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CDI – Comunicação Digital Revisão de Sinais e Espectro “Digital Communications – Fundamentals and Applications” Bernard Sklar 2ª edição – Prentice Hall Marcio Doniak www.sj.ifsc.edu.br/~mdoniak [email protected] CDI 20705 – Comunicação Digital 1/35

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CDI – Comunicação Digital

Revisão de Sinais e Espectro

“Digital Communications – Fundamentals and Applications”Bernard Sklar

2ª edição – Prentice Hall

Marcio Doniak

www.sj.ifsc.edu.br/[email protected]

CDI 20705 – Comunicação Digital 1/35

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1. Introdução

A principal característica de um sistema de comunicação digital (DCS) é o envio de uma

forma de onda, selecionada dentro de um grupo, com uma duração de tempo predeterminada. Ao

contrário de um sistema analógico, que envia uma forma de onda, selecionada a partir de uma

infinidade de outras, com resolução infinita do ponto de vista teórico. Em um DCS o objetivo no

receptor não é reproduzir exatamente a forma de onda transmitida, mas sim determinar a partir

da relação sinal-ruído qual foi a forma de onda transmitida dentre as possíveis. Para isso, uma

importante medida de desempenho de um DCS é a probabilidade de erro.

É sempre bom lembrar o que levou os sistemas de comunicação serem todos digitais:

• A principal vantagem é a facilidade com que os sistemas digitais conseguem

regenerar o sinal, conforme está ilustrado na Figura 1. Essa distorção ocorre porque

tanto os circuitos quanto as linhas de transmissões possuem uma função de

tranferência que não é ideal, além do ruído elétrico e outros sinais interferentes.

Figura 1: Degradação e Regeneração.

• DCS são menos susceptíveis a interferência e distorções, devido a sua forma, por

exemplo, ligado e desligado, a perturbação deve ser grande o suficiente para

conseguir modificar a informação transmitida.

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• DCS são mais confiáveis e podem ser produzidos com custos mais baixos. Podem ser

usados diversos componentes de propósito geral produzidos e testados em larga

escala.

• DCS oferecem uma maior segurança para a informação. Esta pode ser agrupada em

pacotes.

• Entretando, DCS exigem um maior processamento do sinal, e necessitam alocar

muitos recursos para estabelecer o sincronismo.

2. Revisão de Sinais

2.1. Série de Fourier:

Considere um conjunto de funções { e jwn t }, n ∈ ℤ , wn=(2π/T )n , T ∈ ℝ+ . e

duas importantes propriedades:

1ª) e jwn (t+ kT ) = e jwn t⋅e jwn kT

Como, wn=2/T n , então:

e jwn ( t+ kT ) = ej 2πT nt

⋅ej 2πT nkT

ej 2πT nkT

= e j 2πnk = cos(2πnk )+ jsen(2πnk ) = cos(2πnk )

Logo, e jwn (t+ kT ) = e jwn t → as funções são periódicas!

2ª) ∫−T /2

T /2

e jw n t e− jwm t dt = ∫−T /2

T /2

e j wn−wm tdt = ∫−T /2

T /2

ej 2T n−m t

dt =

= 1

j 2πT

(n−m)(e jπ(n−m )−e− jπ(n−m )) = 1

πT(n−m)

(e j π(n−m)−e− jπ(n−m))2j

=

= T sen [n−m]n−m

= T sinc [n−m] = 0, p / n ≠ m1, p / n = m

Seja f(t) uma função periódica com período T. Assim, f(t) pode ser expressa por:

f (t) = 1T ∑

n=−∞

+ ∞

cn e jw n t (1)

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cn = ∫−T /2

T /2

f (t )e− jw nt dt (2)

Exemplo 1:

Figura 2: Exemplo 1, sinal no tempo.

cn = ∫−T /2

T /2

A.e− jw n tdt = ∫−/2

/2

A. e− jw n tdt = −Ajw n

e− jw n/2−e jw n/2 =

=2Awn

. e jwn/2−e− jwn /2

2j =2Awn

. sen wn/2 = A. .sen w n/2wn/2

=

= A. . sincwn/2

Figura 3: Função sinc.

wn = wn − wn−1 = 2T

.n− n−1 = 2T

= wn (3)

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Esse valor é válido para qualquer f(t), e não apenas para esse exemplo.

Exemplo 2:

f t = cos 2T

. t = 12e

j 2T .t

e− j 2

T . t

wn=2/T n ,

Neste caso:

c1 = T2, c−1 = T

2e cn = 0, para n ≠±1.

2.2. Transformada de Fourier

Aplicando a equação (3) em (1) e (2), temos:

f t = 12

. ∑n=−∞

cn . e jwn t .w

No limite, quando T ∞ , temos:

w dw , wn w , cn F w , assim, temos a Transformada de Fourier para

um sinal não periódico.

f t = 12

.∫−∞

F w .e jwt .dw

F w = ∫−∞

f t . e− jwt .dt

Exemplo 3:

Se, f t = t , qual é a F(w)?

F w = ∫−∞

t .e− jwt .dt = 1.

