra Santa voltavam com uma palma presa a um bastão; eram os palmeiros. Os que se dirigiam a Compostela retornavam com uma concha cozida à capa; eram os peregrinos por excelência. Muitos cavaleiros cristãos possuíam distintivos reluzentes ( três emblemas); algumas crôncias falam de pessoas que fizeram, até dez vezes, cada uma das três peregrinações.

Desde o primeiro Ano Santo (1300), a peregrinação se repete sempre de forma distinta, de acordo com a época, mas com o igual espírito e sentido: como caminho do povo cristão que busca sua identidade nos mananciáis da fé, que busca o perdão e a graça de Cristo, que procura, de forma incessante, a Deus.

Peregrinar é uma forma de expressar e de viver um dos caracteres da Igreja, povo de Deus em marcha em direção à cidade futura e permanente, a Jerusalém do céu. Sair do próprio lugar, afrontar o risco do caminho, ir ao encontro etc…, são imagens da vida cristã e da experiência de fé. Trata-se de um novo e contínuo Êxodo, no qual Deus se manifesta em prodígios.

O homem peregrino, sem morada definitiva, assume a perspectiva de algo provisório. É símbolo de desapego aos bens terrenos; é a saída de si mesmo, a superação do egoísmo. Somos peregrinos, em direção à casa do Pai (TMA 49).

Na Bula Convocatória do Jubileu do Ano 2000, o Papa repassa, outra vez, a teologia da peregrinação. A peregrinação recorda a condição da própria existência do homem. Invoca o caminho pessoal de quem crê, seguindo os passos do Redentor: é exercício de conversão, de arrependimento pelas debilidades humanas, de constante vigilância da própria fragilidade e de preperação para a conversão do coração. Seu símbolo é a passagem através da Porta Santa.

<<A peregrinação, vivida como celebração da própria fé, é , para o cristão, uma manifestação cultural que se deve cumprir com um intenso sentimento religioso e como

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realização de sua existência pascal. A dinâmica própria da peregrinação revela, claramente, algumas etapas que o peregrino alcança e que se transformam em paradigma de toda sua vida de fé: a partida manifesta sua decisão de avançar até a meta e alcançar os objetivos espirituais de sua vocação batismal; o caminho o conduz à solidariedade com os irmãos e à preparação necessária para o encontro com seu Senhor; a visita ao santuário nos convida à escuta da Palavra de Deus e à Celebração Sacramental; o regresso recorda-lhe sua missão no mundo, como testemunha da salvação e construtor da paz>>.

<<A peregrinação simboliza a experiência do "homo viator", que, recém-saído do ventre materno, empreende o caminho do tempo e do espaço de sua existência; a experiência fundamental de Israel, em marcha, em direção à terra prometida da salvação e da liberdade plena; a experiência de Cristo que, da terra de Jerusalém, sobe ao céu, abrindo o caminho que leva ao Pai; a experiência da Igreja, que avança na história em direção a uma Jerusalém celestial; a experiência da Humanidade inteira que, embora em tensão, busca a esperança e a plenitude. Todo peregrino deveria confessar como fez um Anônimo russo: "Pela graça de Deus, sou um homem cristão; grande pecador por minhas ações; por condição, um peregrino sem teto, da mais humilde espécie; um homem nômade, caminhando de um lado para o outro; minhas riquezas são um saco que carrego no ombro com um pouco de pão e uma Bíblia Sagrada, que conduzo sob minha camisa. Outra coisa não possuo".

