Causos espíritas do Dr. Nubor Facure

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Instituto do Cérebro Prof. Dr. Nubor Orlando Facure CRM 11789 – SP Rua Padre Vieira, 1093 – Fone / Fax:- (19) 3236.2383 – 3234.9120 Campinas – SP. Receita Paciente: Para Você e sua família “Causos” do Dr. Nubor Facure 1

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Causos fictícios de autoria do Dr Nubor Facure - Neurologista de Campinas Instituto do CérebroTem compromisso com a Doutrina Espírita sugerindo um aprendizado prático com os quadros aqui descritos

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Instituto do CrebroProf. Dr. Nubor Orlando FacureCRM 11789 SPRua Padre Vieira, 1093 Fone / Fax:- (19) 3236.2383 3234.9120Campinas SP.Receita

Paciente: Para Voc e sua famlia

Causos do Dr. Nubor Facure

Use para meditar e aprender

1 - Mas, pedir o qu?

Isabela me consulta desde que nasceu. H 9 anos vem me ver no colo da me. uma menina que tem 6 a 7 convulses por dia, s vezes, tem s uma piscao ou torce a cabecinha, outras vezes, apenas fica plida ou molinha como uma boneca de pano. Quando chega, eu falo alto seu nome para ela me reconhecer, seu corpinho imediatamente estremece e ela solta uns grunhidos abrindo um boco enorme com a lngua saindo e entrando mostrando os dentes perfeitos. A me diz que ela est rindo para mim, eu aqui por dentro me esforando para no chorar...

Mariana foi adotada quando nasceu. A me biolgica usuria de drogas era aidtica. Vejo mensalmente essa menina de 13 anos, estirada na cadeira de rodas que se espicha como um bero. Seu fgado est em frangalhos devido s altas doses do coquetel. Todo ms, temos que rever seus exames, devido a mais uma febre que se repete insistentemente. Estou medicando para controlar suas convulses h mais de 4 anos e nunca tivemos como control-las completamente. Mariana no fala. Nem precisa, a gente nota nos seus trejeitos, no seu sorriso torto, nos seus gritos agitados quando ela est feliz.

No peo para as duas nem sade nem sabedoria. Elas so felizes ao seu modo e desse jeito mesmo foram capazes de nos escravizar ao seu amor inocente.

2 - Recompondo o passado

Ano de 1375

Numa antiga aldeia portuguesa entre Coimbra e Lisboa, Eullia estava prometida em casamento para Diogo Silva, proprietrio de uma rica gleba de plantao de oliveiras. Silva era 20 anos mais velho que Eullia, moa jovial, festeira, cujo corao havia se enamorado anteriormente por Jos Antnio das Rosas, auxiliar de servios gerais na marcenaria do pai.No aceitando o destino que a famlia traou sua revelia, Eullia e Jos Antnio arquitetam um plano de fuga. Era possvel, naquele tempo, fugirem para a Espanha e levarem uma nova vida sem serem incomodados - bastaria um pequeno descuido dos pais e Eullia poderia por seu plano de fuga em prtica. Entretanto, temerosa de alguma vingana por parte de Diogo Silva, ela consegue,com a ajuda de pessoas inescrupulosas, derramar poderoso veneno numa taa de vinho de Diogo que tem suas vsceras corrodas com grande sofrimento produzindo-lhe a morte imediata.

Ano de 1806

Cidadezinha no interior da Frana, onde a Misericrdia divina favorece uma oportunidade de recomposio do passado. Famlia abastada tem rica plantao de uva, onde trabalham juntos os 3 filhos. Esto reunidos, nessa nova roupagem, 3 irmos que so nossos personagens do passado: Eullia, Jos Antnio e Diogo Silva.A infncia e a juventude transcorreram rpidas afetadas apenas por atritos de cimes entre Eullia e Diogo. Por interesses comerciais Jos Antnio viaja para a Amrica a negcios e, dois anos se passam sem que ele d qualquer notcia. Noite chuvosa, os pais de Eullia e Diogo sofrem acidente fatal numa estrada traioeira que escondia buracos na pista.A maquinao do passado distante ainda permanece impressa nas memrias de Eullia. Esse Esprito ainda no se libertou de tendncias perturbadoras que marcam sua histria de vida na encarnao anterior. Confirmando que, mesmo sem que a conscincia se d conta disso, ns somos sempre herdeiros de nossas boas e ms tendncias.A ndole criminosa de Eullia se manifesta outra vez e, de novo, ela elimina Diogo Silva para ficar com toda fortuna da herana paterna.

Ano de 1948

Bairro pobre do Rio de Janeiro pai e filha esto atentos leitura do evangelho em humilde centro esprita. Ali esto Jos Antnio e Eullia. A mocinha com 19 anos rf de me que faleceu num parto traumatizante. Eullia sofre de um retardo que exige constantes consultas em clnicas especializadas. Est sendo reeducada devido a uma paralisia cerebral, com um transtorno psquico grave. Faz uso de medicao para ajuste de um comportamento impulsivo, com perodos de extrema agitao. Sofre de convulses que os remdios em doses sonolentas ainda no conseguiram controlar.No centro esprita que frequentam, uma manifestao medinica inesperada faz uma revelao surpreendente. Diogo Silva, exigindo a vida de Eullia. Est ciente da autoria dos dois crimes que ela arquitetou, descreve o que ela fez para mat-lo duas vezes e o perodo de perseguio que por sculos vem conduzindo contra Eullia.

Ano de 2005

Num Hospital Universitrio no interior do Brasil a equipe cirrgica reunindo mais de uma dezena de mdicos est terminando um procedimento complexo e arriscado. Est separando duas crianas que nasceram unidas pelo trax. So Eullia e Diogo em mais um dos seus encontros dessa vez unidos compulsoriamente pela Justia Divina.

Lio de casa

Quatro encarnaes traumticas agravando compromissos, acumulando dbitos com a Justia Divina.Por mais chocante que possam parecer, esses relatos aqui registrados, so histrias compartilhadas em vidas pregressas de todos ns.Apesar do tamanho do dissabor, redobremos nossa disposio de atendermos a palavra de Cristo: "reconciliai primeiro com seu adversrio."

3 - A colheita obrigatria, isso da Lei

Sculo passado no interior de Gois a populao est empobrecida e com falta crnica de alimentos. Man Jacinto ali vive sozinho no Stio Roseiral, morando num casebre retirado uma lgua da sede da fazenda. Ele e alguns pees conversam secretamente tardinha planejando assaltar os viajantes que transitam, meio que raramente, pelo estrado que leva at Anpolis. Na primeira tentativa deu tudo certo. Valores, utenslios e comida foram surrupiados dos incautos viajantes. O bando acaba se acostumando com os roubos que so cada vez mais rendosos. A perversidade no tarda a fazer parte dos assaltos. As vtimas, agora, passam por constrangimentos, so assustadas com ameaas de morte, s vezes tem as pernas amarradas e o grupo de marginais debocha, rindo das inocentes vtimas.

No incio deste Sculo numa Santa Casa, ainda no Estado de Gois, uma famlia esta sendo atendida. O pai aquele mesmo Jacinto assaltante do stio do interior de Gois, noutro corpo, foi internado, fez uma cirurgia da coluna onde ocorreram complicaes. Ele agora no consegue mais andar, est preso cama.O Jacinto de hoje acolhe 4 filhos, so os mesmos pees que ele incentivava a assaltar no passado e seu compromisso, agora, foi recuper-los para uma vida digna.Nzinho, um dos filhos foi assaltado na volta do servio e, atingido na cabea est em coma vegetativo, imvel na cama h dois anos. O Jnior, seu filho mais velho, sofre de convulses que o jogam ao cho pelo menos uma vez por semana. Os dois mais novos esto seriamente comprometidos com o alcoolismo.A Misericrdia Divina permitiu que Laurinha de Jesus nascesse nesse lar tremendamente comprometido com o passado criminoso. Ela incansvel na administrao de remdios, marcao das consultas, liga na Prefeitura para conseguir a perua da fisioterapia, leva a urina e o sangue quando os exames so exigidos.Laurinha a prova de que Espritos que esto nossa frente podem, por escolha pessoal, voltarem at ns, estendendo a mo em socorro de Almas que lhes so caras.

Lio de casa

A cada um segundo as suas obras.

4 - A fora do passado

Faustina organizava as festas no casaro colonial escolhendo a dedos os convidados. Alem da conversa familiar e da msica que uma das filhas tocava ao piano, havia declamao de poemas e pratos apetitosos que eram passados um a um. Prevalecia no ar a postura esnobe, arrogante e prepotente que todos identificavam no comportamento e nas feies de Faustina. A anfitri vaidosa fazia questo absoluta que todos reverenciassem sua origem nobre.No sculo seguinte a mesma Faustina est numa cadeira de rodas esmolando nas ruas do Rio de Janeiro que tanto conhecia.Quem a v hoje, percebe os antigos sinas de "nobreza" do passado. Continua dando ordens, no se dirige a qualquer um e querendo proteger seu corpo do olhar dos outros, se esconde em trapos de roupas rasgadas. Exaspera-se a cada solavanco da cadeira nos buracos da calada, ainda desfia o xingatrio e destrata a todos. a mesma Faustina do casaro colonial carioca.

Fabriciano foi dono de fazenda em Barra do Carmo interior de Minas Gerais. Os escravos j vinham de herana do pai, rico proprietrio de terras na regio. Enquanto o genitor era amvel, Fabriciano sempre aos gritos impunha suas vontades com violncia. Caminhava com uma vara de pau, arrancada de uma goiabeira que tinha prazer em sentar no lombo dos crioulos quando demoravam para lhe cumprir as ordens.Hoje, Fabriciano est de volta na mesma Minas Gerais, na regio do Tringulo. Os pais de agora so empregados da fazenda Buriti Alegre. Ele e mais 9 irmos participam da lida exaustiva cuidando do gado. Mas, de novo, a velha ndole violenta do Fabriciano se manifesta. As ordens que da agora so para os pobres dos irmos. Uma tarde ele sofre uma queda do cavalo, a perna mal engessada ficou mais curta e ele passou a se apoiar num pedao da goiabeira que cortou com o faco. E, lasca de novo as lambadas nas costas dos irmos, exigindo pressa e obedincia.

Frei Angelli, de anjo mesmo, nunca teve nada. Sculo XIV, as trevas da ignorncia predominam no interior da Europa e, nosso Frei, participa da aplicao de penas determinadas nos tribunais religiosos da poca. Rigoroso, detalhista, conhece com profundidade todos os quesitos de condenao. Aflies, denncias, traies e relatrios so conseguidos por confisses foradas na presena de Frei Angelli.Quinhentos anos depois, j no final do Sculo XX, uma casa de estudos espritas dirigida pelo antigo Frei. Diretoria rigorosa, seu presidente tem pulso de ferro, no so permitidas falhas, as comunicaes medinicas tem de ser autorizadas, livros so censurados, frequentadores de pouca cultura so afastados, os temas das palestras quase sempre ignoram Jesus. H muito mais medo que amor nessa casa e todos atribuem os desmandos perturbao das trevas.