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Figura 4: Transformada de Fourier da função impulso unitário.

Algumas propriedades:

a) Dualidade:

f t F wF t 2 f −w

Ƒ-1{2πf(-w)} = 12

.∫−∞

2 f −w .e jwt .dw , fazendo = −w

Ƒ-1{2πf(-w)} = ∫−∞

f . e− j t . d

b) Deslocamento no tempo e na frequência

f t ↔ F w

f t − t 0 ↔ e− jwt0 .F w

Exemplo 4: Foi visto que:

f t = t F w = 1

f t − t 0 = t − t0 F w = 1.e− jwt 0

Da propriedade da dualidade:

t 0 = w0 , então, e jw0 t ↔ 2 w−w0

ou de forma geral: f te jw0 t ↔ F w−w0

Aplicando em Série de Fourier:

Seja f(t) periódico com período T. Então,

f t = 1T

. ∑n=−∞

cn. ejwn t ↔ F w

F w = 2T ∑

n=−∞

cnw−wn

Assim, o espectro de um sinal periódico é discreto no tempo e contém impulsos. O

espaçamento entre os impulsos é w = 2T

, conforme está ilustrado na Figura 3.

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c) Simetria da Amplitude e da Fase

Considere um sinal f(t) real, então, F w = ∣F w∣. e j w apresenta as seguintes

simetrias:

∣F w ∣ → é par; e w → é ímpar.

F w = ∫−∞

f t . e− jwt .dt

F w = ∫−∞

f t . cos wt .dt − j∫−∞

f t . sen wt .dt

∣F w∣2 = [∫−∞

f t . coswt .dt ]2 [− j∫

−∞

f t . sen wt .dt ]2

∣F w ∣2 = [∫−∞

f t . cos wt .dt ]2 [∫

−∞

f t . sen wt . dt ]2

→ é par

w = − arctan ∫−∞

f t. sen wt .dt

∫−∞

f t. cos wt .dt → é ímpar

d) Convolução

f t ∗g t ↔ F w.G w

f t .g t ↔1

2F w∗G w

Exemplo 5:

igual *

Figura 5: Exemplo 5, propriedade da convolução.

Em t = 0, a amplitude é A2 , que é a amplitude máxima do sinal.

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M = A2 A = M

A partir da propriedade da convolução:

x t ∗x t = y t ↔ Gw2

Gw = M

.2 . sen2w/2w/2

= A sen2w/2w/ 2

= Y w

2.3. Amostragem

Seja x(t) um sinal contínuo no tempo e em amplitude, com energia finita. Considere suas

amostras nos instantes de tempo: t=0, ±Ts, ±2Ts, … Onde,

Ts → é o intervalo entre as amostras

f s =1T s

→ é a taxa de amostragem dada em amostras/segundo.

Figura 6: Sinal x(t) contínuo.

Figura 7: Sinal x(t) amostrado.

O sinal amostrado será:

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xδ(t ) = ∑n=−∞

x(nT s) .δ(t−nT s) = x (t ).δT s( t) , onde

δT s(t ) = ∑

n=−∞

δ(t−nT s) .

Observe que δT s(t) é um sinal periódico, com período Ts. Vamos recorrer a Série de

Fourier:

δT s(t ) = 1

T s∑n=−∞

cnejw n t , onde, wn = 2π

T s.n = 2π. f s .n

cn = ∫−T s/2

T s /2

δT s(t) . e jw n t dt = 1

Realizando a Transformada de Fourier para δT s(t ) , obtemos:

2πT s

∑n=−∞

δ(w−wn) , cn = 1 e w = 2π f

= 1T s

∑n=−∞

δ( f−nf s)

x (t ).δT s= xδ(t ) ↔ X δ( f )

Aplicando a propriedade da convolução na frequência em x(t), obtemos:

X δ( f ) = X ( f ) ∗ 1T s

∑n=−∞

δ( f−nf s)

X δ( f ) = 1T s

∑n=−∞

X ( f−nf s)

Figura 8: Transformada de Fourier do sinal periódico.

Se f m < f s/ 2 é possível recuperar o sinal original a partir das amostras.

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Para reconstruir o sinal original, considere novamente xδ(t ):

xδ(t ) = ∑n=−∞

x(nT s)δ(t−nT s)

Realizando a Transformada de Fourier em ambos os lados, temos:

X δ( f ) = ∑n=−∞

x (nT s)e− j2πnfT s

que pode ser visto como a Série de Fourier para a função periódica no domínio da frequência,

X δ( f ) , sendo x (nT s) os coeficientes da série.

Se a taxa de amostragem for 1/T s = 2f m , temos:

X δ( f ) = ∑n=−∞

x ( n2f m

)e− jπnf / f m

E o sinal original corresponde a um período de X δ( f ) :

X ( f ) = T s X δ( f ) = 12 f m

X δ( f ) , ∣ f ∣< f m

X ( f ) = 12f m

∑n=−∞

x ( n2f m

). e− jπnf / f m

Logo, X ( f ) é completamente determinada pelas amostras x ( n2f m

).