"A palavra de Deus e a Eucaristia nos acompanham nesta peregrinação em direção a Jerusalém celestial, da qual os santuários são símbolos vivos e visíveis. Quando cheguarmos a ela, abrir-se-ão as portas do Reino; abandonaremos a roupa de viagem e o bastão do peregrino e entraremos em nossa casa definitiva, o que nos possibilitará estar sempre com o Senhor. Alí estará Ele conosco, como o que serve; ceará conosco e nós cearemos com Ele".9

5. O Catolicismo

Outra característica do Jubileu é o sentido de universalidade. Trata-se da tradicioanal meta do catolicismo, vivida em comunhão com a própria Igreja e com o bispo de Roma. Nós, batizados, renovamos o gozo de nossa participação na Igreja, Mãe na fé, mistério de comunhão para a missão. Superamos as limitações de nossa pessoa, de nossa paróquia, de nossa visão, de nossas dioceses. Entramos em contato com a diversidade, com a mundialidade católica, que acaba enriquecendo nossas perspectivas e tornando relativas nossas posições. É a satisfação de não nos encontrarmos sozinhos; é a experiência da fé compartilhada.

As práticas piedosas de culto e conversão próprias do Jubileu insertam-se em um marco eclesial, no qual somos chamados a viver, de forma intensa, a experiência cristã e humana do mundo atual nos aspectos centrais da comunhão, a caridade e a esperança escatológica. Estas, expressam-se na realização da unidade, da paz e da colaboração, em todos os níveis: na Igreja, nas relações ecumênicas e interreligiosas, no plano espiritual e no social. De fato, trata-se de uma vida nova, segundo o espírito e a lei do Evangelho, todavia aberta e rica de projeções em todos os setores da sociedade, da cultura e das relações entre os povos.

Toda a Igreja deve-se sentir a nova Israel, disposta a atravessar o Mar Vermelho e o Deserto, entrando na Terra Prometida, lugar de descanso, de fraternidade e de encontro com a ternura e fidelidade do Deus Salvador, em Jesus Cristo, << o mesmo ontem, hoje e sempre>> (TMA 46).

9 A Peregrinação no Grande Jubileu do Ano 2000; Documento do Pontificio Conselho da Pastoral para os

Imigrantes e Itinerantes, 25 de abril de 1998, nº 32 y 43 respectivamente

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5. O serviço aos pobres

O jubileu judeu implicava em conceder, a todos, as condições necessárias para uma vida digna; para tanto, as terras eram repartidas de forma equitativa; também se concedia liberdade aos escravos. Toda vivência autêntica do espírito do Jubileu deve resultar em uma busca de que o Reino de Deus seja realizado na terra e que alcance aos mais fracos, pobres…

Dede o princípio, os jubileus têm sido vinculados com a prática de obras de caridade e serviço aos mais pobres, bem como símbolo penitencial, bem como símbolo de gratuidade.

Na espiritualidade vicentina, assume-se como elemento constitutivo que a experiência forte de Deus concretiza-se em uma entrega radical ao serviço pelos pobres, pois Deus é o protetor dos mais fracos, dos marginalizados.

6. O Testemunho e a evangelização

A experiência cristã consiste em descobrir que Jesus Cristo foi enviado ao mundo pelo Pai, para anunciar e realizar seu plano salvífico-libertador. Ele é o único salvador e, n´Ele, a história humana tem sentido e plenitude.

Aquele que experimenta a Boa Nova sente-se comprometido em fazer com que todos os homens cheguem a compartir este sentido da vida; por isso, deve dar testemunho e ter a preocupação de fazer com seja possível - aos demais - experimentar, significativamente, a realidade fundante do amor de Deus, realizado em Deus pela força do Espírito.

7. A alegria

A alegria tem sido, sempre, uma das características dos Jubileus. Trata-se de uma alegria não somente interior, senão também exterior, já que a vinda de Deus ao mundo é um fato exterior, visível, real e palpável. Se cada um de nós celebra com gozo um nascimento, um batismo, uma ordenação sacerdotal, um matrimônio, também queremos celebrar, com uma alegria especial, os dois mil anos do nascimento de Jesus Cristo (TMA 16).

As celebrações massivas oferecem um marco apropriado para a expansão comunitária e o sentido de "festa"; todos devemos colaborar para que este bom clima marque a afetividade e os sentimentos dos participantes.