Lio de casa

Ainda permanecem em ns os mesmos defeitos de outras vidas que teimamos em possuir. Quanto mais cedo nos livrarmos desse homem velho melhor.

5 - A obsesso e suas mscaras

Erotides chega na psiquiatria tomada de intensa catatonia. Alm daquela rigidez tpica ela est desalinhada da cabea aos ps, as roupas sujas, parecem rotas em alguns pedaos o diagnstico de esquizofrenia foi sugerido ha 6 meses ela falava com os vultos que lhe apareciam gritava, teimava, atirava objetos vrias vezes foi contida fora. De repente fica quieta, se isola, chora aos soluos tem-se a impresso que seus gritos de dor se referem a algum que esta lhe estapeando.A me conta que ela levou a filha a um centro esprita. O facultativo, meio rspido, recusa ouvir disse que essa coisa de demnio crendice.A medicao traz grande melhora resgatando em Erotides o equilbrio perdido.Eu, porm, quis ouvir o que foi falado no Centro uma postura que ha anos venho propondo aos que trabalham comigo vamos dar toda ateno ao paciente, ele est em primeiro lugar, no as minhas vaidades acadmicas, crendice mesmo, a Cincia mdica tambm tem, e muitas demoram a serem desmistificada basta ver os remdios e as cirurgias para emagrecer, sem esquecer a lobotomia frontal de tenebroso passado.Erotides num passado recente induziu sua irm mais velha a se livrar do marido, rico fazendeiro em Pernambuco. O crime foi mal executado e ambos a irm e o cunhado - falecem em acidente de carro.Hoje a obsesso est francamente instalada as autoridades no caracterizaram o crime, o psiquiatra no acolheu a justificativa maior para o transtorno que pena, as noes de doenas espirituais que hoje as Faculdades de Medicina esto estudando, no tem nada a ver com a ingerncia do demnio medieval, essa confuso j ficou para traz hoje, os tratados mdicos j incluem a obsesso e a possesso dentro de sua classificao nosolgica melhor estudar agora, porque, mais cedo ou mais tarde o futuro nos trar as luzes necessrias

6 - A Sandrinha do Cais

Um casal de So Paulo esperara em vo por um filho que lhes preenchesse o lar e herdasse sua pequena fortuna. Depois de 12 anos de espera adotaram Sandrinha, encontrada em um educandrio do interior, contando 4 meses de idade, permitindo que a me adotiva, Doralice, vivenciasse todas as delcias e dificuldades de criar um bebezinho - escolas, brincadeiras, jogos com as amigas e as festinhas de aniversrios. Tudo transcorreu dentro do esperado para essa famlia de classe mdia da capital paulista.Dois sculos antes essa mesma Sandrinha frequentava os cais do Mediterrneo trocando de porto para fugir da represso, mas, sempre a procura de aventuras amorosas que lhe permitisse prazer e dinheiro. J fora vtima de assaltos, abusos e agresses de toda ordem. Com dinheiro arrecadado na prostituio pagava a pousada para morar decentemente, comprava roupas ejiassem nunca pensar em poupar qualquer recurso. Nessa vida mundana e perigosa acaba se envolvendo com Jonatas que a explora e a faz cmplice de um crime brutal quando assassinam o Proco de uma Igreja que Jonatas entrou para roubar.No demorou para a Polcia francesa os encontrar. Ao sair da priso ela est frgil e doente sendo recolhida num hospital de caridade. A acolhida amorosamente por Irm Domitila construindo uma afeio que durou vrios anos porque a generosa Irm de caridade conseguiu adapt-la ao servio de limpeza do hospital.Agora, em So Paulo, a Irm Domitila Doralice, a me adotiva de hoje, que recolheu Sandrinha de um Educandrio. A Misericrdia Divina permitiu uma nova oportunidade de progresso para esse esprito feminino que se envenenou nos prazeres mundanos da Europa. Entretanto, forte a presso do passado onde acumulamos dbitos que exigem resgate. Jonatas, tambm, Esprito ligado a esse grupo e precisa ser recuperado. E ele hoje estuda na mesma Faculdade que Sandrinha, faz jornalismo enquanto ela estuda enfermagem lembrando a passagem que teve pelo hospital na Frana com a irm Domitila.Mas, a juventude de hoje tem liberdade sem compromisso, se permitem aventurar por caminhos sem volta. E Jonatas seduz Sandrinha a usar drogas.Dez anos depois Sandrinha fugiu de casa, se envolveu em pequenos roubos e, por vrias vezes, j foi detida para averiguaes enquanto Jonatas foi assassinado por traficantes. A vida no programa final feliz se ns mesmos no construirmos seus caminhos rumo a felicidade. Sandrinha votou ao cais agora conhece Santos, Vitria e Manaus. A irm Domitila j no Plano espiritual pediu permisso para nascer filha de Sandrinha, mesmo que numa gravidez no programada e aguarda permisso da Espiritualidade para mais esse esforo da caridade materna.

7 - As Voltas da Vida

O assaltante

Jovem brasileiro preso na Europa confundido como assaltante - passar alguns anos na cadeia.

No incio de 1745 um jovem e violento malfeitor assalta e maltrata suas vtimas em cidades europeias procurado pela polcia ele consegue se refugiar num navio que o traz para o Brasil.Passam-se as geraes, uma encarnao atrs da outra at que nosso jovem renasce filho de me solteira em subrbios do Rio de Janeiro a misria da me no permite que ela crie a criana e, sabendo que um casal de estrangeiros est em busca de um filho para criar, ela lhes procura para concretizar a doao por isso que nosso jovem antigo assaltante e malfeitor nas terras da Europa, est de volta para ajustar os dbitos com a justia seus crimes de outrora esto sendo punidos 3 sculos depois.

As abelhas

Madame Fanny no abdicava do direito de herana sobre o palacete francs que o pai deixaria. Ela e o irmo caula tinham direitos legais sobre a propriedade, entretanto, sua cobia a leva a perpetrar odioso crime. Com gotinha de um veneno poderoso ela elimina o irmo sem deixar suspeitas.As voltas da vida leva os dois a nascerem juntos de novo como irmos. Dessa vez no interior de Minas Gerais onde Fanny luta com o esposo trabalhando arduamente na formao de rica fazenda de gado. Uma vida rdua, sem descanso, lidando com a dureza da terra e as dificuldades em disciplinar pees rudes. O tempo passa e ela, casada ha 9 anos, ainda no tem filhos. Convive com ela na fazenda o mesmo irmo caula da antiga Frana.Inesperadamente Fanny fica viva e a fazenda passa por inteira para suas mos. Porm, os dbitos com a Justia Divina, no podem mais serem adiados um bezerro foge do pasto e com a ajuda dos pees a prpria Fanny quis participar da busca. No meio do mato ela derruba, sem perceber, uma colmeia de abelhas e, incontinente picada um ferro mortal lhe atinge o pescoo inoculando veneno e da a minutos uma reao alrgica brutal mata Fanny ainda no solo quente da mata.A fazenda Santo Antnio nas vizinhanas de Frutal passa para as mos do nico irmo de Fanny assumindo a herana que perdera na Europa.

8 - Coma prolongado

Um acidente So Paulo 2003

Jos Francisco passeia de bicicleta com as filhas e no percebe que a avenida est ficando cada vez mais cheia de carros. Tentando alertar suas meninas acaba se descuidando e atingido em cheio por um caminho. Foi rapidamente internado, sofreu um trauma de crnio e est em coma grave na UTI de um hospital pblico.Passam-se 15 dias sem que haja melhora alguma. A famlia o visita nos horrios liberados pelo hospital e deixam extravasar a tristeza de verem um parente querido nessa situao.

O outro lado

Com o acidente Jos Francisco perde totalmente a conscincia por 8 dias. Para os mdicos ele aparenta ainda estar em coma quando na verdade j consegue perceber rudos e imagens em volta de si. Tudo muito estranho. Percebe aos poucos que est acamado e sob cuidados constantes de quem est ali cuidando do seu corpo. Ele descobre que, na verdade vive duas situaes: ora confuso e sonolento dentro do corpo e ora, fora dele, v outra realidade.Quando os parentes se aproximam, sente toda emoo que eles expressam sem palavras. Sente necessidade de chorar junto e faz de tudo para que eles saibam que est vivo. Percebe lhe escorrer as lgrimas e a respirao se tornar ofegante.

Diamantina, Minas Gerais 1890

Dois aventureiros seguem por uma trilha acompanhados por animais de carga. Transportam duas sacolas com esmeraldas que escavaram nas frestas de uma pedreira.No cair da noite, Jos Francisco que est ali vigilante, arquiteta o crime e pe fim a vida do companheiro Tonico Rosa. Vai desfrutar pelo resto da vida a fortuna que as pedras vo render na cidade.

A vingana

Fora do corpo Tonico nunca mais deu folga a Jos Francisco. Mais de um sculo depois ele quem est ali na hora do acidente com a bicicleta. E esse o tormento que Jos Francisco passa a refletir na internao da UTI.Sem que os mdicos encontrem qualquer explicao, Jos Francisco passa a apresentar seguidas convulses que agravam cada vez mais o seu estado de coma.

Finalmente a justia

Nosso Tonico Rosa era natural de Cruzeiro do sul e estava em Diamantina em busca de riqueza quando sua vida foi interrompida pela ambio de Jos Francisco. Nessa ocasio Tonico deixou desamparadas a viva e a filha recm-nascida Valeria e Vitria.

Voltando ao Hospital

Tonico continua agredindo o crebro de Jos Francisco que persiste convulsionando. Chega a hora de visitas e adentram no salo as duas filhinhas de Jos Francisco. So Valria e Vitria que a Justia Divina instalou no seu lar para receberem de volta a herana a que tm direito.

Resgatando o equilbrio

Assim que foram reconhecidas como suas filhas de Diamantina, Tonico Rosa no contm o pranto convulsivo. Vai aos poucos cedendo aos apelos de nobre entidade espiritual ali presente que o recolhe para uma instituio educacional na espiritualidade.