Tomando-se a Transformada Inversa de Fourier, temos:

x (t ) = ∫− f m

f m

X ( f )e j2π ft df

x (t ) = ∫− f m

f m 12f m

∑n=−∞

x ( n2f m

) .e− jπnf / f m . e j2π ft df

x (t ) = 12f m

∑n=−∞

x ( n2f m

)∫− f m

f m

ej2π f (t− n

2fm)df

Aplicando a fórmula da interpolação:

x t = ∑n=−∞

x n2f m

sen 2f mt−n2f mt−n

= ∑n=−∞

x n2f m

sinc 2f m t−n

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Algumas considerações importantes:

• Todo sinal com duração finita vai ter espectro infinito.

• Pelo Teorema de Nyquist, o espectro deve ser finito.

• Isso gera um conflito, pois, os sinais possuem duração finita.

• A rigor a energia do sinal deve ser finita, portanto, seu espectro deve ser finito.

Exemplo 6:

Seja x t = 2 sen 2t−12t−1

, com f s = 2f m = 2.

Figura 9: Função sinc no tempo.

Figura 10: Transformada de Fourier da função sinc.

• Duração no tempo é infinita

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• Espectro é finito

• Energia: ∫−∞

∣x t ∣2dt = ∫−∞

∣X f ∣2df (Teorema de Parseval), assim, a energia é

finita.

Alguns Aspectos Práticos da Amostragem

Impulsos não são fisicamente realizáveis, mas pulsos curtos, sim.

Figura 11: Exemplo de amostragem com pulsos curtos.

Amostras de duração finita, s1t = x t c t . Expressando c(t) pela Série de Fourier,

temos:

c t = TAT s

∑n=−∞

∞ sen nT /T snT /T s

ej2n TT s

t, f s =

1T s

, cn =sennT /T snT /T s

c t = TAT s

∑n=−∞

cn ej2n TT s

t

Então:

s1 t = x t TAT s

∑n=−∞

∞ sen nT /T snT /T s

ej2n T

T st

Tomando-se a Transformada de Fourier de s1(t), temos:

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x t−t 0 ↔ e j2 ft0 X f

x t e jw0 t ↔ X w−w 0

S1 f = f sTA ∑m=−∞

∞ sen m f sT m f sT

X f −mf s

Figura 12: Sinal amostrado.

Como sen m f sT m f sT

não depende de f, não haverá distorção, e X(f) pode ser recuperado

por uma filtragem, assim como no caso ideal.

No caso de empregar amostas com pulso plano, Sample and Hold:

Figura 13: Sample and Hold.

s2t = [x t T st ] ∗ h t = x∗ ht

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s2t = [ ∑n=−∞

x nT s t−nT s] ∗ ht

s2t = ∑n=−∞

x nT s ht−nT s

Tomando-se a Transformada de Fourier, temos:

S2 f = X f H f = f s ∑m=−∞

X f −mf sH f

onde, H f = T sen fT fT

e− j fT

Neste caso, haverá distorção em amplitude devido ao efeito de abertura. Para contornar ou

minimizar essa distorção, a solução é aplicar um equalizador. Sendo que se, T /T s0,1 a

equalização não é necessária.

3. Sinais Aleatórios

O principal objetivo de um sistema de comunicação é transmitir informação através de um

canal. Ao transmitir uma mensagem o transmissor a seleciona aleatoriamente, ou seja, o receptor

não sabe, a priori, qual mensagem, dentre as diversas possíveis, será transmitida. Associada a isto,

o canal impõe um ruído onde, normalmente, é variante no tempo. Ou seja, a cada nova

transmissão temos que considerar uma nova condição de ruído.

3.1 Variáveis Aleatórias

Seja:

Ω → espaço amostral que contém todos os possíveis pontos amostrais;

ξ → classe de eventos.

Por exemplo, o evento A consiste de 1 ponto amostral ou um conjunto de pontos amostrais.

A medida de probabilidade associada a cada evento A é definida como:

a) P(Ω) = 1;

b) 0 P A 1 ;

c) P A ∪ B = P A P B , se A∩ B =∅

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Variável aleatória:

É uma função do espaço amostral em uma faixa dos Reais.

Exemplo 1: moeda → Ω = {cara, coroa}

Seja A = cara e B = coroa

X(A) = 0 e X(B) = 1 → X(Ω) = {0, 1}

Exemplo 2: variável aleatória contínua

A = tensão > 5 V

X(A) > 5

Função Distribuição:

A função distribuição de uma variável aleatória X é dada por:

F X x = P X x ,

onde P X x é a probabilidade de que o valor tomado pela variável aleatória X ser menor ou

igual ao número real x.

A função distribuição possui as seguintes propriedades:

a) 0 F X x 1 ;

b) F X x1 F X x2 , se x1 x2 ;

c) F X −∞ = 0 ;

d) F X ∞ = 1.

Função Densidade de Probabilidade (PDF):

p X x =dF X x dx

Da mesma forma que a função distribuição, a função densidade de probabilidade é uma

função do número real x.