Maria no Jubileu do ano 2000

A mãe de Jesus, Maria de Nazaré, segue nos interessando, mesmo depois de dois mil anos passados; parece incrível, mas é assim. É uma personagem que está presente no coração de muitos homens e mulheres. Passa o tempo, passam as gerações, mas sua memória segue viva, incrivelmente presente.

Um ano jubilar é uma grande convocatória à alegria coletiva. O ano 2000 se converterá - ou pelo menos deveria ser convertido - no ano que a Igreja demonstrará sua capacidade de alegrar a toda humanidade, que sabe desfrutar dos dons de Deus e de sua capacidade criadora. Também é certo que existem vários motivos para reclamar do presente e esperar, com impaciência, um futuro melhor. Por isso, Maria nos ensina tanto a nos alegrarmos pelas maravilhas de Deus e anunciarmos a Boa Nova, a nova realidade que está por chegar. Aproximar-se de Maria do Magnificat é mais fascinante e perigoso do que muitas devoções marianas podem supor.

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Maria é a reatualizadora do Evangelho do Reino de Deus; a virgem de Nazaré deu vida nova à suprema revelação de Deus no mundo dos homens.

O filho de Maria é o filho de Deus, que veio restaurar o Reino de seu Pai-Mãe e oferecer à humanidade e ao universo a libertação de qualquer tipo de domínio desumano. A memória de Maria é muito mais vivificante do que se pode supor. Ela nos aproxima às fontes da vida, da vida sem adjetivos, da própria Vida.

Nesse momento, torna-se oportuna uma pregunta: Que lugar ocupa a figura de Maria, a mãe de Jesus, na peregrinação de toda a Igreja rumo ao ano 2000? Como falar de Maria, depois de dois mil anos de cristianismo? Que significado tem a sua figura, quando toda a Igreja centraliza sua atenção e seu coração em seu filho, Jesus de Nazaré, filho de Maria, Filho de Deus?

A celebração de um ano jubilar - o ano 2000 - pode ser um grande gesto profético. A Igreja Católica e, se fosse possível todas as igrejas cristãs, poderiam dar o "grande impulso", converter-nos em grito de Jesus, a favor das bem-aventuranças. O mais importante dessa celebração jubilar não são os rituais, as cenografias, nem as montagens estéticas que estamos, infelizmente, nos acostumando. O decisivo nelas são as profecias. É a profecia que descobre onde Deus está sendo vitorioso, onde sua graça e sua glória enchem a terra e, por isso, é a profecia que entusiasma, valora, bendiz, louva, estimula, abre as portas ao júbilo. Mas é também a profecia que clama pela justiça social; é a profecia da volta a seus sonhos de Reino, de clamor apocalíptico para que venha o quanto antes, chegue sua Parúsia e acabe com tanta imundície, corrupção e injustiça que massacram milhões de irmãs e irmãos nossos; a oração para que Deus manifeste sua bondade diante de tanto sofrimento selvagem que molesta tantas pessoas por enfermidades, depressões, decepções na vida.

O jubileu é, também, uma ocasião para agradecer a Deus pelo dom da vida, o bem derramado, de forma abundante, na terra e na história, ao que tem contribuído de maneira tão determinante Jesús e, também com Ele, Maria.

Maria, a mãe de Jesus, não pode estar esquecida, quando a Igreja se coloca nesse momento de transição. São muitos os motivos que nos impulsionam a isso. Maria nunca nos há abandonado; tem-se apresentado pública e privadamente. Nós, outrossim, às vezes, nos esquecemos de sua imagem carinhosa. Ela tem-se feito recordar, aparecendo-nos, mostrando-se. Ou, talvez, tenhamos que dizer que o Espírito nos tem feito recordá-la, sendo memória de Maria". Esta Maria que aparece, que se faz presente na vida de tantos fiéis, de todas as raças e culturas, não é uma personagem extraterrena, nem meramente celestial. Ela é a mesma de sempre: Maria da fé autêntica, Maria da história, a mulher de Nazaré, esposa de José, mãe de Jesus, iniciadora da comunidade de fé, que é a Igreja; fundadora de um novo estilo de vida e seguimento.

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