9- Compromissos em famlia

O velho Antenor, aos 80 anos, j no anda mais. Obrigado a ficar na cama a famlia tem de se revezar no seu atendimento dia e noite. Trocas de fraldas repetidas vezes, o banho desacomodado, sonda de alimentao que preciso manter sempre limpa e desobstruda, no descuidar nunca dos horrios da medicao e, diariamente, abastecer a dispensa dos suplementos alimentares.Fatos novos todos os dias: vmitos, grumos na urina, tosse a madrugada toda, febre repentina, tremores e noite inteira sem dormir - parece haver sangue nas fraldas. Justamente agora a plantonista da noite avisa que no vem, o mdico s passar na prxima semana e, amanh, dia de coleta de sangue para exames.Depois de dois ou trs meses a famlia ainda mantinha esperanas de melhora, mas, hoje, j so completados trs anos de luta nessa rotina de imprevises - os mesmos sobressaltos que no deixam ningum dormir ou descansar, nem se conformar com as constantes surpresas que ningum jamais sonhou que iria passar.Uma nomenclatura nova e difcil foi aprendida s pressas, no atacado - um dicionrio mdico nomeando cada detalhe foi aprendido em casa - bradicardia, rolha de catarro, venclise, intracate, alimentao parenteral, drenagem vesical, leucopenia, febre central, apneia, estertores pulmonares, tromboflebite e midrase.Na famlia do seu Antenor todos so de uma forma ou de outra, prisioneiros dos acontecimentos e das necessidades. Transparecem, aos poucos, nos familiares mais ntimos, os traos da personalidade de cada um - que se manifestam em comportamentos conhecidos - tolerncia, rispidez, insegurana, cime, desprezo, motivao, indiferena.Compromissos religiosos e conceitos filosficos so reavivados - preciso manter a f; vamos perseverar; deixemos nas mos de Deus; fao o que posso; nunca deixei de orar; no atrapalhar j ajudar; deixemos por conta da natureza.A famlia de Antenor vive nesses trs anos uma experincia coletiva. Resgatam-se valores morais; superam-se diferenas mesquinhas; reforam-se os vnculos afetivos; Confirmam-se o desprendimento e a doao do sacrifcio pessoal.Enquanto muitos se esforam para viver cada vez melhor eles aprenderam a se preparar para morrer mais bem preparados espiritualmente.

10 - Construindo um destino

Famlia Gerb

Descendente de alemes e agricultor no Paran, o Sr. Leopoldo Gerb tem um sonho. Espera que um dos seus filhos consiga superar essa vida dura do campo e se formar para mdico. A plantao, o gado de leite e a criao de porcos obriga ele, a esposa e 4 filhos levantarem de manhazinha, correr com a lida o dia inteiro, s tendo algum alvio no descanso da noite ou nas manh de domingo quando todos vo Igreja.O velho Sr. Kupp, pai de Leopoldo, quase no sai mais da cama. A gota lhe inchou os calcanhares e o cotovelo; o diabetes est difcil de controlar e a presso no abaixa. Desde que veio da Alemanha sofre um problema crnico da coluna.

Na Faculdade

Ralph, o caula dos Gerbs, concretiza o sonho da famlia conseguindo o diploma de mdico na faculdade de Curitiba.Logo em seguida se associa a um grupo de colegas e montam sofisticada clnica para todo tipo de cirurgia.A partir da a personalidade de Ralph tem campo para se revelar. Ele agora autoritrio, exige disciplina rigorosa dos funcionrios, cobra impiedosamente os clientes, exigindo preos altos nos menores procedimentos. Acumula dinheiro cada vez mais. Est sempre em viagens para congressos mdicos e alega falta de tempo quando algum lhe sugere ir visitar o velho av e os pais na antiga propriedade rural da famlia. As mos sujas dos irmos e a falta de conforto na casa dos pais agora lhes incomodam muito.

Revendo compromissos

Um acidente de avio precipita o desencarne de Ralph. Homem sem religio e sem tempo para pensar na vida aps a morte surpreendido pelos dramas de conscincia que o afligiram por quase uma dcada nas paisagens do umbral. Ali, ele no sabe de onde viam as vozes que o acusavam. Como possvel a essa gente estranha saber tantos detalhes da sua vida. Com que direito o acusam de explorar a misria alheia e abandonar doentes que lhe recusaram o pagamento que exigia.

Novos rumos

Internado numa colnia nas vizinhanas da regio sombria onde curtia seu sofrimento moral, Ralph inicia um tratamento psicolgico que inclui a reviso dos seus compromissos crmicos. Numa vida anterior ele fora militar severo, exigente e violento, mas, atendendo a apelos de familiares ele foi trazido para o seio da famlia Gerb com o compromisso de usar a medicina para recompor vidas que tinha destrudo na guerra. por isso que vimos Ralph tendo a abenoada oportunidade de ser mdico pela Faculdade de CuritibaNo fcil a nenhum Esprito cumprir as promessas assinadas na espiritualidade e vencer suas velhas tendncias acumuladas em muitas encarnaes. Frequentemente agravamos nossos dbitos, descumprimos nossos planos de melhoria e adiamos mais uma vez nossa ascenso.

O resgate

Por permisso da Misericrdia Divina, Ralph tem mais uma vez a chance de superar suas fraquezas espirituais.Renasceu num bairro perifrico de Londrina e aos trs anos sofreu um choque alrgico na aplicao de uma vacina. Hoje, com sequelas neurolgicas graves ele no consegue falar nem andar. Sua me o arrasta num carrinho pedindo esmola na rua. curioso notar que todos que dele se aproximam se admiram ao ver um rosto to lindo e um olhar to penetrante que segredos esto imersos nessa Alma infantil.

Lio de casa

A corrida ao dinheiro e s coisas materiais nos escraviza ao mundo. No ha como servir a dois senhores, por isso Jesus nos prope que antes de vir ter a Ele, que nos desfaamos dos nossos apegos materiais.

11 - Desencontro em Santo Anastcio

Cidade do interior, a famlia toda reunida, est comemorando o aniversrio de Renatinho. A crianada toda correndo e gritando como fazem todas nas festas de aniversrio. Est com 8 anos, boa sade, bom aluno, vive mais com os avs que cuidam da sua educao, porque, os pais so empresrios e as ocupaes consomem tempo e energia dos dois.Rogrio e Marina, pais de Renatinho, se conheceram num curso de ps-graduao em gerenciamento de empresas. Ele j teve um casamento anterior sendo pai de Humberto, moo de 23 anos, estudante de Direito que tem contatos espordicos com o pai.Durante a festa, o telefone toca e Rogrio chamado s pressas pela ex-esposa, Ruth, que relata acidente de trnsito com Humberto. No h como adiar, mesmo contrariando Marina, que tudo faz para reter Rogrio, esse sai num taxi que o leva ao hospital onde encontrar Humberto.

Lembranas do passado

O casamento de Rogrio e Marina s se estabilizou aps o nascimento de Renatinho. Com a vinda do menino, marido e mulher sentem-se mais comprometidos e o cime de Marina diminui bastante. Ela nunca aceitou as exigncia que Ruth fazia distncia impondo o comprometimento de Rogrio na educao de Humberto. Insistia que apesar da separao, Humberto era filho dos dois.Marina era inflexvel, no permitia que Rogrio trouxesse Humberto em casa, principalmente aps o nascimento de Renatinho. No tiveram efeito os elogios que Rogrio fazia sobre esse filho, educado, muito simptico com todo mundo, um gentleman e que revelava desejo e curiosidade em conhecer a ambos, Marina e Renatinho.

Um drama na Itlia 1904

Cidade do interior da Itlia, povo extremamente fechado, preso a tradies religiosas, muito conservador nos seus costumes familiares. Qualquer estrangeiro era visto com muita reserva.Mora ali a nossa mesma Marina sempre acompanhando a famlia nas visitas e obrigaes com a Igreja. Chega na cidade o mesmo Humberto que a deixa deslumbrada. Moo bonito, educado, filsofo e estudante de Direito em Coimbra. Ali ele deixou a esposa e uma filha para tentar a vida na Itlia. Na verdade estava de passagem pela pequena cidade onde vivia Marina. A paixo entre os dois cresceu como um incndio na relva seca, sem que nada pudesse controlar. Foram feita juras de amor eterno como fazem os apaixonados. Sem qualquer possibilidade de revelarem sua paixo os dois tentam uma fuga para longe da Itlia.A inexperincia, porm, no lhes possibilitou sucesso no plano de fuga. Descobertos, Humberto morto, caindo nos braos de Marina, exaurindo-se em sangue. Marina foi enviada para uma instituio religiosa na Sua e no se teve mais notcia dela.

Reencontro adiado mais uma vez

O jovem Humberto, ainda no reencontrou sua querida Marina que hoje est casada com seu pai, Rogrio. No conseguiram se unir na antiga Itlia e agora a vida arquiteta um jeito esquisito para reaproxim-los.Ressentimentos, mgoas e cimes no permitiram que Marina sequer quisesse v-lo.A vida ter de esperar mais uma vez por nova oportunidade para reunir os dois.

12 - Desencontros na Frana

Reunindo afeies

A revoluo francesa desencadeou intrigas, separaes, julgamentos apressados e mortes. Jovina Dalambr e o infante Andr Vieux estavam prometidos um para o outro. Em julho de 1791, compromissos militares obrigaram nosso infante a se deslocar com seu batalho para regies de fronteira.Inesperadamente, Jovina e sua famlia foram includas, sem motivo justo, na lista de procurados pelas foras do governo. Fugindo do terror, com ajuda de amigos, conseguem passagem num navio que os transporta ao Brasil.Quando Andr retorna se aquartelando nas proximidades de Paris, j no encontra mais ningum na casa dos Dalambr. Nas vizinhanas, ele reconhece Monique, jovem amiga de Jovina que, percebendo o caminho livre para seus projetos amorosos, se apressa a dar a notcia plantando na cabea de Andr que Jovina lhe confessava interesse por outro mancebo que vivia em terras distantes, tendo lhe recomendado que evitasse a indiscrio de Andr tentando procur-la.

Em 1906 numa fazenda do interior de So Paulo um casal, proprietrio da Fazenda Capim Dourado, descansa naquela tarde olhando da varanda o sol descendo no cu mansamente. Estavam comentando seus 9 anos de casamento e sem filhos. O que seria daquelas terras sem um herdeiro. Como seria sua velhice sem ter com quem dividir alegrias e preocupaes.Entre os gritos e os piados das aves que buscam o abrigo da noite ressoa o chamado de algum pedindo ajuda. pobre mulher que est para dar a luz a uma criana. Quem ser ela? De onde ter vindo? Como conseguira chegar at ali?No h tempo a perder, a jovem recolhida dentro de casa, as empregadas correm com ajudas improvisadas e a menina Jovina renasce nos braos de Monique e Andr, o casal de fazendeiros paulista, reunidos, agora, pela fora de antigos compromissos adiados na Frana.

Lio de casa

Ensina Andr Luiz: "todos os problemas criados por ns, no sero resolvidos, seno por ns mesmos."

13 - Desencontros do destino

Planto mdico

Guilherminho, 32 anos, nascido e criado em cidade do interior onde conhecido por todos. Fama de namorador, boa pinta, quando jovem, boa conversa e facilidades na vida que os pais sempre disponibilizavam para ele.Hoje, j conhecido como Dr. Guilherme, diretor da Santa Casa, obstetra, faz planto na maternidade 3 vezes por semana. No planto dessa noite est internada Zoraide, vinte e poucos anos, no fez pr-natal e informaram que passa a maior parte do tempo na rua, no tem residncia fixa e vive da caridade alheia. Na verdade, apesar do desleixo na sua apresentao ela mulher de traos bonitos, o que deve ter estimulado ser procurada por homens, sem escrpulos, que nunca a respeitaram.