Seja:

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P x1 x x2 = P X x2 − P X x1

P x1 x x2 = F X x2 − F X x1

P x1 x x2 = ∫−∞

x2

p X x dx −∫−∞

x1

pX x dx

P x1 x x2 = ∫x1

x2

pX xdx

Propriedades:

a) p X x 0 → função não decrescente.

b) ∫−∞

p X xdx = F X ∞− F X −∞ = 1− 0 = 1

Desta forma, a função densidade de probabilidade é sempre uma função não-negativa com

área total igual a 1.

Variáveis Aleatórias Discretas

∑iP X = x i = 1

Valor Médio

O valor médio ou valor esperado da variável aleatória X é:

mX = E {X } = ∫−∞

x . p X x dx , onde E {⋅} é chamado de valor esperado.

O n-ésimo momento da PDF de uma variável aleatória X é:

E {X n} = ∫−∞

xn . p X x dx

Para os propósitos de sistemas de comunicação, os momentos mais importantes são os dois

primeiros. O primeiro momento, quando n = 1, resulta na média e, quando n = 2, temos a variância

da variável aleatória X, definida como:

var X = E { X −mX 2} = ∫

−∞

x − mX 2 . pX x dx

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E {X −mX 2} = E { X 2 − 2XmX mX

2 }

E {X −mX 2} = E {X 2}− E {2Xm X } E {mX

2 }

E {X −mX 2} = E {X 2}− 2mX E {X } mX

2 , como E {X } = mX

E {X −mX 2} = E {X 2}− 2mX

2 mX2

E {X −mX 2} = E {X 2}− mX

2 = X2

X2 → variância de X, E {X 2} = ∫

−∞

x2 . p X x dx

4. Processos Estocásticos

Um processo aleatório X(A, t) pode ser visto como uma função de duas variáveis: um evento

A e o tempo. A Figura 14 ilustra um processo aleatório. Nesta figura existem N funções amostra no

tempo, {Xj(t)}. Cada uma das funções amostra pode ser considerada a saída para um determinado

ruído. Para um evento específico Aj, temos uma única função no tempo X(Aj, t) = Xj(t). O total de

funções amostras possíveis é chamado de conjunto (ensemble). Para um tempo específico tk, X(A,

tk) é uma variável aleatória X(tk) cujo valor depende do evento. E para um evento específico A = A j,

e para um tempo específico t = tk, X(Aj, tk) é um valor determinístico, ou seja, apenas um número.

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Figura 14: Processos aleatórios com ruído.

Média Estatística de um Processo Estocástico

De maneira geral, a forma da PDF de um processo estocástico será diferente para os

diferentes instantes de tempo. Em muitas situações não é conveniente determinar empiricamente

a PDF de um processo estocástico. Embora, uma descrição parcial consistindo da média e da

função de autocorrelação normalmente já são suficientes para as necessidades dos sistemas de

comunicações. A média de um processo estocástico pode ser definida como:

E {X t k } = ∫−∞

x p X kx dx = mX t k ,

onde X t k é a variável aleatória obtida amostrando-se o processo estocástico em t = t k ,

e a PDF de X t k , a densidade dentre o conjunto de eventos no tempo tk, é denominado

p X kx .

A função de autocorrelação de um processo estocástico X(t) é definida como uma função de

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duas variáveis, t1 e t2, dada por:

RX t 1 , t 2 = E {X t 1 X t2} = E {X 1 X 2}

RX t 1 , t 2 = ∫−∞

∫−∞

x y p X 1 , X 2x , y dx dy

RX t 1 , t 2 mede o quanto as variáveis aleatórias X1 e X2 são correlacionadas.

Estacionaridade

a) No sentido estrito

Um processo estocástico X(t) é estacionário no sentido estrito se:

• X t1 , X t 2 , ... , X tN tem a mesma densidade de probabilidade. Ou seja,

P X kx é a mesma para todos instantes de tempo;

• p X 1 , X 2 ,... , X Nx1 , x2 ,... , x N independe dos instantes de tempo t 1 , t 2 , ... , tN e de

N.

b) No sentido amplo

Um processo estocástico X(t) é estacionário no sentido amplo se:

• apenas os dois primeiros momentos independem do deslocamento no tempo,

E {X t } = mX = constate ∀ t

• RX t 1 , t 2 = R X 0, t 2−t1 = RX t 2−t 1

RX t 1 , t 2 = R X , = t2 − t 1

Estacionaridade no sentido estrito implica em estacionaridade no sentido amplo. Mas o

inverso não é necessariamente verdade. Um processo estocástico estacionário no sentido amplo

nem sempre é estacionário no sentido estrito. Uma exceção é o processo estocástico Gaussiano.

Pois, ele é caracterizado apenas pela média e variância.

Autocorrelação de um Processo Estocástico Estacionário no Sentido Amplo

Assim como a variância proporciona uma medida de aleatoridade para variáveis aleatórias,

a função de autocorrelação proporciona uma medida similar para processos estocásticos. Em um

processo estacionário em sentido amplo, a função de autocorrelação é apenas uma função da

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diferença de tempo = t2 − t 1 .

