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Custo Contábil Aula 14 - Relações Custo-Volume-Lucro 106 Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb Aula Nº 14 – Relações Custo- Volume-Lucro Objetivos da aula: Nesta aula, estudaremos as relações existentes entre custo, volume de produção e vendas e lucro. Você encontrará mais uma importante aplicação do conceito de Margem de Contribuição. Essas relações seriam estáveis, se as empresas trabalhassem somente com custos variáveis, pois, assim, a cada ponto percentual de aumento na quantidade, corresponderia um ponto percentual de aumento no lucro. No entanto, as empresas trabalham com custos fixos e esta é a alavanca do lucro. Quanto mais diluídos forem os custos fixos, maior será o aumento percentual de lucro. Tenha uma ótima aula! Introdução O lucro é o fator mais importante para as empresas, e a utilização dos custos é fundamental para fins de tomada de decisão e gestão estratégica empresarial. Nesta aula, serão apresentados conceitos imprescindíveis, tais como a margem de contribuição. 1. Conceito de Margem de Contribuição Representa o lucro variável. É a diferença entre o preço de venda unitário do produto e os custos e despesas variáveis por unidade do produto. Significa que, em cada unidade vendida, a empresa lucrará determinado valor. Multiplicado pelo total vendido, teremos a contribuição marginal total do produto para a empresa.

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Aula Nº 14 – Relações Custo-Volume-Lucro

Objetivos da aula:

Nesta aula, estudaremos as relações existentes entre custo, volume de

produção e vendas e lucro. Você encontrará mais uma importante aplicação

do conceito de Margem de Contribuição. Essas relações seriam estáveis,

se as empresas trabalhassem somente com custos variáveis, pois, assim,

a cada ponto percentual de aumento na quantidade, corresponderia um

ponto percentual de aumento no lucro.

No entanto, as empresas trabalham com custos fixos e esta é a alavanca do

lucro. Quanto mais diluídos forem os custos fixos, maior será o aumento

percentual de lucro.

Tenha uma ótima aula!

Introdução

O lucro é o fator mais importante para as empresas, e a utilização dos

custos é fundamental para fins de tomada de decisão e gestão estratégica

empresarial. Nesta aula, serão apresentados conceitos imprescindíveis, tais

como a margem de contribuição.

1. Conceito de Margem de Contribuição

Representa o lucro variável. É a diferença entre o preço de venda unitário do

produto e os custos e despesas variáveis por unidade do produto. Significa

que, em cada unidade vendida, a empresa lucrará determinado valor.

Multiplicado pelo total vendido, teremos a contribuição marginal total do

produto para a empresa.

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1.1. Vantagens do custeio variável:

Margem de contribuição é a margem bruta obtida pela venda de um

produto e excedente de seus custos variáveis unitários. Em outras palavras,

a margem de contribuição é o mesmo que o lucro variável unitário, ou seja,

o preço de venda unitário do produto deduzido dos custos e despesas

variáveis necessários para produzi-lo e vendê-lo.

Vejamos o seguinte exemplo:

Custos e Despesas Variáveis

Matéria-prima: 200 unidades x $ 2,30 por unidade 460,00

Materiais auxiliares: 0,10 unidades a $ 360,00 por unidade 36,00

Mão-de-Obra Direta: 4 horas a $ 50,00 por hora 200,00

Comissões: 12% s/ $1.700,00 (p.venda unitário) 204,00

Total Custo Variável 900,00

PRODUTO A

Preço de Venda Unitário do Produto A $ 1.700 100,00%

Custo Variável Unitário $ 900 52,94%

Margem de Contribuição Unitária $ 800 47,06%

Isso significa que, a cada unidade do “Produto A” vendida pela empresa, esta

tem um lucro unitário de $ 800. É a contribuição unitária que o “Produto A”

dá para a empresa, a fim de cobrir todos os custos e despesas fixas (custos

de capacidade) e, também, propiciar a margem de lucratividade desejada.