O parto

Alta madrugada Zoraide est na sala de parto e aguarda a presena do Dr. Guilherme. Esse, agora a pouco, recebe um telefonema que lhe toma longos minutos no quarto dos plantonistas. Quando tem tempo para ir ver Zoraide essa est em situao critica, feito uma cesariana s pressas, mas, Zoraide vem a falecer na sala de parto.A criana torna-se o nico ponto de apoio para Dr. Guilherme que daquele momento em diante vai acompanh-la por muitos meses. Recebeu o nome de Celeste de tal. No havia sobrenome nos papis da me. A esposa do Dr. Guilherme sugere adoo, mas, a burocracia dificulta e Celeste encaminhada para uma famlia de Guarulhos.

As lembranas de Celeste

Quinze anos se passaram, Dr. Guilherme hoje mora em So Paulo, est separado da esposa e sofre de uma depresso crnica resistente a diversos medicamentos e tratamentos psiquitricos.Por sugesto de colegas, ele vai consultar mdica esprita treinada na realizao de regresses que exploram referencias sobre vidas passadas. Os primeiros dois meses de terapia seguem um ritmo tradicional com dilogo ameno e sem compromissos maiores. Aos poucos, estabelecido determinado grau de empatia, Dr. Guilherme, se entrega a reminiscncias que aos poucos lhe mostram episdios sugestivos de outras encarnaes. Ali aparece nosso Guilherminho, jovem piloto da aeronutica, conquistador inconsequente. Tem um relacionamento amoroso rpido com moa do interior que fica grvida.Desamparada ela faz uso de ervas para provocar o aborto e sofre morte angustiante intoxicada pelas drogas. Dr. Guilherme cai em prantos identificando nesse instante que Celeste essa moa, e, ele perdeu a oportunidade de resgatar os dbitos de sua cumplicidade quando ela cruzou sua vida como filha de Zenaide.

Lio de casa

O Homem comum tem uma viso imediatista acreditando na soluo fcil os seus problemas espirituais.Na maioria das vezes nos comprometemos uns com os outros por vidas, umas atrs das outras, gastando sculos na busca do resgate que recompe nossa jornada evolutiva.Peamos a Jesus o amparo, mesmo que imerecido, para no esperdiarmos nossos momentos de prova que possam significar nossa redeno.

14 - Emoo a toda prova

Rogrio e Adelaide fizeram um casamento simples para inaugurarem sua unio depois de um noivado feliz e carinhoso, um e outro se preenchiam em todos os detalhes, nos passeios, nas preferncias e nos mnimos desejos nada parecia ameaar o encanto dessa paixo.Dois anos depois Rogrio arruma emprego numa repartio pblica onde conhece Janete era casada, me de um rapaz problemtico que estava se envolvendo com drogas era Bruninho que passava os dias sem estudo ou trabalho, abusando de droga at que um dia vem a falecer nas portas de um pronto socorro. O casamento de Janete vai de mal a pior e ela aproveita ocasies favorveis para se insinuar com Rogrio. Ele permanecia obediente aos seus princpios morais.Adelaide fica grvida. Iria nascer Leonardo para encanto do casal. No final da gravidez soam os sinais de alarme a presso de Adelaide sobe muito e a eclampsia se instala acudida s pressas, mas, num hospital de poucos recursos, falecem Adelaide e Leonardo, levando Rogrio ao desespero irremedivel.Janete fora sua separao e volta a dar em cima de Rogrio a instabilidade emocional e a falta de vigilncia os faz se comprometerem com uma gravidez indesejvel nasce um filho com grave retardo Bruninho de volta.Esprito nobre, Rogrio aceita essa prova difcil e investe tempo e cuidados no tratamento multidisciplinar de Bruninho. Cinco anos depois Janete inaugura um quadro de esquizofrenia grave foi necessrio a internao e medicao pesada que levou a uma impregnao crnica que no a permitia sair mais do hospital psiquitrico.Cyntia, advogada jovem e talentosa, vai em busca de um documento importante e cruza com Rogrio na sua repartio pblica da a novos encontros que se repetiam foi um passo para que a afeio recproca os unisse em definitivo - Janete era para Rogrio uma mulher desequilibrada que ele no abandonaria, Bruninho era realmente um filho problemtico e ele se sentia altamente comprometido no seu tratamento e, agora, Cyntia era uma nova possibilidade de buscar a paz e o sossego que nunca lhe fora possvel.Da 4 anos Cyntia d a luz a uma princesinha os mesmos olhos de uma pessoa amada e conhecida de Rogrio era Adelaide de volta.Lies como essas se repetem aos milhares na parentela humana.

15 - Entre a Fazenda e o Hospital

1820 Rio de Janeiro:

No rastro dos bandeirantes, Diogo Santoro, herdeiro de volumosa fortuna da famlia, se estabeleceu no Rio de Janeiro para frequentar a Corte onde comprou seu ttulo de Baro. Seguro de suas posses e orgulhoso de sua nobreza comprou velha fazenda de cana onde implantou seu imprio. Ali era a autoridade soberana decidindo o destino de serviais que considerava a seu bel prazer como incompetentes ou desobedientes. Jovina servial idosa deixa quebrar a loua da cozinha ele manda queimar uma de suas mos com gua quente. Manoelzinho se descuida e duas vacas quebram as pernas no pasto, o Baro manda quebrar o p do faltoso. O escravo ditinho se perde na mata, mas, o Baro o julga foragido e ao ser encontrado condenado a um jejum de 7 dias. Um ndio pego roubando espigas de milho e o Baro manda afog-lo no tanque do curral. O corretor Soares veio receber a prestao do cartrio e o Baro ordena seu assalto na estrada de volta para o Rio de Janeiro.

1860 - Santa Casa do Rio de Janeiro:

Na enfermaria de indigentes est internado Diogo Santoro. O velho fazendeiro no resistiu as crises econmicas do Imprio em transio e sua fazenda vai a falncia. Agora, as dores na coluna, a falta de ar e os ataques cardacos no lhe do sossego.

16 - Exame de conscincia

Andrei Bulhes conversa com amigos num ambiente de descontrao enfatizando suas exigncias pessoais. No abre mo de seu rigor em cumprir todos os preceitos legais sem tergiversar. No admite concesses corrupo, no faz atalhos em sua conduta rejeitando privilgios em quaisquer circunstncias. No aceita o tal jeitinho brasileiro que interpreta como verdadeiras trapaas sociais. Procura cumprir suas obrigaes de cristo caridoso com todos, no permitindo, porm, abusos de quem quer que seja.No dia seguinte levanta apressado para o trabalho.Logo na sada a esposa pede para ele esperar que tem uma encomenda para ser entregue numa loja vizinha nosso Andr reclama e esbraveja deixando a esposa quase sem fala.Ainda no trnsito, o fluxo dos veculos interrompido e Andr se altera com o policial que lhe pede para mostrar os documentos.Chegando ao escritrio est a sua espera, abatido velhinho, que vem, de novo, pedir complacncia com o atraso no aluguel do imvel que Andr proprietrio. Dirigindo-se a secretria, Andr manda avisar que o caso j foi encaminhado Justia para cobrana, no tem mais nada a dizer ao pobre velho.Ao sair para o almoo houve problema na energia eltrica e ele destrata aos berros o ascensorista que pede a todos que se acalmem nessa emergncia.No meio da tarde a secretria avisa que a oficina ainda no liberou o conserto do carro que o filho bateu. Ele manda agilizar providncias para denunciar a oficina no PROCON.Logo depois recebe visita de um grupo de amigos pedindo sua adeso a um jantar beneficente para angariar fundos para uma casa de drogados. Ele deixa todos sem graa ao fazer comentrios desabonadores e agressivos aos usurios de drogas.

noite, em casa, a esposa entrega-lhe a correspondncia onde h um convite para ele receber uma homenagem de cidado exemplar, concedida pela Cmera de Vereadores do municpio. Para tanto, lhe pedem para publicao em ata, um resumo das suas vitrias pessoais, do seu histrico de vida e das suas principais aes de benemerncia.Andrei Bulhes se ps a recapitular como fora seu comportamento naquele dia que desastre, como agiu em total dissonncia com seus princpios.

Lio de casa

Somos sempre muito complacentes com nossas deficincias e supervalorizamos qualidades em ns que ningum alm de ns mesmos percebe.

17 - Fragilizando a garantia e atraindo a cobrana

Marlene e Rosinha conversam no telefone - Uma noticia aqui outra ali e Marlene comea a criticar a vizinha Genilda fala da roupa, do mal gosto das coisas da casa, at da cor das cortinas, da arrogncia nas festas e solta a lngua contando que a me de Genilda seria esquizofrnica, sempre escondida em casa ou internada em clnicas as duas partem para o deboche e ridicularizam a pobre mulher.As duas esto se comprometendo espiritualmente com a maledicncia cada uma tem sua famlia organizada, marido se esforando no trabalho, filhos frequentando escolas e nunca faltou alimento e recurso na casa das duas. Elas no imaginam que seu bom comportamento tem mantido em permanente vigilncia a proteo espiritual. Entidades ligadas ao amor fraterno acompanham e protegem as duas famlias nas doenas e dificuldades que todos enfrentam na vida. Mas, acabam de se comprometerem com a justia e tica divina. Deixam abertas as portas para o assdio de entidades to fofoqueiras e zombeteiras como elas. Ficam vulnerveis a receberem o troco com a mesma moeda.Mais dias ou menos dias as duas sero vtimas de escrnio pblico numa festa da famlia vo jurar inocncia e reclamar de injustia.

Fatos da mesma importncia ocorre nos diversos ambientes da convivncia humana...- O chefe que assedia a subalterna.- A patroa que humilha a empregada.- O scio que se apropria de dinheiro da firma.- O poltico que se corrompe.- A mulher que se vulgariza.- O marido que desmerece a responsabilidade do lar.- O aluno que burla as regras da escola.

Cada deslize ou desrespeito ao prximo fragiliza nossa proteo espiritual suspendendo nossas defesas contra o assdio de obsessores que passam a ter direito de nos cobrar o que tomamos dos outros.