RX = E {X t X t} , para −∞ ∞

Para um processo estacionário no sentido amplo (WSS) com média zero, RX indica a

extensão nos quais os valores do processo separados por segundos são estaticamente

correlacionados. Ou seja, RX nos traz uma ideia da resposta em frequência que está

associada com o processo estocástico. Se RX muda vagarosamente com o aumento de ,

isto indica que, na média, os valores amostrados de X(t) para t = t 1 e t = t 1 são

aproximadamente iguais. Assim, nós esparamos uma representação no domínio da frequência de

X(t) contendo preponderadamente baixas frequências. Por outro lado, se RX decrescer

rapidamente com o aumento de , nós esparamos que X(t) mude rapidamente com o tempo e

consequentemente, contenha predominantemente altas frequências.

Propriedades da função de Autocorrelação de um Processo Estacionário no Sentido Amplo

Seja X(t) um processo estocástico real:

(1) RX = RX −

(2) RX RX 0 , ∀

(3) RX ↔ GX f , densidade espectral de potência

(4) RX 0 = E {X 2t } → valor médio quadrático ou potência do processo estocástico

∫−∞

RX . e− j2 f .d = G X f

∫−∞

RX . e− j2 f .d = G X f

RX 0 = ∫−∞

G X f .df → potência do processo estocástico

Médias Temporais e Ergodicidade

Para calcular mX e RX de um processo estocástico estacionário, precisamos

conhecer p X x e P X 1 , X 2x1 , x2 . Mas na prática, isso nem sempre é possível. Então,

recorremos as médias temporais.

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Um processo estocástico é dito ERGÓTICO se suas médias temporais, a partir de qualquer

função amostra, são iguais as suas médias estatísticas.

Processo ergótico em média:

mX = limT ∞

1T ∫

−T /2

T /2

X t .dt

Processo ergótico em função de autocorrelação:

RX = limT ∞

1T ∫

−T /2

T /2

X t . X t−.dt

Uma vez que um processo é dito ergótico, algumas relações entre os valores de parâmetros

elétricos do sinal, tais como, o valor da componente dc, valor rms, e potência média do sinal,

podem ser relacionadas aos momentos de um processo ergótico.

• O valor mX = E {X t} é igual ao nível dc do sinal.

• A quantidade mX2 é igual a potência normalizada da componente dc.

• O segundo momento de X(t), E {X 2t }, é igual a potência média total

normalizada.

• E {X 2t } é igual ao valor médio quadrático (rms) do sinal de tensão (ou de

corrente).

• A variância, X2 , é igual a potência média normalizada no tempo ou da

componente ac do sinal.

• Se o processo tem média zero, mX = mX2 = 0 , então X

2 = E {X 2t }, e a

variância é igual ao valor rms, ou a variância representa a potência total

normalizada.

• O desvio médio padrão, X , é o valor rms da componente ac do sinal.

• Se mX = 0 , então, o desvio médio padrão, X , é o valor rms do sinal.

Densidade Espectral de Potência de um Processo Estocástico

Um processo estocástico X(t) pode normalmente ser classificado como um sinal de potência

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com densidade espectral de potência, GX f , na forma: GX f = limT∞

1T∣X T f ∣

2 .

GX f é muito útil na análise de sistemas de comunicações, porque ela descreve a distribuição

de potência do sinal no domínio da frequência.

Propriedades para um processo estocástico real:

(1) GX f ≥ 0

(2) GX f = GX − f , para X t real

(3) GX f ↔ RX

(4) P X = ∫−∞

G X f df → potência média total

O que significa o termo correlação? Quando nós indagamos sobre a correlação entre dois

fenômenos, nós estamos perguntando o quão próximo eles se correspondem em comportamento

ou aparência, o quão bem eles correspondem um ao outro. Matematicamente, uma função de

autocorrelação de um sinal (no domínio do tempo) descreve a correspondência do sinal consigo

mesmo. Assim, uma cópia exata do sinal é feita e posicionada no tempo em menos infinito. Então,

nós movemos a cópia no sentido positivo, e a cada incremento, perguntamos: “Como a cópia e o

sinal se correspondem agora?”. E assim por diante.

A Figura 15-1 (a) ilustra uma forma de onda amostrada de um processo estocástico (PE)

estacionário em sentido amplo (WSS), X(t). A forma de onda é uma sequência binária aleatória

com pulsos de amplitude unitária positiva e negativa, pulsos bipolar. A duração de cada pulso é de

T segundos, e a média mX , ou valor dc da sequência aleatória é zero. A Figura 15-1 (b) ilustra a

mesma sequência deslocada de 1 segundos, sendo definida como X t−1 . Vamos assumir

que o processo é ergótico na função de autocorrelação, assim, nós podemos trabalhar com a

média temporal ao invés da média estatística para encontrar RX . O valor de RX 1 é

obtido fazendo o produto das duas sequências X t e X t−1 , e encontrando o valor

médio entre elas, usando a equação: RX = limT ∞

1T ∫

−T /2

T /2

X t . X t−.dt . O resultado

desta equação é válido para um processo ergótico apenas no limite. Embora, integrá-la sobre um

número inteiro de períodos nos dá uma boa estimativa de RX . Note que RX 1 pode ser

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obtido com um deslocamento positivo ou negativo de X t . O cálculo de RX é mostrado

na Figura 15-1 (c) usando a sequência amostrada e sua réplica deslocada conforme ilustrado

previamente também na Figura 15-1.