2. Ponto de Equilíbrio

Evidencia, em termos quantitativos, qual é o volume que a empresa precisa

produzir ou vender, para que consiga pagar todos os custos e despesas

fixas, além dos custos e despesas variáveis que ela tem necessariamente

que incorrer para fabricar/vender o produto.

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No ponto de equilíbrio, não há lucro ou prejuízo. A partir de volumes

adicionais de produção ou venda, a empresa passa a ter lucros.

A informação do ponto de equilíbrio da empresa, tanto do total global, como

por produto individual, é importante porque identifica o nível mínimo de

atividade em que a empresa ou cada divisão deve operar.

2.1. Quantidade no Ponto de Equilíbrio Contábil, Econômico e Financeiro

Ponto de Equilíbrio Contábil = Custos e Despesas Fixas

Margem de Contribuição Unitária

Ponto de Equilíbrio = Custos e Despesas Fixas + Lucro Desejado

Econômico Margem de Contribuição Unitária

(sem amortização de dívidas)

Ponto de Equilíbrio = Custos e Despesas Fixas + Depreciação

Financeiro Margem de Contribuição Unitária

(com amortização de dívidas)

Ponto de Equilíbrio = Custos e Desp. Fixas + Deprec. + Amortização

Financeiro Margem de Contribuição Unitária

Para obter a receita no Ponto de Equilíbrio, basta multiplicar a quantidade

pelo preço de venda.

3. Margem de Contribuição e Volume de Produção/Vendas

Partindo do pressuposto de que a venda de cada unidade de produto

propicia uma contribuição unitária para cobrir os custos e despesas fixas e

possibilitar valores de lucro, podemos fazer uma simulação de como seria

o lucro líquido em algumas situações de quantidade vendida:

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UnidadeQUANTIDADE VENDIDA

1 2 700 701

Venda = 1.700,00 1.700 3.400 1.190.000 1.191.700

Custos Variáveis = 900,00 900 1.800 630.000 630.900

Contribuição Marginal = 800,00 800 1.600 560.000 560.000

Custos Fixos 560.000 560.000 560.000 560.000

Resultado Líquido (559.200) (558.400) - 0 - 800

Quando vendemos 700 unidades, a empresa tem um resultado líquido

igual a zero. Denominamos essa situação de estrutura de equilíbrio, ou

ponto de equilíbrio das vendas.

4. Estrutura de Custos

Denominamos estrutura de custos a proporção relativa entre o total

de custos fixos e variáveis dentro da empresa. Cada empresa tem uma

estrutura de custos e, portanto, tem seu próprio ponto de equilíbrio em

determinado momento. É possível que empresas que trabalham no mesmo

setor com os mesmos produtos tenham estruturas de custos diferentes,

provavelmente montadas em razão de processo diferente de produção,

tendência de vendas de longo prazo e atitudes dos administradores diante

do risco.

Exemplo: Vejamos duas estruturas de custos diferentes:

Empresa A % Empresa B %

Vendas 1.700.000 100 1.700.000 100

Custos Variáveis 900.000 53 500.000 29

Margem de Contribuição 800.000 47 1.200.000 71

Custos e Despesas Fixas 560.000 960.000

Lucro Líquido Total 240.000 240.000

Se as vendas forem 100 unidades a mais, temos o seguinte resultado

líquido para cada empresa:

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Empresa A % Empresa B %

Vendas 1.870.000 100 1.870.000 100

Custos Variáveis 990.000 53 550.000 29

Margem de Contribuição 880.000 47 1.320.000 71

Custos e Despesas Fixas 560.000 960.000

Lucro Líquido Total 320.000 360.000

Assim, a Empresa A tende a ter flutuações menores em seus lucros, porque

possui uma contribuição marginal mais baixa do que a Empresa B, que

tem uma margem de contribuição percentual mais alta, mas também

possui custos fixos em maior volume. A Empresa A tem estrutura mais

conservadora, enquanto a Empresa B tem estrutura de custos com maior

risco operacional.