18 - Fragmentos com Chico Xavier

Penso que Uberaba foi pega de surpresa quando o Chico Xavier muda de Pedro Leopoldo para nossa cidade no incio dos anos 60. Meu pai serviu de construtor para acomodar o mdium na sua primeira casa l nas vizinhanas do aeroporto lugar descampado, difcil de ir, sem conduo, at sem iluminao adequada, mas, mesmo assim, ns o visitvamos e a conversa, ouvindo suas histrias, iam at alta madrugada.Estvamos em trs pessoas nos despedindo, minha me, eu e uma senhora que a memria no me favorece lembrar quem era. Chico nos segura assenta ao lado de uma mesinha e pede para ler uma pgina evanglica antes de sairmos enfrentar a escurido do lugar dava certo medo. Abrindo o livro Chico l no atirai prolas aos porcos.Aquela senhora faz um comentrio rpido e minha me se dirige ao Chico dizendo: Chico, qual sua opinio? O que Jesus quis dizer nessa lio? Tem gente que no merece receber as lies de Jesus?Ele ento nos responde: ouvindo Emmanuel ele nos ensina que para tudo tem o seu momento certo, falar do evangelho para algum que sofre no deserto no tem sentido, eles precisam nesse momento de gua.O mdium ento me surpreende, olha-me e diz que queria ouvir minha opinio.No sei de onde eu tirei essa verso para o texto bblico. Chico, que me perdoem Jesus e Emmanuel, acima deles est Deus que nos envia Terra no colo de uma me. Voc pode conferir na porta das prises, elas esto sempre l. Os filhos rebeldes, malfeitores, doentes sociais, so todos culpados pela perversidade que disseminam. Mesmo assim, aquelas mes juram pela inocncia deles. Dizem que foi por m companhia, que foi por descuido, que foi s aquela vez, que no fundo eles so bons, os deixemos de novo em seu colo de me. Ningum mais continha as lgrimas nesse momento e o Chico me segura pela mo dizendo que h 10 anos no recebia a visita espiritual de sua me biolgica e, ela estava ali naquele momento nos inspirando.

19 - Hospital So Vicente

Em So Paulo:

Na ala feminina do hospital psiquitrico est internada Maria Margot, tem 32 anos e est passando por sua quarta internao esse ano. No Hospital So Vicente trabalha a Psiquiatra Dra. Carmem Biase Jimenes que a acompanha nos ltimos 15 dias. Margot vai repetir mais uma vez sua histria sempre contada num clima de muita emoo. Constrangimento, culpa e desespero.Aos 16 anos ela comeou a dormir mal, rendia pouco nos estudos, perdia o interesse por se cuidar, deixava os cabelos desalinhados, o quarto em desordem e aos poucos se via abandonada pelos amigos.Os pais no conseguiam atinar o que se passava com ela. Intimamente Margot via-se envolvida em pensamentos torturantes que a deixavam tremendamente intranquila.Ela comeou relatando para a Dra. Carmem, a sua capacidade para fazer premonies penso eu, que para qualquer um de ns isso poderia parecer simples e at interessante quem no gostaria de saber o que est para acontecer no futuro prximo?Entretanto, Margot pode ter pr-cincia de que um parente est para chegar, um amigo se envolver em um acidente, a colega de classe est para adoecer seriamente e isso traz Margot, uma sensao inquietante, que a faz sofrer at que os fatos se confirmem sem maiores consequncias... Com intervalos de anos essas premunies continuaram a perturbar Margot a Dra. Carmem anota tudo e marca para amanh sua prxima conversa.

20 - Hospital So Vicente segunda entrevista

As premunies

Dra. Carmem Biase ouviu Maria Margot pacientemente, anotando relatos de suas premonies e o sofrimento que elas lhe provocavam. Na opinio da competente psiquiatra essas imagens eram apenas frutos da grande ansiedade que acompanhava Margot em toda a sua vida seus pensamentos eram ricos em histrias, fantasias e ocorrncias dramticas os relatos que eventualmente coincidiam com futuros acontecimentos, Margot, interpretava-os como acertos nas suas premonies mas, a nobre psiquiatra rejeitava essa hiptese.A paciente tem mais coisas a contar: ela entrou para a Faculdade no Curso de Histria os velhos livros da biblioteca e as histrias dos movimentos revolucionrios na Europa, especialmente no Sculo XVIII a prendiam por dias seguidos de leitura.

As alucinaes

Margot ia muito bem na Faculdade quando novos fenmenos comearam a lhe incomodar: ao aproximar-se de certos colegas ela parecia sentir-se envolvida por sombras povoadas de rostos no comeo achou que era o cansao das leituras e, depois, notou um fato interessante: as ocorrncias eram seletivas aconteciam apenas com pessoas que lhe pareciam invejosas ou agressivas tudo comeava com forte sensao de cansao, dores nos msculos, as vezes parecia ter febre, manchas no corpo e, de repente, vinham as vises eram rostos fugidios, apareciam na frente, atrs, dos lados, iam e vinham perturbando a conversa entre ela e os colegas. Com o passar do tempo via-se em sonhos repetindo as mesmas vises.Algumas vezes Margot era levada ao ambulatrio mdico da Faculdade e, aps avaliada, inclusive com exames de laboratrio, o clnico de planto dava seu diagnstico - doena psicossomtica, histeria, pnico e doena imunoalrgica.

21 - Hospital So Vicente terceira entrevista

A calma das primeiras entrevistas no a mesma. Maria Margot passou uma noite muito inquieta so as lembranas antigas que esto voltando tona a partir dos 23 anos Margot passou por episdios de total desassossego. Nada dava certo, perdia objetos e documentos, esquecia compromissos, seu comportamento era bisonho, incompatvel com seu nvel cultural, tomava decises sabidamente irresponsveis e de consequncias desastrosas para ela. Vendia coisas pessoais por valores ridculos, aceitava encontro com grupos desconhecidos, assumindo comportamentos sexuais de risco.Margot deixou de ser Margot, no era mais a mesma, nunca respondeu em voz alta e agora est intolerante e reage mal a solicitaes amigveis dos colegas. Margot parece possuda, dominada por qualquer coisa muito estranha, sua personalidade outra. Confessa que no usa drogas e diz ter pouca lembrana do que faz fora de casa. Seu quarto est em desordem, suas roupas gastas e sem reformas, seu cabelo, unhas e maquiagem ha tempos no so mais cuidados.Na Faculdade, Margot, polemiza com os professores, defende penas e punies rigorosas para corrigir toda sociedade.Essa Margot s volta ao que era quando recebe o socorro da me - ambas viajam para o interior e, duas a trs semanas depois, ela volta recuperada. Esse quadro que anarquiza sua personalidade foi se repetindo com mais intensidade provocando internaes em clnicas psiquiatras de urgncia e registros em boletins policiais foi dopada com medicamentos por diversas vezes, catalogada como Esquizofrnica ou Bipolar nos registros psiquitricos.

22 - Hospital So Vicente quarta entrevista

Acomodada diante de Margot a Dra. Carmem Biase Jimenes faz uma reviso do pronturio psiquitrico de sua paciente enquanto internada o relacionamento entre as duas foi o melhor possvel apesar de crises emocionais sofridas por Margot nessas ocasies passava por uma mudana dramtica, at suas feies eram outras, ficava agressiva, arrogante, com respostas prontas, senhora de si - ao mesmo tempo, no se dava conta de seu desalinho, ferimentos no corpo que no sabia dizer como aconteceram, olheiras e secura na boca, chegava a passar o dia inteiro sem se alimentar e dormir era um estado muito semelhante ao surto manaco dos bipolares.

Em resumo, a Dra. Carmem tinha anotado no seu pronturio mdico: transtorno esquizoafetivo.Margot comeou muito jovem a ter premonies frequentes vrias se confirmaram, mas, a rigidez acadmica da nossa psiquiatra no a permitia aceitar facilmente essas coincidncias ficou muito claro para a Dra. Carmem que essas sensaes eram extremamente penosas e desgastantes para a paciente causavam-lhe um tormento psquico difcil de ser suportado.Entrando na Faculdade, Margot desenvolve um quadro histrico alucinatrio ela passa a ter vises e sensaes subjetivas de antipatia em relao a certos colegas ela descrevia vises de rostos fugidios que a apavoravam eram personagens de um filme que a ameaavam.Depois vieram os surtos delirantes nos quais a personalidade de Maria Margot parecia ser outra delicada e inteligente passa a ser dominadora, exigente, propositadamente desleixada, inconsequente, irresponsvel, envolvendo-se com acontecimentos policiais. Nessas ocasies foi socorrida nos plantes de emergncia da psiquiatria com o diagnstico de surto manaco ou esquizofrenia.A Dra. Carmem estava com dificuldade em firmar um diagnstico: como justificar premonies, vises de rostos, mudana radical da personalidade era uma fenomenologia muito rica, mas confusa para um diagnstico psiquitrico, foi quando a mdica decide pedir ajuda para seu colega Dr. Joel Munhoz especialista em hipnose essa paciente, de certa maneira, estava afetando muito sua mdica sem saber explicar porque, a Dra. Carmem, estava se desequilibrando emocionalmente diante de Maria Margot.

23 - Hospital So Vicente quinta entrevista

A Hipnose

As trs poltronas esto prximas acomodando confortavelmente a Dra. Carmem Biase, o Dr. Joel Munhoz, especialista em Hipnose e Maria Margot que ser induzida por ele a um transe sonamblico.Calmamente o Dr. Joel a faz ir resgatando memrias da infncia. Passa a limpo episdios que possam representar para a criana um momento de terror, aflio, perdas significativas, agresso, assdio, abandono, rejeio, cime doentio, sensao de perseguio.Margot muito receptiva s sugestes do Dr. Joel e no teme abrir-se colaborando nas descries de cenas que lhe ficaram nas lembranas do passado ela mesma se surpreende com a riqueza de detalhes que consegue contar como se narrasse um filme se incio nada em particular se destacou em seus relatos.Seria desnecessrio algum comentrio nosso porque logo a seguir Margot parece cair em sono profundo, muda suas feies, tem-se a impresso de estar possuda e surpreendentemente comea a narrar com uma voz rouca e murmurante:

Na Europa

Est em Paris no meio do tumulto de uma revoluo, as perseguies so violentas, poucas famlias foram poupadas o reinado est para se desfazer. Um filme parece rolar de traz para frente ela primeiro se v num casebre imundo, toda suja, agredida por desconhecidos que a chamam de traidora, tudo sombrio e no ha como saber onde est. Aos poucos vai lembrando-se de uma lista de nomes de antigos amigos da corte que ela forneceu aos revoltosos. Foi com essa delao que ela conseguiu seu salvo-conduto para fugir de Paris.Horas antes, com os preparativos para aprontar a carruagem que vai lhe transportar para Vnissieux nas proximidades de Lyon, uma senhora aflita lhe bate porta. Est junto dela uma menina de 12 anos que a me implora para ser levada com ela para fora de Paris, fugindo dos revoltosos. Ali, em Lyon, uma tia vai receb-la para cuidar da sua educao num colgio de freiras. Essa menina Carmem, sua filha nica.A sesso termina a Dra. Carmem a psiquiatra de Margot a mesma menina Carmem, salva da revoluo francesa por Margot e os tormentos da paciente esto ligados s vtimas que ela indicou para os revoltosos.