Figura 15-1: Exemplo de Autocorrelação e Densidade Espectral de Potência para um sinal lento.

Na Figura 15-1 (c) as áreas com linhas diagonais abaixo do produto X t X t−1 resulta

em valores positivo do produto, já a área pintada de cinza resulta em valores negativo do produto,

e as áreas pintadas de branco indica que o produto é zero. A integral de X t X t−1 sobre

vários períodos de tempo resulta em um valor de área que é definido como RX 1 da função

RX . Então, as sequências podem ser deslocadas de 2 ,3 , ... , sendo que a cada

deslocamento é produzido um novo valor de área da função RX . O resultado de RX é

mostrado na Figura 15-2 (d), onde o valor de pico ocorre para =0, RX 0. Assim, podemos

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afirmar que RX R X 0 , ∀ , e RX decresce quando ∣∣ cresce.

A expressão analítica para a função de autocorrelação, RX , é:

Figura 15-2: Continuação do exemplo de Autocorrelação e Densidade Espectral de Potência para

um sinal lento.

Note que a função de autocorrelação nos traz informação sobre a frequência; ela nos diz

algo a respeito da largura de banda do sinal. Entretanto, a função de autocorrelação é uma função

no domínio do tempo, ou seja, não existe uma componente de frequência associada a ela. Então,

como esta função nos dá informação sobre a largura de banda do sinal?

Considere que é um sinal muito lento (pequena largura de banda). Como foi mostrado nas

figuras 15-1 e 15-2, para cada passo de é feita a pergunta: “O quão boa é a correlação entre a

amostra original e a sua cópia?”, e a correlação será boa por um instante. Ou seja, o formato

triangular da função de autocorrelação vai desacelerar gradualmente com . Mas se o sinal for

rápido (grande largura de banda) é possível que em um pequeno deslocamento de resulta na

correlação das funções. Neste caso, a função de autocorrelação terá uma aparência muito

íngreme. Logo, o formato da função de autocorrelação nos diz algo a respeito da largura de banda

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do sinal. Assim, se a função for íngreme, trata-se de um sinal com grande largura de banda. Por

outro lado, se a rampa desacelera gentilmente, então, é um sinal com uma pequena largura de

banda. As Figuras 15-1 e 15-2 ilustram o caso do sinal lento e as Figuras 15-3 e 15-4 ilustram o caso

de um sinal com grande largura de banda.

Figura 15-3: Exemplo de Autocorrelação e Densidade Espectral de Potência para um sinal rápido.

A função de autocorrelação nos permite expressar a densidade espectral de potência (PSD)

do sinal aleatório diretamente. Pois, a PSD e a função de autocorrelação são relacionadas pela

Transformada de Fourier. A PSD, GX f , da função de autocorrelação definida na Figura 15-2 (d)

é:

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GX f = T sen fT fT

2

= T sinc2 fT , onde sincx =sen x x

A PSD está ilustrada na Figura 15-2 (e) e na Figura 15-4 (j).

Figura 15-4: Continuação do exemplo de Autocorrelação e Densidade Espectral de Potência para

um sinal rápido.

Note que a área da função PSD representa a potência média do sinal. Uma medida

conveniente para a largura de banda do sinal é medir o espectro do lóbulo principal. Note também

que a largura de banda do sinal está inversamente relacionada a duração do símbolo ou largura do

pulso, como pode ser visto nas figuras 15-1 até 15-4. Assim, para um pulso de curta duração (taxa

de bit elevada) vai ter uma grande largura de banda.

• T pequeno → sinal tem uma faixa de frequência larga

• T grande → sinal tem uma largura de banda estreita

4. Ruído em Sistemas de Comunicação

O ruído se refere a um sinal elétrico indesejado que está sempre presente em sistemas

elétricos. A presença do ruído sobreposto ao sinal tende a mascarar o sinal, limitando o receptor

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em tomar a decisão correta sobre o símbolo transmitido, e assim, limita a taxa de informação

transmitida. O ruído surge a partir de uma variedade de fontes, como por exemplo: radiações

eletromagnéticas, variações de temperatura, etc.

Existe um tipo de ruído que não pode se consegue eliminar, ele é chamado de ruído

térmico. Este ruído é causado pela movimentação térmica dos elétrons em todos os componentes

dissipativos, tais como: resistores, cabos, etc. Os mesmos elétrons que são responsáveis pela

condução elétrica do sinal, também são os responsáveis pelo ruído térmico.