5. Alavancagem Operacional

Significa a possibilidade de acréscimo do lucro total pelo incremento da

quantidade produzida e vendida, buscando a maximização do uso dos

custos e despesas fixas.

É dependente da margem de contribuição, ou seja, do impacto dos custos

e despesas variáveis sobre o preço de venda unitário, e dos valores dos

custos e despesas fixas. Alguns produtos têm alavancagem maior que

outros, em virtude dessas variáveis.

Alavancagem operacional é a medida do volume de quanto os custos fixos

estão sendo usados dentro da organização. O termo alavancagem vem da

possibilidade de levantar lucros líquidos em proporções maiores do que o

normalmente esperado, por meio da alteração correta da proporção dos

custos fixos na estrutura de custos da empresa.

O uso potencial dos custos operacionais serve para aumentar os efeitos

das mudanças nas vendas sobre os lucros da empresa antes dos juros e

impostos (LAJIR). O aumento nas vendas resulta em aumento mais que

proporcional no LAJIR e vice-versa.

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Exemplo: Dados p = $10; v = $5; F = $2.500. Calcular LAJIR para aumento

nas vendas de 50% e redução de 50%.

Caso 1 Atual Caso 2

- 50% + 50%

Vendas (unidades) 500 1.000 1.500

Receita $ 5.000 $ 10.000 $ 15.000

Custos Variáveis ($ 2.500) ($ 5.000) ($ 7.500)

Custos Fixos ($ 2.500) ($ 2.500) ($ 2.500)

LAJIR 0 $ 2.500 $ 5.000

Fórmula do Grau Alavancagem Operacional

GAO = Variação % do lucro

Variação % da quantidade

Variação % do Lucro = Lucro Adicional

Lucro Atual

Variação% da Quantidade = Quantidade Adicional

Quantidade Atual

Exercício: A seguinte previsão financeira é baseada nos registros da Cia.

Corado:

Vendas (1.000 unidades x $ 500,00) ........................................$ 500.000,00

(-) Custo dos produtos Vendidos:

Material Direto .......................................$ 140.000,00

Mão-de-obra direta ................................$ 80.000,00

Custos indiretos variáveis ......................$ 40.000,00

Custos indiretos fixos ......................... $ 20.000,00 ($ 280.000,00)

(=) Lucro Bruto ............................... ...................................................$ 220.000,00

(-) Despesas administrativas e de vendas:

Variáveis ..............................................$ 90.000,00

Fixas .....................................................$ 80.000,00 ($ 170.000,00)

(=) Lucro Operacional ............................................................... $ 50.000,00

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Calcule:

a)Ponto de Equilíbrio Contábil, em quantidade e valor, se as despesas fixas

dobrarem.

b)Ponto de Equilíbrio Financeiro, em quantidade e valor, sabendo que a

depreciação representa 30% dos custos fixos.

c)Ponto de Equilíbrio Econômico, sabendo que o lucro esperado pela

empresa é de $ 75.000,00.

d) Lucro Operacional, se as vendas diminuírem 30%.

e)Grau de Alavancagem Operacional.

f)Gráfico do Ponto de Equilíbrio, destacando: quantidade e receita no

ponto de equilíbrio contábil e financeiro, Lucro Atual e Lucro Esperado.

Síntese

Nesta aula, vimos mais uma utilidade do conceito de Margem de

Contribuição, por meio da qual conseguimos saber quanto a empresa

deverá produzir e vender para manter-se em equilíbrio. Esse equilíbrio

pode ser com lucro zero, com um certo lucro desejado pelo empresário

ou com uma folga de caixa.

Podemos, então, planejar o volume de produção e vendas para que a

empresa possa produzir determinado volume de lucro ou para que consiga

pagar seus custos, despesas e dívidas.

Na próxima aula, estudaremos Decisões Utilizando a Margem de

Contribuição.

Não perca!

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Referências

CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso Básico de Contabilidade de Custos.

São Paulo: Atlas, 2005.

LEONE, George S. G. Curso de Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas,

1997.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003.