24 - O Dimas na fila do Chico Xavier

Antes da reunio o Chico ia atendendo um por um dos que se alinhavam naquela fila at sua mesa. curioso de se notar que nas filas l em Minas Gerais ningum tem pressa. Qualquer um pode alegar questo de horrio e passar na frente. O que todo mundo queria ficar vendo o Chico mesmo que ali de longe na fila de espera. No dia seguinte cada um tinha um pedao de histria para contar, ouviu isso ou aquilo do mdium, uma revelao, uma mensagem, um carinho especial. Eu sempre repeti: uma coisa falar do Chico distncia, outra estar perto dele e se envolver na sua vibrao e no contedo dos seus comentrios despojados.Meus colegas de Faculdade sabiam que eu era esprita e, o Dimas veio tirar sarro, fazer chacota dizendo: Aquilo tudo mentira, hoje a noite vou jogar pedra no telhado da casa dele e amanh vo falar que tinha Esprito se comunicando.Dimas, pelo menos voc vai l e conhea o Chico de perto.Estudante de medicina, vindo de uma cidade Tringulo Mineiro, vizinha de Gois, Dimas era um humilde desconhecido em Uberaba. Ento, porque no ir ver o Chico, e um dia estava ele na fila.Raramente acontecia isso, mas, dessa vez, vrios testemunharam o Chico fazendo um sinal pedindo para o Dimas se aproximar.Meu filho, sua professora Adelaide me encantou pela beleza, uma pele clara, os cabelos loiros, ela manda lhe dizer para voc no se preocupar com a doena da sua me porque os exames que ela acaba de fazer em Belo Horizonte deram normais.Impossvel descrever a reao de espanto do Dimas casos como o dele era frequentes l no Chico...

25 - Os caminhos da roa

L na roa

O vai e vem dos pees, as viagens da carroa de milho, do caminho do leiteiro, do caminhar das mulas que trazem as encomendas da cidade, vo marcando o solo criando caminhos.Os anos se passaram e at hoje para ir de um lado para o outro seguimos as mesmas trilhas de antigamente - tropeamos nas mesmas pedras, subimos os barrancos, ultrapassamos os veios d'gua e nos esfolamos nas mesmas quedas.

No crebro de um bebezinho

Ele est repleto de neurnios - quando sua me canta, seu irmozinho joga uma bola, a professora o ensina a pintar, l na televiso as crianas brincam, o pai o leva num passeio de carro - a cada estmulo novo, um conjunto de neurnios mobilizado - so criadas redes de conexes neurais.

O efeito dos estmulos

Repetindo a mesma tarefa, haver uma tendncia da mesma rede de neurnios responderem ao estmulo. "Neurnios que disparam juntos hoje tendem a dispararem juntos no futuro". Isso a essncia do aprendizado. Freud teria adorado essa afirmao proposta por Donald Hebb em 1949.Uma criana leva um susto com o barulho de um brinquedo. Quando cresce, ela no se lembra mais do barulho, mas, rejeita pegar no brinquedo sem saber por qu. Aquele conjunto de neurnios que a criana estimulou na primeira ocasio reproduz a situao quando no futuro o mesmo estmulo se repete - a mesma rede de neurnios mobilizada. como seguir os mesmos caminhos da roa.

Nossos medos

O medo de chuva, a incapacidade para dirigir, a raiva da cunhada, o nojo da comida e a tristeza que aquela msica provoca, so repeties das mesmas redes de neurnios que no passado construmos para ns mesmos.Esse tipo de recordao est ligada a nossa "memria implcita" - ela no requer a participao da conscincia - resumidamente, podemos dizer que em nossas experincias do dia-a-dia, estamos desenvolvendo comportamentos e gerando emoes a cada imagem que a vida nos apresenta.Imagens, comportamentos e emoes andam sempre juntas.Costumo dizer que no gosto tanto assim da cidade onde nasci - gosto mais das lembranas que seus lugares me despertam.

O corpo fala

Esse tipo de memria (implcita) no se refere apenas a situaes externas. Experincias vivenciadas pelo nosso corpo criaro conexes neurais que hoje esto respondendo a um estmulo e, no futuro, repetiro os mesmos caminhos. O carinho de um abrao numa criana ou as palmadas que a violentam marcam tambm o seu corpo.A maneira como respondemos hoje a dor de uma queda, de uma picada de injeo, ao corte de uma cirurgia, ao peso de uma dor nas costas, tem muito a ver com essa histria na infncia.Nosso futuro fica mais ou menos escrito nas redes de neurnios que construmos ontem e hoje.

26 - Para quem gosta de histrias da medicina e histrias da vida

A Igrejinha de Santa Rita

Chamavam Uberaba de a cidade de 7 colinas e no alto de uma delas, de onde se pode ver o Mercado, Santa Rita foi homenageada com uma igrejinha construda com a simplicidade do nosso perodo colonial. Nas suas escadarias singelas j fui surpreendido namorando a Maria Joana, enfermeira do nosso chefe de cirurgia eram artes que a gente faz quando tem 20 anos final de 1960.

O Hospital das Crianas

Quero destacar que foi o primeiro hospital infantil do Brasil, construdo pelo Rotary Club que meu pai frequentava.Saindo da Faculdade de Medicina caminham-se uns tantos quarteires, subimos a ladeira da igreja Santa Rita e, pronto, estamos no Hospital das Crianas. Eu estava l, aproveitando as frias do segundo ano da Faculdade. Meu pai me queria como pediatra, mas, naquela manh de quinta feira o Pepinho, colega de turma, me levou at ao Hospital So Jos para assistirmos as cirurgias. Estvamos na sala dos mdicos quando a enfermeira chefe entra avisando que o Dr. Guerra, neurocirurgio, iria precisar de um auxiliar para fazer uma cirurgia numa criana de 3 anos. No me dei conta que todos os alunos saram apressados, sobrando somente eu na sala.

Hospital So Jos

No maior susto do mundo, da meia hora, estvamos s Dr. Guerra e eu na sala de cirurgia, preparando a criana para ser operada uma cirurgia que ia durar 15 horas e, s a, me dei conta porque todo mundo fugiu da sala dos mdicos. Era um tumor no cerebelo, a paciente seria operada de barriga para baixo.Pasmem, naquele tempo no existia anestesista, o Dr.Hirogi e o Dr. Wandir, ambos da cirurgia geral, vieram para se revezarem no papel de anestesistas.O trabalho neurocirrgico minucioso, horas seguidas lidando num nico ponto do tumor, as horas passam e a gente j no percebe as pernas, as costas ficam adormecidas e a viso no enxerga mais nada dos lados, os olhos no podem desgrudar dos vasos que sangram. Altas horas da noite o banco de sangue j est fechado e a criana precisa de mais transfuses.No se espantem com o que eu vou lhes contar: foram chamados os dois alunos do planto noturno o Ivo e o Hiroshi. Um por vez deitou numa maca ao lado da criana e com uma seringa alem era aspirado o sangue do aluno e empurrando a seringa esse sangue ia para a veia da menina.Alta madrugada terminamos a cirurgia exaustos, eu querendo um cho para deitar, no precisa nem cama, me deem pelo menos um tempo para descansar as pernas.Impossvel esquecer essa experincia extenuante e a lio que aprendemos a seguir. Relaxamos, e deixamos o anestesista virar a paciente - nesse momento ela tem uma parada cardaca e morre ali na nossa frente.Passei o resto da vida lutando para empurrar essa morte para longe dos pacientes que eu fui operando depois.

27 - Passaporte para renascer

Os preparativos

Nas vizinhanas da capital mineira existe uma colnia na espiritualidade onde se abriga um grupo de candidatos ao renascimento. J se vo 3 exaustivos anos de cursos, terapia comportamental, reviso de vidas passadas, opes de datas, escolha de familiares sintonizados com o projeto de cada interessado. preciso ajustar a possibilidade de doenas inesperadas, acidentes imprevistos e recursos financeiros.De uma forma ou de outra, o perspirito de cada aluno traz as sequelas de abusos de encarnaes mal aproveitadas e tudo isso dbito em conta no passivo pessoal de cada um que vai exigir reajuste.O trabalho psicolgico intenso. Para todos, necessrio dominar os medos, lutar para vencer os sentimentos de culpa, repetir lies para no carem nos mesmos desatinos e se firmarem o mais cedo possvel nas orientaes de Jesus.Praticamente todos tero, de um jeito ou de outro, a oportunidade de conhecerem a Doutrina Esprita.

A pr-seleo

Saulo Fernandes, Esprito nobre, esboando extrema serenidade, ir entrevistar a cada um deles, ouvindo pedidos e promessas.

Os candidatos

Terezinha AguiarFoi bailarina em casa noturna, sofrendo humilhaes e abusos. Agora pede para nascer na pobreza do interior da Bahia, onde implora a possibilidade de ser uma simples lavadeira, daquelas que se ajoelham na barranca dos rios lavando a roupa de famlias abastadas.

Agenor MarianoFoi farmacutico humilde na periferia da cidade e, agora, ter a oportunidade de ser sanitarista na capital mineira. Expe a Saulo os seus temores, seus medos, sua insegurana e pede ao dirigente um pouco mais de prazo para se preparar melhor. Voltar a Terra enfrentando seus desafios sempre uma temeridade mesmo para os que reprogramam cautelosamente sua reencarnao.

Consuelo LinharesEst aflitssima, reclama que no suportar de novo aquele monte de filhos. Afinal, foram eles que no permitiram que ela tivesse uma vida melhor na capital mineira. Sempre a condenaram por t-los deixado com as avs e, no suportaria cuidar de crianas outra vez.

Marta Constantino de JesusExige pressa - afinal o esposo, Lencio Amaral, j reencarnou e ele no sabe se cuidar sem ajuda dela - sempre quem cuidou de tudo foi Marta Por sua vez, ela exige uma definio mais clara de quem ser sua famlia no suportaria a pobreza antes de reencontrar Lencio.

Jovita CortezTambm tem muita pressa as dores no peito incomodam, as pernas que no obedecem, a cabea sempre atordoada, acorda em sobressaltos quem sabe um novo corpo a livra de tanta doena. No sabe como vai se virar sem escravos e pagar empregados sem garantia de recursos financeiros praticamente impossvel.

Cludio Jos LoboFoi sacerdote na ultima encarnao envolvendo-se gravemente em ligaes amorosas. Hoje, pede para ser encaminhado a uma instituio infantil de benemerncia, onde possa aprender com a orfandade a valorizar a famlia.

Jos Barroso CoelhoComprometido com o alcoolismo solicita a oportunidade de resgate numa enfermaria onde desde criana padea atrs de um transplante de fgado.

Manoel FrancosoSem controle, embriagado, fez vrias vtimas num atropelamento, vindo a falecer entre as ferragens do caminho que dirigia. Implora para nascer cego e, se possvel, com a possibilidade de trabalhar como fisioterapeuta entre paralticos.

Lio de casa

Anotando o pedido de cada um, Saulo Fernandes, ergue-se e pronuncia para todos as palavras do Mestre:Quem quiser vir at a Mim, tome de tua cruz e siga-Me.