O ruído térmico pode ser descrito pelo processo estocástico Gaussiano com média zero. O

processo estocástico n(t), para qualquer instante t é uma variável aleatória Gaussiana com função

densidade de probabilidade (PDF):

p (n) = 1σ √2π

exp(− n2

2σ2 )

onde 2 é a variância de n, dada por: 2 = ∫−∞

n2 pn ndn

A PDF do ruído Gaussiano normalizado com média nula é obtido assumindo uma variância

unitária. Esta PDF normalizada pode ser visualizada na Figura 17.

A Figura 16 ilustra a informação recebida após passar pelo canal de comunicação.

Figura 16: Sinal após passar pelo canal.

Assim, podemos determinar a média e a variância do sinal recebido, z.

E {z} = E {a+ n } = E {a }+ E {n }, mas como o ruído possui média nula, E {n} = 0

E {z} = E {a} = a , ou seja, o valor médio de z é o próprio sinal de informação.

E {(z−a)2} = E {[(a+ n)−a ]2} = E {n2} = σn2 = σz2

Logo, a PDF do sinal recebido, z, é dada por:

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p (z ) = 1σz√2π

exp(−(z−a )2

2σz2 )

Neste caso, a PDF ilustrada na Figura 17, está deslocada de a, ou seja, o valor de pico ocorre

quando z = a.

Figura 17: PDF do ruído Gaussiano normalizado.

Ruído Branco

Um modelo simplificado do ruído apresenta uma densidade espectral de potência (

G n( f ) ) plana para todas as frequências. Na pratica vai até a faixa de terahertz (1012 Hz).

G n( f ) =N 0

2[Watts /Hz]

O fator 2 na divisão de G n( f ) indica a PSD de dois lóbulos, ou dois lados. Assim, se uma

largura de banda B for alocada para as frequências positivas, terá uma banda B alocada também

nas frequências negativas.

Como as funções de autocorrelação e densidade espectral de potência estão relacionadas

pela Transformada de Fourier, podemos definir a função de autocorrelação para o ruído Gaussiano

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branco:

Rn( τ ) =N 0

2δ(τ )

As funções de densidade espectral de potência e de autocorrelação são apresentadas na

Figura 18.

Figura 18: (a) Densidade espectral de potência do ruído branco; (b) autocorrelação do ruído

branco.

Note que a potência média é infinita porque a largura de banda é infinita.

Pn = ∫−∞

∞ N 0

2df = ∞

Como fica a função de autocorrelação do ruído para uma dada largura de banda B?

Rn( τ ) = ∫BGn( f )df =

N 0

22B = N 0B

Embora a abstração do ruído branco seja muito útil, nenhum processo com ruído consegue

ser verdadeiramente branco. Entretanto, o ruído encontrado em muitos sistemas reais podem

assumir para serem aproximadamente branco, simplificando a análise. Para isso, basta observar o

ruído após este passar por um sistema real com largura de banda finita. Então, quanto maior for a

largura de banda do ruído, sendo muito maior do que a largura de banda do sistema, o ruído pode

ser considerado ter uma largura de banda infinita.

Na função de autocorrelação do ruído branco, a função delta que expressa que o ruído, n(t),

é totalmente descorrelacionado da sua cópia deslocada no tempo para qualquer τ> 0. Como

essas amostras são variáveis aleatórias (v.a.) podemos fazer as seguintes afirmações:

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• v.a. descorrelacionadas → v.a. independentes

• v.a. Gaussianas descorrelacionadas → v.a. Gaussianas independentes

• O ruído afeta cada símbolo transmitido independentemente → canal sem memória

• Usamos a sigla AWGN (Additive White Gaussian Noise).

5. Transmissão de Sinais e Processos Estocásticos através de Sistemas Lineares

Um sistema linear pode ser igualmente caracterizado tanto no domínio do tempo quanto

no domínio da frequência. O sinal de entrada, mostrado na Figura 19, pode descrito tanto no

domínio do tempo, x(t), como no domínio da frequência, X(f), tendo como sinal de saída,

respectivamente, y(t) e Y(f). O sistema linear é definido no domínio do tempo como a resposta ao

impulso, h(t); e no domínio da frequência é chamado de função de transferência, H(f). O sistema

além de ser linear, também é invariante no tempo.

Figura 19: Sistema linear considerando um sinal qualquer na entrada.

h(t) → resposta ao impulso

H(f) → função de transferência

y t = x t ∗ht = ∫−∞

x ht−d

Y f = X f H f

H f =Y f X f

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Figura 20: (a) Sinal de entrada x(t) igual a função impulso; (b) sinal de saída y(t) é a resposta ao

impulso do sistema h(t).

Figura 21: Sistema linear de um processo estocástico.

Se um processo estocástico está na entrada de um sistema linear invariante no tempo, a

saída também será um processo estocástico, como ilustra a Figura 21. Logo, para cada função

amostra na entrada terá uma função amostra na saída. A densidade espectral de potência na

entrada GX f e a densidade espectral de potência na saída GY f são relacionada da

seguinte forma:

RX = E {x t x t−}

RY = E {y t y t−} = E {x t ∗h t x t−∗h t }

RY = RX ∗ht ∗conj h t = R X ∗ht ∗h −t

GY f = GX f H f conj H f

GY f = GX f ∣H f ∣2

Propriedade: Se x(t) for um processo estocástico (PE) Gaussiano, então y(t) também será

um PE Gaussiano. E se a média na entrada for zero, também será na saída.

