Centro de Ecologia e Biologia Vegetal - FCUL FCUL Bosques.pdf · O clima mediterrânico é...
Transcript of Centro de Ecologia e Biologia Vegetal - FCUL FCUL Bosques.pdf · O clima mediterrânico é...
C e n t r o d e E c o l o g i a e B i o l o g i a V e g e t a l - F C U L
C e n t r o d e E c o l o g i a e B i o l o g i a V e g e t a l - F C U L
1
–
8
Bosques de carvalho-português Onde moram os ventos Atlânticos.
Os bosques na paisagem vegetal de Portugal Continental. As principais formações arbóreas na
paisagem portuguesa são os bosques a)
caducifólios de Quercus robur (carvalho–
alvarinho) e Quercus pyrenaica (carvalho-
negral), b) bosques marcescentes de
Quercus faginea sub. broteroi (carvalho-
português), c) bosques perenifólios de
Quercus suber (sobreiro) e Quercus ilex
(azinheira), d) bosques mediterrânicos de coníferas - os pinhais de Pinus
pinaster (pinheiro-bravo) e Pinus pinea (pinheiro-manso), e) bosques ripícolas
de Alnus glutinosa (amieiro) e Fraxinus angustifolia (freixo).
O que é o clima mediterrânico de influência atlântica?
Fotos: Pedro Pinho, Miguel Porto, Cristina Ramalho, Ana Júlia Pereira O clima mediterrânico é caracterizado por um regime
climático fortemente sazonal com duas estações
bem marcadas - Verão quente e seco e Inverno frio e
chuvoso. Portugal, devido à sua localização junto ao
100
60
10
30
50
20
P T
Lisboa
100
60
10
30
50
20
P T
Atenas
100
60
10
30
50
20
P T
Damasco
100
60
10
30
50
20
P T
Lisboa
100
60
10
30
50
20
P T
Lisboa
100
60
10
30
50
20
P T
Atenas
100
60
10
30
50
20
P T
Atenas
100
60
10
30
50
20
P T
Damasco
100
60
10
30
50
20
P T
Damasco
Fig.1 - Mapa da precipitação e
diagramas ombrotérmicos.
C e n t r o d e E c o l o g i a e B i o l o g i a V e g e t a l - F C U L
2
mar, sofre uma influência Atlântica que é caracterizada por um período
xérico menor, devido a uma maior precipitação e menor amplitude térmica.
Os bosques marcescentes de Quercus faginea – carvalho português O carvalho-português ou carvalho-cerquinho, nomes comuns da espécie
Quercus faginea subsp. broteroi, tem como área de distribuição o Centro-Oeste
A vegetação arbórea:
de Portugal Continental. Esta é uma espécie arbórea marcescente, (as folhas
do ano anterior permanecem até surgirem as novas folhas na Primavera) que
forma normalmente bosques mistos, compostos por um sub-coberto de
espécies umbrófilas e uma elevada riqueza em elementos florísticos epifíticos.
Quercus faginea Acer monspessulanum
Acer monspessulanum Laurus nobilis
C e n t r o d e E c o l o g i a e B i o l o g i a V e g e t a l - F C U L
7
Uma das consequências da fragmentação dos bosques de carvalho-português
é a perda de biodiversidade associada à ocorrência de alterações
microclimáticas no interior destas formações vegetais. Estas alterações estão
ligadas ao aumento da temperatura e do vento, que alteram a capacidade do
bosque na retenção de humidade ambiental e consequentemente a sua
capacidade de albergar algumas espécies mais sensíveis.
C e n t r o d e E c o l o g i a e B i o l o g i a V e g e t a l - F C U L
6
C e n t r o d e E c o l o g i a e B i o l o g i a V e g e t a l - F C U L
3
O que é a fragmentação da paisagem ? A vegetação do sub-bosque:
Dactylorhiza markusii Polygonatum odoratum
Tamus communis Calamintha baetica
Hyacinthoides hispanica Paeonia broteroi
Actualmente a mancha de carvalhal de Quercus faginea do PNSAC está
reduzida a pequenos bosques (2-3 hectares), localizados em encostas e vales.
A regressão do carvalhal de Q.faginea teve como principal causa a
desflorestação de vales e encostas para a instalação de campos de cultivo e
pastagens. Foi sobretudo nos vales e fundo de dolinas que, devido à
acumulação do felgar*, solo de elevada aptidão agrícola, os carvalhais foram
sendo substituídos por campos agrícolas.
Fig. 2 – Pormenor de uma fotografia aérea da aldeia de Alvados para visualizar o
mosaico da paisagem.
Actualmente, esta espécie está reduzida a manchas dispersas, fragmentadas
na paisagem que integram um mosaico de vegetação, campos de cultivo e
zonas habitacionais.
C e n t r o d e E c o l o g i a e B i o l o g i a V e g e t a l - F C U L
4
C e n t r o d e E c o l o g i a e B i o l o g i a V e g e t a l - F C U L
5
fetos)
A vegetação epifítica: chrysophthalmus e outras, possuindo algas azuis, pertencentes aos géneros
Peltigera spp., Collema spp. e Sticta spp.. Inclui todos os organismos fotossintéticos que vivem sobre as plantas sendo os
mais frequentes nos bosques de carvalho português são os líquenes, os
briófitos e os fetos. Os dois primeiros são denominados poiquilohídricos, o que
significa que, ao
contrário da vege-
tação vascular, não
controlam o seu
conteúdo hídrico
porque não possuem
uma cutícula a
separar o meio
interno do externo.
Devido a esta
característica parti-
cular os líquenes e
os briófitos apenas
estão activos após a
chuva ou quando
existe humidade no
ar. É precisamente
este facto que torna
os bosques de
carvalho português
um habitat muito rico
em vegetação epifítica: os bosques são capazes de manter uma elevada humi-
dade ambiental o que lhes permite suportar um grande número de espécies
epifíticas que não existem nos locais mais expostos. No grupo de líquenes por
exemplo podemos encontrar espécies indicadoras de elevada humidade
ambiental como Lobaria pulmonaria, Pseudocyphellaria aurata e Teloschistes
Líquenes
Lobaria pulmonaria Peltigera sp.
Telochistes chrysophthalmus Pseudocyphellaria aurata
Leucodon sp. (musgo) Polipodium sp. (feto)
Asplenium onopteris (feto) Asplenium trichomanes e onopteris (