28 - Prisioneiros

Bandidos, ladres e assassinos esto trancafiados atrs das grades com penas duradouras para resgatar seus crimes. Quatro, cinco, quinze anos de sofrimento. Outros, porm, se aprisionam vitimados por si mesmos.

Joo Macedo guarda at hoje a escritura das terras que tomou do seu Candinho cobrando dvidas de negcios. Foi cruel e inflexvel, mas, nessa hora, defendendo os seus interesses particulares, achou que no podia amolecer.Os anos passam cleres e o nosso fazendeiro no soube mais de quaisquer notcias do seu Candinho que teve de se arrastar com mulher e filhos para o interior da Bahia tentando sobreviver.Algumas vezes, Joo Macedo sentia-se incomodado por um lampejo de remorso que passa-lhe pela cabea, mas, agora, no h mais o que fazer. J se vo quinze anos nessa tormenta.

Mariana e Jacira eram irms inseparveis. Casaram juntas e mantiveram sempre a aproximao carinhosa. Quando uma adoecia a outra acudia. Quando uma viajava a outra substitua vigiando os sobrinhos.Com a morte dos pais foi necessrio dividir a herana.Marido de uma, marido de outra, filhos crescidos interessados em dinheiro, contas, reformas da casa, impostos e advogados viraram conversa nova para quem s falava de coisas de casa e da vida simples de antigamente.Uma palavra aqui outra ali, mal entendidos, desculpas, protelaes e acordos. Tudo isso vai afastando cada vez mais as duas irms. Nem um lado nem o outro ficaram satisfeitos com as partilhas dos bens paternos e, ressentimentos foram brotando e crescendo sem controle.J se vo cinco anos de desencontros, aprisionando as duas em desavena que nunca houve antes.

Dr. Ronaldo saia tarde do escritrio de advogado. Pacientemente a esposa fazia os filhos suportarem a demora para jantarem juntos no iniciar da noite. Dava tempo para uma conversa rpida pondo em dia as necessidades da casa e o comportamento peralta dos 3 meninos do casal.Raramente tinham tempo para frias. A correria aumentava, a clientela crescia e os atrasos se espichavam. Os meninos, entrando na adolescncia, exigiam pulso mais firme que a me no dava conta. Essa mistura de muito trabalho e muita cobrana familiar desestabilizava o controle emocional do Dr. Ronaldo. E, justamente num momento dessas reflexes lhe procura uma cliente jovem, relatando aflies e desamparo. O que uma fala o outro compara com sua prpria angstia. Em pouco tempo as trocas afetivas tem incio, e, como tantos outros casos parecidos, o Dr. Ronaldo separa da esposa sem se dar conta do desastre que estava causando dentro da prpria casa.Quinze anos depois, martirizado por traies da nova companheira, procura notcias do destino dos filhos que nunca mais viu.

Aqui e ali o ser humano vai tecendo seu destino tomando atitudes jamais pensadas antes elas, entretanto, podero torn-los prisioneiros por muito tempo, deixando-os a espera de novas oportunidades que a Misericrdia Divina vai caridosamente providenciar para seu resgate.

29 - Professor Sanvito

Ele costumava dizer que o melhor mtodo de aprendizado voc esfregar seu crebro no crebro de quem sabe mais. uma metfora perigosa, cada crebro tem contedo prprio e nem tudo que do outro nos convm.Dr. Sanvito de um talento impar para dar aula daquele tipo de professor que aprisiona a ateno do ouvinte - neurologista da velha guarda (Santa Casa de S.P) que conviveu e, assim como eu, aprendeu muito de semiologia neurolgica com o Professor Julio (considerado um dos melhores do mundo pelo Professor Gastaut de Paris) fui seu assistente durante 7 anos na Unicamp vindo a substitu-lo em 1973.Certa ocasio o Dr. Sanvito veio nos dar uma aula A Neurologia das mos so muito poucos os mdicos que teriam a competncia para falar durante uma hora sobre a anlise neurolgica da mo, dos gestos que se faz com elas, das paralisias dos nervos da mo, de suas atrofias, de deformaes congnitas, o quanto a gentica as compromete, dos seus tremores delicados que o lcool melhora ou, dos tremores grosseiros que a carne piora, dos trejeitos patolgicos, das posturas histricas, dos Tics, das distonias, das atetoses quando a mo se enrola sobre si mesmo, das corias que fazem a mo danar ou ordenhar leite quando aperta a mo dos outros. A mo que condena, que agride, que acaricia, que denuncia, que abenoa e as mos que desprezam ou aquelas que perdoam, as mos de Eurdice postas em splica antes que Gumercindo enraivecido a mate.

30 - Profisses e resgate

O Mdico

Dr. Silas cirurgio de trax na equipe de um hospital tradicional de So Paulo. Duas ou trs cirurgias por dia, abrindo pulmes e coraes. A jornada exaustiva, mas, j se vo mais de 20 anos praticamente sem frias.Sua memria atual no lhe permite recordar suas batalhas como lanceiro nos campos de guerra nas tropas francesas. Rasgava o trax do inimigo no manejo certeiro da lana.Hoje ele salva pessoas com ferimento no trax.O Professor

Seu Armando Torrinha, foi dedicado professor de portugus e matemtica na cidadezinha de Bom Jesus. Um bando de meninos que lhe batiam a porta para cursinhos preparatrios - naquele tempo havia um exame de admisso entre o primrio e o ginasial e muita gente corria ao professor Torrinha para se aprimorar nos testes que as provas exigiam.Alguns sculos antes, na Franca medieval, o seu Torrinha professava uma seita que desviava crianas e jovens para prticas de falsa mendicncia.Hoje, o educador professa uma religio crist e excelente professor de adolescentes.

O Engenheiro

Dr. Ronaldo Silveira, engenheiro contratado pelo servio de estradas de rodagem. Uma temporada em cada cidade sobrando muito pouco tempo para a famlia, Est sempre s voltas com novos projetos construindo pontes, desvios, trevos e viadutos.Nas longas viagens das cruzadas espanholas o Dr. Ronaldo comandava a derrubada das casas a cada batalha que seu exrcito conquistava. Estradas, pontes e casas eram postas ao cho, sua oportunidade de resgate est se cumprindo agora no interior de So Paulo.

A Farmacutica

O Bairro da Moca em So Paulo abriga antiga farmcia de manipulao cuja confiana foi conquistada pelo trabalho incansvel de Dona Alzirinha.Muita febre, dor de cabea, clicas, intestinos preso, urina solta, vmitos biliosos, lombalgia, sinusite, m digesto, pedra nos rins j foram acudidas por Dona Alzira.Eram poes que no exigiam receita medica, mas, eram infalveis.Entre a Alzira que conhecemos hoje e a Dolores viveu na corte espanhola haviam decorrido sete sculos. Dolores nessa poca era procurada para produzir poes farmacuticas de finalidade duvidosa: eliminar adversrios, atrair um amor pretendido, afastar a rival, realizar um bom negcio, receber ttulos ou ganhar um bom cargo pblico.O sofrimento que causava como Dolores no passado, transformou-se em cura no boticrio de Alzirinha.

O Psiclogo

Padre Damiaozinho adorava um segredo. Na igreja de Diamantina, o que no faltava naquele tempo eram confisses recheadas de intrigas e fofocas. E, nosso padre, adorava plantar uma semente aqui ou dar um pontinho ali. Costurava as verses e plantava os fatos com o texto que lhe convinha. Entre um caso de amor e outro Damiaozinho emitia julgamento e condenao. Nas disputas polticas ele preferia sempre ser do prprio partido do ouvinte. Em partilha de herana ele no permitia que a igreja ficasse de fora.Hoje, um prdio alto de Belo Horizonte abriga uma belssima clnica de psicologia. Dr. Nogueira, cursou psicologia, fez doutorado em Barcelona e especializado em terapia de casais. No sabe explicar porque sua clientela procedente de Diamantina to grande. Foi um casal de parentes do prefeito que o procurou de incio e, da em diante sua fama se alastrou na cidade.Com aconselhamento, distribuio de pacincia e tolerncia, ele vai costurando unies rompidas.

Lio de casa

Diz Andr Luiz que somos todos enfermos de assistncia recproca. Em todas as formas de tratamento, o prprio terapeuta quem mais se beneficia.

31 - Recompondo o passado

Ano de 1375

Numa antiga aldeia portuguesa entre Coimbra e Lisboa, Eullia estava prometida em casamento para Diogo Silva, proprietrio de uma rica gleba de plantao de oliveiras. Silva era 20 anos mais velho que Eullia, moa jovial, festeira, cujo corao havia se enamorado anteriormente por Jos Antnio das Rosas, auxiliar de servios gerais na marcenaria do pai.No aceitando o destino que a famlia traou sua revelia, Eullia e Jos Antnio arquitetam um plano de fuga. Era possvel, naquele tempo, fugirem para a Espanha e levarem uma nova vida sem serem incomodados - bastaria um pequeno descuido dos pais e Eullia poderia por seu plano de fuga em prtica. Entretanto, temerosa de alguma vingana por parte de Diogo Silva, ela consegue, com a ajuda de pessoas inescrupulosas, derramar poderoso veneno numa taa de vinho de Diogo, que tem suas vsceras corrodas com grande sofrimento produzindo-lhe a morte imediata.

Ano de 1806

Cidadezinha no interior da Frana, onde a Misericrdia divina favorece uma oportunidade de recomposio do passado. Famlia abastada tem rica plantao de uva, onde trabalham juntos os 3 filhos. Esto reunidos, nessa nova roupagem, 3 irmos que so nossos personagens do passado: Eullia, Jos Antnio e Diogo Silva.A infncia e a juventude transcorreram rpidas afetadas apenas por atritos de cimes entre Eullia e Diogo. Por interesses comerciais Jos Antnio viaja para a Amrica a negcios e, dois anos se passam sem que ele d qualquer notcia. Noite chuvosa, os pais de Eullia e Diogo sofrem acidente fatal numa estrada traioeira que escondia buracos na pista.A maquinao do passado distante ainda permanece impressa nas memrias de Eullia. Esse Esprito ainda no se libertou de tendncias perturbadoras que marcam sua histria de vida na encarnao anterior. Confirmando que, mesmo sem que a conscincia se d conta disso, ns somos sempre herdeiros de nossas boas e ms tendncias.A ndole criminosa de Eullia se manifesta outra vez e, de novo, ela elimina Diogo Silva para ficar com toda fortuna da herana paterna.

Ano de 1948

Bairro pobre do Rio de Janeiro pai e filha esto atentos leitura do evangelho em humilde centro esprita. Ali esto Jos Antnio e Eullia. A mocinha com 19 anos rf de me que faleceu num parto traumatizante. Eullia sofre de um retardo que exige constantes consultas em clnicas especializadas. Est sendo reeducada devido a uma paralisia cerebral, com um transtorno psquico grave. Faz uso de medicao para ajuste de um comportamento impulsivo, com perodos de extrema agitao. Sofre de convulses que os remdios em doses sonolentas ainda no conseguiram controlar.No centro esprita que frequentam, uma manifestao medinica inesperada faz uma revelao surpreendente. Diogo Silva, exigindo a vida de Eullia. Est ciente da autoria dos dois crimes que ela arquitetou, descreve o que ela fez para mat-lo duas vezes e o perodo de perseguio que por sculos vem conduzindo contra Eullia.