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6. Canal de Comunicação Ideal (sem distorção)

O sinal de saída de uma transmissão por um canal ideal pode apresentar um certo atraso

comparado com o sinal de entrada, e também, uma amplitude diferente com relação à entrada,

sendo apenas uma mudança de escala. Mas de forma alguma deve apresentar distorção, ou seja, o

sinal de saída deve manter a mesma forma que o sinal de entrada. Assim, a saída pode ser descrita

da seguinte forma:

y t = K x t−t 0

onde K e t0 são constantes. Realizando a Transformada de Fourier em ambos os lados, temos:

Y f = K X f e− j2 ft0

Substituindo Y(f) em H f =Y f X f

, a função de transferência de um canal ideal pode

ser definida como:

H f =K X f e− j2 ft0

X f = K e− j2 ft0

Para alcançar uma transmissão ideal sem distorção a resposta sobre todo o sistema deve

ser uma resposta de magnitude constante e o deslocamento de fase deve ser linear com a

frequência. Assim, não é suficiente o sistema amplificar ou atenuar todas as componentes de

frequência igualmente. Mas todas as componentes de frequência devem também chegar ao

mesmo tempo, ou seja, com o mesmo atraso. Tendo em vista que o deslocamento de atraso do

sinal, t0, está relacionada a um deslocamento de fase e da frequência angular, w = 2 f , logo:

t 0 = [radianos ]

2 f [ radianossegundo

][ segundo]

A resposta em frequência de um canal ideal é mostrada na Figura 22.

É claro que o deslocamento de fase deve ser proporcional a frequência para que o atraso de

todas as componentes do sinal seja o mesmo. Uma característica normalmente utilizada para

medir a distorção de atraso de um sinal é chamado de atraso de grupo, que é definido como:

f = − 12

d f df

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Figura 22: Resposta em frequência de um canal ideal.

Figura 23: (a) Filtro ideal passa-banda; (b) filtro ideal passa-baixa; (c) filtro ideal passa-alta.

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Logo, para um canal de comunicação sem distorção (ideal), uma forma de caracterizar a

fase para ser linear com a frequência é caracterizar o atraso de grupo para ser constante.

Na prática, um sinal será distorcido ao passar por algumas partes do circuito, assim,

correções de fase e de amplitude são introduzidas, equalização, para corrigir as distorções

impostas ao sinal.

Infelizmente um sistema com canal de comunicação ideal não é realizável, devido a função

de transferência do canal, H f = K e− j2 ft0 = ∣H f ∣e− j f , necessitar de uma função de

transferência infinita. Uma aproximação de um canal ideal, com largura de banda infinita, é truncar

a banda entre fl e fu de forma que todas as componentes de frequência entre estas passem sem

distorção. Sendo fl a frequência de corte mais baixa e fu a frequência de corte mais alta. Esta

técnica implementamos o filtro ideal, como é ilustrado na Figura 23 os filtros ideiais passa-bada,

passa-baixa e passa-alta.

A resposta ao impulso de um filtro ideal passa-baixa, ilustrado na Figura 24 é:

h t = ∫−∞

H f e j2 ft df = ∫− f u

f u

H f e j2 ft df

onde:

H f = ∣H f ∣e− j f ,

∣H f ∣ = 1 para∣ f ∣ f u , e = 0 para o resto

e− j f = e− j2 ft0

Assim:

h t = ∫− f u

f u

e− j2 ft0 e j2 ft df = ∫− f u

f u

e j2 f t−t 0df

h t = 2f usen 2 f ut−t 0

2 f ut−t 0= 2f u sinc2f ut−t 0

A resposta ao impulso é não causal, o que significa que a saída é zero antes de ser aplicado

qualquer valor na entrada no instante t = 0.

Deve ficar claro, que o filtro ideal não é realizável.

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Figura 24: Resposta ao impulso de um filtro ideal passa-baixa.

Qual efeito de um filtro ideal em um ruído branco? Seja um ruído branco com densidade

espectral de potência G n f =N 0

2na entrada de um filtro ideal passa-baixa. A densidade

espectral de potência e a função de autocorrelação na saída deste filtro são:

GY f = G n f ∣H f ∣2

GY f = 2 para ∣ f ∣ f u , e zero para o restante

RY = N 0 f usen 2 f u

2 f u= N 0 f u sinc 2 f u

Note que RY tem o mesmo formato que a resposta ao impulso do filtro ideal, h(t). O

filtro ideal passa-baixa a função de autocorrelação do ruído branco, definida como a função delta,

em uma função sinc. Após o filtro, não teremos mais ruído branco. O sinal de ruído na saída terá

correlação zero com as suas cópias deslocadas, apenas para os deslocamentos de = n/2f u ,

sendo n um valor inteiro qualquer diferente de zero.

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