Ano de 2005

Num Hospital Universitrio no interior do Brasil a equipe cirrgica reunindo mais de uma dezena de mdicos est terminando um procedimento complexo e arriscado. Est separando duas crianas que nasceram unidas pelo trax. So Eullia e Diogo em mais um dos seus encontros dessa vez unidos compulsoriamente pela Justia Divina.

Lio de casa

Quatro encarnaes traumticas agravando compromissos, acumulando dbitos com a Justia Divina.Por mais chocante que possam parecer, esses relatos aqui registrados, so histrias compartilhadas em vidas pregressas de todos ns.Apesar do tamanho do dissabor, redobremos nossa disposio de atendermos a palavra de Cristo: "reconciliai primeiro com seu adversrio."

32 - Resgate e salvao

Cadeira de rodas

Seu Angelino era conhecido como muito vaidoso e perdulrio. Com emprstimos comprava tudo que queria, at um dia que a queixa dos credores era tanta que ele corria o risco de ir para a cadeia. Desesperado e sem recurso, Angelino, se atira nas rodas de um trem urbano. Anos depois de muito sofrer e implorar conseguiu renascer sem escutar e sem poder andar.

Com vlvulas na cabea

Rosenilda no se cansava de falar. De casa em casa era um vizinho ou um parente que ela punha para escutar. Nunca se cuidou do que no dizer para no machucar. No poupava ningum, nem mesmo suas irms. Tanto plantava que at casamento conseguiu desarranjar. Inimizade aos montes. O tempo passa e, noutra vida, est a Rosenilda no vai e vem de hospital em hospital - tem hidrocefalia, a cabea agora oca tem mais gua que miolo.Perdeu a memria

Comendador Flores tinha terras, gado e muito dinheiro. Para um filho prometeu ajuda para estudar. Para a filha ia dar uma casa para morar. Na Santa Casa deixou recado que ia levar sacarias de mantimentos. O pobre do Manezinho era o vizinho doente que ele ficou de visitar e levar os remdios que precisar. Mulheres da igreja pediam donativos para a caridade e ele prometia ajudar. Passando de uma vida para a outra o seu Flores agora vive esquecendo tudo que ouve sofrendo de Alzheimer.

A danarina de rua

Leocdia tinha sempre um pretexto para humilhar. Era a dona do castelo e se sentia no direito de aprovar ou condenar. Nunca perdeu, porm, a oportunidade para expor um ou outro convidado ao deboche e desconsiderao. Criticava a roupa de uma, o penteado de outra. Menosprezava a inteligncia de uma autoridade. Ridicularizava a pobreza de algum de renome que "esbanjava" dinheiro na caridade. Fazia desfilar a criadagem humilde para esnobar a firmeza com que mandava. Vidas depois, Leocdia est na cidade de Bom Jesus, percorre as ruas maltrapilha, balanando braos e pernas, fazendo caretas e falando de soquinhos. Na Santa Casa disseram que ela sofre de Coria, diz o mdico que a dana de So Guido. No por isso que ela merea ser achincalhada pelos moleques da rua que a seguem imitando os seus trejeitos.

33 - Um chefe rigorosssimo

No se v mais aquele tipo de mdico/professor como Rolando Tenuto, do Hospital das Clnicas em So Paulo 1965. Caminhava pela enfermaria seguido por aquele cortejo de assistentes logo atrs alguns at mais velhos que ele, mas sempre lhe mantendo respeito e distncia havia uma hierarquia rgida para falar com ele, nesse ano eu estava no fim da fila.Tudo, porm, se transformava na hora de uma cirurgia. Era uma vitria disputadssima ser escalado para fazer parte da equipe que ia ajud-lo a operar um tumor cerebral. Silncio total, eu ali do lado dele impedido de abrir a boca, vigiado pelo olhar dos demais assistentes. De repente ele me pergunta: voc parente da Dra. Ivone Facure, anestesista? No a conheo professor.Fui com ela numa sesso de materializao, diz o professor Tenuto.Sou esprita, gostaria de saber o que o senhor achou.Primeiro sentimos um cheiro agradvel, depois uma msica suave quando nos disseram que estava presente o famoso cantor Francisco Alves eu no acreditei at ouvir sua voz cantando.O senhor chegou a ficar convencido do fenmeno? minhas pernas estavam sem cho para lhe fazer mais essa pergunta os assistentes me olhavam como que dizendo vamos te matar na sada seu pirralho inconveniente.O Professor Tenuto ento me disse calmamente: fui cumprimentado de perto por alguns Espritos, toquei neles e a sensao de umidade e muito frio, tive medo sim, um medo terrvel.

34 - Um estouro na estrada

Os causos que conto so verdadeiros e acontecidos, outros inventados. Para alguns pedaos preciso pedir a Deus para dar o devido desconto quando cometo omisso ou exagero. Mas, esse que agora conto, um que merece registro e crdito:Deve ter acontecido no ano de 1976 - convidamos o famoso Professor Lefevre, maior neuropediatra do Brasil, para uma palestra aqui em Campinas uma aula especial no anfiteatro da antiga e carcomida Santa Casa o famoso Paulisto, sujo e sem qualquer conforto mas, cheio de histrias daquelas aulas magistrais das Teses de Doutorado no incio da Faculdade de Medicina galhardamente, as defesas de Tese naquela poca eram um espetculo social.Desfrutei de aulas, visitas enfermaria e reunies de casos no HC em So Paulo na dcada de 60 no tempo do Professor Lefevre fundador inconteste da Neuropediatria brasileira fez histria nessa rea e at hoje ningum sequer se aproximou aos seus mritos e genialidade.Antnio Branco Lefevre era uma figura vistosa, imponente, carismtico, apropriado para aparecer em qualquer das epopeias do cinema de ento de perto poderia ser Cesar ou o Poderoso Chefo mas, seu carter e sua docilidade, com um jeito particular de falar, deixava as alunas e assistentes magnetizados a cada leito que parvamos para que ele revelasse ali suas opinies havia um squito de fiis seguidoras no era bajulao, ele no se dava a isso, era deslumbramento.Todo finalzinho de manh na enfermaria de neurologia do HC, encostvamos ao seu lado no corredor e o discurso poltico de esquerda se revelava num homem comprometido com um ideal socialista romntico a esquerda filosfica da USP naquela ocasio.

Quando vim para Campinas dei algumas aulas de neuropediatria complementadas com um filme clssico em que o Professor Lefevre expunha as tcnicas de exame neurolgico do recm nascido ano aps ano, esse filme era exibido nas diversas turmas que passavam pela neurologia a modernidade trouxe avanos, mas no a mesma competncia do Professor Lefevre em lidar com suas prprias mos o corpinho delicado dos bebs talvez, como tudo que envelhece as geraes de novos neurologistas nem sabem mais onde estar essa relquia cinematogrfica pobre pas que se desfaz da experincia dos professores/mdicos de antigamente.

Assim que o Professor Lefevre chega a Campinas, recebo um telefonema era o Professor Spina-Frana, famoso pela sua rigidez germnica queria me dar um recado particular Professor Nubor, est em suas mos um Homem, o professor Lefevre, a quem Voc deve dar toda proteo possvel, no me deixe acontecer nada com ele mil coisas passaram em minha cabea, o corao batendo fora do peito, as pernas desapegaram do cho, no tenho memria para lembrar sequer o ttulo da aula. Era 1976 isso diz quase tudo, e, na poca trabalhava conosco o Dr. Moreira fazendo nossos eletroencefalogramas o convoquei e pedi s pressas a presena da minha esposa (nossa enfermeira na ocasio) terminada a aula, instalamos o Professor, que mantinha sua cndida calma, no meu Glaxi LTD marrom e fomos os quatro para So Paulo. Na altura de Louveira escuto um estrondo o Dr. Moreira disse: estourou um pneu at hoje furar pneu nunca mais me aconteceu na vida mas, justamente com o Professor Lefevre, to recomendado veementemente pelo Prof. Spina, tinha de acontecer. No adiantou termos prometido lhe darmos o mximo de proteo - foi o acaso? Justamente na Anhanguera? naquele tempo s passava por ali um gato pingado de vez em quando. Jamais teria foras at para sair do carro, mas, providencialmente agradeo ao Dr. Moreira at hoje ele fez a troca e entregamos o Prof. Lefevre so e salvo esse homem brilhante veio a falecer anos mais tarde de complicaes bobas numa cirurgia cardaca de onde milhares saem ilesos.

35 - Vov Januria

H 6 anos o neto Danilo vem empurrando a cadeira de rodas para um lugar e outro na casa da V Januria ou nas ruas ngrimes da cidadezinha de Morro Agudo em Minas Gerais. Sua perna direita precisa ficar esticada devido a uma ferida mal cherosa que no cicatriza desde que ela foi picada por uma aranha. Danilo faz curativo duas vezes por dia com ervas caseiras, unguentos e cremes humidificantes mantendo a ferida enfaixada sem que , entretanto, aquele cheiro estranho desaparea.Januria foi casada com o pedreiro Denival por 25 anos at que ele a abndonou com a deculpa de procurar trabalho por a seu sonho era ir para o garimpo de Gois sua cubia era o diamante que peneiravam nas barrancas dos rios naquela poca.Dos 5 filhos de Januria s a Carminha, me de Danilo, vinha lhe trazer ajuda e fazer companhia por algumas horas. O neto, apesar de seu 12 anos, fazia todas as tarefas de casa depois que Januria se imobilizou na cadeira de rodas.

Januria, Denival, Carminha e Danilo programaram esse reencontro em Morro Agudo para recomporem seus compromissos perturbados na velha Espanha nos anos da colonizao americana foram quase duzentos anos de espera para que essa vida de sacrifcio em Minas Gerais pudesse aliviar a culpas do passado.Januria, usando amigos influentes, conseguiu deportar o marido Denival para ficar com suas pepitas de ouro trazidas da Amrica por marinheiros espanhis. Depois, produzindo intrigas acabou desfazendo um casamento feliz de Danilo com Carminha, fugindo com ele para o interior de Portugal numa viagem tumultuada pelas intempries da estao chuvosa, ela, exigindo pressa na carruagem, faz o cocheiro cair do assento fraturando as duas pernas.Apesar de rica, vivendo com Danilo uma paixo que no tinha direito, Januria, corroda por remorsos envelhece precocemente morrendo sozinha num casaro prximo a Coimbra.

A reencarnao aproxima as pessoas de quem mais necessitamos para sustentar nossa evoluo espiritual. Dificuldades, doenas, afeies que nos abandonam fazem parte do bem e do mal que ns mesmos plantamos so as lies que precisamos para resgatar e crescer.

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